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Preceitos da Abordagem Humanística Relembrando A teoria científica de Taylor é voltada para o trabalho e a teoria da administração clássica de Fayol é voltada para a organização da empresa. A teoria das relações humanas surgiu justamente para resolver os problemas ocasionados pelo racionalismo das teorias clássicas de Taylor e Fayol. Primeiras Teorias da Administração → Ênfase na tarefa: Administração Científica Taylor 1903 → Ênfase na estrutura: Teoria Clássica da Administração Fayol 1911 → Ênfase nas pessoas: Teoria das Relações Humanas Mayo 1932 As primeiras teorias da administração seguem uma ordem cronológica (essas datas marcam o início de cada uma) e também que cada teórico enfoca um único componente das organizações. “Com o mercado progredindo e o crescimento desordenado das empresas que eram administradas, até então, por improviso, sem técnicas, normas ou teorias científicas para nortear os trabalhos, o conhecimento passou a ser uma necessidade emergente e entrou na vida industrial, por meio de teorias da Administração” (MORAES; FRANCO, 2009, p. 25). As iniciativas de Taylor, Fayol e Mayo, então, focaram nos componentes que eram mais evidentes para cada um deles, de forma que, ao final, serão teorias complementares entre si, pois um estudou o trabalho (a tarefa), para compreender como a melhoria na forma de se trabalhar pudesse ser mais eficiente, e o outro estudou a organização da empresa, também para contribuir com a melhoria da eficiência produtiva. Porém, enquanto se mantiveram distintas, cada qual gerou outros problemas que igualmente precisaram de novos estudos para serem resolvidos. E é assim que nasce todo o conhecimento administrativo: cada problema leva a uma solução, que gera novo problema e demanda outra solução. A divisão do trabalho de Taylor ocasionava em fadiga, desmotivação e revolta dos trabalhadores. A estrutura de Fayol separava definitivamente quem pensa de quem faz, como se as pessoas da linha operacional não tivessem capacidade intelectual de tomar decisões. Lembre-se de que, afinal, naquele contexto dos estudos das teorias clássicas, os trabalhadores eram agricultores ou artesãos e de fato não sabiam como trabalhar ou tomar decisões no contexto da produção em massa. Mayo, por sua vez, e na condição de psicólogo, identificou que era necessário estudar as pessoas, pois são elas que realizam os objetivos organizacionais, que interagem e decidem como, quanto e quando trabalhar. Observe que Taylor adequou o trabalhador ao trabalho e que Mayo acreditava que o trabalho deveria ser adequado ao trabalhador, respeitando suas características como indivíduo. A incapacidade das teorias clássicas para observarem os aspectos humanos das empresas abriu caminho para os estudos da abordagem comportamental, pois era necessário estudar também o próprio trabalhador, seu comportamento e seus aspectos de indivíduo. Conforme destaca Maximiano (2010a, p. 208), na abordagem comportamental o “ser humano é a medida de tudo”, de forma que o processo administrativo não é centralizado no sistema técnico, o qual é formado por máquinas, métodos de trabalho, tecnologia, estrutura organizacional, normas e procedimentos. Para o autor, na perspectiva comportamental das Teorias da Administração “o importante em uma organização é o sistema social”, que é formado por pessoas e suas necessidades, sentimentos e atitudes, sendo que é capaz de influenciar o desempenho na organização de modo mais importante do que o sistema técnico. O campo de estudo comportamental nas organizações possui dois focos: → As características individuais das pessoas, que as tornam únicas; → O comportamento coletivo que as pessoas apresentam nos grupos, nas organizações e na sociedade. A abordagem comportamental formou-se por meio de uma longa trajetória, iniciando pelo movimento referente ao bem-estar dos trabalhadores, que inclui a psicologia industrial, o estudo do fator humano no papel dos gerentes e o estudo da dinâmica de grupo e da liderança (MAXIMIANO, 2010b, p. 208-209), conforme Figura 2.2. O movimento pelo bem-estar dos trabalhadores lutou pelas condições de trabalho no período da primeira fase da Revolução Industrial, resgatando os estudos sobre o bem-estar dos trabalhadores, que já existia timidamente e que ganhou força para que fossem desenvolvidos novos conceitos administrativos, ideias e ações práticas sobre o tema. Esse movimento foi influenciado pelas ações dos sindicatos, pelas experiências e utopias humanistas, pelo marxismo que propunha a desapropriação e a comunhão de bens para diminuir a desigualdade social, pela doutrina social da igreja que defendia a justiça social e pelo pensamento humanista, que já agrupava muitos estudiosos interessados em investigar o trabalhador como parte integrante da empresa, como o exemplo de Gantt, o fiel companheiro de Taylor, que defendia os trabalhadores como seres humanos e não máquinas ainda na administração científica. O estudo do fator humano no papel dos gerentes foi iniciado por Chester Barnard, executivo de uma empresa de telecomunicações americana, que observou as organizações como sistemas cooperativos na essência, nas quais a cooperação é alcançada quando existe equilíbrio entre os benefícios oferecidos pela organização para o indivíduo e o esforço que este oferece para a organização alcançar seus objetivos. Ao lado dos principais participantes da teoria das relações humanas, → Barnard deu início aos estudos sobre a influência do comportamento humano no desempenho organizacional. → Hugo Munsterberg é considerado o principal estudioso da psicologia industrial, que, no início, tinha preocupação com seleção, treinamento e colocação de pessoal, expandindo para temas das relações humanas, liderança, supervisão, comunicação e satisfação no trabalho. Para ganhar mais aderência com os propósitos dos estudos, o movimento passou a ser chamado de Psicologia Organizacional e, por fim, comportamento organizacional, termo utilizado até hoje em dia pelas teorias da administração. → Kurt Lewin, considerado o precursor dos estudos sobre dinâmica de grupo, realizou estudos pioneiros na década de 1930, pelos quais identificou os estilos de liderança (autoritário, democrático e liberal) nas organizações. Embora o estudo tenha sido embrionário, trouxe importantes contribuições para as teorias da administração. → O experimento de Hawthorne, desenvolvido por Elton Mayo, revelou a importância do grupo sobre o desempenho dos indivíduos. Assimile No início das teorias da administração, as teorias clássicas focaram seus estudos no trabalho e na estrutura da organização. Entretanto, são as pessoas que realizam os objetivos organizacionais, portanto decidem sobre como, quando e quanto trabalhar. Sendo assim, o desafio nessa etapa da evolução da teoria é identificar o que influencia o comportamento dos trabalhadores dentro das empresas e como gerenciar esses componentes para garantir o desempenho organizacional. E foi nesse contexto que surgiu a teoria das relações humanas, cujos resultados proporcionaram a formação de um grande campo de estudo das teorias da administração, voltado para o comportamento organizacional. Referência: Teorias da Administração – Edna de Almeida Rodrigues
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