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PEÇA RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA X VARA DO TRABALHO DE SUZANO – SÃO PAULO
Ed Sheeran, brasileiro, casado, metalúrgico, inscrito no CPF sob nº 000.000.000-00, SP-000000000, CTPS nº 0000000/0000-0, residente e domiciliado na rua: XXXX, nº XX, São Paulo – CEP: 00.000-000, nesta capital, por seu procurador infra-assinado (procuração anexa), vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência., propor:
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO RITO SUMARÍSSIMO
em face de Cachos Ruivos S.A, pessoa jurídica inscrita no CNPJ nº 00.000.000/0000-00, endereço eletrônico: reclamada@reclamada.com.br, situada na rua: XXXX, nº 00, bairro: Suzano, CEP 00.000-000, Suzano/SP, pelos motivos de fato e de direito que passa a expor:
I - DA JUSTIÇA GRATUITA
Preliminarmente requer o Reclamante a JUSTIÇA GRATUITA, por estar desempregado (conforme CTPS em anexo), ser pobre no sentido legal e não ter condições de arcar com os custos da presente demanda sem prejuízo de seu sustento e de sua família, razão pela qual pretende os benefícios da Assistência Judiciária, com base no art. 98 do CPC c/c § 3º do art. 790 da CLT.
II - DOS FATOS
O reclamante foi admitido em 01/02/2020 na função metalúrgico, com salário de 1200,00 (um mil e duzentos reais), com jornada de trabalho estipulada em seu contrato de trabalho.
Em 12/07/2021 foi demitido por justa causa, sem aviso prévio e sem nenhum dos motivos previstos no artigo 482 da CLT.
Por tais circunstâncias fáticas e pelos acontecimentos que serão demonstrados alhures (lesão do direito), maiormente motivada pela ilegalidade na dispensa. Assim, outra saída não há, senão buscar a saída judicial para garantir todos os seus direitos.
Acontece que em uma confraternização de futebol conhecida como Eurocopa, após Ed Sheeran ter participado da mesma e ingerido bebida alcoólica e logo após iniciado seu expediente de trabalho sem quaisquer conduta que o desabonasse ou comportamento repreensível em seu ambiente de trabalho, foi chamado até o departamento de recursos humanos para ser noticiado de seu desligamento da empresa por justa causa pelo motivo de embriaguez no local de trabalho pelo caso isolado, recebendo apenas suas verbas rescisórias sobre os direitos da justa causa.
III - DO DIREITO
III.1 – DA DISPENSA POR JUSTA CAUSA SEM JUSTO MOTIVO
A reclamada dispensou por justa causa, sem que o Reclamante tivesse cometido qualquer falta grave. Para a configuração de justa causa, exige-se algum dos motivos estabelecidos no artigo 482 da CLT, portanto o simples fato do reclamante em uma única vez ter ingerido bebida alcoólica, sendo um caso isolado não se enquadra no âmbito de costumaz ou hábito que está previsto no artigo 482 da CLT em sua alínea f).
Art. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador:
f) embriaguez habitual ou em serviço;
Ademais, poderia a Reclamada punir o reclamante apenas com uma advertência ou sansão administrativa coisa que não o fez.
A atitude da reclamada ofende o artigo 7º, I da CF/88, nossa Lei Maior, que visa a proteção do trabalhador contra dispensa arbitrária, in verbis:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
I - Relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos;
Assim, não se caracteriza a falta grave que pudesse culminar na dispensa por justa causa, a reclamada deveria ao menos esperar que o Reclamante cometesse novamente o uso de bebidas alcoólicas antes de ingressar no seu expediente de trabalho e assim poderia punir o Reclamante de outra forma. Contudo, poderia ter um motivo, o simples fato da declaração não gerou nenhuma falta grave por parte do reclamante.
De igual sorte, a doutrina estabelece que para ser aplicada a pena de justa causa, faz-se necessária a gravidade da conduta e o imediatismo da punição, vejamos:
JUSTA CAUSA. BEBIDA ALCOÓLICA NO AMBIENTE DE TRABALHO. DESPROPORCIONALIDADE. A constatação do consumo de bebida alcoólica, por meio de bafômetro, em conduta isolada e única, não justifica a dispensa com base nesta justa causa, pois caracterizada a "embriaguez habitual" prevista no art. 482, f, da CLT. A empresa ao aplicar a penalidade máxima ao obreiro não fez o uso da proporcionalidade exigida para tal situação, inobservando a gradação das penas. 
(TRT-11 - RO: 00014247220165110006, Relator: DAVID ALVES DE MELLO JUNIOR, Data de Julgamento: 09/10/2018, 1ª Turma, Data de Publicação: 11/10/2018)
“Os requisitos objetivos são: a gravidade do comportamento do empregado, porque não há justa causa se ação ou omissão não representa nada; o imediatismo da rescisão, sem o que pode desaparecer a justa causa comprometida pelo perdão tácito com a falta de atualidade da dispensa em relação ao conhecimento do fato pelo empregador;” (...) (NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao Direito do Trabalho. 22 ed. p. 418)
Portanto, não houve o hábito costumaz, muito menos gravidade na conduta do reclamante, este também é o entendimento jurisprudencial, em acórdão recente da 4ª Turma do TRT, vejamos:
DISPENSA POR JUSTA CAUSA – EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO – ART. 482, “F”, DA CLT – ÚNICA OCORRÊNCIA – DESPROPORCIONALIDADE DA PENALIDADE APLICADA (…). 1. Nos termos do art. 482, “f”, da CLT, o comparecimento de Empregado embriagado ao ambiente de serviço pode configurar, em tese, falta grave. Todavia, nem toda situação específica autoriza a aplicação imediata dessa penalidade máxima, sendo necessário o exame das circunstâncias e peculiaridades do caso concreto, para que se assegure a proporcionalidade entre a conduta praticada e a pena imposta, conforme precedentes desta Corte. 2. No caso dos autos, o TRT não registrou qual era especificamente a função do Empregado, tampouco esclareceu se o estado de embriaguez em que se encontrava afetara suas atribuições, a atividade da Empresa ou, ainda, se colocara em risco as pessoas presentes no ambiente de trabalho. Por outro lado, com base na prova testemunhal apreciada em juízo, a Corte de origem assinalou que, ao longo de mais de 4 anos de prestação de serviço, o Obreiro jamais foi advertido ou suspenso por qualquer razão, inexistindo informação nos autos de qualquer ato que desabonasse sua conduta, de modo que a referida embriaguez consistiu em episódio único e isolado. (…)” (AIRR-122-35.2017.5.09.0133, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 15/02/2019).
Assim, a exemplo do acórdão supracitado, requer o reclamante a reversão da justa causa para dispensa sem justa causa, com a condenação da reclamada ao pagamento de todos as verbas rescisórias, quais sejam:
· Décimo Terceiro Proporcional (6/12) na importância de R$ 666,00.
· Férias proporcional + um terço constitucional na importância de R$ 700,00.
· Aviso prévio indenizado na importância de R$ 1214,40
· 
· Multa rescisória de 40% sobre o saldo de FGTS vinculada à presente relação de emprego
Por fim, requer o Reclamante, todos documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes, bem como as anotações na CTPS relativo à extinção do contrato de Trabalho, documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), nos termos do artigo 477 da CLT.
III.2 - DA SUCUMBÊNCIA
Em caso de haver sucumbência em face da reclamante, o crédito deverá ficar suspenso, nos termos do art. 98, § 1º, VI, e § 3º, CPC/2015, pois deve ser reconhecido o direito da Reclamante ao acesso judiciário gratuito, interpretando-se o parágrafo 4º do art. 791-A, CLT, em consonância com a disposição contida no art. 5º, LXXIV, da Constituição da República, que garante a assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos.
Portanto, havendo condenação recíproca, deverá ser suspensa a sucumbência em face do reclamante, por ser pobre no sentido legal e estar desempregado, sem condição de arcar comhonorários sucumbenciais sem prejuízo seu e de sua família.
IV – DOS PEDIDOS 
Diante do exposto, requer sejam julgados procedentes todos os pedidos desta exordial, condenando a reclamada ao:
a) Seja a reclamada citada, sendo advertida de que com a inércia sofrerá as sanções do artigo 844 da CLT;
b) Que lhe sejam concedidos os benefícios da JUSTIÇA GRATUITA, por não possuir condições de arcar com as custas do processo sem prejuízo de seu sustento e de seus familiares, conforme declaração que faz na forma e sob as penas da lei;
c) pagamento das férias proporcional + 1/3, 13º salário proporcional (6/12), aviso prévio indenizado e FGTS acrescido da multa de 40% referente a dispensa sem justa causa que está proposta.
e) requer todos documentos que comprovem a comunicação da extinção contratual aos órgãos competentes, bem como as anotações na CTPS relativo à extinção do contrato de Trabalho, documento hábil para requerer o benefício do seguro-desemprego e a movimentação da conta vinculada no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), nos termos do artigo 477 da CLT.
f) A total procedência da demanda, nos termos em que foi proposta, para a final condenar a Reclamada ao pagamento de todo o postulado, acrescidos de juros e correção monetária na forma da lei;
g) pagamento de honorários advocatícios na importância de 15% sobre o valor da causa, nos termos do artigo 85 do CPC.
V – DAS PROVAS
Protesta o reclamante provar o alegado através de todos os meios de prova em direito admitidos sobretudo a prova documental, testemunhal e o depoimento pessoal do preposto da reclamada;
Dá- se à causa o valor de R$ 6.456,58 (cinco mil, duzentos e cinquenta e seis reais e cinquenta e oito centavos).
Termos em que,
Pede deferimento.
São Paulo, 28 de agosto de 2021.
ADVOGADO
OAB-SP XXX

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