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☺Fisioterapia preventiva e saúde coletiva -Áreas de atuação Terapia intensiva, traumato-ortopedia, esportiva, saúde pública, fisioterapia do trabalho, neurologia pediátrica e adulta, geriatria, cardiorrespiratória, reumatologia, dermatologia, pesquisa, extensão, supervisão técnica e supervisão técnica e administrativa, etc. -Especialidades Fisioterapia em acupuntura, aquática, cardiovascular, dermatofuncional, esportiva, gerontologia, do trabalho, neurofuncional, em oncologia, respiratória, traumato-ortopédica, em osteopatia, quiropraxia, saúde da mulher, terapia intensiva, etc. -Pelos locais de trabalho Hospitais; APAES; secretarias de saúde; atendimento domiciliar; instituições de longa permanência; clínicas; clubes; desde 2015, o exército brasileiro incluiu a fisioterapia no plano de carreira; etc. -Pelas atividades desenvolvidas na atenção primária Alimentação saudável na escola, ginástica laboral, grupo emagreça com saúde, grupo de orientação nutricional, apoio matricial, grupos de saúde do homem, grupos de caminhada, grupos de educação em saúde (temas variados), academias da saúde, grupos da coluna, grupos com idosos, grupos com gestantes, combates às drogas, grupos de encontro para ACS. -Pelas atividades em saúde do trabalhador -O que diz o COFITO Os profissionais de saúde, dentro de seu âmbito profissional, devem estar aptos a desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde, tanto em nível individual, quanto coletivo. Cada profissional deve assegurar que sua prática seja realizada de forma integrada e contínua com as demais instâncias do sistema de saúde, sendo capaz de pensar criticamente, de analisar os problemas da sociedade e de procurar soluções para os mesmos, tendo em conta que a responsabilidade da atenção à saúde não se encerra com o ato técnico, mas sim, com a resolução do problema de saúde, tanto em nível individual, como coletivo de acordo com as necessidades individuais e coletivas. O que diz a minuta das diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação, bacharelado em fisioterapia O bacharel em fisioterapia deverá ser um profissional comprometido com o Sistema Único de Saúde - SUS, tendo como propósito a saúde funcional do indivíduo e da coletividade, nas diferentes complexidades, mediante a análise contextualizada dos fatores pessoais e ambientais nas situações que envolvem o processo saúde-doença, na apropriação do conhecimento e dos recursos disponíveis. Estabelecer vínculo terapeuta-paciente-comunidade mediante escuta qualificada, a humanização e a comunicação efetiva, considerando-se a história de vida, bem como os aspectos culturais, contextuais e as relações interfamiliares; realizar atividades de educação em saúde e educação popular, instrumentalizando os indivíduos/famílias/comunidades, respeitando o contexto pessoal, ambiente e sociocultural, para o empoderamento e o autocuidado de seus problemas de saúde. Das condições e procedimentos da formação do profissional do bacharel em fisioterapia: Conhecimento da Saúde Coletiva – abrange os conhecimentos necessários para a compreensão do processo saúde- doença na situação de saúde considerando os fatores contextuais, para prevenção de agravos e promoção de saúde, cuidado e recuperação da saúde do indivíduo e melhoria da qualidade de vida da população. Consistem em conhecimentos dos determinantes sociais em saúde, epidemiologia, saúde ambiental, vigilância em saúde, políticas públicas de saúde e ferramentas de gestão, bem como os conhecimentos sobre as redes de atenção à saúde e a relação com os distintos equipamentos sociais com vistas as ações intersetoriais, interpessoais e o trabalho em equipe. -O que faz as pessoas adoecerem? O que contribui para que as pessoas tenham saúde? -Agravos/problemas de saúde Quais os principais agravos e problemas de saúde do seu território? Quais são seus determinantes? -O que é saúde? O que é doença? A constituição da Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma: “Saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a mera ausência de doença ou enfermidade”. Uma implicação importante dessa definição é que a saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais ou deficiências. O conceito de doença dado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) se refere a um conjunto de sinais e sintomas que possam afetar o bem-estar do paciente, seja este mental, físico ou social, não sendo especificamente apenas a presença de enfermidades. -História do conceito de saúde O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Ou seja: saúde não representa a mesma coisa para todas as pessoas. Dependerá da época, do lugar, da classe social. Dependerá de valores individuais, dependerá de concepções científicas, religiosas, filosóficas. O mesmo, aliás, pode ser dito dessas doenças. Aquilo que é considerado doença varia muito. Moacyr Scliar. Antigamente, a definição mais utilizada era “ausência de doenças” – visão restrita, puramente biológica e médica. OMS (1946): não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Postula a saúde como um estado, uma condição ideal de plenitude, que seria o objetivo final, praticamente inatingível, da existência, da vida de todas as pessoas. Uma terceira definição, que tem conquistado progressivamente mais espaço no setor saúde, entende que a saúde é um meio, um recurso para a vida das pessoas. Uma vez que a vida humana, obviamente, estabelece objetivos que não se restringem à saúde e que podem ser superiores à esta na escala de valores como os éticos universais, como bem comum; valores relativos à família, ao amor, ao trabalho, à pátria, ao prazer ou outros. Além da saúde, outras condições são necessárias para a realização dos indivíduos: meios físicos, meios materiais, meios intangíveis ou espirituais (educação, respeito, afeto, atenção que os indivíduos reciprocamente se dão, etc.). Essas condições, essencialmente sociais, são, por sua vez, determinantes centrais das condições de saúde dos indivíduos. “A gente não quer (só) comida” – tema: “comida, preocupação mundial no decorrer dos tempos” -Processo saúde-doença Fatores sociais, psicológicos, ambientais, educacionais, culturais, econômicos, políticos, ecológicos, genéticos, etc. O que faz as pessoas adoecerem? O que contribui para que as pessoas tenham saúde? Por que discutir isso é importante para minha formação em fisioterapia? Teorias causais -O que é saúde para você? Trabalhador rural afirma que saúde é: “alimentação orgânica, alimentação na hora certa, dormir bem, “mexer” com a terra, plantar e colher, trabalhar, conviver, ajudar os vizinhos, paz e sossego.” -O que leva uma doença a ocorrer? -Teorias causais Fase da magia: ação de deuses, demônios ou forças do mal. Fase dos miasmas: contágio - emanação dos ares. Fase microbiológica: dos germes ou do contágio. -Causalidade Abordagem unicausal: processo de relacionar uma causa a um efeito, a especificidade “uma causa, um feito” representa o isolamento de parte de um todo. Abordagem multicausal: os danos à saúde podem ter múltiplas causas. -Modelo ecológico - História natural das doenças Leavell e Clark (1976) – interação, relacionamento e condicionamento de três elementos fundamentais: “tríade ecológica”: o ambiente, o agente e o hospedeiro. -Implicações Reconhece um padrão multideterminado ao adoecer humano. Implica numa ampliação da matriz explicativa ao processo saúde-doenças. -Crítica ao modelo Insuficiência na explicação do surgimento das doenças na sociedade. Embora se reconheça a existência de aspectos sociais envolvidos no processo saúde-doença, estes são subordinados aos aspectos biológicos. Homem é tomado como ser biológico (FIOCRUZ, 2018) -Como explicar as diferenças tãomarcantes no estado de saúde? -Envelhecemos todos iguais? -Todas as crianças se desenvolvem física, emocional e intelectualmente iguais? -Determinação social Segunda metade do século XX Avanço no estudo das relações entre a maneira como se organiza e se desenvolve uma determinada sociedade e situação de saúde de sua população. Saúde e doença <-> processo social. A relação saúde e doença passa a ser predominantemente entendida como processo social. Desigualdades sociais. Desencadeadora dos fatores associados às doenças. Doença – sociedade injusta. A causalidade biológica é subordinada à causalidade socioeconômica. Exemplo: pessoas que moram em meio ao lixo e esgoto. Não se trata de negar a determinação genética das condições de saúde, mas de precisar o seu peso com face dos determinantes comportamentais e sociais. Evidências históricas de graves problemas de saúde que foram controlados ou desapareceram com a modificação das condições sociais de vida das populações, antes ou independentemente do acesso dessas populações a recursos médicos terapêuticos ou preventivos contra o problema. -Tuberculose Era vista como um ‘mal social’ que atingia sobretudo as classes mais pobres. A medicina a associava às condições de miséria em que vivia a população. Os cortiços eram vistos como mantenedores, propagadores e acumuladores de sujeira e perigo social, antros de doença. Como se desenvolvia principalmente nas camadas mais pobres e subnutridas, acreditava-se estava intrinsecamente ligada à hereditariedade, a noção da doença implica a noção de herança de morte. O adoecimento de várias pessoas da mesma família, ao mesmo tempo, servia para reforçar essa tese. A moléstia era herdada enquanto constituição e, na época, a morte sobrevinha porque a cura inexistia. Outra teoria corrente definia a tuberculose como uma doença da constituição física, ou seja, nascia-se com o organismo predisposto ou com a moléstia. No entanto... Nos países desenvolvidos: incidência drasticamente reduzida muito antes da descoberta e do início do uso dos primeiros tuberculostáticos, devido às melhorias das condições de habitação, nutrição e trabalho das massas ocorrem nesses países a partir da segunda metade do século XIX. *Determinação social – dados Probabilidade cinco vezes maior de uma criança morrer antes de alcançar o primeiro ano de vida pelo fato de ter nascido no Nordeste e não no Sudeste; Chance três vezes maior de uma criança morrer antes de chegar aos cinco anos de vida pelo fato de sua mãe ter quatro anos de estudo e não oito; Sociedades com alto nível de desigualdade registram três vezes mais doenças mentais do que países com bom nível de coesão social; Nascem dez vezes mais bebês de mães adolescentes em sociedades desiguais do que nas mais iguais. (FIOCRUZ, 2018) *Especial Abrasco sobre o aumento da mortalidade infantil e materna no Brasil A Associação Brasileira de Saúde Coletiva manifesta publicamente sua preocupação diante do aumento da mortalidade infantil e materna no Brasil e faz um alerta, através deste Especial Abrasco, aos profissionais de saúde, gestores e pesquisadores do campo da Saúde Coletiva e à sociedade brasileira. Após um período de declínio sustentado dos coeficientes de mortalidade no primeiro ano de vida em todo país, em 2016 houve a reversão desta queda. Os coeficientes de mortalidade infantil – CMI apresentaram aumento em todas as regiões, com exceção da região Sul. Os dados mostram que, no Brasil de 2015 para 2016, o CMI aumentou em 2,4% (12,4 para 12,7 por 1000 nascidos vivos). As regiões com maiores percentuais de aumento foram Nordeste e Centro-Oeste (3,4% a 3,6%, respectivamente). Aumento da mortalidade pós-neonatal (óbitos de 28 a 364 dias de vida) em todas regiões, exceto no Sul. No Nordeste a mortalidade pós-neonatal passou de 3,8 em 2015 para 4,2 por 1000 nascidos vivos em 2016. Causa: diarreia (Sudeste, Centro-oeste, Norte e Nordeste). Número de casos de sarampo é o maior desde 2014. 2018: oito Estados brasileiros, com 1935 casos confirmados até o primeiro de outubro, número é nove vezes maior comparado a 2015, quando ocorreram os últimos casos da doença no país que totalizaram 214 registros. Volta do sarampo: conta para o aumento de mortalidade infantil; Falha na busca ativa e na investigação epidemiológica. Falta de uma retaguarda laboratorial mais ágil para descartar ou confirmar os casos suspeitos e, assim, realizar ações com mais racionalidade. Ao em vez da idade, a classe social é quem define quem morre de COVID no Brasil. Necropolítica da pandemia pela COVID-19 no Brasil: Quem pode morrer? Quem está morrendo? Quem já nasceu para ser deixado morrer? Não aceitamos as mortes, não aceitamos nos acostumar, não banalizamos as mortes, as perdas, os números. Processos que se cronificam no contexto de pandemia: morte, desigualdades, exclusão social, ausência de políticas públicas que efetivamente dialoguem com as comunidades, violação de direitos, etc. Plataforma “Inumeráveis” (criada pelo artista plástico Edson Pavoni) tem como objetivo valorizar, em forma de registros históricos, cada uma das vidas perdidas em função da pandemia de coronavírus no Brasil e dar visibilidade a histórias antes invisíveis. Outro termo, os invisíveis, que designa os que estão no limbo entre a faixa de vulnerabilidade social – cadastrados no Bolsa Família e acompanhados pelas Políticas de Assistência Social, e os de classe média-pobre. Por fim, os ultravulneráveis, termo usado para designar os que não conseguem acessar internet, nem têm documentação para acessar o auxílio oferecido pelo governo no contexto de pandemia. Exemplo: moradores de rua. A realidade no Brasil é bem pior, a grande subnotificação de casos da doença, devido principalmente à baixa testagem diagnóstica da população, juntamente com as mortes já posicionaram o país como o segundo lugar em números de casos e mortes. O Brasil tem a taxa de contágio mais alta do mundo e, na análise de cenário desta pandemia, estima-se em torno de 200 mil mortes de brasileiros pela COVID-19, podendo efetivamente ser considerado como um projeto de genocídio de populações no Brasil. Ainda no contexto de subnotificação, onde especialistas apontam que os dados oficiais representariam apenas 60% do total de óbitos, e de determinação presidencial para “maquiar” os dados ministeriais da doença, precisamos olhar também para os brasileiros que se encontram por trás de expressões como “apagão de dados” e “voo cego”, que têm sido usadas por pesquisadores para descrever a gestão brasileira das informações na pandemia, ou seja, a nação está “navegando às cegas” ao tentar atravessar a crise. *Doenças negligenciadas São aquelas causadas por agentes infecciosos ou parasitas e são consideradas endêmicas em populações de baixa renda. Apresentam indicadores inaceitáveis e investimentos reduzidos em pesquisas, produção de medicamentos e em seu controle. Incapacitam ou matam milhões de pessoas e representam uma necessidade médica importante que permanece não atendida. São um grupo de doenças tropicais endêmicas, especialmente entra as populações pobres da África, Ásia e América Latina. Juntas causam entre 500 mil a 1 milhão de óbitos anualmente. As medidas preventivas e o tratamento para algumas dessas moléstias são conhecidos, mas não são disponíveis universalmente nas áreas mais pobres do mundo. Em alguns casos, o tratamento é relativamente barato. Doenças negligenciáveis mais clássicas e relevantes do Brasil: doença de chagas, leishmaniose, malária, filariose, micobacteriose (tuberculose e hanseníase), clamidioses e riquetioses, dengue, febre amarela, raiva, hantavírus, hepatites virais, gastroenterites virais (rotavírus, norovírus, sapovírus e astrovírus humano), paracocidiose e outras micoses profundas, toxinas (envenenamentos por animais peçonhentos. Determinação socialAs doenças são explicadas a partir da organização da sociedade nos aspectos sociais, políticos, culturais, econômicos dentre outros e que concorrem para o aparecimento das doenças. Influenciado por... I Conferência Internacional sobre Promoção de Saúde no Canadá, em 1986 Carta de Ottawa “A paz, a educação, a habitação, a alimentação, a renda, um ecossistema estável, a conservação dos recursos, a justiça social e a equidade são requisitos fundamentais para a saúde”. VII Conferência Nacional de Saúde “Em sentido amplo a saúde é a resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. *Profissional da saúde Reconhecer o processo de saúde e doença em seu aspecto complexo. Identificar essa relação e os grupos de vulnerabilidade, quais suas consequências. Levantar estratégias que trabalhem com a prevenção e promoção de saúde. Todo profissional de saúde deveria colocar-se diante de um questionamento essencial e existencial semelhante: como meu trabalho pode efetivamente se tornar um meio de promover saúde?
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