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DESENVOLVIMENTO INFANTIL 1 AVA EBOOK

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' 
ALAVRADOGRUPOSEREDUCACIO 
"É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com 
isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns 
anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também 
passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o 
aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino 
Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. 
O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - Pronatec, 
tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar 
seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento 
da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da 
democracia com a ampliação da escolaridade. 
Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar 
as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer-
lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no 
contexto da sociedade." 
Janguiê Diniz 
, 
ser 
educacional 
gente criando o futuro 
DESENVOLVIMENTO 
INFANTIL 
ser 
educacional 
gente criando o futuro 
Introdução 
Olá, 
Você está na unidade Histórico e conceito da Psicologia do Desenvolvimento. Conheça 
aqui os passos iniciais para a introdução aos estudos da psicologia do desenvolvimento 
humano. Entenda os objetivos, métodos de estudo, conceitos, teorias e teóricos da 
psicologia do desenvolvimento e compreenda também os processos do desenvolvimento 
humano. 
Bons estudos! 
11 
1 HISTÓRICO DA PSICOLOGIA DO 
DESENVOLVIMENTO 
Existem diversas pesquisas e publicações já consolidadas sobre o desenvolvimento humano na 
área da Psicologia do Desenvolvimento, as quais são constantemente revisitadas. Essas pesquisas 
guiam tanto as ações dos psicólogos clínicos como dos psicólogos que trabalham em instituições 
educacionais e/ou assistenciais, no atendimento de diversas etapas do desenvolvimento humano, 
na infância, adolescência, vida adulta ou velhice. 
Conhecer a história da Psicologia do Desenvolvimento é uma importante trajetória a ser 
feita para compreender os passos dados por vários teóricos, no decorrer de suas intervenções 
unicamente como pesquisadores ou em atendimentos clínicos com sujeitos. 
1. 1 História da Psicologia do Desenvolvimento antes da Modernidade 
A história da Psicologia do Desenvolvimento, assim como a História da Psicologia em geral, 
bem como a história do pensamento do mundo ocidental, carregou o legado dos pensadores 
gregos, antes da Era Comum (Antes de Cristo). Algumas marcas que os gregos nos deixaram, na 
Antiguidade, ainda circulam em alguns dos nossos discursos sobre o desenvolvimento humano. 
Pensadores gregos, na Antiguidade, estiveram refletindo e escrevendo sobre como funciona 
o mecanismo da atividade humana, como agem as emoções, além de fazer considerações sobre 
o pensamento humano, a percepção, os movimentos voluntários e como aprendemos (CASTRO; 
LANDEIRA-FERNANDEZ, 2011). 
Em detrimento dos esforços de muitos povos, foram os gregos, antes de Cristo, que cunharam o 
termo Psicologia, palavra composta por psyché e logos significando, respectivamente, alma e estudo, 
significados até hoje como o estudo da alma (MAIA, 2017). Durante a Antiguidade, na Grécia, o pai 
carregava a responsabilidade pela gestão desde a educação, passado pelos cuidados com a saúde 
infantil até a constituição estrutural psicológica e a educação moral. Os conhecidos filósofos gregos 
eram especialistas em muitos saberes, incluindo concepções sobre a infância. Assim, Aristóteles, o 
grande pensador grego que viveu entre os anos 384 e 322 a.e., já tratava sobre a infância há pelo 
menos 300 anos antes do nascimento de Cristo (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). 
Ao passar do tempo, outros filósofos, pensadores e historiadores também foram estudando 
o assunto e tirando suas conclusões. 
Aristóteles 
Criando explicações para o desenvolvimento humano, Aristóteles entendia a criança como 
12 
incapaz de pensar sozinho para atingir a virtude. Assim, os adultos precisavam cuidar e educar 
seus filhos enquanto estivessem na infância, desprovidos da identidade e entendidos como 
incapazes de tomar decisões, sem capacidade de discernimento para tomar decisões e ter 
pensamento autônomo. Dessa forma, essa fase necessitava ser rapidamente superada para que 
o indivíduo ganhasse autonomia para adentrar ao universo adulto, tornando-se apto para tomar 
decisões (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). 
Santo Agostinho 
A Idade Média assistiu mudanças nos modos de pensar sobre a infância. Um dos grandes 
pensadores da Igreja Católica, Santo Agostinho, escreveu sobre a infância dele próprio, ao mesmo 
tempo em que a explicava à luz do pensamento cristão medieval as prescrições para a educação 
moral necessária para retirar a maldade das mentes infantis. Com inspirações na filosofia de 
Platão, Santo Agostinho apoiou-se nas crenças inatistas, defendendo que as verdades brotavam 
de dentro da alma humana. O infans, o desprovido de fala, o sem fala, palavra de origem latina, 
que originou a palavra infância, representa bem o modo medieval de enxergar os primeiros anos 
da existência humana (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). 
Aries 
Ainda nos tempos medievais, surgem mudanças nas concepções sobre a infância. Em um trabalho 
com base no estudo da iconografia, examinando como eram retratadas as crianças das cortes 
europeias, um renomado historiador francês do século XX, Aries, aponta uma mudança, datada do 
século XIII, a intenção de imortalizar as crianças nas telas das pinturas a óleo. Até então as crianças 
eram invisíveis, ausentes, vistas como desprovidas de alma e personalidade. Ainda eram vistas como 
indiferentes aos adultos, que não conseguiam perceber nelas qualquer marca de singularidade ou a 
necessidade de tratá-las com diferenciação por serem crianças (MOURA; VIANA; LOYOLA, 2013). 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
13 
1.2 História da Psicologia do Desenvolvimento e a Modernidade 
O importante momento histórico do Renascimento, durante a Idade Moderna, foi um tempo 
de rupturas e trouxe relevantes descobertas e convicções em vários campos do pensamento. A 
difusão de uma visão naturalista e a relevância da ciência começam a fazer fortes ecos. Exemplo 
desse pensamento, é o livro escrito em 1574, por Levunus Lemnius, "De ocultae Naturae", que 
pode ser traduzido como "A natureza secreta" (FREITAS, 1999). 
Esse autor defende, nessa obra, a tese de que a mente e o corpo podem passar por mudanças 
vinculadas às variações climáticas e regionais (ROSENFELD, 1984). O autor renascentista defendeu, 
ainda, que os humores seriam os verdadeiros causadores de doenças. Dentro da visão dele, os 
"estados de consciência têm um correspondente corporal e a consciência depende dos modos de 
vida e da constituição de cada um" (ROSENFELD, 1984, p. 53). 
Isso significa que Lemnius supera as ultrapassadas generalizações próprias do pensamento 
inatista, ligada aos pensadores que julgavam que os pensamentos e as ações humanas possuem 
fontes inatas, já presentes na mente humana desde o nascimento, como era do gosto de 
pensadores da Antiguidade e Idade Medieval. Esse autor renascentista defende a importância de 
observar e entender os múltiplos comportamentos dos indivíduos. 
O famoso racionalista Descartes ofereceu o respaldo necessário para uma superação histórica 
dos pesos que a Psicologia já carregava desde os gregos, na Antiguidade. A relevância da obra 
de Descartes foi trazer a defesa de que a razão humana era capaz de fazer uma intermediação 
entre o indivíduo e as coisas (objetos), relevando-se preciosamente as verdades sobre as coisas. A 
mente e o corpo não seriam indissociáveis. Era o exato momento de romper com a denominação 
de Psicologia como o estudo da alma e passar a denominá-la como o estudo da mente (FREITAS, 
1999). Surge, então, a possibilidadede distinguir corpo e mente, o chamado dualismo psicofísico, 
que irá fundar princípios para os conhecimentos psicológicos dos próximos tempos (TELES, 1995). 
A seguir, veja mais algumas definições e visões de pensadores sobre a Psicologia do 
Desenvolvimento. 
René Descartes 
No século XVII, o Racionalismo Cartesiano (criado por René Descartes) propôs o seu método 
dedutivo, partindo de verdades óbvias e inatas e se embrenhava nas lutas para deduzir novos 
conhecimentos (FREITAS, 1999). Isso significou que as inspirações racionalistas e cartesianas 
invadiram o pensamento da psicologia, a partir da modernidade, sugerindo que a introspecção 
oferece razoáveis juízos sobre a realidade exterior. Não se esqueça que Descartes ficou 
notabilizado em repetir, imortalizado para a história do pensamento ao afirmar que cada um de 
nós: Pensa, logo existe (cogito ergo sum). 
14 
Francis Bacon 
Os empiristas do século XVII trouxeram suas contribuições contrapondo-se aos racionalistas. 
Um deles, o renomado Francis Bacon defendeu que para usar as "forças da natureza, é preciso 
conhecê-las: saber é poder. Para adquirir conhecimento há somente um caminho: a experiência" 
(ROSENFELD, 1984, p. 67). Essa visão empirista, a partir da modernidade, vai considerar que é 
preciso a experiência com os objetos, presentes na realidade, para adquirir conhecimentos sobre 
eles, manipulando-os, manuseando-os, experimentando-os para produzir novos conhecimentos. 
John Locke 
Assim foi possível concluir, como era do gosto dos empiristas, que a mente seria uma folha 
em branco, uma tábula rasa, e tudo estaria por acontecer ao longo da experiência com o real 
(ROSENFELD, 1984). O famoso empirista John Locke determinou "que o início é o ' papel branco' 
da mente. Todas as ideias decorrem, sem exceção, da experiência". (ROSENFELD, 1984, p. 69). 
Wilhelm Wundt 
É importante relembrar que foi somente no século XIX que a Psicologia se elevou ao lugar 
de ciência moderna, filiada aos nascentes métodos científicos. O marco foi o laboratório de 
Psicofisiologia, fundado por Wundt em 1879, na Alemanha, e as publicações de estudos na 
Revista Científica, na Universidade de Leipzig (no ano de 1873). O que fez Wundt foi usar um 
método de investigação advindo das ciências naturais, dentro do seu laboratório. A partir desse 
gesto inaugural dele, objetos, campos, métodos e teorias eram montados para os estudos da 
nascente Psicologia, com status de ciência. 
Stanley Hall 
Na segunda metade do século XIX, no ano de 1882, considera-se o nascimento da Psicologia 
do Desenvolvimento. Isso aconteceu com a publicação de um livro escrito por Preyers, "The 
mind of the child" (A Mente da Criança). Esses anos finais do século XIX foram marcados pelo 
surgimento de algumas sociedades voltadas ao estudo do desenvolvimento, tanto nos Estados 
Unidos quanto na França. Stanley Hall foi um desses pioneiros. Até mesmo Freud foi convidado a 
realizar conferência lá na Universidade em que Stanley Hall atuava, a Clark University, no Instituto 
de Pesquisas sobre a criança (MOTA, 2005). 
Michel Foucault 
O pensador francês Michel Foucault criticou o fato de as ciências, no século XIX, preferirem 
realizar um alinhamento dos saberes, na modernidade, com as certezas das áreas matemáticas 
em apogeu. O que isso significou, segundo Foucault, foi a submissão real dos demais saberes "ao 
ponto de vista único da objetividade do conhecimento a questão da positividade dos saberes, de 
15 
seu modo de ser, de seu enraizamento nessas condições de possibilidade que lhes dá, na história, 
a um tempo, seu objeto e sua forma" (FOUCAULT, 1995, p. 363). 
O conceito de Psicologia do Desenvolvimento deverá precisar das variáveis internas e 
externas dos indivíduos relacionadas às mudanças em seus comportamentos ao longo da 
vida. Além disso, sem cometer o erro de exacerbar na dosagem com interfaces importantes 
com as seguintes áreas: Biologia, Educação, Antropologia, entre outras, levando em conta 
que os estudos da Psicologia do Desenvolvimento não se restringem às fases iniciais da vida 
(infância e adolescência). É necessário qualificar como as condições externas e internas afetam 
o desenvolvimento individual. Um fato é real mundialmente e em particular no nosso país, o 
Brasil, a população idosa cada vez vive mais. A longevidade alcançou um lugar não visto em 
momentos anteriores da história da vida humana (MOTA, 2005) 
Ainda a partir do século XX, os estudos interdisciplinares, reunindo outras áreas, dentro e fora 
da Psicologia foram somados aos esforços de constituir estudos sobre o desenvolvimento humano. 
Qua I é o conceito possíve 1, dada as diferenciações sobre as práticas da Psicologia do 
Desenvolvimento, ao longo dos tempos? 
A Psicologia do Desenvolvimento é uma ciência voltada a teorizar sobre o desenvolvimento 
humano, nas mais distintas fases da existência humana, da concepção à morte, da infância à 
velhice, da primeira infância à maturidade, da pré-adolescência à transição entre a vida adulta e a 
velhice. No decorrer de toda a vida de uma pessoa, devem ser estimadas tanto as continuidades 
quanto as rupturas, intrínsecas ao desenvolvimento humano, "integrando diferentes aspectos, 
tais como afetivo-emocional, social, físico-motor e intelectual, em que as influências dos aspectos 
biológicos, sociais, culturais e físicos são consideradas" (PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014, p. 18). 
Outra proposição de conceito apresentada por Mota (2005) seria que a Psicologia do 
Desenvolvimento é estudo, por meio de uma metodologia específica, atrelada "ao contexto sócio-
histórico das múltiplas variáveis, sejam elas cognitivas, afetivas, biológicas ou sociais, internas ou 
externas ao indivíduo que afetam o desenvolvimento humano ao longo da vida" (MOTA, 2005, p. 03). 
16 
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2 OBJETIVOS E MÉTODOS DE ESTUDO DA 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
A Psicologia do Desenvolvimento surgiu com o objetivo de detalhar muitas e antigas ânsias 
por saberes da humanidade, ao longo de tantas eras e por diferenciados povos. Nem sempre 
tudo foi igual! Por mais que seria tranquilizador pensar que a humanidade agiu sempre de forma 
constantemente idêntica. 
2.1 Objetivos da Psicologia do Desenvolvimento 
Entre os pesquisadores do desenvolvimento infantil e do adolescente existe um consenso 
sobre o uso do método científico. Com essa escolha, esses pesquisadores conseguem atingir seus 
objetivos de explicar, prever, descrever e influenciar o desenvolvimento dessas novas gerações. 
O pesquisador do desenvolvimento humano explica as razões de um certo evento acontecer. 
Isso vai exigir que ele faça a escolha de algumas teorias sobre o desenvolvimento humano, em 
detrimento de outras teorias que ele julga que são inapropriadas para aquela situação pesquisada 
(BOYD; BEE, 2011). 
2.2 Métodos de estudos da Psicologia do Desenvolvimento 
A Psicologia do Desenvolvimento, nos tempos atuais, segue os objetivos vistos anteriormente 
e métodos de estudos focados nas mais diferentes possibilidades que são abertas ao pleno 
desenvolvimento humano. Vamos ver quais são esses métodos de pesquisas? 
17 
Métodos Descritivos 
Dos Métodos Descritivos, é importante compreender que os estudos de caso são fixados em 
conhecer, profundamente, a realidade de um indivíduo. Estudos de casos são apropriadíssimos 
para futuras decisões de atendimentos clínicos individuais. "Por exemplo, para descobrir se uma 
criança tem retardo mental, um psicólogo conduziria um extenso estudo de caso envolvendo 
testes, entrevistas com os pais da criança, observações comportamentais e assim por diante" 
(BOYD; BEE, 2011, p. 39). Isso porque esses estudos de caso podem trazer valorosas hipóteses 
sobre a história de vida do sujeito estudado. 
Observação Naturalista 
Esse método de pesquisa implica realizar observações nos ambientes naturais em que 
vivem os sujeitos pesquisados (BOYD;BEE, 2011). No caso de crianças, as observações poderão 
acontecer na escola, na casa da criança ou em qualquer outra instituição frequentada por ela, 
trazendo informações essenciais aos psicólogos do desenvolvimento a respeito dos processos 
psicológicos dos sujeitos pesquisados, em contextos cotidianos. 
Observação Laboratorial 
Nesse método, o pesquisador faz uma condução do desenvolvimento humano ao usar esse 
método, controlando o ambiente em que as pesquisas acontecem. Analisando a capacidade de 
atenção, o "pesquisador poderia observar por quanto tempo crianças de diversas idades prestam 
atenção em diversos tipos de estímulos na ausência dos tipos de distração que estão presentes 
em ambientes naturais, tais como pátios e salas de aula" (BOYD; BEE, 2001, p. 40). 
Correlações 
Uma correlação representa uma relação que acontece entre duas variáveis, sendo 
demonstrada como um número que varia em um intervalo entre -1,00 e +1,00. Uma correlação 
de zero "indica que não existe relação entre as duas variáveis. Uma correlação positiva significa 
que altos escores em uma variável geralmente são acompanhados por altos escores na outra. 
Quanto mais próxima de +1,00, mais forte é a correlação" (BOYD, BEE, 2011, p. 40). 
Método Experimental 
Associado ou não aos estudos longitudinais, o Método Experimental é usado para testar uma 
hipótese causal. O pesquisador cria suas hipóteses e as comprova com esse método. "Vamos 
supor que achássemos que as diferenças de idade na capacidade de atenção se devem ao fato de 
que as crianças pequenas não utilizam estratégias de manutenção da atenção, tais como ignorar 
distrações". (BOYD, BEE, 2011, p. 40). 
18 
Pesquisa Intercultural 
A Pesquisa intercultural, já consolidada no campo da Antropologia, traz uma oportunidade 
ímpar ao campo da pesquisa sobre o desenvolvimento humano, de usar um método que compara 
diferentes contextos e culturas. A Etnografia já é um método tradicional utilizado por diversos 
antropólogos reconhecidos que viajaram e permaneceram em comunidades tradicionais em 
diversos lugares do mundo. 
Existem outros dois delineamentos bem comuns às pesquisas em Psicologia do 
Desenvolvimento, ou seja, os delineamentos transversais e longitudinais. 
Os Estudos Transversais são aquelas que realizam comparações entre indivíduos diferentes, 
ao mesmo tempo. Assim, são organizados grupos com diferentes indivíduos. Um exemplo seria 
se "um estudo sobre desenvolvimento linguístico pode comparar o número de palavras utilizadas 
por crianças de 2 e 3 anos de idade" (MOTA, 2010, p. 145). Esses estudos podem acontecer em 
um curto período, com as habilidades dos mais diversos indivíduos. 
Os Métodos Longitudinais são aquelas escolhas lançadas em métodos de pesquisa que 
focam em variações presentes em indivíduos, analisados ao longo de um consistente tempo. 
Tais métodos de análise do desenvolvimento humano oportunizam um acompanhamento do 
indivíduo por um tempo amplo, implicando uma oportunidade de controlar diversas variáveis 
envolvidas no desenvolvimento individual do sujeito pesquisado. 
Já metodologias relacionadas aos Estudos Sequenciais são bastante apropriadas para 
pesquisas realizadas com um determinado grupo, com características similares, como serem 
todos adolescentes. Podem ser utilizados em uma pesquisa que envolva comparações entre 
grupos etários e levam às informações esperadas tanto quanto fosse feito um estudo transversal. 
"Comparações dos escores ou comportamentos dos participantes em cada grupo com seus 
próprios escores ou comportamentos em um ponto anterior de testagem produzem evidências 
longitudinais ao mesmo tempo" (BOYD; BEE, 2011, p. 43). 
19 
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3 PROCESSOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
A Psicologia do Desenvolvimento não precisa ser um discurso favorável a um ordenamento 
único aos animais e aos humanos, usando padrões psicológicos idênticos para todos os indivíduos 
diante das diferenciadas provocações apresentadas pelo meio ambiente e de distintos processos 
de desenvolvimento humano. 
Os estudos da Psicologia já superaram crenças de que o desenvolvimento age em um curso 
predeterminado, aliado e preso ao que o 
desenvolvimento estrutu ral, geneticamente determinado, num ambiente ' normal' ou 
'característico' dos ambientes nos quais as espécies de organismos, objetos de estudos, se 
desenvolveram e podem sobreviver. (CARMICHEL, 1975, p. 04) 
4 TEORIAS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 
HUMANO 
As teorias do desenvolvimento humano são teorias diferentes, historicamente construídas 
por longos tempos, consolidadas por pesquisas conduzidas por pensadores do desenvolvimento 
humano e seus seguidores. 
4.1 A psicanálise de Sigmund Freud 
Sigmund Freud (1856-1939) era um médico interessado em descobrir novas metodologias 
para tratar seus pacientes que sofriam com doenças solucionadas com o método desenvolvido 
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou 
transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo 
fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de 
informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. 
Diretor de EAD: Enzo Moreira 
Gerente de design instruciona l: Paulo Kazuo Kato 
Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes 
Coordenadora educacional: Pamela Marques 
Equipe de apoio educacional: Caroline Gugl ielmi, Dan ise Grimm, Jaqueline Morais, La ís Pessoa 
Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha 
Ilustradores: Andersen Eloy, Luiz Meneghel, Vinicius Manzi 
Freitas, Maria da Gloria Feitosa. 
Desenvolvimento infantil / Maria da Gloria Feitosa Freitas; Dorothy de Souza Alves 
Moura Coelho; Beatriz de Azevedo Siqueira Campos. - São Paulo: Cengage- 2020. 
Bibliografia. 
ISBN 9786555581539 
1. Pedagogia 2. Psicologia do desenvolvimento 3. Coelho, Dorothy de Souza Alves 
Moura; Campos, Beatriz de Azevedo Siqueira. 
Grupo Ser Educacional 
Rua Treze de Maio, 254 -Santo Ama ro 
CEP: 50100-160, Recife - PE 
PABX: {81) 3413-4611 
E-mail: sereducacional@sereducacional.com 
20 
por ele e que trazia à tona reminiscências da infância, o que causavam sofrimentos psíquicos. 
Ganharam notoriedade os famosos estágios psicossexuais de Freud . "Freud acreditava 
que os estágios do desenvolvimento da personalidade eram fortemente influenciados pelo 
amadurecimento. Em cada um dos cinco estágios psicossexuais, a libido está centrada na parte 
do corpo que é mais sensível naquela idade" (BEE; BOYD, 2011, p. 36). 
FIQUE DE OLHO 
Aprenda mais sobre a perspectiva da Psicanálise sobre a infância em uma das apresentações 
do Programa Café Filosófico, com um instigante tema: "Até que ponto as crianças de hoje são 
diferentes das de antes?" Com o Psicanalista Leandro de Lajonquiere (USP). 
Esses estágios psicossexuais freudianos localizam que em uma criança recém-nascida a boca 
dela será a parte mais sensível do seu corpo, "o estágio é chamado de estágio oral. À medida que 
o desenvolvimento neurológico progride, o bebê tem mais sensação no ânus (daí o estágio anal) 
e posteriormente nos órgãos genitais (os estágios fálico e, eventualmente, o genital" (BEE; BOYD, 
2011, p. 35). Veja mais detalhes sobre cada um desses estágios a seguir. 
Fase oral 
A chamada fase oral corresponde ao momento em que a zona de erotização está concentrada 
na boca, eventos como amamentação, levar brinquedos à boca e pequenas mordidas são típicos 
e trazem prazer. É um misto de gratificação e necessidade a se concentrarem na região de lábios, 
língua e dentes. Amamentar um bebê vai além de saciar a fome, trazendo-lhe carinho, conforto 
e aconchego, a cada novo momento de amamentação (MAIA, 2017). Nessa fase é instaurado o 
momento inicial da constituição da subjetividade, com o apoio da figura materna, aquela pessoa 
quecuida, protege, canta e vai trazendo um mundo para habitar. 
Fase anal 
Na fase anal, a criança cresce, começa a ter um controle motor maior, movimenta-se pelo 
espaço, experimenta-se com a linguagem falada pelos queridos adultos ao seu redor. Por 
volta dos 2 anos, além de tudo isso, ela começa a exercitar um novo poder, o controle de seus 
esfíncteres anais e bexiga. Assim começará a ter seus maiores controles e poderá abandonar as 
fraldas. A figura materna está lá comemorando essas conquistas ligadas à evacuação (fezes) e 
micção (urina). Um caminho de autodescoberta está relacionado aos novos poderes ligados ao 
toalete. E a criança vai estabelecendo, com relação aos seus êxitos de controle fisiológico, novas 
fontes de prazer. Recebe elogios ou advertências da figura materna ou exerce perfeitamente seus 
21 
controles esfincterianos ou não. Com certeza as crianças ficam muito atentas às informações 
fornecidas pelos pais sobre esse desenvolvimento (MAIA, 2017). 
Fase fálica 
A fase posterior é conhecida como fase fálica. Aqui as diferenças sexuais entre meninos e 
meninas ficaram mais visíveis. O foco das atenções é perceber quem possui ou não pênis, 
associado a um temor de perdê-lo. Todos os adultos passaram por essas investigações (MAIA, 
2017). No decorrer dessa fase fálica, é instaurada, a partir do foco das crianças nas diferenças 
sexuais, identificações com as figuras paternas e maternas, em um processo essencial para a 
formação dos sujeitos e para a constituição da subjetividade, é o famoso Complexo de Édipo. 
Nesse momento, meninos e meninas ficarão atentos às suas figuras maternas e paternas, 
na busca incessante dos que lhe faltam para serem futuros pais e mães. Olham com atenção as 
relações que se estabelecem entre pais e mães. 
Fase de latência 
A fase de latência é o momento em que todas as investigações sexuais darão um tempo até 
que a maturação biológica sexual aconteça no corpo das crianças, lá na puberdade e adolescência. 
Coincide com os tempos de escolaridade elementar, tempos de permanência nas salas de aula, as 
descobertas que os conhecimentos escolares oportunizam sobre os mais diversos assuntos, trazendo 
a possibilidade de sublimar as pulsões sexuais com conhecimentos dos mais diversos (MAIA, 2017). 
Fase genital 
A fase genital é marcada com todo o progresso advindo do desenvolvimento biológico, 
a chegada na puberdade, a potencial canalização da energia libidinal aos órgãos sexuais, 
o amadurecimento das identificações sexuais e que começaram lá atrás, na fase fálica, no 
atravessamento do Complexo de Édipo. A fase genital é o momento de consolidação. Será possível 
começar a planejar os caminhos que enfrentará, por escolha pessoal e na vida adulta, para a 
satisfação de suas pulsões eróticas e interpessoais (MAIA, 2017). Enganam-se os que pensam e 
defendem que somente na puberdade existe um querer saber da criança sobre a sexualidade. 
Enganam-se também até mesmo os que desacreditam da existência da sexualidade infanti l e do 
inconsciente e da teoria psicanalítica que Freud desenvolveu. 
4.2 Teorias cognitivas: Jean Piaget, Vygotsky e Wallon 
Alguns pensam que o suíço Jean Piaget era psicólogo ou pedagogo. Nascido em 1896, viveu 
até 1980, deixando uma vasta obra, com relatos originais de pesquisas conduzidas por ele e seus 
colaboradores, diretamente com crianças. É interessante ressaltar que ele fez as suas observações 
com seus filhos. 
22 
Engana-se quem pensa que foi como pesquisador do desenvolvimento humano que as 
pesquisas de Piaget estavam centradas, inicialmente. Ele interessou-se em explicar como uma 
criança saía de um nível elementar de acesso ao conhecimento e passava, ao longo da vida, para 
níveis superiores de acesso aos conhecimentos. "Piaget ficou impressionado com o fato de que 
todas as crianças parecem passar pela mesma sequência de descobertas sobre seus mundos, 
cometendo os mesmos erros e chegando às mesmas conclusões". (BOYD; BEE, 2011, p. 61). 
Sendo assim, o objetivo maior dele era epistemológico, e realizando a busca por uma teoria 
sobre o conhecimento, eis que teve a oportunidade ímpar de construir uma teoria original sobre 
o desenvolvimento cognitivo humano, em suas mais diferenciadas e progressivas etapas. Ele 
denominou essas fases exaustivamente estudadas como Estádios do Desenvolvimento Cognitivo. 
Foram todos os seus esforços de pesquisa, com o método clínico, que trouxeram um arcabouço 
muito bem elaborado, para que os adultos pudessem colaborar e estimular as construções 
diversas, que acontecem em distintos estádios do desenvolvimento. 
Veja a seguir os diferentes Estádios do Desenvolvimento Cognitivo segundo Jean Piaget. 
~· 
Estádio Pré-operatório 
Ocorre. geralm ente, entre os. p rimeiros meses de vida at é o aparecimento da linguagem eala), en-
cerrc ndo i::ior volte dos 24 meses (02 anos) As crieinças contam com c ajuda dos sentidos e da 
m o triód;,rlf't p i'lr., <.o n h ?.<".Ar o m1m d n i'lO w dor, ;,t rl'lvÃ,:. <lo!'ó nhj~tns N o ronto inic.ir1I hi'II n P.Ml llP.rnit 
de sucçSo e isso exp lica e necessidade de le1,1ar objetos à boca co mo forma de conhecê-los 
melhor_ Aos pouc:os vão umpliundo o,; esq uemas de upreens5o d os obJetos ílepete inúmeros 
vezes o ato de jogar um obJeto para ~ra do berço como forma de testar os deslocamentos. 5uas 
experimentacões com os objetos võo levó-los a ganhar o noção de permanência do objeto (os ob-
1ci ris pod,,rn suu11, e! n;;o 1lc!o:<1rc111 d e c1C1c,l 1, ) N c~;s<1c, i llJc, t:,c;, ,1<:c1b -11i10 por 1:onslr1m c .-1lt~gnrn1-.; 
de tempo, ca usalidad e e espaço . /\ Inteligência é usa d11 de uma "orma priltica. 
A r:r i rmç.i'l r:o m doir. ;,,nos s11h c f;a,7cr ll!;O ri<'I lingui'lgr.m ~ d a m()tri.-.i<li'I.-IC"! jii <.OfTl mllior propriMn<lc 
Aindo que a linguagem se1a egccéntrico (niio conseg ue oindc ep reender o ponto Ce v istei dos 
111.1ho s), (!c,lrio 11111ln s no l tlMII !',llll b ú l11:o, u c,-:1mlo 11111l ,1~;'1n, l-1,- -tlt! -c:rn1lit ·~ 1H1.-1~1r1<1c_:rlci i: l i l (?lllJH) 
do Pensamento Intuitivo e Pre~lógico . Consegue umo adaptação ma ior a reahdade. Os objet os são 
m anipulados presos às um modo inverso (o cllminho de caso à escola e da escola à CllSB é medido 
1yn.-1h 111:11lci) l-1cic,i,111 <11l11.uld.-1d t: de ci11hi11dc!f o rnundo soh o u lr.-1s v 1sf Kis 
Corresponde <1o s p erío d os posteriores uos sete anos e seçiuem ate .:i puberdOOe. S.:ío tempos da 
r:~.n li'lri rJo,d~ d ~ m r.n t..,r A r.ril'lnç.i, j,; c:n n:<.r.g 11c vr.r pon tos d~ vis t.-. d 1stint CY.. T1·;-,h..,lh l'! c-.om ~.f':IJS ,::o~ 
legas de um modo ml!is cooperativo. Começa li obter noções de conserv!!lçêo do objeto e de 
vul UfllL', dfll<.'S d i!.'.,O L'rd l:dJ.)dL liL• dl,:h,H 4Ut.' ll1Llddr1du o Ldllldllllo do t.·opo u vulurm.• ' l (.;d \ld rlldlOI 
ou menot: /\ conservação e a conquist a da invariãncia do número. i: aquele exato m omento am 
que a cr i,onçn é c .:ipoz de oper<1r com u ideio de que os objetos perm<1n~ce-m constantes e i<l é 
1:<1p.-1,- dt: 11óin :,.p 11)(11r r1c>s <1pr1n-!f•cins qrn: 11111d <1m n fo11n<1l.o, 11'10 ,n quctnl ul<tdti t J111n c o1111d r1 c:u 
loc;i,d a dentro d e um prato podera llparentar ser m enos o u mais com relação a um outro prato 
m.:i1s tundo. l::m d eterm1m1c!o momento a cnançu percebem que t.:mto "üZ, J.l que o 1mportünte e 
q11;mlid<td(! de~ 1:0111id<i, inv,1rirl-.·1il t!III JM~'iO Atc• J.-1 i"i C<ip .-11 cki d101,H n o julynr q u e it 111~• Clllll(•r11-
plou o out ro irmiio cem mais comid a. O pensumento segue .:> lóg ico da realidade concret.:i . J ó a 
1.:u 11qu15l d d -::1 <.,t.•rict1,:-do c-..l-:1 1dct:1or1dÜd "' ordcir1 t.•nlrl' 0 5 d1v l 'f'..U5 ._, i-..,11 K.•11lu5 u._, Uflkl ~·11-..·. Um 
cP.rto dia ;-, c n n n ç.;-, r.onci1Ji!'.ti'lrl'I i'I <.l'!:-ii'M".ic11'1<1A dR ~i'l7Rr n rdP.n;,m.=intn!'. d A<:rP!'.CRn ti:!!'. rn1 c-.rA!'.CAntR~ 
Dos mais bmxos uos mais ultos da clilsse, por exemplo, em um.:i fileiril. Jj a dnssi"icilç5o ou cute 
y11111n~:rlo dosciki11u!f1lo-.; ó ct lljl(!IH ~:iio lúyu :n .-1pl1c.-1d<1 prH.-1 c n n s esi1111 ,.;c~p,-ir.-11 n s 111.-11.•, ill\ltir~u-.; 
objetos, ideias, fatos e pessoas, tig rupa das ou class f icadas a pert1r de cari,cter"sticos que tenham 
em comum (MAIA, 201/) 
C o tempo d õ !!lbertura para todos os poss\1eis. O pensamento é formal. d eslocado do concreto. 
Con-..t.~jUL' µruUULlf lupóLL'':.C..'S, db!:.LfdÇÜ<..'!:. l' tt!IIL•JlÜl' ':. comµ l l.'Kc!S. Co11~l'!jlll' ldL(.'f O Ut!r dÇÜt!S IU!jl-
C !liS desloccd as da exper iência, crenças ou peroepcões. agindo mentalmente no C<'llm po d as id e !liS, 
produzindo teoriüs. construindo g enemlizucões. ubstrncões. re..,letindo sem o apoio do real 
Figura 1 - Estádios do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget 
Fonte: XAVIER; NUNES, 2015. 
#ParaCegoVer: A imagem apresenta uma tabela de duas colunas e quatro linhas com os 
quatro estádios do Desenvolvimento Cognitivo de Jean Piaget e suas respectivas características. 
23 
Vygotsky nasceu na Bielo-Rússia em 1896 e morreu em 1934, já consolidado como um 
pioneiro pesquisador das funções psíquicas superiores e como respeitado pesquisador no 
pós-revolução bolchevique, na antiga União Soviética. Sua teoria recebeu forte influência do 
Materialismo Histórico de Marx. Ele defendeu que as formas complexas de pensamento são 
geradas nas interações sociais. Nesse sentido, ganha um peso considerável a intervenção adulta 
sobre as aprendizagens infantis. 
De um modo genial, Vygotsky desenvolveu a ideia de que existe a Zona de Desenvolvimento 
Proximal (ZDL), naquele limite entre o que a criança não é capaz de fazer mesmo sozinha e aquilo que 
faz com o apoio de um adulto ou de uma criança mais velha ou mais experiente em alguns saberes. 
Vygotsky defendeu que a criança passa por estágios do desenvolvimento cultural e em cada 
um desses estágios são diferenciadas as formas de estabelecer relações com o mundo exterior, 
de utilizar objetos que estão ao redor, de intervir e de usar as técnicas comuns dentro da cultura 
de cada criança (MAIA, 2017). Isso esclarece que na construção teórica de Vygotsky, a cultura é 
determinante do desenvolvimento. 
FIQUE DE OLHO 
Aprenda mais pesquisando no YouTube e assistindo à "Introdução à Psicologia do 
Desenvolvimento", sobre as teorias e seus teóricos mais importantes da História dessa área, 
entre eles Piaget, Vygotsky e Wallon, apresentados por pesquisadores do Desenvolvimento 
Humano, da USP. 
A Teoria psicogenética de Wallon é uma explicação sobre a formação e transformação pelos 
quais passam o psiquismo humano. Henri Wallon valorizou o poder das trocas sociais no decorrer 
do processo de desenvolvimento na vida dos seres humanos, a partir da infância. As crianças não 
são dependentes somente de suas constituições biológicas para seus plenos desenvolvimentos. 
Wallon acredita no papel regulador da oposição funcional que ocorre entre a afetividade e a 
cognição, ou razão versus emoção, no decorrer do desenvolvimento. Uma vez que a maturação foi 
alcançada, as estruturas psíquicas devem progredir em um permanente processo de especificação 
e melhoria (XAVIER; NUNES, 2015). 
24 
fJ 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
• adquirir conhecimentos sobre a introdução aos estudos de Psicologia do 
Desenvolvimento; 
• conhecer o histórico da Psicologia do Desenvolvimento; 
• aprender sobre o conceito de Psicologia do Desenvolvimento e seus passos iniciais 
para a introdução aos estudos da Psicologia do Desenvolvimento Humano; 
• obter conhecimentos sobre os objetivos e métodos de estudo da Psicologia do 
Desenvolvimento; 
• refletir sobre os processos do Desenvolvimento Humano; 
• conhecer as teorias da Psicologia do Desenvolvimento. 
BEE, H.; BOYD, D. A Criança em Desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
BOYD, D.; BEE, H. A Criança em Crescimento. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
CARMICHEL, L. Manual de Psicologia da Criança. São Paulo, EPU e EDUSP, 1975. 
CASTRO, F. S.; LANDEIRA-FERNANDEZ, J. Alma, corpo e a antiga civilização grega: as pri-
meiras observações do funcionamento cerebral e das atividades mentais. Psicol. Reflex. 
Crit., Porto Alegre, v. 24, n. 4, p. 798-809, 2011. Disponível em: http:/ /www.scielo.br/ 
sei elo. ph p ?script=sci _ a rttext&pid =S0 102-7972201100040002 l&lng=en&nrm= iso. Aces-
so em: 31 mar. 2020. 
COELHO, W. F. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 
2014. 
DAVIS, C. L. F.; ALMEIDA, L. R. de; RIBEIRO, M. P. de O.; RACHMAN, V. C. B. Abordagens 
vygotskiana, walloniana e piagetiana: diferentes olhares para a sala de aula. Psicol. educ., 
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FOUCAULT, M. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. Tradução 
de Salma Tannus Muchail, São Paulo, Martins Fontes, 1995. 
FREITAS, M. da G. F. Da psico(bio)logia do jogo infantil ao desejo de fazer-de-conta que é 
adulto: um estudo sobre o brincar infantil. Dissertação (Mestrado em Educação) - Facul-
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HEINDBREGER, E. Psicologias do século XX. Tradução de Lauro S. Blandy. São Paulo: Mes-
tre Jou Editora, 1969. 
JAPIASSU, H. A Psicologia dos Psicólogos. Rio de Janeiro, Imago, 1983. 
MAIA, C. M. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem. Curitiba: lnterSaberes, 
2017. 
MOTA, M. M. P. E. Metodologia de Pesquisa em Desenvolvimento Humano: Velhas Ques-
tões Revisitadas. Psicologia em Pesquisa I UFJF 1 4(02) l 144-149 1 julho-dezembro de 
2010. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psipesq/v4n2/v4n2a07.pdf. Acesso 
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MOURA, T. B. de; VIANA, F. T.; LOYOLA, V. D. Uma análise de concepções sobre a crian-
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PILETTI, N.; ROSSATO, S. M.; ROSSATO, G. Psicologia do Desenvolvimento. São Paulo, 
Contexto, 2014. 
ROSENFELD, A. O Pensamento Psicológico. São Paulo: Editora Perspectiva, 1984. 
TELES, M. L. S. O que é Psicologia? São Paulo: Brasiliense Editora, 1995. 
XAVIER, A. S.; NUNES, A. 1. B. L. Psicologia do desenvolvimento. Fortaleza: EdUECE, 2015. 
Disponíve I em: https://educapes.ca pes. gov. br/bitstream/ca pes/431892/2/Livro _Psicolo-
gia%20do%20Desenvolvimento. pdf. Acesso em: 3 mar. 2020. 
UNIDADE 2 
Desenvolvimento 1 
Introdução 
Você está na Unidade Prática de Enfermagem para Tratamento e Diagnóstico de 
Alterações Cardiovasculares. Conheça aqui as alterações do sistema cardiovascular, as 
técnicas de realização do eletrocardiograma, e pressão venosa central no contexto da 
prática assistencial do(a) enfermeiro(a). 
Aprenda aspectos importantes, tais como os aspectos clínicos, epidemiológicos e 
psicossociais que fundamentam o cuidar de pessoas com alterações do sistema 
cardiovascular, assim como os fatores relacionados à hipertensão, trombose venosa 
profunda, insuficiência, cardíaca congestiva, infarto do miocárdio e arritmias cardíacas. 
Você já pensou como esses fatores podem impactar a saúde de nossos pacientes? Pois 
então, essa é a resposta que iremos descobrir a seguir nesta unidade. 
Bons estudos! 
29 
1 GRAVIDEZ E VIDA INTRAUTERINA: A FORMAÇÃO 
DO BEBÊ 
Há muitas transformações que ocorrem em diferentes fases do desenvolvimento humano, 
iniciando com a vida ainda dentro do útero, passandopelo nascimento, os primeiros anos de 
vida e chegando até o desenvolvimento da 3~ infância, quando a criança atinge os 11 anos de 
idade. Assim, entenderemos o que ocorre no processo de formação do bebê e vida uterina, que 
dura em torno de 38 a 40 semanas e é chamado gravidez, e o processo do nascimento. Veremos 
ainda as características específicas a cada idade da infância, relacionada ao desenvolvimento 
bio-psico-social, quando poderemos compreender o ser humano dentro de uma perspectiva 
de se nvolvimentista. 
Figura 1 - Ciclo da vida 
Fonte: Mathisa, Shutterstock, 2020. 
#ParaCegoVer: A imagem mostra em um fundo verde um galho de árvore em que, da 
esquerda para direita, há uma lagarta, seguida por um casulo totalmente fechado, depois um 
casulo se abrindo, em seguida uma borboleta saindo do casulo e, finalmente, uma borboleta 
voando, representando o início do ciclo de uma vida. 
1.1 Início do ciclo vital 
O desenvolvimento humano inicia durante a fecundação, em que milhões de espermatozoides 
são lançados no corpo da mulher e percorrem um caminho da vagina, passando pelo útero, até 
as trompas (Trompas de Falópio) em busca do óvulo. Na maioria dos casos, uma vez a cada 28 
dias (normalmente em meados do ciclo menstrual, conhecido também como período fértil, 
que dura aproximadamente entre 3 e 7 dias), um óvulo amadurece em um dos dois ovários 
e sai para as trompas de Falópio em direção ao útero, momento em que pode ser penetrado 
por um espermatozoide, dando início a uma gravidez (BEE, 1997). Esse momento em que o 
30 
espermatozoide masculino encontra o óvulo feminino é chamado de concepção. Após isso, inicia-
se ao desenvolvimento pré-natal, que é dividido em períodos, são eles: 
Período germinal 
Esse período, chamado de estágio germinal de desenvolvimento, com duração de 
aproximadamente duas semanas, corresponde ao período da fecundação até a introdução no 
útero. O ovo formando pelo espermatozoide inicia um processo de divisão celular e migração até 
se alojar na parede do útero para se implantar e continuar seu desenvolvimento. Enquanto isso, 
o útero começa a passar por mudanças em preparação para receber o óvulo fertilizado. O tempo 
entre a fertilização do óvulo até a primeira subdivisão celular normalmente é entre 24 e 36 horas 
(BEE, 1996 e NEWCOMBE, 1999). 
Período embriônico (2! semana até a 8! semana) 
Duas semanas após a concepção, inicia-se o período embrionário. Este segundo estágio da 
gestação é caracterizado por um rápido desenvolvimento e uma diferenciação dos principais 
sistemas (respiratório, digestivo e nervoso) e órgãos do corpo, assim como de várias estruturas 
que apoiam o desenvolvimento fetal, como a placenta. As células que se tornarão um embrião, 
no final da terceira semana, já formarão um coração começando a bater. Entre 8 e 9 semanas o 
embrião começa a tomar uma forma, rosto, boca, olhos, braços, pernas, mãos e pés começam 
a aparecer e os órgãos sexuais estão começando a se formar. (BEE, 1997 e NEWCOMBE, 1999). 
Período feta 1 (8! semana até o parto) 
O terceiro estágio de desenvolvimento, o estágio fetal, estende-se do final do segundo mês 
até o nascimento. É o estágio em que ocorrem, rapidamente, as mudanças na forma do corpo e 
aprimoramento detodosossistemase órgãos. O feto chega a crescer até 20vezesseu cumprimento 
anterior (BEE, 1997). É nessa fase que a mãe costuma sentir os primeiros movimentos do bebê e 
os ossos começam a se desenvolver. O sistema reprodutivo também começa a se desenvolver e é 
possível de ser reconhecido o sexo do bebê através dos exames de ultrassom. Contudo, o sistema 
nervoso ainda está bastante incompleto e é por volta da 28~ semana, assim como outros sistemas 
do corpo, que a maturidade estará suficiente para uma chance de funcionar adequadamente fora 
do útero, embora muitos cuidados especiais sejam necessários (BEE, 1997 e NEWCOMBE, 1999). 
As últimas semanas da gestação (38 a 40 semanas) são marcadas pela continuação do 
desenvolvimento das estruturas e funções do corpo, do aumento do peso e da altura. Cada 
semana que o feto permanece na barriga da mãe, faz aumentar suas chances de sobrevivência e 
desenvolvimento normal (NEWCOMBE, 1999). 
31 
1.2 Influências ambientais no período pré-natal 
Com o estudo do desenvolvimento pré-natal, pode-se observar que durante a gestação o 
estado físico e emocional da mãe e, consequentemente, o ambiente pré-natal em que ela está 
inserida, exerce uma influência importante no desenvolvimento fetal. Entre os fatores que podem 
afetar o desenvolvimento estão (NEWCOMBE, 1999 e BEE, 1996): 
Idade dos pais 
Com o avanço nos cuidados à saúde e nutrição correta, a maioria dos pais de todas as idades 
terá bebês saudáveis, porém a idade avançada pode aumentar a chance de ter filhos com alguma 
alteração genética. 
Mulheres acima dos 30 anos tronam-se menos férteis, tendo maior probabilidade de passar 
por doenças durante a gravidez. 
Álcool 
A ingestão de álcool por mulheres grávidas pode causar a síndrome alcoólica fetal, uma série 
de problemas irreversíveis (más formações) que pode atingir desde os aspectos comportamental, 
cognitivo e fisiológico, como principalmente o sistema nervoso central. 
Nicotina 
O uso do cigarro pode retardar o crescimento do feto devido à diminuição de oxigênio 
recebida, aumento da chance de um nascimento prematuro e um baixo peso ao nascer. 
Nutrição 
A desnutrição da mãe pode afetar o desenvolvimento intelectual das crianças. Alguns 
aspectos da dieta são especialmente importantes, como a ingestão de ácido fálico, encontrada 
em folhas verdes, pois a ausência dessa vitamina é um fator de risco para ter um bebê com má 
formação na coluna. 
1.3 Processo do nascimento 
Uma vez que o bebê se desenvolveu completamente no útero, ele está pronto para nascer e o 
corpo da mulher se prepara para o parto. Esse momento é chamado de trabalho de parto e pode 
ser dividido em quatro períodos distintos (POSNER et ai., 2014): 
Primeiro período 
Nesse período, ocorre a dilatação e é dividido em: Fase latente - quando as contrações 
32 
começam, ainda numa frequência e intensidade baixas, e a dilatação do colo do útero atinge 3,5 
cm. Fase ativa - as contrações ligeiramente aumentam de intensidade e o colo do útero de 4 cm 
de dilatação passa a ter dilatação total ou completa, ou seja, o cérvix abre até os 10 cm e agora o 
bebê tem um estreito canal para descer (canal vaginal). 
Segundo período 
Fase de expulsão do bebê. Durante esse período, as contrações são substituídas por uma 
vontade enorme de fazer força para baixo. Essa fase inicia-se com a dilatação completa e culmina 
com o nascimento do bebê. 
Terceiro período 
Período que se inicia logo após a saída do bebê e termina com o deslocamento, a descida e a 
expulsão da placenta para o meio externo. 
Quarto período 
Considerado o período de estabilização do quadro da mulher, de grande importância no 
processo hemostático. 
O parto vaginal nem sempre é possível ou talvez possa colocar em risco a vida ou a saúde da 
mãe e do bebê. Nesses casos, o médico pode optar por uma cesariana, que corresponde a um 
procedimento cirúrgico que envolve uma incisão no útero. 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
33 
2 CONCEITO DE INFÂNCIA 
Assim como em outras fases da vida, a infância tem suas especificidades e pode ser dividida 
em 1~, 2~ e 3~ infância de acordo com a idade e as características de cada momento. 
Segundo o dicionário Michaelis, infância significa um período da vida, no ser humano, que 
corresponde desde o nascimento até o início da adolescência. Esse momento caracteriza o 
período que vai do zero a dois anos, chamado de primeira infância; período dos três aos seis anos, 
chamado segunda infância; e, por último, período que vai dos sete aos 11 anos, terceira infância. 
2.1 Uma etapa construída 
A análise do desenvolvimento da concepção sobre o que é infância, nos mostra que a criança 
nemsempre esteve nesse lugar social de cuidados especiais. Foi a partir do livro, escrito na década 
de 1960 pelo francês Philippe Ariés, que o questionamento sobre a infância como uma etapa 
natural ou universal do ser humano ganhou um marco teórico. A criança era considerada um 
"mini adulto", suas particularidades não eram consideradas, não havia distinção entre o mundo 
adulto e infantil, era apenas considerado como um momento fisicamente mais frágil e, depois 
disso, elas logo se misturavam aos adultos. Falavam e se vestiam como adultos, viviam em meio 
a esse universo, participando de jogos e festas. 
A partir do desenvolvimento industrial, do surgimento da instituição familiar, que a criança 
passa por uma gradual separação e assume um novo lugar. É nesse momento que as primeiras 
instituições escolares surgem e que a educação e formação da criança começa a ser questionada 
e desenvolvida até os dias de hoje (CANUTO, 2017). 
3 DESENVOLVIMENTO B1O-PSICO-SOCIAL E 
COGNITIVO NA 1! INFÂNCIA (0-2 ANOS) 
Nesse momento, após o processo do desenvolvimento do feto dentro do útero, o bebê 
continua se desenvolvendo, mas agora fora do útero da mãe, numa fase que corresponde aos 
primeiros dois anos de vida. 
3.1 Desenvolvimento do corpo 
Os bebês crescem rapidamente nos dois primeiros anos de vida, chegam a dobrar seu peso de 
nascimento em quatro ou seis meses e quando chegam aos dois anos, possuem metade de sua 
provável altura quando forem adultos. Shafferd (2005) comenta que se as crianças mantivessem 
esse ritmo, teriam mais de 3 m de altura ao chegar nos 18 anos! 
34 
O desenvolvimento corporal ocorre em duas direções: 
Cefalocaudal: da cabeça para os pés. 
Próximo-distal: do centro para as extremidades. 
A cabeça do recém-nascido apresenta 70% de seu tamanho adulto. À medida que se 
desenvolve, com um ano de idade, por exemplo, a cabeça representa apenas 20% do comprimento 
corporal total, sendo o tronco o segmento do corpo que mais cresce (SHAFFERD, 2005). 
O cérebro do bebê se desenvolve em uma velocidade impressionante no início da vida e 
há uma grande plasticidade neuronal. Os neurônios e as sinapses estão prontos para receber 
todo e qualquer tipo de estimulação sensorial e motora, por isso que as primeiras experiências 
determinam e muito a arquitetura do cérebro, pois os neurônios que não são estimulados irão se 
degenerar (SHAFFERD, 2005). 
Um dos grandes desenvolvimentos que o bebê realiza nessa primeira fase da infância, é o 
controle motor. Da condição de "indefesos" ao nascer, chegam ao final dos dois anos conseguindo 
chutar uma bola. Sustentar a cabeça, rolar, sentar-se com e depois sem apoio, engatinhar, andar com 
apoio, ficar em pé sozinho, andar, subir escadas e chutar uma bola para frente são as habilidades 
motoras conquistadas respectivamente nos dois primeiros anos de vida (SHAFFERD, 2005). 
3.2 Desenvolvimento cognitivo 
Há inúmeros referenciais teóricos diferentes sobre o estudo do pensamento da criança, e 
o trabalho de Jean Piaget é a grande referência, assim como a base das ideias atuais sobre o 
desenvolvimento cognitivo. Piaget contribui com conceitos fundamentais sobre como ocorre o 
funcionamento intelectual do ser humano nas diferentes fases da vida, são eles (BEE, 1996): 
• Adaptação 
Processo de ajustamento ao meio ambiente. 
• Organização 
Processo que inclui a combinação de informações e classificação ou agrupamento em 
conjuntos ou sistemas. 
• Assimilação 
Processo de incorporação de novas experiências. 
• Acomodação 
35 
Processo de modificação das ideias em função da nova experiência. 
• Esquemas 
Padrões de comportamento, mas não uma estrutura passiva. À medida que a criança progride, 
esses esquemas se tornam gradativamente sofisticados. 
Nesse primeiro período de vida, o bebê se desenvolve cognitivamente também por meio de 
seus avanços e conquistas das habilidades motoras. A capacidade de engatinhar e se locomover 
sozinho representam uma autonomia para a criança, expandem seu campo de visão e exploração 
do mundo. Aos poucos o bebê se torna capaz de organizar atividades em relação ao ambiente 
por meio da atividade sensorial e motora. Esse é o momento do desenvolvimento intelectual que 
Piaget nomeou como período sensório-motor. 
Em relação à linguagem, o bebê já se comunica, o choro, o balbucio e a imitação dos sons é a 
chamada fala pré-linguística. Aos seis meses o bebê já aprendeu os sons básicos de sua língua e 
por volta dos 12 meses a primeira palavra costuma surgir, dando início à fala linguística. 
3.3 A importância do ambiente 
O desenvolvimento motor básico dos primeiros dois anos não acontece simplesmente como 
parte de um grande plano da natureza. Um mundo real de objetos e eventos interessantes provê 
o bebê com muitos motivos para desejar alcançar algo, ou seja, os estímulos podem servir para, 
constantemente, organizar habilidades já existentes em sistemas de novas e mais complexas ações. 
Dessa maneira, tanto o processo de maturação quanto a experiência são fatores importantes para 
o desenvolvimento humano. 
FIQUE DE OLHO 
O uso do andador infantil ainda é bastante popular, cerca de 60 a 90% dos bebês utilizam, 
porém, os últimos estudos científicos mostram que as vantagens de seu uso fazem parte 
apenas de uma crença dos pais e não da realidade. A Sociedade Brasileira de Pediatria, assim 
como sociedades de outros países, proíbe o uso do andador, pois coloca a vida do bebê 
em risco, devido aos acidentes. Saiba mais sobre isso lendo o artigo "Andador: perigoso e 
desnecessário" da Sociedade Brasileira de Pediatria. 
36 
4 DESENVOLVIMENTO B1O-PSICO-SOCIAL E 
COGNITIVO NA 2! INFÂNCIA (3-6 ANOS) 
As habilidades adquiridas na primeira fase da infância continuam se desenvolvendo nessa 
segunda fase, ganhando agora amplitude e refinamento maior. É uma etapa em que a criança 
passará por um florescimento social, passando a reconhecer o mundo em que está inserida, se 
diferenciando uma das outras e podendo interagir socialmente. 
4.1 Desenvolvimento do corpo 
À medida que as crianças amadurecem, suas habilidades locomotoras alcançam novas 
conquistas. O desenvolvimento nessa fase é continuo, porém mais lento se comparado à primeira 
infância. 
3 anos 
Podem andar ou correr e levantar ambos os pés do chão, embora não consigam parar 
abruptamente quando estão correndo. 
4 anos 
São capazes de pegar uma bola grande com ambas as mãos, pular em um pé só e correr muito 
mais longe e mais rápido que podiam um ano antes. 
5 anos 
O equilíbrio já se desenvolveu a tal ponto que podem aprender a andar de bicicleta e 
conseguem descer uma escada alterando seus pés. 
Apesar do rápido progresso, é comum que as crianças se interessem por desafios e conquistas 
maiores. A cada ano que passa, elas podem pular um pouco mais alto e jogar uma bola mais 
longe, por exemplo. Isso representa o desenvolvimento dos músculos e aperfeiçoamento de suas 
habilidades motoras (SHAFFERD, 2005). 
É nessa fase que também observamos o desenvolvimento das atividades artísticas. Os 
rabiscos, traços e grafismos começam a expressar a evolução da coordenação motora fina e a 
maturação do cérebro. 
4.2 Desenvolvimento cognitivo 
Algumas características importantes durante a segunda infância, conforme Piaget (1987), é 
37 
a expansão do pensamento simbólico, que surgiu no estágio anterior. A criança, nessa fase, não 
precisa mais ver o objeto concretamente para que possa pensar nele e saber que ele existe, agora 
ela é capaz de fazer uso de símbolos, que são representações mentais atribuídas de significados 
que ajudam a criança a lembrar e pensar coisas que não estão em sua frente, presentes. É a 
função simbólica que capacita a criança a representar objetos, acontecimentos e o meio em 
que está inserida, por meio de desenhos, jogos e linguagem. É como se a criança, através dessa 
capacidade, conseguisse tornar público o que lhe é privado, é conseguir se comunicarcom o seu 
meio social, por isso está intimamente ligada com a evolução do desenho e da linguagem. 
Outro significativo avanço nessa fase é o início da percepção de causa e efeito. As crianças 
começam a desenvolver o entendimento de que alguns acontecimentos têm causas por 
consequência de outras ações. Piaget (1987) descreve a elaboração desse pensamento da criança 
fazendo uso das características do egocentrismo, ou seja, a criança nessa fase não consegue uma 
elaboração de causalidade abstrata, ela está centrada no seu próprio ponto de vista. 
O desenvolvimento cognitivo apresenta períodos ou estágios caracterizados pelas novas 
formas de pensar cada vez mais complexas e elaboradas. Na abordagem piagetiana, essa forma 
de organização mental da segunda infância é chamada de período pré-operatório. 
4.3 Desenvolvimento psicossocial 
É durante a segunda infância que há uma das mais importantes fases do desenvolvimento 
psicossocial da criança. É a fase do início da escolarização, em que o contato social ganha 
expressiva representatividade. A capacidade de brincar, o uso da imaginação e o faz de conta 
demonstra o saudável desenvolvimento da criança, uma vez que é por meio das brincadeiras que 
a criança poderá explorar o mundo a sua volta. 
Outra aquisição importante durante a segunda infância é o desenvolvimento da identidade. 
A criança inicia um processo de autoconceito que se desenvolve a partir das representações 
descritivas e avaliativas que ela recebe do seu meio. Por isso, o acolhimento e a aprovação dos 
pais como mediadores contribuintes dessas fases de exploração e conquista têm importante 
contribuição na autoestima da criança, uma vez que esta é a parte autoavaliativa do autoconceito 
que a criança faz sobre seu valor, com base na capacidade cognitiva de descrever e definir a si 
própria (PAPALIA; FELDMAN, 2013). 
38 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
5 DESENVOLVIMENTO 81O-PSICO-SOCIAL E 
COGNITIVO NA 38 INFÂNCIA (7-11 ANOS) 
As aquisições obtidas na primeira e segunda infância propiciaram à criança interagir 
socialmente, assim como se conhecer melhor. É nessa terceira fase da infância que as crianças se 
desenvolvem principalmente no contato com os outros. Podemos dizer que representa o período 
de consolidação da independência. 
5.1 Desenvolvimento do corpo 
Essa é uma fase de desenvolvimento físico, um pouco mais lenta comparada à fase anterior. O 
crescimento físico continua com expressividade no desenvolvimento dos músculos, assim como 
na altura e no peso. É nessa fase também que os dentes de leite começam a cair. As habilidades 
motoras continuam cada vez mais complexas, sua força e agilidade são mais expressivas, a criança 
é capaz de participar de atividades físicas e esportivas que exigem maior coordenação motora. As 
habilidades motoras finas também são aprimoradas. A escrita é uma das atividades importantes 
nessa fase e que ganha uma notória evolução na apreensão ao lápis e no uso da tesoura, por 
exemplo, representando também a evolução do amadurecimento cerebral. 
5.2 Desenvolvimento cognitivo 
Essa é a fase que a criança inicia os "porquês" e o querer saber sobre os fatos e o que ocorre. 
Elas passam a racionalizar seus pensamentos e suas crenças, procurando as razões das coisas. 
Um grande marco nesse período é o início da escolarização. Apesar de a criança frequentar a 
39 
escola em anos anteriores, é agora que o seu pensamento passará a operar de forma mais lógica 
e com o ensino mais formalizado e estruturado, diferente da primeira e segunda infância, em que 
o investimento maior para o desenvolvimento saudável da criança é pautado pela proposta do 
brincar, desenhar e expressar fisicamente com atividades recreativas ou mesmo o brincar livre. 
A criança vivencia um aumento significativo das suas capacidades cognitivas e do processo de 
aprendizagem. Piaget chamou essa fase de período operatório concreto. É a fase do pensamento 
concreto, em que seu raciocínio deixa de se apoiar em materiais que podem ser manipulados ou 
controlados para passar a compreender suas operações. 
FIQUE DE OLHO 
Jean William Fritz Piaget foi um biólogo de formação, nascido na Suíça (1896-1980), 
que também se dedicou à psicologia, epistemologia e educação. Durante seu trabalho e 
experiência em padronização de testes percebeu que as crianças apresentavam o mesmo 
tipo de erro, havendo um padrão e uma lógica semelhante nas respostas, então, Piaget 
desenvolveu a teoria dos estágios cognitivos. Assista ao vídeo "Fases de desenvolvimento 
cognitivo segundo Jean Piaget" e veja o exemplo. 
Piaget descreve dois tipos de operações e três tipos de conservação que a criança consegue 
manipular nessa fase para exemplificar como ocorre o pensamento da criança, são elas: 
• Operações lógicas matemática, que se referem à classe e ao número. 
• Operações infralógicas, que se referem ao espaço e ao tempo, compreendendo as no-
ções de medidas. 
Conservação de sólidos 
Em que independentemente do tamanho a quantidade é a mesma. Piaget demonstra esse 
raciocínio exemplificando com o uso de massinhas, em que apresenta para a criança duas 
massinhas, porém em formatos diferente ("bolinha" e "canudo") e a criança da fase pré-operatória 
consegue responder que ambas são iguais, diante da pergunta de qual possuem mais massinha. 
Conservação de líquidos 
Em que a criança consegue entender que, por exemplo, dois copos (ou outro recipiente) 
de água com tamanhos diferentes, um mais comprido e outro achatado, podem ter a mesma 
quantidade de líquido. 
,, 
Autoria 
Maria da Gloria Feitosa Freitas 
Meu nome é Glória Freitas. Sou graduada em Pedagogia, fiz uma Especialização em Metodologia da 
Compreensão Existencial, aprofundando contatos com a Gestalt e a Psicomotricidade. Anos depois fiz 
mestrado em Psicologia e Educação (USP), aprofundando o meu conhecimento sobre a conexão entre 
Psicanálise e a Educação. Cursei o Doutorado na área de Educação Brasileira, entrei em contato com 
a obra de Deleuze e Guattari e Esquizoanál ise. Trabalhando com crianças na Educação Infantil, em 
1984 e conheci a obra de Jean Piaget. E a partir de 1990, comecei a lecionar na área de Psicologia da 
Educação, no Ensino Superior, em Universidades Públicas e Pa rticulares. Atualmente sou Conteudista 
e Tutora de Educação a Distância. Espero que consigamos ter um bom d iálogo, através das teorias do 
desenvolvimento infantil, aqui nesta disciplina. Bom estudo! 
Dorothy Coelho 
Graduação em psicologia pela Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde da PUC/SP. Formação em 
atendimento clínico bi lingue para crianças e jovens surdos pela DERDIC/PUC. Atua no serviço de 
psicologia adulto da AACD. 
Beatriz Marcondes de Azevedo 
Possui graduação em Psicologia pe la UFSC (1994), graduação em Administração pela UFSC (2004), 
mestrado em Psicologia pela UFSC {2002) e doutorado em Engenharia de Produção pela UFSC {2010), 
na área de Ergonomia, Pós-doutorado pela U FSC {2018). Atua na docência na área de graduação e pós-
graduação, nas modalidades de ensino presencial e EaD. Em relação à pesquisa, investiga temáticas 
referentes à Psicologia Organizacional e do Trabalho, Ergonomia, Gestão de Pessoas, Saúde e Segurança 
no Trabalho, aval iação do desempenho do sistema de produção hospitalar. 
40 
Conservação de peso 
Em que o que não importa é a quantidade, pois pode-se ter um volume maior de determinada 
substância, mas ter o mesmo peso. 
Na terceira infância, observamos uma capacidade maior de manipulação mental das 
informações. Por exemplo, a criança deixa de usar os dedos ou imagens para fazer contas. Ela 
também apresenta maior velocidade de processamento de informações, mantém mais de uma 
informação ativa, conseguindo manipular mais informações a nível mental, manipulando as 
informações para chegar a uma resposta mais complexa. 
Outra importante característica dessa fase também é a noção de reversibilidade, em que acriança passa a entender que uma ação pode acontecer e depois voltar a seu estado inicial, é a 
ideia do ir e voltar. A criança também desenvolve a noção de tempo (passado, presente e futuro) 
e esta é fundamental para a compreensão das relações causais entre os fatos e acontecimentos. 
A noção de causalidade, ou seja, a possibilidade de estabelecer relações entre acontecimentos, 
estados, fatos e objetos diferentes é fundamental para o desenvolvimento do pensamento lógico 
e para a compreensão dos conceitos científicos. 
5.3 Desenvolvimento psicossocial 
Essa é a fase em que a criança deixa de lado o egocentrismo, dando lugar à sociabilidade, ela 
vira-se para fora, para o grupo, para os colegas, para o outro. Além disso, a partir dos seis anos de 
idade, as crianças passam a comparar-se com outras crianças da mesma faixa etária, elas estão 
mais atentas ao seu ambiente externo e também começam a imitar as crianças mais velhas. Esses 
dois fatos, aliados ao crescimento da vida social da criança, diminuem a importância dos pais e 
da família como modelos de comportamento da criança e aumentam a importância dos amigos 
e dos professores. 
Enfim, o desenvolvimento da criança precisa ser encarado como um processo de interação 
entre diferentes variáveis que não só a orgânica, mas também sociais, familiares e psíquicas. O 
profissional precisa estar atento em como essa complexa rede está interligada e se são inibidoras 
ou propulsaras do desenvolvimento saudável da criança em suas diferentes fases. 
41 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
42 
fJ 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de: 
• compreender como os bebês se desenvolvem no útero e as respectivas fases do 
pré-natal, assim como os fatores do ambiente que podem influenciar esse desenvol-
vimento; 
• aprender as diferentes fases do parto e os diferentes modelos de partos; 
• entender a construção do conceito do que é a infância; 
• conhecer as transformações que ocorrem no ser humano, desde o seu nascimento 
até os 11 anos de idade, a chamada primeira, segunda e terceira infância. 
• entender os fenômenos psicológicos que ocorrem nos pais durante a gestação e 
puerpério. 
BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. São Paulo: Círculo do 
Livro, 1980. 
BEE, H. O ciclo vital. Tradução Regina Garcez. Porto Alegre: Artmed, 1997. 
BEE, H. A Criança em Desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 1996. 
CANUTO, L. T. O conceito de infância em artigos brasileiros. 2017. Dissertação (Mestrado 
em Psicologia) - Instituto de Psicologia, Universidade Federal de Alagoas, 2017. 
MICHAELIS. Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa. Melhoramentos, 2020. 
Disponível em: http:/ /m ichae I is. uai.com. br/mode rno-portugues/busca/portugues-
brasileiro/i nf%C3%A2n cia/. Acesso em: 28 abr. 2020. 
MALDONATO, M. T. Psicologia da Gravidez. São Paulo: Saraiva, 1999. 
NEWCOMBE, N. Desenvolvimento Infantil: Abordagem de Mussen. Porto Alegre: 
Artmed, 1999. 
PAPALIA, E. D.; FELDMAN, R. D. Desenvolvimento Humano. AMGH Editora, 2013. 
PIAGET, J. O nascimento da inteligência na criança. 4 ed. Rio de Janeiro: LTC, 1987. 
POSNER, G. D. et ai. Trabalho de parto & parto de Oxorn e Foote. Porto Alegre: AMGH, 
2014. 
SHAFFER, D. R. Psicologia do desenvolvimento-infância e adolescência. São Paulo: 
Thomson Pioneira, 2005. 
UNIDADE 3 
Teorias da clínica infantil e desen-
volvimento da criança na escola 
Você está na unidade Teorias da clínica infantil e desenvolvimento da criança na 
escola. Conheça aqui os antecedentes históricos do atendimento clínico infantil, o 
conceito moderno de infância, antes do surgimento da clínica. Compreenda esse histórico 
do atendimento clínico com crianças a partir da modernidade, entendendo a nascente 
Psicologia e o surgimento do atendimento clínico infantil, com Freud e depois de Freud. 
Conheça também as teorias principais da clínica infantil e reflita sobre o desenvolvimento 
da criança na escola, pensando nos aspectos físicos, emocionais, cognitivos e de 
julgamento moral. 
Bons estudos! 
47 
1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS DO ATENDIMENTO 
CLÍNICO COM CRIANÇAS 
Examinando antecedentes históricos do atendimento clínico com crianças, fica visível que a partir 
da criação do famoso laboratório de Wundt, a psicologia se tornou uma ciência. Desde a conquista 
desse estatuto de científicidade, foi perceptível, dentro da área de Psicologia do Desenvolvimento, 
a extensa dedicação dos teóricos do desenvolvimento infantil ao estudo da infância. 
É bastante recorrente, na história dos estudos sobre o desenvolvimento humano, a 
preocupação em estudar as crianças, observá-las bem de perto, surgindo novas teorias. Isso 
aconteceu também nas casas de renomados estudantes da psicologia do século XX. Jean Piaget 
observou seus próprios filhos e Sigmund Freud observou o seu neto. Tais práticas são bem mais 
antigas e remontam ao século XIX. 
Para refletir sobre o histórico do atendimento clínico com crianças, incluindo os importantes 
papéis dos pais, é necessário entender em que tempo vive ou viveu uma determinada criança. 
Ocorre um fato de suma importância ao pensar na história do atendimento clínico com crianças, 
além de esclarecer sobre a cultura em que elas e suas famílias vivem. Um fato é incontestável: 
Não duvide que as crianças narradas por seus psicólogos e analistas, no decorrer do século XX, 
são bem diferentes das crianças do século XXI. 
Será dentro da própria história da psicologia e do atendimento clínico com crianças que 
veremos que nem sempre os adultos, psicólogos clínicos, estudiosos ou pais, educadores ou 
responsáveis por atendê-los tiveram a mesma forma de conceituar a infância e a clínica, por 
exemplo. Assim, ao entender o conceito de infância através da história, é possível compreender 
melhor o histórico do atendimento oferecido à infância. 
2 HISTÓRIA DO CONCEITO MODERNO DE INFÂNCIA 
Você pode se perguntar: se não existiam os modernos smartphones, como foi possível 
documentar para estudos posteriores como eram as crianças na transição entre a Idade Média e 
a Idade Moderna? Sem as câmeras fotográficas atuais, as famílias ricas contratavam pintores para 
retratar, o mais fielmente possível, seus filhos. Esses registros permitiram importantes estudos sobre 
as relações entre pais e filhos, no período de transição e antes do aparecimento da clínica infantil. 
Coube ao renomado historiador francês Aries (1981) desenvolver suas suposições e teorias. 
Uma delas incidiu sobre uma possível especialização dos brinquedos usados pelas crianças, na 
transição entre os tempos medieval e moderno. O exame apurado da iconografia, ou seja, desses 
quadros pintados pelos pintores, no Renascimento, revelaram uma mudança histórica. 
48 
Examinando esses quadros, foi possível, na contemporaneidade, ter informações históricas 
sobre a infância de Luís XIII, um dos reis franceses. Quando menino, desde os seus primeiros anos, 
"ao mesmo tempo que brincava com bonecas, jogava péla e malha, jogos que hoje nos parecem 
ser muito mais jogos de adolescentes e de adultos. Numa gravura de Arnoult do século XVII, 
vemos crianças jogando boliche" (ARI ES, 1981, p. 77). 
Aries defendeu que às criancinhas medievais foram destinados alguns costumes abandonados 
pelos adultos. Um desses singulares casos são as bonecas usadas para enviar novos modelos de 
roupas para as mulheres ricas conseguirem, com tais modelos, fazer suas roupas novas. Depois 
de usadas para fazer novos e belos vestidos, essas bonequinhas vestidas com os modelos de 
roupas femininas ficavam abandonadas e sem uso definido, virando brinquedos para as meninas 
da época (ARIES, 1981). 
Por volta do ano 1600, somente as crianças pequenas recebiam um cuidado especial, tendo seus 
próprios brinquedos, ocorrendo que depois dos três ou quatro anos a criança "jogava os mesmos 
jogos e participava das mesmas brincadeiras dos adultos, quer entre crianças, quer misturada aos 
adultos"(ARIES, 1981, p. 77). As bonecas antigas medievais eram um misto de réplicas e brinquedos. 
Ocorreu, nesses tempos, uma busca "em representar de forma reduzida as coisas e as pessoas da 
vida quotidiana, hoje reservado às criancinhas, resultou numa arte e num artesanato populares 
destinados tanto à satisfação dos adultos como à distração das crianças" (ARIES, 1981, p. 75). 
Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 
3 HISTÓRICO DO ATENDIMENTO CLÍNICO COM 
CRIANÇAS A PARTIR DA MODERNIDADE 
Percorremos a história de fatos significativos que construíram a estrada por onde trilham 
hoje as crianças, seus pais e seus psicólogos clínicos e psicanalistas infantis. Da Idade Medieval 
49 
aos atuais cenários em que vivem as crianças do século XXI, uma mudança radical foi a separação 
entre o público e o privado. Na contemporaneidade, toda criança em desenvolvimento e seus 
pais possuem nítidas diferenciações entre a instância da rua e da casa. Um dia, inventamos a 
infância, desenvolvemos teorias sobre o seu desenvolvimento e a clínica infantil foi inventada 
para essa criança, na modernidade. 
3.1 Surgimento do conceito de infância na modernidade antes da clínica 
Quando alguém pergunta sobre a importância da clínica infantil, ao longo da sua constituição 
será necessário saber de qual infância e em que momento da história estamos falando. Tudo 
transmutou significativamente a partir da modernidade quando se fala em infância e isso irá 
condicionar as futuras instituições que vão lidar com as infâncias. 
Por volta do século XVII, em plena Idade Moderna, os filhos dos ricos, ascriançasda Aristocracia, 
eram beneficiados com uma preocupação especial com suas infâncias. Assim, ocorreu uma 
mudança de ordem individualista, estabelecendo inusitadas formas de conviver com as crianças. 
São essas novas sociabilidades que suscitaram mudanças radicais com relação às demonstrações 
de afeto e de cuidado com os seus filhinhos, "que se expressa, por exemplo, num maior empenho 
em planejar o futuro profissional dos filhos, seja para assumir cargos administrativos, para seguir 
uma profissão autônoma ou continuar os negócios da família" (VEIGA, 2007, p. 38). 
Com o desenvolvimento da tipografia, os livros foram publicados para socorrer os adultos, 
indicando como ser os condutores desse progresso, já desde casa e antes das crianças serem 
enviadas aos colégios. Foi constituída uma literatura própria para 
instruir os pa·1s sobre como cuidar dos filhos, ev·1tando ao mesmo tempo práticas violentas e 
atitudes de excessiva condescendência. A ênfase recai na formação moral, na cultura geral, nas regras 
de comportamento e nos comedimentos necessários. (VEIGA, 2007, p. 38) 
São exemplares dessa literatura que fez muito sucesso entre os mais abastados da sociedade 
europeia: "A arte de criar bem os filhos na idade da puerícia (1685), do jesuíta português Alexandre 
de Gusmão; o Tratado sobre a educação das meninas, de Fénelon (1687); e Alguns pensamentos 
sobre educação, de John Locke (1708)" (VEIGA, 2007, p. 38). 
Mas qual seria o foco dessas e outras obras? 
Era passar uma certeza presente à mente desses estudiosos: a criança seria maleável, necessitando 
ser contida no que eles concebiam como a natureza rebelde infantil, sendo imprescindível ser educada 
já na idade precoce, antes de sair de casa e ir ao colégio (VEIGA, 2007). Assim, as elites preparariam 
seus filhos para serem os futuros mandatários das sociedades europeias. 
Essa poderosa literatura do século XVII foi muito apreciada pelos pais e suas recomendações 
SUMÁRIO 
Prefácio .................................................................................................. . 
UNIDADE l - Histórico e conceito da psicologia do desenvolvimento .............................................. 9 
Introdução ..... 
1 Histórico da Ps·,cologia do Desenvolvimento ..... 
2 Objetivos e métodos de estudo da Psicolog·,a do Desenvolvimento 
3 Processos do Desenvolvimento Humano .... 
4 Teorias da Psicologia do Desenvolvimento humano 
. ........................ 10 
. ... 11 
....... .... 16 
. ........ 19 
............. 19 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 24 
REFERÊNCIAS BIBI.IOGRÁFICAS ...................................................................................................... 25 
UNIDADE 2 - Desenvolvimento 1 .................................................................................................... 27 
Introdução .................................................................... . 
1 Gravidez e v·1da ·intrauterina: a formação do bebê 
2 Conceito de infância 
. ................ 28 
.... 29 
.33 
3 Desenvolvimento bio-psico-social e cognitivo na 1• infânc"ia (0-2 anos) ........................................... 33 
4 Desenvolvimento bio-psico-social e cognitivo na 2• infância (3-6 anos) 
5 Desenvolvimento bio-psico-social e cognitivo na 3• infância (7-11 anos) 
.. 36 
.. 38 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 42 
REFERÊNCIAS BIBI.IOGRÁFICAS ...................................................................................................... 43 
UNIDADE 3 - Teorias da clinica infantil e desenvolvimento da criança na escola ............................. 45 
Introdução.. . ...... ................. 46 
1 Antecedentes históricos do atendimento clínko com crianças ................................ 47 
2 História do conceito moderno de infância .......................... . .47 
3 Histórico do atendimento clínico com crianças a partir da modernidade ..... 48 
4 Contribuição de Freud e da Psicanálise na constituição da clínica infantil contemporânea ............. 52 
5 Principais teorias da clínica infanti l ........................... . . . .. 55 
6 Desenvolvimento da criança na escola: aspectos físicos, emocionais e cognitivos ... . ... 58 
PARA RESUMIR .............................................................................................................................. 61 
REFERÊNCIAS BIBI.IOGRÁFICAS ...................................................................................................... 62 
50 
sobre o desenvolvimento infantil foram muito lidas e acatadas. Assim, os pais lutaram para 
vencer e amenizar algo bastante condenado por esses celebrados autores: A paparicação com 
as crianças. Significa acariciar demasiadamente, mimar excessivamente. A paparicação com 
as crianças foi considerada como o 1.2 Sentimento de Infância, dos adultos com relação às 
crianças, dos tempos medievais aos modernos. Antes desse sentimento, adultos não estavam 
demasiadamente apegados às crianças (BOTO, 2017). 
Esses teóricos da infância cravaram esforços na constituição de um eficaz rol de normas e 
padrões para serem incorporados na educação dos filhos. O pensador Erasmo de Rotterdam 
escreveu no seu livro De Pueris suas típicas críticas aos exagerados carinhos dos pais aos filhos, 
clamando que primassem por educá-los mais do que mimá-los. Dispondo de inúmeras dicas 
práticas para a educação das crianças aristocráticas e assim preparar bem a elite (BOTO, 2017). 
Ressaltava uma forte crítica direcionada às senhoras da Aristocracia e que teriam um hábito 
comum, visto por esses pensadores humanistas como deplorável, de devotar demasiados 
mimos maternos, chegando na visão deles a tratar seus filhinhos de sete anos como se fossem 
bonequinhas ou animais de estimação. Os autores clamavam em suas páginas que os filhos eram 
crianças, que fossem deixados de lado, solicitando que essas senhoras fossem mimar animais 
domésticos. Alertavam para a excessiva tendência de subestimação do relevante desenvolvimento 
e de formação (modelação) das mentes infantis (BOTO, 2017). 
Com o apogeu dessa literatura voltada para a educação das crianças, surge outro

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