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ANATOMIA DAS MAMAS: DEFINIÇÃO: As mamas são anexos da pele e do sistema reprodutivo humano. São constituídas por: - Parênquima de tecido glandular: glândulas mamárias (glândulas cutâneas modificadas), que se dividem em lobos mamários, e se destinam à secreção láctea; - Estroma de tecido conjuntivo: envolvem cada lobo e a glândula como um todo; - Pele: dotada de glândulas sebáceas e sudoríparas. ANATOMIA DA MAMA: Localização das mamas: O conhecimento da anatomia da mama e das estruturas vizinhas é de grande importância para o entendimento da evolução e do comportamento das lesões mamárias. Além disso, é imprescindível na abordagem cirúrgica de doenças mamárias. A glândula mamária se localiza na parede anterior do tórax. Possui tamanho médio de 10 a 12 cm de diâmetro. Sua espessura central é de 5 a 7 cm. Os limites da mama variam em função do seu tamanho e da sua forma, a saber: - Superior: 2ª ou 3ª costela; - Inferior: 6ª ou 7ª costela; - Medial: borda do osso esterno; - Lateral: linha axilar média ou borda anterior do músculo grande dorsal. O limite posterior da mama compreende a fáscia profunda dos músculos grande peitoral, serrátil anterior e oblíquo externo com a bainha do músculo reto-abdominal. A extensão do conteúdo glandular é maior do que a da mama, de forma que pode atingir a axila em graus variáveis. Nesta topografia, forma a cauda ou prolongamento axilar. Esta estrutura também é denominada cauda ou prolongamento de Spence ou processo lateral axilar. Divisão das mamas: Didaticamente, a mama é dividida em quatro quadrantes. Esta divisão permite a descrição da localização das lesões mamárias: - Quadrante Superior Externo ou Lateral (QSE ou QSL); - Quadrante Inferior Externo ou Lateral (QIE ou QIL); - Quadrante Superior Interno ou Medial (QSI ou QSM); - Quadrante Inferior Interno ou Medial (QII ou QIM). A mama é envolta por uma fáscia superficial constituída por um folheto anterior e por outro posterior. A glândula mamária recebe suporte pelos ligamentos suspensórios de Cooper (trabéculas conjuntivas que estabelecem conexão entre as fáscias superficial anterior e posterior da mama –). Estes ligamentos estão também conectados por extensões fibrosas à fáscia peitoral e à derme, onde delimitam espaços no tecido adiposo, que são denominados de fossas adiposas de Duret. Vale ressaltar que o folheto posterior da fáscia superficial é adjacente à fáscia do músculo grande peitoral e do músculo serrátil anterior, apartados apenas por uma faixa de tecido conjuntivo frouxo, denominado de espaço retromamário de Chassaignac. Este espaço representa um importante plano de dissecção entre a mama e o grande peitoral, e funciona como uma barreira protetora da parede torácica. É muito importante lembrar que a fáscia do músculo grande peitoral deve ser ressecada durante a mastectomia. Estrutura das mamas: A mama da mulher adulta é composta por três principais tecidos: - Epitélio Glandular; - Estroma e tecido de sustentação; - Gordura. O estroma mamário é formado por tecido conjuntivo e adiposo, e confere também sustentação à mama. O corpo glandular ou glândula mamária, propriamente dita, é formado por dois sistemas: lobular e ductal. Estes sistemas são envolvidos e entremeados por tecido adiposo e tecido conjuntivo de sustentação (estroma mamário), por onde passam os vasos sanguíneos e linfáticos, e os nervos. Todo esse conjunto compõe o parênquima mamário. A mama é composta de 15 a 20 lobos de tecido glandular túbulo-alveolar que convergem para o mamilo em um arranjo radial. Os lobos são separados um dos outros por projeções de tecido fibroso que envolvem o parênquima mamário. São formados por 20 a 40 lóbulos e cada lóbulo é formado por 10 a 100 alvéolos (ácinos). Cada lóbulo – onde o leite é secretado – mede em torno de 0,5 mm. Aproximadamente 75% dos lóbulos localizam-se na periferia da mama. Cada lóbulo apresenta seu respectivo ducto principal, com suas ramificações, que segue até o mamilo. Os ductos coletores que drenam cada lóbulo medem cerca de 2 mm de diâmetro, e numericamente são em torno de 6 a 10. Estes ductos podem apresentar dilatações terminais – os seios lactíferos subareolares – que medem de 5 a 8 mm de diâmetro. As unidades ductolobulares são constituídas por duas camadas: - Células epiteliais que revestem a luz; - Células mioepiteliais, situadas mais profundamente, responsáveis pela expulsão da secreção láctea. A aréola é a porção central da mama; possui forma circular e apresenta tamanhos variados (de 30 a 50 mm de diâmetro), de acordo com a dimensão da mama. É desprovida de pelos. A localização é geralmente em nível do quarto espaço intercostal. A coloração é comumente rósea. No entanto, pode apresentar pigmentação mais escura, dependendo da raça e/ou de estímulo hormonal gravídico. Nesta topografia são encontrados os tubérculos de Morgani, que são glândulas sebáceas modificadas em forma de 10 a 15 diminutos nódulos subcutâneos. Na gestação, estes tubérculos se hipertrofiam e originam os tubérculos de Montgomery que, por sua vez, garantem a lubrificação do tecido areolar. Do centro da aréola emerge o mamilo ou a papila, de formato cilíndrico, situado sobre o quarto espaço intercostal em mamas não ptosadas. Sua pele é semelhante à da aréola, mas não possui glândulas sebáceas. Possui de 10 a 20 óstios que correspondem à desembocadura dos ductos galactóforos ou lactíferos. O mamilo possui inúmeras terminações nervosas sensoriais, que incluem os corpos de Ruffini e os corpúsculos de Krause. O complexo areolopapilar contém musculatura lisa, que se apresenta em disposição radial e concêntrica. Ao se contrair, provoca diminuição do tamanho, endurecimento, “ereção” da papila e ejeção da secreção contida nos seios lactíferos. A “ereção” da papila é corretamente denominada telotismo. Suprimento sanguíneo da mama: A vascularização arterial da mama ocorre basicamente por: - Artéria torácica interna: é também conhecida como artéria mamária interna e é ramo da artéria subclávia. Emite ramos perfurantes do primeiro ao sexto espaços intercostais. Cerca de 60% da mama, principalmente as regiões medial e central, são nutridos por ramificações da artéria mamária interna; - Artéria torácica lateral: é ramo da artéria axilar, toracoacromial ou da subescapular. Irriga a região lateral da mama. Cerca de 30% da mama, em especial seu QSE, são irrigados pela artéria torácica lateral; - Ramos anteriores e laterais das artérias intercostais posteriores: asseguram o suprimento sanguíneo da região inferolateral da mama; - Plexo areolar subdérmico: é formado pelos ramos terminais das artérias intercostais posteriores. Garante a irrigação da região da aréola. A drenagem venosa é assegurada por veias superficiais e profundas, que acompanham o suprimento arterial. - Veias superficiais: acompanham a camada superficial da fáscia e drenam para a veia mamária interna, veias superficiais do pescoço e jugular interna. - Veias profundas: ocorre pelas veias mamária interna, axilar e ramos intercostais. Drenagem linfática da mama: A drenagem linfática também acompanha o suprimento arterial. A linfa drenada da mama vai maciçamente para a axila (de 97 a 99%), enquanto apenas uma pequena parte drenada vai para a cadeia mamária interna (de 1 a 3%). Ocorre por três grupos interconectados de vasos linfáticos: - Grupo que se origina de canais que se encontram dentro da glândula, nos espaços interlobulares e nos canais lactíferos; - Grupo que consiste de canais do tecido glandular e da pele da parte central da mama, formando o plexo subareolar de Sappey; - Grupo composto por um plexo na face profunda da mama que pode atingir também os linfonodos mamários internos. ANATOMIA DA AXILA: AXILA: Os limites da axila incluem:- Delimitada profundamente pela fossa su bescapular; - O ápice axilar é definido pelo ligamento costoclavicular (ligamento de Halsted), sítio onde a veia axilar penetra na cavidade torácica e se torna a veia subclávia; - Demarcada lateralmente pelo rebordo do grande dorsal e feixe toracodorsal, e cranialmente limitada pela veia axilar; - Delimitada medialmente pelo gradil costal, onde corre o músculo serrátil anterior e o nervo de Bell. A abordagem cirúrgica da axila deve ser extremamente cuidadosa, pois ela contém os grandes vasos e nervos responsáveis pela vascularização e inervação do membro superior. Sua abordagem só é possível após o afastamento dos músculos grande e pequeno peitorais. A primeira porção da artéria axilar surge como uma continuação da artéria subclávia, e persiste em localização posterior ao músculo pequeno peitoral. A segunda porção da artéria axilar, situada profundamente no músculo pequeno peitoral, origina as artérias toracoacromial e torácica lateral. A terceira porção da artéria axilar caracteriza-se pela sua divisão em três ramos: artéria subescapular e artérias circunflexas anterior e posterior do úmero. A artéria toracodorsal é uma continuação da artéria subescapular. A veia axilar é uma continuação da veia basílica e se apresenta na face medial da artéria axilar. Recebe tributárias que apresentam o mesmo nome dos ramos da artéria axilar. Quanto à inervação, três nervos são muito importantes na axila e a lesão destes é tema comumente abordado nas provas de residência médica, a saber: - Nervo torácico longo: situa-se ao longo do gradil costal. É responsável pela inervação do músculo serrátil anterior, que é importante para a fixação da escápula à parede torácica, durante a adução do ombro e a extensão do braço. Tem origem na face posterior dos ramos ventrais de C5, C6 e C7. Sua lesão implica em quadro conhecido por escápula alada; - Nervo toracodorsal: deriva de ramos de C6, C7 e C8. Inerva o músculo grande dorsal. A lesão deste nervo não resulta em deficit funcional; - Nervo intercostobraquial: origina-se do segundo e terceiro nervos intercostais. É responsável pela sensibilidade da face medial do braço e da axila. A lesão deste nervo acarreta alterações sensitivas na face medial do braço, como parestesia ou dor crônica. Classificação dos linfonodos axilares: Existem várias classificações para os linfonodos axilares. A classificação de Berg é a mais utilizada. Possui como principal referência o músculo peitoral menor. - Nível I: linfonodos localizados lateralmente à borda externa do músculo peitoral menor. - Nível II: linfonodos localizados sob e entre as bordas do músculo peitoral menor. - Nível III: linfonodos localizados medialmente à borda interna do músculo peitoral menor. Os linfonodos interpeitorais, conhecidos como linfonodos de Rotter, consistem de um a quatro linfonodos situados entre os músculos grande peitoral e pequeno peitoral, ao longo do nervo peitoral lateral.
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