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07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 1/47 Classificação dos contratos Prof. Gilberto Fachetti Silvestre Descrição Abordagem conceitual e prática das classificações contratuais mais importantes, tais como: contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos e aleatórios. Propósito Esta é uma das matérias de fulcral importância para a vida acadêmica e prática do aluno. Os contratos estão no cotidiano do cidadão e, por conseguinte, essa é uma das principais matérias das quais resultam demandas discutidas em ações judiciais. É, portanto, um assunto de grande viés prático e operabilidade para o exercício das profissões jurídicas que o aluno irá exercer no futuro. Preparação Tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará consultá-lo para compreender como é a disciplina jurídica da matéria. Você pode acessá-lo no site da Câmara dos Deputados. Objetivos Módulo 1 Conceitos básicos dos contratos 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 2/47 Reconhecer os conceitos básicos dos contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos e aleatórios. Módulo 2 Características dos contratos Analisar as principais características dos contratos nominados e inominados, reais, formais e consensuais, instantâneos, sucessivos e de execução diferida. Módulo 3 Contratos derivados, indiretos e de adesão Identificar os contratos derivados, indiretos e de adesão. Os contratos são instrumentos importantes para o desenvolvimento econômico, pois contribuem para a circulação de riquezas e o patrocínio de atividades econômicas e empresariais, beneficiando toda a sociedade. Daí a importância de compreender em detalhes como se dá a constituição do contrato e quais são as características de cada tipo classificatório. As consequências sociais e jurídicas que podem advir dessas situações são campo fértil para o seu desenvolvimento profissional. Paralelamente, cada classificação implica uma consequência prática e em alguns conceitos próprios e peculiares que permitem compreender melhor como funciona um contrato e como problemas deles decorrentes devem ser resolvidos. Com o objetivo de colaborar com o futuro exercício da profissão, aqui se pretende apresentar conceitos e demonstrar como se aplicam à solução de problemas que resultam da constituição e classificação de contratos. Para isso, primeiro será apresentado um panorama das garantias baseadas em coisas. Posteriormente, será abordado o direito de servidão e veremos as modalidades de direitos reais sobre coisas alheias Introdução 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 3/47 1 - Conceitos básicos dos contratos Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer os conceitos básicos dos contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos e aleatórios. A sinalagmaticidade, a onerosidade e a comutatividade dos contratos Vamos iniciar nosso estudo com o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, apresentando uma definição de contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos e voltados à garantia de dívida. Por fim, será apresentado o regime jurídico dos direitos reais aqui trabalhados, de modo a resumir e sistematizar as principais regras sobre a matéria. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 4/47 aleatórios, conteúdo a ser visto neste primeiro módulo. Contratos unilaterais e bilaterais Essa classificação costuma gerar dúvidas, pois os negócios jurídicos têm duas classificações como unilaterais e bilaterais (e, lembre-se, o contrato é um tipo de negócio jurídico). As palavras unilateral e bilateral têm um duplo significado na teoria negocial: Em uma primeira perspectiva, significam as manifestações de vontade necessárias para a formação de um negócio. Em uma segunda perspectiva, significam a reciprocidade de prestações que compõem a obrigação negocial. Observe que, até agora, fala-se em negócio jurídico, não especificamente em contrato. Vejamos, a seguir, as duas perspectivas. Negócio jurídico unilateral O negócio jurídico unilateral possui dois significados: 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 5/47 Manifestações de vontades necessárias para a formação do negócio jurídico. Reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial. Com relação ao primeiro significado, há negócios jurídicos cuja manifestação de vontade de apenas uma pessoa já é suficiente para constituir o negócio e o vínculo obrigacional com outra pessoa, mesmo que esta nem sequer tenha conhecimento da manifestação de vontade do declarante. Nesse caso, alguém será parte de um negócio jurídico, mesmo que não tenha dado seu aceite. Caso não queira ser parte de tal negócio, deverá então renunciar ao direito que adquiriu. Essa situação ocorre, por exemplo, nas promessas de recompensa e nos testamentos. No testamento, o testador nomeia alguém seu herdeiro e, quando falece, esse herdeiro se torna, de pleno direito, o proprietário dos bens da herança (art. 1.784 do Código Civil), mesmo que não tenha conhecimento de que foi nomeado para tal situação. Assim, o herdeiro é parte do negócio jurídico (testamento) e adquire um direito mesmo sem dizer que aceita. Caso não queira os bens da herança, deverá renunciar ao seu direito de herdeiro, mas a aquisição de tal direito independe de sua vontade. No que tange à reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial, há aqueles negócios em que somente uma das partes assume prestação, ou seja, uma parte realiza um dar, um fazer ou um não fazer, e a outra parte apenas se beneficia, não devendo praticar nenhum ato para receber a prestação (o que corresponde ao segundo significado do negócio jurídico unilateral). Naqueles testamentos em que não se exige contrapartida do herdeiro (sem encargo ou modo, portanto), 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 6/47 somente o espólio (representando e cumprindo a vontade do de cujus) dará bens ao herdeiro, que nada precisa dar, fazer ou não fazer para se beneficiar. Na doação simples, por exemplo, somente o doador assume a prestação de dar (sempre será um dar) e o donatário apenas se beneficia, nada precisando dar, fazer ou não fazer. Atenção Observe que, nessa situação, é possível existir um contrato unilateral, pois pode ocorrer de somente uma das partes ter o dever de prestar algo. Contudo, tal contrato sempre será bilateral quanto às manifestações de vontades necessárias para a formação. Negócio jurídico bilateral O negócio jurídico bilateral também tem dois significados (os mesmos do unilateral): Manifestações de vontades necessárias para a formação do negócio jurídico. Reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial. Quanto às manifestações de vontades necessárias para a formação do negócio jurídico, existem negócios que precisam de duas manifestações de vontade para ser constituídos, ou seja, alguém oferece um negócio e o outro aceita. Sem a aceitação da proposta, não há negócio jurídico. O negócio bilateral por excelência é o contrato: quando alguém realiza uma proposta, somente se o seu destinatário aceitá-la é que haverá a conclusão do contrato. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 7/47 Vejamos dois exemplos: Quando alguém oferece um carro para outra pessoa comprar (manifestação de vontade de vender), só haverá a compra e venda docarro se essa pessoa aceitar comprá-lo (manifestação de vontade de comprar). No caso de uma doação simples ou pura: o dono de um apartamento deseja doar o imóvel ao filho (manifestação de vontade de dar). Somente haverá doação se o filho aceitar o “presente” (manifestação de vontade de receber). Atenção Todo contrato é bilateral quanto às manifestações de vontade necessárias para sua formação, ou seja, nesse aspecto, não existe “contrato unilateral”, somente contrato bilateral. Isso se deve ao fato de que, conceitualmente, um contrato é um acordo de vontades: um acordo depende de mais de uma pessoa para existir, pois significa consenso. Acerca da reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial, ambas as partes assumem prestações, ou seja, uma parte terá que dar, fazer ou não fazer algo e a outra parte também terá que dar, fazer ou não fazer algo. Há, assim, uma reciprocidade de prestações: ambos prestam e ambos devem se beneficiar de acordo com seus interesses. Em uma compra e venda, por exemplo, uma parte (vendedor) dá o carro e a outra parte (comprador) dá o preço (dinheiro). Ambos prestaram reciprocamente. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 8/47 Doação Agora, veja que interessante: alguém promete doar um carro a uma pessoa se esta, por exemplo, visitar crianças internadas num hospital e brincar com elas todos os sábados de manhã durante seis meses. Observe que aqui há uma prestação de dar do doador, desde que o donatário realize uma prestação de fazer. Ambas as prestações são cumpridas como liberalidades. Esse é um tipo de doação chamada doação modal ou por encargo. Embora seja uma doação, ela tem prestações recíprocas: dar carro – fazer visitas. Observe que se trata de uma doação bilateral, pois doador e donatário têm prestações um para com o outro. Atenção Atente para a diferença para com a doação simples, em que só uma parte tem que dar. Lembre-se: a conduta de quem recebe não é uma prestação (fazer x para receber y); não existe a “prestação de receber”, mas somente dar, fazer e não fazer. Existem dois tipos de contratos de doação: Simples Modal Quanto às prestações, a primeira é unilateral e a segunda, bilateral. Porém, quanto às manifestações de vontade para ser constituídas, sendo elas contratos, e todo contrato é bilateral, tanto a doação simples quanto a doação modal são bilaterais. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 9/47 Situação semelhante ocorre com o testamento, pois há aqueles em que nada se exige do herdeiro e é possível um testamento em que se impõe um encargo ao herdeiro como condição para receber a herança. Assim, veja que interessante: quanto às manifestações de vontade necessárias para a formação, todo testamento é bilateral; mas, quanto à reciprocidade de prestações entre herdeiro e espólio do testador, é possível que seja unilateral (sem encargo para o herdeiro) ou bilateral (com encargo para o herdeiro). Classificação Esta introdução é necessária para dizer que, precisando de manifestações recíprocas para ser formado, todo contrato é bilateral. Logo, não há classificação do contrato quanto a esse aspecto. Contudo, como é possível em um contrato que uma parte não tenha que dar, fazer ou não fazer para receber uma prestação da outra parte, ele pode ser classificado em: Contrato unilateral Aquele em que somente uma das partes assume uma prestação de dar, fazer ou não fazer, enquanto a outra parte apenas recebe o benefício. Contrato bilateral Aquele em que ambas as partes prestam, reciprocamente, ou seja, uma para a outra, um dar, um fazer ou um não fazer. Contratos plurilaterais Há, ainda, os negócios plurilaterais e, consequentemente, os contratos plurilaterais, aqueles em que há três ou mais partes envolvidas e vinculadas entre si. Aqui há peculiaridades: será plurilateral na formação e na prestação, visto que poderemos ter hipótese na 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 10/47 qual apenas haverá bilateralidade na manifestação de vontade, por exemplo. Veja o esquema a seguir, que utiliza, como exemplo, a constituição de uma sociedade empresarial. Figura 1: Pluralidade contratual. No caso da pluralidade contratual, tem-se: Bilateralidade de manifestação de vontade entre os sócios, para a constituição da sociedade. Bilateralidade de prestações entre os sócios e a sociedade, pois todos têm deveres recíprocos na relação e para a constituição da sociedade, além de deveres da sociedade para com os sócios (ex.: distribuição de lucros ou pro labore aos sócios administradores). Mas essa é uma peculiaridade, até pelas situações de muita especialidade que estão envolvidas. Bilateralidade negocial Veja, a seguir, um esquema representativo da bilateralidade negocial quanto às vontades. Figura 2: Bilateralidade de manifestações de vontade. Observe um detalhe: a representação do vínculo (seta) entre os sujeitos 1 e 2. O objetivo desse tracejo é demonstrar que o vínculo entre eles é propositivo e uma expectativa; somente com o encontro do consenso 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 11/47 é que se constitui o contrato. A seguir, observe um esquema representativo da unilateralidade contratual quanto às prestações: Figura 3: Unilateralidade contratual. E, na figura seguinte, temos o esquema da bilateralidade contratual quanto às prestações: Figura 4: Bilateralidade contratual quanto às prestações. Compare as figuras 3 e 4. Veja que a figura 3 destaca que a Parte 2 somente se beneficia e, por isso, é unicamente credor; já a Parte 1 tem o dever de prestar, assim é unicamente credor. Já a figura 4 destaca a reciprocidade e, assim, tanto a Parte 1 quanto a Parte 2 são credores e devedores entre si igualmente. A existência de uma contraprestação faz com que o contrato tenha a bilateralidade ou a chamada sinalagmaticidade. O contrato bilateral quanto às prestações é sinalagmático porque apresenta a reciprocidade de prestações, ou seja, um sinalagma. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 12/47 Atenção A classificação de um contrato em unilateral e bilateral é importantíssima para fins de revisão ou resolução do contrato por onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 do Código Civil), situação que, embora devesse ser extraordinária, é quase que corriqueira no dia a dia forense. Contratos gratuitos e onerosos Para entender esta classificação, tenha em mente os ganhos e perdas patrimoniais dos contratantes quando celebram um contrato. Por exemplo, na compra e venda de um carro, cujo preço é R$30 mil, o vendedor “perde” o carro do seu patrimônio (“empobrece”) e o comprador “perde” R$30 mil do seu patrimônio. No entanto, o comprador “ganhará” um carro e o vendedor “ganhará” R$30 mil. Perceba, assim, que as partes dessa compra e venda de veículo ganham e perdem recursos econômicos ao mesmo tempo, reciprocamente. Ao final do contrato, ambas as partes terão o patrimônio com valor nominal aproximado ou igual ao anterior ao contrato, mas, para isso, tiveram antes que dispender valores apreciáveis econômica ou pecuniariamente. Contrato oneroso Um contrato oneroso ocorre quando ambas as partes ganham e perdem reciprocamente, ou seja, ambas as partes dispendem recursos econômicos com a execução do contrato. No exemplo dado quanto à compra e venda, ambas as partes, comprador e vendedor, assumiram cargas pecuniárias do contrato: o vendedor assumiu a prestação de dar um carro (que vale R$30 mil) e o comprador assumiu a prestação de pagar o preço (dar R$30 mil). Imagine outro exemplo, a locação de um imóvel residencial urbano: o locador (proprietáriodo imóvel) entrega o imóvel para o locatário (inquilino) usar e usufruir, enquanto o locatário pagará o valor mensal do aluguel. Veja que ambos trocam valores. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 13/47 A onerosidade de um contrato se fundamenta na troca de valores, ou seja, em ambas as partes assumirem ônus (ou cargas) economicamente apreciáveis. Porém, isso não significa dizer que a onerosidade diz respeito, apenas, à troca de coisas e de dinheiro. É possível que a carga assumida seja um fazer ou não fazer, isto é, um encargo. Podemos mencionar a doação modal ou por encargo, quando alguém promete doar um terreno para uma prefeitura se o município transformar o imóvel em uma praça de lazer. Observe que aqui há uma prestação de dar do doador, desde que o donatário realize uma prestação de fazer. Ambas as prestações são economicamente apreciáveis. Atenção É preciso saber que a conduta humana – ação (prestação de fazer) ou inação (prestação de não fazer) – implica trabalho, uma grandeza física relacionada à transferência de energia. E energia, para o Direito, tem valor econômico. Então, um fazer ou um não fazer são valores patrimoniais que, quando prestados, implicam uma carga patrimonial. Contrato gratuito Já o contrato gratuito, também chamado de benéfico, é aquele em que somente uma das partes terá dispêndio patrimonial, ou seja, uma parte reduz seu patrimônio e a outra parte, que recebe os valores da primeira, incrementa seu patrimônio sem nada ter que prestar (dar, fazer ou não fazer). Assim, somente uma das partes é beneficiada. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 14/47 Por exemplo, em uma doação pura ou simples de um carro de R$20 mil, o donatário reduzirá seu patrimônio (carro) e o donatário aumentará o seu, sem nada ter que dar, fazer ou não fazer. Outro exemplo é o comodato, um tipo de empréstimo em que a coisa dada em uso é infungível e não pode haver cobrança de valores por esse empréstimo (afinal, se houvesse cobrança, seria locação). O comodante entrega algo do seu patrimônio, ainda que momentaneamente, para outro utilizar, sem que precise dispender patrimônio. Classificação Temos, em resumo: Contratos onerosos Ambas as partes assumem dispêndios, mas ambas as partes auferem vantagens patrimoniais ou meramente contratuais. Contratos gratuitos ou benéficos Apenas uma parte será beneficiada, enquanto a outra apenas dispende patrimônio. Essa classificação de contratos em onerosos e benéficos tem algumas repercussões, como veremos a seguir: 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 15/47 Observe, agora, a estreita relação que existe entre contratos unilaterais e gratuitos e contratos onerosos e bilaterais: Veja que no contrato unilateral somente uma das partes assume prestação, assim como no contrato benéfico (gratuito) somente uma parte sacrifica seu patrimônio para a execução do contrato. A outra A revisão e a resolução contratuais dos arts. 317 e 478 do Código Civil apenas se aplicam aos contratos onerosos. Os contratos benéficos são interpretados estritamente (art. 114 do Código Civil). Uma interpretação estrita ou restritiva é aquela que se limita ao sentido estrito, específico, da cláusula contratual, sem ampliação de efeitos e significados (interpretação extensiva). Doação pura (benéfica ou gratuita) feita a absolutamente incapaz. Em se tratando de uma doação pura, na qual o donatário seja absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação. Logo: não precisa ser aceita pelo representante (ele não vai escolher pelo donatário), tal doação será aceita. (art. 543 do Código Civil). A promessa de contratos onerosos (contrato preliminar ou promessa de contratar) deve ser cumprida, caso não exista cláusula de arrependimento, ou seja, o contrato será forçosamente concluído em âmbito judicial (art. 463 e arts. 1.417 e 1.418, todos do Código Civil). Quanto aos contratos gratuitos, não existe um consenso nos tribunais se, por exemplo, uma promessa de doação pura deve obrigatoriamente levar à celebração do contrato de doação. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 16/47 parte nada dá, faz ou não faz, mas aufere vantagens patrimoniais. Já no contrato bilateral, ambas as partes têm prestações recíprocas. Consequentemente, ambas irão auferir vantagens e, simultaneamente, dispender valores patrimoniais (onerosidade do contrato). Contratos comutativos e aleatórios Essa classificação se fundamenta em dois critérios: 1. Ciência das circunstâncias contratuais, previamente à execução do contrato, quanto às prestações a ser prestadas; 2. Equivalência entre as prestações. Contrato comutativo Em um contrato comutativo, ambas as partes celebram o contrato com plena ciência das circunstâncias e das condições negociais. É um contrato em que ambas sabem o quanto podem ganhar e o quanto podem perder. Portanto, há previsibilidade dos efeitos do contrato; há segurança. Outrossim, em um contrato comutativo as prestações apresentam uma equivalência de valores e proporções. Isso significa que ambas as partes têm encargos e vantagens recíprocos, proporcionais, equivalentes. Exemplo 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 17/47 Na relação de compra e venda de um carro cujo valor de mercado é R$50 mil, ambas as partes têm conhecimento das circunstâncias. Contrato aleatório Já o contrato aleatório é aquele em que não há uma equivalência, uma igualdade de condições, pois uma das partes assume riscos: terá que executar a sua prestação sem a certeza de que auferirá vantagens, pois a parte assume os riscos de certas circunstâncias prejudicarem os benefícios que poderia ter. O exemplo típico é a compra de safra futura, em que uma parte assume o dever de pagar o preço de uma safra que ainda será colhida e que, às vezes, nem ao menos existe no momento da formação do contrato. Pode ser que, meses depois, a safra seja recorde e o comprador adquira mais frutos que o normal, ou que a safra produza pouco, mas, mesmo assim, o comprador deverá pagar o valor ajustado anteriormente, ainda que o preço seja muito superior à safra que está adquirindo. Esse tipo de contrato, a propósito, é muito comum na aquisição das safras de soja. Comutatividade e aleatoriedade Vejamos o que esses termos significam: Comutatividade Certeza de benefícios e sacrifícios (ausência de riscos) e equivalência de prestações. Aleatoriedade Risco de não obter vantagens, mas só sacrifícios, o que pode fazer com que não haja equivalência entre as prestações, pois somente uma das partes pode se beneficiar. Atenção 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 18/47 Não confunda certos riscos típicos dos contratos com riscos maiores. Por exemplo, o risco de inadimplemento ou o risco de vício redibitório não torna o contrato aleatório, pois são normais e estão presentes em todos os contratos. Os riscos na aleatoriedade são maiores, mais incomuns, não ordinários no dia a dia das negociações. “Aleatoriedade” tem origem do latim alea, que significa “sorte”. (Há, inclusive, o famoso brocardo Alea jacta est!, ou a “A sorte está lançada!”, atribuído a Júlio Cesar.) Veja que, em um contrato aleatório, a parte que assumiu os riscos conta com a sorte (algo imprevisível) para auferir vantagens. Exemplos: Jogo de loteria Paga pelo jogo e pode receber o prêmio ou nada. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 19/47 Aposta Paga o valor e pode receber ou não o prêmio. Seguro Paga à seguradora,que, por sua vez, talvez tenha que pagar uma indenização em caso de sinistro. O risco assumido pela parte pode ser quanto à existência da coisa ou quanto à quantidade da coisa: Emptio spei É a “venda da esperança” e o risco é quanto à existência da coisa. Nesta modalidade, a parte pagará sua prestação mesmo que a coisa que a outra parte deve prestar não exista em momento posterior à celebração do contrato. Se a coisa existir, tem direito de receber e tem o dever de pagar; mas, se a coisa não existir no futuro, não tem nada a receber e terá o dever de pagar mesmo assim (isso se já não tiver pago antecipadamente; aí não tem direito de reaver o que pagou). Está previsto no art. 458 do Código Civil que “se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido, desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”. Emptio rei speratae O risco assumido é quanto à quantidade da coisa, ou seja, a coisa necessariamente deverá existir. Se não existir a coisa, nada é devido pelo comprador; mas, se a coisa vier a existir, o comprador deverá pagar o preço ajustado, independentemente da quantidade produzida. Está previsto no art. 459 do Código Civil que “se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. [...] Mas, se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido”. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 20/47 Deve ter sido acordado por ambas as partes; Deve existir no instrumento contratual (escrito) uma cláusula que expresse essa intenção das partes; Se o contrato for verbal, é preciso concordar inequivocamente com a aleatoriedade e ter testemunhas para comprovar o que ficou acertado. Essa classificação é importante porque a revisão e a resolução contratual por fatores extraordinários e imprevisíveis (arts. 317 e 478 do Código Civil) somente poderão ocorrer se o contrato for comutativo. Vem que eu te explico! Nesse espaço, o professor Filipe Medon complementa o que vimos até aqui. MÓDULO 1 Vem que eu te explico! Mas como saber quando o contrato aleatório é emptio spei ou emptio rei speratae? 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 21/47 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Assinale a alternativa correta: A Em uma locação urbana comercial, o contrato será unilateral, pois o locatário paga a prestação do aluguel, mas o locador do imóvel não assume um dar, um fazer ou um não fazer. B Em uma emptio rei speratae, o comprador deverá pagar o preço ajustado mesmo que a coisa não seja produzida. C A comutatividade é a ausência de equivalência das prestações. D O contrato sempre será bilateral quanto à formação, porque envolve pelo menos duas partes. E Todo contrato é aleatório porque todo contrato possui riscos. Parabéns! A alternativa D está correta. É a definição de negócio jurídico bilateral, cuja espécie é o contrato. Nem sempre o contrato será bilateral quanto às prestações, mas, quanto à formação, sempre será bilateral. Questão 2 Sobre o contrato unilateral, assinale a seguir a alternativa correta. A A emptio spei é um dos seus tipos. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 22/47 2 - Características dos contratos Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de analisar as principais características dos contratos nominados e inominados, reais, formais e consensuais, instantâneos, sucessivos e de execução diferida. B Em se tratando de emptio rei speratae, o contrato não será unilateral se a coisa não vier a existir. C Ambas as partes auferem pelo menos uma vantagem. D Existe quando somente uma parte elabora o contrato. E Um contrato sinalagmático não pode ser unilateral. Parabéns! A alternativa E está correta. Sinalagmaticidade é sinônimo de bilateralidade, ou seja, todo contrato sinalagmático é bilateral e nunca unilateral. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 23/47 A tipicidade e a execução dos contratos No vídeo a seguir, o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, faz uma explicação geral do art. 425, do art. 107 e do art. 131 do Código Civil. Contratos nominados e inominados Alguns contratos existem há séculos e vêm sendo praticados até os dias atuais –obviamente, com adaptações e modificações. Dois deles são: Contrato de compra e venda (emptio). Contrato de troca ou permuta (que antigamente era chamada de “escambo”). Esses contratos antigos foram sendo recebidos pelas legislações ao longo do tempo e recebendo nomes, designações comuns. A designação dada a um instituto jurídico é chamada nomen juris. Assim, um contrato nominado é aquele que tem um nomen juris que lhe foi atribuído pela tradição negocial ou pela lei. A título de exemplo, veja os contratos aos quais o Código Civil atribui um nome: compra e venda; troca ou permuta; contrato estimatório; doação; locação de coisas; empréstimo (comodato e mútuo); prestação de serviço; empreitada; depósito; 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 24/47 mandato; comissão; agência; distribuição; corretagem; transporte; seguro; constituição de renda; jogo e da aposta; fiança; transação; compromisso. No entanto, aqueles contratos “inventados” pelas partes ou os que estão sendo incorporados às práticas negociais recentemente, e que ainda não têm uma designação comum (nomen juris comum), são chamados de inominados. Dessa maneira: Os contratos nominados, por serem antigos, reconhecidos pelo mundo dos negócios ou por terem sido concebidos pela legislação, geralmente são disciplinados pela lei. Assim, terão um conjunto de normas legais que estabelecem parâmetros para sua formação e execução. Por receberem um “nome legal”, são classificados como nominados. Contudo, quando um contrato recebe previsão legal e tem regras legais próprias, esse contrato é classificado como típico, ou seja, aquele contrato é um tipo legal (ou jurídico). Basicamente, um contrato típico é aquele previsto em lei e que tem regras próprias criadas pelo legislador. Contratos nominados Têm um nomen juris dado pela tradição negocial ou pela lei. Contratos inominados Não têm nomen juris, pois: 1) podem ter sido criados pelas práticas negociais recentemente; e 2) foram imaginados exclusivamente pelas partes para exclusivamente um acordo entre elas (ou seja, não é de conhecimento comum). 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 25/47 São exemplos de contratos típicos, com suas respectivas normatizações: TIPO CONTRATUAL LEGISLAÇÃO Compra e venda; troca ou permuta; contrato estimatório; doação; locação de coisas; empréstimo (comodato e mútuo); prestação de serviço; empreitada; depósito; mandato; comissão; agência; distribuição; corretagem; transporte; seguro; constituição de renda; jogo e da aposta; fiança; transação; e compromisso Arts. 481 a 853 do Código Civil Alienação fiduciária em garantia Lei nº 4.728/1965; Decreto-Lei nº 911/1969; Lei nº 8.668/1993; e Lei nº 9.514/1997 Locação de imóvel urbano Lei nº 8.245/1991 Arrendamento e parcerias rurais Decreto nº 59.566/1966 Leasing Lei nº 11.649/2008; Lei nº 6.099/1974 Quadro 1: Exemplos de contratostípicos. Entretanto, se um contrato é praticado pelas pessoas e não tem normas próprias, específicas para ele, na lei, esse contrato é classificado como atípico. Essa atipicidade do contrato pode decorrer dos fatores descritos a seguir: As partes, ao negociarem, criaram uma figura própria de negócio, algo concebido por elas e que não se enquadra nas figuras contratuais já conhecidas e previstas na lei. O Código Civil, no art. 425, permite que as pessoas “inventem” contratos: “É lícito às partes estipular contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 26/47 Assim, podemos sintetizar a diferenciação entre contratos típicos e atípicos da seguinte forma: Típicos Aqueles que têm previsão legal e regras próprias Atípicos Aqueles que não têm previsão legal e regras próprias, devendo se submeter às normas gerais dos negócios jurídicos (arts. 104 a 184 do Código Civil) e dos contratos (arts. 421 a 480 do Código Civil). Atenção É comum confundir os contratos nominados com os típicos e os contratos inominados com os atípicos. Na maioria das vezes, essa correlação é possível, mas há exemplos de exceções. No caso de contrato de prestação de serviços de publicidade, o tempo e a prática sem previsão legal o tornaram nominado; sempre que praticado, recebe esse nome, mas não tem previsão legal específica, As práticas negociais foram criando e desenvolvendo figurar contratuais próprias para certos setores. Um exemplo é a alienação fiduciária em garantia (cujo exemplo mais conhecido é o “financiamento de veículo”). Embora de origens antigas no Direito Romano, foi no início do século XX que esse contrato passou a ser mais utilizado nos Estados Unidos, sendo importado para o Brasil. O contrato existia e era praticado por setores econômicos havia anos, mas foi só na década de 1960 que o contrato se tornou típico, com a Lei nº 4.728/1965 e o Decreto-Lei nº 911/1969. Na década de 1990, outras duas leis estenderam o âmbito de tal negócio: a Lei nº 8.668/1993 e a Lei nº 9.514/1997. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 27/47 motivo pelo qual é considerado atípico. A locação de vagas autônomas em garagem não tem um nomen juris (p. ex.: “locação de garagem”), mas tem normas próprias, quais sejam, as regras da Lei de Locações dos Imóveis Urbanos (art. 1º, parágrafo único, alínea a, n. 2, da Lei nº 8.245/1991). Assim, há normas legais, mas não um nome. A classificação é importante por questões de segurança jurídica, pois, ao escolher uma figura típica e nominada, há mais certezas quanto ao modo de cumprimento do contrato. Além disso, se em um contrato típico à parte descumprir regras legais, haverá inadimplemento. Por fim, não é tão importante o nome que as partes dão ao contrato que celebram. O que importa é a intenção das partes. Assim, se um contrato foi chamado pelas partes de “comodato”, mas nele há cobrança de aluguel, na verdade pouco importa o nome. O que prevalecerá é o desejo das partes expresso nas cláusulas (ceder o uso e cobrar aluguel). O art. 112 do Código Civil prescreve que “nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem”. Contratos reais, formais e consensuais Esta classificação diz respeito a requisitos para se perfazer um contrato, isto é, torná-lo perfeito. Um contrato é perfeito quando devidamente concluído e, então, poderá produzir efeitos jurídicos legitimamente. Logo, um contrato perfeito é aquele que foi concluído e pode produzir efeitos tutelados pelo Direito. Atenção “Conclusão” não é o fim do contrato, mas seu início; “concluído” significa que as negociações preliminares foram encerradas e o contrato foi formado (“celebrado”) e está pronto para ser executado. Os contratos consensuais são aqueles que seguem a regra do consensualismo, pela qual basta o consenso para existir um contrato, isto é, que as partes estejam de acordo. Por isso, um contrato é um acordo de 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 28/47 vontades. O consensualismo está previsto no art. 107 do Código Civil: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. O consensualismo não exige uma forma específica para instrumentalizar o acordo contratual. Assim, o contrato poderá ser verbal ou escrito, sem exigências, cuja escolha fica a critério das partes. Por outro lado, pode ser que a lei exija, em certas situações, excepcionalmente, que o contrato seja instrumentalizado, isto é, que o acordo de vontades seja escrito em um instrumento contratual. Esses são os contratos formais, que seguem a regra do formalismo, pela qual o contrato só será perfeito se celebrado com uma forma prescrita ou admitida (não proibida) pela lei (art. 104, III, do Código Civil). Dessa maneira, não bastará o acordo de vontade entre as partes para que o contrato seja perfeitamente concluído, como ocorre nos contratos consensuais; é necessário que esse acordo seja transcrito em um instrumento escrito. Para entender melhor essa classificação, veja quais são as formas prescritas ou admitidas em lei: Contrato verbal 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 29/47 Contrato escrito O contrato verbal é celebrado sem ser por escrito, através de uma comunicação oral, admitindo-se, ainda, a comunicação por telefone (art. 427 do Código Civil). É mais conhecido como contrato “de boca”. Porém, em certas situações, a lei exigirá que a manifestação de vontade do contrato seja transcrita em um documento (contrato escrito), que pode ser de dois tipos: Público Quando for redigido por um tabelião, em cartório de notas – é a chamada escritura pública ou instrumento público. Particular Quando for redigido pelas partes ou por outra pessoa a seu pedido, desde que não seja um tabelião – é o chamado instrumento particular ou, raramente, escritura particular. Atenção Reconhecimento de firma em cartório não transforma o instrumento particular em uma escritura pública. Pelo consensualismo, as partes escolhem a forma que bem entenderem para o contrato, pois um contrato consensual só exige uma coisa: que as partes estejam de acordo (consenso). Mas, pelo formalismo, a lei exigirá, em hipóteses específicas, que as partes adotem a forma escrita, chegando a exigir, às vezes, que a forma seja a escritura pública. Veja três exemplos do Código Civil a seguir: Quando o proprietário de um imóvel aliena o bem ou constitui outro direito real (p. ex.: usufruto, superfície, servidão etc.) e o imóvel tem um valor superior a trinta salários mínimos, o contrato que envolve esse direito real deve ser celebrado por escritura pública: “Não dispondo a lei em contrário, a Artigo 108 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 30/47 escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo vigente no País”. Doação de imóvel de valor superior a trinta salários mínimos deve ser feita por escritura pública. Nas outras hipóteses (imóveis de valor inferior a trinta salários mínimos ou bens móveis), exige-se a forma escrita: “A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular”. Pelo parágrafo único do art. 541, bens imóveis de pequeno valor podem ser doados de forma verbal. Veja que, nesse caso, adota-se o consensualismo, isto é, a menos que as partes queiram, não é obrigatória a forma escrita: “A doação verbal será válida, se, versandosobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe seguir incontinenti a tradição”. O seguro deve ser celebrado por meio da apólice, que é o instrumento particular do contrato: “O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio”. Assim: Contratos consensuais Aqueles cuja celebração é livre, ou seja, as partes escolhem a forma contratual mais conveniente aos seus interesses. Artigo 541, caput Artigo 758 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 31/47 Contratos formais Aqueles em que a lei exige uma forma de expressão da manifestação de vontade, que será escrita em documento público ou particular. Exemplo As partes podem celebrar o contrato da forma que bem entenderem, mas optam que será feito por escritura pública. Nesse caso, de acordo com o art. 109 do Código Civil, o contrato não será perfeito se não for elaborado em cartório, apesar de, originalmente, poder ser feito de qualquer forma. “No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.” Existem dois tipos de formalidades contratuais no âmbito dessa classificação: Quando as partes, em um contrato consensual, decidem transcrever a manifestação de vontade em um documento (instrumento público ou particular). O objetivo dessa decisão é uma precaução das partes: ter prova documental do acordo para o caso, por exemplo, de uma judicialização. (Por isso, probationem, ou seja, para servir de prova.) Apesar da transcrição em documento escrito, o contrato consensual não se tornou um contrato formal. A formalidade é para fins comprobatórios, não para fins constitutivos do ato. Ad probationem 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 32/47 Neste caso, a formalidade é fator que constitui o contrato, ou seja, sem ter uma forma escrita, o contrato não estará perfeito. O contrato até pode existir, pois reúne os elementos constitutivos (agentes, objeto, manifestação de vontade e forma), mas não será válido e, consequentemente, não produzirá efeitos juridicamente tuteláveis (art. 166, IV e V, do Código Civil). Aqui, o objetivo da transcrição não é só comprovar que o contrato existe, mas também torná-lo concluído. Porém, há contratos em que não basta o consenso nem a transcrição em documentos; é necessário que ocorra a chamada tradição de uma coisa (traditio) para que o contrato se torne perfeitamente concluído, o contrato real. Real vem de res, que significa “coisa”. Assim, real é o contrato que, para ser concluído, precisa que a coisa objeto do contrato seja entregue à outra parte. Um contrato real é aquele que só será concluído (tornar-se perfeito) com a entrega de uma coisa, ato designado de tradição. Sem a entrega da coisa contratada, o contrato ainda não existe; o que existirá são só as negociações preliminares. Exemplo No caso da locação de imóvel residencial urbano, não basta um acordo entre as partes (locatário e locador) e a assinatura de documentos se o locador não entregar o imóvel para o locatório tomar posse e dele usufruir. Assim que ocorre a entrega das chaves do imóvel, o contrato finalmente é concluído e se torna perfeito. Contratos instantâneos, sucessivos e de execução diferida Observe a seguinte imagem, que representa o processo natural da existência de um contrato: Ad solemnitatem 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 33/47 Figura 5: Formação e execução do contrato. Atenção Repita-se: “Conclusão” não é o fim do contrato, mas seu início; “conclusão” significa que as negociações preliminares foram “concluídas” e o contrato foi formado (“celebrado”) e está pronto para ser executado. Esses marcos temporais do contrato explicam bem a classificação em contratos instantâneos, sucessivos e de execução diferida, pois diz respeito ao momento em que as prestações – ou seja, as cláusulas contratuais – devem ser cumpridas. Assim, no âmbito temporal, os contratos podem ser: Instantâneos Os contratos instantâneos ou de execução imediata são aqueles cuja execução (isto é, o cumprimento da prestação) ocorre instantaneamente ao momento da conclusão: tão logo o contrato é concluído (celebrado) ele já é cumprido pelas partes. Um exemplo é a compra e venda à vista. Assim, nos contratos instantâneos, a fase de execução é encurtada e ocorre no mesmo instante da celebração do negócio. De longo prazo Os contratos de longo prazo (trato sucessivo) são aqueles que terão uma fase de execução estendida, prolongada para bem depois da conclusão. Ou seja, o contrato é executado ao longo do tempo, após a conclusão. Podem ser dias, semanas, meses ou até anos. Alguns exemplos: o financiamento de um carro (alienação fiduciária); “venda no crediário”; e prestação de serviço periódico. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 34/47 Tenha em mente, então, que um contrato de longo prazo é executado no futuro. Mas futuro em relação ao quê? Em relação à conclusão do contrato, isto é, sua celebração. Os contratos de longo prazo podem ser de dois tipos, dependendo da forma como a prestação será cumprida no futuro: Quando a prestação é cumprida integralmente, de uma só vez, no futuro (isto é, após a celebração do contrato). No momento adequado, a prestação será paga totalmente, porém, esse momento adequado é posterior à conclusão do contrato. Quando a prestação é cumprida no futuro parceladamente ao longo do tempo, em partes. Costuma-se falar em “pagar as prestações do carro”, por exemplo. Mas, na realidade, existe uma prestação que é dividida em parcelas. Assim, o correto é “pagar as parcelas da prestação do carro”. O Código Civil, no art. 478, chama o contrato sucessivo de contrato de execução continuada. Essa classificação é importante, principalmente para fins de revisão e resolução contratuais decorrentes da onerosidade da prestação por fatores extraordinários e imprevisíveis. Os contratos instantâneos ou de execução imediata não podem ser resolvidos ou revisados por onerosidade excessiva decorrente de fatores extraordinários e imprevisíveis; já os de trato sucessivo o poderão. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, Contratos de execução diferida Contratos de execução sucessiva ou continuada 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 35/47 poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação. (CÓDIGO CIVIL, Artigo 478, 2002) Vem que eu te explico! Neste espaço, o professor Marcos de Souza complementa o que vimos até aqui. MÓDULO 2 Vem que eu te explico! Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 A compra e venda não é um contrato: A Típico B Nominado 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 36/47 C Deferente D Imediato E Sucessivo Parabéns! A alternativa C está correta. Não existe “contrato deferente” no rol das classificações. Tendo nome e previsão legais, o contrato é típico e nominado. Se o pagamento da prestação for à vista, será imediato; se for dividido em parcelas, será sucessivo. Questão 2 A locação comercial é um contrato: A Resolúvel B Atípico C Inominado D Sucessivo E À vista Parabéns! A alternativa D está correta. O pagamento mensal de aluguel torna-o de trato sucessivo ou de prestação continuada. Étípico e nominado por previsão legal (Lei nº 8.245/1991). As classificações resolúvel e à vista não existem. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 37/47 3 - Contratos derivados, indiretos e de adesão Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de identificar os contratos derivados, indiretos e de adesão. Contratos derivados ou subcontratos Os derivados são contratos originados de outro: têm uma das partes originais e o mesmo objeto do contrato, mas haverá uma nova parte. Veja o esquema representativo: Figura 6: Subcontrato. Observe que existe um primeiro contrato entre duas pessoas, com determinado objeto. Uma das partes do 1º contrato celebra o mesmo tipo contratual com um terceiro. Esse 2º contrato é o chamado subcontrato ou contrato derivado. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 38/47 Para um contrato ser considerado derivado, devem estar presentes os seguintes requisitos: 1. Tanto o contrato quanto o subcontrato devem ser do mesmo tipo, ou seja, a mesma figura contratual (ex.: locação, empreitada, prestação de serviço, empréstimo etc.); 2. O objeto do subcontrato deve ser o mesmo objeto do contrato, ou seja, as mesmas coisas envolvidas e as mesmas prestações; 3. Uma das partes do subcontrato deve ser uma das partes do contrato. Para uma melhor visualização, veja a aplicação do esquema representativo de contrato derivado de uma sublocação de um imóvel residencial urbano: Figura 7: Sublocação. Vejamos a seguir as características da sublocação. O locatário do contrato subloca (“aluga”) a casa que locou (“alugou”) para um terceiro. Assim, ele será locatário da locação e (sub)locador da sublocação. Na sublocação, o locador do 1º contrato não é parte, assim como o sublocatário não é parte do 1º contrato. O objeto da locação derivada é o mesmo objeto da locação original: a cessão de um imóvel urbano residencial para fins de uso e usufruto como moradia em troca de pagamento de aluguel. Na locação, a cessão foi feita pelo locador, e o locatário assume o aluguel; na sublocação, a cessão foi feita pelo antigo locatário – que agora é o (sub)locador – a um terceiro, (sub)locatário, que deverá pagar o aluguel. O tipo de contrato escolhido pelas partes do 2º negócio é o mesmo do 1º, qual seja, a locação. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 39/47 O subcontrato é um novo negócio jurídico, independentemente do primeiro, embora dele derivado. Atenção Não se deve confundir o contrato derivado ou subcontrato com o contrato acessório. Um contrato acessório é aquele que “serve” algum negócio principal. Vejamos como se configuram o contrato principal e o contrato acessório: Contrato principal Tem autonomia, ou seja, não depende de nenhum outro para existir. Contrato acessório Existe única e exclusivamente para ter alguma serventia para um contrato principal, ou seja, só existe por causa do principal. Um exemplo de contrato acessório é a fiança. O objeto da fiança é garantir o cumprimento de um contrato principal. E nada mais. Sem o contrato principal, não existe fiança; afinal, o que ela garantiria se nem dívida existe? A fiança não é derivada do contrato principal, pois seu objeto não é o mesmo do contrato principal, situação que deve ocorrer em caso de subcontratação. Contratos indiretos Todo contrato tem uma causa, aquilo que motivou as partes a celebrar o contrato, ou seja, a razão de ser da vinculação entre elas. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 40/47 As partes têm objetivos com o contrato e, para atingi-los, escolhem o tipo contratual adequado aos seus interesses (contratos típicos-nominados) ou elaboram uma figura contratual própria, com base no art. 425 (contratos atípicos-inominados). Ocorre, porém, que às vezes o tipo contratual escolhido traz um custo ou um ônus que as partes não querem assumir. Imagine, por exemplo, que João queira doar uma casa para Pedro. Nessa transferência, deve-se pagar um tributo, o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD). Trata- se de tributo que incide sobre a transmissão de bens móveis e imóveis havidos em decorrência de herança ou doação. A alíquota é fixada pelos estados. No estado em que está o imóvel a ser doado, a alíquota do ITCMD é de 4% sobre o valor do bem. Como as partes não querem ter que pagar esse valor, decidem celebrar outro contrato: em vez de doação, será um usufruto vitalício ou vidual. Vejamos Usufruto vidual O proprietário (nu-proprietário) cede um bem para que um terceiro (usufrutuário) use e retire todos os proveitos. Usufruto vitalício Esse usufruto perdura até a morte do usufrutuário. A causa que motiva João a doar o imóvel para Pedro é dar-lhe uma coisa para que possa usar e usufruir por toda a sua vida; afinal, a doação transfere a propriedade perpetuamente. Como a doação se apresenta inviável no caso deles, por fatores financeiros, João decide constituir um usufruto vitalício sobre a casa em favor de Pedro, situação na qual não incide o ITCMD. Veja que, embora tivessem em mente um contrato (doação), acabaram por concelebrar outro (usufruto vitalício) que em muito se aproxima da causa que ensejou as partes a se vincularem contratualmente. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 41/47 Observe que o usufruto teve uma finalidade indireta, ou seja, outra intenção que aquela de ceder o uso e a fruição (doação), e, por isso, é chamado de contrato indireto. Saiba mais Essa classificação dos contratos é mais importante no âmbito do planejamento tributário e serve, às vezes, para impugnar medidas punitivas aplicadas pela Receita Federal do Brasil (RFB). Os contratos de adesão e a paridade contratual No vídeo a seguir, o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, apresentará uma definição geral de contrato paritário e de adesão. Contratos de adesão Observe a figura 5 deste módulo: Figura 5: Formação e execução do contrato. Essa figura mostra o processo de formação de um contrato, que se inicia com as tratativas e negociações até a conclusão do contrato (celebração), passa pela execução das cláusulas (ou seja, o cumprimento das prestações) e chega ao inadimplemento (naqueles casos de extinção natural do contrato). 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 42/47 Essa classificação dos contratos de adesão decorre de acontecimentos da fase de negociações preliminares. Quando as partes estão em posição de igualdade nas negociações e têm ampla liberdade para decidir sobre as cláusulas do negócio, fala-se em contrato paritário, isto é, aquele em que as partes negociam as condições contratuais de acordo com seus interesses. Contudo, há contratos em que não existe essa possibilidade de negociação; uma parte, simplesmente, apresenta à outra o contrato já pré-formulado e predefinido, cabendo à segunda pessoa dizer se aceita ou não o contrato naquelas condições. Não há espaço para negociar cláusulas. Aqui se está diante do chamado contrato de adesão. Assim: Contrato paritário Há a possibilidade de uma ampla fase de negociações preliminares, em que as partes dialogam em condições de igualdade e podem construir e rejeitar cláusulas. Contrato de adesão As negociações preliminares são extremamente restritas, não havendo a oportunidade de diálogo entre as partes, pois o contrato tem cláusulas engessadas que não podem ser modificadas. Atenção Se uma parte leva até a outra um “rascunho” do contrato (a chamada minuta contratual) e a segunda parte aceita integralmente ou com poucas modificações o queestá escrito na minuta, não há que se falar em contrato de adesão, mas em contrato paritário. Afinal, a segunda parte poderia propor e negociar a modificação das cláusulas. Se uma parte leva até a outra a minuta contratual e diz que não aceita negociação nenhuma, também não há que se falar em contrato de adesão, pois, se o proponente quiser, é possível negociar. Em um contrato de adesão, não há possibilidade de negociação não porque é a vontade de uma das partes, 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 43/47 mas porque os contratos de adesão são regidos por lei e a própria legislação estabelece como serão as cláusulas do contrato. Nos contratos de adesão, a negociação não ocorre porque a lei restringe essa negociação, e não porque há má vontade ou oposição das partes. Veja alguns exemplos de contratos de adesão: prestação de serviços por concessionárias de serviço público (água, esgoto, energia etc.); seguro; transporte; franquia ou franchising; serviços bancários. Nesses casos dos exemplos, a concessionária, a seguradora, a transportadora, a matriz e o banco são responsáveis por elaborar os instrumentos contratuais, mas seguindo rígidos padrões legais de legislação própria ou do Código de Defesa do Consumidor e padrões administrativos estabelecidos por agências estatais reguladoras. Vem que eu te explico! Neste espaço, o professor Filipe Medon complementa o que vimos até aqui. MÓDULO 3 Vem que eu te explico! 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 44/47 Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questão 1 Analise o seguinte texto e suas lacunas: “Há um contrato ________ quando sua existência decorre exclusivamente de outro contrato. Existe, pois, um contrato-base ou contrato principal, do qual exsurge o contrato ________. A existência do contrato-base é causa geradora do ________.” (VENOSA, S. de S. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 274). Assinale a alternativa que preenche as lacunas do texto. A derivado – derivado – derivado B subcontrato – derivado – principal C derivado – acessório – derivado D acessório – derivado – derivado E acessório – acessório – acessório 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 45/47 Parabéns! A alternativa A está correta. Trata-se da definição de contrato derivado ou subcontrato. Veja a explicação do próprio autor do texto: “No subcontrato, uma das partes do contrato-base participa do outro, tendo em vista sua posição originária na primeira avença. [...] A participação desse contratante comum tem como causa direta, efetivamente, sua posição contratual anterior. O contrato derivado fica numa posição de serviência do contrato-base, embora ambos coexistam.” (VENOSA, S. de S. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 274). Questão 2 O pedreiro contratado por João para a construção de uma casa quis assumir outra obra e contratou outros pedreiros do seu bairro para concluírem a casa de João. Se João autorizar essa contratação, haverá, nessa situação e respectivamente, contratos: A Principal e acessório B Principal e derivado C Bilateral e acessório D Bilateral e gratuito E Gratuito e derivado Parabéns! A alternativa A está correta. A questão versa sobre o contrato de subempreitada. Deve-se observar os elementos essenciais que revelam que se trata de um contrato derivado: tanto o contrato quanto o subcontrato devem ser do mesmo tipo, ou seja, a mesma figura contratual (ex.: locação, empreitada, prestação de serviço, empréstimo etc.); o objeto do subcontrato deve ser o mesmo objeto do contrato, ou seja, as mesmas coisas envolvidas e as mesmas prestações; e uma das partes do subcontrato deve ser uma das partes do contrato. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 46/47 Considerações finais Este conteúdo foi destinado a demonstrar como é a classificação dos contratos e, a partir daí, indicar como devem ser constituídos e quais as consequências da constituição de cada categoria de contrato analisada. A abordagem realizada foi destinada a apresentar não somente aspectos teóricos, mas, também e principalmente, os aspectos práticos. É preciso ter em mente que as classificações são matérias discutidas em ações judiciais. Logo, é um campo fértil de atuação profissional. Podcast Agora, com a palavra o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, apresentando questões práticas sobre o conteúdo estudado. Vamos ouvir! Referências DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro. 37. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. v. 3. FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de direito civil. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. v. 4. GOMES, O. Contratos. [Atualizadores Edvaldo Brito, Reginalda Paranhos de Brito; coordenador Edvaldo Brito]. 27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. v. 3. 07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 47/47 VENOSA, S. de S. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 274. Explore + Leia: CARDOSO, P. S. Contratos instantâneos e continuativos: uma análise da atualidade da classificação à luz da qualificação dos contratos. Revista Quaestio Iuris, v. 5, n. 2, p. 310-345, 2012. Esse texto analisa a adequação da classificação dos contratos e propõe agrupá-los por meio da sua forma de execução, tendo por base o tempo de duração da prestação, examinando as consequências jurídicas dos diferentes critérios de distinção trazidos à baila pela doutrina e buscando uma reflexão crítica sobre a relevância atual da classificação dos contratos em instantâneos e continuativos. NICODEMOS, E. Contratos atípicos. Jusbrasil, 2016. Disponível no portal Jusbrasil. ROBERTO, L. M. P. Algumas classificações contemporâneas dos contratos. Revista Jurídica da UniFil, ano II, n. 2, p. 225-243, 2014. Este artigo apresenta as mais diversas formas de classificação contratual, dificilmente encontradas, em sua totalidade, nas obras tradicionais sobre o tema. Busca utilizar dinâmica e didática para o aproveitamento do material pelos alunos. Baixar conteúdo javascript:CriaPDF()
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