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Centro Universitário Estadual da Zona Oeste Vibração da Rede Cristalina – Fônons Curso: Engenharia de Materiais Aluna: Aline Muniz Lima Disciplina: Física do estado sólido Professora: Érika Cabral Rio de Janeiro 2021 Uma quase-partícula fundamental em Física da Matéria Condensada é o fônon. Fônons são vibrações coletivas dos átomos na rede cristalina que possuem energia quantizada como se fossem partículas. Ao contrário dos elétrons, fônons não tem carga e não podem ser controlados diretamente por um campo eletromagnético externo, nem tem uma fonte coerente que possa produzi-los com uma frequência específica. As interações entre fônons também são muito mais fortes do que as interações entre fótons. E diferente dos elétrons e fótons, cuja natureza ondulatório e propriedades coerente são bem conhecidas, a demonstração experimental da natureza ondulatória coerente dos fônons tem gerado muita discussão. Grosseiramente falando, "estudar fônons é como estudar luz usando somente lâmpadas, sem espectrômetros, e com interação forte entre os fótons. Não é surpresa assim que os fônons permaneçam tão pouco entendidos". A descrição dos átomos num cristal, ou dinâmica da rede cristalina, é um tópico fundamental em Estado Sólido. A rede cristalina é melhor entendida não em termos de átomos individuais, mas através de seu comportamento coletivo. A razão é que os átomos estão conectados por ligações químicas, e quando um deles se desloca da sua posição de equilíbrio, exerce uma força que influencia todos os outros átomos na vizinhança. Assim, o conjunto de átomos vibrando em torno de suas posições de equilíbrio (devido à agitação térmica) geram uma superposição de vibrações em toda a rede. Estas vibrações são ondas mecânicas caracterizadas por vetor de onda, frequência e polarização. A superposição de vibrações pode ser decomposta em modos normais (ou modos fundamentais). A cada modo está associado um quantum de energia chamado fônon. A teoria quântica descreve o sólido como uma rede de átomos fixos preenchida com uma mistura caótica de quase partículas (fônons) com diferentes frequências e polarizações. A propagação das ondas mecânicas no sólido é então descrita por uma relação de dispersão que relaciona a frequência ω e o vetor de onda q das vibrações. Em outras palavras a dispersão nos informa a energia e direção de propagação das vibrações. Em um meio macroscópico e homogêneo a dispersão é simplesmente ω = vq, onde v é a velocidade de propagação da onda, que também é a velocidade de propagação do som nesse meio. Contudo, a dispersão dos fônons em outros meios é mais complicada e seu conhecimento é crucial pois influência nas propriedades mecânicas, elétricas, óticas e térmicas. Para um cristal com um átomo por célula unitária, a relação de dispersão, quando medida ao longo de direções selecionadas no espaço dos vetores de onda, corresponde a um conjunto de curvas com três ramos. No caso de ondas que se propagam ao longo das direções de mais alta simetria da rede, todos os deslocamentos ocorrem de maneira exatamente paralela ou perpendicular a direção de propagação em virtude de condição imposta pela simetria do cristal. Tais casos correspondem a modos puros de vibração. Uma completa determinação da relação de dispersão envolve não somente a determinação das frequências mas também uma identificação dos ramos de acordo com sua polarização. O conhecimento da relação de dispersão é muito importante para o entendimento de muitas propriedades físicas dos sólidos, como por exemplo, velocidade de propagação do som, constantes de força e constantes elásticas. Além disso, a relação de dispersão fornece a informação experimental necessária para o ensaio de vários modelos teóricos sobre dinâmica de redes. As frequências dos fônons (frequências de vibração da rede) podem ser medidas por várias técnicas, porém a mais comumente usada é a que utiliza o espalhamento coerente inelástico de nêutrons por uma amostra monocristalina. Quando os átomos em um sólido executam pequenas oscilações em torno de suas posições de equilíbrio, ocorrem as vibrações da rede ocasionadas pela excitação térmica. Para um sólido cristalino com N átomos, são permitidos 3N modos normais de vibração e o sistema é descrito por ondas planas. O movimento ondulatório é quantizado, sendo o quantum associado a um modo normal considerado como uma excitação elementar da rede cristalina conhecida como fônon. Ao descrever o sólido cristalino como uma rede de Bravais, assumimos que os íons estão fixos nas posições definidas pela rede de Bravais. É uma boa aproximação porque os íons têm massa muito maior do que os elétrons, pelo menos 3 ordens de grandeza maior e a energia cinética e velocidade de movimento iônico é de fato baixa. No entanto, ativação térmica e colisões elétron íon cedem energia aos íons, fazendo-os sair de sua posição exata na rede de Bravais. Contanto que esse deslocamento seja pequeno comparativamente aos parâmetros da rede de Bravais, podemos tratar as vibrações como pequena perturbação da posição do íon em torno de sua posição de equilíbrio dentro da rede de Bravais. Essa aproximação é válida em baixas temperaturas e longe das transições de fase, em que ocorre mudança de estado físico e efeitos não lineares dominam completamente o cenário. Esses efeitos adicionais são denominados anarmônicos. Podemos observar a figura de uma rede de Bravais unidimensional (Figura 1): Figura 1: rede de Bravais unidimensional A interação entre dois íons da rede, nas posições Xi e Xi – 1 é descrita por um potencial efetivo da forma V (Xi - - Xi – 1). Na condição de equilíbrio, a repulsão eletrostática entre dois íons é compensada pela interação de natureza atrativa com a nuvem eletrônica que fica distribuída entre os dois íons. Na situação ligante, o potencial V terá um mínimo, que é a posição de equilíbrio do íon na rede de Bravais. O Hamiltoniano da rede de íons é dado por: Teoria clássica: Osciladores harmônicos Vamos supor a rede cristalina tridimensional constituída por N átomos que, quando recebem energia térmica, vibram como se fossem osciladores harmônicos. A energia total (cinética e potencial) de cada um destes osciladores de massa: E = 1 2 mv2 + 1 2 mw2r2m) é E = 1 2 mv2 + 1 2 mw2r2 sendo r o respectivo afastamento da posição de equilíbrio e m2 a constante elástica. Admitindo uma distribuição clássica de Boltzmann pode concluir-se que o valor médio da energia associada a cada oscilador, à temperatura T, é: E KB T (KB : constante de Boltzmann) Supondo que a energia total U se reparte igualmente por todos os 3N osciladores (isto é, admitindo a equipartição da energia) pode escrever-se: U 3N KB T 3R T mole Referências 1. DECHAUMPHAI, E.; CHEN, R.J.Appl.,phys., v.111, p.073508, 2012. 2. LUCKYANOVA, M. N. et al. Science, v.338, p. 936, 2012. 3. MAASILTA, I.; MINNICH, A.J. Physics Today, v. 67(8), p.27, 2014.
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