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Quais os desafios do diagnóstico e como diagnosticar com segurança? Resolvida a questão de que sim, o psicólogo pode dar diagnósticos. Vamos avaliar outros pontos. 1. Princípio de Hipócrates - É o princípio que rege as profissões da área da saúde: “Antes de tudo, não fazer mal”. Portanto, o psicólogo que vai dar o diagnóstico é aquele que SABE DAR, que tem expertise clínica para tal. Se você não tem segurança, não diagnostique, antes um não-diagnóstico, do que um diagnóstico errado. 2. Hipótese Diagnóstica – O que é uma hipótese? Uma suposição, algo sobre o qual ainda não se tem certeza, não foi comprovado. O psicólogo tanto quanto o psiquiatra antes de afirmar um diagnóstico podem sim levantar hipóteses acerca de determinados transtornos. 3. Diagnóstico Diferencial – Quando se está em dúvida entre dois transtornos. É a capacidade de perceber pequenas diferenças entre os transtornos e traços, para um diagnóstico correto. OBSERVAÇÃO Testes psicológicos são necessários para fechar um diagnóstico? NÃO. Até por que, se para dar um diagnóstico fosse necessário aplicar algum tipo de teste psicológico, o diagnóstico teria que ser função exclusiva do psicólogo, o que não é no Brasil. Ademais, é válido lembrar que nem existem testes para diagnosticar todos os transtornos, apenas alguns poucos. Portanto, os testes são válidos sim e muito úteis para alguns diagnósticos, principalmente, na área da neuropsicologia, mas não são estritamente necessários. Desafios do diagnóstico DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO É SUBJETIVO Ou seja, ele não possui um marcador biológico que possa confirma-lo, diferente de uma patologia física, como o infarto, por exemplo. Apesar de ser buscado a exaustão pela psiquiatria, esses marcadores ainda não foram encontrados. Portanto, essa é uma dificuldade que se impõe. O RELATO DO PACIENTE Existem alguns fatores que podem interferir no relato do paciente: Vínculo terapeuta/paciente – o vínculo construído ao longo das primeiras sessões implicará no relato, se ele vai falar mais o menos, contar tudo ou apenas algumas partes etc. Funções psíquicas alteradas – para uma avaliação correta do paciente é necessário olhar para dois eixos, o longitudinal e o transversal. No longitudinal olhamos a história da sua vida, sua biografia. No eixo transversal olhamos o estado mental, um exame psíquico do paciente naquele momento. Mas o que são funções psíquicas? São certos elementos que nos ajudam a compreender a composição do funcionamento de uma pessoa. Quando essas funções psíquicas estão alteradas nós começamos a apresentar sinais e sintomas que indicam um adoecimento psíquico. Funções psíquicas elementares: atenção, sensopercepção, orientação, memória, inteligência, humor, pensamento, juízo crítico, conduta e linguagem. Funções psíquicas compostas: consciência, valoração do eu, identidade e personalidade. CONHECER A CLASSIFICAÇÃO DIAGNÓSTICA É importante conhecer amplamente a classificação diagnóstica mais recente. Obviamente, que não conseguiremos dominar com profundidade os 341 transtornos apresentados no DSM 5/TR, mas precisamos conhecer o básico. Se não corremos o risco de quere a força classificar o paciente dentro dos diagnósticos que conhecemos. SINMATOLOGIA COMPARTILHADA Um mesmo sintoma que é compartilhado por diversos transtornos. Por isso, a análise de um sintoma é insuficiente para definir um diagnóstico, pois pode ser tudo, inclusive nada. Exemplo: O que significa ouvir vozes e ter alucinações? Que vozes são essas, um pensamento muito intrusivo ou você realmente está ouvindo coisas (sensopercepção alterada)? Pode ser esquizofrenia, bipolar tipo I durante quadro de mania, a pessoa pode estar fazendo uso de substâncias que alteram as funções psíquicas. Por isso, um sintoma único nunca pode definir um transtorno. SABER DIFERENCIAR TRAÇO E TRANSTORNO Em regra, saber diferenciar o que está na norma do que é patológico. Diagnosticar um transtorno em “fase mais avançada” é relativamente mais fácil, é o famoso diagnóstico do porteiro – até o porteiro sabe o que a pessoa tem. Exemplo: a menina está tão magra e não como nada que eu sei que ela está anoréxica, o cara está deitado na cama e não levanta nem para ir ao banheiro que eu sei que ele está com depressão. O difícil está em compreender isso no início, quando a dieta começou, quando a menina começou a usar casacos e roupas largas para sair, quando o cara passou a ficar trancado dentro de casa e não quis mais sair com os amigos, etc. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Como já dito anteriormente, os sintomas dentro da psicopatologia são compartilhados por diversos transtornos. Assim, é mais difícil fazer uma diferenciação entre dois transtornos que apresentem sintomas compartilhados. Esse processo é feito por diferenciação e exclusão, até se chegar a um resultado correto. Passo a passo do diagnóstico diferencial: 1 – Excluir transtorno factício: simulação. Pode ser que o seu paciente por alguma alteração nas funções psíquicas esteja inventando sintomas, ou então simplesmente por que ele pode se beneficiar disso de alguma maneira. 2 – Excluir uso de drogas e outras substâncias: as quais também podem afetar as funções psíquicas. 3 – Determine um transtorno primário específico: olhar dentro dos grandes grupos. Antes de especificar por exemplo que um paciente tem TAG – transtorno de ansiedade generalizada, localize-o dentro do grupo de transtornos ansiosos, para melhor compreensão e aí sim buscar dentro do grupo qual se encaixa melhor. Como fazer um bom diagnóstico? Já elencamos alguns desafios que podem interferir no diagnóstico. Uma boa maneira de fazer um diagnóstico correto já é saber superar esses desafios apresentados. Mas existe outra questão muito importante: saber fazer uma boa entrevista diagnóstica. Como é possível chegar a um bom diagnóstico se você não sabe fazer uma boa entrevista clínica? A entrevista é uma mistura de arte com técnica. O primeiro passo é criar um ambiente seguro e acolhedor. VOCÊ NÃO É DELEGADO DE POLÍCIA!!! Você também precisa saber qual a entrevista você irá fazer. Entrevista aberta? Fechada? Semiestruturada? Mas principalmente você vai precisar criar um vínculo. O seu paciente é uma pessoa em sofrimento que precisa ser acolhida, não meramente um dado. As vezes ficamos engessados em conseguir/colher os dados e esquecemos de acolher. As pessoas quando procuram um psicólogo estão no momento de maior sofrimento de suas vidas, então do que adianta conseguir todos os dados e informações? Se você não acolher o seu paciente ele não irá voltar e sua entrevista perfeita poderá ser jogada fora.
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