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SISTEMA DE ENSINO
DIREITO PENAL – 
PARTE GERAL
Erros Acidentais e Erros Essenciais
Livro Eletrônico
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Dermeval Farias Gomes Filho
Erros Acidentais e Erros Essenciais
DIREITO PENAL – PARTE GERAL
Apresentação .................................................................................................................3
Erros Acidentais e Erros Essenciais ................................................................................5
1. Erros Acidentais ..........................................................................................................5
1.1. Erro quanto à Pessoa (Error in Persona) ..................................................................5
1.2. Erro quanto à Coisa ou Erro sobre o Objeto .............................................................6
1.3. Erro na Execução (Aberratio Ictus) .......................................................................... 7
1.4. Erro quanto Ao resultado (Aberratio Delicti ou Aberratio Criminis) ....................... 10
1.5. Erro no Processo Causal (Aberratio Causae; Dolo Geral ou Erro Sucessivo) ........... 11
2. Erros Essenciais ....................................................................................................... 14
2.1. Erro de Fato e Erro de Direito ................................................................................ 15
2.2. Tratamento do Erro de Tipo e do Erro de Proibição no Código Penal Brasileiro 
Reformado em 1984 .....................................................................................................25
2.3. Pontos Específicos ................................................................................................33
3. Erro Determinado por Terceiro .................................................................................39
Questões de Concurso .................................................................................................. 41
Gabarito ...................................................................................................................... 60
Gabarito Comentado ..................................................................................................... 61
Referências ................................................................................................................. 101
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Dermeval Farias Gomes Filho
Erros Acidentais e Erros Essenciais
DIREITO PENAL – PARTE GERAL
ApresentAção
Olá! Sou o professor Dermeval Farias. É com prazer que iniciamos mais um capítulo do 
material em PDF do Gran Cursos Online. Apresentamos desta vez o estudo sobre os erros no 
Direito Penal, ou seja: erros acidentais; erros essenciais; e, principalmente, com um último des-
taque quanto ao erro determinado por terceiro, tema de estudo no tópico do concurso de pes-
soas. Tudo isso será feito com abordagem de doutrina, jurisprudência e questões correlatas.
O tema tratado nesse momento constitui um dos mais complexos da Parte Geral e dos 
mais cobrados em concursos públicos. Verificamos isso quando da seleção das questões 
recentes dos mais diversos concursos jurídicos do país.
Dos temas da parte geral, com certeza, o estudo dos erros, ao lado da omissão imprópria 
e do concurso de pessoas, representa um dos temas mais áridos. Ademais, possui estreita 
conexão com a parte especial nos exemplos cobrados em provas de concursos.
Busquei desenvolver o capítulo com prévia pesquisa dos manuais de Direito Penal e, princi-
palmente, de artigos e livros específicos indicados nas referências bibliográficas, acompanha-
dos de jurisprudência e de questões de concursos, comentadas nos seus itens de marcação.
É certo que seguimos a direção de nossas aulas, uma vez que, há mais de 16 anos, temos 
preparado candidatos para os mais diversos concursos jurídicos do país: Juiz Estadual, Juiz 
Federal, Procurador da República, Promotor de Justiça, Defensor Público, Delegado de Polícia 
(Civil e Federal), Analista Jurídico, Advogado da União e outros.
Tenho muito prazer em trabalhar hoje com colegas que são promotores de justiça, junta-
mente comigo, que outrora eram alunos; bem como magistrados; delegados de polícia; de-
fensores públicos, ex alunos que encontramos em audiências, nos júris etc.
De antemão, importar enfatizar que o tema do presente capítulo é de difícil compreensão 
para aqueles que resolvem começar por ele, principalmente no que concerne aos erros essen-
ciais, os quais exigem um conhecimento prévio das teorias do crime e do estudo do fato típico.
O presente estudo que ora se apresenta foi dividido nas seguintes partes no presente ca-
pítulo: a primeira trata da abordagem dos erros acidentais; a segunda cuida dos erros essen-
ciais; uma rápida recordação do erro determinado por terceiro; por fim, a última parte cuida 
das questões, devidamente selecionadas e comentadas sobre o referido tema.
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Erros Acidentais e Erros Essenciais
DIREITO PENAL – PARTE GERAL
Ressalto que serão apresentados, quando necessários, resumos, quadros sinópticos, di-
cas e destaques sobre pontos específicos de cada instituto jurídico de direito penal, de modo 
a facilitar a compreensão e, por consequência, o acerto em provas de concursos.
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Erros Acidentais e Erros Essenciais
DIREITO PENAL – PARTE GERAL
ERROS ACIDENTAIS E ERROS ESSENCIAIS
1. erros AcidentAis
Os erros acidentais são desvios causais previsíveis que não afastam a responsabilidade 
penal. De forma distinta dos erros essenciais, os erros acidentais não presentam uma falsa 
percepção da realidade, por isso são irrelevantes para a configuração do dolo.
Os erros acidentais são classificados como erros: sobre a coisa; sobre a pessoa (error in 
persona); na execução do crime (aberratio ictus); no resultado (aberratio delicti ou aberratio 
criminis); no processo causal (aberratio causae).
O estudo dos erros acidentais não goza de uma uniformidade terminológica na doutrina 
penal: Juarez Cirino dos Santos (2007, p. 155-161) os denomina de desvios causais previ-
síveis, regulares ou normais, atribuíveis ao dolo do agente; Cleber Masson (2015, p. 243) e 
Rogério Sanches (2019, p. 256-262) os chamam de erro de tipo acidental; enquanto Gustavo 
Junqueira e Patrícia Vanzolini os classifica como erro de tipo acidental, dentro dos quais 
estão desvios irrelevantes ou não essenciais como os casos de aberratio causae (2019, p. 
334-346).
Seguindo a linha de Claus Roxin, Cirino (2007, p. 156) intitula como desvios causais impre-
visíveis (irregulares ou anormais) as situações que ocorrem e que estão fora do plano do 
autor: Exemplo: “se B, com dolo de homicídio, morre em incêndio do hospital após a cirurgia, 
o imprevisível resultado concreto não é produto do perigo criado, e não pode ser atribuído ao 
autor como obra dele”. (SANTOS, 2007, p. 156). Sobre essa hipótese,o CP brasileiro cuida do 
assunto no § 1º do art.13 do CP, como uma concausa superveniente relativa anormal, que 
foge do desdobramento lógico do processo causal.
1.1. erro quAnto à pessoA (error in personA)
O erro quanto à pessoa ou sobre a pessoa constitui um erro de identidade, de representa-
ção de uma pessoa no lugar de outra. Cuida-se de um erro acidental descrito no art. 20, § 3º 
,do CP que não afasta a responsabilidade penal do agente:
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§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se conside-
ram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente 
queria praticar o crime.
Nessa hipótese, não há erro no modo de execução do crime, mas, sim, um erro quanto à 
pessoa. A solução legal diz que o agente responde como se tivesse atingido a vítima desejada 
(vítima virtual) e não a vítima real.
Exemplos: o agente A, com dolo de matar a vítima B, acaba atirando na vítima C porque acre-
ditou que a vítima C fosse a vítima B. Nesse caso, considerando a morte da vítima atingida, 
o agente A responde pelo crime de homicídio como se tivesse matado a vítima B. O agente 
queria matar o pai, mas mata outra pessoa que se parecia com o seu pai, porque considerou 
a aparência da vítima– parecida com o seu pai– que estava sentada no banco da praça onde 
o seu pai tinha o costume de ficar todo dia em um determinado horário. Contudo, nesse dia, o 
pai do assassino não foi à praça. O agente responde como se tivesse matado o próprio pai e, 
inclusive, incidirá a agravante do parricídio.
1.2. erro quAnto à coisA ou erro sobre o objeto
Trata-se de um erro acidental quanto ao objeto material do crime. O agente, na sua condu-
ta, alcança um objeto material diverso do que pretendia. A figura típica do delito não é alterada 
em razão do erro quanto à coisa, ou seja, o agente responde pelo crime objeto do seu dolo.
Exemplo: a queria furtar o ouro que pertencia a B, mas se confundiu ao subtrair a caixa e 
acabou levando a bijuteria, uma vez que o ouro estava na caixa rosa e a bijuteria na caixa 
vermelha. A responderá pelo crime de furto, uma vez que o seu erro não afasta a responsabi-
lidade penal.
Como fica o princípio da insignificância no caso anterior, se o agente A, hipoteticamente, sub-
traiu objeto de pouco valor, mas almejava algo de valor maior? RESPOSTA: Não é só o valor do 
bem que importa na análise do princípio da insignificância (Vide PDF-GRAN de Princípios e 
jurisprudência do STF e do STJ, do professor Dermeval Farias). É preciso preencher todos os 
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requisitos objetivos e subjetivos. Em tese, o princípio da insignificância será aplicado, “a título 
ilustrativo, na hipótese em que o agente, primário e sem antecedentes criminais, subtrai de 
uma grande joalheria uma imitação de um relógio de alto valor, porém avaliada em somente 
R$10,00”. (MASSON, 2015, p. 244).
1.3. erro nA execução (AberrAtio ictus)
Consiste em um erro que ocorre no manuseio do meio de execução do crime, de modo 
que o agente, com a sua conduta, atinge pessoa diversa da que pretendia atingir. É um erro de 
pessoa x pessoa. Não se trata, portanto, de um erro de coisa x pessoa.
O erro na execução do crime consta no art. 73 do CP:
Art. 73. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a 
pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime 
contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também 
atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
O dispositivo divide o erro na execução em 2 partes: com um resultado (aberratio ictus 
simples) e com mais de um resultado (aberratio ictus complexa). Em ambas as hipóteses, o 
agente atua com dolo em relação a UM ÚNICO RESULTADO.
Aberratio ictus simples: erro na execução com um único resultado, conforme preceitua a 
primeira parte do art.73 do CP. A solução é idêntica à do erro quanto à pessoa (art. 20, § 3º), 
ou seja, o agente responde como se tivesse acertado a vítima desejada.
Exemplo: A, com dolo de matar B, atira na vítima, mas erra ao fazer uso da arma de fogo e 
efetuar o disparo, vindo a atingir um terceiro, denominado de vítima C, a qual estava próxima 
a B. Na valoração da prova colhida, restou demonstrado que A não queria atingir a vítima C e 
não assumiu o risco de atingi-la. Nesse caso, A responde como se tivesse acertado a vítima 
desejada, ou seja, como se tivesse matado B.
A solução do erro na execução com resultado único é a mesma solução do erro quanto à 
pessoa, uma vez que o art. 73, primeira parte, remete ao art. 20, § 3º, do CP.
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Os erros na execução– com resultado único– e o erro quanto à pessoa são erros distintos, que 
não se confundem. Todavia, a solução dos casos concretos que envolvem tais erros é idêntica.
Aberratio ictus complexa: erro na execução com mais de um resultado, conforme precei-
tua a segunda parte do art.73 do CP. O agente atua com dolo em relação a um único resultado, 
mas por erro, no manuseio do meio de execução, dá causa a mais de um resultado. O resulta-
do, objeto do erro, é culposo.
Exemplo: A, com dolo de matar B, atira na vítima, mas erra no manuseio da arma de fogo e, 
além de atingir B, fere também um terceiro, denominado de vítima C, a qual passava pelo local 
no momento dos disparos. B morreu e C foi lesionado. Na valoração da prova colhida, restou 
demonstrado que A não queria atingir a vítima C e não assumiu o risco de atingi-la.
Nesse caso, A responde na forma do concurso formal próprio, conforme descrição da 
segunda parte do art. 73, o qual remete ao art. 70, primeira parte, do CP. Isto é, A responderá 
pelo homicídio doloso de B e pela lesão corporal (culposa) produzida em C. Após a condena-
ção do júri, o juiz aplicará, de forma separada, a pena dos dois crimes, até a terceira fase da 
dosimetria. Em seguida, fará incidir a regra do concurso formal próprio (aumento da pena de 
1/6 a 1/2 de acordo com o número de crimes), respeitando a solução do concurso material 
benéfico, nos termos do parágrafo único do art. 70 do CP (sobre o tema concurso de crimes, 
ver PDF de Concurso de Crimes do professor Dermeval Farias, bem como as videoaulas).
Se o dolo do agente abrange mais de um resultado, não se trata de erro na execução, mas, 
sim, de concurso formal impróprio, quando as penas deverão ser somadas, na forma do art. 
70, caput, segunda parte, do CP, que menciona a existência de desígnios autônomos.
Exemplo: A, com vontade de matar B e assumindo orisco de também matar C, efetua dispa-
ros contra B, oportunidade na qual atinge B e C, de modo que ambos morrem. Nesse caso, 
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A responderá por dois homicídios dolosos na forma do concurso formal impróprio ou imper-
feito, com penas somadas. Não existe, nessa situação, a figura jurídica do erro na execução, 
uma vez que o agente agiu com dolo + dolo.
É possível acontecer uma hipótese híbrida, com concorrência de concursos de crimes 
formal próprio e formal impróprio relacionada ao tema do erro da execução.
Exemplo: João queria matar Carlos, assumiu o risco em relação a Caio, que estava sentado 
próximo à vítima Carlos. No mesmo quadro hipotético, João atuou com erro em relação a 
Pedro e à Ana, que estavam passando pelo local. João, com a sua conduta, atingiu e matou 
todas as vítimas mencionadas. Portanto, a conduta de João configura concurso formal impró-
prio na primeira parte (vítimas Carlos e Caio) e concurso formal próprio na segunda parte. Só 
houve erro na execução em relação a Pedro e à Ana.
O erro na execução não fasta a legítima defesa. Exemplo: a, em reação de legítima defesa, 
não acerta o agressor, mas, sim, em razão de erro na execução, acerta um terceiro que pas-
sava pelo local. Essa hipótese, por si só, não afasta a legítima defesa e não gera responsabi-
lidade penal para A, conquanto subsista a responsabilidade no cível, uma vez que o referido 
erro não elimina a responsabilidade na esfera cível (sobre o tema, de forma mais completa, 
verificar o PDF sobre ilicitude do prof. Dermeval Farias).
A teoria da equivalência é a que explica, como regra, o nexo causal do CP no seu art. 13, 
bem como a solução do erro sobre a pessoa e o erro na aberratio ictus simples (nesse sentido, 
foi cobrado em prova do MPMG). Desse modo, o CP brasileiro não adotou a teoria da concre-
tização, mas sim a teoria da equivalência para a solução de tais erros. Na teoria da equivalên-
cia, o dolo pode admitir resultado típico genérico. Enquanto na teoria da concretização, o dolo 
atinge objeto determinado. Nesse sentido, leciona Juarez Cirino dos Santos (2007, p. 157):
As hipóteses de aberratio ictus constituem casos especiais de desvio causal do objeto desejado 
para o objeto diferente: o disparo de arma de fogo contra B, atinge mortalmente C, postado atrás 
de B. As soluções tradicionais dos casos de aberratio ictus são representadas pela teoria da con-
cretização e pela teoria da equivalência: a) para a teoria da concretização, dominante na literatura 
contemporânea, o dolo deve se concretizar em objeto determinado: na hipótese, tentativa de homi-
cídio contra B e homicídio imprudente contra C; b) para a teoria da equivalência, o dolo pode admitir 
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resultado típico genérico: na hipótese, homicídio doloso consumado, porque B e C são igualmente 
seres humanos (teoria adotada pelo art. 20, § 3º, CP, que engloba hipóteses de aberratio ictus e de 
erro sobre a pessoa).
Como seria solucionada a seguinte hipótese ilustrativa, na forma da teoria da equivalên-
cia e na forma da teoria da concretização: A, com dolo de matar B, atira na vítima, mas erra 
no emprego do meio de execução– uma arma de fogo– e, em vez de atingir B, fere mortal-
mente um terceiro, denominado de C, o qual passava pelo local no momento dos disparos, de 
modo que B não foi atingido e C morreu? Solução: com amparo na teoria da equivalência, A 
responde por um único homicídio doloso, como se tivesse atingido B. Com base na teoria da 
concretização, A responde por tentativa de homicídio contra B e homicídio culposo contra C.
1.4. erro quAnto Ao resultAdo (AberrAtio delicti ou AberrAtio 
criminis)
O erro quanto ao resultado ou resultado diverso do pretendido se apresenta como um erro 
no processo de execução que envolve pessoa x coisa, que é subsidiário em relação ao art. 73, 
o qual trata de pessoa x pessoa. O próprio art. 74 inicia a redação da seguinte forma “fora dos 
casos do artigo anterior”.
Art. 74. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, 
sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como 
crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código.
Dessa forma, o artigo 74 trata de crimes diversos, ao fazer uso da expressão resultado di-
verso do pretendido, e remete a solução ao concurso formal próprio (não ao concurso formal 
impróprio), quando houver a caracterização de dois ou mais crimes.
Exemplos: Caio quer acertar Ana com uma pedra, mas, ao fazer o arremesso, erra o alvo e 
acerta o carro da Maria, quebrando o seu para-brisas. Não existe dano culposo, assim não 
houve crime de dano na presente situação. Em relação à Ana, Caio responderá por tentativa 
de lesão, restando comprovado que não conseguiu lesioná-la por circunstâncias alheias à sua 
vontade. João quer acertar o carro de Caio. Para tanto, João lança uma pedra na direção do 
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carro de Caio, a qual quebra o vidro e atinge Ana que estava dentro do veículo. Fica demons-
trado que havia previsão do primeiro resultado e previsibilidade do segundo resultado. Em 
relação ao carro, João responderá pelo crime de dano. Em relação à Ana, João responderá 
pelo crime de lesão corporal culposa. “A pretende atingir B como uma pedra; mas, por inabili-
dade, atinge uma orquídea– planta ornamental– ali existente (art.49, parágrafo único, da Lei 
9.605/1998)”. (PRADO, 2012, p. 500).
Vale destacar que, na aberratio criminis, o agente atinge bem jurídico diverso do que que-
ria atingir, de forma que a relação não é somente de objetos materiais distintos, mas também 
de bem jurídicos diferentes, por isso que não se trata de um mero erro sobre o objeto.
Nem todas as hipóteses de aberratio delicti (aberratio criminis) recebem soluções pacífi-
cas no cenário doutrinário. Destaca-se o seguinte exemplo apontado por Luís Flávio Gomes 
(2006, v.3, p. 165-166):
O sujeito discute com um amigo e diz que vai arrebentar o carro dele. Apodera-se de um paralelepí-
pedo e o dispara contra o carro. Erra o alvo e mata um transeunte (que passava pelo local). Bem 
jurídico pretendido: propriedade. Bem jurídico efetivamente atingido: vida. O resultado ocorrido, 
como se vê, é ‘diverso do pretendido’. Os bens jurídicos são distintos. Por isso é que configura a 
aberratio criminis, não a aberratio ictus. Solução penal: o agente nesse caso responde por um só 
crime ou dois? Depende: (a) resultado único (só o transeunte foi atingido); o agente responde por 
culpa, se o fato é previsto como crime culposo. No exemplo dado, o agente responde por homicídioculposo (só). Não responde por dois crimes. Resultado único, crime único (culposo); (b) resultado 
duplo (o veículo foi atingido e também o transeunte): quando ocorre também o resultado preten-
dido, temos dois crimes: crime doloso de dano e crime culposo quanto ao transeunte. Dano dolo-
so mais homicídio culposo (em concurso formal). Conduta única com dois resultados (distintos). 
Concurso formal heterogêneo.
A solução do caso (b) do exemplo anterior é pacífica. Todavia, a resposta sugerida para 
o caso (a) é objeto de divergência ou, ao menos, de crítica quando ao seu fundamento. (Vide 
JUNQUEIRA; VANZOLINI, 2019, p. 166).
1.5. erro no processo cAusAl (AberrAtio cAusAe; dolo GerAl ou erro 
sucessivo)
Revela-se na aberratio causae a existência de um erro acidental relacionado ao processo 
causal, quando o agente acredita na ocorrência do resultado de determinada forma, o qual, 
por sua vez, por força do erro acidental, ocorre em razão de outra causa.
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Na aberratio causae, o resultado permanece abrangido pelo dolo do agente. “O fato de o 
nexo causal ter se desenrolado de forma diversa prevista pelo dolo não tem relevância e não 
impede a imputação subjetiva do resultado” (JUNQUEIRA; VANZOLINI, 2019, p. 345). Há con-
gruência entre a vontade do agente e o resultado naturalístico produzido.
Exemplo: A, com dolo de matar B com o uso de asfixia na modalidade de afogamento, lança 
a vítima de cima de uma ponte para morrer afogada no rio. No entanto, B morre durante a 
queda, ao bater a cabeça no pilar da ponte. A referida hipótese pode ser chamada de “resulta-
do produzido por causa diversa concomitante -desvio no curso causal” (JUNQUEIRA; VANZO-
LINI, 2019, p. 343). Nesse caso, há homicídio doloso consumado, “porque o previsível resulta-
do concreto é a consequência do perigo criado, atribuível ao autor como obra dele”. (SANTOS, 
2007, p. 156).
Dolo geral ou dolus generalis (não se confunde com o estudo do dolo que integra o tipo 
subjetivo ao lado da culpa) é a crença falsa na antecipação do resultado que não ocorreu 
(nesse sentido, foi cobrado em prova do MPF). O conceito de dolo geral foi desenvolvido em 
razão de acontecimentos típicos concretizados em dois atos. (SANTOS, 2007, p. 159).
Existe diferença entre aberratio causae (erro no processo causal) e o dolo geral (erro su-
cessivo)? Resposta: Cleber Masson (2015, p. 345) aponta o seguinte:
A resposta é simples. Naquele há um único ato (no exemplo acima, empurrar a vítima do alto da 
ponte); neste, por sua vez, há dois atos distintos (exemplo: A atira em B, que cai ao solo. Como ele 
acredita na morte da vítima, lança o corpo ao mar para ocultar o cadáver, mas posteriormente se 
constata que a morte foi produzida pelo afogamento, e não pelo disparo da arma).
Por sua vez, um precioso debate sobre o tema dolo geral, considerando o segundo exem-
plo do parágrafo anterior, trabalhado na doutrina alemã, é apontado Juarez Cirino dos Santos 
(2007, p. 159):
A teoria dominante, contudo, define a hipótese como homicídio doloso consumado, não mais sobre 
o fundamento de dolo geral– um conceito ultrapassado, porque a ausência de dolo (de homicídio) 
no segundo fato não é suprimível pela extensão do dolo de homicídio do primeiro fato–, mas sob o 
argumento da natureza não essencial do desvio causal. Contudo, é preciso distinguir: WELZEL, por 
exemplo, exige dolo unitário, abrangendo o primeiro e o segundo fato; ROXIN condiciona a solução 
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à natureza do dolo do primeiro fato: a) se dolo direto, o resultado corresponde ao plano do autor 
(que, certamente, terá pensado no modo de se livrar do cadáver) e, portanto, o desvio causal é irre-
levante, configurando homicídio doloso consumado: A pretendeu matar B e, de fato, matou B; b) se 
dolo eventual, o resultado não parece corresponder ao plano do autor (que, certamente, não deverá 
ter pensado no modo de se desfazer do cadáver) e, por isso, o desvio causal torna-se relevante, 
configurando, então, homicídio doloso tentado em concurso com homicídio imprudente.
Considere a seguinte hipótese: Caio, com dolo de matar a sogra, atira na vítima (mas ela 
não morre no 1º ato). Após o disparo, considerando o ferimento na sogra, acreditando que ela 
já estivesse morta, Caio, com o objetivo de ocultar o cadáver, enterra o seu corpo. No entanto, 
comprova-se posteriormente que a morte aconteceu por asfixia em razão do soterramento 
(resultado no 2º ato). A referida hipótese pode ser chamada de “resultado produzido por cau-
sa diversa posterior – erro sucessivo” (JUNQUEIRA; VANZOLINI, 2019, p. 344). Como deve ser 
solucionado o caso? Resposta: Caio responde por homicídio doloso da sogra (dolo geral). Em 
relação à qualificadora da asfixia, não há consenso na doutrina. Isso porque o dolo do agente 
não abrangeu a referida qualificadora, uma vez que acreditava na morte quando do primeiro 
ato. Quanto à ocultação de cadáver, também existe um desafio na interpretação dogmática. 
Isso porque, apesar do dolo do agente (tipo subjetivo da ocultação de cadáver), quando do ato 
de enterrar, a vítima ainda estava viva e, desse modo, haveria dificuldade para preencher as 
elementares do tipo objetivo do art. 211 CP. Todavia, partindo da premissa do plano do autor, 
houve o dolo da ocultação de cadáver, de modo que a ele pode ser imputado o referido crime.
Quanto à questão anterior, para Luís Flávio Gomes (2006, v.3, p. 167), o agente responde:
Pelo que efetivamente ocorreu (homicídio qualificado), não pelo que ele queria (homicídio simples). 
Não responde por isso mesmo por ocultação de cadáver porque não havia cadáver (a vítima estava 
viva, no momento em que foi jogada no rio). O agente tinha consciência de que jogava a vítima no 
rio (por isso que responde pelo homicídio qualificado).Saliente-se, de qualquer maneira, que esse 
tema é muito controvertido, havendo boas razões para se adotar qualquer das posições possíveis 
(um só homicídio doloso simples, um só homicídio doloso qualificado ou tentativa de homicídio 
mais um crime culposo.
Sobre o tema qualificadora, diz Masson (2015, p. 345):
No âmbito da qualificadora, há duas posições: (a) deve ser considerado o meio de execução que o 
agente desejava empregar para a consumação (asfixia), e não aquele que, acidentalmente, permitiu 
a eclosão do resultado naturalístico; e (b) é preciso levar em conta o meio de execução que efeti-
vamente provocou o resultado, e não aquele idealizado pelo agente.
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Vale ressaltar ainda algumas hipóteses trabalhadas na doutrina alemã e levantadas por 
Juarez Cirino dos Santos (2007, p. 160) e Gustavo Junqueira e Patrícia Vanzolini(2019, p. 
344-346), presentes nas obras de Hans Welzel e de Claus Roxin, que podem ser chamadas de 
dolo geral (expressão em desuso) ou de desvio previsível, não essencial.
As hipóteses podem ser denominadas de resultado produzido por causa anterior (JUN-
QUEIRA; VANZOLINI, 2019, p. 344).
Exemplos: A, com o dolo de matar B, quer, primeiramente, fazê-lo desmaiar com algumas 
pancadas na cabeça para, em seguida, matá-lo. Todavia, o resultado morte já com os golpes 
na cabeça da vítima. Solução: A responde por homicídio doloso, uma vez que o desvio causal 
é irrelevante; o desvio se encontra dentro do marco da experiência cotidiana; está dentro do 
plano do autor (SANTOS, 2007, p. 160; WELZEL, 1976, p. 89; ROXIN, 1997, t.1, p. 502). Resulta-
do quando da fase dos atos preparatórios. A, com o dolo de matar B, foi, primeiramente, limpar 
a sua arma. Quando A realizava a limpeza da arma, de forma imprudente (acidental), produziu 
o disparo em direção à vítima B, a qual veio a óbito. Solução: Claus Roxin defende homicídio 
culposo (ROXIN, 1997, t.1, p. 502). No mesmo sentido, Juarez Cirino dos Santos (2007, p. 160).
Obs.: � em 2020, a obra nova de Parte Geral de Claus Roxin, em alemão, já saiu em coautoria 
com o autor brasileiro Luís Greco, o qual é professor titular na Alemanha.
2. erros essenciAis
O direito penal sempre cuidou do erro, ora com uma eficácia escusante maior, ou seja, com 
o afastamento do crime, ora com uma eficácia escusante menor, isto é, com a possibilidade 
de responsabilidade na forma culposa ou, ainda, em outros casos, com o efeito de atenuar o 
dolo (no sistema causal) ou permitir uma redução de pena (finalismo).
A matéria do erro é complexa porque envolve o estudo da posição do dolo e da consciên-
cia da ilicitude dentro da estrutura analítica do delito. Por isso, a resposta para os problemas 
requer um conhecimento prévio do sistema causal e do sistema finalista, das estruturas ana-
líticas do crime presentes nas referidas teorias do crime.
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Dentro do sistema causal, tanto na fase clássica quanto na fase neoclássica (visto no PDF 
sobre Teorias do Crime), o dolo e a culpa faziam parte da culpabilidade. A atual consciência 
da ilicitude, na fase das teorias causais (clássica e neoclássica) constituía um dos elementos 
do dolo (dolo normativo). Logo, o erro que afastava o dolo, necessariamente afastava a cul-
pabilidade dolosa.
Com o advento do sistema finalista, Hans Welzel transportou dolo e culpa para o fato 
típico. Com isso, houve mudança significativa na matéria do erro, pois o dolo foi retirado da 
culpabilidade– com dois dos seus três elementos (vontade e representação do resultado)– e 
levado para a conduta (fato típico), enquanto a consciência da ilicitude (transformada em po-
tencial) permaneceu na culpabilidade.
Hoje, o erro de tipo essencial inevitável (escusável) afasta o dolo e, portanto, afasta o fato 
típico, não permitindo a punição por culpa. Entretanto, se o erro essencial de tipo for evitável 
(inescusável), permite a punição por crime culposo se houver previsão legal do delito na for-
ma culposa, conforme art. 20 caput do Código Penal brasileiro (CP).
Por outro lado, dentro do finalismo, o erro de proibição atinge a consciência da ilicitude e, 
quando inevitável, afasta a culpabilidade. Se for evitável, reduz a pena a ser imposta (art. 21 do 
CP).
Ressalte-se que o estudo dos erros sofreu modificação dentro do direito penal moderno 
desenvolvido após as revoluções burguesas do século XVIII. Para compreender os erros es-
senciais– tipo e proibição– difundidos pelo finalismo, é necessário reexaminar os erros de 
fato e de direito, bem como as teorias do dolo, da época dos sistemas causais.
2.1. erro de FAto e erro de direito
No sistema causal-naturalista, na sua forma Clássica, vigorava a compreensão do erro de 
fato e do erro de direito. No final do Século XIX e início do Século XX, entendia-se que o erro de 
direito era irrelevante porque havia uma presunção absoluta do conhecimento da lei. Essa era, 
por exemplo, a posição do Von Liszt, um dos maiores expoentes do sistema Causal Clássico.
Portanto, nessa época, existia um tratamento muito severo da conduta do agente que 
atuava sem a consciência da ilicitude e sem a possibilidade de atingir esta consciência, ou 
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seja, a ele se imputava o fato sem os reflexos do seu erro, sem a possibilidade de afastar a 
sua responsabilidade penal.
Compreendia-se como erro de fato aquele que atingia as características do fato criminoso 
ou recaía sobre alguma circunstância que excluía a ilicitude, bem como o erro sobre descri-
minação putativa fática. Por sua vez, o erro de direito incidia sobre a obrigação de respeitar a 
norma, isto é, ocorria quando o agente, por ignorância da ilicitude de sua conduta, praticava 
um fato proibido pela lei penal (GOMES, 2001, p. 49 e 55).
Observa-se que, no tratamento do erro de direito, havia uma confusão entre ignorância da 
lei, cujo objeto é a lei formal, e o erro sobre a consciência da ilicitude. Desde o direito roma-
no havia essa confusão entre erro de direito e ignorância da lei, “donde a dificuldade de sua 
aceitação em prejuízo da segurança jurídica”. Em razão disso, o erro de direito, durante muito 
tempo, não beneficiou o agente.
Sobre a referida confusão, leciona Luís Flávio Gomes:
Em inúmeros países, ao tempo da teoria psicológica da culpabilidade, predominava a divisão clás-
sica: erro de fato (escusante) e erro de direito penal (inescusante); quanto ao erro de direito fazia-
-se exceção se recaía sobre lei extrapenal (que então era equiparado a erro de fato). Era assim na 
França, Espanha e Alemanha. (GOMES, 2001, p. 49-50).
Até antes da Reforma da Parte Gera de 1984, no Brasil, muitos doutrinadores só admitiam 
a possibilidade de afastar, quando do erro de direto, a responsabilidade penal se fosse o caso 
de um erro de direito extrapenal. Nesse sentido: Basileu Garcia; Magalhães Noronha, Roberto 
Lira, além de outros (GOMES, 2003, p. 53).
O Código Penal brasileiro de 1940, na sua Parte Geral, fazia confusão entre ignorância da 
lei e erro de proibição, pois em seu art.16 dizia “A ignorância ou a errada compreensão da lei 
não eximem de pena”.
A antiga dicotomia do direito romano entre erro de fato e erro de direito está ultrapassa-
da, conforme (GOMES, 2001, p. 27). Na Alemanha, a partir de 18 de março de 1952, com uma 
decisão do Supremo Tribunal Federal, reconheceu-se a autonomia da consciência da ilicitu-
de, afastou a tese da irrelevância do erro sobre a significação antijurídica de uma situação, 
aceitou a distinção entre erro de tipo e de proibição. Com isso, o novo modelo abandonou as 
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soluções do erro de fato e do erro de direito e passou a solucionar os casos com o erro de tipo 
e o erro de proibição. (GOMES, 2001, p. 54).
Interessante a constatação de Muñoz Conde (1988, p. 62) sobre a situação do erro no 
modelo penal espanhol
Até a reforma de 1983, o Código Penal Espanhol não continha qualquer preceito relativo ao erro. A 
doutrina admitia, inobstante, sua relevância, embora discrepasse acerca de seu tratamento. A dou-
trina dominante inclinava-se por um tratamento unitário do erro de tipo e de proibição; contudo, a 
reforma diferencia claramente uma e outra espécie de erro, com uma formulação mais próxima da 
teoria da culpabilidade.
No Brasil, os erros do erro de fato e de direito no âmbito penal foram admitidos até 1984, 
quando a Reforma da Parte Geral ocorrida nesse ano, adotou a teoria finalista e, com isso, 
superou o modelo causal da Parte Geral do CP de 1940.
No CP Militar, ainda se fala em erro de fato e erro de direito, conforme arts. 35 e 36.
2.1.1. Teorias do Dolo
Como já fora assinalado, nas teorias causais clássica e neoclássica, o dolo e a culpa esta-
vam na culpabilidade, o que redundava, no que concerne ao estudo do erro, em consequências 
distintas em relação ao modelo finalista, o qual compreende o dolo e a culpa no fato típico.
A teoria do dolo implica exame dos elementos subjetivos (dolo e culpa) na culpabilidade.
No causalismo clássico, a culpabilidade se sustentava na teoria psicológica pura, forma-
da unicamente pelo dolo no crime doloso e pela culpa no crime culposo. Por isso, fora com-
preendida como a parte subjetiva do crime, registrada como culpabilidade psicológica, pois 
significava o vínculo psíquico que ligava o agente ao fato por ele praticado.
Como já afirmado no PDF do GRAN sobre Teorias do Crime (GOMES FILHO, 2020, p. 9-10), 
no sistema causal clássico, a presença da consciência da ilicitude no dolo foi combatida por 
Franz von Liszt (2006, p. 285), por entender que tal classificação paralisaria a administração 
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da justiça, pois haveria necessidade de provar que o agente em cada caso concreto conhecia 
o preceito violado.
Segundo a compreensão de Liszt, o erro de direito era irrelevante, ou seja, que o referido 
erro não podia afastar a responsabilidade penal, apontava uma presunção absoluta de co-
nhecimento da lei, afirmava a obrigatoriedade geral da lei, em razão de exigências sociais, 
políticas ou processuais. Era uma posição severa para o agente que não tinha capacidade de 
atingir a consciência da ilicitude. Havia, desse modo, na visão de Liszt, uma teoria psicológica 
do dolo que lhe negava a consciência da ilicitude, ou seja, a consciência da ilicitude, nessa 
perspectiva, não fazia parte do dolo (GOMES, 2001, p. 47-49).
De outro lado, Ernst von Belling (1944, p. 76-77) afirmava que, para a existência do dolo, 
o autor deveria ter conhecido as circunstâncias do fato que pertence ao tipo, bem como a 
consciência da antijuridicidade, destacando que se tratava de uma concepção dominante na 
ciência de seu tempo.
Apesar da divergência já apontada entre Liszt e Beling, com suporte na concepção do 
primeiro autor (Liszt), no causalismo clássico, não se dava importância à consciência da ilici-
tude, conforme anota Luís Flávio Gomes (2001, p. 58). Por isso, o erro de direito não escusava 
o autor, com suporte no rigoroso princípio romano error iuris semper nocet.
Nesse sentido, ensina André Vinicius de Almeida (2010, p. 146):
O erro de direito, àquele tempo, foi identificado singelamente com o desconhecimento da lei e ape-
nas exonerava de responsabilidade penal em escassas hipóteses de erro de direito extrapenal, ou 
quando nele versavam estrangeiros, menores ou mulheres. A distinção entre o error facti e o error 
iuris foi colhida da filosofia grega e desenvolvida pelos romanos antigos, seu uso foi consistente 
até meados do Século XX.
A dicotomia erro de fato – erro de direito manteve-se na fase inicial de sistematização dogmática 
do delito, inaugurada pelo sistema causalista ou clássico que cindia o tipo penal em duas frações 
inconciliáveis: a) o injusto penal objetivo, representado pela ação voluntária causadora de um re-
sultado típico e ilícito; b) a culpabilidade subjetiva, que ao lado da imputabilidade, como pressu-
posto, reunia dolo e culpa como espécies de ligação psicológica do sujeito àquele evento. Sob 
esse enfoque, nenhuma ou pouca importância conferia-se à consciência da antijuridicidade, ainda 
identificada com o conhecimento da lei, exigido irrestritamente em prol da segurança jurídica.
No causalismo clássico, com base nas ideias de Liszt sobre o dolo, o erro de direito não be-
neficiava o autor. Liszt não aceitava a concepção do dolo normativo. Contudo, na visão de 
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Beling, o dolo era normativo (concepção dominante) e era possível chegar a consequências 
diferentes.
Para efeito de prova de concurso, a maioria dos livros não aponta essa divergência entre 
Liszt e Beling e se limitam a dizer que o dolo, tanto do causalismo clássico quanto do causa-
lismo neoclássico, era normativo.
A concepção normativa de dolo (dolus malus ou dolo jurídico), divergente no causalismo 
clássico (Liszt x Beling) foi consagrada no causalismo neoclássico, ou seja, o dolo composto 
por três elementos: vontade; representação do resultado; consciência da ilicitude.
Desse modo, a consciência real da ilicitude passou a integrá-lo ao lado da vontade (ele-
mento volitivo) e representação da realidade fática (elemento intelectual). A partir desse mo-
mento, deu-se um passo relevante para o afastamento da responsabilidade penal no erro 
sobre a consciência da ilicitude (antigo erro de direito), até então irrelevante.
Por conseguinte, no causalismo neoclássico (neokantista), com o desenvolvimento de 
uma concepção normativa da culpabilidade (normativo-psicológica) e a adoção do dolo nor-
mativo, foram criadas as teorias do dolo que inserem a consciência da ilicitude (consciência 
do injusto) no dolo, como um de seus elementos (TOLEDO, 1983, p. 12).
Com o dolo normativo (antigo dolus malus dos romanos), surgiram as seguintes teorias 
ligadas ao estudo do erro: Teoria Extremada do Dolo; Teoria Limitada do Dolo; e Teoria Modi-
ficada do Dolo. Essas teorias partem da premissa de que a consciência da ilicitude é elemento 
do dolo (dolo normativo).
2.1.2. Teoria Estrita (Extrema ou Extremada) do Dolo
Para a teoria extremada do dolo, os erros de fato e de direito, quando inevitáveis, excluem 
o dolo, a culpa, a culpabilidade e isentam de pena. Por outro lado, se o erro, de fato ou de 
direito, for evitável, haverá a exclusão do dolo, mas permitirá a punição por culpa se houver 
previsão legal.
Portanto, para essa teoria, qualquer que seja o erro jurídico-penal haverá a exclusão do 
dolo. Há uma equiparação entre as duas espécies de erro quanto aos seus efeitos. “Dentro 
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desta concepção não há espaço para a distinção entre erro de fato e erro de direito ou, segun-
do a terminologia moderna, erro de tipo e erro de proibição” (GOMES, 2001, p. 68).
A equiparação das duas formas de erro conduz a lacunas de impunidade, diante das di-
ficuldades probatórias, uma vez que obriga, do ponto de vista empírico, comprovar, em todo 
caso, o real conhecimento da ilicitude. Essa é a posição de Muñoz Conde.
Esclarecedora a abordagem de André Vinicius de Almeida (2010, p. 147) sobre a teoria 
extremada do dolo:
Como consequência, a teoria estrita ou extremada equiparava o erro de tipo e erro de proibição, 
acarretando amplas lacunas de punibilidade: a prática de conduta objetivamente proibida por 
quem erroneamente considerava permitido o comportamento não poderia ser castigada a título de 
dolo, senão por culpa, mas a falta de incriminação da forma imprudente, como regra geral, manti-
nha impune, inclusive os casos de erro de proibição vencível.
As teorias do dolo usavam a terminologia erro de fato/erro de direito ou erro de tipo/erro 
de proibição? Apesar de trabalharem com o dolo na culpabilidade, há divergência doutrinária 
sobre esse tema, quando uns afirmam o uso de erro de fato e de erro de direito (JIMENEZ DE 
ASÚA, 1960, p. 494), enquanto outros apontam o uso de erro de tipo e de erro de proibição 
(TRAPERO BARREALES, 2004, p. 80), conforme aponta André Vinicius de Almeida em notas de 
rodapé (2010, p. 147).
2.1.3. Teoria Limitada do Dolo
Para superar as lacunas de impunidade da teoria extremada do dolo, bem como con-
denações injustificadas e absolvições infundadas (ALMEIDA, 2010, p. 147), surge, como 
contribuição de Mezger, a teoria limitada do dolo que fez parte do Projeto do Código Penal 
alemão de 1936.
A teoria limitada não tratou do erro de fato, mas cuidou somente do erro de direito, bus-
cando uma equiparação da consciência real da ilicitude para as pessoas que agissem com 
cegueira jurídica, cujo erro por falta de consciência da ilicitude não deveria implicar respon-
sabilidade por crime culposo, mas, sim, crime doloso atenuado.
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Desse modo, essa teoria fez ressalva no que diz respeito às pessoas que hostilizam o 
direito, que são inimigas deliberadas do direito, que tratam o direito de forma indiferente (ce-
gueira jurídica). Tais pessoas agem sempre com dolo quando erram, por isso só merecem 
uma atenuação do dolo (redução de pena no crime doloso, afastando a ideia de exclusão do 
dolo). Afastou, desse modo, a solução culposa para o erro vencível (somente nos casos de 
cegueira jurídica).
Nessa perspectiva, portanto, o erro de direito evitável para a pessoa comum significa res-
ponsabilidade por crime culposo se houver previsão legal (solução idêntica à da teoria extre-
mada do dolo). Por outro lado, quem erra por ausência de consciência da ilicitude em razão de 
cegueira jurídica, pois hostiliza o direito, receberá a punição por crime doloso com atenuação 
do dolo (solução diferente da teoria extremada do dolo).
Essa teoria defendida pelo Mezger fundamentou a culpabilidade pela condução de vida, 
que constitui uma espécie de direito penal do autor. Possibilitou um enfraquecimento da no-
ção de culpabilidade dirigida à reprovação da conduta do autor, substituindo-a por uma re-
provação pelo estilo de vida do autor.
No modelo constitucional penal de um Estado Democrático de Direito, a culpabilidade 
pela condução de vida é inconstitucional pois ressuscita o direito penal do autor que pune o 
sujeito pelo que ele é e não pelo que ele fez.
Vale ressaltar que foi na época teoria limitada do dolo, com a ideia de cegueira jurídica, 
que, pela primeira vez, se exigiu apenas a potencial consciência da ilicitude, no plano da dou-
trina de Mezger, ao presumir dolo (dolo normativo) na conduta de quem atuava com hostili-
dade ao direito.
Desse modo, o referido termo surgiu antes do finalismo, conquanto ainda se tratasse do 
período do neokantismo, ou seja, da consciência da ilicitude integrante do dolo normativo, 
que estava presente na culpabilidade. Com outras palavras, “a teoria restrita ou limitada dolo, 
de seu lado, contentava-se com o conhecimento potencial do ilícito” (ALMEIDA, 2010, p. 1 47).
Para teoria extremada dolo, o erro de fato ou de direito vencível é punido a título de culpa; 
enquanto para a teoria limitado do dolo, o erro de direito vencível sobre a ilicitude, decorrente 
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de cegueira jurídica ou hostilidade ao direito, é punido como crime doloso. Nesse sentido, en-
sina Luís Flávio Gomes na sua obra sobre erro de tipo e erro de proibição (2001, p. 67).
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2.1.4. Teoria Modificada do Dolo
É mais nova do que as anteriores teorias do dolo e recebe a adjetivação de uma nova teo-
ria limitada do dolo que, também, inclui a consciência atual da ilicitude como parte integrante 
do dolo. Logo, compreende o dolo de forma normativa, integrante da culpabilidade.
Fazendo uso da moderna terminologia do erro de proibição, para a teoria modificada do 
dolo, o erro inevitável sobre a consciência da ilicitude (erro de proibição) exclui o dolo e, por-
tanto, afasta a culpabilidade e, em consequência, a responsabilidade penal. Por outro lado, 
se o erro de proibição for evitável, pune-se o agente por crime doloso com possibilidade de 
atenuação (GOMES, 2001, p. 72).
Não se faz aqui a discriminação de pessoa existente na teoria limitada do dolo de Mezger. 
Enquanto na teoria modificada do dolo, o erro evitável sobre a consciência da ilicitude implica 
responsabilidade por crime doloso atenuado, na teoria limitada do dolo, os que agem sem ce-
gueira jurídica responderão por crime culposo e, somente, os que atuam com cegueira jurídica 
responderão com dolo atenuado.
Em suma, aceitou a premissa de Mezger de que o erro evitável incidente sobre a ilicitude do 
fato deveria ser punido com a pena do crime doloso. Porém, para a teoria modificada, a puni-
ção do dolo atenuado no erro sobre a consciência da ilicitude era independente de quem fosse 
o autor do fato. Uma punição por dolo com pena reduzida, já que a reprovabilidade seria menor.
Aparentemente, a solução dessa teoria foi adotada no art. 21 do Código Penal, mas isso é 
apenas uma aparência, uma vez que o CP brasileiro, reformado em 1984,não adotou a teoria 
modificada do dolo, já que essa teoria tratou do erro na época do dolo normativo (está presen-
te na culpabilidade), enquanto o dolo do finalismo, sistema da parte geral de 1984, é natural 
(está presente no fato típico).
2.1.5. Teoria dos Elementos Negativos do tipo
Conforme já visto no capítulo sobre a evolução da teoria do crime, a teoria dos elementos 
negativos do tipo foi criada por Adolf Merkel a partir de 1889. Depois foi desenvolvida, entre 
outros, por Frank (Veja o Capítulo do PDF sobre Teorias do Crime).
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O ponto de destaque dessa teoria foi o tratamento da tipicidade e ilicitude como um todo 
unitário. O tipo conteria a antijuridicidade. Antijuridicidade e tipo não são, nessa concepção, 
vistos como elementos autônomos, “mas sim, como um todo normativo unitário” (TAVARES, 
1980, p. 45).
Ao tratar do sistema neokantista, Luís Greco (2000, p. 125) aduz: “A distinção entre tipo 
e antijuridicidade perde sua importância, florescendo em alguns autores a teoria dos ele-
mentos negativos do tipo, que vê na ausência de causa de justificação um pressuposto da 
própria tipicidade” .
Conforme ressaltado no capítulo sobre teorias do crime, para a teoria dos elementos ne-
gativos do tipo, as excludentes de ilicitude são os requisitos negativos do tipo de injusto, de 
forma que, a título de exemplo: “Tomando em conta, por, o art.121 do Código Penal, na visão 
da teoria em destaque, o tipo total deste injusto seria: matar alguém, salvo em legítima defe-
sa, estado de necessidade etc” (GOMES, 2001, p. 82). Da mesma forma, ao tratar da referida 
teoria Hassemer (2005, p. 285) expõe: “A injúria será punida com [...] a não ser que ela ocorra 
em defesa de interesse legítimo”.
A teoria dos elementos negativos do tipo possui relevância na análise do erro sobre pres-
suposto fático de uma causa de justificação (será explicado mais adiante). Segundo Luís 
Flávio Gomes (2001, p. 81), com suporte em Graf Zu Dohna, para explicar o erro de fato (erro 
sobre pressuposto fático) de uma causa de justificação na redação do § 59 do antigo Código 
Alemão, surgiu na doutrina penal a teoria dos elementos negativos do tipo.
Tentou-se criar uma solução para o erro que incide sobre as descriminantes putativas. 
Criou-se o tipo total de injusto, onde as excludentes de ilicitude funcionam como elementos 
negativos do tipo. Para essa teoria, o crime é o injusto tipificado. O dolo abrangeria não so-
mente os elementos constitutivos do tipo, mas também a ausência de causas justificantes. 
Concluíam não haver dolo quando houvesse uma causa justificante.
Em síntese, com suporte na teoria dos elementos negativos do tipo, adotada, por exemplo, 
na Itália, o erro na descriminante putativa fática, erro sobre uma situação fática de uma causa 
de justificação, que se existisse tornaria a ação legítima, é erro de tipo que exclui o dolo.
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A teoria dos elementos negativos foi adotada no CP da Itália. No Brasil, é minoritária a 
doutrina que lhe rende aceitação, além de Paulo Queiroz (2006, p. 155-156), o Miguel Reale 
Junior (2009) entende que toda ação típica é necessariamente antijurídica.
2.2. trAtAmento do erro de tipo e do erro de proibição no códiGo 
penAl brAsileiro reFormAdo em 1984
No finalismo, além das mudanças significativas no conceito de ação, de consagração do 
injusto pessoal (veja o capítulo em PDF sobre as teorias do crime), merece destacar, em ra-
zão dos reflexos na análise dos erros essenciais, o transporte do dolo e da culpa para o fato 
típico, afastando o caráter psicológico da culpabilidade, que se transformou em mero juízo de 
reprovação que incide sobre o autor em razão de sua conduta.
Com a corrente finalista, o dolo passou a ser natural composto de vontade (elemento voli-
tivo) e representação do resultado (elemento intelectual). A consciência real da ilicitude, ago-
ra compreendida como potencial consciência da ilicitude, ficou na culpabilidade ao lado da 
imputabilidade e da exigibilidade de conduta diversa (teoria normativa pura da culpabilidade).
Diante disso, não há mais espaço para as teorias do dolo, pois esse foi desmembrado da 
consciência da ilicitude. Surgem, então, no estudo dos erros, as teorias da culpabilidade: a 
extremada (extrema ou estrita) da culpabilidade e a limitada ou restrita da culpabilidade, que 
abandonam, de vez, a dicotomia erro de fato e erro de direito.
Agora, a irrelevância, defendida por alguns, do erro de direito, com injustiças, pois o fato 
às vezes figurava como elementos normativos dentro do próprio tipo, não tem suporte nas 
conclusões da teoria finalista da ação, após a separação que esta promovera entre dolo e 
consciência da ilicitude.
Com as teorias extrema e limitada da culpabilidade, que tratam a consciência da ilicitude 
separada do dolo, os erros são divididos em erro de tipo e erro de proibição. Conforme já res-
saltado, na Alemanha, a partir de 1952, uma decisão do Supremo Tribunal Federal reconheceu 
a autonomia da consciência da ilicitude em relação à culpabilidade e aceitou a diferenciação 
entre erro de tipo e erro de proibição. Com isso, o novo modelo abandonou as soluções do 
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erro de fato e do erro de direito e passou a solucionar os casos com o erro de tipo e o erro de 
proibição. (GOMES, 2001, p. 54).
2.2.1. Erro de Tipo Essencial
O erro de tipo essencial é aquele que incide sobre elementares do tipo. Quando o agente 
erra sobre alguma elementar do tipo, ele comete um erro de tipo que afasta o dolo. Se o erro 
for inevitável, o agente não responde por crime algum. Entretanto, se o erro for evitável, o 
agente responderá por crime culposo se houver previsão legal da modalidade culposa. Esse 
erro é tratado no caput do art. 20 do CP brasileiro.
Com precisão, esclarece André Vinicius de Almeida (2010, p. 171):
Há erro de tipo porque falta a congruência entre o tipo objetivo e o tipo subjetivo ou, dito de outro 
modo, entre as circunstâncias concretas do evento e aquelas representadas pelo sujeito: o tipo 
penal é preenchido no aspecto objetivo, mas não no subjetivo.
Desse modo, por EXEMPLO, se A, desejando matar o cão do vizinho, efetua um disparo e 
mata o filho do vizinho, que rastejava na casa do cachorro, afasta-se a hipótese de homicídio 
doloso. O erro ocorreu sobre uma elementar do tipo de homicídio (art.121, “matar alguém”), 
uma vez que A não quis matar alguém. A responde por homicídio culposo, desde que compro-
ve que agiu de maneira culposa (WESSELS, 1976, p. 57).
Ressalta-se que o erro de tipo essencial incide sobre elementar do tipo, ou seja, elementa-
res objetivas,normativas e, inclusive, elementares com características de ilicitude (tema que 
será abordado mais adiante). O erro de tipo não incide sobre elementar subjetiva que, por-
ventura, faça parte do tipo, uma vez que o agente não pode errar sobre a sua própria vontade. 
EXEMPLO: o erro de tipo não incide sobre a expressão “para si ou para outrem”, presente nas 
elementares do crime de furto, art.155 do CP brasileiro.
Conforme explica o próprio Welzel (1976):
A teoria do erro é uma teoria do dolo às avessas. Se o autor erra sobre uma circunstância de fato 
objetiva e abrangida pelo dolo, que pertence ao tipo de injusto, então se exclui o dolo (§ 59); por 
exemplo: alguém destrói uma coisa alheia na crença de que é própria (erro significa neste caso, tan-
to o conhecimento equivocado, como a ignorância). Caso seja baseado o erro sobre a negligência, 
o autor é punível por prática culposa do fato, no caso de que exista o tipo culposo correspondente 
(§ 59, inciso 2).
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No Brasil, em razão da ausência de previsão típica do dano culposo, o exemplo do agente 
que destrói coisa alheia acreditando ser própria, não implica em responsabilidade por crime 
algum. É um erro de tipo, que incidiu sobre a elementar “coisa alheia” do art.163 do CP, que 
afasta o dolo, não subsistindo a responsabilidade por crime culposo por falta de previsão legal.
Exemplos: Maria, grávida, acordou durante a noite com dor de cabeça. Por isso, se dirigiu à 
caixinha de remédios para pegar e tomar um medicamento receitado pelo seu médico. Em 
razão da sonolência, Maria, por equívoco, retirou da caixa um outro medicamento, que não era 
seu, e o tomou, imaginando que havia ingerido a substância adequada apontada na sua recei-
ta médica. Em razão dessa ingestão, Maria teve complicações que redundaram no aborto do 
feto. Nos termos do art. 20, caput do CP, Maria não quis abortar, incorreu em erro de tipo que 
afasta o dolo. E não há se falar em erro vencível ou invencível nessa hipótese, porque não se 
pune o aborto na forma culposa.
Vários exemplos são apontados por Luís Flávio Gomes (2006, p. 159), um dos autores 
brasileiros que possui pesquisa específica sobre o tema. Sem ingressar na análise crítica de 
cada um dos casos citados pelo referido autor, apresentamos a lista que segue:
a) quem subtrai ferro velho supondo que fosse sucata abandonada (res derelicta) Não comete o 
crime de furto porque está equivocado quanto à elementar coisa alheia móvel (o agente não tem 
consciência quanto à elementar coisa alheia; ao contrário, imagina que seja coisa de ninguém); b) 
o comerciante que vende bebida alcoólica para menor que aparentava ter dezoito anos está em 
erro de tipo (não comete o crime); c) quem transporta droga sem ter consciência do que faz, está 
em erro de tipo (isso ocorreu com uma mulher na cidade de Presidente Prudente: um desconhecido 
seu pediu para levar uma caixa de remédios para São Paulo; ela assim procedeu; a polícia de Pru-
dente que já estava de olho naquele sujeito, que era suspeito do tráfico de entorpecentes, avisou a 
polícia de São Paulo; a caixa que a mulher transportava não tinha remédios, tinha cocaína; a mulher 
transportou a droga sem saber, estava em erro de tipo); d) em Salvador uma estudante estacionou 
seu veículo branco ao lado de outro; no momento da saída acionou o carro errado; depois se des-
cobriu o equívoco.
No estudo do erro de tipo essencial, a doutrina, ainda, aponta uma classificação termino-
lógica denominada de erro de tipo por incapacidade psíquica, que ocorre quando:
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O agente não pode alcançar a consciência dos requisitos objetivos do tipo em razão de uma in-
capacidade psíquica permanente ou momentânea. EXEMPLO: louco ou criança que não consegue 
distinguir o que é coisa própria ou alheia. Esse erro de tipo por incapacidade psíquica, como enfa-
tiza Zaffaroni, é também excludente do dolo. Afasta o tipo e o crime. (GOMES, 2006, p. 160-159).
2.2.2. Erro de Proibição
O erro de proibição incide sobre o conhecimento da ilicitude da conduta. Isto é, o agente 
realiza uma conduta acreditando na sua licitude frente ao ordenamento jurídico. Se o seu erro 
for inevitável, afasta a culpabilidade (doutrina), isenta de pena (letra seca da lei); se for evitá-
vel, reduz a pena, nos termos do art. 21 do CP brasileiro.
Sobre a potencial consciência da ilicitude, presente na culpabilidade do modelo finalista, 
sobre a sua forma de aquisição pelo agente, o tema foi tratado no capítulo do PDF sobre Ilici-
tude e Culpabilidade, para o qual remetemos o leitor. Vale a pena a leitura desse item.
Exemplos de erro de proibição apontados por Luís Flávio Gomes (2006, p. 160): a) o sujeito 
trabalhava como transportador de lenha e num determinado dia, depois que a lei passou a 
exigir guia específica para isso, sob pena de crime, foi surpreendido praticando tal conduta; 
alegou que desconhecia a proibição, que trabalhava há muitos anos naquela profissão etc; b) 
agente proveniente da Holanda com sua cota diária de maconha: foi surpreendido em posse 
da droga no aeroporto de Cumbica (SP) e alegou que desconhecia a proibição da droga no 
Brasil; c) marinheiro preso em flagrante com lança-perfume, quando vinha da Argentina (onde 
o lança-perfume é permitido). Em todas essas hipóteses o agente não sabia da proibição do 
fato. Sabia o que fazia, mas acreditava que fosse lícito (quando na verdade é ilícito).
Uma ressalva. No exemplo do passageiro oriundo da Holanda, não concordamos com o 
autor mencionado, uma vez que há um dever de se informar no caso de viagem para outro 
país. É certo que os moradores da Holanda, com o nível educacional do país, sabem que a 
liberalidade em relação ao uso de determinadas drogas em seu país não é comum em outros 
países. Desse modo, não poderá argumentar que imaginou que a conduta fosse permitida no 
Brasil, de forma a caracterizar um erro de proibição. ATENÇÃO: para efeito de prova de concur-
so, o referido exemplo já foi cobrado como hipótese de erro de proibição no sentido correto.
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O erro de proibição se divide em erro de proibição direto e erro de proibição indireto. No 
primeiro, o agente erra, se engana, a respeito da norma proibitiva. O erro de proibição indireto, 
chamado de erro de permissão, é o que incide sobre a existência ou os limites de causa de 
justificação (excludente de ilicitude), que serão examinados no próximo subitem.
Questão. Cabe erro de proibição em crimes culposos? Ensina Bitencourt (20013, p. 165):
O erro de proibição também pode ocorrer nos crimes culposos, e não somente nos dolosos, como 
pode parecer à primeira vista, inclusivequando o erro de proibição for evitável. A regulamentação 
do erro de proibição, constante do art. 21 do nosso Código Penal, tem caráter geral, não admitindo 
qualquer restrição. Nada impede, por exemplo, que o agente equivoque-se sobre qual é o dever 
objetivo de cuidado. A evitabilidade do erro de proibição tem o condão de reduzir a punibilidade da 
infração penal, sem, contudo, afetar a sua natureza dolosa ou culposa.
2.2.3. Erro sobre as Causas de Justificação
Os erros sobre as causas de justificação (excludente de ilicitude), denominados de erros 
nas descriminantes putativas, se dividem em três espécies: erro sobre a existência de uma 
causa excludente de ilicitude não reconhecida pelo ordenamento jurídico; erro sobre os limi-
tes de uma causa de exclusão da ilicitude aceita pelo ordenamento; erro sobre o pressuposto 
fático (ou situação de fato) de uma excludente aceita pelo ordenamento jurídico.
Os erros sobre a existência e sobre os limites são atualmente classificados como erros de 
proibição indiretos ou erros de permissão. Enquanto o erro sobre o pressuposto fático de uma 
causa de justificação, apesar de muitas divergências, é tratado como erro de tipo permissivo 
contemplado no § 1º do art. 20 do CP brasileiro, explicado pelos itens 17 a 19 da Exposição 
de Motivos da reforma de 1984 (Lei 7.209).
Teoria Extremada da Culpabilidade
Para a teoria extremada (extrema ou estrita) da culpabilidade (teoria do finalismo do Wel-
zel), os três erros (existência, limites e pressuposto fático) sobre as causas de justificação 
são erros de proibição indiretos, os quais, portanto, não possuem relação com o dolo. Tais 
erros ainda são denominados erros de permissão.
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Exemplos: erro sobre a existência de uma excludente de ilicitude – o agente imagina, após 
ler e interpretar equivocadamente uma notícia de jornal, que a eutanásia é permitida e, por 
isso, matou o amigo em estado terminal diante de um pedido; erro sobre os limites – o 
agente excede na legítima defesa após ter afastado a injusta agressão porque acredita que 
está agindo amparado pelo ordenamento jurídico; erro sobre pressupostos fáticos – famoso 
caso dos dois inimigos jurados de morte, no qual um deles enfia a mão no bolso para pegar 
cigarro, enquanto o outro, imaginando a iminência de uma agressão, efetua disparos contra 
o seu desafeto.
Teoria Limitada da Culpabilidade
Para a teoria limitada da culpabilidade, o erro sobre pressuposto fático de uma causa de 
justificação (excludente de ilicitude) constitui um erro de tipo permissivo. A teoria limitada di-
verge da teoria extremada apenas em relação ao erro sobre pressuposto fático de uma causa 
de justificação.
Esse erro é o que acontece, por EXEMPLO, no caso de legítima defesa putativa, quando 
do encontro dos dois inimigos jurados de morte, no qual um atira no outro porque imaginou a 
iminência de uma agressão após a vítima colocar a mão no bolso.
Do mesmo modo, se o perigo for putativo, caso de estado de necessidade putativo, a so-
lução estará no § 1º do art. 20 do CP (erro de tipo permissivo, e não no art.24 que cuida do 
estado de necessidade (exige perigo real).
Exemplo: caso dos náufragos que disputam a tábua de salvação, um deles mata o outro 
durante a noite, não viu que havia uma ilha próxima, de modo que ambos poderiam ter nadado 
até a ilha. Cuida-se de um erro sobre pressuposto fático de uma causa de justificação, tratado 
pelo § 1º do artigo 20.
Na hipótese do parágrafo anterior, não houve estado de necessidade do artigo 24, uma vez 
que, para esse, há necessidade de perigo real. Quando se trata de perigo putativo, a hipótese 
é de erro de tipo permissivo (teoria limitada da culpabilidade).
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O Código Penal brasileiro, reformado em 1984, adotou a teoria limitada da culpabilidade 
em relação ao erro sobre pressuposto fático de uma causa de justificação. Desse modo, o CP 
brasileiro, nesse aspecto, trouxe uma exceção ao finalismo de Welzel, presente na Parte Geral 
(Nesse sentido, Luís Greco, Panorama da Teoria da Imputação Objetiva).
Os itens 17 a 19 da Exposição de Motivos da Parte Geral de 1984 (Lei 7.209), que possui 
natureza doutrinária, esclarece a adoção da teoria limitada da culpabilidade em relação ao 
erro sobre pressuposto fático de uma excludente de ilicitude:
17. É, todavia, no tratamento do erro que o princípio nullum crimen sine culpa vai aflorar 
com todo o vigor no direito legislado brasileiro. Com efeito, acolhe o Projeto, nos artigos 
20 e 21, as duas formas básicas de erro construídas pela dogmática alemã: erro sobre 
elementos do tipo (Tatbestandsirrtum) e erro sobre a ilicitude do fato (Verbotsirrtum). 
Definiu-se a evitabilidade do erro em função da consciência potencial da ilicitude (pará-
grafo único do artigo 2), mantendo-se no tocante às descriminantes putativas a tradição 
brasileira, que admite a forma culposa, em sintonia com a denominada “teoria limitada 
da culpabilidade” (Culpabilidade e a Problemática do Erro Jurídico Penal, de Francisco 
de Assis Toledo, in Rev. Trib. 517/251).
18. O princípio da culpabilidade estende-se, assim, a todo o Projeto. Aboliu-se a medida 
de segurança para o imputável. Diversificou-se o tratamento dos partícipes, no con-
curso de pessoas. Admitiu-se a escusabilidade da falta de consciência da ilicitude. Eli-
minaram-se os resíduos de responsabilidade objetiva, principalmente nos denominados 
crimes qualificados pelo resultado.
19. Repete o Projeto as normas do Código de 1940, pertinentes às denominadas “descri-
minantes putativas”. Ajusta-se, assim, o Projeto à teoria limitada da culpabilidade, que 
distingue o erro incidente sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação 
do que incide sobre a norma permissiva. Tal como no Código vigente, admite-se nesta 
área a figura culposa (artigo 17, § 19).
Teoria da Culpabilidade que Remete à Consequência Jurídica
Com a fundamentação da teoria do erro que remete às suas consequências jurídicas ou 
teoria da culpabilidade que remete à consequência jurídica, entende-se que o erro de tipo 
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permissivo– erro sobre pressuposto fático/pressupostos objetivos de uma causa de justifi-
cação– não afasta o dolo do tipo, mas sim a culpabilidade dolosa (GOMES, 2001, p. 190).
Por conseguinte, se o erro sobre pressuposto objetivo de uma excludente de ilicitude for 
vencível, pune-se o agente com a pena do crime culposo, se constatada a culpabilidade cul-
posa e desde que haja previsão legal do respectivo crime na forma culposa. Se o erro de tipo 
permissivo for invencível, afasta-se também a culpabilidade dolosa e culposa, e não haverá

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