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ERGONOMIA E SEGURANÇA DO TRABALHO Prof. Me. Pedro Martinez 004 Aula 01: 012 Aula 02: 020 Aula 03: 026 Aula 04: 032 Aula 05: 038 Aula 06: 045 Aula 07: 050 Aula 08: 059 Aula 09: 067 Aula 10: 075 Aula 11: 080 Aula 12: 087 Aula 13: 095 Aula 14: 101 Aula 15: 107 Aula 16: Ergonomia e segurança do trabalho Antropometria Biomecânica Fisiologia Macroergonomia Normas regulamentares Análise Ergonômica do Trabalho Método para a análise ergonômica do trabalho Gestão da ergonomia Órgãos de segurança e medicina do trabalho Equipamentos de proteção individual e coletiva Atividades e operações insalubres Atividades e operações perigosas Acidentes de trabalho Métodos de prevenção Riscos específicos nas diversas áreas da engenharia Introdução Olá, aluno(a)! Esta disciplina tem como objetivo formar o conhecimento do conteúdo e dos elementos da ergonomia e da segurança do trabalho de forma que você consiga desenvolver a análise dos parâmetros, limitações e capacidades humanas nas relações entre objeto, usuário e ambiente de trabalho. A divisão das aulas está feita de forma que será possível construir uma base sólida sobre os conceitos e aplicações da disciplina. A partir do que será apresentado nas aulas, a sua visão sobre o seu ambiente de trabalho não será a mesma, e com certeza você estará apto a sugerir melhorias para o trabalhador de forma que as atividades sejam e�cientemente realizadas. Algumas questões serão respondidas: o que é a ergonomia? Quais as vantagens de enxergar as condições de trabalho pelos olhos da ergonomia e segurança do trabalho? Quais os benefícios que podemos proporcionar aos trabalhadores? Quais os benefícios que podemos agregar à empresa? Como posso aplicar na minha vida esses conceitos? Essas e muitas outras questões serão fundamentais para que você possa modi�car o meio em que vive e trabalha. Vamos lá? Bons estudos! 3 01 Ergonomia e segurança do trabalho 4 Definição Básica de Ergonomia A primeira coisa que devemos fazer na introdução dos estudos à ergonomia e à segurança do trabalho é de�nir os conceitos que trabalharemos e desenvolveremos ao longo do curso, e o primeiro deles já responderá à seguinte pergunta: o que é a ergonomia? Buscando no dicionário, você com certeza encontrará a seguinte de�nição para a ergonomia: “É o estudo cientí�co das relações entre homem e máquina visando à segurança e à e�ciência no modo como elas se interagem”. Já Barnes apresenta a de�nição de ergonomia da seguinte forma: É a maneira mais e�ciente de haver a combinação entre homens e máquinas, equipamentos e materiais no ambiente de trabalho. Sendo que o objetivo da ergonomia é a adaptação das tarefas ao ambiente de trabalho às características sensoriais, perceptivas, mentais e físicas das pessoas (1977, p. 167). A grande questão é o que você deve entender dessas de�nições, pois não é possível trabalhar em uma situação em que não exista interação com algo ou alguém. Em qualquer ação humana que você tente imaginar, sempre haverá algum tipo de objeto ou pessoa. Não é adequado, então, pensar isoladamente sobre o homem, o sistema e o ambiente. Como a interação é inevitável, é possível pensar, portanto, na maneira mais segura e que também haja a maior produtividade possível. A partir disso, podemos pensar em in�nitos exemplos de atividades humanas; exemplos que vão desde apertar um botão ou levantar um peso qualquer até escrever um livro sobre ergonomia e segurança do trabalho, correr, andar, nadar, construir, projetar, inspecionar, etc. Outras de�nições que devemos fazer com o devido zelo são as de “homem”, que entenderemos como trabalhador, “sistema”, que entenderemos como método de trabalho e “ambiente”, que pensaremos como a situação a que o trabalhador está exposto. 5 Para sermos o mais pragmático possível, devemos entender que a razão de existir de uma empresa na nossa sociedade atual é a busca pelo lucro, pois este manterá as atividades dela. Mas essa busca terá alguns limites, que esbarram na saúde do trabalhador e nas condições de segurança ao qual ele está submetido. Felizmente, a aplicação dos conceitos de ergonomia e segurança do trabalho tende, de maneira geral, a diminuir os custos dos problemas trabalhistas, além de aumentar a produtividade. O convencimento por parte do engenheiro de segurança para que haja a aplicação das melhores práticas possíveis é feita utilizando o argumento da diminuição dos custos operacionais, mas a nossa maior satisfação é a mudança de hábito do trabalhador para que ele tenha uma vida mais saudável. Acesse o link: Disponível aqui Neste link, você encontrará algumas informações sobre ergonomia e sobre a Norma regulamentadora NR-17. Divisões da Ergonomia Feitas as primeiras observações sobre ergonomia, já podemos dividi-la em três grandes áreas: Ergonomia física, Ergonomia cognitiva e Ergonomia organizacional. 6 https://www.normaseregras.com/regulamentadoras/nr17/ A ergonomia física pode ser entendida como a parte que se preocupa com as características da anatomia humana, antropometria, �siologia e biomecânica e sua atividade física. Podemos entender a partir dessa explicação que a ergonomia física está ligada às limitações físicas do corpo humano. O nosso corpo é capaz de realizar diversos movimentos, porém, alguns deles, quando feitos de maneira intensa, causam um desgaste excessivo do nosso organismo. Portanto, é de extrema importância entender como funcionam as limitações físicas de nosso corpo para interferirmos nos ambientes de trabalho de forma a deixá-los compatíveis com essas limitações. A ergonomia cognitiva está relacionada a processos mentais. Aqui, entramos em uma área que não é reconhecida pelo senso comum, pois as primeiras impressões que temos da palavra ergonomia são as relacionadas às questões físicas do corpo. Porém, as interações citadas no começo da Aula 1 não são exclusivas do campo físico e apresentam implicações mentais. Aqui, podemos dar como exemplo a percepção, a memória, o raciocínio e a resposta motora. Uma carga mental de trabalho afetará a saúde do trabalhador, assim como sua produtividade. Algumas consequências negativas da falta de preocupação com a ergonomia cognitiva é o estresse e o cansaço mental, que podem levar ao desenvolvimento de transtornos e síndromes. Já a ergonomia organizacional pode ser compreendida a partir das relações que ocorrem dentro das próprias organizações, que estão ligadas às políticas e aos processos das empresas. Aqui, temos que pensar no ambiente em que haverá situações de trabalho em grupo, projetos participativos, novos paradigmas operacionais, trabalho cooperativo, gestão de qualidade e cultura da empresa, entre outros. Percebemos até agora que a ergonomia está relacionada a diversas áreas do conhecimento. Por esta razão, o trabalho realizado não será apenas do pro�ssional da ergonomia. A aplicação da ergonomia é naturalmente multidisciplinar, de forma que todos os pro�ssionais envolvidos em uma determinada situação poderão contribuir para o aprimoramento das organizações de trabalho. Origem da ergonomia Agora que já sabemos o básico sobre a ergonomia, podemos nos perguntar: quando foi que a nossa sociedade começou a se preocupar com essas questões? 7 A resposta, por mais que seja interessante, não é algo que devemos nos orgulhar, visto que o surgimento da ergonomia o�cialmente falando ocorreu em meados da Segunda Guerra Mundial. A ergonomia desenvolveu-se nessa época devido à necessidade de melhorar o manuseio de armamentos e dispositivos de ataque. A preocupação no desenvolvimento das armas não era apenas com a capacidade de ataque, mas também com a facilidade de utilização do objeto. Grupos multidisciplinares atuaram nos bastidores desse período justamente para aplicar a compatibilização dos armamentos com as necessidades do corpo humano. Além disso, nesse período não houve a preocupação apenas com as necessidades físicas, mas também com as necessidades psicoemocionais. É interessante ressaltar que, nessaépoca, o trabalhador ainda era visto apenas como um meio de produção. Aos olhos do dono das fábricas, existia um distanciamento entre o meio de produção e a caracterização do indivíduo como um ser humano. Nesse caso, o trabalhador ou soldado passou a ser visto como um homem com necessidades físicas e psicoemocionais. Em 1949, houve a primeira reunião de cientistas para discutir as relações entre os seres humanos e os sistemas com os quais eles interagiam. Apesar de a ciência ter começado efetivamente a partir dessa data, já havia algumas publicações, como a de 1857, por Wojciech Jastrzebowski, que estudou os movimento do corpo humano e suas limitações Em meados de 1950, surgiu o�cialmente na Inglaterra a Ergonomics Research Society, a sociedade voltada à pesquisa sobre ergonomia. Muitos trabalhos a partir dali foram desenvolvidos a respeito da aplicação da ergonomia na indústria e não somente na área militar. No Brasil, temos a ABERGO – Associação Brasileira de Ergonomia, que é uma associação sem �ns lucrativos cuja �nalidade é o estudo, a prática e a divulgação das interações entre as pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente considerando as capacidades e limitações humanas. 8 Ergonomia na atualidade Atualmente, a ergonomia é muito bem aproveitada – principalmente nas empresas que já conseguiram compreender os benefícios dessa ciência para o ambiente de trabalho e consequentemente para os seus produtos. Muitas dessas empresas possuem até uma organização só para cuidar da ergonomia com base em diretrizes, formada por membros das mais diversas áreas do conhecimento para garantir que as relações entre os homens e os sistemas sejam feitos da maneira mais harmônica possível. De acordo com Ilda (2005), podemos destacar alguns pro�ssionais que acabam contribuindo fortemente para o desenvolvimento das diretrizes da ergonomia nos mais diversos trabalhos. Dentre eles, podemos citar: Médicos do trabalho Engenheiros de projetos Engenheiros de produção Engenheiros de segurança e manutenção Desenhistas industriais Psicólogos Enfermeiros e �sioterapeutas Programadores de produção Administradores Compradores Os médicos podem catalogar as ocorrências por tipo de setores, ajudando na obtenção de dados para futuras soluções. Os engenheiros de projeto atuam no sentido de adequar as máquinas às necessidades humanas. Os engenheiros de produção procuram distribuir os trabalhos sem que haja sobrecarga para um ou mais setores. Os engenheiros de segurança e manutenção identi�cam as áreas e processos que possuem riscos para o trabalhador. Os desenhistas ajudam na adaptação de máquinas e equipamentos. Os psicólogos trabalham nos processos cognitivos da empresa, relacionamentos humanos e treinamentos. Enfermeiros e �sioterapeutas devem agir preventivamente sobre o histórico de dor e lesões nas empresas. Programadores de produção ajudam manter o �uxo produtivo evitando trabalhos noturnos. Administradores atuam na elaboração de cargos e salários mais justos, melhorando o sentimento de valor do próprio trabalhador. Por �m, os compradores atuam nas aquisições, procurando por produtos compatíveis com a ergonomia. 9 Todas essas funções, atuando junto a outra que não foram mencionadas, propiciam uma sinergia na empresa de tal forma que o trabalho deixe de ter uma conotação de sofrimento em nossa sociedade e passe a ter uma conotação de utilidade. É claro que ainda temos muito trabalho pela frente, pois essa visão de trabalho, trabalhador, sistema e ambiente ainda não é amplamente disseminada, o que muitas vezes gera problemas físicos e psicossociais para o trabalhador e a diminuição do lucro da empresa. Acesse o link: Disponível aqui No link abaixo, há uma matéria de um caso real de multa a uma empresa por falta de ergonomia em suas agências: Alguns exemplos da aplicação de conceitos de ergonomia Na nossa vida, encontramos a aplicação da ergonomia nos mais diversos produtos e serviços. Neste tópico, olharemos um pouco à nossa volta. Quase todo mundo possui um celular, e uma das preocupações na fabricação do produto é a qualidade ao segurá-lo. Sim, devido às medidas de nossa mão, existe uma faixa de tamanhos para que haja conforto no manuseio do celular. Aparelhos muito grandes exigem a utilização das duas mãos, e aparelhos muito pequenos apresentam di�culdade para interagir com o menu. Existem também diversos tipos de motos: esportivas, de trilha, entre outras. Cada uma delas possui uma posição de pilotagem que deriva de seus objetivos como sistema mecânico. Nas motos esportivas, a preocupação é em deixar a posição do 10 http://www.protecao.com.br/noticias/geral/bradesco_e_condenado_em_r$_800_mil_por_falta_de_ergonomia/Jyy5JjjbAJ/13186 piloto o mais confortável possível, de forma que a aerodinâmica do sistema não seja prejudicada. Já nas motos feitas para trilha, o conceito sobre a posição do piloto muda devido às condições de terrenos irregulares aos quais ele se submeterá. Neste exato momento, estou digitando este texto em meu computador, e é claro que as teclas foram pensadas em tamanhos e espaçamentos que proporcionam ao usuário a melhor situação de trabalho possível. O mouse também entra nesse contexto, principalmente nas características de seu tamanho e formato. Em uma fábrica, a posição dos botões e acionamento de máquinas da produção também é pensada para que os riscos sejam mínimos durante a execução dos serviços. Poderíamos dar vários exemplos aqui, mas agora chegou a sua hora de pensar. Qual o ambiente de trabalho em que você convive? Na indústria, na construção civil, na prestação de serviço? Quais os elementos com os quais você interage diariamente? E principalmente, será que é possível já pensarmos em maneiras de melhorar essas interações? Nesta aula, aprendemos alguns pontos importantes a respeito da ergonomia. Alguns deles devem ser �xados, tais como as de�nições básicas e o surgimento da ergonomia. É importante também conseguir compreender o mundo que está à sua volta em termos de ergonomia. 11 02 Antropometria 12 Definição de antropometria e seu contexto histórico Buscando a de�nição nos dicionários disponíveis na internet, vamos encontrar que a antropometria trata da mensuração do corpo humano e de suas partes. Essa de�nição está correta, mas o mais importante para nós não é a de�nição, e sim a aplicação de suas consequências. A primeira questão que podemos formular a partir dessa de�nição é: qual a importância da antropometria para a humanidade e qual a importância da antropometria na segurança do trabalho? A resposta da primeira questão é muito simples: basta nos lembrarmos de nossas aulas de história ou até mesmo das aulas de física, quando era comentado a respeito das unidades de medidas. Em um determinado momento da história do homem, passou a existir a necessidade de dar informação sobre o tamanho dos objetos e das construções. O primeiro problema enfrentado nessa época foi em relação ao padrão a ser adotado como uma unidade. Uma das soluções encontradas para resolver esse problema foi adotar as medidas do corpo como unidades de medida. Um exemplo clássico desse tipo de medida é o côvado, que nada mais é que o comprimento do antebraço, medida do cotovelo à ponta do dedo médio. As pesquisas históricas apontam que essa medida surgiu no Egito e que era uma das principais unidades de medida da antiguidade. Um dos problemas encontrados atualmente a respeito desse sistema de medidas são as diferenças de comprimento em diferentes pessoas. É claro que uma determinada etnia apresenta medidas similares, porém, há diferenças individuais. Como não havia necessidade de muita precisão na antiguidade, as medidas baseadas no corpo humano eram adequadas para resolver os problemas da época. Uma curiosidade é que até hoje, quando não temos uma régua ou uma trena, é muito comum usarmos o tamanho de nossa mão como referência. A segunda parte da pergunta foi em relação à importância da antropometria hoje e sua relação com a segurança do trabalho. Atualmente, as medidasdo corpo são muito utilizadas no dimensionamento do espaço de trabalho e no desenvolvimento de produtos (como o espaço interno de automóveis). Uma das perguntas que a antropometria vai responder neste caso é qual o espaço mínimo interno necessário 13 para que o motorista do veículo possa dirigi-lo com o menor cansaço possível e sem fazer movimentos muito longos com os membros do corpo. Essa resposta é de extrema importância para esse tipo de produto, pois o conforto interno do usuário é um diferencial fundamental na escolha do produto e muitas das propagandas são abordando justamente esse ponto. Podemos estender esse raciocínio do conforto na utilização baseado nas medidas para quase todos os tipos de produtos, tais como mesas, cadeiras, celulares, motos, computadores, canetas, controles de videogame e ferramentas em geral, entre outros. Faltou falar do ambiente de trabalho. Com a explicação acima, acredito que já é possível imaginar qual a resposta que será dada abaixo. Provavelmente você acertou. Com as medidas do corpo humano, é possível fazer o desenho de todo o espaço de uma fábrica, de um escritório ou qualquer outro ambiente de trabalho de forma que o trabalhador execute seus movimentos sem dano à saúde e com o máximo de produtividade possível. Para isso, é necessário saber qual a melhor distância entre o corpo do trabalhador e os dispositivos que ele deverá interagir como, por exemplo, botões, teclados e alarmes, entre outros. O mesmo raciocínio vale para a altura dos equipamentos utilizados. Vistos esses aspectos, já sabemos que uma consultoria de um engenheiro de segurança do trabalho no quesito antropometria é veri�car as condições de trabalho em termos de dimensões e acessos em um ambiente de trabalho e também computar os movimentos aos quais os trabalhadores estão submetidos diariamente. Para facilitar o estudo da antropometria, ela é dividida em: Antropometria estática; Antropometria dinâmica e Antropometria funcional. Todas elas serão abordadas nos próximos tópicos. 14 Antropometria estática A antropometria estática é baseada nas medidas corpóreas em situação de repouso, ou seja, desconsiderando todos os movimentos relativos entre os membros do corpo. Quando nos referimos à antropometria estática, devemos padronizar como serão realizado essas medidas. Podem-se fazer todos os tipos de medidas possíveis desde que o corpo se encontre parado. Dois tipos comuns de medidas são referentes àquelas do homem e da mulher em pé, em posição ereta, e do homem e da mulher em posição sentada. As imagens a seguir apresentam exemplos de medidas estáticas realizadas. Na Imagem 2a, é possível ver medidas do homem em pé de forma frontal e lateral, medidas do homem sentado e de seus membros. Todas as medidas são importantes para a caracterização e formações de padrões. Na imagem 2b, vemos uma tabela representativa das estaturas médias para as diferentes etnias. Um dos exemplos dessas medidas por etnias é em relação à padronização dos tamanhos de roupa. As medidas de uma calça aqui no Brasil são diferentes das medidas encontradas nos países da Europa. 15 Imagem 2a – Medidas feitas de forma estática |Fonte: Ilda, 2005 Imagem 2b – Medidas do corpo por etnia | Fonte: Ilda, 2005 (adaptada) 16 Antropometria dinâmica A antropometria dinâmica está relacionada aos pequenos movimentos que os segmentos do corpo realizam nos três planos de secções anatômicas. Um exemplo é a movimentação da cabeça do ser humano em três planos possíveis. O primeiro deles pode ser descrito como a rotação da cabeça em torno do pescoço – basicamente olhar para o lado. O segundo movimento é a inclinação da cabeça para baixo e para cima, basicamente olhar para baixo e para cima. Por �m, o terceiro movimento é o da inclinação da cabeça no plano frontal, basicamente rotacionar a cabeça ao encontro dos ombros. A importância de descrever esses movimentos é saber qual é o campo de visão do trabalhador para deixar tudo o que for necessário em termos de visualização dentro do seu campo de visão de forma a evitar movimentos desgastantes e desnecessários. De forma análoga ao que foi explicado para a cabeça, podemos estender o raciocínio para as mãos e para os pés. Nesses dois últimos, podemos re�etir sobre qual é a prioridade de movimentos para o manuseio de objetos por parte do trabalhador e quais as distâncias para acessar esses objetos em ordem de prioridade – objetos com maior frequência de utilização mais próximos nas bancadas e objetos com menor frequência de utilização mais distantes, por exemplo. Imagem 2c – Representação lateral de uma pessoa sentada | Fonte: Freepik Disponível aqui 17 Imagem 2d - Planos e secções anatômicas | Fonte: Wikimedia Disponível aqui Antropometria funcional A antropometria funcional é de�nida pela análise de uma atividade humana considerando o corpo como um todo nos três planos de secção e delimitações anatômicas em um posto de trabalho. Para começar a entender esses movimentos, é preciso saber quais são esses planos de trabalho. A imagem 2d apresenta os três planos e seus respectivos nomes. A aplicação da antropometria funcional é no sentido de que os membros não devem cruzar os planos, ou seja, a mão direita não deve cruzar o plano sagital e realizar um trabalho a esquerda do corpo. Esse raciocínio serve para todos os membros e seus respectivos movimentos em relação ao corpo. 18 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/45/Anatomical_Planes-en.svg Acesse o link: Disponível aqui No Link abaixo há um estudo da relação da antropometria com a área da saúde e nutrição infantil. Antropometria e sua interdisciplinaridade Nesta aula, aprendemos alguns pontos importantes a respeito da antropometria. Alguns deles devem ser �xados, como os tipos básicos e suas diferenças. Deve-se entender o que é a antropometria estática, dinâmica e funcional. Bons estudos! 19 http://www.escs.edu.br/pesquisa/revista/2013Vol24_1_3_Antropometriaimportancia.pdf 03 Biomecânica 20 Contextualização e definição de biomecânica A biomecânica pode ser entendida como o estudo da mecânica dos organismos vivos, sendo que a biomecânica faz parte da biofísica. A biofísica é considerada uma ciência interdisciplinar que usa os métodos da física para compreender as repostas biológicas que acontecem com os organismos vivos. Complicado? Não é não. Basta entender que toda ação humana está sujeita a uma reação (força do ambiente ou algum mecanismo) no corpo humano. Com certeza, você já deve ter carregado uma mochila. A mochila tem um peso, e esse peso é transmitido para seus ombros. Como nossos ombros reagem a esses esforços? Esse peso, somado ao nosso, faz com que os músculos e nervos de nossas pernas sejam solicitados de forma mais intensa. Será que esses estímulos externos em termos de peso são saudáveis? Será que um trabalhador está sujeito a esforços muito intensos a ponto de prejudicar seus músculos e nervos ao longo da jornada de trabalho? Um dos exemplos mais fáceis de entender esforços físicos está na área da construção civil. Um trabalhador da construção civil está constantemente realizando serviços no qual há pesos elevados, tais como carregar sacos de cimento, blocos de concreto, ferramentas e elementos construtivos em geral. Esse mesmo trabalhador, além de ter que carregar materiais pesados, executa uma série de movimentos como agachamentos e subir e descer escadas. Nesse contexto, há uma solicitação de seus músculos e tecidos em geral, e a biofísica é encarregada de estudar a resposta desses efeitos físicos na constituição biológica do corpo humano. Outro exemplo da aplicação desses conhecimentos é nos esportes em geral. Os treinadores buscam melhorar o condicionamento dos atletas para que eles consigam melhorar seu desempenho sem que haja danos severos e agressivos ao seu corpo. O resultado da aplicação desses treinamentos são os recordes que são batidos de tempos em tempos. 21 É claro que as áreas em que o estudo é feito mais a fundo são biologia, educação física,�sioterapia e terapia ocupacional. Porém, devemos compreender o básico dessas questões para saber sua in�uência no organismo do trabalhador, sendo que os tópicos a seguir se encarregarão dessa função. Fotografia e biomecânica Uma das maneiras mais modernas de se estudar o movimento dos corpos e suas consequências nos organismos são por meio da fotogra�a. Vamos aqui separar em dois tipos de dados para compreender, de maneira simples, como funciona o procedimento como um todo. Primeiramente, vamos pensar na geometria do movimento. Um exemplo simples dessa aplicação seria �lmar uma pessoa levantando-se de uma cadeira. Como o �lme é um conjunto de fotos e nas câmeras comuns são tiradas em média 30 fotos por segundo para montar um �lme, podemos dizer que nesse ato de levantar da cadeira estarão à disposição para análise milhares de fotos. Cada foto representará uma posição que o corpo está naquele instante de tempo. Para captar com precisão os 22 deslocamentos realizados nas três direções possíveis, são posicionadas nos pontos de interesse marcações com uma determinada cor. A variação em pixel que vemos no vídeo do deslocamento do ponto demarcado é transformada em distância em centímetros e até mesmo em milímetros. Com todas essas imagens, é possível, portanto, descrever com perfeição o movimento de se levantar da cadeira para cada instante de tempo para cada parte do corpo. Portanto, a geometria do movimento é fundamental. Faça o seguinte exercício mental: imagine uma atividade sendo realizada em câmera lenta e os movimentos que os membros fazem durante a atividade. Outro dado importante é a reação que acontece em cada ponto devido às mudanças de conformação dos músculos e nervos naquele ponto. Para isso, são colocados sensores que captam os estímulos que os músculos geram na medida em que eles exercem um determinado movimento. Com todos esses dados em mão, é possível fazer uma análise extremamente detalhada do movimento e das condições que os tecidos do corpo se encontram. Além dos músculos e nervos, também é possível traçar o comportamento e movimento dos ossos, pois estão em constante desgaste devido à diversidade de ações que o homem executa durante o dia. Outra vantagem de fazer o estudo fotográ�co em relação aos ossos e articulações é na produção de próteses, que realizam a mesma função e com o mesmo desempenho. Como uma curiosidade neste tópico, podemos citar a computação grá�ca na produção de jogos e �lmes. A cada ano, os movimentos realizados pelos efeitos especiais nos �lmes e jogos são cada vez mais perfeitos, possibilitando a construção de um determinado caso de movimento sem que necessariamente haja uma pessoa fazendo o movimento em laboratório. A aplicação da biomecânica em aspectos da vida dos trabalhadores Com o entendimento de que possuímos até agora sobre o assunto, podemos dizer que a aplicação da biomecânica estará cada vez mais presente na vida das pessoas. Apesar de atualmente serem aplicados os conceitos apresentados mais nos esportes 23 e na produção de efeitos especiais, logo será possível ver a consequência desses estudos no dia a dia de trabalhadores que exercem muito esforço físico ou que estão trabalhando sobre pressão externa do ambiente. A análise desses esforços é importante nas de�nições e legislações para cada tipo de trabalho. Mergulhadores e construtores que trabalham sobre pressão são dois exemplos clássicos de trabalhos em que há esforço excessivo sobre o organismo. É claro que já existem leis e normas especí�cas para esses trabalhadores, mas os estudos não param e devem ser cada vez mais aprimorados para que eles possam ter uma vida mais saudável. As in�uências legais podem ser em tempo de trabalho, para que o trabalhador possa se aposentar, jornada diária de trabalho e até exposição mensal a um determinado tipo de esforço. 24 Acesse o link: Disponível aqui No link abaixo, há um estudo com a aplicação da biomecânica na educação física de crianças. Nesta aula, aprendemos o que é a biomecânica e suas aplicações. Este tópico deve ser estudado de forma a se ter uma noção geral, pois existem cursos nos quais a aplicação se dará de forma direta. 25 http://editorarevistas.mackenzie.br/index.php/remef/article/view/1324 04 Fisiologia 26 Definição e relação com a ergonomia A �siologia é o ramo da biologia que estuda as múltiplas funções mecânicas, físicas e bioquímicas nos seres vivos. Vimos na aula anterior que a biomecânica relaciona as ações que ocorrem nos tecidos devido a ações externas, e agora vamos falar um pouco sobre as funções nos organismos vivos. Você deve estar se perguntando por que estamos entrando nesses tópicos. A resposta a essa pergunta é muito simples: um dos aspectos da ergonomia vistos na Aula 1 foi a ergonomia física, que está ligada a aspectos físicos e biológicos do corpo. A segurança do trabalho, nesse quesito, depende e muito das respostas de outras áreas tais como a biologia, medicina, �sioterapia, enfermagem, farmácia, fonoaudiologia, nutrição, odontologia e psicologia, dentre outras biológicas. Pois é a partir dos conhecimentos físicos e biológicos que a ergonomia consegue de�nir aspectos do dia a dia dos trabalhadores tanto em termos de movimento como em termos de desgaste físicos e biológicos. Subdivisões da fisiologia A �siologia possui várias subdivisões independentes. Vamos a algumas delas: Eletro�siologia: é o ramo da �siologia que se preocupa com o estudo do �uxo de elétrons no funcionamento dos nervos e músculos e do desenvolvimento de instrumentos para que seja possível fazer essas medições. É importante para veri�car os estímulos que os músculos e nervos sofrem e determinar níveis adequados de estímulos e solicitações nos mesmos. Neuro�siologia: é o ramo que estuda o funcionamento do sistema nervoso, visto que o sistema nervoso é responsável por acionar diversas outras partes do corpo como, por exemplo, produzir hormônios que podem afetar diretamente a qualidade de vida dos trabalhadores e sua saúde em curto e longo prazo. Fisiologia celular ou biologia celular: trata do funcionamento individual das células, neste caso, do metabolismo celular e das consequências de suas alterações no organismo como um todo. Eco�siologia: tenta compreender como os aspectos �siológicos afetam a ecologia dos seres vivos e como a ecologia afeta os funcionamentos �siológicos. Aqui podemos fazer uma relação muito importante com o trabalho, sendo o ambiente de trabalho causa de boa parte de alterações �siológicas ou como as alterações �siológicas causam consequências no meio de trabalho. 27 Fisiologia do exercício: estuda os efeitos do exercício físico nos organismos vivos, em especial o do homem. Atualmente, existem diversos estudos relacionando a qualidade no trabalho com a realização de exercícios fora e dentro do ambiente de trabalho. É claro que para fazer isso, deve ser levado em consideração o tipo de trabalho, além de ser feito um acompanhamento com um pro�ssional da área. Sistemas estudados pela fisiologia É claro que o estudo da �siologia será sempre feito por um pro�ssional adequado da área. Portanto os pro�ssionais dentro das organizações que deverão dominar o assunto são os médicos do trabalho enfermeiros, �sioterapeutas, dentre outros. Porém é fundamental que a equipe responsável pela segurança do trabalho tenha o mínimo de conhecimento sobre alguns aspectos do corpo humano. Isso se dá pela necessidade da conversação entre os mais diversos pro�ssionais. Os pro�ssionais da área não podem trabalhar isoladamente sem que haja um amplo conhecimento disseminado sobre os riscos e possíveis consequências no corpo do trabalhador. Para que isso seja possível o engenheiro de segurança do trabalho deve no mínimo entender as subdivisões dos sistemas do corpo humano, para que ele junto com os médicos consigam, cada um na sua respectiva área chegar a soluções e�cazes, tanto no âmbito da engenharia de segurança como na questão da saúde do trabalhador. Vamos aos sistemas do corpo humano e suas funções de forma simpli�cadae resumida: Sistema cardiovascular é formado pelos vasos sanguíneos como: artérias, veias, vasos capilares e o coração. Responsável pelo transporte do sangue no corpo humano (oxigênio e nutrientes). Sistema respiratório é formado pelas vias respiratórias e pelos pulmões, responsável basicamente pela absorção do oxigênio do ar e eliminação do gás carbônico retirado das células. Sistema digestório é formado pelo tubo digestório que são: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado e grosso. Não podemos esquecer dos órgãos anexos como: glândulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar. Responsável pela digestão dos alimentos transformando-os em moléculas menores. 28 Sistema nervoso é formado pelo sistema nervoso central que corresponde ao encéfalo e medula espinhal e pelo sistema nervoso periférico que corresponde aos nervos e raquidianos que se espalham pelo corpo. Responsável pela captação, interpretação e respostas aos estímulos. Sistema sensorial é formado pelos órgãos dos cinco sentidos: tato, paladar, olfato, visão e audição. Sistema endócrino é formado pelas glândulas como, por exemplo, tireoide, hipó�se e glândulas sexuais entre outras. Responsáveis por produzirem glândulas que regulam o metabolismo nas mais diversas áreas. Sistema excretor e urinário é formado pelos rins e vias urinárias. É responsável pelo descarte dos resíduos que não foram aproveitados pelo organismo. Sistema reprodutor é formado pelos órgãos da reprodução e possuem o objetivo de reproduzir novos seres. Sistema esquelético é responsável por dar forma, sustentação e proteção aos órgãos do corpo humano. Desempenha papel fundamental na movimentação junto com o sistema muscular. Sistema muscular junto com o sistema esquelético responsável pela movimentação além de dar estabilidade ao corpo ajuda a regular a temperatura corporal e ajuda também no �uxo sanguíneo. Sistema imunológico conjunto de elementos do corpo humano que trabalham juntos para defender o organismo contra bactérias, vírus, micróbios e doenças. Sistema linfático complexa rede de vasos que transporta a linfa (proteínas, lipídios e glóbulos brancos) pelo corpo. Sistema tegumentar que podemos entender como a pele, que ajuda a regular a temperatura junto com os músculos e protege o corpo humano formando uma barreira a agressões externas e evitando a perda de líquidos. Acima, estão descrito os sistemas do corpo humano de forma simpli�cada para que consigamos no mínimo compreender onde alguma atividade está prejudicando o organismo do trabalhador. Referente à ergonomia, podemos dizer que a falta da ergonomia física poderá prejudicar diretamente no sistema muscular, esquelético e indiretamente em outros. A falta de ergonomia cognitiva e organizacional também poderá de alguma forma prejudicar diretamente alguns dos sistemas acima como, por exemplo, o sistema nervoso e endócrino. 29 Fonte: Disponível aqui A conclusão que podemos chegar até aqui é que a falta de condições ergonômicas pode afetar e muito as questões �siológicas do corpo, mesmo porque ergonomia não está relacionada apenas a medidas e movimentos. A ergonomia engloba a capacidade de percepção, raciocínio, memória e carga mental intensa de trabalho, além das políticas e processos da empresa, cujo problema mais comum é o estresse, que pode afetar os sistemas �siológicos descritos acima. É possível perceber certa alteração com alguns dos sintomas abaixo: Queda de cabelo Unhas fracas e quebradiças Aumento do apetite Di�culdade para dormir Problemas em geral (infecções urinárias, gastroenterite e atégripe) Síndrome metabólica Aumento e surgimento de diabetes Síndrome do cólon irritado Ao longo do tempo, pode levar à infertilidade Suicídio 30 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/giria-e-jargao-a-lingua-mudaconforme-situacao.htm Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui No link abaixo, há uma entrevista com o doutor Dráuzio Varella falando sobre o estresse. Aqui, há um artigo sobre a perda de audição momentânea: Conheça também a Associação Brasileira de Ergonomia, a ABERGO: Nesta aula, aprendemos o que é a �siologia e a sua importância no entendimento da relação com a ergonomia. É importante saber aqui qual a relação entre ergonomia e �siologia. 31 https://drauziovarella.uol.com.br/entrevistas-2/estresse-entrevista/ https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/05/30/estresse-afeta-momentaneamente-a-capacidade-de-perceber-sons-do-ambiente.htm http://www.abergo.org.br/internas.php?pg=o_que_e_ergonomia 05 Macroergonomia 32 Principais pontos para o entendimento da macroergonomia Para entendermos o que é a macroergonomia, devemos compreender de forma totalitária tudo o que foi abordado até agora, pois a macroergonomia será de�nida no conjunto dos conhecimentos obtidos. O primeiro ponto a ser relembrado é referente à de�nição adotada por nós como “ergonomia”. No caso, essa de�nição compreende o conceito da interação mais harmônica possível entre homem, sistema e ambiente, sendo “homem” a pessoa comum na situação de trabalho ou não. “Sistema” é a relação que o homem possui com alguma atividade, que pode ser laboral (atividade no posto de trabalho) ou não (situação do dia a dia). E, por �m, “ambiente” é basicamente o local das atividades realizadas pelo homem, e que pode interagir com o homem de várias formas: pode ter iluminação em excesso ou em falta, pode estar muito quente ou muito frio ou apresentar ruídos, vibração e umidade. Precisamos, ainda neste tópico, de�nir o que seria sustentabilidade. É bem provável que você já tenha escutado esse nome, pois atualmente a palavra “sustentabilidade” é utilizada indiscriminadamente e muitas vezes de forma equivocada. Alguns vão dizer que a sustentabilidade é limpar o próprio lixo, outros vão dizer que é plantar árvores, e por aí vai. Esse tipo de relação com a palavra sustentabilidade se dá porque seu conceito é bastante amplo. Para que entendamos de forma adequada, falaremos aqui em coexistência; palavra fundamental, pois acontece dentro de uma organização de trabalho quando todos os participantes podem realizar suas funções sem prejudicar uns aos outros. Agora, vamos juntar a de�nição de sustentabilidade com coexistência e aliá-las ao objetivo de uma empresa qualquer. Toda empresa que possui �ns lucrativos busca o lucro. Dentro da empresa, vamos ter o indivíduo, o sistema e o ambiente de trabalho e, por �m, essa empresa deve ser sustentável, de forma que o lucro seja obtido sem que haja a degradação do ambiente, sem que ela prejudique a saúde do trabalhador e também não se utilize de nenhum sistema que venha sobrecarregar a organização do trabalho. Só assim a empresa, dentro das condições que de�nimos aqui, poderá ser considerada uma organização em que haja sustentabilidade, ou seja, em que a coexistência dos mais diversos setores será aplicável. 33 Essa de�nição pode ser estendida para a sociedade em geral: diariamente, devemos coexistir sem que uma pessoa cause danos às outras. Devemos aprimorar a sociedade para que ela se torne mais sustentável. Eis um dos grandes desa�os da humanidade. Qualidade Total Se você procurar na internet o que é “qualidade”, encontrará que ela está relacionada ao grau de excelência; a alguma característica que denota um grau de superioridade em relação a outras pessoas ou a objetos. A partir das características que distinguem a qualidade descrita acima, podemos chegar à conclusão de que a qualidade está ligada, de certa forma, a questões subjetivas. Dessa forma, “qualidade” é algo quase impossível de alcançar apenas pedindo para os funcionários de uma determinada empresa. Para que haja qualidade dentro de uma organização, é preciso que seja uma preocupação que se transforme em atitude de dentro para fora, ou seja, que os conceitos de qualidade façam parte da cultura organizacional da empresa. Quando em uma determinada empresa há a construção desse pensamento aliada à prática e à disseminação desse conceitopor todos os membros, podemos dizer que existe ali a qualidade total. Assim como a ergonomia, a qualidade total é comportamental, e sendo comportamental é necessário que haja amplos esforços dentro da organização para se atingir esse grau de comprometimento e aplicação dos mais diversos tipos de controle por todos, independentemente de seu grau hierárquico dentro da empresa. É necessário que haja treinamento, e que a organização seja motivada a querer trabalhar. Dessa forma, temos por de�nição que a cultura de qualidade está 34 enraizada transversalmente na empresa: a qualidade está presente em todos os níveis hierárquicos (verticalmente) e em diferentes setores no mesmo nível hierárquico (horizontalmente). Definição e aplicação da macroergonomia De�nimos nas aulas e itens anteriores três tópicos fundamentais, a ergonomia, a sustentabilidade e a qualidade total dentro da organização. Agora, será possível entrar no tema desta aula, que é a macroergonomia. A macroergonomia estará em plenitude dentro da empresa quando a cultura da ergonomia for pensada e praticada por todos os membros da empresa de tal forma que esse fenômeno seja natural e cultural dentro do ambiente de trabalho. Nesse contexto, a aplicação da ergonomia será disseminada transversalmente na empresa, assim como foi comentado com a qualidade total. O membro da organização neste cenário passa a pensar dentro da empresa de forma a se preocupar com sua postura na execução das atividades e a dividir e executar os diversos tipos de atividades sem que haja a sobrecarga dele e de outros membros, o que torna o ambiente de trabalho um lugar onde é possível coexistir em termos de ergonomia. É claro que para chegar a este patamar é preciso começar de algum lugar, e a esse lugar podemos dar o nome de ergonomia de ocasião. Nesse contexto, a organização dará os primeiros passos no sentido da macroergonomia. Na situação inicial, apenas é possível, portanto, a aplicação da ergonomia de ocasião, visto que ainda não há na empresa grupos multidisciplinares, e a ergonomia será aplicada conforme a necessidade surgir. A ergonomia de ocasião pode ser dividida em quatro formas para se atingir o objetivo �nal, que é a macroergonomia. As quatro formas serão listadas e explicadas nos tópicos abaixo. Ergonomia de concepção: é quando a ideia, seja ela qual for, nasce junto com a abordagem ergonômica. Pode ser aplicada já na fase de projeto de uma determinada máquina, equipamento, mobiliário, no processo de fabricação e/ou até mesmo na própria prestação de serviço. Os projetos já saem com a preocupação da aplicação da ergonomia desde a fase de concepção. 35 Ergonomia de correção: ocorre quando a organização já tem um histórico de problemas identi�cados como situações ocorridas devido à falta da ergonomia. Essas situações podem ser decorrentes de questões físicas cujo efeito são normalmente dores físicas devido ao mau posicionamento e geometria das estações de trabalho. Podem também ser decorrentes de questões cognitivas e/ou organizacionais cujas consequências são problemas da ordem psicossociais. A ergonomia de correção será aplicada na organização pela mobilização dos funcionários para a identi�cação e correção de cada uma das causas. Ergonomia de conscientização: é a aplicação de forma gradual de sistemas de treinamentos, de maneira que aos poucos a prática e o pensamento ergonômico comecem a surgir dentro do ambiente de trabalho e até mesmo na vida pessoal dos colaboradores. A aplicação pode ser feita por meio de palestras e principalmente do exemplo dado pelos gerentes e membros diretores da organização. Ergonomia de participação:é quando os trabalhadores de um determinado setor que enfrentam qualquer um dos problemas com a ergonomia participam da solução adotada para a correção. É grati�cante melhorar a própria coexistência com todas as pessoas que, de certa forma, in�uem em um determinado setor. Quando isso ocorre, o trabalhador se tornará mais ativo e o processo de disseminação da ergonomia começará a acontecer. Para essa situação começar a �uir, o colaborador já deverá ter um conhecimento prévio de ergonomia. 36 Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui No link abaixo, há um artigo da aplicação da macroergonomia para um restaurante: Aqui, há uma dissertação de mestrado sobre o panorama da macroergonomia no cenário brasileiro: Leia também sobre macroergonomia e sua aplicação em hospitais: Nesta aula, aprendemos o que é macroergonomia e como é possível chegar a esse estágio dentro da organização. É importante saber aqui como aplicar a ergonomia de ocasião e como aplicar cada uma de suas partes. 37 http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/projetica/article/view/12872 https://www.faac.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Design/Dissertacoes/raquelbugliani.pdf http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1997_T2507.PDF 06 Normas regulamentares 38 Definições e contextualização Já estudamos até agora questões básicas sobre o que é a ergonomia, onde ela se aplica, quais os critérios e a interdisciplinaridade dentro da ergonomia e a de�nição de sustentabilidade e qualidade, e discutimos um pouco sobre questões organizacionais. Tudo o que já falamos é extremamente útil e aplicável, porém, se �cássemos somente no que foi explanado até agora, seria difícil para você ter um norte na aplicação dos conceitos e na busca do aprimoramento de seu ambiente de trabalho. Por isso, é necessário que haja um padrão ou, pelo menos, um documento o qual possamos consultar para aplicar a teoria aqui mencionada. Assim, chegou a hora de apresentar as Normas Regulamentadoras, conhecidas como NR. As Normas Regulamentadoras foram publicadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), portaria n. 3214/78, para estabelecer os requisitos técnicos e legais sobre os aspectos mínimos de Segurança e Saúde Ocupacional (SSO). Atualmente, são 36 Normas Regulamentadoras. Vale lembrar aqui que é importante fazer o acompanhamento das NR pelo site trabalho.gov.br (atualmente, Secretaria do Trabalho), visto que elas possuem caráter dinâmico. Isso ocorre porque com o passar dos anos, as condições de trabalho em muitas áreas acabam se modi�cando, além de surgirem pro�ssões que possuem novos riscos. Outro aspecto importante que modi�ca as NR são as pesquisas feitas sobre o trabalho nas mais diversas áreas do conhecimento e que estabelecem novos limites e critérios. Vale lembrar que as pesquisas abrangem desde a própria engenharia de segurança do trabalho até a medicina, passando pelas exatas, humanas e chegando às biológicas. 39 Uma pergunta: quem faz as Normas Regulamentadoras? As Normas Regulamentadoras são elaboradas e modi�cadas por uma comissão tripartite composta por representantes do governo, empregadores e empregados. O Ministério do Trabalho elabora e modi�ca as NR por meio de portarias. Outra questão interessante é: como surge a preocupação para se criar uma nova NR? As NR surgem quando há a necessidade de se regulamentar uma atividade que apresenta um grande número de acidentes. Essas informações são contabilizadas e acabam se tornando um indicativo para que haja uma padronização na atividade a �m de diminuir o número de acidentes. Aplicação das NR As NR devem ser aplicadas em todas as empresas ou instituições que têm empregados regidos pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), incluindo as empresas privadas e as públicas, órgãos públicos da administração direta e indireta. Também estão inclusos aqui os órgãos dos poderes Legislativo e Judiciário. A não aplicação das NR geram penalidades para a organização. Por isso, é importante que haja treinamento e pro�ssionais capacitados para que as normas sejam cumpridas. É muito comum a consultoria de pro�ssionais da área da segurança no sentido de veri�car e treinar os funcionários de uma determinada empresa para a aplicação de maneira adequada das NR. Em caso de dúvida sobre como proceder em situações de acidentes de trabalho, ou sobre algum problemarelacionado à segurança do trabalho, é possível recorrer à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) de cada localidade. Portanto, além dos 40 sindicatos, a DRT está disponível para orientações, e além da DRT, outros órgãos podem assumir a responsabilidade pela �scalização e orientação às empresas desde que haja convênio autorizado pela Secretaria do Trabalho do atual Ministério da Economia. Definições válidas para a aplicação das NR Vale a pena aqui trazer de�nições mais formais a respeito de algumas nomenclaturas que utilizamos no dia a dia para �ns de aplicação das NR: Empregador: é a empresa individual ou coletiva que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação de serviços do empregado. Também são considerados empregadores aqueles que possuírem empregados, tais como pro�ssionais liberais, autônomos, instituições bene�centes, associações recreativas ou outras instituições sem �ns lucrativos, sindicatos e condomínio de apartamentos, dentre outros. Empregado: é a pessoa física que presta serviços de natureza não eventual ao empregador, sob a dependência deste e mediante pagamento de salário. Empresa: é o estabelecimento ou conjunto de estabelecimentos, canteiros de obras, frente de trabalho, locais de trabalho e outras, constituindo uma organização utilizada pelo empregador para atingir seus objetivos. Estabelecimento: é cada uma das unidades da empresa, podendo funcionar em lugares diferentes, tais como fábrica, re�naria, usina, escritório, loja, o�cina, depósito, laboratório, etc. Setor de serviço: é a menor unidade administrativa ou operacional compreendida no mesmo estabelecimento. Vale lembrar que a partir de 2019, sob a liderança de um novo governo, os paradigmas são diferentes, portanto, é possível que haja algumas modi�cações ao longo do curso. Lista das NR e aplicação São ao todo 36 NR. Aqui, elas estão em ordem para você consulte quando houver dúvidas sobre qual delas buscar. NR 1. Disposições Gerais NR 2. Inspeção prévia 41 NR 3. Embargo ou interdição NR 4. Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho NR 5. Comissão interna de prevenção de acidentes (CIPA) NR 6. Equipamento de Proteção Individual NR 7. Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional NR 8. Edi�cações NR 9. Programa de Prevenção de Riscos Ambientais NR 10. Serviços em Eletricidade NR 11. Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais NR 12. Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos Caldeiras e Vasos de Pressão Fornos NR 15. Atividades e Operações Insalubres NR Atividades e Operações Perigosas NR 17. Ergonomia NR 18. Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção NR 19. Explosivos NR 20. Líquidos Combustíveis e In�amáveis NR 21. Trabalhos a céu aberto NR 22. Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração NR 23. Proteção Contra Incêndios NR 24. Condições Sanitáriase de Conforto nos Locais de Trabalhos NR 25. Resíduos Industriais NR 26. Sinalização de Segurança NR 27. Registro Pro�ssional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho NR 28. Fiscalização e Penalidades NR 29. Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário NR 30. Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário NR 31. Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura NR 32. Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Saúde NR 33. Segurança e Saúde no Trabalho em Espaços Con�nados NR 34. Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e Reparação Naval NR 35. Trabalho em Altura NR 36. Norma Regulamentadora sobre Abate e Processamento de Carnes e Derivados Já vimos que há uma boa lista de normas regulamentadoras e que possuem caráter dinâmico. Chegou o momento do curso de começar a usá-las. Como isso pode ser feito? 42 De maneira simples. A primeira pergunta que você deve fazer é qual o seu ramo de atuação? Com essa pergunta respondida o procedimento é simples. Basta procurar dentre as NR quais são as que possuem algum tipo de vínculo com a sua atividade. É claro que não basta procurar exclusivamente as NR que são diretamente ligadas ao seu campo de atuação. É preciso também ler as NR que tratam de assuntos gerais. Agora vai surgir a seguinte dúvida, quais possuem âmbito geral? As NR que são fundamentais e que agregam independentemente da área são: NR 1, 3, 4, 5, 6 e 7. Para a nossa felicidade as NR citadas não são complexas de entender. Faça o seguinte. Coloque na busca da internet “NR 1 gov pdf”. O primeiro link será provavelmente o do site o�cial do governo. Dê uma pequena lida na primeira página. A primeira coisa que percebeu é que essa NR vai de�nir termos e responsabilidades. É por causa disso que ela é extremamente importante. No item 1.4 da mesma estará descrito quais são os direitos e deveres do empregador e do trabalhador. Já o anexo 1 da NR 1 temos as de�nições o�ciais dos termos utilizados. A NR 3 falará de forma bem resumida e concisa a respeito de embargo ou interdição. Sendo o embargo à paralisação total ou parcial da obra e a interdição a paralisação total ou parcial do estabelecimento, setor de serviço, máquina ou equipamento. Agora o desa�o. O que é estabelecimento, obra, setor de serviço e frente de trabalho? A resposta está na NR 1. Acredito que, agora entendeu como deve funcionar as suas buscas pelas normas regulamentadoras. À medida que formos seguindo com as aulas, as normas regulamentadoras serão citadas. 43 Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Texto complementar a respeito das Normas Regulamentadoras: Site da Secretaria do Trabalho dentro do Ministério da Economia: Acesse o link: Disponível aqui Assista a um vídeo sobre as Normas Regulamentadoras: Nesta aula, aprendemos o que é uma Norma Regulamentadora e sua importância. É importante saber aqui o que são as Normas Regulamentadoras e o órgão �scalizador DRT. 44 https://enit.trabalho.gov.br/portal/index.php/seguranca-e-saude-no-trabalho/sst-menu/sst-normatizacao/sst-nr-portugues?view=default http://trabalho.gov.br/ https://www.youtube.com/watch?v=DWxqzefkH1E 07 Análise Ergonômica do Trabalho 45 NR 17 Vamos estudar os principais pontos de dúvidas sobre a NR 17, que regulamenta sobre a Ergonomia. A primeira delas é sobre a obrigatoriedade da realização da análise ergonômica. A avaliação ergonômica dos postos e métodos de trabalho é um dos documentos obrigatórios que podem ser exigidos pelos Auditores do Trabalho. Outra questão importante é a respeito do que deve conter uma análise ergonômica do trabalho (AET): Análise da demanda e do contexto; Análise global da empresa no seu contexto das condições técnicas, econômicas e sociais; Análise da população de trabalho; De�nição das situações de trabalho a serem estudadas; Descrição das tarefas prescritas, das tarefas reais e das atividades; Diagnóstico; Validação do diagnóstico; Recomendações; Simulação do trabalho com as modi�cações propostas e Avaliação do trabalho na nova situação. De acordo com o item 17.2.1.1 da NR 17, o transporte manual de cargas é todo aquele realizado apenas por um trabalhador, incluindo o levantamento e a deposição. Já de acordo com o item 17.4.3.1 da NR 17, quando houver situação eventual da utilização de equipamentos de processamento eletrônico de dados com terminais de vídeo, poderão ser dispensadas as exigências no subitem 17.4.3. A respeito da iluminação, devem ser observados os valores de luminância estabelecidos na norma ABNT NBR ISO/ICE 8995 1:2013 – Iluminação de ambientes de trabalho. Os exemplos citados aqui são importantes, porém, é fundamental que a NR17 seja lida na íntegra para que o aprendizado da ergonomia seja satisfatório. 46 Análise Ergonômica do Trabalho (AET) A análise ergonômica do trabalho basicamente é a análise dos problemas relacionados ao trabalho, saúde e segurança do trabalho levando em consideração o que é estabelecido na NR-17. O primeiro passo é a análise de demanda, quenada mais é que a de�nição do problema, sendo que a AET pode ser a busca da causa deste problema. O segundo passo é a análise da tarefa, que é a análise das condições de trabalho e do processo de trabalho. Aqui, é utilizado todo o conhecimento discutido nas primeiras aulas deste curso. O terceiro passo é fazer a análise da atividade, que se relaciona ao fator humano nas relações de trabalho e às condições psicossociais e emocionais dos trabalhadores na organização. Essa análise é subjetiva e depende muito da experiência do observador. O quarto passo consiste no diagnóstico, ou basicamente a diferença entre o que você realmente encontrou em atuação na empresa e o que deveria ter encontrado se tudo ocorresse como o planejado. O quinto passo são as recomendações, em que se descrevem quais as formas de prevenção do problema ocorrido e até mesmo formas de acabar com determinados problemas encontrados no ambiente de trabalho. Portanto, trata-se da base para o andamento da AET proposta na NR17. É claro que, para a aplicação de todo o procedimento, é necessário que haja algum indicador de necessidade para se recorrer a AET. Esse indicador pode ser algum problema recorrente relacionado à ergonomia, um histórico de dor nos funcionários da organização, queda da e�ciência e excesso de afastamentos falta de motivação, dentre outros. Podemos dar ênfase aqui aos recursos humanos da organização e à medicina do trabalho como um dos principais geradores de dados que comprovem a necessidade da AET. A norma recomenda que a AET seja feita pelo técnico de segurança do trabalho ou pelo engenheiro de segurança do trabalho. O laudo ergonômico deve ser feito por um ergonomista, um pro�ssional da área da saúde, médico ou �sioterapeuta com especialização adequada. Mas é importante deixar claro que a análise ergonômica do trabalho e o laudo ergonômico são documentos diferentes, realizados por pro�ssionais diferentes e com competências diferentes. 47 Alguns pontos que favorecem a aplicação da AET Vejamos alguns pontos que levam uma organização a fazer uma análise ergonômica do trabalho: Atender às disposições da NR17, ou seja, a preocupação em promover a aplicação da ergonomia ao ambiente de trabalho gerando maior qualidade, saúde, conforto e segurança. Auditoria da Secretaria do Trabalho do Ministério da Economia. Trata-se do exemplo clássico de que a �scalização melhora as condições de trabalho. Infelizmente, não é o ideal, mas é o que deve ser praticado. Atender às auditorias do sistema de gestão OHSAS (segurança do trabalho), ISO 14000 (Gestão Ambiental), ISO 9000 (qualidade em processos), dentre outras certi�cações. Causas Trabalhistas. São normalmente solicitadas por colaboradores ou ex- colaboradores. Absenteísmo. Pode ser entendida como a falta ou ausência habitual dos funcionários. Melhoria de processos. É o primeiro caso no qual a empresaquer melhorar seu desempenho e sua e�ciência sem que seja impelida a fazer o AET. Empresa proativa.São normalmente as empresas que querem estar na vanguarda no mundo do trabalho e serem consideradas referências no panorama atual. CAT (Comunicado de acidente do trabalho). Para abrir um CAT, é preciso primeiro uma AET para saber se há nexo causal entre o mal relatado pelo trabalhador e sua atividade laboral. Vale a pena dizer que você, enquanto conhecedor das Normas Regulamentadoras, pode por conta própria favorecer que a empresa entenda a importância dessa norma e de suas aplicações. A segurança do trabalho é uma questão que passa fundamentalmente pela cultura organizacional. Agora que você já sabe alguns dos principais pontos, seja um disseminador do conhecimento! 48 Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Conheça a NR 17 na íntegra: A respeito de possível revisão da NR17: Acesse o link: Disponível aqui Como complemento, assista a um vídeo feito por um técnico de segurança do trabalho: Nesta aula, aprendemos o que é a NR17 e o documento AET. É importante saber quais são as etapas para a formulação da AET. 49 http://www.trt02.gov.br/geral/tribunal2/LEGIS/CLT/NRs/NR_17.html http://renastonline.ensp.fiocruz.br/noticias/revisao-nr-172019-preciso-modernizar-proteger-mais-saude-trabalhadores https://www.youtube.com/watch?v=0yllHTVUBAQ 08 Método para a análise ergonômica do trabalho 50 RULA Nesta etapa do curso, vamos falar sobre os métodos de avaliação da ergonomia. O primeiro cujo funcionamento e objetivos, vamos aprender o RULA, que em inglês signi�ca Rapid Upper Limb Assessment, ou “Avaliação rápida dos membros superiores”. Esse método foi desenvolvido por Lynn McAttamney e Nigel Corlett (1993) na Universidade de Nottingham. A partir do nome, já é possível tirar algumas conclusões. Trata-se de um método de aplicação rápida que investiga a exposição dos trabalhadores a fatores de riscos ergonômicos associados aos membros superiores (tronco, braços e pescoço). Os riscos relacionados a esses membros são referentes à postura, contração muscular estática, repetição, força e alcance. RULA, portanto, é uma ferramenta de seleção que avalia o corpo biomecânico e postural e que foi criada para identi�car posturas de trabalho ou fatores de risco que mereçam avaliação cuidadosa. É um método que possui uma boa quantidade de informação, mas é rapidamente aplicável se comparado a outros métodos. Para a aplicação do método, é necessário pontuar as possíveis situações encontradas nos ambientes de trabalho. As pontuações são obtidas a partir de cada fator de exposição, e a aplicação resulta de um risco produzido por pontos nos quais a variação da pontuação é de 1 a 7, sendo que quanto maior o risco, maior será a pontuação. Uma curiosidade a respeito do método RULA: por mais que esteja no nome que ele é feito apenas para os membros superiores, o RULA é aplicável também para as pernas. Algumas limitações do método são: Não contempla o tempo contínuo das operações 51 Características individuais (idade, experiência, estatura, resistência física e histórico médico) Fatores ambientais no posto de trabalho Fatores Psicossociais. Fases da aplicação do RULA O primeiro passo para a aplicação do RULA é a pontuação, devido à posição do braço. Basta reconhecer qual é o movimento do braço do trabalhador e somar o respectivo número que o caso indicar na Imagem 8a. O segundo passo é quali�car a posição do antebraço segundo o ângulo do cotovelo conforme a mesma imagem. O terceiro passo é a quali�cação da movimentação do punho. Após a quali�cação de cada parte do membro superior, recorre-se à Imagem 8b e se faz a soma de todos os casos. Caso a posição analisada seja estática e mantida por mais de 10 minutos, ou se existe repetição maior que quatro vezes por minuto, acrescenta-se mais 1 ao resultado. Outra questão a analisar é referente às cargas. Em cargas menores que 2 kg intermitentes, não se soma mais nada. Cargas de 2 a 10 kg intermitentes somam-se mais um. Carga de 2 a 10 kg, estática ou repetida, somam-se mais dois. Para mais de 10 kg, somam-se mais 3. Esta etapa acaba com a soma de todos esses valores. Agora, é feita a soma dos efeitos que atuam no pescoço, no tronco e nos membros inferiores conforme a Imagem 8c. Somam-se todos os possíveis efeitos e �nalmente chega-se à avaliação �nal. Se o resultado for entre 1 e 2, a posição é aceitável se não for repetida ou mantida durante longos períodos de tempo. Com pontuação entre 3 e 4, é necessário investigar possibilidades de mudança. Pontuação entre 5 e 6 indica realizar mudanças rapidamente. Para pontuações maiores que 7, deve haver mudanças imediatas. 52 Figura 8a - Aplicação do RULA Fonte: Adaptado de OSMOND GROUP LIMITED, (2015) 53 Tabela �nal das classi�cações encontradas conforme a imagem 8a Fonte: Adaptado de McAttamney e Corlett (1993) Braço Antebraço Total da Postura do Pulso 1 2 3 4 Torção Pulso Torção Pulso Torção Pulso Torção Pulso 1 2 1 2 1 2 1 2 1 1 1 2 2 2 2 3 3 3 2 2 2 2 2 3 3 3 3 3 2 3 3 3 3 3 4 4 2 1 2 3 3 3 3 4 4 4 2 3 3 3 3 3 4 4 4 3 3 4 4 44 4 5 5 3 1 3 3 4 4 4 4 5 5 2 3 4 4 4 4 4 5 5 3 4 4 4 4 4 5 5 5 4 1 4 4 4 4 4 5 5 5 2 4 4 4 4 4 5 5 5 3 4 4 4 5 5 5 6 6 5 1 5 5 5 5 5 6 6 7 2 5 6 6 6 6 7 7 7 3 6 6 6 7 7 7 7 8 6 1 7 7 7 7 7 8 8 9 2 8 8 8 8 8 9 9 9 3 9 9 9 9 9 9 9 9 54 Figura 8c – Pontuações para pescoço, tronco e membros inferiores Fonte: Adaptado de OSMOND GROUP LIMITED, (2015) 55 Tabela de classi�cação - Membros Inferiores | Fonte: Adaptado de Oliveira (2012). Score da Postura do Pescoço Score da Postura do Tronco 1 2 3 4 5 6 Pernas Pernas Pernas Pernas Pernas Pernas 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 1 3 2 3 3 4 5 5 6 6 7 7 2 2 3 2 3 4 5 5 5 6 7 7 7 3 3 3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 7 4 5 5 5 6 6 7 7 7 7 7 8 8 5 7 7 7 7 7 8 8 8 8 8 8 8 6 8 8 8 8 8 8 8 9 9 9 9 9 56 Tabela de Trabalho Muscular e Forças ou Cargas | Fonte: Adaptado de Oliveira (2012). Trabalho Muscular - Membros Superiores OU Inferiores 0 A tarefa envolve contrações musculares com duração inferior à 1 minuto Soma +1 A tarefa envolve contrações musculares com duração superior à 1 minuto Força ou Carga - Membros Superiores OU Inferiores 0 Carga intermitente ou força < 2kg Soma +1 Carga intermitente ou força entre 2 e 10kg Soma +2 Repetição ou carga estática e força entre 2 e 10kg Soma +2 Carga intermitente ou força > 10kg Soma +3 Repetição ou carga estática e força > 10kg Soma +3 Quando há movimento acelerado ou solavancos 57 Pontuação Final A Pontuação Final B 1 2 3 4 5 6 7+ 1 1 2 3 3 4 5 5 2 2 2 3 4 4 5 5 3 3 3 3 4 4 5 5 4 3 3 3 4 5 6 6 5 4 4 4 5 6 7 7 6 4 4 5 6 6 7 7 7 4 5 6 6 7 7 7 8 5 5 6 7 7 7 7 Tabela de Classificação - Membros Superiores e Membros Inferiores | Fonte: Adaptado de Oliveira (2012). Nesta aula, aprendemos o que é o RULA e a aplicação do RULA. É importante saber que o RULA é um método com uma boa quantidade de informação e para a sua aplicação é necessário pontuar as situações encontradas no ambiente de trabalho. 58 09 Gestão da ergonomia 59 Sistemas de gestão Para que na organização haja qualquer sistema de gestão, é necessário que haja controle de todos os �uxos de trabalhos. Isso ocorre porque só é possível que um gestor tome decisão quando existe dados indicando qual decisão ele deva tomar. Portanto, aqui percebemos que as decisões tomadas nas empresas não são sorte ou questão de espontaneísmo das ações. É necessário que as decisões sejam embasadas e fundamentadas a partir de um plano com o controle do máximo de variáveis possíveis e, assim, assegurar que as decisões tomadas terão o menor risco possível. O risco aqui está diretamente ligado a prejuízos �nanceiros, pois o capital é a principal medida de sucesso de uma organização. E para que o capital da organização cresça, é preciso que a empresa esteja sempre em melhoria, de forma a maximizar os lucros e diminuir os custos. A diminuição dos custos pode ser de forma direta ou indireta. Toda vez que algum processo dentro da organização diminui o custo, há um aumento do lucro para um mesmo número de mão de obra ou para um pequeno acréscimo da mão de obra. Portanto, a partir da identi�cação dos processos de uma organização, identi�cando-se entradas e saídas, deve-se estabelecer um sistema de controle/veri�cação a �m de criar dados atualizados que permitam a tomada de decisões objetivas e efetivas por parte dos líderes. Dentro desse contexto, é comum utilizar a expressão “documentos vivos”; expressão que se refere a dados atualizados de maneira constante e no menor intervalo de tempo possível. Todo e qualquer conjunto de normas e procedimentos que a organização utilize de maneira sistêmica pode ser considerado um sistema de gestão. Ser sistêmica signi�ca que há entrada, processamento e saída de dados, e após este processo há a retroalimentação do ciclo. E aqui vamos chegar a um nome que você certamente já escutou em algum lugar. O famoso conjunto de normas da série ISO 9000. 60 ISO 9000 A família de normas ISO (International Standard Organization, ou “organização internacional de normalização”) 9000 surgiu na Suíça, em meados da década de 1980, como consequência da formação e consolidação do Mercado Comum Europeu. A formação desse mercado in�uenciou na formação de padrões que facilitassem as operações de negócios deste bloco. Devido às diferenças de capacidade produtiva entre os países mais desenvolvidos e os países menos desenvolvidos, as normas passaram a ter função de equilibrar este desequilíbrio natural da produção. Vale aqui um pequeno resumo histórico para entendermos a evolução e divisões dessa norma. ISO 9000 – Todas as operações da cadeia produtiva atendiam os pré-requisitos da norma (inclusive projeto). ISO 9002 – Todas as operações da cadeia produtiva atendiam os pré-requisitos da norma (exceto projeto). ISO 9003 – Garantia de qualidade na inspeção �nal. Em 1994, houve uma revisão dessas normas, visto que a indústria automobilística mundial tinha uma padronização para cada região. Dois exemplos dos diferentes sistemas eram: VDA – Sistema Alemão AVSQ – Sistema Italiano Isso era ruim para os fornecedores de produtos para as mais diferentes empresas, pois cada uma possuía um sistema de certi�cação. No ano de 2000, houve mais uma mudança nas normas ISO 9000 em torno do paradigma que passou da gestão de qualidade para a gestão de processos, cujo foco passa a ser o comportamento do trabalhador mudando sua atitude dentro da empresa a �m de fazer parte de todo o controle de qualidade (Qualidade Total). Por �m, chegamos à última criação de normas que ainda está vigente: a ISO TS 16949, que padronizou o fornecimento de produtos para as indústrias automobilísticas. As últimas atualizações das normas ISO 9000 ocorreram em 2008 e 2015. Uma característica dessa norma é que ela é certi�cável, ou seja, existe um órgão ao qual uma empresa qualquer pode pagar para que uma comissão certi�cadora analise a empresa e a certi�que com a norma ISO 9000 61 ISO 14000 – Gestão Ambiental A ISO 14001 é uma norma de gestão ambiental relativamente simples para a aplicação. Em um de seus requisitos, pede-se que a empresa siga as legislações ambientais vigentes no local da unidade a ser certi�cada. No Brasil, como curiosidade, há mais de 80000 leis relacionadas ao meio ambiente. Qual lei deve ser seguida caso haja diferença de legislação municipal, estadual ou federal. A norma manda seguir a lei mais rígida. Gestão da ergonomia A importância de tudo o que foi ensinado até agora não perpassa apenas a questão teórica, mas também a implantação. Como é possível implantar a gestão da ergonomia para que ela seja um vetor de e�ciência dentro da organização? Será comentado agora um passo a passo para a aplicação deste tipo de gestão. O que será aqui apresentado não é a única maneira, mas serve como base para a aplicação. Além da implantação, deve ser feito um sistema de gestão e controle sobre o sistema, como mencionado nos tópicos anteriores. 62 Um dos modelos comuns para a implementação desse sistema é o modelo em três fases: Primeira Fase: Iníciodo processo Segunda Fase: Ciclo de melhoria (atuação) Terceira Fase: Desenvolvimento em longo prazo A primeira fase é implementada a partir de cinco pilares: Primeiro pilar – Apoio da alta administração Segundo Pilar – Treinamento Terceiro Pilar – Participação dos funcionários Quarto Pilar – Estruturação do serviço médico Quinto pilar – Estruturação administrativa Na aplicação do primeiro pilar, é indicado promover uma reunião com a administração e líderes de todas as áreas relacionadas à saúde do trabalhador com o objetivo de criar a consciência da importância da ergonomia na alta administração, que deve dar o seu apoio em todas as fases do processo. Na reunião, deve-se mostrar à alta administração um resumo e a estrutura do projeto com o custo-benefício dessa iniciativa. Deve-se também promover a Assinatura de Declaração de Princípios de Atuação Ergonômica, um documento importante que mostra a preocupação dos gestores em o�cializar um novo procedimento dentro da empresa com a credibilidademerecida desde a primeira fase de implementação, além de possuir força de lei dentro da empresa. A Declaração de Princípios de Atuação Ergonômica é um documento que deve conter em linhas gerais que todos os trabalhadores da empresa, inclusive os da alta administração e donos se comprometeram a levar em consideração a ergonomia em todas as decisões, projetos e aspirações da empresa. É de extrema importância que esse documente conte com as assinaturas de todos os diretores presentes na reunião onde o documento foi proposto. A partir disso o documento passa a ter força de lei dentro da empresa, sendo que os funcionários serão motivados a partir do exemplo das lideranças. No item abordagem prática estão alguns links com modelos dessa declaração feitos em trabalhos de alunos. 63 A organização deve promover treinamentos sobre conhecimentos gerais em ergonomia. Alguns exemplos desta ação são: Situações atuais da empresa Processo de gestão Participação Efetiva Em relação ao terceiro pilar, deve-se identi�car precocemente os aspectos ergonomicamente inadequados, direcionar qual proposição de solução terá melhor chance de dar resultados e aplicar questionários. Deve-se também estruturar o serviço médico no sentido de atender aos trabalhadores e entender possíveis fatores causais, detectando assim áreas de movimento crítico a serem trabalhadas. A estruturação administrativa deve ser feita a partir do acompanhamento de problemas e medidas corretivas e preventivas. Também se deve criar um Comitê de Ergonomia (COERGO – nome alternativo) Na segunda fase, chamada de ciclo de melhoria, é indicada a elaboração da AET (análise ergonômica do trabalho) para se estudar, implementar e documentar as ações e acompanhar os resultados. É importante, nesta etapa, classi�car as possíveis ações em: 64 Ações de curtíssimo prazo – Alto risco ergonômico Ações em curto prazo – Alto risco ergonômico Ações em médio prazo – Médio risco ergonômico Ações em longo prazo – Baixo risco ergonômico Por �m, a terceira fase, que é a relacionada a questões de longo prazo como resolução das di�culdades do comitê, aperfeiçoamento da documentação, treinamentos especializados, detecção de situações causadoras de desconforto, di�culdade de fadiga, auditoria periódica, revisão e melhoria constante do processo e comunicação de sucessos. Deve-se fazer uma prestação de contas periódica à alta administração sobre tudo o que está sendo feito e as alterações em termos de produtividade e ganhos. Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Acesse o link 01: Disponível aqui Acesse o link 02: Disponível aqui Acesse o link: Disponível aqui Leia mais sobre a ISO 9000: Artigo da aplicação da ISO 9001 Neste link há um modelo realizado por alunos da Declaração dos Princípios de Atuação Ergonômica Conheça um trabalho sobre gestão da ergonomia: 65 http://gestao-de-qualidade.info/iso-9000.html http://www.scielo.br/pdf/%0D/ci/v33n2/a18v33n2.pdf https://www.trabalhosgratuitos.com/Outras/Diversos/DECLARA%C3%87%C3%83O-DE-PRINC%C3%8DPIOS-DE-ATUA%C3%87%C3%83O-ERGON%C3%94MICA-482514.html https://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Declara%C3%A7ao-De-Ergonomia/48422001.html https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/76381 Nesta aula, deve-se saber o que é um sistema de gestão e como é possível implementá-lo. 66 10 Órgãos de segurança e medicina do trabalho 67 Definições básicas e contextualização Chegamos ao momento de de�nir alguns órgãos de segurança e medicina do trabalho que são fundamentais para a manutenção das organizações. Esses órgãos são responsáveis pela manutenção do bem-estar da empresa de forma a identi�car os riscos aos quais os trabalhadores estão sujeitos. Basicamente, o que se busca aqui é promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. Para chegar-se ao dimensionamento do pessoal necessário, é preciso levar em conta o grau de risco das atividades principais da organização e o número total de empregados do estabelecimento – lembrando que a de�nição de empregado e empregador já foi feita em aulas passadas, e todas as de�nições ainda são válidas. A norma regulamentadora dos serviços necessários e do dimensionamento da quantidade de funcionários e comissões é a Norma Regulamentadora 4 – Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Nela, consta uma tabela para a classi�cação do grau de risco das mais diversas atividades e também uma tabela para o dimensionamento do SESMT, que são os Serviços Especializados em Engenharia de Segurança do Trabalho. Esse corpo de trabalhadores é composto pelo Médico do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Técnico de Segurança do Trabalho, Enfermeiro do Trabalho e Auxiliar ou Técnico em Enfermagem do Trabalho. Os pro�ssionais do SESMT devem possuir formação e registro pro�ssional em conformidade com o disposto na regulamentação da pro�ssão. 68 Os pro�ssionais integrantes do SESMT possuem o objetivo de: aplicar os conhecimentos de engenharia de segurança e de medicina do trabalho ao ambiente de trabalho e a todos os seus componentes, inclusive máquinas e equipamentos, de modo a reduzir até eliminar os riscos ali existentes à saúde do trabalhador; determinar, quando esgotados todos os meios conhecidos para a eliminação do risco e este persistir, mesmo reduzido, a utilização, pelo trabalhador, de Equipamentos de Proteção Individual – EPI, de acordo com o que determina a NR 6, desde que a concentração, a intensidade ou característica do agente assim o colaborar, quando solicitado, nos projetos e na implantação de novas instalações físicas e tecnológicas da empresa; responsabilizar-se tecnicamente pela orientação quanto ao cumprimento do disposto nasNR aplicáveis às atividades executadas pela empresa e/ou seus estabelecimentos; manter permanente relacionamento com a CIPA, valendo-se ao máximo de suas observações, além de apoiá-la, treiná-la e atendê-la, conforme dispõe a NR 5; 69 promover a realização de atividades de conscientização, educação e orientação dos trabalhadores para a prevenção de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, por meio tanto de campanhas quanto de programas de duração permanente; esclarecer e conscientizar os empregadores sobre acidentes do trabalho e doenças ocupacionais, estimulando-osem favor da prevenção; analisar e registrar em documento(s) especí�co(s) todos os acidentes ocorridos na empresa ou estabelecimento, com ou sem vítima, e todos os casos de doença ocupacional, descrevendo a história e as características do acidente e/ou da doença ocupacional, os fatores ambientais, as características do agente e as condições do(s) indivíduo(s) portador(es) de doença ocupacional ou acidentado(s); registrar mensalmente os dados atualizados de acidentes do trabalho, doenças ocupacionais e agentes de insalubridade, preenchendo, no mínimo, os quesitos descritos nos modelos de mapas constantes nos Quadros III, IV, V e VI, devendo o empregador manter a documentação à disposição da inspeção do trabalho; manter os registros de que tratam as alíneas "h" e "i" na sede dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho ou facilmente alcançáveis a partir da mesma, sendo de livre escolha da empresa o método de arquivamento e recuperação, desde que sejam asseguradas condições de acesso aos registros e entendimento de seu conteúdo, devendo ser guardados somente os mapas anuais dos dados correspondentes às alíneas "h" e "i" por um período não inferior a 5 (cinco) anos; as atividades dos pro�ssionais integrantes dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho são essencialmente prevencionistas, embora não seja vedado o atendimento de emergência, quando se tornar necessário. Entretanto, a elaboração de planos de controle de efeitos de catástrofes, de disponibilidade de meios que visem ao combate a incêndios e ao salvamento e de imediata atenção à vítima deste ou de qualquer outro tipo de acidente estão incluídos em suas
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