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EFEITOS DA APLICAÇÃO FOLIAR DE MACRO E MICRONUTRIENTES SORE A PRODUÇÃO E QUALIDADE DE GRÃO DE MILHO E SOJA

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1. INTRODUÇÃO 
Este trabalho foi realizado com o objetivo de verificar a eficiência da aplicação foliar de macro e micronutrientes nas culturas da soja (Glycine max) e do milho (Zea mays) em questão de produção e qualidade de grãos, uma vez que são supridas possíveis deficiências nutricionais durante o ciclo das culturas. Para realização deste trabalho, foram buscados artigos científicos publicados em revistas que serviram de base para a elaboração do mesmo. 
No artigo de Ignácio et al. (2015) foi testado a influência causada pelo Manganês 
(Mn) via foliar para germinação, vigor e tempo de armazenamento em sementes de soja RR. Ao final do experimento não houve diferença significativa na qualidade fisiológica das sementes em pós-colheita, entretanto em pós-armazenamento, verificou-se que as doses mais elevadas de Mn tiveram um efeito negativo nos testes de Índice de velocidade de germinação e nas mudas anormais. 
A época em que é realizada a adubação foliar também influencia no processo de desenvolvimento da planta (MACHADO; POSSENTI; FANO; VISMARA; DEUNER, 
2020) testaram o que diferentes épocas de aplicação de fertilizantes foliares na cultura da soja causariam ao final do ciclo. Assim, foram testadas fertilizações nos estádios fenológicos de R2 e R5 em duas cidades diferentes. Ao final do experimento, foi verificado que a aplicação dos fertilizantes testados não influencia na qualidade fisiológica das sementes, também foi notado pelos autores que a aplicação em R2 aumentou o índice de velocidade de emergência das sementes produzidas em uma das cidades. 
Publicado pela Revista Caatinga, o artigo de Rodrigues, Oliveira, Nogueira, Silva, Candido e Alves (2019), fala sobre a aplicação de silício no tratamento de sementes e via foliar para milho de segunda safra, uma vez que estudos apontam que este micronutriente ajuda na resistência de gramíneas à estresses bióticos e abióticos. O experimento foi realizado em parcelas subdivididas e a aplicação de silicato de potássio via foliar ocorreu em 2 doses, em pré-pendão e 15 dias após. 
Para a análise final os resultados que foram analisados foram a altura das plantas, a altura de inserção de espiga, o diâmetro de espiga e sabugo, o número de fileiras por espiga, o número de grãos por fileira, a massa de 100 grãos e a produtividade. Resultados que depois de analisados mostraram que a adubação via foliar do silicato de potássio foi ineficiente na produtividade e componentes de produção milho safrinha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
Durante os últimos anos houve um incremento na utilização de macro e micronutrientes em culturas que demandam cada vez mais de alta produtividade, assim como o milho (Zea mays) e a soja (Glycine max). Para que a cultura apresente um melhor rendimento é necessário que as exigências de macronutrientes (N; P; K; Ca; Mg e S) e micronutrientes (Cl; Mo; B; Cu; Fe; Mn; Zn e Ni) sejam atendidas. 
A aplicação de nutrientes via foliar para as culturas da soja e do milho são de grande valia, pois é uma forma de suprir as necessidades que a cultura apresenta durante o ciclo de desenvolvimento, sendo possível utilizar de nutrientes separados em alta concentração para intervir na deficiência de nutrientes ao decorrer do ciclo da cultura, ou utilizar produtos que sejam um blend de nutrientes para analisar a resposta da cultura sem pensar em estados de deficiência isolados. 
A ordem padrão de extração e acumulo de nutrientes nas plantas é de N > K > 
Ca > Mg > P ≥ S para os macronutrientes e Cl > Fe > Mn > Zn > B > Cu > Mo para os micronutrientes. O requerimento das planta pelos micronutrientes é pequeno, mas de grande importância, não deve faltar nenhum deles pois todos são essenciais, e com a falta de apenas um deles não haverá bom desenvolvimento e rendimento de grãos (Lei do mínimo). 
Quantidades de nutrientes extraídos para produção de 1,0 t ha-1 de grãos. Adaptado de manual de adubação e calagem para o estado do Paraná (2017). 
 
 
Quantidades de nutrientes exportados por 1,0 t ha-1 de grãos. Adaptado de manual de adubação e calagem para o estado do Paraná (2017). 
O milho é uma das culturas que mais responde a aplicação de zinco no solo, proporcionando ganhos de matéria seca e de grãos. A maioria das pesquisas apontam para a aplicação de Zn no solo, entretanto, há resposta também para aplicação via foliar e no tratamento de sementes. Pesquisa realizada por Ferreira et al. (2001) mostrou que houve maior absorção de Cu e Mn, estimada pelo aumento linear na concentração foliar, com o aumento das doses de N (Figura 4). 
 
Teores de cobre o manganês nos grãos de milho em função das doses de nitrogênio na forma de sulfato de amônio. Ferreita et al (2001) 
Do exposto, pode-se afirmar que há uma interação entre adubação nitrogenada e necessidade de Cu, Mn e Zn na cultura do milho, dessa forma a aplicação desses micronutrientes via foliar pode suprir essa necessidade. 
As quantidades de micronutrientes requeridas pelas plantas de milho são muito pequenas. Entretanto, a deficiência ou excesso podem desorganizar os processos metabólicos, tais como crescimento, fotossíntese e respiração. Em se tratando de adubação equilibrada e do uso racional de micronutrientes para altas produtividades de milho, é necessário conhecer suas principais funções no metabolismo da planta bem como as características e quantidades a serem aplicadas 
O micronutriente cobre tem interações com o solo, fixação por óxidos de ferro e alumínio e formação de complexo estável com a matéria orgânica, o mesmo deve, preferencialmente, ser aplicado via foliar. A deficiência de manganês é comum em milho cultivado após soja sem aplicação de Mn. Se necessário, recomenda-se fazer a aplicação foliar na cultura assim como o cobre. 
Como dito anteriormente a utilização da adubação foliar na cultura do milho e da soja, possui uma grande valia. Pois além de suprir as necessidades das culturas, pode evitar há piora nos danos causados por falta de um nutriente especifico ou a falta de uma adubação de base bem instalada. Mas a utilização dessa ferramenta divide opiniões, como é o caso do uso de nitrogênio na forma de aplicação foliar na cultura da soja, onde seu uso atrapalha o funcionamento do Bradyrhizobium, atrapalhando na nodulação e fixação de N. além do alto custo e não trazer um aumento significativo para que compense o investimento ( HUNGRIA et al. 2007). Diferente do nitrogênio a aplicação de fosforo via foliar mostrou resultados significativos, onde teve-se um acréscimo de 16% no rendimento de grãos (REZENDE et al. 2005). Outro elemento que tem um impasse em seu uso é a aplicação do cálcio via foliar, não por não ter resultados significativos, sendo que sua aplicação gerou um aumento de peso nos grãos e não afetou a parte fisiológica da planta (BEVILAQUA et al., 2002). Mas pelo seu custo, pois a correção do perfil do solo (gessagem e calagem) tem um custo menor e assim não à necessidade da aplicação de cálcio via foliar. 
Outro elemento que tem o seu uso posto em cheque na forma de adubação foliar é o Enxofre, que é um elemento que sua assimilação esta associada com a do nitrogênio, onde a falta de um reprime a assimilação do outro (EPSTEIN; BLOOM, 2006). Mesmo a aplicação tendo resultados positivos como aumento de proteína nas folhas e maior produção de grãos (VITTI et al. 2007). Ela é colocada em cheque, pois se os solos estiver com uma sistema de plantio bem estruturado (principalmente alto teor de matéria orgânica), não a necessidade de sua aplicação via foliar, mas deve-se ter um acompanhamento do enxofre no perfil do solos e sempre acompanhar a lavoura fazendo analise foliar para ver se não está ocorrendo deficiência do mesmo. 
Já os micronutrientes a diferença em relação aos macronutrientes é os teores exigidos pelas plantas, onde os micronutrientes é dado em ppm ou g ha e os macronutrientes é dado em kg/ha ou em %. |Na tabela 2 mostra a quantidade de micronutriente exigida para um bom desenvolvimento das culturas (EPSTEIN 1975). Eque os micronutrientes tem como função ser cofator enzimático, participando de algum grupo prostético, coenzima ou mesmo ativadores metálicos, ou fazendo parte da estrutura celular, compondo parte da molécula de um ou mais compostos orgânicos (FANQUIN, 2005). Além de que a adubação por micronutrientes não apresentar uma resposta visível como aumento na produtividade, mas sim no vigor da cultura, bem como na tolerância doença e pragas e na qualidade do produto colhido. 
Tabela 2: Concentração média dos nutrientes minerais na matéria seca suficientes para um adequado desenvolvimento das plantas. 
 
Fonte: Epstein, 1975. 
Em geral a adubação por micronutrientes é utilizada em propriedades que detém um maior pacotes tecnológico, visto que propriedades menores focam em manter os macronutrientes NPK, deixando de lado os micronutrientes. Mas nos últimos anos houve um acréscimo de 13,3 vezes o uso de micronutrientes no Brasil comparado com macronutrientes que teve um acréscimo de 2,1. Mostrando que os agricultores estão tendo um maior cuidado com as lavouras, mas que por outro ponto a uma pressão do mercado em cima dos agricultores, por causa do aumento da diversidade de produtos. Fazendo com que na cultura da soja a aplicação de micronutrientes seja frequente durante o ciclo da cultura, sem que seja feita uma análise adequada para essa aplicação ou o uso de produtos sem devida eficiência comprovada, esteja no plano de safras da cultura. Segundo a Embrapa, lavoura que receberam adubação adequada via solo, a mesma não tem recomendado aplicação via foliar de micronutrientes, exceto o manganês. Devido que os outros elementos não obtiveram resultados expressivos nos experimentos desenvolvidos em diferentes condições de cultivo no país (RESENDE. 2004). 
O manganês é recomendado pra ser feito aplicado foliar devido a sua alta complexidade no solo, que devido a fatores como ph do solo, material de origem, aeração, atividade microbiana, podem afetar sua maior ou menor disponibilidade. Como a soja apresenta uma suscetibilidade a deficiência de Mn, e que a aplicação do mesmo via solo não tem uma boa eficiência em sua correção, devido ao baixo efeito residual, a Embrapa recomenda a aplicação via foliar de Mn na dose de 350g/ha (1.5kg de sulfato de Mn) diluído em 200L de água com 0,5% de ureia, antes da floração. Isso se houve condição provável de falta de manganês, devido há exagerada ou má incorporação de calcário ou em áreas de baixo teor de matéria orgânica ou solos arenosos. 
Nos outros elementos o melhor é uma adubação de solo adequada ou tratamento de sementes como é o caso do Molibdênio e cobalto que devido a dificuldade de uma distribuição uniforme e pela baixo requerimento pela cultura, a melhor forma de se fornecer esse dois elementos é via tratamento de sementes, garantindo a maior presença no local onde eles são necessários (na formação dos nódulos de rizóbio). (RESENDE. 
2004). 
3. CONCLUSÃO 
Concluimos que com a análise dos trabalhos relatados acima, o uso da adubação foliar divide opiniões, sendo que ambos concordam que ela é uma ferramenta de auxilio no aporte nutricional necessário para as plantas, podendo suprir a demanda de determinado elemento como complemento da adubação de solo ou reduzir a perda pela falta de um nutrientes devido ao não planejamento de correção de nutrientes no solo. Mas que seu uso deve ser feito com cautela para não causar uma toxidade na planta, não aumentar os custos de produção. Sendo assim necessário para seu uso analise foliar previa para saber se sua aplicação é mesmo necessária. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4. REFERÊNCIAS 
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SANTOS, Milena Costa dos. Cultivo de milho irrigado com diferentes 
doses e épocas de aplicação de molibdênio. 2019. 27 f. TCC 
(Graduação) - Curso de Agronomia, Instituto Federal Goiano, Ceres, 2019. Disponível em: 
https://repositorio.ifgoiano.edu.br/bitstream/prefix/735/1/tcc_Milena%20Costa%20dos %20Santos.pdf. Acesso em: 17 set. 2020. 
COMIRAN, Alan Gustavo. Aplicação de cobalto e molibdênio na 
cultura da soja. 2019. 38 f. TCC (Graduação) - Curso de Agronomia, Universidade Federal do Mato Grosso, Sinop, 2019. Disponível em: 
https://bdm.ufmt.br/bitstream/1/1638/1/TCC-2019-
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Cultura Agronômica, Ilha Solteira, v.26, n.3, p.384-392, 2017 
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Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S198321252019000400897&lang=pt. Acesso em: 17 set. 2020. 
 MACHADO, Fábio Ribeiro; POSSENTI, Jean Carlo; FANO, Ademir; VISMARA, Edgar de Souza; DEUNER, Cristiane. Desempenho de sementes de soja em função da época de aplicação de diferentes adubos foliares. Vivências, [S.L.], v. 16, n. 31, p. 107-122, 29 jun. 2020. Universidade Regional Integrada do Alto U​ruguai e das Missoes. http://dx.doi.org/10.31512/vivencias.v16i31.217. Disponível em: http://revistas.uri.br/index.php/vivencias/article/view/217. Acesso em: 17 set. 2020.
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