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Cartilha MPA MONTA CONTROLADA EM OVELHAS Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Selma Alice Ferreira Ellwein – CRB 9/1558 A15m Monta controlada em ovelhas / Aline Albuquerque et al. – Londrina: Editora Científica, 2020. ISBN 978-65-00-07927-2 1. Ovinocultura. 2. Eficiência Reprodutiva. 3. Técnicas de Reprodução. 4. Estratégias de Monta. I. Albuquerque, Aline. II Vieira, Anderson Carvalho Ribeiro Dal-Ponte. III. Barbosa- Ferreira Marcos, IV. Santos, Marcelo Diniz. V Lopes, Flavio Guiselle. I Título. CDD 599.6 1 AUTORES Aline Albuquerque1, Anderson Cavalheiro Ribeiro Dal-Ponte Vieira2, Marcos Barbosa- Ferreira3, Marcelo Diniz dos Santos4, Flavio Guiselli Lopes5 APRESENTAÇÃO Gilberto Gonçalves Facco6, COLABORADORES Diego Gomes Freire Guidolin3, Fabíola Cristine de Almeida Rego Grecco7, Wagner Garcia8. CAPA Marcos Barbosa Ferreira. Composição com fotos do CTO FOTOS Aline Albuquerque, Marcos Barbosa-Ferreira 1 Veterinária, aprimoranda em produção animal CTO/Uniderp; 2 Mestrando do Programa de Pós Graduação profissional em Produção e Gestão Agroindustrial, Uniderp; 3 Professor do Programa de Pós Graduação profissional em Produção e Gestão Agroindustrial, Uniderp; 4 Professor do Programa de Pós Graduação em Biociência Animal, UNIC; 5 Professor de reprodução veterinária, UNOPAR; 6 Professor do Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional Sustentável, Uniderp; 7 Professora do Programa de Mestrado em Saúde e Produção Animal, UNOPAR; 8 Professor de reprodução veterinária, Uniderp. 2 APRESENTAÇÃO A ovinocultura brasileira é desenvolvida, predominantemente, em sistemas extensivos, os quais devem ser avaliados e melhorados conforme cada região (IBGE, 2018). A eficiência reprodutiva do rebanho está diretamente relacionada ao uso de diferentes técnicas que podem melhorar a produção animal tanto em quantidade como em qualidade para que o produtor possa usufruir o máximo da sua atividade. Esta eficiência pode ser incrementada com a adequação e emprego de biotecnologias de reprodução assistida (SORIO, 2017). Muito se fala sobre a adoção de tecnificações na agropecuária. A área agronômica é um belo exemplo do quanto a tecnologia aumentou a produção de alimentos no Brasil, inclusive diminuindo a área de exploração por causa da elevada eficiência produtiva alcançada. Essa palavra, “tecnificação”, ou “tecnologia”, assusta os desprecavidos, pois em muitos casos dá a entender que haverá a necessidade de se dispender muito dinheiro para atingir a técnica almejada, enquanto que a simples mudança de um hábito e o modo de fazer um procedimento rotineiro, por métodos alternativo já indica a adoção de uma nova técnica (daí o termo tecnificação). Nem sempre essa mudança é onerosa e, mesmo que haja necessidade de investir-se dinheiro (pouco ou muito), o retorno advindo da mudança, por si só, justifica a mudança, neste caso, para melhor. O uso de fármacos buscando aumentar a eficiência reprodutiva e a obtenção do controle reprodutivo de um rebanho é um exemplo dessa tecnificação havendo número crescente de criadores de gado bovino que a tem adotado e os produtores de pequenos ruminantes não podiam ficar de fora. O presente trabalho apresenta diferentes estratégias de monta controlada que podem ser aplicadas nas propriedades rurais que criam ovinos, independentemente do tamanho do seu rebanho. As técnicas apresentadas são de fácil adoção, necessitando, no entanto, da supervisão de um médico veterinário em toda as etapas dos processos. 3 Lista de Figuras Figura 1 Evolução do rebanho ovino no Brasil de 1998 a 2018. ..................... 5 Figura 2 Importação de carne ovina pelo Brasil desde 1993 a 2017. .............. 6 Figura 3 Ovinos pantaneiros criados no CTO. A) ovelhas e cordeiro lactante. B) exemplar de reprodutor. C) cordeiros em confinamento e D) borregas (18 meses). ........................................................................ 7 Figura 4 Ciclo estral da ovelha, apresentando as fases que o caracterizam.10 Figura 5 Carneiro com o colete marcador (A), carneiro, com tinta aderida no peito para a identificação do cio (B) e ovelhas marcada pelo reprodutor (C). .................................................................................................. 14 Figura 6 Protocolo de aplicação de dose única de cloprostenol para indução da manifestação do cio. Conta-se o momento da aplicação como o dia zero. ................................................................................................ 17 Figura 7 Protocolo de dupla aplicação de injeção intramuscular de cloprostenol. .................................................................................... 17 Figura 8 Protocolo de implante auricular de progestágeno com aplicação de cloprostenol. .................................................................................... 18 Figura 9 Protocolo de implante auricular de progesterona associado ao cloprostenol e ao eCG. .................................................................... 19 Figura 10 Protocolo de indução de cio em ovelhas com esponja intravaginal e aplicação de eCG. ........................................................................... 20 Figura 11 Protocolo com esponja intravaginal e aplicação de benzoato de estradiol, cloprostenol e GnRH. ....................................................... 20 4 Sumário 1. OVINOCULTURA BRASILEIRA .................................................................. 5 1.1 Ovelha Pantaneira ................................................................................. 6 2. REPRODUÇÃO ........................................................................................... 9 2.2. Ciclo reprodutivo de ovelha ................................................................... 9 2.3. Escolha dos reprodutores ................................................................... 11 2.4. Influência do manejo alimentar na reprodução.................................... 11 3. ESTAÇÃO DE MONTA .............................................................................. 13 3.1. Detecção de cobertura ........................................................................ 13 4. PROTOCOLOS DE SINCRONIZAÇÃO DE CIO ....................................... 16 4.1. Indução e sincronização de estro ........................................................ 16 4.2. Sincronização com prostaglandina sintética........................................ 16 4.2.1. Aplicação única ............................................................................. 16 4.2.2. Aplicação dupla ............................................................................ 17 4.3. Implante auricular + cloprostenol ........................................................ 18 4.4. Implante auricular + cloprostenol + eCG ............................................. 18 4.5. Uso da esponja intravaginal de medroxiprogesterona (esponjas de MAP) ............................................................................................................ 19 4.5.1. Protocolo alternativo com esponja intravaginal e outra associação farmacêutica .............................................................................................. 20 5. ULTRASSONOGRAFIA ............................................................................. 21 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 22 LITERATURA CONSULTADA .......................................................................... 22 5 1. OVINOCULTURA BRASILEIRA A ovinocultura no Brasil é uma atividade em expansão, com crescimento no rebanho brasileirohá 20 anos (Fig. 1) apesar de, em muitas propriedades rurais a atividade ter importância secundária, sem muita tecnificação. Observa- se que o consumo de carne ovina cresce com o passar dos anos, com incremento simultâneo na qualidade dos produtos, atraindo mais consumidores (ARCO, 2019). Contudo, o consumo de carne ovina pelos brasileiros ainda é bastante baixo, ficando em torno de 400 g de carne por pessoa ao ano, sendo que, em média, o brasileiro consome cerca de 44 quilos de carne de frango por ano, 35 quilos de carne bovina e 15 quilos de suína (ROSA, 2018). Fonte: Adaptado de IBGE, 2020. Figura 1 Evolução do rebanho ovino no Brasil de 1998 a 2018. O Brasil é um importador de carne ovina, o que revela a importância desse alimento na mesa do consumidor (Fig. 2) como exemplo, foram importadas do Uruguai, o principal fornecedor para o mercado brasileiro, grandes quantidades de carne ovina, 3,5 mil toneladas somente em 2017 (CNA, 2017), revelando a necessidade de se intensificar a cadeia produtiva da ovinocultura brasileira para a mudança desse senário (SORIO, 2017), tornando-se grande oportunidade de negócios para os produtores rurais. 14000000 14500000 15000000 15500000 16000000 16500000 17000000 17500000 18000000 18500000 19000000 6 Fonte: Adaptado de FAOSTAT, 2020. Figura 2 Importação de carne ovina pelo Brasil desde 1993 a 2017. 1.1 Ovelha Pantaneira Em várias propriedades do interior do estado de Mato Grosso do Sul, em especial na região do Pantanal, há uma criação tradicional de ovinos nativos, denominados de Ovino Nativo Pantaneiro. Trata-se de animais que foram inseridos pelos espanhóis na região pantaneira remontando ao ano de 1568, desde a época dos descobrimentos, (SANCHEZ QUELL, 1972) e que, ao longo dos anos, sofreram pressão do ambiente para se reproduzirem e deixarem descendentes em um ambiente desafiador. Assim, o rebanho nativo é um recurso genético animal adaptado às características da região (COSTA et al., 2013). Não há dúvidas que, ao longo dos anos, esses animais foram sendo espalhados para outras áreas do pantanal, para o estado de Mato Grosso, além da possibilidade de terem sido exportados para as áreas periféricas da região e, por conseguinte, observa-se a presença de ovelhas com o mesmo perfil fenotípico da pantaneira (Fig. 3) em diversas fazendas do Brasil central. 0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000 To ne la da s Ano 7 Fonte: Marcos Barbosa-Ferreira. Figura 3 Ovinos pantaneiros criados no CTO. A) ovelhas e cordeiro lactante. B) exemplar de reprodutor. C) cordeiros em confinamento e D) borregas (18 meses). Em 2005 foi iniciado um estudo exploratório, por pesquisadores da Anhanguera-Uniderp, Fundação Manoel de Barros (FMB) e Embrapa, dando origem ao Centro Tecnológico de Ovinocultura (CTO), no intuito de se identificar rebanhos, estudar, manter e ampliar esse grupamento genético, para evitar sua extinção, pelo risco deste grupamento genético ser substituído por raças exóticas (VARGAS JÚNIOR et al., 2011). Assim, foram adquiridos 300 animais “pantaneiros”, provenientes de criações de diferentes áreas do interior e periferia do Pantanal sulmatogrossense, selecionados por características fenotípicas semelhantes entre si e distante dos padrões fenotípicos das raças exóticas criadas no Brasil (VARGAS JÚNIOR et al., 2011; OLIVEIRA, 2012). Os estudos genéticos desses A B C D 8 animais revelaram que os ovinos pantaneiros apresentaram uma combinação de alelos que indica aproximação com as raças lanadas do Sul (Crioula), deslanadas do Nordeste, certa contaminação com alelos da raça bergamácia e, no entanto, distantes de qualquer outra raça exótica presente em território brasileiro (GOMES et al., 2007). Tais resultados genômicos reforçaram a necessidade de estudos visando a conservação e uso desse genótipo genuíno em poder da Uniderp e parceiros. Os animais utilizados na presente cartilha são todos Pantaneiros criados no CTO. 9 2. REPRODUÇÃO A ovinocultura tem elevado potencial ao segmento do agronegócio brasileiro, visando maior produtividade e rentabilidade às propriedades rurais, entretanto o que é produzido não é suficiente para suprir o mercado consumidor (ANUALPEC, 2017). Para que se obtenham melhores resultados de produção animal, há a necessidade de se explorar os melhores índices de precocidade para que os animais sejam terminados rapidamente, com elevados índices de peso e rendimentos de carcaça. Uma forma de obter esses resultados é usar a reprodução assistida, com o uso de protocolos estabelecidos para o melhor desempenho de cruzamentos e manejo adequado das matrizes (MARTINEZ et al., 2004; SIMPLÍCIO, 2008). 2.2. Ciclo reprodutivo de ovelha Os ovinos, geralmente, apresentam estacionalidade reprodutiva, ou seja, eles dependem de uma época do ano para terem cios férteis e se reproduzirem. Nesse caso, o período ótimo para acasalamento ocorre no outono, assim, as ovelhas passam todo o inverno gestantes, parindo no início da primavera, quando as pastagens estão novas e há abundância de pastagens para a produção de leite e manutenção dos cordeiros (CASTILHO et al., 2013). Fisiologicamente, as fases reprodutivas dividem-se em três: anestro, transição e acasalamento. Nas ovelhas estacionais o início do inverno ao início do verão é o período de anestro, quando as ovelhas não aceitam monta. O verão é determinado como período de transição, também não havendo monta e, do final do verão ao início do inverno é apontado como período de acasalamento (GINTHER e KOT, 1994; DESHPANDE et al., 1999; EVANS, 2003). Nesse caso, se o produtor não se atentar para a época do ano (outono), ele perderá a chance de fazer a monta e obter o máximo desempenho reprodutivo de seu rebanho (COSTA E SILVA et al., 2015). As ovelhas apresentam período de gestação curto, em torno de 147 a 150 dias (5 meses) e possuem boa prolificidade, sendo normal o nascimento de gêmeos e até trigêmeos. Além disso, as ovelhas são consideradas poliéstricas sazonais, ou seja, podem ovular mais de uma vez no período de cio (ABECIA et 10 al., 2008). Outro fato interessante é a maior ocorrência de cio no período noturno (ZIEBA et al., 2011). Existem, no entanto, raças que têm estacionalidade reprodutiva prolongada, que entram no cio a maior parte do ano, como a Santa Inês e raças que não têm estacionalidade como a Ovelha Pantaneira (CASTILHO et al., 2013; FERREIRA et al., 2012). Segundo Fonseca e colaboradores (2007), os ovinos e caprinos adaptados às regiões próximas à linha do equador, perdem a característica estacional por causa da pouca diferença de quantidade de luz diária entre as estações do ano. O ciclo estral da ovelha (Fig. 4) tem duração média de 17 dias, apresentando fase luteínica (presença de corpo lúteo) de 13 dias e fase folicular (óvulo maturando) de 4 dias (FONSECA, 2006). Fonte: Adaptado de Fonseca (2005). Figura 4 Ciclo estral da ovelha, apresentando as fases que o caracterizam. Após a ovulação, no local de onde o óvulo se desprendeu do ovário, forma-se o corpo lúteo que aumenta de diâmetro com o passar dos dias, e possui a função de produzir (secretar) o hormônio progesterona (P4). Caso ocorra fecundação, o corpo lúteo permanece produzindo P4, ocorre o reconhecimento e manutenção da gestação até um terço de todo o período gestacional, quando ele involui e, depois, a placenta fica sendo responsável pela manutenção da gestação, produzindo P4 até o nascimento (VIÑOLES et al., 2000 & MORAES et al., 2002). Na ovinocultura a monta natural acaba sendo limitante às ovelhas que possuem estacionalidade, uma vez que elas terão somente um parto por ano. Um método eficaz para auxiliar neste ponto é a reprodução através do uso de 11 hormônios em combinação com genética, ambiente e nutrição(HAFEZ & HAFEZ, 2004). 2.3. Escolha dos reprodutores A seleção dos animais aptos à reprodução deve atender requisitos básicos como porte, virilidade, idade, musculosidade, libido, arqueamento de costelas, profundidade torácica, defeitos de cascos e de aprumos, visando a melhor eficiência reprodutiva. É importante que seja realizado exame físico dos animais, para que se descarte animais que apresentem defeitos como falhas de aprumos, defeitos de coluna, nos órgãos reprodutores ou baixa habilidade reprodutiva e materna (PACHECO; QUIRINO, 2010). Devem-se utilizar carneiros sadios, com recente análise andrológica, com idade de preferência a partir dos 24 meses de idade e com certificado sanitário e de procedência idônea (ELOY et al., 2007). No caso de se optar por reprodutor de raça pura, o mesmo deve ser registrado na associação de raça e possuir boa avaliação genética para as características de interesse econômico (TREMORI et al., 2014). Deve-se utilizar carneiro não aparentado com as fêmeas, para evitar os efeitos indesejáveis da endogamia, que pode levar à diminuição do potencial produtivo do rebanho (COSTA E SILVA et al., 2015). Dependendo do objetivo e possibilidades do produtor, este pode adotar o uso do cruzamento entre animais de raças diferentes para aproveitar a heterose (choque de sangue) proveniente desse tipo de acasalamento, que propiciará melhor desempenho das crias (CARVALHO et al., 2008). Para o melhor desempenho reprodutivo do rebanho, é importante realizar descarte dos animais que apresentarem algum problema reprodutivo, como: ausência de um testículo e testículos pequenos, testículos duros ou muito moles, testículos degenerados, hérnia, baixa atividade sexual, animais muito velhos e animais com defeitos graves (STRINA et al., 2016). 2.4. Influência do manejo alimentar na reprodução A nutrição é de extrema importância para a reprodução, ela dever ser adequada as exigências nutricionais de cada fase de vida do animal, cria, recria, 12 terminação e reprodução animal, bem como no período seco. As matrizes que vão entrar na reprodução devem ser bem suplementadas porque isso vai refletir desde o nascimento do cordeiro até à desmama e, também, no período da puberdade, possibilitando a ocorrência de animais adultos saldáveis, aproveitando seu máximo potencial genético. O contrário disso é observado nos casos de perda de cordeiros fracos por má nutrição (SCARAMUZZI et al., 2006). Ainda é percebido que a maioria dos produtores não se atenta corretamente à alimentação equilibrada (balanceada), uma prática essencial a qualquer produção animal e que causa rápido e fácil retorno, influenciando assertivamente na ovulação, concepção, taxa de prenhez e partos gemelares (ABECIA et al., 1999; SANTOS et al., 2009). 13 3. ESTAÇÃO DE MONTA A estação de monta é o acasalamento estratégico proposto com período determinado e específico do ano. Pode ser realizada em qualquer época do ano desde que haja aporte nutricional adequado, respeitando-se as características de estacionalidade (CASTILHO et al., 2013). Com a estação de monta implantada na propriedade racionaliza-se as atividades produtivas, melhorando o manejo, diminuindo os intervalos de partos, com uniformidade no lote e, consequentemente, haverá mais animais prontos para abate no final da engorda. Com o passar dos anos a duração da estação de monta pode ser reduzida ainda mais, possibilitando aumento na pressão de seleção, fazendo os índices zootécnicos da propriedade melhorarem a cada ano (Eloy et al., 2007). A monta natural é a forma mais comum e largamente empregada em rebanhos de corte e de leite de caprinos e ovinos, ela pode ser realizada em três sistemas (adaptado de FONSECA, 2006): Livre: as fêmeas ficam em contato com os diferentes machos em um tempo determinado durante o ano. É o método mais comum em sistema de produção extensivo e a relação macho:fêmea é de 1:50, nem sempre se utilizam sistemas de marcação de cobertura; Controlada: as ovelhas são acasaladas com um macho escolhido, com relação macho:fêmea de 1:50, podendo chegar a 1:80. São usados coletes marcadores nos carneiros, para assinalarem as ovelhas que foram cobertas, facilitando a anotação e controle do acasalamento. Dirigida: As ovelhas que apresentam cio são levadas ao carneiro escolhido para o acasalamento. A detecção do cio é realizada por um rufião. O sistema intensivo acasalamento e pode ser confinado, é o mais utilizado em criações de ovinos leiteiros. São agrupadas uma quantidade exata de fêmeas com um macho. A relação macho:fêmea pode ser 1:100. 3.1. Detecção de cobertura Para controle da eficiência da monta dirigida, deve-se observar e anotar as fêmeas cobertas. Para isso é necessário que os carneiros usem um colete 14 marcador ou outro artifício de modo que, ao subirem nas ovelhas, deixem-nas marcadas (Fig. 5). Fonte: Aline Albuquerque. Figura 5 Carneiro com o colete marcador (A), carneiro, com tinta aderida no peito para a identificação do cio (B) e ovelhas marcada pelo reprodutor (C). Alguns produtores ainda utilizam óleo e tinta solúvel misturados, aderidos ao peito dos carneiros. O efeito de marcação será o mesmo, mas deve-se repor B C A 15 a tinta quando necessário, diariamente ou mais de uma vez ao dia pois ela não perdura por várias montas (Fig 5 C). São múltiplos os tipos de protocolos existentes, com diferenças ora grandes, ora pequenas entre si. Serão apresentados os protocolos provados em diferentes estudos ou aqueles recomendados pelos fabricantes dos medicamentos. 16 4. PROTOCOLOS DE SINCRONIZAÇÃO DE CIO O rebanho deve ser avaliado por um médico veterinário antes do início da fase reprodutiva. Além disso, todos os protocolos de indução hormonal do cio e do desenvolvimento da estação de monta, devem ser acompanhados por um médico veterinário o qual é habilitado para todos os procedimentos. 4.1. Indução e sincronização de estro A sincronização de estro em ovelhas pode ser feita por várias técnicas, com o objetivo de induzir e sincronizar o cio (estro) das ovelhas ao mesmo tempo em um intervalo de 24 a 72 horas. 4.2. Sincronização com prostaglandina sintética 4.2.1. Aplicação única Este é um protocolo simples de ser usado pois consiste em uma aplicação única de cloprostenol intramuscularmente (IM) que é um análogo sintético da prostaglandina FG2α e, 24 horas após essa aplicação já se pode inserir o reprodutor no lote permanecendo por cinco dias com sistema de marcação a tinta para facilitar a identificação das ovelhas que forem cobertas (Fig. 6). A prostaglandina irá realizar a lise do corpo lúteo das fêmeas que o possuírem naquele momento, isto irá desencadear alterações hormonais nas fêmeas, induzindo o retorno ao cio de 2 a 4 dias após a aplicação (VILARIÑO, et al, 2017). 17 Fonte: Adaptado de Gonçalves et al, 2017. Figura 6 Protocolo de aplicação de dose única de cloprostenol para indução da manifestação do cio. Conta-se o momento da aplicação como o dia zero. 4.2.2. Aplicação dupla No protocolo de dupla aplicação (Fig.7) será usado o mesmo fármaco cloprostenol, IM, duas vezes em tempos diferentes. A primeira aplicação é feita no dia zero e, vinte quatro horas depois, é inserido o reprodutor no lote, o mesmo permanece por cinco dias. No dia seis tira-se o reprodutor do lote. No dia dez realiza-se a segunda aplicação de cloprostenol e o carneiro deve ser introduzido novamente 24 horas depois, deixando o mesmo durante quatro dias com as ovelhas. Fonte: Adaptado de Gonçalves et al, 2017. Figura 7 Protocolo de dupla aplicação de injeção intramuscular de cloprostenol. 18 4.3. Implante auricular + cloprostenol As ovelhas recebem um implante auricular no dia zero, à base de progestágeno (norgestomet), que é umaformulação com efeitos similares da progesterona (P4), permanecendo com esse implante por seis dias. No sexto dia, efetua-se a retirada do implante e administra-se o cloroprostenol IM. Vinte e quatro horas depois, o carneiro deve ser colocado no lote deixando o mesmo durante cinco dias (Fig.8). Fonte: Adaptado de Gonçalves et al, 2017. Figura 8 Protocolo de implante auricular de progestágeno com aplicação de cloprostenol. 4.4. Implante auricular + cloprostenol + eCG As fêmeas recebem um implante auricular à base de progesterona (norgestomet) no dia zero, permanecendo com o implante seis (6) dias. No dia seis (6) efetua a retirada do implante e administra-se cloroprostenol IM e gonadotrofina coriônica equina (eCG) IM. Vinte e quatro horas depois, introduz- se o carneiro no lote das ovelhas deixando o mesmo durante cinco dias (Fig.9). 19 Fonte: Adaptado de Gonçalves et al, 2017. Figura 9 Protocolo de implante auricular de progesterona associado ao cloprostenol e ao eCG. 4.5. Uso da esponja intravaginal de medroxiprogesterona (esponjas de MAP) Ao se utilizar esponja intravaginal, deve-se tomar cuidado para que ela não cause reação inflamatória exagerada na cérvix ou cause aderência no local, dificultando sua remoção e facilitando contaminação por microrganismos. Nesse caso, recomenda-se impregná-las com uma associação farmacológica de acetato de hidrocortisona 15mg + oxitetraciclina 5mg (Terra-Cortryl®, Zoetis BR) antes de serem utilizadas (TRALDI, 1994). A esponja deve ser inserida profundamente na vagina das ovelhas, junto à cérvix uterina, permanecendo por doze (12) dias, após esse tempo retira-se a esponja e aplica-se em seguida, eCG, IM. Vinte quatro horas depois o carneiro é colocado no lote (Fig.10). 20 Fonte: Adaptado de TRALDI, 1994. Figura 10 Protocolo de indução de cio em ovelhas com esponja intravaginal e aplicação de eCG. 4.5.1. Protocolo alternativo com esponja intravaginal e outra associação farmacêutica A esponja deve ser inserida profundamente na vagina, seguida de aplicação de progesterona e benzoato de estradiol (BE), ambos IM. A esponja permanecerá por quatro (4) dias, após esse período ela será retirada e aplica-se o cloprostenol. Quarenta e oito horas depois (no dia seis), aplica-se hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Vinte e quatro horas depois da aplicação de GnRH (no dia sete) o carneiro é colocado no lote, permanecendo por cinco dias, ou seja, até o dia onze (Fig. 11). Fonte: Adaptado de Takada et al., 2009. Figura 11 Protocolo com esponja intravaginal e aplicação de benzoato de estradiol, cloprostenol e GnRH. 21 5. ULTRASSONOGRAFIA Para avaliar-se a taxa de gestação obtida na estação de monta, além da anotação das coberturas, é importante a utilização da ultrassonografia como ferramenta de diagnóstico (FELICIANO et al., 2008) O diagnóstico gestacional por meio da ultrassonografia (Fig. 12) ampara o produtor e médico veterinário na tomada de decisões rápidas que visam tanto a potencializar o lucro como o bem-estar animal. Tem confirmado como benefício, o diagnóstico precoce, acompanhamento do feto e detecção de possíveis anormalidades. Um ponto favorável é que o diagnóstico não é prejudicial à saúde das ovelhas e dos fetos. Permite estimar a idade gestacional, avaliar as condições dos ovários, do útero e verificar os sinais de viabilidade fetal (SANTOS et al., 2017). Fonte: Aline Albuquerque. Figura 12 Imagens ultrassonográficas de diagnóstico de gestação com 30 dias (A) e 45 dias (B). Em A, observa-se a vesícula gestacional, onde se pode avaliar os batimentos cardíacos (círculo) e, em B, já se pode observar as costelas dos fetos. O diagnóstico por meio do ultrassom deve ser realizado por um médico veterinário habilitado e, no caso da monta controlada, serve para a tomada de decisão sobre o destino das ovelhas que não emprenharam e para a separação dos lotes de ovelhas prenhes. 22 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS A ovinocultura é uma atividade econômica crescente no Brasil, contribui com a rentabilidade das pequenas, médias e grandes propriedades rurais e fornece carne de qualidade e sabor para a alimentação humana. Para o desenvolvimento da ovinocultura é de fundamental importância a implantação e adoção de manejos sanitários, nutricionais e reprodutivos, visando sua produção e produtividade. Dentre as ações de manejo reprodutivo que podem ser utilizadas na criação de ovinos, destacamos a seleção genética e a avaliação da capacidade reprodutiva de reprodutores e matrizes, a serem realizadas por um Médico Veterinário, a implantação de estação de monta e a sincronização de cio, visando melhorar a eficiência reprodutiva e consequentemente a produção e produtividade do rebanho. É importante assinalar que, apesar do presente trabalho ser direcionado para criadores de ovinos, os protocolos contidos no texto podem ser utilizados pelos criadores de caprinos, pois a fisiologia da reprodução é praticamente a mesma entre as duas espécies de pequenos ruminantes. LITERATURA CONSULTADA ABECIA, J. A.; FORCADA, F.; CASAO, A.; PALACÍN, I. Effect of exogenous melatonin on the ovary, the embryo and the establishment of pregnancy in sheep. Animal, Cambridge, v. 2, n. 3, p. 399-404, 2008. ANUALPEC 2017. Anuário da Pecuária Brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2017. 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