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SEMANA DA PSICOPATOLOGIA 2023 - FERNANDA LANDEIRO

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ALGUNS CONCEITOS INICIAIS .......................................................................... 
 O que é diagnóstico .................................................................................... 
 Transtorno egossintônico x transtorno egodistômico .................................. 
 O que é o DSM ............................................................................................ 
 O que é o CID .............................................................................................. 
 Porque o DSM foi criado ............................................................................. 
 O que é transtorno mental ........................................................................... 
PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE O DSM-V E O DSM-V-TR ............................ 
PSICOPATOLOGIA ATEÓRICA/DESCRITIVA ................................................... 
 Semiologia psicopatológica ........................................................................ 
 Sinal ............................................................................................................ 
 O que NÃO é um transtorno mental ............................................................. 
BREVE HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA ......................................................... 
PORQUE O TERMO “DOENÇA MENTAL” NÃO É MAIS UTILIZADO ................ 
 O que é síndrome ........................................................................................ 
 O que é transtorno ...................................................................................... 
 O que é doença ....................................................................................... .... 
TEORIA DA TRIPLA VULNERABILIDADE .......................................................... 
EXISTE CURA PARA OS TRANSTORNOS MENTAIS? ...................................... 
 O que é cura ................................................................................................ 
O que é remissão ........................................................................................ 
Fase prodrômica ......................................................................................... 
Transtorno episódico .................................................................................. 
Transtorno crônico ...................................................................................... 
Transtorno do neurodesenvolvimento ......................................................... 
Transtorno degenerativo ............................................................................. 
DIFICULDADES PARA A REALIZAÇÃO DO DIAGNÓSTICO ............................. 
MITOS QUE ENVOLVEM O DIAGNÓSTICO EM SAÚDE MENTAL .................... 
 Diagnosticar é rotular? ................................................................................ 
 
 
Estamos vivendo uma epidemia dos transtornos mentais? Existe uma pa-
tologização do sofrimento? ......................................................................... 
Traços de personalidade .................................................................. 
 Falsos positivos ................................................................................ 
O psicólogo pode dar diagnóstico? ............................................................. 
É necessário realizar testes para dar o diagnóstico? ................................... 
FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS ............................................................ 
MAIORES DESAFIOS PARA REALIZAR UM DIAGNÓSTICO ............................ 
FUNÇÕES PSÍQUICAS ........................................................................................ 
 Funções psíquicas elementares ................................................................. 
Funções psíquicas compostas .................................................................... 
Juízo de realidade ....................................................................................... 
 Erro simples ..................................................................................... 
 Delírio ............................................................................................... 
 Ideias deliróides ............................................................................... 
 Ideias delirantes verdadeiras ............................................................ 
Consciência do Eu ...................................................................................... 
 Identidade do Eu .............................................................................. 
 Atividade do Eu ................................................................................ 
 Unidade do Eu .................................................................................. 
 Oposição Eu-mundo ........................................................................ 
COMO FAZER UM DIAGNÓSTICO COM SEGURANÇA ..................................... 
 Tipos de entrevista ...................................................................................... 
 As três regras “de ouro” da entrevista em saúde mental .............................. 
COMO REALIZAR UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ....................................... 
 Diagnóstico diferencial ................................................................................ 
 Comorbidade .............................................................................................. 
 Especificador .............................................................................................. 
 Passo a passo para a realização do diagnóstico diferencial ........................ 
 Transtorno Afetivo Bipolar ........................................................................... 
 Diagnóstico diferencial entre TAB tipo I e tipo II ................................ 
 
 
 Diagnóstico diferencial entre TAB e Esquizofrenia ........................... 
 Diagnóstico diferencial entre TAB e Borderline ................................ 
 Diagnóstico diferencial entre Esquizofrenia e TOC ..................................... 
 Diagnóstico diferencial entre Borderline e TPH ........................................... 
 Diagnóstico diferencial entre Transtorno Depressivo Maior e Distimia ........ 
Diagnóstico diferencial entre o Transtorno de Personalidade Antissocial e 
Transtorno de Conduta ............................................................................... 
Diagnóstico diferencial entre o Transtorno de Personalidade Antissocial e 
o Transtorno de Personalidade Narcisista .................................................. 
DÚVIDAS PERTINENTES .................................................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
♥
 
 
DIAGNÓSTICO: tem como objetivo identificar condições específicas que aco-
metem o paciente. Assim, o profissional deve buscar especificidades que permi-
tem essa identificação. 
➔ Para a realização de um diagnóstico, o psicólogo considera os sinais, sin-
tomas, história clínica, história de vida do paciente, conversa com famili-
ares etc. Em psicopatologia, o mais importante são os sintomas, quando 
comparados com os sinais. 
O diagnóstico em saúde mental é essencialmente clínico; não existem exames 
ou marcadores biológicos definidos. Assim, não é possível haver sintomas pa-
tognomónicos, isto é, não é possível afirmar que um sintoma X é específico do 
diagnóstico Y. 
➔ O diagnóstico é importante para que o tratamento tenha um rumo. Sem 
um diagnóstico adequado, tem-se implicações clínicas, terapêuticas etc. 
Não é possível imaginar que um sujeito irá melhorar sem identificar, ante-
riormente, qual condição ele apresenta. O diagnóstico serve, então, 
para orientar o tratamento. 
➔ O diagnóstico é importante para o profissional saber não só quando tratar, 
mas também quando NÃO tratar determinado paciente, pois alguns tra-
tamentospodem ser prejudiciais dependendo do indivíduo. É sempre uma 
análise individual. 
Para a realização de um diagnóstico é importante que o profissional converse 
com outras pessoas além do próprio paciente, pois alguns transtornos são egos-
sintônicos. 
• Egosintônico: quando um paciente sente um sintoma como parte de si 
mesmo. Às vezes, quando o paciente é questionado sobre um modo de 
agir que machuca os outros, ele responde “esse é o meu jeito de ser, 
sempre fui assim”. Muito presente em transtornos de personalidade. 
• Egodistônico: quando o paciente percebe seus sintomas e sinais como 
algo estranho. Na depressão, por exemplo, o sujeito costuma afirmar 
 
 
“antes eu não era assim”. O paciente identifica que existe um antes e um 
depois do desenvolvimento do transtorno. 
DSM: Manual Estatístico e Diagnóstico utilizado para diagnosticar transtornos 
mentais e doenças psiquiátricas. Foi criado em 1952 por uma força-tarefa da 
Associação Psiquiátrica Americana (APA), mas antes disso já existiam outras 
tentativas de classificação menos esquematizadas. É a APA que atualiza o DSM 
constantemente. 
CID: Classificação Internacional de Doenças. É diferente do DSM, pois apre-
senta todos os diagnósticos médicos em geral, enquanto o DSM apresenta ape-
nas os diagnósticos em saúde mental. 
Por que o DSM foi criado? Durante a história existiram formas/visões diferentes 
sobre como classificar e o que classificar, sem que houvesse um consenso. 
➔ Sem os manuais, cada profissional falaria coisas diferentes. Estes são 
importantes para uniformizar o discurso em todo o mundo, possibilitando 
diálogos. 
Até o DSM-4-TR, a classificação era categórica: ou o paciente tinha ou não tinha 
o transtorno. O DSM-5 (e o DSM-V-TR) traz uma proposta de migração para um 
modelo mais dimensional (espectro), mas alguns diagnósticos ainda permane-
cem categóricos (sim ou não). 
➔ O diagnóstico categórico é problemático, pois quando se tem requisitos 
muito específicos, serão diagnosticados apenas sujeitos em condições 
graves. Quando se diz, por exemplo, que para uma paciente ter anorexia 
nervosa ela precisa estar em amenorreia (isto é, sem menstruar), apenas 
mulheres em condições graves serão diagnosticadas, enquanto pessoas 
que estão em um espectro mais abaixo não será classificadas, podendo, 
assim, sofrer sem um tratamento adequado. 
O DSM é um manual que está em constante mudança e aprimoramento, o que 
não é ruim, pois demonstra um avanço da ciência, mas é sempre plausível de 
críticas. 
➔ O psicólogo PODE realizar diagnóstico; está amparado pela Lei e por 
diversas resoluções do Conselho Federal de Psicologia. Portanto, é 
 
 
importante que este conheça o DSM e saiba realizar o exame do estado 
mental. 
TRANSTORNO MENTAL: um conjunto de sinais e sintomas caracterizados por 
uma perturbação clinicamente significativa. Isso significa dizer que o paciente 
precisa apresentar um prejuízo consistente na cognição (pensamentos), na re-
gulação emocional e no comportamento do indivíduo, que reflete uma disfunção 
nos processos psicológicos, biológicos ou do desenvolvimento subjacentes ao 
funcionamento mental. 
➔ Deve-se levar em consideração a frequência e a intensidade dos sinais 
e sintomas para que um diagnóstico seja realizado. 
O DSM-5-TR é um texto revisado do DSM-V. Em 2023 ainda não existe um DSM-
6, o qual, quando for lançado, trará mudanças muito mais significativas. 
Atualmente não se fala mais em “psicossomática”, pois esse termo traz a ideia 
de que o corpo e a mente são separados, enquanto, na verdade, há uma com-
preensão de que tudo que atinge o corpo, atinge a mente e vice-versa. 
• Todas as doenças do corpo afetam a mente e todas as doenças da mente 
afetam o corpo. 
No DSM-5-TR os textos de 70 transtornos (entre os 301 existentes) foram modi-
ficados. Isso não significa que os critérios diagnósticos foram mudados, mas sim, 
que os textos passaram a ser mais compreensíveis. 
No DSM-5-TR foi incluído mais um diagnóstico: Transtorno do Luto Prolongado. 
• Encontra-se no capítulo de Traumas e Outros Estressores. 
• Para ser diagnosticado, precisa que a morte de uma pessoa próxima te-
nha ocorrido há pelo menos 12 meses. O paciente precisa apresentar an-
seio ou saudade intensa pela pessoa falecida, preocupações com pensa-
mentos ou lembranças da pessoa falecida. Desde a morte, pelo menos 
três dos seguintes sintomas precisam estar presentes na maioria dos dias, 
em um grau clinicamente significativo. Além disso, os sintomas precisam 
ocorrer quase todos os dias pelo período de pelo menos um mês: 
 
 
o Rompimento da identidade; 
o Sensação marcada de descrença sobre a morte; 
o Evitar lembrar da pessoa falecida; 
o Dor emocional intensa (p. ex., raiva, tristeza ou amargura intensa 
relacionada à morte); 
o Dificuldade em se reintegrar no relacionamentos e atividades após 
a morte do ente querido; 
o Dificuldade de buscar interesse e planejar o futuro; 
o Dormência emocional (ausência ou redução acentuada da experi-
ência emocional como resultado da morte do parente); 
o Sentimentos de que a vida não tem mais sentido; 
o Solidão intensa como resultado da morte. 
Questões de gênero, sexualidade e racismo foram revisadas no DSM-5-TR. 
O DSM-5-TR traz como novidade o tópico “associações com pensamentos ou 
comportamentos suicidas”. 
Dois transtornos foram renomeados: Transtorno da Deficiência Intelectual agora 
passou a ser Transtorno do Desenvolvimento Intelectual e Transtorno de Con-
versão agora passou a ser Transtorno de Sintomas Neurológicos Funcionais. 
Os transtornos de personalidade categóricos permanecem categóricos. 
SEMIOLOGIA PSICOPATOLÓGICA: importante, pois contempla a entrevista 
clínica. É a ferramenta que auxilia o profissional a chegar a uma avaliação e a 
um diagnóstico mais assertivo. 
SINAIS: podem ser indicativos de determinado transtorno mental. Assim, é im-
portante que o profissional tenha conhecimento dos sinais para saber distinguir 
os diferentes transtornos existentes, lembrando sempre que não existe um sinal 
específico apenas de uma condição psicopatológica. São verificáveis por meio 
da observação direta. Ex.: a roupa do paciente, o jeito de falar, o autocuidado, a 
postura corporal, as expressões faciais etc. 
 
 
 
➔ Conseguimos identificar determinados transtornos apenas se tivermos co-
nhecimento sobre eles. E, por isso, é importante conhecer a semiologia 
psicopatológica. Se tudo que um profissional conhece é depressão, por 
exemplo, qualquer sinal parecerá que o paciente apresenta depressão, e 
não qualquer outra condição. 
SINTOMAS: são as vivências subjetivas do paciente. Conseguimos identificar 
os sintomas apenas pelo relato do paciente ou de pessoas próximas (narrativas). 
➔ Um sintoma sozinho não fecha diagnóstico! Ouvir vozes, por exemplo, 
pode ser tanto Esquizofrenia, quando Demência, TOC, Depressão etc. 
➔ O profissional deve estar atento se um relato de alucinação representa 
realmente uma alucinação ou uma pseudoalucinação (ex.: ver vultos ou 
ouvir alguém chamando pelo nome). 
o Pseudoalucinações não têm corporeidade. A alucinação é a pre-
sença clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a 
presença de um objeto estimulante real. 
Existe a Psicopatologia Fenomenológica, a Psicopatologia Psicodinâmica e a 
Psicopatologia Ateórica/Descritiva, sendo essa última a mais aceita pela ci-
ência na atualidade. A Psicodinâmica (baseada na Psicanálise) foi utilizada nos 
DSM I e II, mas deixou de ser utilizada no DSM-III. Hoje, no DSM-V-TR, alguns 
resquícios da Psicodinâmica ainda restam e estão sendo modificados. O “Trans-
torno de Conversão”, por exemplo, que remete à conversão, conceito criado pelo 
Freud, teve sua denominação modificada para “Transtorno de Sintomas Neuro-
lógicos Funcionais”. 
O QUE NÃO É UM TRANSTORNO MENTAL: um transtorno mental não consti-
tui uma resposta esperadaculturalmente a um estressor ou a uma perda. Perder 
alguém e ficar triste por alguns meses, por exemplo, não constitui um transtorno 
mental, pois é uma resposta emocional esperada. Contudo, se o sujeito passar 
anos e ainda agir como se a morte fosse recente, isso sim é psicopatológico 
(Transtorno do Luto Prolongado). 
➔ O psicólogo deve conhecer o DSM afundo para não enquadrar todas as 
pessoas em um transtorno. Além disso, deve ter cuidado para não buscar 
 
 
no relato do paciente elementos para confirmar a hipótese do transtorno 
que ele “acha” que o sujeito tem (viés de confirmação). 
Pinel é conhecido como o pai da psiquiatria, pois enxergou as pessoas que es-
tavam no manicômios como sujeitos doentes que necessitavam de cuidados, 
assim como qualquer outro paciente doente de qualquer outra especialidade mé-
dica. Ele tentou oferecer dignidade para os pacientes. 
Freud foi o primeiro teórico a esquematizar uma sessão de terapia: estabeleceu 
os 50 minutos, a privacidade dos pacientes (as sessões deixaram de ser reali-
zadas em lugares públicos) etc. Assim, ele muda a história da psicoterapia e do 
tratamento em saúde mental. 
Emil Kraepelin também modificou a história da Psicologia, da Psicopatologia e 
da Psiquiatria, pois afirmava que todas as doenças têm base biológica, sendo 
um forte opositor da ideia freudiana da existência de um inconsciente. Para ele, 
era necessário descrever os fenômenos observados nos paciente. Sendo assim, 
ele é considerado o pai da Psicopatologia Descritiva usada atualmente. 
1980: Reforma Psiquiátrica. Objetivou menos exclusão e mais socialização dos 
pacientes. Foi possível ocorresse devido aos avanços dos psicofármacos, os 
quais possibilitaram que os sujeitos pudessem conviver tranquilamente com 
suas famílias. Com a Reforma Psiquiátrica surgiram os modelos alternativos aos 
hospitais psiquiátricos: CAPS (Centro de Atenção Psicossocial), os Hospitais-
Dia e as internações quando necessárias em hospitais gerais. 
• Hospital-Dia: é a assistência intermediária entre a internação e o atendi-
mento ambulatorial, para realização de procedimentos clínicos, cirúrgicos, 
diagnósticos e terapêuticos, que requeiram a permanência do paciente na 
Unidade por um período máximo de 12 horas. 
SÍNDROME: apenas um conjunto de sinais e sintomas. Tem-se uma síndrome 
quando o profissional não conhece nem o curso, nem o prognóstico e nem a 
 
 
etiologia de determinada doença. No passado, no DSM-IV e no DSM-IV-TR, o 
Transtorno do Pânico, por exemplo, era denominado Síndrome do Pânico. 
TRANSTORNO: diferentemente da síndrome, no transtorno o curso e o prog-
nóstico são conhecidos, contudo, ainda assim não se sabe a etiologia. A etiologia 
de um transtorno é multifatorial. 
• Multifatorial: o desenvolvimento e a manutenção de um transtorno men-
tal necessitam de muitos fatores e de um ambiente favorável. 
o A morte de uma pessoa querida não causa a depressão de deter-
minado sujeito (causalidade), mas pode estar relacionada com o 
desenvolvimento do transtorno (correlação). Tal fato pode ser um 
fator desencadeante que contribuiu para a depressão, contudo, 
nem todos os sujeitos que perdem alguém se tornam depressivos, 
dessa forma, morte e depressão não estabelecem causalidade. 
o Assaltos, mortes ou outras situações traumáticas não são as cau-
sas do Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT). Algumas 
pessoas são assaltadas inúmeras vezes, mas não desenvolvem o 
transtorno, pois têm outros fatores que são protetivos. Contudo, em 
outros sujeitos essas situações podem funcionar como fatores de-
sencadeantes. 
• Assim, o diagnóstico em saúde mental não é estabelecido pela etiologia, 
afinal, não há exames médicos para identificar um transtorno como exis-
tem nas demais áreas médicas. 
• Não existe uma causa X que gera um transtorno Y, existem múltiplas cau-
sas. Genética, história de vida, fatores ambientais, fatores de personali-
dade, estressores, estilo de vida etc. são as multicausalidades. Obser-
vando a história de vida do paciente, o profissional consegue perceber os 
fatores que desencadeiam e que mantêm determinado transtorno. 
DOENÇA: o curso, o prognóstico e a etiologia são conhecidos. 
Atualmente o termo “doença mental” não é utilizado, mas sim, “transtorno men-
tal”, por dois motivos: 1) A etiologia dos transtornos não é conhecida; e 2) Exis-
tem estigmas por trás dos termos “doença mental” e “loucura”. 
 
 
Modelo atual criado por David Barlow que, para a ciência, melhor explica a etio-
logia dos transtornos mentais. 
Barlow afirma que certas pré-disposições podem influenciar na vulnerabilidade 
de uma pessoa, por exemplo, ao medo. Segundo essa linha de pensamento, a 
soma das três vulnerabilidades a seguir contribuiria para o desenvolvimento de 
um transtorno: 
➔ Questão genética; 
➔ Vulnerabilidade psicológica (aspectos da personalidade); e 
➔ Componente psicológico específico (mais ambiental): traumas, abando-
nos, abusos etc. 
Assim, se uma pessoa está sob grande pressão de estressores interpessoais e 
já apresenta tendências biológicas de ser mais ansiosa e tendências psicológi-
cas de achar que não dá conta de administrar as situações e controlar o estresse, 
por exemplo, o transtorno pode se desenvolver. 
Nem todos os transtornos apresentam o mesmo peso nesses três fatores. Em 
outras palavras, fatores diferentes têm pesos diferentes para cada transtorno. A 
esquizofrenia, por exemplo, tem um peso muito maior do fator genético, já a de-
pressão tem um peso muito maior do fator ambiental. 
➔ Quanto mais grave for a esquizofrenia de um genitor, maior a possibili-
dade dos filhos desenvolverem esquizofrenia. 
➔ Se uma criança adotada tem uma mãe biológica que apresenta a esqui-
zofrenia, ela tem 5% de chance de desenvolver o transtorno, em compa-
ração com 1% de chance da população geral. 
➔ Em relação ao TEA/TDAH, o sujeito já nasce com o TEA/TDAH. Contudo, 
a gravidade desse transtorno será maior ou menor dependendo do ambi-
ente em que essa criança vai crescer. 
A Psicopatologia/Psicologia/Psiquiatria não fala de cura em transtorno mental, 
mas sim, de remissão parcial ou remissão total. 
 
 
CURA: significa que não há mais resquícios da condição patológica anterior-
mente apresentada. 
REMISSÃO: período em que o transtorno permanece sob controle. Ou seja, o 
paciente pode estar sem qualquer evidência da doença (remissão completa), 
mas não é considerado curado pois ainda existe o risco de o mal retornar ou há 
necessidade de controlá-lo com remédios. 
• Remissão significa retorno à funcionalidade. Não significa que os sin-
tomas desapareceram. 
• Remissão total: cerca de 70% de melhora do caso. 
• Remissão parcial: cerca de 50% de melhora do caso. 
Mesmo com o tratamento correto, dependendo da gravidade do transtorno, al-
guns não terão remissão parcial ou total. Por esse motivo o diagnóstico é impor-
tante: ele informa ao profissional o que esperar do transtorno com e sem trata-
mento. 
➔ O Transtorno de Personalidade Borderline é o transtorno de personali-
dade com maior possibilidade de prognóstico, pois em torno de 25% dos 
pacientes pode remitir os sintomas mesmo sem tratamento. 
➔ No caso da Esquizofrenia, mesmo com tratamento o prognóstico não é 
tão bom. 
Ao apresentar um transtorno mental, o sujeito não poderá esquecer da sua con-
dição; deverá estar sempre atento sempre aos sintomas prodrômicos (auto mo-
nitoração) para que, assim, possa comunicar ao seu médico/psicólogo quando 
os sintomas deixarem de ser remitidos. 
• Fase prodrômica: é a fase que precede o aparecimento de sintomas de 
uma dada doença. 
Os transtornos episódicos, mesmo que apresentem o melhor prognóstico, 
também não são curados. Assim como todos os outros, apenas entram em re-
missão, mas se o sujeito apresenta uma base genética, os sintomas podem vol-
tar a surgir caso tais bases genéticas sejam ativadaspor fatores ambientais. 
 
 
No caso dos transtornos crônicos, tais como a Esquizofrenia, o Transtorno 
Afetivo Bipolar e os Transtornos de Personalidade, o paciente precisará tomar 
medicação para sempre. Contudo, dizer que um caso é “crônico” não significa 
dizer que este não pode entrar em remissão total ou parcial, afinal, remissão 
significa “retorno à funcionalidade”, e não o desaparecimento do transtorno. Um 
paciente bipolar pode ser funcional e, assim, ele está em remissão, mesmo que 
o transtorno ainda se mantenha. 
No caso dos transtornos do neurodesenvolvimento (TDAH, TEA etc.), a ma-
nifestação já vem ativada desde o nascimento, não sendo possível reverter – a 
expressão do gene pode ser aumentada ou diminuída dependendo do ambiente. 
No caso dos transtornos degenerativos, como o Alzheimer, uma vez iniciados, 
não regridem. O máximo que é possível realizar nos dias de hoje é barrar a de-
generação, mas o que já degenerou não tem como voltar ao que era antes. 
➔ Entre os quatro tipos de transtorno, os mais fáceis de entrar em remissão 
são os transtornos episódicos, como a depressão, por exemplo. 
Há diversas dificuldades para a realização de um diagnóstico, ocasionando inú-
meros erros por parte dos clínicos. Entre elas: 
• Existem problemas que estão presentes em diversos transtornos; 
• Não existem marcadores biológicos para transtornos mentais; 
• Não existem sintomas patognomônicos; 
• Os sintomas, em sua maioria, são dimensionais; 
• Existem traços que não indicam necessariamente um transtorno; 
• Existem as comorbidades, isto é, pacientes que apresentam mais de um 
transtorno ao mesmo tempo, o que, infelizmente, é regra e não exceção; 
• Existe uma heterogeneidade dos diagnósticos, o que significa dizer que 
dois paciente podem apresentar o mesmo transtorno e serem totalmente 
diferentes; 
• Não existem exames ou marcadores biológicos para diagnosticar; 
 
 
• Os pacientes podem migrar de um transtorno para o outro durante a vida. 
O fato de um sujeito ter um transtorno já aumenta o risco de que ele tenha 
outros. 
PARA LEMBRAR: nenhum manual de classificação exclui uma boa entrevista 
clínica e a avaliação do estado mental do paciente. Sendo assim, a avaliação 
clínica é soberana na psicopatologia. Diagnosticar é ouvir o paciente e avaliá-
lo de maneira profunda, conhecendo sua história, seu cotidiano e seu estado 
mental (como andam as suas funções psíquicas), e não apenas dar “check” nos 
sintomas que ele apresenta conforme o DSM ou o CID. 
➔ O clínico deve saber o que, como e quando perguntar algo para o paci-
ente. 
1. DIAGNOSTICAR É ROTULAR? 
As pessoas não SÃO o diagnóstico, elas TÊM um diagnóstico. Hoje em dia evita-
se falar “eu sou depressivo”, fala-se “tenho depressão”. 
O profissional precisa ter cuidado no modo de falar com o paciente, pois atribuir 
que este É depressivo, por exemplo, pode ter um peso muito grande sobre o que 
ele acredita sobre si mesmo. A constituição de crenças está relacionada à co-
municação verbal. 
➔ O diagnóstico não serve para rotular pessoas! É importante psicoedu-
car o paciente para que ele não se sinta rotulado. 
O diagnóstico em saúde mental serve, na verdade, para orientar o tratamento e 
adotar medidas protetivas, assim como em qualquer outra área. Contudo, muitas 
vezes ainda é visto como uma questão moral, devido à historicidade da loucura. 
Serve também para que um profissional possa conversar com o outro (em todo 
o mundo) sobre a condição psíquica de um mesmo paciente. 
O “rótulo” em saúde mental está ligado a estigmas, que se caracteriza por atri-
buição de estereótipos, perda de status social, discriminação etc. 
➔ É preciso enxergar que existe uma pessoa para além do diagnóstico 
que ela apresenta e que essa pessoa é diferente das demais: tem uma 
 
 
história de vida distinta e um modo distinto de lidar com o transtorno que 
apresenta (“Como isso te atravessa?”). 
Apesar dos estigmas, é muito simplista abolir os diagnósticos, pois, assim, a ori-
entação dos tratamentos seria prejudicada. É necessário, então, combater os 
preconceitos com ciência e informação. 
➔ Não diagnosticar é impedir um bom tratamento. 
PRÓS DO DIAGNÓSTICO: 
• Um diagnóstico precoce favorece um prognóstico. Quando se tem um di-
agnóstico, fica mais fácil esperar o que irá acontecer com o paciente. 
• Com o diagnóstico, o sujeito se submete a um tratamento melhor. Um 
paciente com esquizofrenia, por exemplo, se não diagnosticado, pode 
passar por diversos surtos. Quanto mais crises o sujeito passar, ocorre 
uma espécie de destruição dos seus neurônios, podendo haver o desen-
volvimento de uma demência precoce. 
 
2. ESTAMOS VIVENDO UMA EPIDEMIA DOS TRANSTORNOS MEN-
TAIS? EXISTE UMA PATOLOGIZAÇÃO DO SOFRIMENTO? 
Talvez o maior interesse da população pelos temas de saúde mental ofereça a 
sensação de que os transtornos estão aumentando. 
Ainda hoje, quem transtorno mental é a minoria da população, e não a maioria. 
Os transtornos mais prevalentes não passam de 5% da população geral. 
Muitos dos sinais e sintomas dos transtornos mentais são parte da vida cotidiana, 
levando as pessoas a acreditarem que têm a maior parte deles, o que é errôneo, 
pois, para além de simplesmente apresentar um sintoma, existe a intensidade e 
a duração deste. 
TRAÇOS DE PERSONALIDADE: aspecto dimensional. Dimensões de dife-
renças individuais em tendências de mostrar padrões de pensamentos, senti-
mentos e comportamentos. Esses traços de personalidade são encontrados em 
diversos graus entre as pessoas e descrevem a frequência do comportamento 
 
 
que expressam ao longo da vida do indivíduo. Operam em uma base de proba-
bilidade. 
• Se um paciente apresenta quatro critérios do Transtorno de Personali-
dade Borderline, ele não poderá ser diagnosticado com Borderline, pois o 
DSM-V-TR pede, no mínimo, 5 dos critérios listados. Esse paciente tem, 
então, um Transtorno de Personalidade Especificado (nesse caso, o pro-
fissional precisa especificar o critério que falta) ou um Transtorno de 
Personalidade Não-especificado (categoria residual, em que o profissio-
nal sabe que o paciente apresenta um transtorno de personalidade, mas 
ele não preenche os critérios completos para qualquer um dos transtornos 
do DSM-V-TR e o profissional não consegue dizer qual é o sintoma que 
está faltando). 
O problema dos Transtornos Não-especificados é quando eles viram regra, e 
não exceção. Antigamente, as mulheres que não tinham amenorreia não eram 
diagnosticadas com Anorexia, mas sim, com Transtorno Alimentar Não-especifi-
cado. Como era difícil ter amenorreia, quase todos os diagnósticos eram de 
TANE, o que não fazia sentido, pois de nada adiantava existir a anorexia se todo 
mundo era TANE. O dimensional vem, então, para resolver isso (deixa de existir 
o simplista “sim ou não”). A partir do dimensional foi possível tratar mais pessoas 
que podem ter um quadro mais leve de determinado transtorno. Isso foi positivo, 
pois os tratamentos precoces melhoram o prognóstico. 
FALSOS POSITIVOS: grande problema que necessita ser combatido e, para tal 
fim, é importante que os profissionais conheçam sobre diagnóstico. Quanto mais 
o conhecimento de um profissional sobre diagnósticos é superficial, mais diag-
nósticos ele realiza, acabando por patologizar todo mundo ao seu redor. 
➔ A chance de se ter um falso positivo é imensa quando o profissional des-
considera o grau de disfuncionalidade do paciente e o seu sofrimento, 
quando não realiza o exame do estado mental para saber quais as fun-
ções psíquicas que estão alteradas, quando não faz uma avaliação longi-
tudinal etc. 
 
3. O PSICÓLOGO PODE DAR DIAGNÓSTICO? 
 
 
O psicólogo pode dar diagnóstico. 
A polêmica que diz que “psicólogo não pode dar diagnóstico” tem base na Lei 
12.842/2013 (Ato Médico). Na época da promulgação dessa Lei, realmente es-
tavaescrito, no Artigo I do § 4º, que o diagnóstico nosológico é exclusividade do 
médico. Porém, o que talvez a maior parte das pessoas não conheça, é que esse 
artigo foi vetado pela presidente Dilma Rousseff. 
• Justificativa: o diagnóstico não pode ser privativo do médico, pois isso in-
viabiliza a manutenção das ações, dos protocolos e das diretrizes clínicas 
estabelecidas pelo Sistema Único de Saúde. 
o Se um paciente estivesse tendo uma embolia pulmonar, por exem-
plo, e o fisioterapeuta tivesse que chamar o médico para realizar o 
diagnóstico, nesse meio-tempo era possível que o paciente mor-
resse, pois sem um diagnóstico o fisioterapeuta não poderia agir. 
 
➔ Diagnóstico não é de exclusividade do médico! 
Ademais, a Lei 4.119/1962, que regulamenta a profissão do psicólogo no Brasil, 
esclarece que é facultado ao psicólogo o uso de manuais de classificação (CID 
e DSM). Assim, se o psicólogo deseja usar os manuais para diagnosticar, ele 
está amplamente amparado pela lei. Isso vale para qualquer transtorno do DSM 
e para qualquer transtorno do CID da categoria F (única categoria permitida aos 
profissionais de psicologia). 
➔ O diagnóstico psicológico não é diferente do diagnóstico em psico-
patologia. Ambos são a mesma coisa! 
o Psicodiagnóstico e avaliação psicológica são mais amplos do que 
o diagnóstico psicológico/médico em si, pois pode realizar testa-
gens, observação de comportamento, processos grupais etc. O di-
agnóstico nosológico pode ser utilizado dentro do processo de ava-
liação psicológica, se o profissional de psicologia assim julgar ne-
cessário. 
Existem atribuições que são exclusivas do psicólogo no momento de realizar o 
diagnóstico: avaliação/testes psicológicos. 
 
 
As leis do Conselho Federal de Medicina (CFM) só regulamenta a profissão do 
médico. Portanto, não pode interferir na atuação do psicólogo (e nem de qual-
quer outro profissional). Apenas uma Lei Federal poderia impedir o psicólogo de 
algo, mas, no caso do diagnóstico, a Lei não passou. 
 
4. É PRECISO APLICAR TESTES PARA REALIZAR DIAGNÓSTICO? 
Os testes são exclusivos do psicólogo, então, se este profissional precisasse 
aplicar testes para realizar um diagnóstico, automaticamente o diagnóstico seria 
de sua exclusividade. 
➔ Não é necessário aplicar testes para realizar diagnósticos. 
O laudo/relatório/parecer do psicólogo continua sendo válido, mesmo que ele 
não use testes. 
➔ Nenhuma escala ou teste substitui a entrevista clínica ou a avaliação do 
paciente. Servem como um auxílio, principalmente para os profissionais 
com menos pacientes. 
➔ Se o profissional não sabe fazer uma boa entrevista, avaliar o paciente de 
maneira longitudinal e avaliar as funções psíquicas, de nada adianta usar 
testes ou escalas. 
O atestado psicológico de afastamento de um sujeito do trabalho é válido. Se 
determinada empresa não aceitar, cabe processo. 
• O atestado, o laudo e o relatório do psicólogo têm valor legal. 
FORMA: estrutura básica (ex.: delírio), comum a todos os pacientes. 
CONTEÚDO: aquilo que preenche a alteração estrutural (ex.: delírio religioso, 
sensação de culpa presente em uma alucinação etc.). É mais individual. 
PATOGÊNESE: processo de como diferentes sintomas da psicopatologia se for-
mam e se estruturam. Diz respeito à forma, então é comum a todos os pacientes. 
 
 
PATOPLASTIA: contornos específicos dos sintomas. São temas e histórias que 
dependem da história de vida singular do paciente e da cultura em que ele vive. 
Diz respeito ao conteúdo. 
1. NÃO EXISTEM MARCADORES BIOLÓGICOS NOS TRANSTORNOS 
MENTAIS: isso implica em estarmos diante de uma avaliação subjetiva. 
É sempre importante lembrar que o diagnóstico em saúde mental é muito 
complexo e está além de dar “check” nos critérios dos manuais. Realizar 
uma entrevista clínica não diz respeito a simplesmente fazer perguntas – 
agir dessa forma implica em não criar um vínculo com o paciente. 
o O que perguntar? Sinais, sintomas, história de vida, acontecimen-
tos marcantes etc. 
o Como perguntar? É importante ter o mínimo de sensibilidade. Em 
vez de perguntar “Você já pensou em suicídio?”, o profissional 
deve ir se aproximando aos poucos: “Você se sente triste?” > “Essa 
tristeza você sente há quanto tempo?” > “Você tem planos para os 
próximos 5 anos?” > “E planos para os próximos meses, você 
tem?” > “Hm. De repente já passou pela sua cabeça a ideia de 
dormir e não acordar?” > “Em que momento?” > “De que forma 
essa ideia passa pela sua cabeça?”. 
▪ Além de saber como perguntar, é importante saber interpre-
tar as respostas. Para isso, é crucial observar o comporta-
mento do paciente, o seu discurso, o modo de falar, o não-
verbal (gestos, forma de se vestir etc.), o modo como reage 
ao entrevistador etc. 
o Quando perguntar? Importante fazer perguntas apenas após a 
criação de vínculo com o paciente. 
DISSOCIAÇÃO IDEOAFETIVA: o paciente expressa uma emoção que não é 
compatível com a fala. Por exemplo: um paciente com Borderline pode falar so-
bre suicídio rindo. 
 
 
2. EM GRANDE PARTE, A COLETA DE INFORMAÇÕES DEPENDE DO 
RELATO DO PACIENTE: esse fato apresenta-se como uma dificuldade 
para a realização do diagnóstico por três motivos: 
- Vínculo: interfere no relato. Se o profissional não consegue estabelecer um 
bom vínculo com o paciente, a entrevista diagnóstica está grandemente compro-
metida. O paciente, por não confiar no entrevistador, pode fazer um recorte do 
que contar, omitindo, assim, algum relato importante. 
- O quanto o relato do paciente pode estar comprometido: é importante que 
o profissional realize o exame do estado mental, para compreender como estão 
as funções psíquicas do sujeito. 
• O exame do estado mental ocorre ao mesmo tempo em que o profissio-
nal está realizando uma entrevista clínica com o paciente ou até mesmo 
na hora da marcação da consulta, mesmo que esta ocorra via WhatsApp. 
Não é uma avaliação separada ou um teste. Serve para observar as fun-
ções psíquicas do paciente, as quais ajudam o profissional a compreender 
a composição do seu funcionamento. Quando um sujeito tem as funções 
psíquicas alteradas, ele apresenta sinais e sintomas que indicam o adoe-
cimento psíquico. 
- Tempo: a investigação requer que o profissional vá “montando o quebra-ca-
beça” da história do paciente, mediante o tempo que o paciente leva para ofere-
cer os seus relatos. Para isso, o profissional deve observar as histórias transver-
sal e longitudinal apresentadas. O psicólogo tem a vantagem de colher mais in-
formações do que o psiquiatra, pois encontra semanalmente com o paciente. 
• Transversal: análise dos sintomas e sinais presentes no momento. 
• Longitudinal: análise da história de vida do paciente. 
FUNÇÕES PSI. ELEMENTARES: consciência, atenção, sensopercepção, me-
mória, inteligência, afeto/humor, pensamento, juízo de realidade e linguagem. 
FUNÇÕES PSI. COMPOSTAS: valoração do eu, esquema corporal e identidade 
e personalidade. 
 
 
➔ Para um diagnóstico adequado, o profissional deve saber identificar qual 
a função psíquica que está alterada em seu paciente. 
Se um sujeito tem um prejuízo na função psíquica “juízo de realidade”, o seu 
relato estará todo prejudicado. 
Se o prejuízo é na função psíquica “pensamento”, o pensamento do sujeito es-
tará todo desorganizado; o seu discurso será sem lógica ou ordem. 
Se o prejuízo é na “linguagem”, o paciente faz a “ecolalia”. Exemplo: “Tudo bem, 
seu João?”. Resposta: “Bem, bem, bem, bem” – grande repetição de palavras. 
JUÍZO DE REALIDADE: função psíquica elementar. Para entender tal função, 
primeiro é necessário compreender os conceitos de “erro simples” e “delírio”. 
• Erro simples: associações de causa e efeito que fazemos e que não 
apresenta uma lógica. Por exemplo, julgar que alguém é uma boa pessoa 
porque está bem vestida ou dizer que algo ruim ocorreu porque o galo 
cantou“fora da hora”. É algo recorrente em pacientes com TOC (p. ex., 
“se eu pensar que minha filha vai morrer, então eu bato palma três vezes 
e, assim, ela não morre”). Uma distorção cognitiva é um erro simples (p. 
ex., “se eu sinto que meu namorado não me ama, isso significa que ele 
não me ama mais”). Pode ser facilmente corrigido. Não é uma condição 
psicopatológica. 
• Delírio: é irremovível. O paciente não se convence se alguém argumen-
tar com ele. A característica do delírio é a certeza. É uma alteração do 
juízo de realidade, e não da sensopercepção. 
o O delírio é diferente de uma ideia sobre valorada. Uma paciente 
com anorexia, por exemplo, não é psicótica, mas ela pode apre-
sentar uma ideia sobre valorada e, assim, agir conforme essa ideia 
(“estou gorda” > leva a paciente a não comer). Na Hipocondria (de-
nominada hoje de Ansiedade de Doença), a pessoa tem uma ideia 
sobre valorada de que está doente e, assim, faz diversos exames 
procurando essa doença. 
• Ideias deliróides: também denominada de “delírio secundário” (originam-
se de outros sintomas). Exemplo: o paciente em mania que acha que é 
 
 
muito rico e paga tudo para todo mundo – essa ideia é secundária a ela-
ção do humor ao quadro de mania. 
• Ideias delirantes verdadeiras: apresentam conteúdo persecutório, auto 
referente (“está todo mundo me olhando”), de controle etc. 
 
➔ É importante compreender a diferença entre erro simples e delírio, porque 
se o profissional não tiver esse conhecimento, ele pode confundir TOC 
com quadros psicóticos, por exemplo. 
CONSCIÊNCIA DO EU: está dividida em quatro aspectos: identidade do eu, ati-
vidade do eu, unidade do eu e a oposição eu-mundo. 
• Identidade do eu: quem sou eu? O paciente pode afirmar que hoje ele 
não é mais ele, mas sim, algum cantor famoso, por exemplo, caso ele 
apresente uma alteração na identidade do eu. 
• Atividade do eu: quando o sujeito apresenta uma alteração na atividade 
do eu, ele pode afirmar, por exemplo, que não é ele que está movendo o 
seu próprio braço, mas sim um ET que o está controlando. 
• Unidade do eu: pode estar alterada em vários transtornos de personali-
dade. 
• Oposição eu-mundo: pode se expressar como uma “publicação de pen-
samento” – o sujeito julga que todas as pessoas sabem o que ele está 
pensando. Há, nesse caso, uma confusão entre o que é do próprio corpo 
do sujeito e o que é a fronteira entre ele e o mundo. 
 
➔ O profissional deve identificar quais funções psíquicas que estão al-
teradas no paciente, para que possa realizar perguntas direcionadas. 
Para fazer um diagnóstico com segurança, o profissional deve saber realizar uma 
boa entrevista clínica. 
TIPOS DE ENTREVISTA: 
1. ESTRUTURADA: lista fixa de perguntas. 
2. SEMIESTRUTURADA: existem perguntas básicas e, caso seja necessá-
rio, algumas podem ser acrescentadas ou retiradas. 
 
 
3. ABERTAS: o profissional não tem uma lista de perguntas, pois estas sur-
gem na medida em que a entrevista flui e o paciente fala. 
O profissional deve saber qual a melhor entrevista a ser escolhida para determi-
nadas situações ou pacientes. Contudo, para além da técnica, deve ter habili-
dade: deve saber quais perguntas formular, quais perguntas devem ser evitadas, 
como e quando perguntar, deve evitar postura rígida, reações fortemente emoti-
vas, comentários valorativos, hostilidade, agressão, pena/muita compaixão etc. 
É importante olhar no olho do paciente, para que ele sinta que você se importa. 
AS TRÊS REGRAS “DE OURO” DA ENTREVISTA EM SAÚDE MENTAL 
1. Pacientes organizados (mentalmente), com inteligência normal, com esco-
laridade boa ou razoável, fora de um “estado psicótico”, devem ser entre-
vistados de forma mais aberta, permitindo que falem e se expressem de 
maneira mais fluente e espontânea. O entrevistador fala pouco, fazendo 
algumas pontuações para que o indivíduo “conte a sua história”. 
2. Pacientes desorganizados, com nível intelectual baixo, em estado psicótico 
ou paranoide, “travados” por alto nível de ansiedade, devem ser entrevista-
dos de forma mais estruturada. Nesse caso, o entrevistador fala mais, faz 
perguntas mais simples e dirigidas (perguntas fáceis de serem compreen-
didas e respondidas). 
3. Nos primeiros contatos com pacientes muito tímidos, ansiosos ou paranoi-
des, deve-se fazer primeiro perguntas neutras (nome, onde mora, profissão, 
estado civil, nome de familiares, etc.), para apenas então, gradativamente, 
começar a formular perguntas “mais quentes” (às vezes, constrangedoras 
para o indivíduo), como: Qual o seu problema?, Por que foi trazido ao hos-
pital?, O que aconteceu para que você agredisse seus familiares?, etc. Vale 
a sabedoria popular que diz: “O mingau quente se come pela beirada”. 
 
➔ Entrevista é paciência! 
O entrevistador precisa estabelecer um vínculo e um ambiente acolhedor para 
o paciente. 
➔ É sempre importante envolver os familiares na entrevista, principalmente 
quando o paciente tem as funções psíquicas muito alteradas. 
 
 
A perspectiva dimensional considera os espectros, e não as categorias, permi-
tindo, assim, que os profissionais observem as nuances entre o que “normal”, o 
que é traço e o que é transtorno. 
➔ Para realizar um diagnóstico diferencial, o profissional deve basear-se nos 
seguintes requisitos: gravidade dos sintomas (intensidade), por quanto 
tempo os sintomas duram (frequência) e de que maneira esses sinto-
mas afetam a capacidade e o funcionamento da vida diária do sujeito 
(sofrimento clinicamente significativo). 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: realizado quando o profissional tem duas ou 
mais hipóteses diagnósticas e precisa analisar se o paciente apresenta o trans-
torno X ou Y ou, quem sabe, apresenta os dois. É a capacidade de distinguir 
ou decidir entre um diagnóstico e outro. 
• Em outras palavras, é um método usado para identificar transtornos, feito 
por um processo de eliminação. É a caracterização de um transtorno após 
a comparação dos seus sinais e sintomas com outros transtornos. 
COMORBIDADE: quando o sujeito apresenta dois ou mais transtornos ao 
mesmo tempo. Diferentemente do diagnóstico diferencial, o profissional não 
precisa decidir entre um e outro, pois já está concluído que o paciente apresenta 
mais de um transtorno. 
➔ Desde o DSM-IV-TR, a Psicopatologia não trabalha mais com o conceito 
de “diagnóstico principal”, que estava presente nos “eixos” do DSM que 
hoje já não existem mais. Esse conceito existia para que o profissional 
soubesse qual transtorno ele deveria tratar primeiro. Hoje, para tomar 
essa decisão, o profissional deve observar o nível de gravidade. Se, por 
exemplo, o paciente apresenta vários transtornos e, dentre eles, há a ide-
ação suicida, este problema deve ser tratado primeiro. 
o Preservar a vida do paciente sempre deve ser a prioridade máxima! 
➔ Se o profissional julgar que os dois transtornos apresentados pelo seu 
paciente estão no mesmo nível de gravidade, ele deve dialogar para com-
preender qual o incomoda mais. 
 
 
ESPECIFICADOR: é um discriminador, ou seja, especifica características de 
determinado transtorno para diferenciá-lo do geral. Se uma paciente apre-
senta Transtorno Depressivo Maior, mas este surgiu entre a gravidez e o pós-
parto, hoje existe um especificador para isso: Transtorno Depressivo Maior com 
início no periparto. Existem especificadores para quase todos os tipos de trans-
torno, os quais relatam a gravidade: leve, moderado e grave. 
• Atualmente não se fala mais em “depressão pós-parto”, pois tal condição 
psicopatológica pode surgir antes mesmo do parto, no período da gesta-
ção. 
Os especificadores oferecem uma característica a mais para o transtorno 
diagnosticado. 
Hoje, se o paciente apresenta Transtorno Depressivo Maior e sintomas de Ansi-
edade, ele não recebe dois diagnósticos, pois o DSM criou especificadores para 
determinados transtornos. O seu diagnósticoé, portanto, “Transtorno Depressivo 
Maior. Especificador: ansioso”. 
• DÚVIDA: Qual a diferença entre um paciente ter um especificador e ter 
uma comorbidade? A partir de agora ele sempre terá um especificador 
(nesse caso, “ansioso”) ou em algum momento ele pode ter, por exemplo, 
Transtorno de Ansiedade Generalizada? Quando eu vou dizer que o pa-
ciente tem um especificador ansioso e não TAG? 
o RESPOSTA: considera-se a gravidade dos sintomas. Se não for 
grave o suficiente para preencher todos os critérios necessários 
para um Transtorno de Ansiedade, o paciente apresenta um espe-
cificador. Em contrapartida, se for grave o suficiente para preen-
cher todos os critérios para um Transtorno de Ansiedade, então o 
sujeito apresenta uma comorbidade: Transtorno Depressivo Maior 
e Transtorno de Ansiedade Generalizada. 
o Deve-se considerar também a frequência dos sintomas (ansiosos, 
nesse caso). 
O DSM-V passou a utilizar os “especificadores” em uma tentativa de reduzir o 
número de comorbidades. 
 
 
➔ O especificador só acontece na vigência do transtorno. Então, se o paci-
ente apresenta um quadro de humor depressivo, o especificador tem que 
estar sempre associado à Depressão. Exemplo: se o paciente não está 
com o humor deprimido, ele não apresenta os sintomas ansiosos que ad-
vém do seu especificador – seus sintomas ansiosos estão sempre ligados 
ao transtorno principal, que é o seu diagnóstico. 
➔ Quando o paciente remite os sintomas depressivos e, mesmo assim, con-
tinua apresentando sintomas de ansiedade isolados, a sua “ansiedade” 
não é mais um especificador: é um diagnóstico a mais. 
PASSO A PASSO PARA REALIZAR UM DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: 
1. Excluir Transtorno Factício: o transtorno factício ocorre quando o paci-
ente inventa deliberadamente os sintomas. É, portanto, a falsificação de 
sintomas físicos ou psicológicos sem um objetivo claro. A motivação para 
esse comportamento é assumir um papel de “enfermo”, muitas vezes para 
chamar a atenção dos outros para si. É uma comorbidade muito comum 
no Transtorno de Personalidade Borderline. Não é um delírio; o sujeito 
mente e tem ciência de que está mentindo. 
• Não diz respeito a situações em que o sujeito tenta provar que tem 
algum transtorno para se aposentar ou receber algum outro bene-
fício; isso não seria Transtorno Factício, apenas simulação. Não 
existe um objetivo financeiro, por exemplo, por trás das motivações 
de um paciente com Transtorno Factício. Não há uma vantagem 
direta na invenção. 
• A única motivação e/ou o único ganho é ter o amor, a atenção 
e o cuidado das pessoas. 
2. Excluir uso de drogas e outras substâncias: se o paciente faz uso de 
substâncias químicas, tal uso pode afetar diretamente no diagnóstico. Se 
um sujeito chega apresentando alucinações, por exemplo, o profissional 
precisa se certificar que ele não fez uso de nenhuma substância nos últi-
mos dias, antes de concluir um diagnóstico. 
• Quadros psicóticos, depressão, ansiedade etc. podem ser induzi-
dos por uso de substâncias químicas. 
• É importante investigar mesmo substâncias naturais, como chás. 
 
 
3. Excluir um transtorno devido à condição médica geral: diz respeito a 
excluir qualquer doença física. As condições médicas podem ser proble-
mas endócrinos, neurológicos, doenças infecciosas etc. – todas essas 
condições podem gerar alterações de quadros psiquiátricos. Se o psicó-
logo desconfia que o sujeito pode apresentar algum problema médico, 
deve encaminhar para um médico clínico ou especialista para obter um 
retorno. 
4. Determinar o transtorno primário específico: o psicólogo não deve ten-
tar pegar os sintomas relatados pelo paciente para encaixá-los em um 
transtorno que ele já conhece. Pelo contrário, quando o paciente apresen-
tar uma sintomatologia, o psicólogo deve tentar encaixá-lo nos grandes 
grupos apresentados pelo DSM (capítulos do DSM), para, apenas poste-
riormente, identificar qual o transtorno específico que melhor explica 
aquela somatologia apresentada pelo paciente. 
5. Estabelecer limites com a existência de um transtorno mental: é, ba-
sicamente, separar o que é “normal”, o que é traço e o que é patológico 
de fato. Muitos dos sintomas presentes na vida são encontrados no DSM, 
mas isso não significa que o sujeito apresenta um transtorno mental. 
Quando algo desvia da norma (do que é esperado) para mais ou para 
menos, o profissional deve começar a pensar em algo que é passível de 
tratamento. 
• Os sintomas passam a ser passíveis de tratamento quando cau-
sam sofrimento clinicamente significativo, atrapalhando a vida do 
sujeito. Mesmo que um paciente preencha todos os critérios do 
Transtorno do Desejo Sexual Masculino Hipoativo, por exemplo, 
não há a necessidade de iniciar um tratamento caso o sujeito 
não se incomode, caso não esteja atrapalhando a sua vida. 
TRANSTORNO BIPOLAR: 
É um espectro, são vários transtornos dentro do que é denominado “Espectro 
Bipolar”. Existem sintomas sobrepostos entre eles e entre vários outros transtor-
nos. Dessa forma, causa muita confusão e é imprescindível saber realizar o di-
agnóstico diferencial. 
 
 
O Transtorno Bipolar é um transtorno do humor. Apresenta, basicamente, três 
tipos: Transtorno Bipolar Tipo I, Tipo II e Ciclotímico. É um quadro cuja alteração 
de humor apresenta dois polos: um polo depressivo e um polo de humor elevado 
(mania ou hipomania). 
Transtorno Bipolar Tipo I: apresenta pelo menos um quadro de mania na vida 
(basta um). Não é nem necessário que o sujeito tenha apresentado um quadro 
depressivo durante a vida. 
Transtorno Bipolar Tipo II: o sujeito precisa ter apresentado pelo menos um 
quadro de hipomania na vida e pelo menos um episódio depressivo. 
➔ O bipolar tipo II não faz episódio de mania, mas o bipolar tipo I pode apre-
sentar episódio de hipomania (mas para ser tipo I tem que ter apresentado 
pelo menos um episódio de mania na vida). 
Ciclotímico: por pelo menos dois anos (um ano em crianças e adolescentes), 
presença de vários períodos com sintomas hipomaníacos que não satisfazem os 
critérios para episódio hipomaníaco e vários períodos com sintomas depressivos 
que não satisfazem os critérios para episódio depressivo maior. Não passa mais 
de dois meses sem sintomas. 
Mania: mais intensa/grave do que a hipomania. Tem maior agitação, maior perda 
de controle, pode fazer quadro psicótico. O DSM apresenta quase os mesmos 
sintomas para mania e para hipomania (humor elevado e humor irritado). 
• Os prejuízos da hipomania costumam ser mais íntimos, com familiares, 
enquanto os da mania são mais abrangentes (prejuízo global). Por vezes, 
sujeitos em fase de mania precisam se afastar das suas atividades cotidi-
anas, como o trabalho, enquanto os em fase de hipomania, não. 
• Se tiver sintomas psicóticos é mania, nunca hipomania. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE TIPO I E II: precisou de internação (ma-
nia), fez quadro psicótico (mania), prejuízo global no funcionamento (p. ex., não 
dorme, não consegue trabalhar, está muito agitado etc.) (mania). 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE TAB E ESQUIZOFRENIA: Transtorno 
Bipolar e Esquizofrenia não podem ser comorbidades, ou seja, são diagnósticos 
 
 
incompatíveis: quem tem um, não pode ter o outro (não podem coexistir entre 
si). Isso ocorre pois existe um terceiro transtorno que une quadros de mania e 
de bipolaridade: o Esquizoafetivo. 
• Esquizofrenia: delírios, alucinações, desorganização verbal e desorgani-
zação comportamental, além dos sintomas negativos, como embota-
mento afetivo (não expressão das emoções), pobreza no discurso e não 
entender metáforas. 
As pessoas confundem o Transtorno Bipolar Tipo I com a Esquizofrenia devido 
aos sintomas psicóticos. Para que o profissional saiba realizar o diagnóstico di-
ferencial, ele deve analisar a história longitudinal do paciente: o paciente apre-
sentou outros momentos com sintomaspsicóticos? Como o paciente se com-
porta fora do quadro psicótico?1 
1Sabendo disso, o profissional avalia se existem sintomas negativos, pois estes 
ocorrem na Esquizofrenia, mas não ocorrem no Transtorno Bipolar. 
• Se o quadro psicótico desaparecer, é mania. 
Pontos chaves para definir se um transtorno é Esquizofrenia ou TAB: 
• TAB: se os sintomas psicóticos ocorrem apenas durante a alteração do 
humor – não funciona dessa forma na Esquizofrenia. 
• Esquizofrenia: sintomas negativos (embotamento afetivo, dificuldades 
de compreender metáforas, incapacidade de expressar ideias de forma 
lógica, pobreza na demonstração dos afetos) – não ocorrem no TAB. 
Esquizoafetivo: o paciente apresenta um quadro bipolar e um quadro de 
Esquizofrenia. Nesse caso, o paciente tem episódios de mania e episódios 
depressivos, mas apresenta sintomas psicóticos fora do quadro de humor. 
• Se o humor ficar eutímico e o paciente remitir os sintomas psicóticos, 
significa que o paciente apresenta um quadro bipolar. Mas, se o humor 
ficar eutímico e o quadro psicótico persistir, significa que o paciente 
apresenta o Transtorno Esquizoafetivo. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE ESQUIZOFRENIA E TOC: 
 
 
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): o paciente apresenta obsessões 
(pensamentos intrusivos que não saem da sua cabeça) e compulsões (compor-
tamentos feitos em prol de se livrar dos pensamentos para diminuir a ansiedade 
que eles geram). Por exemplo: o paciente toca em algo e sente que a mão foi 
contaminada e, por esse motivo, tem que ir imediatamente lavá-la. Ao realizar a 
ação de lavar as mãos, a ansiedade diminui. 
Pontos chaves para diferenciar Esquizofrenia e TOC: 
• TOC: não apresenta delírio, mas sim, outro tipo de alteração, denomi-
nada “ideia sobre valorada” – essa ideia determina o comportamento 
do sujeito (“Minha mão está contaminada” > lava a mão). 
o A ideia sobre valorada é diferente do delírio, pois no delírio há 
alteração no juízo de realidade. O indivíduo pode acreditar, 
por exemplo, que existem vermes caminhando sobre sua mão 
(e, caso tenha uma alteração da sensopercepção, a alucinação, 
é capaz que consiga enxergar os vermes). 
o No TOC o sujeito apresenta o insight preservado, isto é, não há 
uma ruptura com a realidade (“Olha, doutora, eu tenho até ver-
gonha de falar, pois isso não faz sentido nenhum”). Já em qua-
dros psicóticos, o sujeito perde o contato com a realidade, então 
não apresenta vergonha em expor os seus delírios. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE TAB E BORDERLINE: o paciente pode 
ter TAB e Borderline concomitantemente. Contudo, antes de afirmar que o sujeito 
apresenta os dois, o profissional precisa realizar um diagnóstico diferencial. 
Borderline: transtorno de personalidade (padrão estável de comportamento nos 
relacionamentos que se inicia na adolescência e se estende pela vida adulta). O 
paciente com Borderline apresenta instabilidade nos afetos, instabilidade na au-
toimagem e alteração na impulsividade. Além disso, faz esforços desesperados 
pelo amor do outro, por conta do medo intenso do abandono. 
Se o paciente não faz esforços deliberados pelo amor do outro e não sente medo 
intenso do abandono, que são características fundamentais do Borderline, gera-
doras das instabilidades nos relacionamentos, então o profissional começa a 
desconfiar que talvez ele seja bipolar e não border. 
 
 
Nos dois transtornos há a presença de instabilidade no comportamento. A dife-
rença é que a instabilidade no Borderline é secundária ao medo do abandono, 
enquanto no TAB as alterações/instabilidades do humor são automáticas; não 
existe nada no ambiente que necessariamente tenha alterado o humor do paci-
ente. Outra distinção é que as alterações de humor no Borderline são rápidas, 
durando algumas horas, enquanto no TAB são duradouras. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE O BORDERLINE E O TRANSTORNO 
DE PEROSONALIDADE HISTRIÔNICA: podem coexistir. 
Histriônica: tem um caráter mais exibicionista, que não é presente no Border-
line. Na Histriônica o sujeito se sente desconfortável quando não é o centro das 
atenções. Para ter a atenção para si, usa aparência física (roupas chamativas, 
roupas muito curtas etc.). Além disso, a interação com os outros é fortemente 
marcada por comportamentos sexualizados, sedutores e provocativos de ma-
neira inadequada, causando constrangimento nos outros. Dramatiza tudo, apre-
senta teatralidade no discurso e considera que as pessoas que conhece são 
mais íntimas do que verdadeiramente são. 
Pontos chave que para diferenciar Borderline de Histriônica: 
• Histriônica: o sujeito com Transtorno da Personalidade Histriônica não 
apresenta sentimentos crônicos de vazio, não age com auto destrutivi-
dade, não apresenta muita raiva nos relacionamentos, estabelece rela-
ções bem mais superficiais, não manipula pelo medo do abandono tanto 
quanto alguém com Borderline etc. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR 
E DISTIMIA (TRANSTORNO DEPRESSIVO PERSISTENTE): 
Depressão: acontece por pelo menos duas semanas, com os seguintes sinto-
mas: humor deprimido, perda de interesse ou prazer, perda ou ganho de peso 
significativo, insônia ou excesso de sono, fadiga ou perda de energia. Nesse 
caso, o paciente piora e volta para a eutimia. 
Distimia: quadro persistente por um período mínimo de dois anos. Não se tem 
episódios como se tem no Transtorno Depressivo. Sintomas: humor depressivo 
 
 
leve e constante, muito pessimista, irritabilidade alta etc. Nesse caso, o sujeito 
não volta para a eutimia; vivencia os sintomas constantemente. 
➔ Não existe diferença entre os sintomas do Transtorno Depressivo Maior e 
os sintomas no período depressivo no TAB. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ENTRE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL E 
TRANSTORNO DE CONDUTA: 
Transtorno de Personalidade Antissocial: padrão estável de comportamento 
marcado pelo desprezo persistente às leis e aos direitos dos outros. Esse des-
prezo se manifesta pela presença de pelo menos três (ou mais) dos seguintes 
fatores: 
1. Desprezar a lei indicado por atos repetidamente cometidos que são moti-
vos, por exemplo, de detenção; 
2. Ser enganador, indicado por mentiras repetidas, uso de pseudônimos; 
3. Ludibriar os outros para ganho pessoal ou prazer; 
4. Agir impulsivamente e não planejar com antecedência; 
5. Ser facilmente irritado ou agressivo, indicado por brigas físicas constantes 
e agressão aos outros; 
6. Agir de forma imprudente, desprezando a sua segurança e a segurança 
dos outros; 
7. Agir de forma irresponsável (p. ex., não ter emprego fixo, não ter dinheiro 
ou planos para pagar as próprias contas); 
8. Não sentir remorso, indicado pela indiferença ou racionalização da agres-
são ou maus-tratos aos outros (p. ex., “Bati porque ele merecia apanhar”); 
9. O diagnóstico só pode ser realizado em pessoas acima dos 18 anos. 
Transtorno de Conduta: quadro semelhante ao Transtorno de Personalidade 
Antissocial, porém é um diagnóstico que pode ser realizado na infância e na 
adolescência. 
➔ Para o paciente ter um diagnóstico de Transtorno de Personalidade An-
tissocial, ele precisa ter tido quadro prévio de Transtorno de Conduta ini-
ciando pelo menos aos 15 anos. 
 
 
➔ Se os sintomas do Transtorno de Conduta se iniciarem antes dos 10 anos, 
o prognóstico do paciente é pior: existe uma chance maior de evoluir para 
o Antissocial. 
Transtorno Opositor Desafiante (TOD): muito confundido com o Transtorno de 
Conduta. Sintomas: humor raivoso, irritável, perda fácil da paciência, criança ex-
plosiva, questionadora e altamente desafiante, vingativa, apresenta baixa tole-
rância à frustração, dificuldade nos relacionamentos interpessoais (poucos ami-
gos). No Transtorno de Conduta a criança/adolescente apresenta comportamen-
tos antissociais: viola as leis, não respeita o direito dos outros etc. Já no TOD, o 
quadro não é tão grave; a criança apresentamenos complicações com as nor-
mas sociais. 
DIAGNÓSTICO DIFERENCIal ENTRE O TRANSTORNO DE PERSONALI-
DADE ANTISSOCIAL E O TRANSTORNO DE PERS. NARCISISTA: 
Transtorno de Personalidade Narcisista: apresentado por sujeitos que têm 
uma visão exagerada de si, uma necessidade de admiração e precisa ter pelo 
menos cinco dos seguintes itens: 
1. Sensação exagerada e infundada da sua própria importância e dos seus 
talentos; 
2. Preocupação com fantasias e realizações ilimitadas (p. ex., influência, in-
teligência, poder, beleza, amor etc.); 
3. Tem a convicção de ser especial e de ser único e, por isso, considera que 
tem direitos especiais e que só deve estar acompanhado de pessoas in-
críveis (p. ex., “Eu te procurei porque você é o MELHOR psicólogo da 
cidade); 
4. Tem uma necessidade incondicional de ser admirado; 
5. Tem uma sensação de merecimento (acha que não precisa enfrentar filas, 
acha que não precisa se submeter às leis, às normas e às regras); 
6. Explora os outros para alcançar seus próprios objetivos; 
7. Tem uma empatia reduzida; 
8. Acredita que os outros o invejam; 
9. Apresenta arrogância (sente-se superior aos outros). 
 
 
O início dos sintomas tem que ter ocorrido no final da adolescência ou no final 
da vida adulta. 
Pontos chaves para diferenciar Antissocial e Narcisista: 
• O narcisista não tem problemas com a lei, pois se preocupa muito com 
sua própria imagem. 
• O paciente antissocial manipula as pessoas para coisas mais imediatas, 
sendo mais impulsivo. O narcisista manipula os outros para engrandecer 
a sua própria imagem. 
1. Em relação ao Transtorno do Luto Prolongado, pode ser conside-
rado esse transtorno para o caso de pessoas que sofreram com 
perda por motivo de divórcio ou separação, ou esse caso só pode 
ser diagnosticado em circunstâncias de morte? 
O Transtorno do Luto prolongado é bem objetivo: o seu desenvolvimento 
ocorre por conta da morte de alguém muito próximo. Desconsidera-se morte 
de animal de estimação, divórcio, mudanças, saída dos filhos da casa dos pais 
ou qualquer outra situação que não seja a morte de alguém muito próximo. O 
que pode ocorrer nesses outros casos é o desenvolvimento de um Transtorno 
Depressivo (caso o sujeito se encaixe nos critérios, por óbvio). 
2. A diferença entre Transtorno de Personalidade Antissocial e Trans-
torno de Conduta resume-se à idade? 
Não. A idade é o marcador principal para o diagnóstico diferencial, mas existem 
outros critérios que os distinguem. 
3. Qual a diferença entre um quadro psicótico e a dissociação? 
Os quadros psicóticos costumam ser mais graves, mais intensos, com uma de-
sorganização muito maior, apresentando delírios e alucinações. Contudo, antes 
de oferecer qualquer diagnóstico é importante observar a história longitudinal do 
paciente. 
4. Qual o diagnóstico diferencial entre TEA e TDAH? 
 
 
TEA e TDAH podem ser comorbidades, sendo muito frequente que coexistam. 
Existem diversas características do TEA que não são observadas em um sujeito 
que apresenta TDAH, por exemplo: as estereotipias, dificuldades na socializa-
ção, ecolalias etc. 
5. Quanto tempo o TAB demora para ser diagnosticado? 
Existe um mito de que o Transtorno Bipolar requer anos para ser diagnosticado. 
A verdade é que o diagnóstico pode ser realizado até mesmo em uma sessão, 
como qualquer outro transtorno. O que pode acontecer é o paciente chegar em 
um estado depressivo e não saber relatar os momentos de mania ou hipomania, 
dificultando a identificação do transtorno, pois, por vezes, o sujeito e a sua família 
identificam a mania apenas como um momento de felicidade, julgando-a como 
positiva. O profissional deve saber fazer perguntas assertivas para identificar se 
o caso é de Transtorno Depressivo ou de depressão dentro do quadro Bipolar: 
• “Houve algum momento da sua vida em que você ficou mais irritado?”; 
• “Houve algum período da sua vida em que você estava mais alegre?”; 
• “Em algum momento você sentiu dificuldade de dormir devido a um au-
mento de energia?”. 
 
6. Anorexia é comum em pacientes Borderline? 
Sim. Transtornos alimentares, no geral, são comuns em pacientes Borderline, 
pois uma característica desses sujeito é a instabilidade com a autoimagem. 
7. No modelo dimensional, todos os transtornos podem ter traços rela-
cionados a eles? 
Não. Atualmente, alguns transtornos não são dimensionais, continuam categóri-
cos (tem ou não tem – sim ou não), a exemplo da Demência. Não há como afir-
mar que o sujeito apresenta traços de Demência, mas sim, que ele apresenta 
uma Demência leve ou que não a apresenta, assim como não há como afirmar 
que o sujeito apresenta traços de quadros psicoativos (ou ele tem alucina-
ções/delírios, ou não tem). 
8. Em estados depressivos persistentes ou mesmo estados graves, 
pode-se dizer que os sintomas sejam egossintônicos (quando um 
paciente sente um sintoma como parte de si mesmo)? 
 
 
Sim. Na Distimia (Transtorno Depressivo Persistente) isso pode ocorrer. 
9. Qual a diferença entre Delirium, delírio e alucinação? 
DELÍRIO: quadro em que o paciente cria uma história (mas não deliberada-
mente, ou seja, não é uma invenção) e acredita veemente nela. Juízo de reali-
dade comprometido. Exemplo: o paciente pode achar que os seus órgãos estão 
podres por dentro ou que foram retirados; pode achar que está tendo o seu corpo 
controlado por ETS etc. 
DELIRIUM: estado confusional. Não é uma alteração do juízo de realidade. Pode 
acontecer, por exemplo, em abstinências, em pacientes com demências, em pa-
cientes que estão hospitalizados há muito tempo etc. 
ALUCINAÇÃO: ver, ouvir e sentir coisas que não estão presentes na realidade. 
QUADRO PSICÓTICO: conjunto de sinais e sintomas que inclui delírio, alucina-
ção, comportamento desorganizado, fala desorganizada, agitação psicomotora 
etc. Pode ser decorrente de Transtornos Psicóticos, do uso de substâncias etc. 
10. O paciente entra em remissão quando precisa fazer uso de medica-
ção para sempre (p. ex., em casos de Esquizofrenia)? 
É possível considerar que o paciente entrou em remissão mesmo com o uso da 
medicação, pois, afinal, remissão significa retorno à funcionalidade, e não o de-
saparecimento de todos os sintomas. Um sujeito com Esquizofrenia, por exem-
plo, pode conseguir ter uma vida funcional quando medicado: trabalhar, ir à pa-
daria, sair com os amigos, arrumar a casa etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos men-
tais. Porto Alegre, 2000. Editora Artes Médicas do Sul. 
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais: DSM-5-TR. Porto 
Alegre: Artmed, 2023. 
Aulas da Semana da Psicopatologia ministradas pela psicóloga Fernanda Lan-
deiro via Youtube.

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