Geografia - redes de transporte

Prévia do material em texto

Rede de transportes
Evolução dos transportes e aproximação dos espaços: o mundo que ‘’encolhe´´
As revoluções tecnológicas ocor
ridas ao longo da história foram fundamentais para a configuração de mundo que se tem hoje
A roda foi um instrumento que revolucionou o saber-fazer das atividades humanas, uma vez que, em meio ao desenvolvimento das técnicas, esteve de alguma forma presente e em constante evolução. As primeiras rodas eram confeccionadas com pedras e, em seguida, passaram a ser produzidas com madeira. Com a Revolução Industrial e os avanços tecnológicos, as rodas passaram a ser moldadas com metais, minerais e substâncias com as mais variadas utilidades.
 Na Idade Média, especialmente após o declínio do feudalismo, a economia foi reconfigurada, quando as Grandes Navegações promoveram o embrião do que seria o processo de globalização, como visto no capítulo sobre as contradições socioeconômicas do mundo globalizado, construindo novas formas de se realizar trocas e vendas e conectando novos continentes.
Atualmente, percebe-se uma diversidade de modais de transporte, possibilitando ao ser humano encurtar as distâncias, por meio dos transportes hidroviários, aéreos e terrestres.
O sistema de transporte hidroviário 
O transporte hidroviário, aquático ou aquaviário é aquele realizado sobre oceanos e mares (transporte marítimo), rios e riachos (transporte fluvial), bem como sobre lagos e lagoas (transporte lacustre). 
Historicamente, o modal hidroviário foi parte importante no desenvolvimento das grandes civilizações, para transporte tanto de pessoas quanto de cargas.
Pelos mares e oceanos, civilizações como a fenícia, a chinesa, a grega, a romana e a viking foram pioneiras em navegações de cabotagem (ou costeiras) e de além-mar, desenvolvendo atividades comerciais e realizando conquistas por onde passavam. 
A Revolução Industrial foi um marco na evolução do transporte aquaviário, uma vez que as embarcações, outrora movidas principalmente pelo vento, tornaram-se mais rápidas com o vapor, e posteriormente, com o uso do óleo diesel
O transporte fluvial, presente na história de tantas civilizações, ainda é de fundamental importância no sistema de transportes de diversos países desenvolvidos, especialmente do Hemisfério Norte, onde a rede hidroviária é moderna e eficiente.
Uma grande vantagem do sistema de transporte hidroviário está na relação favorável entre a capacidade de carga conduzida e o consumo de combustível, possibilitando que esse seja o modal que menos emite gás carbônico.
O sistema de transporte aéreo
Criado no começo do século XX, o modal aéreo é mais recente, se comparado aos demais meios de transporte. Na primeira metade daquele século, as experiências iniciais de viagens aéreas ocorriam com os dirigíveis, invenção realizada por Ferdinand von Zeppelin em 1900 e que realizou uma volta ao mundo em 1929. Esse dirigível encerrou suas operações de forma trágica: Hindenburg, em 1937, explodiu e pegou fogo quando aportava em Nova Jersey, nos Estados Unidos, 77 dias após ter partido de Frankfurt, na Alemanha.
O século XX protagonizou o surgimento de uma invenção importante para os dias de hoje: o avião. Ele se diferenciava dos dirigíveis e dos balões por sua capacidade de alcançar voos e pousos de forma eficiente. O primeiro voo que ocorreu sem nenhum auxílio se deu com o brasileiro Santos Dumont, em 1906. A partir daí, o mercado aéreo começou a ser explorado e foi bastante utilizado nas duas grandes guerras, junto com as tecnologias de sensoriamento remoto. Duas décadas depois, os aviões passaram a ter uso comercial e, desde então, as rotas aéreas se expandiram e permitiram a conexão de pontos distantes do planeta.
O sistema de transporte terrestre
O modal terrestre é, entre os demais, o mais antigo, e sua história está vinculada à invenção da roda. Por intermédio dela, o ser humano foi capaz de confeccionar meios de transporte de cargas e, posteriormente, as primeiras carroças. Para esses modais, a Revolução Industrial possibilitou a invenção do automóvel, o que favoreceu a mobilidade urbana e propôs novas alternativas de deslocamento.
Muitas cidades têm importante presença de transporte fluvial, lacustre ou em braços de mar, ou ainda, do uso de helicópteros, principalmente as metrópoles. Contudo o transporte terrestre é o mais utilizado, representado pela circulação no de ônibus em vias exclusivas ou compartilhadas, pelos bondes e veículos sobre trilhos e pelo metrô. Além disso, o uso das bicicletas é outra forma de mobilidade urbana, mais comum nas cidades europeias e asiáticas, porém crescente como forma alternativa deslocamento dentro das grandes cidades.
O sistema de transporte rodoviário 
O modal rodoviário está presente em grande escala em todos os continentes e é realizado por veículos automotores, como automóveis, ônibus e caminhões. Esse modal, que inclui ruas, avenidas e, principalmente, estradas (com diferentes tipos de pavimentos), é mais limitado que outros modais, como o ferroviário e o hidroviário.
O transporte de carga é feito basicamente por caminhões, que, por serem comparativamente pequenos, carregam quantidade menor de mercadorias, fazendo que o transporte de mesmo volume de carga leve muito mais tempo que por trens ou navios. Outra desvantagem do sistema rodoviário é a quantidade de combustível consumido, o que o torna o modal que mais contribui com a poluição do ar.
O sistema de transporte ferroviário
Desde as primeiras locomotivas a vapor da primeira metade do século XIX aos velozes trens-bala contemporâneos, o sistema de transporte ferroviário teve grande desenvolvimento. É o modal terrestre que transporta a maior parte das mercadorias pelo mundo. No entanto, quanto ao transporte de passageiros, as ferrovias não têm acompanhado o ritmo apresentado por outros meios de transporte, como o rodoviário e o aéreo. Ainda assim, trata-se de uma opção muito utilizada no deslocamento pelo interior do continente europeu ou pela Índia, incluindo outras partes do mundo.
Sobre os trilhos: um breve resumo das ferrovias no Brasil
No Brasil, o sistema ferroviário foi importante para os programas de integração regional do país: a construção de estradas de ferro buscou conectar os principais pontos de produção de café, açúcar, algodão e mineração, com fins de expansão da economia. Os principais esforços ocorreram em 1854, no Rio de Janeiro, com a inauguração da Estrada de Ferro Petrópolis, ligando o Porto Mauá a Fragoso. A partir dessa data, diversos locais do Brasil tiveram linhas ferroviárias até meados dos anos 1930. Após a Segunda Guerra Mundial, parte das lavouras entrou em decadência, ocasionando uma desvalorização desse modal no transporte de produtos.
No final da década de 1950, no governo de Juscelino Kubitschek, foram ampliados os investimentos no desenvolvimento do transporte rodoviário, já que o país passou a receber multinacionais do setor automobilístico e, para investir no segmento, o governo elegeu esse modal como principal meio de transporte. A falta de planejamento e investimentos governamentais resultou na defasagem das ferrovias existentes e na redução da construção de novas malhas ferroviárias.
Na década de 1990, o governo federal concedeu ao setor privado a operação e a manutenção das malhas ferroviárias brasileiras por um período de 30 anos, prorrogáveis por mais 30, extinguindo as atividades da Rede Ferroviária Federal (RFFSA), criada no final da década de 1950. A partir de 2002, foi criada a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Entre suas competências, estão o acompanhamento e a fiscalização do desempenho das concessões ferroviárias.
Atualmente, no Brasil, o sistema ferroviário é voltado principalmente ao transporte de mercadorias, em especial as originárias do setor primário, como grãos, minérios, petróleo e derivados. Em 2014, o modal ferroviário representou 25% da matriz de transporte no Brasil.
América do Sul: malha viária e projetos de integração
Se comparada à malha viária da América do Norte, constata-se que tanto aintegração das áreas internas dos países que compõem a América do Sul quanto a extensão dos diferentes modais (rodoviário, hidroviário, ferroviário e aeroviário) são bem menores. Entretanto, em agosto de 2000, com a formação da União das Nações Sul-Americanas (Unasul), os 12 países que compõem o continente sul-americano lançaram um programa de ampliação da integração das infraestruturas, buscando modernizar o setor econômico, informacional e modal, que é a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). 
Sistemas multimodal e intermodal de transportes
Os sistemas intermodais e multimodais são um conjunto de interligações de diferentes modais viários, de modo que a mobilidade dos passageiros e o transporte de cargas se tornam mais eficientes. Alinhados a algumas das mais importantes características do mundo globalizado, como a velocidade e a agilidade dos deslocamentos, os sistemas de transportes demandam projetos de integração viária, dentro de um mesmo país ou mesmo internacionais. Essa interligação possibilita a versatilidade de meios de deslocamento, como bicicleta, ônibus e metrô, e é planejada seguindo critérios, como a organização política do território, o fluxo de pessoas e mercadorias e os modais que podem ser utilizados e otimizados.
Multimodalidade e intermodalidade são dois conceitos próximos, mas diferentes. A semelhança entre os dois sistemas é o uso de diferentes modos de transporte. O sistema multimodal pressupõe a contratação de um operador de transporte multimodal (OTM), empresa que se responsabiliza com o proprietário da carga transportada de levá-la até o destino definido. Os “modos de transporte” utilizados ficam a cargo desse operador. Esse agente atua na facilitação do transporte entre mais de um modal, mediante emissão de documento, que legaliza o deslocamento entre os pontos de origem e de destino; contudo, a variedade entre os meios de transporte utilizados é baixa.
O processo mencionado beneficia o embarcador, pois otimiza os procedimentos, diminuindo a burocracia e os custos com logística. O sistema estadunidense e europeu é pautado na multimodalidade: como a mercadoria não precisa passar por muitos processos burocráticos, ela não fica tanto tempo parada em transportadoras.
Já no sistema intermodal, a responsabilidade pelo transporte da carga é de seu proprietário. É ele que faz todos os contratos de utilização de cada modo de transporte, lidando com a burocracia e a logística de todo o processo. Nele, há maior variedade de modais utilizados e, em caso de mudança no tipo de transporte, é feito um novo contrato. No Brasil, o fluxo de mercadorias ocorre pelo sistema intermodal, tornando menos eficiente a entrega de mercadorias, pois ela precisa passar por diversas autorizações e organizações até chegar ao consumidor. Em compras on-line, por exemplo, é comum esperar em média entre quinze e cinquenta dias para receber um pedido, enquanto nos Estados Unidos a demora gira em torno de um a cinco dias úteis.
Em relação ao transporte de cargas, a acomodação desses carregamentos em estruturas de armazenamento denominadas contêineres permite maior redução de custos de transporte, além de tornar mais rápido o transporte de mercadorias. Um exemplo adotado nos Estados Unidos é o double stack, ou transporte ferroviário de duas pilhas, que consiste em um trem que é capaz de posicionar dois contêineres sobre um mesmo vagão. Outro modelo utilizado é o acondicionamento de contêineres, possibilitando a passagem de mercadorias entre diferentes modais. Dessa forma, a articulação entre os diversos modais, como o aéreo e o terrestre ou mesmo o marítimo e o terrestre, contribui para a eficiência do deslocamento de pessoas, bens e serviços.
MEIOS DE TRANSPORTE
Os meios de transporte, fundamentais no deslocamento de pessoas e mercadorias, passaram por modificações no decorrer do tempo, acompanhando o crescimento da economia e o desenvolvimento dos mercados mundiais. O progresso nos meios de transporte teve grande impulso com o processo de industrialização na Europa e na América do Norte, nos séculos XVIII e XIX, e se consolidou no século XX com a popularização do automóvel e os avanços no transporte aéreo.
TEMPO E CUSTO
Quando se pensa em volume e custos, há meios de transporte mais eficientes que outros; assim, quanto mais barato for o meio de transporte, mais lento será o translado da mercadoria.
INFRAESTRUTURA
Na atualidade, há uma grande preocupação em proporcionar níveis de infraestrutura que facilitem a circulação de pessoas e mercadorias. Todavia, para grande parte dos países em desenvolvimento, torna-se difícil obter os investimentos necessários à realização de um projeto eficaz de transportes, o que resulta em uma estrutura precária e pouco funcional.
AÉREO
Usado para médias e longas distâncias, o transporte aéreo é utilizado, preferencialmente, para transportar mercadorias urgentes e de alto valor, por meio de aviões ou helicópteros.
VOOS
As linhas aéreas cobrem grande parte do mundo, mas de maneira irregular, encontrando-se em maior densidade nos países desenvolvidos.
NA GUERRA
Foi a partir da Segunda Guerra Mundial que o avião passou a ser um dos principais meios de transporte no contexto mundial.
POR QUE SIM
· Segurança, conforto e rapidez no transporte de passageiros;
· Alcance a locais de difícil acesso;
· Adequado ao transporte de produtos perecíveis, como frutas e flores.
POR QUE NÃO
· Gastos elevados na manutenção de aeroportos e aviões;
· Capacidade de carga reduzida;
· Elevada poluição atmosférica e sonora.
RODOVIÁRIO
Ligado à popularização do automóvel no decorrer do século XX, o transporte rodoviário se utiliza de estradas, avenidas e ruas, além de transportar mercadorias e pessoas por meio de veículos automotores, como caminhões e ônibus.
OS GRANDES
Atualmente, Estados Unidos, Índia, China e Brasil são os países que possuem as maiores malhas rodoviárias do mundo.
MAIOR ESTRADA DO MUNDO
A maior estrada nacional do mundo é a Rodovia 1, na Austrália, com 14 523 km de extensão.
DO BRASIL
A maior rodovia brasileira é a BR 116, que possui cerca de 4 500 km.
POR QUE SIM
· Flexibilidade no deslocamento em áreas urbanas;
· Ideal para médias e curtas distâncias.
POR QUE NÃO
· Pequena capacidade de carga;
· Maior dependência do petróleo;
· Custos elevados de manutenção das vias de circulação;
· Congestionamentos;
· Alto risco de acidentes.
FERROVIÁRIO
Bastante utilizado em países industrializados, como os Estados Unidos, e em países populosos, como a Índia, o sistema ferroviário se utiliza de trens e metrôs sobre trilhos previamente dispostos, sendo o transporte terrestre de maior capacidade de carga.
NOS TRILHOS
O primeiro transporte traçado sobre carris de ferro entrou em operação na Inglaterra em 1803, com vagões levados por cavalos, fazendo o trajeto entre as localidades de Wandsworth e Croydon.
CRISE
Em 1940, o setor enfrentou uma estagnação por causa do desenvolvimento do automóvel, mas voltou a crescer na década de 1970, devido à crise do petróleo, quando as ferrovias se desenvolveram com trens mais modernos e rápidos.
POR QUE SIM
· Grande capacidade de carga;
· Diversas opções energéticas;
· Longa durabilidade;
· Baixo consumo de manutenção.
POR QUE NÃO
· Custos elevados na construção;
· Baixa velocidade no deslocamento;
· Inflexibilidade do itinerário.
AQUAVIÁRIO
MARÍTIMO
Um dos meios de deslocamento mais antigos, o transporte marítimo é aquele que utiliza mares e oceanos para transportar pessoas e mercadorias por meio de transatlânticos e cargueiros. Por serem capazes de comportar grandes quantidades, os navios podem transportar diversos tipos de produtos, como veículos, alimentos, minérios e combustíveis.
O PREFERIDO
Cerca de 70% do fluxo de mercadorias em âmbito internacional ocorrem em transportes marítimos.
FLUVIAL
Semelhante ao transporte marítimo por deslocar-se na água, o transporte fluvial desempenhou importante papel no povoamento e na ocupação do interior dos continentes. Essa forma de transporte é destaque na Europa, ondegrandes e importantes obras foram construídas com o objetivo de assegurar o transporte de pessoas e mercadorias.
SEM LIMITES
Durante centenas de anos, o relevo representou um fator limitador das navegações, pois, enquanto os rios de planície são ótimos para a navegação, os de planalto costumam apresentar cachoeiras. Entretanto, com a evolução da engenharia, esse entrave já é superável devido à construção de comportas e canais artificiais que permitem baixar ou elevar os níveis da água.
MARÍTIMO/FLUVIAL
POR QUE SIM
· Transporte de produtos com um custo reduzido e em grande quantidade;
· Facilitador do turismo;
· Baixo custo de manutenção.
POR QUE NÃO
· Pouca flexibilidade;
· Baixa velocidade.