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Clínica de Semiologia Aula 4 – Cárie dentária Introdução • Processo de destruição localizada nos tecidos dos dentes, causados por microorganismos • Envolve a dissolução da fase mineral, principalmente os de cristais de hidroxiapatita, por ácidos produzidos pela fermentação bacteriana. • Nem a dieta nem os microorganismos, atuando como fatores individuais podem provocar o aparecimento da cárie, pois se trata de uma doença multifatorial. • A cárie é uma doença considerada como um desequilíbrio no processo Desmineralização e remineralização dos tecidos duros dos dentes. Fatores envolvidos no processo carioso 1. Substrato • Tipo de carboidrato, está relacionado à dieta cariogênica. • A cárie é uma doença que ocorre por conta da desmineralização dos dentes através de ácidos orgânicos criados por bactérias da cavidade oral, através da fermentação dos carboidratos. Carboidratos contém sacarose, um tipo de açúcar, que auxilia as bactérias a criarem os ácidos, diminuindo o pH bucal e destruindo os minerais dos dentes. 2. Microbiologia • A principal bactéria causadora da cárie é Streptococcus Mutans, pois a mesma facilita o início da doença. • Lembrando que o processo de desmineralização só ocorre com a presença de microorganismos, que existem principalmente quando há o acúmulo de biofilme dental. • As bactérias orais também apresentam a capacidade estocar carboidratos, como o glicogênio, que são metabolizados quando há ausência de outras fontes de carboidratos, como no intervalo entre refeições 3. Saliva • A saliva é um fluido viscoso de pH neutro, composta por água e outros componentes inorgânicos. Alguns desses componentes apresentam ação antimicrobiana, inibindo a ação da microbiota oral sobre a cavidade bucal. • Outras funções da saliva são: remineralização dental, neutralização dos ácidos bucais através dos sistemas tampões e aumenta a resistência da hidroxiapatita, por isso pacientes com xerostomia (ausência de saliva) e hipossalivação possuem mais chances de obterem cárie. Evolução da cárie • Película adquirida • Biofilme dental • “Amadurecimento” do biofilme • Cárie dentária Película adquirida É uma biopelícula orgânica, acelular, composta por proteínas salivares, formada por processo iônico, derivado da saliva e aderida ao esmalte dentário. Não causa malefícios aos dentes. É fácil de ocorrer adesão bacteriana, portanto precisa ser removida durante a higiene oral. Apesar disso, a PA possui alguns benefícios, sendo eles: • Lubrificação da superfície do esmalte • Proteção contra a desmineralização • Funciona como um reservatório de flúor Biofilme dental Formado por proteínas da película, bactérias e matriz intercelular. As bactérias são capazes de colonizar e crescer na superfície do dente. É formada após 8horas da permanência da película adquirida na cavidade oral., porém são necessárias 24h sem limpeza para que haja a formação de biofilme clinicamente evidenciável Amadurecimento do biofilme As bactérias continuam se aderindo ao biofilme dental e após 7 dias, ocorre a dissolução do esmalte dentário. Se não removido, evolui para a cárie. Processo Des-Re (Desmineralização e Remineralização) • Desmineralização: pH ácido, presença de sacarose, então ocorre a desmineralização do esmalte. • Remineralização: pH neutro, ausência de sacarose, sistema tampão ocorrendo. Cárie • Depende do tempo para se formar. • Ocorre primeiramente a perda de mineral do esmalte dentário, com o aparecimento de uma “mancha” branca, junto com cavitação. Cárie ativa X Cárie inativa • Cárie ativa: Falando do esmalte, aparece uma mancha branca, rugosa e opaca. E se tratando da dentina, há um tecido amolecido de cor marrom clara. • Cárie inativa: Se tratando de esmalte, percebe-se uma mancha branca, lisa e brilhante. Pode também haver uma leve pigmentação. Já em dentina, vê- se um tecido duro e escurecido. Mancha branca • Ainda não é considerada cárie, é apenas uma desmineralização superficial do esmalte, e com higienização e aplicação de flúor é possível tratá-la. Cárie aguda X Cárie crônica • Cárie aguda: possui desenvolvimento rápido e compromentimento precoce da polpa dental. Costuma ocorrer de forma frequente em crianças e jovens, pois a dentina se torna permeável aos ácidos, devido não haver esclerose. Pacientes relatam sentirem dor e a lesão cariosa possui coloração clara e consistência macia. • Cárie crônica: tem evolução lenta, o que permite a esclerose, com isso há menor permeabilidade dentinária. Promove aumento de dentina de reação, possui coloração escurecida, o paciente não relata dor, e tem uma consistência dura. Cárie de fóssulas e fissuras Localizadas nas superfícies oclusais de molares e pré-molares e nos sulcos das superfícies linguais dos dentes anteriores. Cárie de superfícies lisas Localizadas nas fases vestibulares e linguais dos dentes Cárie primária X Cárie secundária • Cárie primária: inicia nas cicatrículas, fissuras e superfícies lisas do dente hígido. • Cárie secundária: tem seu início em dentes que já foram restaurados, ao redor das margens das restaurações. Diagnóstico da cárie • Clínico: através do exame visual e táctil, com a sonda exploradora e o espelho clínico. • Radiológico: radiografias intraorais, como a interproximal. • Transiluminação • Medição da resistência elétrica: mostra a propriedade do tecido cariado ao apresentar uma condutividade maior que a do tecido. • Separação temporária de dentes posteriores: para examinar as superfícies escondidas nas proximais dos dentes, utiliza-se um separador ortodôntico. • Corantes detectores da cárie • Aparelhos específicos para diagnóstico. Tipos de dentina • Primária: Camada interna original dos dentes, formada antes mesmo da erupção dentária. • Secundária: formada com a raiz já desenvolvida, através de estímulos externos, como alimentação, mudanças de temperatura. • Terciária: forma-se quando há irritações pulpares, como cárie, restaurações, erosão, abrasão, além de irritações mecânicas e químicas. Subdividido em: dentina reacional e dentina reparadora. • Dentina esclerótica: camada de dentina formada por reação à um agente agressor.