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Como diagnosticar corretamente? Semana da Psicopatologia (Fernanda Landeiro)

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Quais os desafios do diagnóstico e como diagnosticar com segurança? 
 
Resolvida a questão de que sim, o 
psicólogo pode dar diagnósticos. Vamos 
avaliar outros pontos. 
1. Princípio de Hipócrates - É o 
princípio que rege as profissões da 
área da saúde: “Antes de tudo, não 
fazer mal”. Portanto, o psicólogo que 
vai dar o diagnóstico é aquele que 
SABE DAR, que tem expertise clínica 
para tal. Se você não tem 
segurança, não diagnostique, antes 
um não-diagnóstico, do que um 
diagnóstico errado. 
2. Hipótese Diagnóstica – O que é uma 
hipótese? Uma suposição, algo sobre 
o qual ainda não se tem certeza, não 
foi comprovado. O psicólogo tanto 
quanto o psiquiatra antes de 
afirmar um diagnóstico podem sim 
levantar hipóteses acerca de 
determinados transtornos. 
3. Diagnóstico Diferencial – Quando se 
está em dúvida entre dois 
transtornos. É a capacidade de 
perceber pequenas diferenças entre 
os transtornos e traços, para um 
diagnóstico correto. 
OBSERVAÇÃO 
Testes psicológicos são necessários para 
fechar um diagnóstico? NÃO. Até por que, 
se para dar um diagnóstico fosse 
necessário aplicar algum tipo de teste 
psicológico, o diagnóstico teria que ser 
função exclusiva do psicólogo, o que não 
é no Brasil. 
Ademais, é válido lembrar que nem 
existem testes para diagnosticar todos os 
transtornos, apenas alguns poucos. 
Portanto, os testes são válidos sim e muito 
úteis para alguns diagnósticos, 
principalmente, na área da 
neuropsicologia, mas não são 
estritamente necessários. 
Desafios do 
diagnóstico 
DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO É SUBJETIVO 
Ou seja, ele não possui um marcador 
biológico que possa confirma-lo, diferente 
de uma patologia física, como o infarto, 
por exemplo. Apesar de ser buscado a 
exaustão pela psiquiatria, esses 
marcadores ainda não foram 
encontrados. Portanto, essa é uma 
dificuldade que se impõe. 
O RELATO DO PACIENTE 
Existem alguns fatores que podem 
interferir no relato do paciente: 
Vínculo terapeuta/paciente – o vínculo 
construído ao longo das primeiras sessões 
implicará no relato, se ele vai falar mais o 
menos, contar tudo ou apenas algumas 
partes etc. 
Funções psíquicas alteradas – para uma 
avaliação correta do paciente é 
necessário olhar para dois eixos, o 
longitudinal e o transversal. No 
longitudinal olhamos a história da sua 
vida, sua biografia. No eixo transversal 
olhamos o estado mental, um exame 
psíquico do paciente naquele momento. 
Mas o que são funções psíquicas? São 
certos elementos que nos ajudam a 
compreender a composição do 
funcionamento de uma pessoa. Quando 
essas funções psíquicas estão alteradas 
nós começamos a apresentar sinais e 
sintomas que indicam um adoecimento 
psíquico. 
Funções psíquicas elementares: atenção, 
sensopercepção, orientação, memória, 
inteligência, humor, pensamento, juízo 
crítico, conduta e linguagem. 
Funções psíquicas compostas: 
consciência, valoração do eu, identidade 
e personalidade. 
CONHECER A CLASSIFICAÇÃO 
DIAGNÓSTICA 
É importante conhecer amplamente a 
classificação diagnóstica mais recente. 
Obviamente, que não conseguiremos 
dominar com profundidade os 341 
transtornos apresentados no DSM 5/TR, 
mas precisamos conhecer o básico. Se não 
corremos o risco de quere a força 
classificar o paciente dentro dos 
diagnósticos que conhecemos. 
SINMATOLOGIA COMPARTILHADA 
Um mesmo sintoma que é compartilhado 
por diversos transtornos. Por isso, a 
análise de um sintoma é insuficiente para 
definir um diagnóstico, pois pode ser tudo, 
inclusive nada. 
Exemplo: O que significa ouvir vozes e ter 
alucinações? Que vozes são essas, um 
pensamento muito intrusivo ou você 
realmente está ouvindo coisas 
(sensopercepção alterada)? Pode ser 
esquizofrenia, bipolar tipo I durante 
quadro de mania, a pessoa pode estar 
fazendo uso de substâncias que alteram 
as funções psíquicas. Por isso, um sintoma 
único nunca pode definir um transtorno. 
SABER DIFERENCIAR TRAÇO E TRANSTORNO 
Em regra, saber diferenciar o que está na 
norma do que é patológico. Diagnosticar 
um transtorno em “fase mais avançada” é 
relativamente mais fácil, é o famoso 
diagnóstico do porteiro – até o porteiro 
sabe o que a pessoa tem. 
Exemplo: a menina está tão magra e não 
como nada que eu sei que ela está 
anoréxica, o cara está deitado na cama e 
não levanta nem para ir ao banheiro que 
eu sei que ele está com depressão. O difícil 
está em compreender isso no início, 
quando a dieta começou, quando a 
menina começou a usar casacos e roupas 
largas para sair, quando o cara passou a 
ficar trancado dentro de casa e não quis 
mais sair com os amigos, etc. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 
Como já dito anteriormente, os sintomas 
dentro da psicopatologia são 
compartilhados por diversos transtornos. 
Assim, é mais difícil fazer uma 
diferenciação entre dois transtornos que 
apresentem sintomas compartilhados. 
Esse processo é feito por diferenciação e 
exclusão, até se chegar a um resultado 
correto. 
Passo a passo do diagnóstico diferencial: 
1 – Excluir transtorno factício: simulação. 
Pode ser que o seu paciente por alguma 
alteração nas funções psíquicas esteja 
inventando sintomas, ou então 
simplesmente por que ele pode se 
beneficiar disso de alguma maneira. 
2 – Excluir uso de drogas e outras 
substâncias: as quais também podem 
afetar as funções psíquicas. 
3 – Determine um transtorno primário 
específico: olhar dentro dos grandes 
grupos. Antes de especificar por exemplo 
que um paciente tem TAG – transtorno de 
ansiedade generalizada, localize-o dentro 
do grupo de transtornos ansiosos, para 
melhor compreensão e aí sim buscar 
dentro do grupo qual se encaixa melhor. 
Como fazer um bom 
diagnóstico? 
Já elencamos alguns desafios que podem 
interferir no diagnóstico. Uma boa 
maneira de fazer um diagnóstico correto 
já é saber superar esses desafios 
apresentados. Mas existe outra questão 
muito importante: saber fazer uma boa 
entrevista diagnóstica. 
Como é possível chegar a um bom 
diagnóstico se você não sabe fazer uma 
boa entrevista clínica? A entrevista é uma 
mistura de arte com técnica. O primeiro 
passo é criar um ambiente seguro e 
acolhedor. VOCÊ NÃO É DELEGADO DE 
POLÍCIA!!! 
Você também precisa saber qual a 
entrevista você irá fazer. Entrevista 
aberta? Fechada? Semiestruturada? Mas 
principalmente você vai precisar criar um 
vínculo. O seu paciente é uma pessoa em 
sofrimento que precisa ser acolhida, não 
meramente um dado. As vezes ficamos 
engessados em conseguir/colher os dados 
e esquecemos de acolher. As pessoas 
quando procuram um psicólogo estão no 
momento de maior sofrimento de suas 
vidas, então do que adianta conseguir 
todos os dados e informações? Se você 
não acolher o seu paciente ele não irá 
voltar e sua entrevista perfeita poderá 
ser jogada fora.

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