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A INSERÇÃO DO DIÁLOGO COMPETITIVO

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1 
 
A INSERÇÃO DO DIÁLOGO COMPETITIVO NO ORDENAMENTO JURÍDICO 
BRASILEIRO ATRAVÉS DA LEI DE LICITAÇÕES N° 14.133/2021 
 
 Wesley Gabriel Zolet Hurki1 
 
 
Resumo 
O presente trabalho tem como objetivo apresentar os principais aspectos do 
diálogo competitivo como nova modalidade licitatória, que teve sua inserção no 
ordenamento jurídico por meio da Nova Lei de Licitações e Contratos 
Administrativos n° 14.133/2021, buscando modernizar as regras licitatórias 
vigentes. Com o objetivo de entender como se deu este processo, parte-se de 
digressão histórica com o objetivo de compreender as origens do instrumento no 
direito estrangeiro e contextualizar sua introdução no ordenamento jurídico 
brasileiro. Em seguida, realiza-se exposição de como o diálogo competitivo está 
previsto na nova Lei de Licitações e Contratos Administrativos n° 14.133/2021 e 
as perspectivas que foram trazidas com a sua inclusão. Desta forma, a 
metodologia geral optou por método dedutivo. No que tange aos procedimentos 
empregados, foram utilizados a pesquisa bibliográfica e documental, através da 
leitura de fichamentos de livros, artigos científicos e opiniões relacionadas ao 
tema. A conclusão apresentada é de que o diálogo competitivo é uma ferramenta 
apta a estabelecer uma nova fase na relação entre a Administração Pública e o 
setor privado, atendendo de fato os anseios da atualidade. O estudo tem como 
pretensão debater e estimular a análise dessa nova modalidade licitatória. 
 
Palavras-chave: Licitações. Diálogo Competitivo. Lei n° 14.133/2021. 
 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
As licitações e contratos da Administração Pública tem sido cada vez mais 
objeto de estudos e apontamentos críticos pela doutrina e pela sociedade em 
geral. Os avanços tecnológico-informacionais que ocorreram nos últimos anos 
não afetaram somente os relacionamentos privados, mas também realizaram 
mudanças na interação público-privada. O diálogo competitivo trata-se de uma 
nova modalidade licitatória inserida por meio da Lei n° 14.133/2021, sendo fruto 
dessas transformações que apontaram para a necessidade de mudanças. 
 
1 Aluno da Graduação em Direito do Centro Universitário UniDomBosco. Artigo científico apresentado na 
disciplina de Orientação de Monografia II, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito, 
sob a orientação da Professora Me. Mara Angelita Nestor Ferreira. 
2 
 
Contudo, é evidente que apenas a alteração ou implementação de um novo 
instrumento jurídico talvez não seja suficiente para atender às necessidades de 
evolução. 
O diálogo competitivo é o ponto principal deste artigo, tendo em vista que 
se constitui numa modalidade que promove a flexibilização, modernização e 
transparência no que tange ao modus operandi do ordenamento jurídico 
brasileiro. Este trabalho tem como objetivo apresentar o entendimento da Nova 
Lei de Licitação, Lei n° 14.133/2021, bem como apresentar as principais 
mudanças que a nova lei trouxe em comparação a Lei nº 8.666/1993. Será 
averiguada a forma como a abordagem do diálogo competitivo está previsto na 
legislação brasileira e as perspectivas que trazem a nova modalidade licitatória. 
Com intuito de entender o diálogo competitivo, será realizado neste 
trabalho a digressão histórica para compreender as origens do instrumento no 
direito estrangeiro e como se deu sua inserção no ordenamento jurídico 
brasileiro. Também será exposto como a nova Lei de Licitações e Contratos 
Administrativos nº 14.133/2021 prevê o diálogo competitivo e as novas 
perspectivas que sua inclusão possibilitará. 
Referente aos procedimentos utilizados, foi utilizado o método dedutivo, 
pesquisa bibliográfica e documental relacionado ao tema como procedimento. 
O primeiro capítulo abordará o contexto histórico do diálogo competitivo 
para que se possa entender os pontos convergentes e relevantes relacionados 
ao tema, apresentando ainda as modalidades licitatórias e a introdução do 
diálogo competitivo no Brasil, levando-se a um melhor entendimento sobre a 
Administração Pública e a licitação como um procedimento administrativo. 
Tratando ainda sobre a aplicação e a vigência da nova lei, quais os objetivos da 
licitação na orientação do procedimento administrativo juntamente e o processo 
de licitação. Nesta esteira, também será realizada a comparação e as diferenças 
da lei anterior com a nova lei, visto que a revogação ocorrerá apenas depois de 
decorridos 2 (dois) anos da publicação. 
O capítulo seguinte exporá as divergências nas modalidades da Nova Lei 
de Licitações, tendo como foco principal o diálogo competitivo, seus critérios e 
as fases licitatórias. Desta forma, o trabalho abarcará a origem dessa 
modalidade licitatória no direito estrangeiro, assim como realizar um estudo 
acerca da nova lei e apresentar as perspectivas trazidas para o ordenamento 
3 
 
jurídico brasileiro, esperando, assim, fomentar a discussão sobre esta nova 
modalidade licitatória e contribuir para o desenvolvimento de estudo acerca do 
tema. 
 
 
2. CONTEXTO HISTÓRICO DA MODALIDADE LICITATÓRIA DO 
DIÁLOGO COMPETITIVO 
 
Antes de aprofundar os estudos acerca da nova modalidade licitatória 
dentro do ordenamento jurídico brasileiro, é necessário entender qual foi o 
contexto histórico e os pontos relevantes acerca do tema, pois a análise de sua 
incorporação necessita de constatações acerca do que ocorreu anteriormente. 
 Logo, este capítulo será dividido em dois subcapítulos que tratam sobre o 
diálogo competitivo no cenário europeu para que sejam compreendidas suas 
raízes e, posteriormente, será abordado o cenário licitatório brasileiro para 
demonstrar como emergiu no momento atual. 
 
 
2.1 O CENÁRIO EUROPEU E O DIÁLOGO COMPETITIVO 
 
Faz-se muito importante analisar as origens do diálogo competitivo para 
que se possa entender seu instituto. A diretiva 2004/18/CE do Parlamento 
Europeu e do Conselho foi onde regulamentou-se pela primeira vez essa 
modalidade licitatória, que veio acompanhada de vários anseios de mudança no 
que tange às contratações públicas e à necessidade de alteração do cenário de 
contratações públicas na Europa. A necessidade de ocorrer flexibilização e 
admissão de maior diálogo entre a Administração pública e o setor privado foi 
anteriormente retratada no Livro Verde em 19962, que discutia a fase 
antecedente ao lançamento do concurso e complexidade de projetos envolvidos 
nas redes transeuropeias de transportes. 
 
2 EUR-LEX. Glossário das sínteses: Livro Verde. [s.l.; s.n.]. Disponível em: 
https://eurlex.europa.eu/summary/glossary/green_paper.html?locale=pt. Acesso em out. 2021. 
4 
 
Passou a haver reconhecimento da Comissão de que as inovações e 
soluções de casos de maior complexidade necessitavam de um maior diálogo 
técnico licitatório, e com isso, em 1998, passou a se estimular a modernização e 
flexibilização das práticas licitatórias, levando à Comissão das Comunidades 
Europeias a anunciar modificação nas diretrizes vigentes naquele período. Essa 
modificação passou a ser denominada de diálogo competitivo ou diálogo 
concorrencial, destinado a casos onde adjudicantes conhecem o setor, mas 
desconhecem a forma adequada de satisfazer suas necessidades.3 
Neste cenário, junto com o diálogo competitivo foram realizadas outras 
mudanças no âmbito de contratos públicos europeus, em vista do caráter 
meramente reflexivo do Livro Verde e a natureza propositiva da Comissão 
regulamentada pelo Parlamento Europeu e o Conselho a Diretiva 2004/18/CE. 
 Adiante, é preciso observar as intenções do legislador europeu que foram 
ressaltadas nos "considerando", quando foi realizada a normativa 2004, com o 
objetivo de fomentar o uso de meios eletrônicos, a busca de maior concorrência, 
efetividade, publicidade, transparência, celeridade, flexibilização principalmentenos casos e formação de central de compras para as entidades adjudicantes e 
como maior simplificação e modernização de práticas adjudicatórias. 
O diálogo competitivo, previsto no artigo 29 da Diretiva de 2004/18/CE, 
deu-se como forma de flexibilizar o processo licitatório para os casos que 
envolvem contratos com certo nível de complexidade, utilizando-se de forma 
residual, ou seja, empregando somente se o concurso, limitado ou público não 
permitir adjudicação do contrato, valendo-se, assim, a proposta econômica mais 
vantajosa àquela Administração local. 
Analisando o artigo 1º, item 11, alínea "c" da Diretiva, é possível inferir 
que são denominados “particularmente complexos" aqueles contratos públicos 
onde a entidade adjudicante não está em condições de definir meios técnicos 
adequados, em detrimento de exigências funcionais, específicas ou de 
desempenho, ou que não existem condições para realizar montagem jurídica ou 
financeira do projeto. Logo, as deficiências a serem sanadas se relacionam ao 
 
3 COMISSÃO DAS COMUNIDADES EUROPEIAS. Os contratos públicos na União Europeia. Bruxelas: 
[s.n.], 11 de março de 1998, p. 08. Disponível em: 
http://www.contratacaopublica.com.pt/xms/files/Documentacao/Comunicacao_CE_COM-1998- 
_143_final.PDF. Acesso em out. 2021. 
5 
 
objeto complexo a ser contratado, de forma específica com a definição do que 
contratar. Este instituto pode ser dividido em três fases de maior relevância, que 
são: fase qualificatória, fase dialógica e fase competitiva. Os candidatos são 
escolhidos conforme o que está previsto no artigo 44 a 52 da Diretiva de 2004. 
Na segunda fase, os escolhidos levam seus projetos e são realizados 
debates com o objetivo de definir e identificar as formas que tem maior 
probabilidade de satisfazer às necessidades da Administração Pública. E na 
última fase aqueles aprovados na anterior apresentarão as propostas finais 
baseando-se nas soluções apresentadas e especificadas no referido diálogo. 
Com as disposições da Diretiva o diálogo competitivo foi adotado na 
legislação interna dos principais países da União Europeia, com a França com o 
Código de 2006, o Reino Unido com o Regulamento de Contratos Públicos de 
2006, a Espanha através da Lei n° 30/2007, a Alemanha com o Ato Contra as 
Restrições de Concorrência, Portugal por meio do Código de Contratos Públicos 
de 2008 e Itália com o Código de Contratos Públicos de 2006. 
No entanto, mesmo com a previsão legal em vários países, a utilização 
dessa modalidade licitatória não era unânime entre os Estados-Membros da 
União Europeia, visto que, cada qual tinha suas particularidades jurídicas e 
sociais. Diante disso, no ano de 2014, precisamente em 26 de fevereiro, o 
Parlamento e o Conselho Europeu vieram com a Diretiva 2014/24/EU que 
revogou a Diretiva Anterior 2004/18/CE. Na Diretiva de 2014 os "considerando" 
foram mais explicativos e menos principiológicos, no entanto, as intenções do 
legislados continuavam sendo parecidas com as anteriores, visando a 
modernização, flexibilização e maior concorrência. 
O diálogo competitivo foi mantido e incentivado, visto que teve sucesso 
em casos específicos de dificuldade da Administração Pública. O artigo 26, item 
4, da Diretiva de 2014, dividido em suas alíneas, em que a alínea “a” trata sobre 
as obras, fornecimento ou serviços que preencham um ou mais critérios das 
sublíneas resumidas a seguir: I. Trata dos casos onde as necessidades do 
adjudicante não poderão ser satisfeitas sem adaptação de soluções de 
disponibilidade fácil; II. São compreendidos os casos de concessão, solução ou 
serviços inovadores, III. São considerados os casos onde a negociação prévia 
do contrato é fundamental, tendo em vista as circunstâncias associadas à sua 
natureza, complexidade, montagem jurídica e financeira ou riscos relacionados, 
6 
 
e; IV. Casos onde as especificações técnicas não podem ser definidas de 
maneira precisa. A alínea "b" prevê os casos em que o concurso, limitado ou 
público, de obras, fornecimento ou serviços tiverem somente propostas 
inaceitáveis ou irregulares. 
Considerando o que foi abordado no presente trabalho, infere-se que 
essa modalidade de licitação é utilizada nos casos em que Administração Pública 
encontra alguma dificuldade técnica, financeira ou jurídica para definir o objeto 
de interesse da contratação. O procedimento concorrencial de negociação é 
previsto no artigo 29 da Diretiva 2014/14/EU e visa solucionar como escolher o 
objeto, definindo critérios para analisar e julgar da melhor forma possível as 
propostas. Sobre o tema, Kirby (2008 apud Farinho, 2016) explica: 
(...) a Administração (sabe o que quer), isto é, tem uma 
necessidade a prover e sabe como a deve prover. Sente, 
no entanto dificuldades [...] em fechar completamente o 
contrato sem uma negociação definitiva com os 
concorrentes, que lhe permita chegar a uma solução 
integrada num cenário em que os aspetos submetidos à 
concorrência são inúmeros.4 
 
Analisando o disposto no item 4 do artigo 26 da Diretiva de 2014, 
evidencia-se que, os apontamentos das subalíneas I, II e III da alínea "a" são as 
que abordam as dificuldades de definição do objeto a ser contratado em 
detrimento da complexidade e, assim, são propícias ao emprego do diálogo 
competitivo. A forma procedimental do diálogo competitivo trazida pela Diretiva 
2014/24/EU se assemelha a como previa a Diretiva 2004/18/CE, dividindo 
novamente assim a modalidade licitatória em três etapas: qualificação, diálogo e 
competição. 
Na fase qualificatória se escolhem as entidades adjudicatórias, de acordo 
com o previsto no capítulo II, sobre condição de procedimento nos artigos 56 ao 
66 da Diretiva de 2014, destacando-se o que traz o artigo 58 da Diretiva que 
aborda os critérios da seleção de licitantes é semelhante ao que previa a Lei n° 
8.666/1993. Os que preencherem os requisitos são qualificados e passam para 
a próxima fase, podendo ainda a Administração Pública limitar o número de 
candidatos. 
 
4FARINHO, Domingo Soares. Contratação pública e inovação: uma reflexão lusófona a partir do caso 
português. II Congresso Internacional de Contratação Pública. [s. l.; s. n.], 2016, p. 08. 
7 
 
A fase seguinte é quando os diálogos entre a Administração Pública e o 
setor privado ocorrem com o objetivo de definir o objeto e as necessidades de 
ambos e, assim, se dá a flexibilidade do diálogo competitivo, visto que, é onde 
são debatidas as melhores soluções para suprir o que a estrutura pública 
necessita. A terceira fase é a competitiva ou concorrencial onde são 
apresentadas as propostas finais dos concorrentes com base no que foi 
apresentado na fase de diálogo, sendo que elas serão avaliadas conforme a que 
for mais vantajosa economicamente para o Poder Público. 
Por fim, foi possível concluir que o diálogo competitivo tem origem no 
direito europeu pela necessidade de flexibilização e modernização das práticas 
adjudicatórias complexas. Não obstante, viu-se que o diálogo competitivo difere 
do procedimento concorrencial e tem base na utilização de casos onde o Poder 
Público encontra dificuldade de prever a melhor solução para suprir seus 
interesses através das compras públicas. Via de regra o diálogo competitivo é 
um procedimento vagaroso, custoso e burocrático, e apenas na fase de diálogo 
é que ele consegue alcançar o propósito ao qual foi criado. 
 
 
2.2 MODALIDADES LICITATÓRIAS E A INSERÇÃO DO DIÁLOGO 
COMPETITIVO NO DIREITO BRASILEIRO 
 
A administração pública é um conceito da área do direito que trata de um 
conjunto de agentes, órgãos e serviços que são definidos pelo Estado para que 
se realize a gestão de áreas da sociedade como: saúde, educação, segurança 
etc. Isto é, busca trabalhar em prol do interesse público e dos direitos einteresses do cidadão. Segundo Meirelles (1996) “A administração Pública, por 
suas entidades estatais, autárquicas e empresariais, realiza obras e serviços, faz 
compras e aliena bens. Para essas atividades precisa contratar"5. Nesse 
aspecto, Figueiredo (2002) expõe que: 
O poder público, para desenvolver as atividades de 
prestação de serviços públicos, necessita contratar 
empresas privadas, profissionais liberais, pessoas físicas 
 
5 MEIRELLES, Hely Lopes. Licitação e contrato administrativo: de acordo com as Leis n° 8.666, de 
21.6.1993, com as alterações introduzidas pelas Leis n° 8.883, de 8.6.1994, n° 9.032, de 28.4.1995, n° 
9.648, de 27.5.1998 e n° 11.196, de 21.11.2005. 14. ed. atual. São Paulo: Malheiros, 2007. 
8 
 
ou jurídicas, que lhe forneçam bens e serviços úteis, em 
certames nos quais a participação dos licitantes exige, por 
parte do poder público, um tratamento igualitário para 
todos eles, visando selecionar para a Administração 
Pública, a proposta que lhe for mais vantajosa.6 
 
A licitação Pública é definida como o procedimento administrativo 
através do qual o Poder Público seleciona a proposta mais vantajosa para 
realizar um contrato com o fim de suprir seus interesses e necessidades. O 
exímio professor Marçal Justen Filho (2014), define a licitação como: 
A licitação é um procedimento administrativo disciplinado 
por lei e por um ato administrativo prévio, que determina 
critérios objetivos visando a seleção da proposta de 
contratação mais vantajosa e a promoção do 
desenvolvimento nacional sustentável, com observância 
do princípio da isonomia, conduzido por um órgão dotado 
de competência especifica.7 
 
O processo licitatório foi apontado primeiramente pelo Decreto n° 2.926 
de 14 de maio de 1862, chamado de "Regulamento para as arrematações dos 
serviços a cargo do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Pública", mesmo 
não utilizando o termo "licitação" ele regulamentava que eram necessários 
realizar certames para a aquisição de objetos e o fornecimento de serviços para 
o interesse público. Após, na República, foi promulgado o Código de 
Contabilidade da União, Decreto-Lei n° 4.536 com objetivo de organizar as 
contas públicas. Logo, com o referido decreto, passou-se a se desenhar o que 
hoje é o trâmite do processo licitatório administrativo. 
Com a Constituição da República Federativa de 1988, as licitações 
alcançaram um novo patamar. A Constituição trouxe no artigo 37 os princípios 
que norteiam a Administração Pública, como a impessoalidade, legalidade, 
moralidade e publicidade, prevendo no inciso XXI: 
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, 
serviços, compras e alienações serão contratados mediante 
processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que 
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições 
efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá 
 
6 FIGUEIREDO, José Reinaldo. Licitações Públicas para principiantes. Florianópolis: Insular, 2002. P. 
183. 
7 JUSTEN, Filho Marçal. Comentários á lei de licitações e contratos administrativos. 16. Ed. Ver., atual. 
eampl..—São Paulo : Editora Revista dos tribunais, 2014. 
9 
 
as exigências de qualificação técnica e econômica indispensáveis 
à garantia do cumprimento das obrigações.8 
 
Após diversos debates acerca do processo licitatório, em junho de 1993, 
foi promulgada a Lei nº 8.666, trazendo regulamentação para o disposto no artigo 
37, inciso XXI da Constituição Federal, instituindo normas para as licitações e 
contratos da Administração Pública, dando providências sobre o tema. 
Referente às modalidades licitatórias, a Lei nº 8.666/1993 previa cinco 
espécies: concorrência, tomada de preços, convide, concurso e leilão. No ano 
de 2002 incluiu-se a modalidade denominada de pregão, através da Lei nº 
10.520, e, no ano de 2011 a Lei nº 12.462 incluiu o Regime Diferenciado de 
Contratação (RDC), e só em 2019 sendo regulamentado o pregão eletrônico 
através do Decreto Federal n° 10.024. 
Com a Lei em 1993, foram promulgadas emendas que traziam 
alterações para a Lei nº 8.666/1993 e, por conseguinte, inovações como o 
acréscimo de novas modalidades licitatórias. Foram importantes mudanças, 
como a Lei das concessões e permissões de serviços públicos (Lei nº 8.987/95), 
a Lei das parcerias público-privadas (Lei nº 11.079/04), a Lei de licitações e 
contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por 
meio de agências de propaganda (Lei nº 12.232/2010) e a Lei de licitações das 
empresas estatais (Lei n° 13.303/16). 
Observando os aspectos históricos que inseriram a modalidade licitatória 
do diálogo competitivo no ordenamento jurídico brasileiro, por meio da Nova Lei 
de Licitações e Contratos Públicos, de acordo com Ronny Charles Lopes de 
Torres (2021): 
(...) a Lei nº 14.133/2021, embora tenha repetido parcialmente a 
plataforma da anterior Lei Geral de Licitações, trouxe 
interessantes inovações que demonstram uma tendência de 
mudanças no modelo seletivo e contratual da Administração 
Pública brasileira. Uma das inovações que deixa candente esta 
intenção de mudança foi a inclusão da modalidade diálogo 
competitivo.9 
 
 
8 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: 
Presidência da República, 2020. Disponível em 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em out. 2021. 
9 TORRES, Ronny Charles Lopes. Leis de Licitações Pública Comentadas. 12 edição. Editora Juspodvm. 
2021. 
10 
 
Essa modalidade representa a mudança que se quer na Administração 
Pública e se diferencia das modalidades tradicionais pelo fato de possuir uma 
natureza dialógica que será versado no próximo capítulo. 
 
 
3. NOVA LEI DE LICITAÇÕES E O PROCEDIMENTO DO DIÁLOGO 
COMPETITIVO 
 
 A lei de licitações atual foi aprovada pelo Congresso Nacional no final do 
ano de 2020, contudo já estava em trâmite desde o ano de 2013. Este projeto 
teve origem em uma comissão especial do Senado e passou por três 
reformulações até chegar ao modelo atual. A nova lei teve como objetivo operar 
mudanças e substituir a Lei Geral de Licitações (Lei nº 8.666/1993), a Lei do 
Pregão (Lei 10.520/2002) e o Regime Diferenciado de Contratações (Lei 
12.462/2011), modificando as normas acerca dos sistemas de contratação da 
Administração Pública. 
 A nova lei estabeleceu normas gerais sobre licitações e contratos 
administrativos que serão aplicadas a toda Administração Pública direta, 
autárquica e fundacional de todos os entes federativos, estando inclusos os 
Fundos Especiais e Entidades Controladas direta e indiretamente pela 
Administração Pública. As licitações não são aplicáveis aos contratos 
administrativos que envolvem empresas estatais (Públicas e Sociedades de 
Economia Mista) que permanecem no regime da Lei nº 13.303/2016. 
 Destarte, o artigo 191 da Nova Lei de Licitações prescreve que a mesma 
entrou em vigor assim que foi sancionada pelo Presidente da República, não 
havendo vacatio legis, ou seja, sua vigência foi imediata podendo ser aplicada 
pela administração imediatamente. Desta feita, o prazo de 2 (dois) anos após 
sua publicação foi dado para revogar as leis atuais que contém regras sobre 
licitações, sendo a mesma lei durante 2 (dois) anos vigente juntamente com as 
antigas, podendo, assim, a Administração Pública aplicar qualquer dos regimes 
que melhor suprir. Porquanto, é possível realizar licitações tanto no modelo 
antigo, como no novo regime. 
 De acordo com o artigo 191 da Lei n° 14.133/2021, vejamos: 
11 
 
Art. 191 [...] § 2º Até o decurso do prazo de que trata o inciso II do 
caput doart. 190, a Administração poderá optar por licitar de 
acordo com esta Lei ou de acordo com as leis citadas no referido 
inciso, e a opção Nova Lei de Licitações e Contratos 
Administrativos escolhida deverá ser indicada expressamente no 
edital, vedada a aplicação combinada desta Lei com as citadas no 
referido inciso.10 
 
 No que tange aos contratos e seu regime de transição, este deverá 
seguir o processo da licitação, visto que, o contrato é vinculado à contratação, 
mesmo que se tenha passado o prazo do contrato será seguido o que foi adotado 
anteriormente. 
 A tabela a seguir especifica as modalidades licitatórias previstas no 
artigo 6º da nova lei e aplicabilidade: 
MODALIDADE CABIMENTO 
Concorrência (art. 6º, XXXVIII c/c art. 
29) 
Contratação de serviços técnicos 
especializados de natureza 
predominantemente intelectual e 
obras e serviços de engenharia e 
arquitetura; Contratação de bens e 
demais serviços considerados 
especiais. 
Concurso (art. 6º, XXXIX) Escolha da melhor técnica e melhor 
conteúdo artísticos, previstos 
anteriormente na lei de RDC. 
Leilão (art. 6º, XL) Alienação de bens imóveis ou de bens 
móveis inservíveis ou legalmente 
apreendidos. 
Pregão (art. 6º, XLI, c/c art. 29) Obrigatoriamente utilizado para 
contratação de bens e serviços 
comuns, assim considerados os que 
possuem padrões de desempenho e 
qualidade aptos a serem 
 
10 ______. Lei nº 14.133, de 1º de Abril de 2021.Lei de Licitações e Contratos Administrativos, 
Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-14.133-de-1-de-abril-de-2021-311876884 
Acesso em out. 2021. 
12 
 
objetivamente definidos no edital 
através de especificações usuais de 
mercado. O pregão não pode ser 
utilizado para licitar obras e serviços 
de engenharia. 
Diálogo Competitivo (art. 6º, XLII, c/c 
art. 32) 
O diálogo competitivo é utilizado nas 
contratações com objeto complexo ao 
ponto da Administração Pública 
precisar do auxílio do mercado para 
desenvolver alternativas com o intuito 
de atender as necessidades públicas 
a serem supridas pelo contrato. 
 
 Salienta-se, no entanto, que, não serão abordadas com maiores 
detalhes as demais modalidades licitatórias, tendo que o objeto deste estudo é 
a modalidade do diálogo competitivo, que foi uma das maiores novidades 
trazidas pela Nova Lei de Licitações e Contratos, uma vez que se baseou no 
modelo da União Europeia, tendo como função oferecer soluções para as 
compras complexas da Administração Pública, através do diálogo público-
privado. 
 
 
3.1 DIÁLOGO COMPETITIVO 
 
 O diálogo competitivo é uma nova modalidade licitatória prevista na Lei 
nº 14.133/2021, inspirada na modalidade "diálogo concorrencial" da Diretriz 24, 
de 2014 da União Europeia e em legislações internacionais como o Código de 
Contratos Públicos de Portugal. De acordo com o professor Rafael Sérgio Lima 
de Oliveira, um dos maiores estudiosos do diálogo competitivo no Brasil, nos 
ensina: 
A novidade é o diálogo competitivo, cujo escopo é a adjudicação 
de contratos dotados de complexidade técnica, jurídica ou 
financeira. Trata-se de um instituto oriundo do Direito Europeu 
cujo foco inicial foi incentivar os Estados-Membros da União 
Europeia a promoverem parcerias público-privadas, as PPP'S. A 
ideia subjacente nessa modalidade de licitação é a de que o setor 
13 
 
privado pode contribuir para as soluções públicas. Por isso, ele é 
apropriado para aquelas situações nas quais o poder público sabe 
da sua necessidade, mas não sabe como supri-la. No diálogo 
competitivo, o objeto da contratação é concebido no curso da 
licitação. 
[...] Essa modalidade é apta para casos complexos, sendo, por 
isso, de aplicação restrita. Na Europa, poucos são os países que 
se valem dessa espécie de procedimento, apesar de o terem 
positivado no seu direito interno. Ele é bastante utilizado na 
Inglaterra e na França.11 
 
 Como consignado na referência supra, o diálogo competitivo é uma 
modalidade apta para contratações mais complexas ou independentes da 
complexidade, aquelas em que a Administração Pública possui incertezas sobre 
a definição da pretensão contratual. Isto posto, ela se apresenta como um 
instrumento interessante na realização do diálogo entre o setor público e o setor 
privado que auxilia na identificação da melhor solução para se atender à 
pretensão contratual. O diálogo competitivo tem como função principal identificar 
os meios que podem satisfazer as necessidades públicas, em que o diálogo 
publicado com os licitantes pré-selecionados possa definir a melhor forma de 
atendimento à pretensão contratual, e na fase competitiva, escolher o parceiro 
privado apto a atendê-la. 
 De acordo com o artigo 32 da Lei nº 14.133/2021, a modalidade diálogo 
competitivo será restrita a contratações em que a Administração: 
Art. 32. A modalidade diálogo competitivo é restrita a contratações 
em que a Administração: 
I - vise a contratar objeto que envolva as seguintes condições: 
a) inovação tecnológica ou técnica; 
b) impossibilidade de o órgão ou entidade ter sua necessidade 
satisfeita sem a adaptação de soluções disponíveis no mercado,e; 
c) impossibilidade de as especificações técnicas serem definidas 
com precisão suficiente pela Administração; 
II - verifique a necessidade de definir e identificar os meios e as 
alternativas que possam satisfazer suas necessidades, com 
destaque para os seguintes aspectos: 
a) a solução técnica mais adequada; 
b) os requisitos técnicos aptos a concretizar a solução já definida; 
c) a estrutura jurídica ou financeira do contrato; 
 
 
11 Oliveira, Rafael Sérgio Lima de. O diálogo competitivo do projeto de lei de licitações e contrato 
brasileiro. Disponível em http://licitacaoecontrato.com.br/assets/artigos/artigo_download_2.pdf Acesso em 
out. 2021. 
14 
 
 O texto encaminhado pelo Senado ainda previa uma terceira hipótese 
no inciso III, onde a modalidade seria aplicável quando os modos de disputa 
aberto e fechado não permitissem apreciação adequada das variações entre 
propostas. O professor Ronny Charles Lopes de Torres explica que: 
O referido inciso trazia disposição estranha à lógica do diálogo 
competitivo, que é, na verdade, uma modalidade de licitação 
voltada para contratações nas quais a Administração não tem 
condições de definir por si só a solução para as suas 
necessidades, inexistindo relação com eventual dificuldade em 
relação ao julgamento na licitação. 
[...] Essa contradição foi identificada e criticada pela doutrina, 
durante a tramitação do Projeto de Lei, que observou inadequada 
mescla de pressupostos das modalidades europeias do diálogo 
competitivo e do procedimento por negociação.12 
 
 Nesta esteira, o inciso III foi vetado pelo Presidente da República. No 
que tange ao procedimento do diálogo competitivo o doutrinador Rafael Sérgio 
de Oliveira explica que: 
A peculiaridade desse procedimento é que antes do julgamento 
das propostas há uma etapa de qualificação técnica e econômico-
financeira e outra de diálogo com os candidatos. A qualificação e 
julgamento das propostas pouco se diferem do que existe na 
concorrência na forma como regulada hoje, sendo a fase de 
qualificação, digamos assim, equivalente à habilitação técnica e 
econômico-financeira. Na etapa do diálogo, cada candidato 
apresenta a sua solução à Administração. Reparemos que se 
trata de diálogo mesmo, pois cada licitante apresenta sua 
proposta de objeto do contrato de maneira individualizada para a 
Administração. Escolhida a solução parte-se para o julgamento 
das propostas, que deve ocorrer de acordo com um dos critérios 
de julgamentos previstos no PL.13 
 
 A modalidade do diálogo competitivo é dividida em três etapas: 
a) Publicação do edital e fase de pré-seleção de licitantes; 
b) Fase de diálogo com os licitantes pré-selecionados;c) Publicação do edital da fase competitiva. 
1ª Etapa Pré-seleção Na fase de pré-seleção é realizada a seleção 
prévia dos candidatos aptos a participar do 
 
12 TORRES, Ronny Charles Lopes. Leis de Licitações Pública Comentadas. 12 edição. Editora Juspodvm. 
2021. 
13 Oliveira, Rafael Sérgio Lima de. O diálogo competitivo do projeto de lei de licitações e contrato 
brasileiro. Disponível em http://licitacaoecontrato.com.br/assets/artigos/artigo_download_2.pdf Acesso em 
out. 2021. 
15 
 
certame, conforme critérios de qualificação 
previamente estabelecidos em edital. Por força do 
inciso I, § 1º, do art. 32 da Lei nº 32.133/2021, o 
procedimento se inicia com a divulgação do edital, 
contendo, necessariamente, as "necessidades e 
as exigências" da Administração, a fim de que o 
mercado compreenda os termos do diálogo, e, 
assim, manifeste interesse na participação. O 
mesmo inciso I estabelece o prazo mínimo de 
divulgação do ato convocatório de 25 (vinte e 
cinco) dias úteis. 
Frise-se que "os critérios empregados para pré-
seleção dos licitantes deverão ser previstos em 
edital, e serão admitidos todos os interessados que 
preencherem os requisitos objetivos 
estabelecidos". (Art. 32, § 1, II, da NLL). 
2ª Etapa Diálogo Concluída a qualificação prévia dos candidatos, 
inicia-se o diálogo com os licitantes pré-
selecionados. Na fase de diálogo os candidatos 
devem ser tratados de forma isonômica, sendo 
vedado à Administração "revelar a outros licitantes 
as soluções propostas ou as informações sigilosas 
comunicadas por um licitante sem o seu 
consentimento". (Art. 32, § 1º, IV). 
Será vedada a "divulgação de informações de 
modo discriminatório que possa implicar vantagem 
para algum licitante. (Art. 32, § 1, III). 
O inciso VII, do § 1º do art. 32, admite que a etapa 
de diálogo seja seccionada em fases sucessivas, 
"caso em que cada fase poderá restringir as 
soluções ou propostas a serem discutidas". 
Adiante nos incisos V e VII, o que determina a 
conclusão da etapa de diálogo não é um prazo 
16 
 
preestabelecido, mas sim, a identificação efetiva 
por parte da Administração quando à "solução ou 
as soluções que atendam às suas necessidades". 
Feita a identificação, a Administração deverá 
"declarar que o diálogo foi concluído", e, assim, 
"juntas os autos do processo licitatório os registros 
e as gravações da fase de diálogo." 
3ª Etapa Competição Após a declaração de conclusão do diálogo, como 
antecedente da etapa de julgamento das 
propostas, deverá a Administração "iniciar a fase 
competitiva com a divulgação de edital contendo a 
especificação da solução que atenda às suas 
necessidades e os critérios objetivos a serem 
utilizados para seleção da proposta mais vantajosa 
e abrir prazo, não inferior, a 60 (sessenta) dias 
úteis, para todos os licitantes pré-selecionados" 
apresentarem suas propostas (§ 1º, VIII). 
A seleção da proposta vencedora dar-se-á de 
acordo com critérios divulgados no edital referente 
à fase competitiva, "assegurava a contratação 
mais vantajosa como resultado". 
Cumpre salientar que o inciso IV do § 1º admite, 
na fase de julgamento das propostas, que a 
Administração solicite "esclarecimentos ou ajustes 
às propostas apresentadas, desde que não 
impliquem discriminação nem distorção a 
concorrência entre as propostas”. 
 
 Desta forma, o diálogo competitivo será conduzido de maneira 
colegiada, ou seja, por uma "comissão de contratação" composta de, no mínimo, 
três servidores efetivos, admitida a contratação de profissionais para 
assessoramento técnico de tal comissão (art. 32, § 1º, IX). Nessa hipótese, os 
profissionais contratados devem assinar termo de confidencialidade e abster-se 
de atividades que possam configurar conflito de interesses. 
17 
 
 Os prazos mínimos que são exigidos entre os editais, a fase de pré-
seleção e a fase competitiva indicam que o uso desta modalidade tem um 
consumo de tempo extenso o que pode dificultar que essa inovação seja 
utilizada. No entanto, o lado positivo é que ela representa uma tentativa de 
mudança na mentalidade administrativa, legitimando um movimento de 
ampliação da administração dialógica no âmbito das contratações públicas 
brasileiras. 
 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Este artigo realizou um estudo acerca da Lei n° 8.666/1993, que breve 
será substituída pela Nova Lei de Licitações e Contratos n° 14.133/2021, visto 
que não se mostrava mais apta para as alterações que a atualidade requer nos 
processos licitatórios. Em detrimento da crise causada pela pandemia de Covid-
19, que se iniciou no ano de 2020, várias discussões acerca da Administração 
Pública passaram a serem colocadas em pauta, especialmente pelos problemas 
encontrados na maneira de compra e contratação das licitações públicas, onde 
chegaram a ser publicadas leis e várias medidas provisórias que buscavam 
contornar a situação emergencial aclamada no país. 
Por consequência, observou-se a necessidade de mudanças inerentes as 
licitações e contratos administrativos, conquanto que a antiga lei do ano de 1993 
já se mostrava antiquada para atender às necessidades atuais da Administração 
Pública Federal e regulamentada pelos respectivos estados e municípios, tendo 
a necessidade de passar por diversas modificações ao longo dos anos através 
de decretos, leis, portarias e acórdãos, para que pudesse se adequar e 
acompanhar os avanços sociais. 
A nova Lei de licitações e contratos administrativos, nasce com a premissa 
de uma norma geral que abranger-se-á todas as possibilidades licitatórias e 
novidades importantes como o diálogo competitivo. Por assim, foi sobre o 
contexto histórico da modalidade licitatória do diálogo competitivo previsto na Lei 
nº 14.133/2021, que foi inspirado no art. 30 da Diretiva 2014/24/EU do 
Parlamento e do Conselho Europeu, mais precisamente o art. 30 que trata 
acerca do "diálogo concorrencial". No mais, a maior diferença se dá em relação 
18 
 
do "procedimento concorrência com negociação" é que, enquanto neste, a 
negociação se dá em relação às propostas, no "diálogo concorrencial" pode-se 
discutir o próprio objeto da licitação. 
Da mesma maneira que o diálogo competitivo aspirou mudanças nas 
licitações públicas europeias foi verificado o mesmo no Brasil, apesar dos 
institutos não serem propriamente idênticos, não se podendo perder de vista que 
o diálogo competitivo, no continente europeu teve mais êxito em países com 
maior nível de discricionariedade na Administração Pública. 
Observou-se que o diálogo competitivo, previsto no art. 6º, inciso XXL da 
Nova Lei de licitações não é uma modalidade que pode ser utilizada em qualquer 
caso, o fator intrínseco dessa modalidade licitatória é a contratação em casos 
complexos onde a Administração Pública não tem capacidade para escolher a 
melhor solução para atender às suas necessidades e para tanto, necessita do 
auxílio do setor privado, ou seja, o diálogo competitivo é utilizado em casos 
taxativos em que o setor privado acaba tendo domínio maior que o setor público. 
Os aspectos procedimentais também foram analisados, onde o diálogo 
competitivo favorece o diálogo, transparência e concorrência entre as partes 
envolvidas. 
Assim, foi possível verificar então que o diálogo competitivo traz novos 
paradigmas para a Administração Pública e favorece a legitimidade através da 
transparência, sendo um instrumento inédito na legislação brasileira e que pode 
ser utilizado na promoção de uma administração pública dialógica que consiste 
na abertura de diálogo com os administrados, permitindo que eles colaborem 
para o aperfeiçoamento ou a legitimação da atividade administrativa, 
diferenciando-se de um modelo de administração pública monologa, onde os 
particulares não tem oportunidade de interferir, preventivamente, colaborando 
para a realização daatividade administrativa. 
Na concepção da administração pública dialógica, os particulares têm 
oportunidade de colaborar para o aperfeiçoamento da atividade administrativa, 
prevenindo conflitos e colaborando para uma atuação mais eficiente do Poder 
Público. 
 
 
 
19 
 
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