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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL - 
PARTE GERAL
Concurso de Pessoas
Livro Eletrônico
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Dermeval Farias
Concurso de Pessoas
DIREITO PENAL - PARTE GERAL
Sumário
Concurso de Pessoas .....................................................................................................4
Introdução ......................................................................................................................4
1. Histórico do Concurso de Pessoas no Direito Penal Brasileiro .....................................5
2. Crimes Monossubjetivos e Plurissubjetivos ................................................................ 7
3. O Concurso de Pessoas na Reforma da Geral do Código Penal de 1984 ......................8
3.1. O Conceito de Concurso de Pessoas .........................................................................8
3.2. A Teoria Monista ou Unitária e as Exceções Pluralística e Dualística ........................9
3.3. A Pena na Medida da Culpabilidade ......................................................................... 11
3.4. A Participação de Menor Importância .................................................................... 13
3.5. O Desvio Subjetivo de Condutas ............................................................................ 15
4. Requisitos para a Configuração do Concurso de Pessoas ......................................... 21
5. Conceito de Autor.....................................................................................................23
5.1. Teoria Restritiva de Autor ......................................................................................25
5.2. Teoria Extensiva de Autor .....................................................................................26
5.3. Teoria Subjetiva de Autor ......................................................................................27
5.4. Teoria do Domínio do Fato .................................................................................... 28
5.5. Teoria Normativa da Combinação ..........................................................................34
6. Coautoria .................................................................................................................34
6.1. Coautoria Sucessiva ...............................................................................................34
6.2. Coautoria Aditiva ...................................................................................................37
6.3. Coautoria Alternativa ............................................................................................37
7. Participação .............................................................................................................37
7.1. Formas de Participação .........................................................................................38
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Dermeval Farias
Concurso de Pessoas
DIREITO PENAL - PARTE GERAL
7.2. Requisitos Indispensáveis da Participação .............................................................39
7.3. Fundamento da Punibilidade da Participação ........................................................ 40
7.4. Princípio da Acessoriedade da Participação e Respectivas Teorias........................ 40
7.5. Participação e sua Relação com a Desistência Voluntária e com o Arrependimento 
Eficaz ...........................................................................................................................42
7.6. Retirada da Contribuição do Partícipe ....................................................................42
7.7. Tentativa de Participação .......................................................................................43
7.8. Participação de Participação ou Participação em Cadeia .......................................44
7.9. Participação Sucessiva ..........................................................................................44
7.10. Participação por Omissão ....................................................................................44
8. Concurso de Pessoas em Crime Culposo ..................................................................45
9. Concurso de Pessoas em Crime Omissivo ............................................................... 48
10. Cumplicidade por Ações Neutras ........................................................................... 50
11. Institutos Correlatos ao Concurso de Pessoas .........................................................52
11.1. Autoria Mediata .....................................................................................................52
11.2. Autor de Determinação ........................................................................................54
11.3. Coautoria e Crimes Próprios .................................................................................55
11.4. Coautoria e os Crimes de Mão-Própria ..................................................................55
11.5 Autoria Colateral, Autoria Incerta e Autoria Desconhecida ....................................56
11.6. Autoria de Escritório ............................................................................................56
12. Comunicabilidade das Circunstâncias ......................................................................57
13. Multidão Delinquente e a Questão do Concurso de Pessoas ................................... 58
Questões de Concurso ..................................................................................................59
Gabarito ...................................................................................................................... 85
Gabarito Comentado .................................................................................................... 86
Referências ................................................................................................................ 129
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Dermeval Farias
Concurso de Pessoas
DIREITO PENAL - PARTE GERAL
CONCURSO DE PESSOAS
Introdução
Olá, sou o professor Dermeval Farias! É com prazer que iniciamos mais um capítulo do ma-
terial em PDF do Gran Cursos Online. Apresentamos, desta vez, o concurso de pessoas, com 
abordagem de doutrina, jurisprudência e questões correlatas.
O tema tratado nesse momento constitui um dos mais cobrados em concursos públicos. 
Verificamos isso quando da seleção das questões recentes dos mais diversos concursos ju-
rídicos do País. Encontrei mais questões do que imaginava sobre concurso de pessoas, com 
diferentes graus de dificuldade. Dos temas da parte geral, com certeza, o concurso de pessoas 
ou concurso de agentes é um dos temas mais cobrados em concursos públicos, quando se 
trata da prova de Direito Penal.
Busquei desenvolver o capítulo com prévia pesquisa dos manuais de Direito Penal e, princi-
palmente, de artigos e livros específicos indicados nas referencias bibliográficas, acompanha-
dos de jurisprudência e de questões de concursos, comentadas nos seus itens de marcação.
É certo que seguimos a direção de nossas aulas, uma vez que, há mais de 16 anos, temos 
preparado candidatos para os mais diversos concursos jurídicos do País: juiz estadual, juiz fe-
deral, procurador da república, promotor de justiça,defensor público, delegado de polícia (civil 
e federal), analista jurídico, advogado da união e outros.
Tenho muito prazer em trabalhar hoje com colegas que são promotores de justiça, junta-
mente comigo, que outrora eram alunos; bem como magistrados; delegados de polícia; defen-
sores públicos, ex-alunos que encontramos em audiências, nos júris etc.
O tema que ora se apresenta foi dividido em duas partes no presente capítulo: a primeira 
parte trata da abordagem doutrinária e jurisprudencial, com as teorias e os institutos do con-
curso de pessoas; a segunda parte cuida das questões, devidamente selecionadas e comen-
tadas, sobre o referido tema.
Ressalto que serão apresentados, quando necessários, resumos, quadros sinópticos, dicas 
e destaques sobre pontos específicos de cada instituto jurídico de Direito Penal, de modo a 
facilitar a compreensão e, por consequência, o acerto em provas de concursos.
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Dermeval Farias
Concurso de Pessoas
DIREITO PENAL - PARTE GERAL
1. HIstórIco do concurso de Pessoas no dIreIto Penal BrasIleIro
O Código Criminal do Império (1830), primeiro Código Penal brasileiro, descrevia e diferen-
ciava autores e cúmplices. Autor era quem cometesse, constrangesse ou mandasse alguém 
cometer o crime. Os demais que concorressem diretamente para o cometimento de crimes 
eram chamados cúmplices. Quem praticava receptação ou favorecimento pessoal era tam-
bém considerado cúmplice. A cumplicidade era punida com a pena da tentativa; instituíra-se o 
caráter acessório da participação.
O Código Penal de 1890, segundo da história brasileira, primeiro da fase republicana, man-
teve o sistema anterior com poucas alterações. Segundo Nilo Batista, com base no CP de 1890:
Eram considerados autores aqueles que diretamente resolvessem e executassem o crime (art.18, 
§ 1º); os instigadores, sobre cuja atividade havia previsão casuística (art.18, § 4º). Eram considera-
dos cúmplices os que, não tendo resolvido ou provocado o crime, fornecessem instruções para sua 
execução ou a ela prestassem auxílio (art.21, § 1º); os que, antes ou durante a execução, prometes-
sem ao autor auxílio para fugir, ocultar ou suprimir instrumentos e provas do crime (art.21 § 2º); os 
receptadores (art.21 § 3º) e ‘encobridores’ (art.21, § 4º). Uma regra especial a respeito do mandato 
(em sentido estrito) criminal responsabilizava como autor o mandante por qualquer outro delito que 
fosse meio ou consequência do crime pactuado (art.19); tal responsabilidade não prevaleceria se o 
mandante retirasse a tempo sua cooperação no crime (art.20) (BATISTA, 2005, p.07) .
O CP de 1940, inspirado no Código italiano de 1930, tratou de forma simples a matéria 
do concurso de agentes, com o título “Da Coautoria”. Vinculou-se a um conceito extensivo de 
autoria, que tem por alicerce a teoria da equivalência dos antecedentes causais. O conceito 
extensivo, como é sabido, não diferencia autor de partícipe.
No Código de 1940, adotou-se expressamente a teoria da equivalência dos antecedentes 
causais, que tinha relação direta com a matéria do concurso de agentes. Os elaboradores do 
CP pretenderam adotar o conceito indiferenciado de autor, pregado por Nelson Hungria, bem 
como afastar do direito brasileiro a ideia de acessoriedade da participação. Imaginava-se tam-
bém sem utilidade a famosa teoria do autor mediato. Muitas discussões foram travadas em 
torno das posições teóricas da Exposição de Motivos do CP de 1940 (BATISTA, 2005, p.07).
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Dermeval Farias
Concurso de Pessoas
DIREITO PENAL - PARTE GERAL
O Código Penal de 1969 foi promulgado, mas nunca chegou a entrar em vigor, pois se op-
tou pela reforma do CP de 1940, por meio da Lei n. 6.416, de 24 de maio de 1977. O CP de 1969 
repetia, no geral, as regras do CP de 1940 sobre o concurso de agentes. Costuma-se apontar 
o CP Norueguês de 1902 como sendo o modelo que influenciou o CP de 1940 em matéria de 
concurso de agentes.
Apesar dos esforços, o Código de 1940 não conseguiu afastar a diferença entre autor e 
cúmplice, conforme o seu artigo 27. Hungria fez o possível para evitar essa diferenciação; dizia 
que a teoria da acessoriedade permitia uma “punibilidade por empréstimo ou em ricochete e 
que deveria ser remetida para o museu do direito penal, onde ficaria numa estante ao lado da 
autoria mediata”. Pregava que todos os partícipes eram autores e, desse modo, segundo ele, 
resolveria muitos problemas e evitaria a dor de cabeça dos juízes.
Entre as novidades em relação ao CP de 1940, o Código de 1969 anunciava que a punibili-
dade de qualquer dos concorrentes era independente e determinada pela sua própria culpabili-
dade. Afastou a atenuante da participação em crime menos grave (BATISTA, 2005, p.07).
A Reforma da Parte Geral do CP de 1984 representou um importante avanço, embora, se-
gundo Nilo Batista, a disciplina do concurso de agentes não tenha sofrido uma transformação 
notável. Observa-se que a nova Parte Geral fez referência à culpabilidade de cada concorrente 
no caput do artigo 29; à participação de menor importância, que no CP de 1940 era atenuante, 
e que passou a ser causa especial de diminuição de pena no § 1º do artigo 29.
A participação em crime menos grave, § 2º do artigo 29, passou a ter tratamento diverso, 
atenta ao princípio da culpabilidade. Antes, na redação da Parte Geral de 1940, significava 
responsabilidade objetiva. O novo § 2º do artigo 29 impede a responsabilidade penal objetiva, 
constitui uma exceção à teoria monista e é denominado desvio subjetivo de condutas ou coo-
peração dolosamente distinta ou participação em crime menos grave.
No artigo do 30 da parte Geral, foram mantidas as regras sobre comunicabilidade das 
circunstâncias e sobre impunibilidade de atos preparatórios compartilhados.
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2. crImes monossuBjetIvos e PlurIssuBjetIvos
Os crimes monossubjetivos, denominados ainda de unissubjetivos e, também, de crimes 
de concurso eventual, são aqueles que podem ser praticados por uma só pessoa ou por mais 
de uma pessoa ao mesmo tempo.
Exemplo: homicídio; furto; roubo.
De outro modo, os crimes plurissubjetivos são aqueles que exigem mais de uma pessoa 
para a sua concretização, ou seja, são crimes de concurso necessário. Eles podem ser classifi-
cados como crimes de condutas contrapostas (exemplo: rixa do artigo 137 do Código Penal) e 
crimes de condutas paralelas (exemplos: associação criminosa do artigo 288 do Código Penal; 
associação para o tráfico de drogas do artigo 35 da Lei n. 11.343/2006; organização criminosa 
do art.10 da Lei n. 12.850/2013; formação de cartel do artigo 9º da Lei n. 8.137/1990).
O artigo 29 e seus parágrafos, que cuidam do concurso de pessoas na Parte Geral do 
Código Penal, tratam, como regra, de crimes monossubjetivos ou de concurso eventual, uma 
vez que os crimes plurissubjetivosou de concurso necessário não necessitam da norma de 
extensão da adequação típica, uma vez que já possuem o concurso de pessoas narrado nas 
próprias elementares do crime.
Dito de forma mais clara, a título de exemplo, o crime de homicídio previsto no art.121 
caput do Código Penal necessita do artigo 29 para fazer a adequação típica do concorrente 
que emprestou a faca para o autor do núcleo do tipo matar a vítima. Isso ocorre porque o caput 
do artigo 121 possui a conduta de matar alguém, mas não descreve a conduta de emprestar a 
arma branca para o autor matar a vítima. Dessa forma, a conduta de quem emprestou a faca, 
no caso de homicídio simples, será subsumida na Ação Penal da seguinte forma: 121 caput 
c/c artigo 29, caput do Código Penal.
De outro modo, como ilustração, se Caio, Mário e João se associam com o fim específico de 
cometer crimes, não há necessidade de se fazer uso do artigo 29, uma vez que o artigo 288 
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Concurso de Pessoas
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contempla o crime de associação criminosa de no mínimo três pessoas com o fim específico 
de cometer crimes, de modo que o concurso de pessoas está escrito no corpo do crime, faz 
parte de suas elementares.
3. o concurso de Pessoas na reforma da Geral do códIGo Penal de 
1984
Conforme dito anteriormente, em 1984, com a Lei n. 7.209, houve a introdução de uma 
nova Parte Geral no Código Penal, substituindo, portanto, a Parte Geral do Código de 1940. 
Destaca-se na nova Parte Geral do Código a adoção, em linhas gerais, da teoria finalista da 
ação.
No que diz respeito ao concurso de pessoas, algumas mudanças substanciais em relação 
ao modelo do Código de 1940 foram adotadas, conforme já anunciado no item 1 deste capí-
tulo, que serão examinadas adiante com afinco.
3.1. o conceIto de concurso de Pessoas
Fala-se em concurso de pessoas quando duas ou mais pessoas concorrem para a prática 
de uma mesma infração penal. Isso pode ocorrer quando concorrem para o crime: coautores 
(vários autores); ou coautores e partícipes; ou coautor e partícipe; ou coautores e partícipe; 
ou autor e partícipes.
Concurso de pessoas em sentido estrito constitui hipóteses, portanto, de coautoria e par-
ticipação, não abrange as situações de autoria mediata, autoria colateral, autoria incerta e 
outras figuras jurídicas estudadas pela doutrina e que serão abordadas mais adiante. Tais 
construções, por envolver mais de uma pessoa, podem configurar concurso de pessoas em 
sentido amplo, mas não no sentido estrito, com a complexidade jurídica que envolve o tema.
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3.2. a teorIa monIsta ou unItárIa e as exceções PluralístIca e 
dualístIca
Apesar de o Código Penal ter adotado como regra a teoria monista ou unitária, uma discus-
são inicial quanto ao concurso de pessoas diz respeito à responsabilidade penal dos envolvi-
dos, ou seja, se respondem pelo mesmo crime ou por crimes diferentes.
São três as teorias que buscam solucionar a questão e que cuidam, portanto, da natureza 
do concurso de pessoas:
a) Teoria pluralista;
b) Teoria dualista;
c) Teoria monista.
Para a teoria pluralista ou pluralística, existem tantos crimes quantos forem o número de 
participantes do fato delituoso. É uma teoria que focaliza o aspecto subjetivo, por isso que o 
número de crimes é idêntico ao número de agentes envolvidos.
Exemplo: B e C, em razão do induzimento realizado por A, praticaram um fato criminoso. 
Nesse caso, o partícipe responderá por um crime, B responderá por outro crime e C responderá 
também responderá por crime diferente.
A teoria pluralista é uma teoria subjetiva, que traz uma ideia equivocada ao sustentar a pu-
nição com uma figura típica individualizada para cada um dos envolvidos.
Por sua vez, para a teoria dualista ou dualística, pegando carona no exemplo anterior, há 
dois crimes, um para os autores, que realizaram a atividade principal, e outro para o partícipe, 
que desenvolve uma atividade secundária. Portanto, segundo a teoria dualista, seriam dois 
crimes diferentes, um para os coautores e outro para o partícipe. A doutrina apresenta uma 
distinção entre vontade de concorrer para um delito próprio e vontade de concorrer para parti-
cipar, para ser cúmplice.
Exemplo de reforço: A induz B e C a praticarem um roubo. Teremos uma infração para o partí-
cipe e outra para os coautores.
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Concurso de Pessoas
DIREITO PENAL - PARTE GERAL
De acordo a teoria monista, também conhecida como unitária, adotada pelo Código Penal 
Brasileiro, todos que concorrem para um fato criminoso, seja autor ou partícipe, respondem 
pelo mesmo crime. O fundamento dessa teoria é político-criminal, que prefere punir igualmente 
todos os participantes de uma mesma infração penal. Essa teoria foi adotada no Código Penal 
de 1940 e permaneceu na Reforma Penal de 1984.
Conforme já decidiu o STJ:
STJ [...] 3. Tratando-se de crime praticado em concurso de pessoas, o nosso Código 
Penal, inspirado na legislação italiana, adotou, como regra, a Teoria Monista ou Unitária, 
ou seja, havendo pluralidade de agentes, com diversidade de condutas, mas provocando 
um só resultado, existe um só delito.
4. Assim, denunciados em coautoria delitiva, e não sendo as hipóteses de participa-
ção de menor importância ou cooperação dolosamente distinta, ambos os réus teriam 
que receber rigorosamente a mesma condenação, objetiva e subjetivamente, seja por 
crime doloso, seja por crime culposo, não sendo possível cindir o delito no tocante à 
homogeneidade do elemento subjetivo, requisito do concurso de pessoas, sob pena 
de violação à teoria monista, razão pela qual mostra-se evidente o constrangimento 
ilegal perpetrado.
5. Diante da formação da coisa julgada em relação ao corréu e considerando a neces-
sidade de aplicação da mesma solução jurídica para o recorrente, em obediência à 
teoria monista, o princípio da soberania dos veredictos deve, no caso concreto, ser 
aplicado justamente para preservar a decisão do Tribunal do Júri já transitada em 
julgado, não havendo, portanto, a necessidade de submissão do recorrente a novo 
julgamento.
6. Recurso especial não conhecido. Habeas corpus concedido de ofício para, cassando 
o acórdão recorrido, determinar a extensão ao recorrente do que ficou decidido para o 
corréu Bruno Albuquerque de Miranda, reconhecendo-se a caracterização do crime de 
homicídio culposo na ação penal de que aqui se cuida, cabendo ao Juízo sentenciante 
fixar a nova pena, de acordo com os critérios legais.
(REsp 1306731/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado 
em 22/10/2013, DJe 04/11/2013). Grifei.
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A teoria monista foi excepcionada no § 2º do artigo 29 do Código Penal. Houve aqui uma 
mitigação, permitindo uma adequada dosagem da pena de acordo com a efetiva participação 
e eficácia causal da conduta de cada envolvido, na medida da culpabilidade perfeitamente 
individualizada.
Além da exceção à teoria monística mencionada nos parágrafos do art.29, também exis-
tem outras. A título de ilustração, verifica-se tal fato no crime de aborto, com consentimento 
da gestante; a genitora responde pelo artigo124, enquanto ao sujeito que realiza o aborto se 
imputa a conduta do artigo 126, com a ressalva da referência do parágrafo único do artigo126, 
todos do Código Penal.
Em diversas provas de concursos, conforme visto nas questões, foi dada como correta as 
assertivas que sustentam que os artigos 124 e 126; 318 e 334/334A; 317 e 333; 319A e 349A 
seriam exceções pluralistas à teoria monista.
É importante, por fim, esclarecer que a teoria monista já era a teoria adotada, antes da re-
ferida Reforma de 1984, e permaneceu como a teoria adotada pela legislação penal brasileira, 
como regra no concurso de pessoas, que possui exceções.
A novidade da Reforma de 1984 no caput do artigo 29 diz respeito à afirmação do princípio 
da individualização da pena com a expressão “pena na medida de sua culpabilidade”, tema que 
será objeto do tópico seguinte do presente capítulo.
3.3. a Pena na medIda da culPaBIlIdade
A parte ‘b’ do caput do artigo 29 do Código Penal diz que a pena será fixada na medida na 
culpabilidade de cada concorrente, seja coautor, seja partícipe. Essa expressão é fruto da refe-
rida Reforma da Parte Geral do Código Penal ocorrida no ano de 1984.
A expressão “pena na medida da culpabilidade” significa que, embora o crime seja idêntico 
para autor e partícipe em razão da adoção da teoria monista ou unitária, a pena será fixada na 
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DIREITO PENAL - PARTE GERAL
medida da culpabilidade, atendendo às regras relativas à dosimetria do critério trifásico con-
templado no Código Penal brasileiro.
Cuida-se, portanto, de adoção do princípio da culpabilidade em uma de suas dimensões, 
qual seja, com o significado de individualização da pena. Dessa forma, a título de exemplo, a 
pena de um partícipe pode, em tese, fica maior do que a pena de um autor, desde que não se 
trate de uma situação que envolva uma participação de menor importância, para a qual existe 
redução de pena.
Já decidiu o STJ:
[...] 4. No ordenamento penal em vigor, não há obrigatoriedade de redução de pena para o 
partícipe, em relação à pena do autor, considerada a participação em si mesma, ou seja; 
como forma de concorrência diferente da autoria (ou coautoria). A redução obrigatória da 
pena para o partícipe se dá apenas em face daquela que a Lei chama de “menor impor-
tância” - o que já está a revelar que nem toda participação é de menor importância e que, 
a princípio, a punição do partícipe é igual a do autor. A diferenciação está “na medida da 
culpabilidade” e, nessa linha, o partícipe pode, em tese, vir até mesmo a merecer pena 
maior que a do autor, como exemplo, no caso do inciso IV, do artigo 62, do CP. Sem o 
reexame do conjunto probatório, impossível nesta via, não há como aferir-se o grau de 
importância da participação do Recorrente em relação a cada um dos delitos. Improce-
dência da alegação de contrariedade aos artigos 13 e 29, do código penal. [...]
(REsp 575.684/SP, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, Rel. p/ Acórdão Ministro PAULO 
MEDINA, SEXTA TURMA, julgado em 04/10/2005, DJ 23/04/2007, p. 317). Grifei
Com outras palavras, os envolvidos na prática de um crime em qualquer das modalida-
des do concurso de pessoas (coautoria e participação) respondem pelo mesmo crime (teoria 
monista ou unitária). Todavia, a pena será aplicada na medida da culpabilidade de cada, com 
a individualização da pena operada pelo julgador, podendo, ao final, redundar em resultados 
diferentes.
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Isso pode ocorrer, por exemplo, em uma hipótese de autoria e participação, na qual o par-
tícipe possua maus antecedentes, outras circunstâncias judiciais negativas que devem ser 
contempladas na primeira fase da dosimetria da pena, bem como multirreincidência. Enquanto 
isso, o autor seja um réu primário e sem qualquer circunstância judicial negativa.
Diante disso, no exemplo dado, não se tratando de participação de menor importância, 
considerando as circunstâncias judiciais negativas em relação ao partícipe, a sua pena tende a 
ficar maior do que a pena do autor, sem prejuízo de compreender que o processo de dosimetria 
da pena, conforme jurisprudência, não é matemático.
3.4. a PartIcIPação de menor ImPortâncIa
A participação de menor importância está contemplada no § 1º do artigo 29 do Código 
Penal, reformado em 1984. Constitui uma contribuição causal de menor importância, que deve 
ser valorada no caso concreto, só se aplica a determinados casos de participação, não se apli-
ca à coautoria, porque não existe coautor de menor importância. Caso o julgador concluir pela 
sua existência, a consequência será uma causa de diminuição de pena.
O juízo de valor da participação de menor importância, conforme dito, se encontra no nexo 
causal, na contribuição causal do partícipe que deverá ser aferida durante a instrução pro-
cessual. Desse modo, a título de ilustração, nem sempre dirigir o carro para o autor ou para 
coautores configurará participação. Se a direção do veículo ocorreu para levar coautores para 
roubar caminhoneiro, ficando o motorista aguardando para realizar a fuga e/ou dar guarida, 
cuida-se de coautoria e não de participação, conforme já decidiu o STJ:
PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. ROUBO QUALIFICADO PELO RESUL-
TADO MORTE. EXAME MINUCIOSO DE PROVAS. CONFIGURAÇÃO TÍPICA. PARTICIPAÇÃO 
DE SOMENOS. COOPERAÇÃO DOLOSAMENTE DISTINTA.
I – Na via do writ não é permitido o minucioso cotejo do material de conhecimento.
II – O roubo qualificado pelo resultado morte (art. 157 § 3º, in fine do C.P.) se configura 
tanto na forma integralmente dolosa (tipo congruente), como na forma preterdolosa (tipo 
incongruente por excesso objetivo).
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III – A participação de somenos (§ 1º do art. 29 do C.P.) não se confunde com a mera par-
ticipação menos importante (caput do art. 29 do C.P.). Não se trata, no § 1º, de “menos 
importante”, decorrente de simples comparação, mas, isto sim, de “menor importância” 
ou, como dizem, “apoucada relevância”. (Precedente do STJ).IV – O motorista que, combinando a prática do roubo com arma de fogo contra caminho-
neiro, leva os coautores ao local do delito e, ali, os aguarda para fazer as vezes de bate-
dor ou, então, para auxiliar na eventual fuga, realiza com a sua conduta o quadro que, na 
dicção da doutrina hodierna, se denomina de coautoria funcional.
Writ denegado.
(HC 20.819/MS, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA TURMA, julgado em 02/05/2002, 
DJ 03/06/2002, p. 230). Grifei.
Mas há situações nas quais a conduta do agente, na direção de um veículo, poderá signifi-
car participação e não coautoria.
Exemplo: João está saindo de sua casa para o trabalho. Seu vizinho Francisco está com o 
carro quebrado na garagem do prédio onde moram e, por isso, lhe pede uma carona. Francisco 
pergunta o trajeto de João, não solicita qualquer mudança de rumo, e diz a João: “você pode 
me deixar no ponto de ônibus que fica no seu caminho, porque preciso ir à casa de minha sogra 
cortar-lhe o pescoço”. João, ciente do pedido de carona e da intenção de Francisco, concorda 
em dar a carona a Francisco, deixa-o no ponto de ônibus e segue o seu caminho para o seu tra-
balho. Francisco pega um ônibus até a casa de sua sogra e cumpre o seu propósito homicida.
Nesse caso, a contribuição de João cuida-se de uma participação de menor importância 
(solução diferente na teoria da imputação objetiva, no comentário de Jakobs), a qual poderá, 
inclusive, após a devida valoração e confirmação na menor contribuição causal, gerar, em caso 
de condenação, uma redução de pena na terceira fase da dosimetria da sentença penal conde-
natória, conforme aponta o § 1º do artigo 29 do Código Penal.
É importante, portanto, compreender que algumas hipóteses de participação, que não seja 
de menor importância, estarão relacionadas ao caput do artigo 29; outras, consideradas parti-
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cipação de menor importância, estarão abrangidas pelo § 1º do artigo 29 do Código Penal; por 
fim, como exceção à teoria monista, ainda será possível a hipótese de participação em crime 
menos grave, § 2º do artigo 29, que será discutida em seguida.
3.5. o desvIo suBjetIvo de condutas
Cuida-se de uma exceção à teoria monista ou unitária, que impede a responsabilidade pe-
nal objetiva. Antes de 1984, essa discussão era travada na doutrina e na jurisprudência. Com a 
redação do § 2º do artigo 29, passou a ser existir um limite à teoria monista nos casos de agen-
te que quis praticar crime menos grave, dando importância ao elemento subjetivo, afastando 
o resquício de responsabilidade penal objetiva que existia na ausência da referida exceção na 
Parte Geral revogada.
O § 2º do artigo 29 do Código Penal, introduzido pela Reforma penal de 1984, trata do 
desvio subjetivo de condutas, também denominado de cooperação dolosamente distinta ou, 
ainda, de participação em crime menos grave.
Ele pode ser aplicado tanto em casos de participação quanto em caso de coautoria, des-
de que fique demonstrado que o concorrente quis praticar crime menos grave. A partir disso, 
elimina-se o concurso de pessoas, por faltar identidade de infração penal e, desse modo, cada 
qual responde pelo crime correspondente ao seu elemento subjetivo.
Exemplo 1: A e B resolvem furtar um televisor na casa de C, imaginando que o morador não 
estivesse na sua residência no momento do crime. A, sendo o motorista, fica do lado de fora 
da residência, no veículo em que transportariam o televisor, vigiando a casa. B, ao entrar, perce-
be que o morador C estava lá. B, mesmo assim, resolve entra na residência. Em seguida, para 
conseguir subtrair o objeto desejado, B agride C e subtrai a TV. Nesse caso, A só responderá 
por furto, enquanto B responderá por roubo. Isso porque o dolo de A era de furtar e não roubar 
exercendo violência. A quis praticar crime menos grave.
O STJ já decidiu da seguinte forma em caso semelhante:
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STJ [...] 4. Se a intenção do agravante era a de praticar o crime de furto, sendo que o 
emprego de grave ameaça por um dos corréus ocorreu fora do âmbito de sua atuação na 
prática criminosa, uma vez que estava em local diverso quando houve a aludida ameaça, 
não lhe pode ser estendida esta elementar, mas deve responder na medida da sua culpa-
bilidade, segundo a cooperação dolosamente distinta prevista no art. 29, § 2º, do Código 
Penal.
5. Situação concreta em que, segundo expresso no acórdão recorrido, a intenção dos 
coautores, entre eles o agravante, era a de praticar um crime de furto. Quando da exe-
cução do crime, o agravante não entrou no local de onde foram subtraídos os bens, mas 
ficou aguardando, numa motocicleta, para que pudessem empreender fuga. No curso da 
ação criminosa perpetrada diretamente pelos outros dois corréus, um deles, ao se depa-
rar com a caseira, no interior da propriedade, utilizou-se de grave ameaça para garantir 
a detenção das coisas subtraídas.
6. Hipótese em que deve incidir a causa de aumento prevista no referido dispositivo, 
tendo em vista a afirmação, contida no julgado combatido, de que, em razão da presença 
de uma pessoa na propriedade onde estavam os bens a serem subtraídos, era previsível 
a possibilidade de ocorrência de resultado mais grave.
7. Agravo regimental parcialmente provido para dar parcial provimento ao recurso espe-
cial e restabelecer, em parte, a sentença, condenando o agravante como incurso no art. 
155, § 4º, IV, na forma do art. 29, § 2º, do Código Penal, fixando a sua reprimenda em 2 
anos e 4 meses de reclusão, em regime inicial aberto, substituída por restritivas de direi-
tos, na forma estabelecida na sentença, e pagamento de 11 dias-multa, no valor unitário 
estipulado pelas instâncias ordinárias.
(AgRg no REsp 1245570/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, jul-
gado em 20/03/2014, DJe 10/04/2014) Grifei
Por outro lado, se ficar demonstrado que o resultado mais grave era previsível (previsibili-
dade da culpa comum, inconsciente= capacidade de prever o resultado mais grave que o agen-
te detinha e não a utilizou), o agente responderá pelo menos grave com a pena aumentada de 
metade.
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Exemplo 2: A e B resolvem furtar um televisor na casa de C, onde moram quatro pessoas. A 
contou os moradores que saíram da casa e concluiu que a casa estava vazia, mesmo perce-
bendo que uma luz da residência ainda estava acesa, ou seja, quando deveria ter desconfiado 
de sua contagem. Mesmo assim, A, sendo o motorista, fica do lado de fora da residência, no 
veículo em que transportariam o televisor, vigiando a casa. B, ao entrar na área de fora da casa, 
percebe que havia um morador em um dos quartos da residência. B, mesmo assim, resolve 
entrar na residência. Em seguida,para conseguir subtrair o objeto desejado, B agride o mora-
dor que lá estava e, em seguida, subtrai a TV. Nesse caso, A só responderá por furto, enquanto 
B responderá por roubo. Isso porque o dolo de A era de furtar e não roubar exercendo violência. 
A quis praticar crime menos grave. Todavia, como ficou demonstrado que A tinha capacidade 
de prevê um resultado mais grave (viu uma luz acesa na residência de dar o sinal para B entrar), 
deverá responder pelo crime de furto com a pena aumentada de metade.
Sobre essa segunda solução do crime menos grave com pena aumentada de metade quan-
do constada a previsibilidade do agente, segue trecho esclarecedor:
O § 2º do art. 29 é decorrência lógica, e por isso coerente, da norma constante do caput. A coau-
toria em crime doloso impõe que o concorrente haja, pelo menos, assumido o risco de produzir ou 
colaborar para o resultado (dolo eventual). Estará afastado o instituto se a ação for culposa stricto 
sensu, em virtude da dissonância do elemento subjetivo. Se o agente quis participar de um crime 
(dolo direto), no entanto teve previsibilidade (culpa inconsciente) de concorrer para a produção de 
outro mais grave, caracterizar-se-á o delito pretendido, cuja pena será majorada em razão de par-
cialmente haver atuado no iter criminis da outra infração penal. A natureza jurídica dessa hipótese é 
causa especial de aumento de pena, em harmonia com o disposto no art. 19. Só assim, chegar-se-á 
à perfeita interpretação: Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á 
aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o 
resultado mais grave. (CERNICCHIARO, 2004). Grifei.
É certo que, se o agente, no caso concreto, tiver previsão (não previsibilidade) do re-
sultado mais grave, ele responderá pelo resultado mais grave em concurso de pessoas 
com o comparsa. 
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Exemplo 3: João dirige o carro para levar os comparsas até uma agência bancária onde prati-
carão um roubo. João aguarda dentro do veículo para fazer a fuga de todos. Se, eventualmente, 
um comparsa matar o vigia do banco, o qual tentava impedir o roubo, mesmo não conseguindo 
levar qualquer valor econômico, é certo que todos responderão pelo crime de latrocínio.
João não poderá alegar participação, nem a participação de menor importância e, muito 
menos, a participação em crime menos grave, isso porque atuou como coautor funcional na 
divisão de tarefas, realizando papel importante para o sucesso da empreitada criminosa, cien-
te de que os amigos possuíam arma de fogo e, portanto, ciente da possibilidade de resultado 
mais grave durante o cometimento do roubo.
Em casos semelhantes, já decidiu o STJ da seguinte forma:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. LATROCÍNIO.
PRETENDIDO RECONHECIMENTO DA PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. INAPLI-
CABILIDADE AOS COAUTORES. CONVERGÊNCIA DE VONTADES. REEXAME DE MATÉRIA 
FÁTICO-PROBATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Na esteira do entendimento desta Corte, o prévio ajuste de vontades para a prática do 
delito praticado impõe, a princípio, a responsabilização de todos por eventual morte da 
vítima, haja vista ser tal resultado desdobramento ordinário da conduta criminosa em 
que todos contribuem para prática do evento típico. 2. In casu, o Tribunal de origem des-
tacou que, embora não tenha realizado o disparo, a atuação do agravante foi relevante 
para a consumação do delito, tendo, inclusive, se encontrado previamente ao crime com 
os corréus, prestando fuga aos agentes e fornecendo sua residência para que o dinheiro 
auferido fosse repartido logo após o crime, de modo a responder em coautoria pelo 
latrocínio.
3. Agravo improvido.
(AgRg no AREsp 1190438/DF, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 
14/08/2018, DJe 24/08/2018). Grifei
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ROUBO MAJORADO. 
ABSOLVIÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PARTICIPAÇÃO DE MENOR IMPORTÂNCIA. RECONHE-
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CIMENTO. INVIABILIDADE. REVERSÃO DO JULGADO. SÚMULA n. 7/STJ. AGRAVO IMPRO-
VIDO.
1. As delações de corréus, produzidas na fase inquisitorial e em juízo, em consonância 
com as demais provas produzidas na fase judicial da persecução penal, são elementos 
idôneos para subsidiarem a condenação do agente.
2. Não incide a minorante do art. 29, § 1º, do Código Penal quando haja nítida divisão 
de tarefas entre os agentes envolvidos na prática delitiva, pois, cada qual possui o 
domínio do fato a ele atribuído, mostrando-se cada conduta necessária para a con-
sumação do crime, situação caracterizadora de coautoria e não de participação de 
somenos importância.
3. Tendo as instâncias ordinárias reconhecido a participação do agravante na empreitada 
criminosa, bem como sua imprescindibilidade para a consumação do crime de roubo, 
inviável conclusão em sentido contrário, pois, para tanto, seria necessário o revolvimento 
das provas dos autos. Incidência da Súmula n. 7/STJ.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 163.794/MS, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, 
julgado em 24/09/2013, DJe 02/10/2013). Grifei
STJ [...] 3. Em atendimento à teoria monista ou unitária adotada pelo Estatuto Repressor 
Penal, apesar de o paciente não ter praticado a violência elementar do crime de roubo, 
conforme o entendimento consagrado por este Superior Tribunal de Justiça, havendo 
prévia convergência de vontades para a prática de tal delito, a utilização de violência 
ou grave ameaça, necessárias à sua consumação, comunica-se ao coautor, mesmo não 
sendo ele o executor direto do gravame. [...]
(HC 423.708/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 05/06/2018, 
DJe 12/06/20. Grifei
Para Bitencourt (2000), os parágrafos do art. 29 aproximam a teoria monística da dua-
lística. O legislador adotou uma teoria unitária ou monista temperada. Evitou-se, com isso, a 
radicalização e o excesso; constitui-se uma cláusula salvatória, uma exceção. Luiz Regis Prado 
(2007) diz que o CP adotou a teoria monística de forma “matizada ou temperada”.
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Em uma síntese inicial, vale destacar que: o caput do artigo 29 se aplica a situações de 
coautoria fora do verbo, bem como a situações de participação, que não seja participação de 
menor importância; o § 1º do artigo 29 do Código Penal só se aplica à participação de menor 
importância, com a redução obrigatória de pena na terceira fase da dosimetria; O § 2º do arti-
go 29 do Código Penal (desvio subjetivo de condutas ou cooperação dolosamente distinta ou 
participação em crime menos grave) vale para hipóteses que começaram inicialmente como 
coautoria ou como participação; constituiuma exceção à teoria monista, que permite respon-
sabilidade penal por crime menos grave para quem quis praticar crime menos grave.
Existe decisão do Superior Tribunal de Justiça na linha do que foi dito no parágrafo anterior: 
[...] 4. As figuras descritas nos §§ 1º e 2º do art. 29 do Código Penal são destinadas aos 
partícipes - participação de menor importância (§ 1º) ou de punição por crime menos 
grave quando constatado que o réu não aderiu sua conduta ao delito mais grave efetiva-
mente ocorrido (§ 2º).
5. A condenação por coautoria afasta, por si só, a incidência do art. 29, §§ 1º e 2º, do 
Código Penal.
6. A reversão do julgado quanto a ser a conduta do recorrente essencial ou de simples ajuda, 
instigação ou auxílio para o crime, encontra óbice no verbete sumular n.º 7 desta Corte.
7. Num crime de roubo praticado com arma de fogo, em tendo os agentes conhecimento 
da utilização desta, todos respondem, como regra, pelo resultado morte, eis que este se 
encontra dentro do desdobramento causal normal da ação delitiva, contribuindo todos 
para o fato típico. Precedentes.
8. O crime de latrocínio resta consumado com a morte da vítima ainda que não tenham os 
agentes obtido êxito na subtração dos bens do ofendido. Súmula n.º 610/STF.
9. A gravidade concreta da infração enseja maior reprovabilidade da conduta a autorizar 
a fixação da pena-base acima do mínimo legal.
Precedentes.
10. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no REsp 1417364/SC, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA 
TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 04/02/2015). Grifei.
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4. requIsItos Para a confIGuração do concurso de Pessoas
Para a configuração do concurso de pessoas, a doutrina penal aponta quatro requisitos:
a) Pluralidade de agentes e de condutas;
b) Relevância causal de cada conduta;
c) Liame subjetivo entre os agentes;
d) Identidade de infração penal.
A pluralidade de agentes significa a necessidade de mais de uma pessoa para configurar 
o concurso de pessoas, conforme visto na parte inicial do estudo; essa pluralidade de agentes 
faz parte do concurso de pessoas eventual nos crimes monossubjetivos (exemplo: 121, 155, 
157 etc.), que necessitam da figura de extensão do artigo 29 e, ainda, dos crimes plurissubje-
tivos ou de concurso necessário, que não necessitam do artigo 29, uma vez que possuem a o 
concurso de pessoas em suas elementares (exemplo: 137, 288 e outros).
BITENCOURT (2000) sustenta a necessidade do uso do artigo 29 para tratar da participação 
em crimes de concurso necessário, não da coautoria.
É importante esclarecer que, diante da possibilidade de divisão de tarefas, não haverá ne-
cessidade na coautoria de que todos pratiquem atividade executória, ou seja, o núcleo do tipo. 
Será possível figurar como autor contribuindo com atividade necessária e importante para o 
sucesso da empreitada criminosa, ainda que não seja, isoladamente, considerada atividade 
típica. Isso porque na soma de tarefas constituirá uma tarefa relevante para concretização do 
crime (exemplo: dirigir um veículo para comparsas roubarem um banco).
Quanto ao liame subjetivo, é o vínculo psicológico que une os agentes para a prática da 
mesma infração penal. Não se exige o ajuste prévio para configurar o liame subjetivo. Não há, 
portanto, necessidade de um pactum sceleris, basta o conhecimento da ação do outro ou o 
conhecimento de estar colaborando com o outro.
Se não for constatado o liame subjetivo, cada qual responderá isoladamente por sua 
conduta. 
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Exemplo: A e B atiram contra C, com liame subjetivo; só o tiro de B atingiu C, que morreu. 
Ambos respondem por homicídio. Se não houver liame subjetivo, cada qual deverá responder 
pela sua conduta (autoria colateral). Se não for provado de qual arma saiu o tiro que matou C, 
ambos responderam por tentativa (autoria incerta).
A relevância (eficácia) causal das condutas significa a necessidade de uma contribuição 
causal do coautor ou do partícipe para a prática do crime. Se a conduta levada a efeito por um 
dos agentes não possuir relevância para o cometimento da infração penal, devemos descon-
siderá-la.
Exemplo: A pede a arma C para matar B. C, ciente da intenção de A, empresta o seu revólver 
38. Todavia, depois do empréstimo, A encontra a sua Pistola calibre 40, que estava desapare-
cida, e mata B com a sua arma, ou seja, não fez uso da arma emprestada por C. Pergunta-se: 
foi relevante a conduta de C na cadeia causal? A já estava decidido a cometer o crime antes 
do empréstimo, logo a conduta de C foi irrelevante sob o aspecto causal, uma vez que A não 
utilizou a arma emprestada. Além disso, C não induziu e nem instigou A ao cometimento do 
homicídio. Por isso, não se pode imputar a C o resultado (GRECO, 2006).
O quarto requisito é a identidade de infração penal, ou seja, os agentes, unidos pelo liame 
subjetivo, devem querer praticar a mesma infração penal.
Diante da necessidade de identidade de infração penal, não há coautoria ou participação quan-
do um do envolvidos responde por crime consumado e o outro responde por crime tentado. 
Do mesmo modo, não há coautoria ou participação quando um dos envolvidos responde por 
crime na forma dolosa e o outro responder por crime culposa.
Conforme já decidiu o STJ:
[...] 2. Como é de conhecimento, o concurso de agentes se refere à comunhão de 
esforços de uma pluralidade de pessoas que concorrem para o mesmo evento. Estes 
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são os requisitos para sua caracterização: a) pluralidade de agentes, b) relevância 
causal das várias condutas, c) liame subjetivo entre os agentes e d) identidade de 
infração penal. O Código Penal adotou a teoria unitária ou monista, segundo a qual, 
havendo diversos agentes, com múltiplas condutas que levam ao mesmo resultado, 
há um só delito para todos.
Ou seja, todos são apenados pelo mesmo tipo penal, salvo poucas exceções pluralistas 
dispostas no próprio Diploma Penal. Assim, “havendo pluralidade de agentes, com diver-
sidade de condutas, mas provocando apenas um resultado, há somente um delito. Nesse 
caso, portanto, todos os que tomam parte na infração penal cometem idêntico crime. É 
a teoria adotada, como regra, pelo Código Penal” (NUCCI, Guilherme de Souza. Código 
Penal Comentado. 19. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2019. p. 325).
3. Na hipótese dos autos, considera-se que o recorrente agiu em concurso de agentes 
com sua esposa, sendo inclusive comunicada a ele circunstância de caráter pessoal 
necessária à imputação do tipo penal de corrupção passiva. No entanto, sua esposa 
foi denunciada por crime distinto (peculato), sem que se trate de hipótese de exceção 
pluralista trazida no Código Penal.Nesse contexto, ainda que o réu efetivamente se 
defenda dos fatos e não da capitulação jurídica, imprescindível que fique devidamente 
delineado o concurso de agentes, haja vista se tratar de norma de extensão, principal-
mente na presente hipótese, em que há comunicação de elementar do crime. Portanto, 
tendo o recorrente sido denunciado em coautoria com sua esposa, por crimes distintos, 
sem que se trate de exceção monista, comunicando-se, ademais, elementar de crime 
não imputado à sua esposa, constata-se, sem esforço, a inépcia da inicial acusatória.
4. Recurso em habeas corpus a que se dá provimento para trancar a Ação Penal n. 
2012.01.1.148034-7, apenas com relação ao recorrente, por inépcia da denúncia, sem 
prejuízo de oferecimento de nova inicial acusatória.
(RHC 108.029/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, jul-
gado em 11/04/2019, DJe 10/05/2019). Grifei.
5. conceIto de autor
Antes de serem conceitos jurídicos, autoria e participação são inerentes à atividade huma-
na; decorrem do cotidiano das pessoas, por isso são ontológicos.
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Por não ter o Código Penal conceituado a autoria e a participação, tais definições são da-
das pela doutrina penal. O tema não é pacífico e envolve uma grande celeuma, com afirmações 
contraditórias na doutrina nacional e com polêmicas em provas de concursos públicos.
Diante disso, no estudo e desenvolvimento científico do Direito Penal, surgiram diversas 
teorias ou conceitos que buscam definir a autoria e, em alguns casos, a participação:
a) Teoria restritiva;
b) Teoria extensiva;
c) Teoria subjetiva;
d) Teoria do domínio do fato;
e) Teoria normativa da combinação.
De início, é preciso ressaltar que a maior parte da doutrina não classifica o conceito unitá-
rio de autor ao lado dos conceitos restritivo, extensivo e do domínio do fato. Isso porque, sob 
o aspecto dogmático, a teoria monista ou unitária foi adotada no texto do artigo 29 do Código 
Penal.
Dessa forma, o critério unitário ou monístico não concorre com os conceitos de autor. A 
teoria monista é um modelo que não impede a adoção, por exemplo, da teoria do domínio do 
fato nos crimes dolosos tratados no Código Penal Brasileiro.
Entretanto, há autores (minoria) que incorporam o conceito unitário na linguagem classifi-
catória dos conceitos de autor. Juarez Cirino, com ressalvas na explicação, afirma:
A lei penal brasileira adota, em princípio, a teoria unitária de autor, mas a introdução legal de crité-
rios de distinção entre autor e partícipe transforma, na prática judicial, o paradigma monístico da 
teoria unitária em paradigma diferenciador, admitindo o emprego de teorias modernas sobre autoria 
e participação, como, por exemplo, a teoria do domínio do fato, cujos postulados são inteiramente 
compatíveis com a disciplina legal de autoria e participação do Código Penal- aliás, a Exposição 
de Motivos reconhece que o legislador decidiu “optar, na parte final do art.29, e em seus dois pará-
grafos, por regras que distinguem a autoria da participação”, reclamada pela doutrina por causa de 
decisões injustas (SANTOS, 2007).
Sem a ressalva anterior, Regis Prado (2007), ao classificar as teorias que cuidam do con-
ceito de autor, pontua o conceito unitário ou monista ao lado do restritivo, extensivo e finalista. 
Na visão desse brilhante penalista, para o conceito unitário autor é todo aquele que contribui 
causalmente para o fato punível, sem distinguir autor de partícipe.
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5.1. teorIa restrItIva de autor
Segundo o conceito restritivo objetivo-formal, autor é somente aquele que pratica o verbo 
do tipo: mata, subtrai, constrange, ameaça, calunia etc. Todos os demais que, de alguma for-
ma, contribuem para o fato, sem a execução do núcleo do tipo, são partícipes.
O conceito restritivo de autor vincula-se a uma teoria objetiva da participação, que se divide 
em objetivo-formal e objetivo-material (GRECO, 2006). Na visão da teoria objetivo-formal, au-
tor é aquele que realiza, com sua conduta (ação ou omissão), o verbo núcleo do tipo, enquanto 
o partícipe é aquele que produz qualquer outra contribuição causal ao fato, sem praticar o 
verbo do tipo.
Portanto, para essa teoria, as espécies de participação (induzimento, instigação e auxílio) 
são consideradas formas de extensão da punibilidade.
Exemplo: A e B decidem praticar um furto numa residência. A entra e pega o objeto, enquanto 
B fica do lado de fora vigiando a entrada da casa. A foi o autor do furto, enquanto B contribuiu 
como partícipe para o referido furto.
No Brasil, apesar dos defeitos da teoria restritiva objetivo-formal, há quem se filie às suas 
premissas. Mirabete exara ser adepto da “teoria formal-objetiva, que delimita, com nitidez, a 
ação do autor (autoria) e a do partícipe (participação), complementada pela ideia da autoria 
mediata” (MIRABETE, 2006, p.229).
A teoria restritiva objetivo-material buscou superar a perspectiva objetivo-formal, ao di-
ferenciar autor de partícipe pela maior contribuição do primeiro na causação do resultado. A 
conduta do autor se reveste de maior importância para o resultado, enquanto o partícipe con-
tribui de uma forma menor para o resultado. A análise é objetiva no contexto do caso concreto.
Ao tratar do conceito restritivo de autor (restritivo objetivo-formal), Zaffaroni e Pierangeli 
(2006) chegam a afirmar que teria sido o critério adotado pelo art.29 do Código Penal brasilei-
ro:
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Essa é a teoria que se impõe à luz de nossa legislação, porque de outro modo não se explica a razão 
pela qual a lei se ocupa dos que participam (§ 1º do art.29), de forma especial, visto que, a ser certo 
o chamado conceito extensivo, a previsão estaria sobrando (ZAFFARONI; PIERANGELI, 2006) .
Nesse sentido, já foi cobrado em algumas provas de concursos que o critério restritivo de autor 
foi adotado pelo Código Penal brasileiro, conforme se verá nas questões comentadas mais 
adiante. Não concordamos com tal afirmação, pelas razões que demonstraremos a seguir.
Não obstante, a teoria monista ou unitária, como modelo, foi adotada no caput do artigo 
29. No entanto, o critério exato para diferenciar autor de partícipe não está presente no artigo 
29, decorre de interpretações doutrinárias.
A teoria restritiva de autor não consegue explicar a figura de autor mediato, nem casos de 
coautoria nos quais não exista uma contribuição adjetivada de importante.
Exemplos de soluções equivocadas na teoria restritiva: médico que usa a enfermeira para 
matar alguém não responde como autor, pois não praticou o verbo do tipo; chefes de grupos 
organizados que usam seus comandados para cometerem crimes, pela mesma razão anterior, 
não poderiam ser consideradosautores, uma vez que não realizaram o verbo do tipo.
5.2. teorIa extensIva de autor
O conceito extensivo de autor se fundamenta na teoria da equivalência dos antecedentes 
causais e, desse modo, todos que contribuem para o resultado são autores. Autor é quem con-
tribui de alguma forma para o resultado.
Portanto, o critério extensivo não diferencia autor de partícipe, já que as contribuições cau-
sais dos agentes são tratadas igualmente, do mesmo modo que, na teoria da equivalência dos 
antecedentes penais, as causas ou condições possuem igual peso ou igual valor, não existindo 
hierarquia entre tais contribuições. Dessa forma, quem contribui para o resultado criminoso, 
realizando ou não o verbo do tipo, é autor.
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Na vigência da Parte Geral do Código Penal de 1940, antes da alteração promovida pela 
Lei n. 7.209/1984, a doutrina afirmava que o critério extensivo havia sido adotado pelo Código, 
conforme apontado no item 1 deste capítulo.
5.3. teorIa suBjetIva de autor
Para diferenciar autor de partícipe, já que isso não seria possível do ponto de vista objetivo 
causal adotado pelo critério extensivo, buscou-se a distinção na teoria subjetiva da partici-
pação ou teoria subjetiva de autor. Para essa teoria, é autor quem realiza uma contribuição 
causal ao fato com vontade de autor, ou seja, quer o fato como próprio (animus auctoris), en-
quanto é partícipe quem, ao fazê-lo, possui unicamente vontade de partícipe (animus socii) e, 
por isso, quer o fato como alheio.
É inconveniente essa distinção puramente subjetiva de autoria e participação. Embora haja 
crítica na doutrina da Alemanha, o critério subjetivo ainda “prepondera” na sua jurisprudência. 
Assim, ensina dois mestres da Universidade de Munique, Paul Bockelmann e Klaus Volk:
Ninguém pode negar a autoria com a simples reserva mental de querer o fato como alheio, nem se 
erigir em autor com a mera pretensão de querer o fato como próprio. [...]. Mas, em resumo, a juris-
prudência prende-se à teoria subjetiva (BOCKELMANN; VOLK, 2007, p.218).
A adoção da teoria subjetiva de autor fez surgir soluções extremas na jurisprudência 
alemã.
Exemplos: a tia que matou o recém-nascido a pedido da mãe foi considerada partícipe por 
auxílio porque quis o fato como alheio; da mesma forma um terrorista que matou duas pesso-
as com gás tóxico, pois seguiu ordem de autoridade governamental estrangeira, obedeceu ao 
comando político contrariando sua consciência, assim não quis o fato como próprio e não teve 
o dolo de autor, foi tratado como auxiliar BOCKELMANN; VOLK, 2007).
A teoria subjetiva ainda foi utilizada após a Segunda Guerra Mundial “com grande intensi-
dade nas condenações dos nazistas na jurisprudência alemã, em que os executores de milha-
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res de mortes foram considerados cúmplices porque queriam os fatos como alheios” (BITEN-
COURT, 2000, p.381).
A título de ilustração, caso fosse adotado esse entendimento no Brasil, o matador de alu-
guel poderia responder por participação e não por autoria, porque não desejou a morte com 
objetivo próprio, porém matou para receber o dinheiro, quis o fato como alheio.
5.4. teorIa do domínIo do fato
Para a teoria do domínio do fato, denominada de teoria (conceito) objetivo-subjetiva ou, 
ainda, de conceito final de autor, o autor é aquele que possui o domínio final do fato (Welzel) ou 
o domínio funcional do fato (Roxin).
Esse conceito roxiniano de domínio funcional do fato é o mais acertado na opinião de Luiz 
Regis Prado. Ao tratar do tema, diz que é:
Preferível um conceito misto, isto é, um objetivo-formal, como impõe a estrita legalidade penal, sen-
do autor aquele que realiza a conduta típica, complementado por um critério material, representado 
pelo conceito finalista de autor, com algumas correções. [...] Autor é não apenas quem realiza a ação 
típica, mas também aquele que detém o domínio funcional do fato. É, portanto, autor quem realiza a 
conduta típica ou tenha o domínio do fato (PRADO, 2007).
Segundo Nilo Batista, o conceito primitivo do domínio do fato, sua origem remota, foi de-
senvolvido por Hegler em 1915 e aproveitado por Frank. Nesse momento, o conteúdo do do-
mínio do fato era examinado na culpabilidade, pois o dolo ainda era elemento da culpabilidade 
(BATISTA, 2005).
Na redação que permanece da primeira edição de sua monografia, Batista não fazia a ob-
servação anterior e afirmava:
Elaborada por Welzel, e mais tarde por Gallas e Maurach, é hoje a corrente preponderante na Ale-
manha. Conta com seu endosso, entre outros Roxin, Wessels, Stratenwerth e Jescheck. A teoria 
transpôs as fronteiras germânicas para influenciar Ordeig na Espanha, Bacigalupo na Argentina, 
Latagliata na Itália, Yañez-Perez no Chile- para ficar em referências meramente exemplificativas (BA-
TISTA, 2005, p.70).
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Um setor da doutrina nacional afirma que o domínio do fato surge com Welzel, a partir de 
1939, com sua afirmação de que nos crimes dolosos é autor quem tem o controle final do fato. 
Nesse sentido, são as posições de Bitencourt (2000) e Rogério Greco (2006).
A teoria do domínio do fato é a teoria intermediária entre as anteriores. A sua base é o po-
der de decisão do agente sobre a consumação ou desistência do delito. Possui o domínio do 
fato o agente que domina o curso do fato, podendo continuar ou parar.
É um critério que exige valoração do intérprete diante de cada caso concreto regulado por 
determinado tipo legal (ZAFFARONI; PIERANGELI, 2006), correlacionando aspectos objetivos 
e subjetivos. O conceito de domínio do fato, porém, não comporta precisão dedutiva sem con-
fronto com o caso concreto. Isto é, requer uma análise valorativa, tem um caráter normativo. 
Ensinam Bockelmann e Volk sobre o critério do domínio do fato:
Ele tem caráter normativo como, de resto, a maioria dos conceitos do Direito Penal. Trata-se de 
uma noção que autoriza o juiz a decidir, em conformidade com as particularidades do fato a ser 
apreciado, sobre se um participante deve ser punido como autor ou partícipe e facilita-lhe a decisão, 
instruindo-lhe a orientar-se pelos traços que a representação do domínio do fato revela no autor uni-
tário imediato. Dentre vários participantes, o agente é aquele que age com uma onipotência compa-
rável àquela do autor unitário imediato. Esse princípio condutor do domínio do fato é caracterizado 
pela circunstância de o agente ter em mãos, dolosamente, o poder sobre a evolução típica do fato 
(BOCKELMANN; VOLK, 2007, p.219).
Para a teoria do domínio do fato, o autor é quem possui o domínio do fato; o partícipe não 
detém esse domínio, sua contribuição é acessória. É uma teoria objetivo-subjetiva, pois requer 
finalidade e uma posiçãoobjetiva frente ao fato. Explica a autoria direta, admitindo com facili-
dade a figura de autor mediato, além de possibilitar melhor compreensão da coautoria.
Falar em domínio do fato não significa dizer que o agente deve ter o poder de evitar a práti-
ca da infração penal a qualquer custo, mas deverá ter o domínio com relação à parte do plano 
criminoso que lhe foi atribuído. Sobre essa parte deverá ter o controle. O domínio deve ser 
sobre as funções que lhe foram confiadas.
É certo que, apesar de tudo que fora dito acima, quem desenvolveu e sistematizou a te-
oria do domínio do fato foi Claus Roxin, na sua tese de habilitação (exigência para se tornar 
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professor na Alemanha), no ano de 1963, buscando resolver um problema concreto, ou seja, a 
distinção entre autor e partícipe (GRECO; et al, 2014).
Para Claus Roxin, a autoria pode ser identificada nas seguintes situações:
a) Domínio da ação (Handlungherrschaft) na realização pessoal do fato;
b) Domínio da vontade (Willensherrschaft) realização do fato através de outro;
c) Domínio funcional (Funktionale Tatherrschaft) execução conjunta do fato;
d) Domínio no aparato organizado de poder (hipótese que gera discussões).
Jakobs reconhece as três primeiras hipóteses e elogia Roxin quanto ao desenvolvimento 
da teoria do domínio do fato:
O domínio do fato é, na moderna teoria da codelinquência, a característica da autoria; na terminologia 
de Roxin- que é o autor da monografia mais importante sobre o conceito do domínio do fato, que refi-
nou e comprovou as conclusões obtidas durante mais de 35 anos e, ademais, submeteu-as a discus-
são em lugar destacado- o domínio do fato aparece nas formas de domínio da ação (isto é, domínio 
de quem comete diretamente), domínio da vontade (vale dizer, como domínio do autor mediato) e do 
domínio funcional (vale dizer, como domínio do coautor) (JAKOBS, 2003, p.1-2). Grifo nosso.
A primeira hipótese (domínio da ação) cuida da realização pessoal do fato, do domínio direto 
daquele que realiza o núcleo do tipo. A segunda cuida da autoria mediata, do domínio da vonta-
de, daquele que usa outro como instrumento para a concretização do crime. A terceira hipótese 
trata do domínio funcional com divisão de tarefas, que constitui uma característica da coautoria.
A quarta hipótese cuida do domínio no aparato organizado de poder (Machtapparat), pre-
sente quando o agente dirige um aparato de poder. Há necessidade da presença de três pres-
supostos:
(1) o agente deve exercer um poder de comando (Befehlsgewalt) no marco da organização; (2) a 
organização deve ter se desvinculado do Direito no âmbito de sua atividade penalmente relevante; 
(3) os executores individuais devem ser substituíveis (fungíveis) (ROXIN, 2013, p.309-340).
Essa quarta hipótese é conhecida ainda como uma autoria mediata especial, em razão 
do domínio da vontade nos aparatos organizados de poder, foi desenvolvida por Claus Roxin 
em 1963, acolhida, exemplos, em decisões do Supremo Tribunal Federal Alemão (domínio da 
organização em empreendimentos econômicos), Tribunal Europeu de Direitos Humanos, Corte 
Suprema de Justiça Perunana, de condenação do ex-presidente Fujimori (ROXIN, 2013).
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Para Roxin, o próprio TPI (Tribunal Penal Internacional) reconheceu a teoria do domínio do 
fato na sua quarta faceta, ou seja, como domínio no aparato organizado de poder, ao dispor 
no seu Estatuto: “Art.25, III, a-Reconhece que “é autor mediato quem comete o fato através de 
outra pessoa independente desta ser ou não penalmente responsável”.
A teoria do domínio do fato, “com seu conceito restritivo de autor” (BITENCOURT, 2000), ou 
seja, parte do conceito restritivo de autor, é a base inicial; aplica-se aos crimes dolosos, pois 
somente nestes pode-se falar em domínio final do fato. “Não pode haver domínio do fato sem 
dolo, aqui compreendido como conhecer e querer os elementos objetivos que compõem o tipo 
legal” (BATISTA, 2005, p.71).
Os crimes culposos são caracterizados pela perda desse domínio. No crime culposo, é 
autor quem, por meio de uma conduta, viola um dever objetivo de cuidado e produz, involun-
tariamente, um resultado típico. Portanto, a teoria do domínio do fato não se aplica ao crime 
culposo.
Além do crime culposo, há outros delitos cuja autoria é explicada com suporte em outros 
critérios, sem possibilidade de se fazer uso da teoria do domínio do fato, o que revela que a sua 
não universalidade. Dito de outra forma, a teoria do domínio do fato não explica a autoria em 
delitos de dever ou, conforme linguagem da doutrina espanhola, delitos de violação de dever.
Exemplos: crimes próprios cometidos por funcionário público, como peculato, artigo 312, a 
corrupção passiva, artigo 317; os delitos omissivos impróprios, por conta da posição de garan-
tidor, artigo 13 § 2º, a, b e c. (GRECO; et al, 2014).
Entre outros, são defensores da teoria do domínio do fato no Brasil: Nilo Batista, que afir-
ma: “Para o direito penal brasileiro, nenhum obstáculo teórico existe contra a utilização desse 
critério para os crimes comissivos dolosos” (2005, p.73); Damásio, a partir de 1999, conver-
teu-se à teoria do domínio do fato (JESUS, 1999); Bitencourt, em relação à teoria do domínio 
do fato, afirma que é “uma elaboração superior às teorias até então conhecidas” (2000, p.381); 
Juarez Cirino dos Santos, “autoria e participação devem ser estudadas segundo os postulados 
da teoria do domínio do fato” (2007, p.355); Rogério Greco também apresenta argumentos fa-
voráveis à teoria do domínio do fato (2006).
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É comum encontrar muitos julgados com o uso da expressão domínio funcional do fato, 
mas nem sempre separada do domínio do fato, com erros e acertos quando do confronto téc-
nico com a teoria desenvolvida por Claus Roxin:
STJ [...] 2. A regra de extensão subjetiva do art. 29 do Código Penal dispõe que: “Quem, 
de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida 
de sua culpabilidade.” 3. Ademais, à luz das disposições contidas no art. 14 da Lei n. 
7.802/1989, art. 3º, IV, da Lei n. 6.938/1991, art. 2º da Resolução n.º 344, do Conse-
lho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, o engenheiro agrônomo, dotado 
da expertise da atividade agrícola e possuidor da confiança do agricultor, ao prescre-
ver receituário agronômico em desacordo com as normais legais do uso de agrotóxico, 
possui controle funcional da conduta ilícita poluente (teoria do domínio do fato). Assim, 
mesmo não sendo o autor dos atos materiais de poluição, é, sem dúvida, responsável e, 
por isso, imputável, pela atividade causadora de danos ao meio ambiente.
4. Controvérsias relacionadas ao conjunto fático-probatório

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