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TEMA 2 - Classificação dos contratos

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07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos
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Classificação dos contratos
Prof. Gilberto Fachetti Silvestre
Descrição
Abordagem conceitual e prática das classificações contratuais mais importantes, tais como: contratos
unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos e aleatórios.
Propósito
Esta é uma das matérias de fulcral importância para a vida acadêmica e prática do aluno. Os contratos
estão no cotidiano do cidadão e, por conseguinte, essa é uma das principais matérias das quais resultam
demandas discutidas em ações judiciais. É, portanto, um assunto de grande viés prático e operabilidade
para o exercício das profissões jurídicas que o aluno irá exercer no futuro.
Preparação
Tenha o Código Civil atualizado em mãos, pois você precisará consultá-lo para compreender como é a
disciplina jurídica da matéria. Você pode acessá-lo no site da Câmara dos Deputados.
Objetivos
Módulo 1
Conceitos básicos dos contratos
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Reconhecer os conceitos básicos dos contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos
e aleatórios.
Módulo 2
Características dos contratos
Analisar as principais características dos contratos nominados e inominados, reais, formais e
consensuais, instantâneos, sucessivos e de execução diferida.
Módulo 3
Contratos derivados, indiretos e de adesão
Identificar os contratos derivados, indiretos e de adesão.
Os contratos são instrumentos importantes para o desenvolvimento econômico, pois contribuem para
a circulação de riquezas e o patrocínio de atividades econômicas e empresariais, beneficiando toda a
sociedade. 
Daí a importância de compreender em detalhes como se dá a constituição do contrato e quais são as
características de cada tipo classificatório. As consequências sociais e jurídicas que podem advir
dessas situações são campo fértil para o seu desenvolvimento profissional. 
Paralelamente, cada classificação implica uma consequência prática e em alguns conceitos próprios e
peculiares que permitem compreender melhor como funciona um contrato e como problemas deles
decorrentes devem ser resolvidos. 
Com o objetivo de colaborar com o futuro exercício da profissão, aqui se pretende apresentar conceitos
e demonstrar como se aplicam à solução de problemas que resultam da constituição e classificação
de contratos. 
Para isso, primeiro será apresentado um panorama das garantias baseadas em coisas. Posteriormente,
será abordado o direito de servidão e veremos as modalidades de direitos reais sobre coisas alheias
Introdução
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1 - Conceitos básicos dos contratos
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de reconhecer os conceitos
básicos dos contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos
e aleatórios.
A sinalagmaticidade, a onerosidade e a
comutatividade dos contratos
Vamos iniciar nosso estudo com o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil,
apresentando uma definição de contratos unilaterais e bilaterais, gratuitos e onerosos, comutativos e
voltados à garantia de dívida. 
Por fim, será apresentado o regime jurídico dos direitos reais aqui trabalhados, de modo a resumir e
sistematizar as principais regras sobre a matéria.

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aleatórios, conteúdo a ser visto neste primeiro módulo.
Contratos unilaterais e bilaterais
Essa classificação costuma gerar dúvidas, pois os negócios jurídicos têm duas classificações como
unilaterais e bilaterais (e, lembre-se, o contrato é um tipo de negócio jurídico). 
As palavras unilateral e bilateral têm um duplo significado na teoria negocial:

Em uma primeira perspectiva, significam as manifestações de vontade necessárias para a formação de
um negócio.

Em uma segunda perspectiva, significam a reciprocidade de prestações que compõem a obrigação
negocial.
Observe que, até agora, fala-se em negócio jurídico, não especificamente em contrato. 
Vejamos, a seguir, as duas perspectivas.
Negócio jurídico unilateral
O negócio jurídico unilateral possui dois significados:

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
Manifestações de vontades necessárias para a formação do negócio jurídico.

Reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial.
Com relação ao primeiro significado, há negócios jurídicos cuja manifestação de vontade de apenas uma
pessoa já é suficiente para constituir o negócio e o vínculo obrigacional com outra pessoa, mesmo que esta
nem sequer tenha conhecimento da manifestação de vontade do declarante. 
Nesse caso, alguém será parte de um negócio jurídico, mesmo que não tenha dado seu aceite. Caso não
queira ser parte de tal negócio, deverá então renunciar ao direito que adquiriu. 
Essa situação ocorre, por exemplo, nas promessas de recompensa e nos testamentos.
No testamento, o testador nomeia alguém seu herdeiro e, quando falece, esse herdeiro se torna, de pleno
direito, o proprietário dos bens da herança (art. 1.784 do Código Civil), mesmo que não tenha conhecimento
de que foi nomeado para tal situação. 
Assim, o herdeiro é parte do negócio jurídico (testamento) e adquire um direito mesmo sem dizer que
aceita. Caso não queira os bens da herança, deverá renunciar ao seu direito de herdeiro, mas a aquisição de
tal direito independe de sua vontade.
No que tange à reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial, há
aqueles negócios em que somente uma das partes assume prestação, ou seja, uma parte realiza um dar, um
fazer ou um não fazer, e a outra parte apenas se beneficia, não devendo praticar nenhum ato para receber a
prestação (o que corresponde ao segundo significado do negócio jurídico unilateral).
Naqueles testamentos em que não se exige contrapartida do herdeiro (sem encargo ou modo, portanto),
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somente o espólio (representando e cumprindo a vontade do de cujus) dará bens ao herdeiro, que nada
precisa dar, fazer ou não fazer para se beneficiar.
Na doação simples, por exemplo, somente o doador assume a prestação de dar (sempre será um dar) e o
donatário apenas se beneficia, nada precisando dar, fazer ou não fazer.
Atenção
Observe que, nessa situação, é possível existir um contrato unilateral, pois pode ocorrer de somente uma
das partes ter o dever de prestar algo. Contudo, tal contrato sempre será bilateral quanto às manifestações
de vontades necessárias para a formação.
Negócio jurídico bilateral
O negócio jurídico bilateral também tem dois significados (os mesmos do unilateral):

Manifestações de vontades necessárias para a formação do negócio jurídico.

Reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial.
Quanto às manifestações de vontades necessárias para a formação do negócio jurídico, existem negócios
que precisam de duas manifestações de vontade para ser constituídos, ou seja, alguém oferece um negócio
e o outro aceita. Sem a aceitação da proposta, não há negócio jurídico.
O negócio bilateral por excelência é o contrato: quando alguém realiza uma
proposta, somente se o seu destinatário aceitá-la é que haverá a conclusão do
contrato.
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Vejamos dois exemplos:
Quando alguém oferece um carro para outra pessoa comprar (manifestação de vontade de vender), só
haverá a compra e venda docarro se essa pessoa aceitar comprá-lo (manifestação de vontade de comprar).
No caso de uma doação simples ou pura: o dono de um apartamento deseja doar o imóvel ao filho
(manifestação de vontade de dar). Somente haverá doação se o filho aceitar o “presente” (manifestação de
vontade de receber).
Atenção
Todo contrato é bilateral quanto às manifestações de vontade necessárias para sua formação, ou seja,
nesse aspecto, não existe “contrato unilateral”, somente contrato bilateral. Isso se deve ao fato de que,
conceitualmente, um contrato é um acordo de vontades: um acordo depende de mais de uma pessoa para
existir, pois significa consenso.
Acerca da reciprocidade entre as partes quanto às prestações que compõem a obrigação negocial, ambas
as partes assumem prestações, ou seja, uma parte terá que dar, fazer ou não fazer algo e a outra parte
também terá que dar, fazer ou não fazer algo. Há, assim, uma reciprocidade de prestações: ambos prestam
e ambos devem se beneficiar de acordo com seus interesses. 
Em uma compra e venda, por exemplo, uma parte (vendedor) dá o carro e a outra parte (comprador) dá o
preço (dinheiro). Ambos prestaram reciprocamente.
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Doação
Agora, veja que interessante: alguém promete doar um carro a uma pessoa se esta, por exemplo, visitar
crianças internadas num hospital e brincar com elas todos os sábados de manhã durante seis meses. 
Observe que aqui há uma prestação de dar do doador, desde que o donatário realize uma prestação de
fazer. Ambas as prestações são cumpridas como liberalidades. Esse é um tipo de doação chamada doação
modal ou por encargo. Embora seja uma doação, ela tem prestações recíprocas: dar carro – fazer visitas.
Observe que se trata de uma doação bilateral, pois doador e donatário têm prestações um para com o outro.
Atenção
Atente para a diferença para com a doação simples, em que só uma parte tem que dar. 
Lembre-se: a conduta de quem recebe não é uma prestação (fazer x para receber y); não existe a “prestação
de receber”, mas somente dar, fazer e não fazer.
Existem dois tipos de contratos de doação:

Simples

Modal
Quanto às prestações, a primeira é unilateral e a segunda, bilateral. Porém, quanto às manifestações de
vontade para ser constituídas, sendo elas contratos, e todo contrato é bilateral, tanto a doação simples
quanto a doação modal são bilaterais. 
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Situação semelhante ocorre com o testamento, pois há aqueles em que nada se exige do herdeiro e é
possível um testamento em que se impõe um encargo ao herdeiro como condição para receber a herança. 
Assim, veja que interessante: quanto às manifestações de vontade necessárias para a formação, todo
testamento é bilateral; mas, quanto à reciprocidade de prestações entre herdeiro e espólio do testador, é
possível que seja unilateral (sem encargo para o herdeiro) ou bilateral (com encargo para o herdeiro).
Classificação
Esta introdução é necessária para dizer que, precisando de manifestações recíprocas para ser formado,
todo contrato é bilateral. Logo, não há classificação do contrato quanto a esse aspecto. 
Contudo, como é possível em um contrato que uma parte não tenha que dar, fazer ou não fazer para receber
uma prestação da outra parte, ele pode ser classificado em:
Contrato unilateral
Aquele em que somente uma das partes assume uma prestação de dar, fazer ou não fazer, enquanto a
outra parte apenas recebe o benefício.
Contrato bilateral
Aquele em que ambas as partes prestam, reciprocamente, ou seja, uma para a outra, um dar, um fazer ou
um não fazer.
Contratos plurilaterais
Há, ainda, os negócios plurilaterais e, consequentemente, os contratos plurilaterais, aqueles em que há três
ou mais partes envolvidas e vinculadas entre si. 
Aqui há peculiaridades: será plurilateral na formação e na prestação, visto que poderemos ter hipótese na
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qual apenas haverá bilateralidade na manifestação de vontade, por exemplo. 
Veja o esquema a seguir, que utiliza, como exemplo, a constituição de uma sociedade empresarial.
Figura 1: Pluralidade contratual.
No caso da pluralidade contratual, tem-se: 
Bilateralidade de manifestação de vontade entre os sócios, para a constituição da sociedade.
Bilateralidade de prestações entre os sócios e a sociedade, pois todos têm deveres recíprocos na relação
e para a constituição da sociedade, além de deveres da sociedade para com os sócios (ex.: distribuição
de lucros ou pro labore aos sócios administradores).
Mas essa é uma peculiaridade, até pelas situações de muita especialidade que estão envolvidas.
Bilateralidade negocial
Veja, a seguir, um esquema representativo da bilateralidade negocial quanto às vontades.
Figura 2: Bilateralidade de manifestações de vontade.
Observe um detalhe: a representação do vínculo (seta) entre os sujeitos 1 e 2. O objetivo desse tracejo é
demonstrar que o vínculo entre eles é propositivo e uma expectativa; somente com o encontro do consenso
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é que se constitui o contrato. 
A seguir, observe um esquema representativo da unilateralidade contratual quanto às prestações:
Figura 3: Unilateralidade contratual.
E, na figura seguinte, temos o esquema da bilateralidade contratual quanto às prestações:
Figura 4: Bilateralidade contratual quanto às prestações.
Compare as figuras 3 e 4. Veja que a figura 3 destaca que a Parte 2 somente se beneficia e, por isso, é
unicamente credor; já a Parte 1 tem o dever de prestar, assim é unicamente credor. 
Já a figura 4 destaca a reciprocidade e, assim, tanto a Parte 1 quanto a Parte 2 são credores e devedores
entre si igualmente.
A existência de uma contraprestação faz com que o contrato tenha a bilateralidade ou a chamada
sinalagmaticidade. O contrato bilateral quanto às prestações é sinalagmático porque apresenta a
reciprocidade de prestações, ou seja, um sinalagma.
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Atenção
A classificação de um contrato em unilateral e bilateral é importantíssima para fins de revisão ou resolução
do contrato por onerosidade excessiva (arts. 317 e 478 do Código Civil), situação que, embora devesse ser
extraordinária, é quase que corriqueira no dia a dia forense.
Contratos gratuitos e onerosos
Para entender esta classificação, tenha em mente os ganhos e perdas patrimoniais dos contratantes
quando celebram um contrato.
Por exemplo, na compra e venda de um carro, cujo preço é R$30 mil, o vendedor “perde” o carro do seu
patrimônio (“empobrece”) e o comprador “perde” R$30 mil do seu patrimônio. 
No entanto, o comprador “ganhará” um carro e o vendedor “ganhará” R$30 mil.
Perceba, assim, que as partes dessa compra e venda de veículo ganham e perdem recursos econômicos ao
mesmo tempo, reciprocamente. Ao final do contrato, ambas as partes terão o patrimônio com valor nominal
aproximado ou igual ao anterior ao contrato, mas, para isso, tiveram antes que dispender valores apreciáveis
econômica ou pecuniariamente.
Contrato oneroso
Um contrato oneroso ocorre quando ambas as partes ganham e perdem reciprocamente, ou seja, ambas as
partes dispendem recursos econômicos com a execução do contrato. 
No exemplo dado quanto à compra e venda, ambas as partes, comprador e vendedor, assumiram cargas
pecuniárias do contrato: o vendedor assumiu a prestação de dar um carro (que vale R$30 mil) e o
comprador assumiu a prestação de pagar o preço (dar R$30 mil).
Imagine outro exemplo, a locação de um imóvel residencial urbano: o locador (proprietáriodo imóvel)
entrega o imóvel para o locatário (inquilino) usar e usufruir, enquanto o locatário pagará o valor mensal do
aluguel. Veja que ambos trocam valores.
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A onerosidade de um contrato se fundamenta na troca de valores, ou seja, em
ambas as partes assumirem ônus (ou cargas) economicamente apreciáveis.
Porém, isso não significa dizer que a onerosidade diz respeito, apenas, à troca de coisas e de dinheiro. É
possível que a carga assumida seja um fazer ou não fazer, isto é, um encargo.
Podemos mencionar a doação modal ou por encargo, quando alguém promete doar um terreno para uma
prefeitura se o município transformar o imóvel em uma praça de lazer. Observe que aqui há uma prestação
de dar do doador, desde que o donatário realize uma prestação de fazer. Ambas as prestações são
economicamente apreciáveis.
Atenção
É preciso saber que a conduta humana – ação (prestação de fazer) ou inação (prestação de não fazer) –
implica trabalho, uma grandeza física relacionada à transferência de energia. E energia, para o Direito, tem
valor econômico. Então, um fazer ou um não fazer são valores patrimoniais que, quando prestados,
implicam uma carga patrimonial.
Contrato gratuito
Já o contrato gratuito, também chamado de benéfico, é aquele em que somente uma das partes terá
dispêndio patrimonial, ou seja, uma parte reduz seu patrimônio e a outra parte, que recebe os valores da
primeira, incrementa seu patrimônio sem nada ter que prestar (dar, fazer ou não fazer). Assim, somente uma
das partes é beneficiada. 
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Por exemplo, em uma doação pura ou simples de um carro de R$20 mil, o donatário reduzirá seu patrimônio
(carro) e o donatário aumentará o seu, sem nada ter que dar, fazer ou não fazer.
Outro exemplo é o comodato, um tipo de empréstimo em que a coisa dada em uso é infungível e não pode
haver cobrança de valores por esse empréstimo (afinal, se houvesse cobrança, seria locação). O comodante
entrega algo do seu patrimônio, ainda que momentaneamente, para outro utilizar, sem que precise
dispender patrimônio.
Classificação
Temos, em resumo:

Contratos onerosos
Ambas as partes assumem dispêndios, mas ambas as partes auferem vantagens patrimoniais ou
meramente contratuais.

Contratos gratuitos ou benéficos
Apenas uma parte será beneficiada, enquanto a outra apenas dispende patrimônio.
Essa classificação de contratos em onerosos e benéficos tem algumas repercussões, como veremos a
seguir:

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Observe, agora, a estreita relação que existe entre contratos unilaterais e gratuitos e contratos onerosos e
bilaterais:

Veja que no contrato unilateral somente uma das partes assume prestação, assim como no contrato
benéfico (gratuito) somente uma parte sacrifica seu patrimônio para a execução do contrato. A outra
A revisão e a resolução contratuais dos arts. 317 e 478 do Código Civil apenas se aplicam aos
contratos onerosos.
Os contratos benéficos são interpretados estritamente (art. 114 do Código Civil). Uma
interpretação estrita ou restritiva é aquela que se limita ao sentido estrito, específico, da
cláusula contratual, sem ampliação de efeitos e significados (interpretação extensiva).
Doação pura (benéfica ou gratuita) feita a absolutamente incapaz. Em se tratando de uma
doação pura, na qual o donatário seja absolutamente incapaz, dispensa-se a aceitação. Logo:
não precisa ser aceita pelo representante (ele não vai escolher pelo donatário), tal doação
será aceita. (art. 543 do Código Civil).
A promessa de contratos onerosos (contrato preliminar ou promessa de contratar) deve ser
cumprida, caso não exista cláusula de arrependimento, ou seja, o contrato será forçosamente
concluído em âmbito judicial (art. 463 e arts. 1.417 e 1.418, todos do Código Civil). Quanto
aos contratos gratuitos, não existe um consenso nos tribunais se, por exemplo, uma
promessa de doação pura deve obrigatoriamente levar à celebração do contrato de doação.
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parte nada dá, faz ou não faz, mas aufere vantagens patrimoniais.

Já no contrato bilateral, ambas as partes têm prestações recíprocas. 
Consequentemente, ambas irão auferir vantagens e, simultaneamente, dispender valores patrimoniais
(onerosidade do contrato).
Contratos comutativos e aleatórios
Essa classificação se fundamenta em dois critérios:
1. Ciência das circunstâncias contratuais, previamente à execução do contrato, quanto às prestações a ser
prestadas;
2. Equivalência entre as prestações.
Contrato comutativo
Em um contrato comutativo, ambas as partes celebram o contrato com plena ciência das circunstâncias e
das condições negociais.
É um contrato em que ambas sabem o quanto podem ganhar e o quanto
podem perder. Portanto, há previsibilidade dos efeitos do contrato; há
segurança.
Outrossim, em um contrato comutativo as prestações apresentam uma equivalência de valores e
proporções. Isso significa que ambas as partes têm encargos e vantagens recíprocos, proporcionais,
equivalentes.
Exemplo

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Na relação de compra e venda de um carro cujo valor de mercado é R$50 mil, ambas as partes têm
conhecimento das circunstâncias.
Contrato aleatório
Já o contrato aleatório é aquele em que não há uma equivalência, uma igualdade de condições, pois uma
das partes assume riscos: terá que executar a sua prestação sem a certeza de que auferirá vantagens, pois
a parte assume os riscos de certas circunstâncias prejudicarem os benefícios que poderia ter.
O exemplo típico é a compra de safra futura, em que uma parte assume o dever de pagar o preço de uma
safra que ainda será colhida e que, às vezes, nem ao menos existe no momento da formação do contrato.
Pode ser que, meses depois, a safra seja recorde e o comprador adquira mais frutos que o normal, ou que a
safra produza pouco, mas, mesmo assim, o comprador deverá pagar o valor ajustado anteriormente, ainda
que o preço seja muito superior à safra que está adquirindo. Esse tipo de contrato, a propósito, é muito
comum na aquisição das safras de soja.
Comutatividade e aleatoriedade
Vejamos o que esses termos significam:
Comutatividade
Certeza de benefícios e sacrifícios (ausência de riscos) e equivalência de prestações.
Aleatoriedade
Risco de não obter vantagens, mas só sacrifícios, o que pode fazer com que não haja equivalência entre as
prestações, pois somente uma das partes pode se beneficiar.
Atenção
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Não confunda certos riscos típicos dos contratos com riscos maiores. Por exemplo, o risco de
inadimplemento ou o risco de vício redibitório não torna o contrato aleatório, pois são normais e estão
presentes em todos os contratos. Os riscos na aleatoriedade são maiores, mais incomuns, não ordinários
no dia a dia das negociações.
“Aleatoriedade” tem origem do latim alea, que significa “sorte”. (Há, inclusive, o famoso brocardo Alea jacta
est!, ou a “A sorte está lançada!”, atribuído a Júlio Cesar.) Veja que, em um contrato aleatório, a parte que
assumiu os riscos conta com a sorte (algo imprevisível) para auferir vantagens.
Exemplos:
Jogo de loteria
Paga pelo jogo e pode receber o prêmio ou nada.
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Aposta
Paga o valor e pode receber ou não o prêmio.
Seguro
Paga à seguradora,que, por sua vez, talvez tenha que pagar uma indenização em caso de sinistro.
O risco assumido pela parte pode ser quanto à existência da coisa ou quanto à quantidade da coisa:
Emptio spei
É a “venda da esperança” e o risco é quanto à existência da coisa. Nesta modalidade, a parte pagará sua
prestação mesmo que a coisa que a outra parte deve prestar não exista em momento posterior à
celebração do contrato. Se a coisa existir, tem direito de receber e tem o dever de pagar; mas, se a coisa
não existir no futuro, não tem nada a receber e terá o dever de pagar mesmo assim (isso se já não tiver
pago antecipadamente; aí não tem direito de reaver o que pagou). Está previsto no art. 458 do Código Civil
que “se o contrato for aleatório, por dizer respeito a coisas ou fatos futuros, cujo risco de não virem a
existir um dos contratantes assuma, terá o outro direito de receber integralmente o que lhe foi prometido,
desde que de sua parte não tenha havido dolo ou culpa, ainda que nada do avençado venha a existir”.
Emptio rei speratae
O risco assumido é quanto à quantidade da coisa, ou seja, a coisa necessariamente deverá existir. Se não
existir a coisa, nada é devido pelo comprador; mas, se a coisa vier a existir, o comprador deverá pagar o
preço ajustado, independentemente da quantidade produzida. Está previsto no art. 459 do Código Civil
que “se for aleatório, por serem objeto dele coisas futuras, tomando o adquirente a si o risco de virem a
existir em qualquer quantidade, terá também direito o alienante a todo o preço, desde que de sua parte
não tiver concorrido culpa, ainda que a coisa venha a existir em quantidade inferior à esperada. [...] Mas,
se da coisa nada vier a existir, alienação não haverá, e o alienante restituirá o preço recebido”.
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Deve ter sido acordado por ambas as partes;
Deve existir no instrumento contratual (escrito) uma cláusula que expresse essa intenção das
partes;
Se o contrato for verbal, é preciso concordar inequivocamente com a aleatoriedade e ter
testemunhas para comprovar o que ficou acertado.
Essa classificação é importante porque a revisão e a resolução contratual por fatores extraordinários e
imprevisíveis (arts. 317 e 478 do Código Civil) somente poderão ocorrer se o contrato for comutativo.
Vem que eu te explico!
Nesse espaço, o professor Filipe Medon complementa o que vimos até aqui.
MÓDULO 1
Vem que eu te explico!
Mas como saber quando o contrato aleatório é emptio spei ou emptio rei speratae? 

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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Assinale a alternativa correta:
A
Em uma locação urbana comercial, o contrato será unilateral, pois o locatário paga a
prestação do aluguel, mas o locador do imóvel não assume um dar, um fazer ou um não
fazer.
B
Em uma emptio rei speratae, o comprador deverá pagar o preço ajustado mesmo que a
coisa não seja produzida.
C A comutatividade é a ausência de equivalência das prestações.
D
O contrato sempre será bilateral quanto à formação, porque envolve pelo menos duas
partes.
E Todo contrato é aleatório porque todo contrato possui riscos.
Parabéns! A alternativa D está correta.
É a definição de negócio jurídico bilateral, cuja espécie é o contrato. Nem sempre o contrato será
bilateral quanto às prestações, mas, quanto à formação, sempre será bilateral.
Questão 2
Sobre o contrato unilateral, assinale a seguir a alternativa correta.
A A emptio spei é um dos seus tipos.
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2 - Características dos contratos
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de analisar as principais
características dos contratos nominados e inominados, reais, formais e
consensuais, instantâneos, sucessivos e de execução diferida.
B
Em se tratando de emptio rei speratae, o contrato não será unilateral se a coisa não vier a
existir.
C Ambas as partes auferem pelo menos uma vantagem.
D Existe quando somente uma parte elabora o contrato.
E Um contrato sinalagmático não pode ser unilateral.
Parabéns! A alternativa E está correta.
Sinalagmaticidade é sinônimo de bilateralidade, ou seja, todo contrato sinalagmático é bilateral e
nunca unilateral.
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A tipicidade e a execução dos contratos
No vídeo a seguir, o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, faz uma explicação geral do
art. 425, do art. 107 e do art. 131 do Código Civil.
Contratos nominados e inominados
Alguns contratos existem há séculos e vêm sendo praticados até os dias atuais –obviamente, com
adaptações e modificações. Dois deles são:

Contrato de compra e venda (emptio).

Contrato de troca ou permuta (que antigamente era chamada de “escambo”).
Esses contratos antigos foram sendo recebidos pelas legislações ao longo do tempo e recebendo nomes,
designações comuns. A designação dada a um instituto jurídico é chamada nomen juris. 
Assim, um contrato nominado é aquele que tem um nomen juris que lhe foi atribuído pela tradição negocial
ou pela lei. A título de exemplo, veja os contratos aos quais o Código Civil atribui um nome: 
compra e venda;
troca ou permuta;
contrato estimatório;
doação;
locação de coisas;
empréstimo (comodato e mútuo);
prestação de serviço;
empreitada;
depósito;
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mandato;
comissão;
agência;
distribuição;
corretagem;
transporte;
seguro;
constituição de renda;
jogo e da aposta;
fiança;
transação;
compromisso.
No entanto, aqueles contratos “inventados” pelas partes ou os que estão sendo incorporados às práticas
negociais recentemente, e que ainda não têm uma designação comum (nomen juris comum), são chamados
de inominados. 
Dessa maneira:
Os contratos nominados, por serem antigos, reconhecidos pelo mundo dos negócios ou por terem sido
concebidos pela legislação, geralmente são disciplinados pela lei. Assim, terão um conjunto de normas
legais que estabelecem parâmetros para sua formação e execução. Por receberem um “nome legal”, são
classificados como nominados. 
Contudo, quando um contrato recebe previsão legal e tem regras legais próprias, esse contrato é
classificado como típico, ou seja, aquele contrato é um tipo legal (ou jurídico).
Basicamente, um contrato típico é aquele previsto em lei e que tem regras
próprias criadas pelo legislador.
Contratos nominados
Têm um nomen juris dado pela tradição negocial ou pela lei.
Contratos inominados
Não têm nomen juris, pois: 1) podem ter sido criados pelas práticas negociais recentemente; e
2) foram imaginados exclusivamente pelas partes para exclusivamente um acordo entre elas
(ou seja, não é de conhecimento comum).
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São exemplos de contratos típicos, com suas respectivas normatizações:
TIPO CONTRATUAL LEGISLAÇÃO
Compra e venda; troca ou permuta; contrato estimatório; doação; locação de
coisas; empréstimo (comodato e mútuo); prestação de serviço; empreitada;
depósito; mandato; comissão; agência; distribuição; corretagem; transporte;
seguro; constituição de renda; jogo e da aposta; fiança; transação; e
compromisso
Arts. 481 a 853 do
Código Civil
Alienação fiduciária em garantia
Lei nº 4.728/1965;
Decreto-Lei nº
911/1969; Lei nº
8.668/1993; e Lei
nº 9.514/1997
Locação de imóvel urbano Lei nº 8.245/1991
Arrendamento e parcerias rurais
Decreto nº
59.566/1966
Leasing
Lei nº 11.649/2008;
Lei nº 6.099/1974
Quadro 1: Exemplos de contratostípicos.
Entretanto, se um contrato é praticado pelas pessoas e não tem normas próprias, específicas para ele, na lei,
esse contrato é classificado como atípico. 
Essa atipicidade do contrato pode decorrer dos fatores descritos a seguir:
As partes, ao negociarem, criaram uma figura própria de negócio, algo concebido por elas e
que não se enquadra nas figuras contratuais já conhecidas e previstas na lei. O Código Civil,
no art. 425, permite que as pessoas “inventem” contratos: “É lícito às partes estipular
contratos atípicos, observadas as normas gerais fixadas neste Código”.
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Assim, podemos sintetizar a diferenciação entre contratos típicos e atípicos da seguinte forma:
Típicos
Aqueles que têm previsão legal e regras próprias
Atípicos
Aqueles que não têm previsão legal e regras próprias, devendo se submeter às normas gerais dos negócios
jurídicos (arts. 104 a 184 do Código Civil) e dos contratos (arts. 421 a 480 do Código Civil).
Atenção
É comum confundir os contratos nominados com os típicos e os contratos inominados com os atípicos. Na
maioria das vezes, essa correlação é possível, mas há exemplos de exceções.
No caso de contrato de prestação de serviços de publicidade, o tempo e a prática sem previsão legal o
tornaram nominado; sempre que praticado, recebe esse nome, mas não tem previsão legal específica,
As práticas negociais foram criando e desenvolvendo figurar contratuais próprias para certos
setores. Um exemplo é a alienação fiduciária em garantia (cujo exemplo mais conhecido é o
“financiamento de veículo”). Embora de origens antigas no Direito Romano, foi no início do
século XX que esse contrato passou a ser mais utilizado nos Estados Unidos, sendo
importado para o Brasil. O contrato existia e era praticado por setores econômicos havia
anos, mas foi só na década de 1960 que o contrato se tornou típico, com a Lei nº 4.728/1965
e o Decreto-Lei nº 911/1969. Na década de 1990, outras duas leis estenderam o âmbito de tal
negócio: a Lei nº 8.668/1993 e a Lei nº 9.514/1997.
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motivo pelo qual é considerado atípico.
A locação de vagas autônomas em garagem não tem um nomen juris (p. ex.: “locação de garagem”), mas
tem normas próprias, quais sejam, as regras da Lei de Locações dos Imóveis Urbanos (art. 1º, parágrafo
único, alínea a, n. 2, da Lei nº 8.245/1991). Assim, há normas legais, mas não um nome.
A classificação é importante por questões de segurança jurídica, pois, ao escolher uma figura típica e
nominada, há mais certezas quanto ao modo de cumprimento do contrato. Além disso, se em um contrato
típico à parte descumprir regras legais, haverá inadimplemento. 
Por fim, não é tão importante o nome que as partes dão ao contrato que celebram. O que importa é a
intenção das partes. Assim, se um contrato foi chamado pelas partes de “comodato”, mas nele há cobrança
de aluguel, na verdade pouco importa o nome. O que prevalecerá é o desejo das partes expresso nas
cláusulas (ceder o uso e cobrar aluguel).
O art. 112 do Código Civil prescreve que “nas declarações de vontade se
atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da
linguagem”.
Contratos reais, formais e consensuais
Esta classificação diz respeito a requisitos para se perfazer um contrato, isto é, torná-lo perfeito. Um
contrato é perfeito quando devidamente concluído e, então, poderá produzir efeitos jurídicos legitimamente.
Logo, um contrato perfeito é aquele que foi concluído e pode produzir efeitos tutelados pelo Direito.
Atenção
“Conclusão” não é o fim do contrato, mas seu início; “concluído” significa que as negociações preliminares
foram encerradas e o contrato foi formado (“celebrado”) e está pronto para ser executado.
Os contratos consensuais são aqueles que seguem a regra do consensualismo, pela qual basta o consenso
para existir um contrato, isto é, que as partes estejam de acordo. Por isso, um contrato é um acordo de
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vontades.
O consensualismo está previsto no art. 107 do Código Civil: “A validade da declaração de vontade não
dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. 
O consensualismo não exige uma forma específica para instrumentalizar o acordo contratual. Assim, o
contrato poderá ser verbal ou escrito, sem exigências, cuja escolha fica a critério das partes. 
Por outro lado, pode ser que a lei exija, em certas situações, excepcionalmente, que o contrato seja
instrumentalizado, isto é, que o acordo de vontades seja escrito em um instrumento contratual. Esses são
os contratos formais, que seguem a regra do formalismo, pela qual o contrato só será perfeito se celebrado
com uma forma prescrita ou admitida (não proibida) pela lei (art. 104, III, do Código Civil). 
Dessa maneira, não bastará o acordo de vontade entre as partes para que o contrato seja perfeitamente
concluído, como ocorre nos contratos consensuais; é necessário que esse acordo seja transcrito em um
instrumento escrito.
Para entender melhor essa classificação, veja quais são as formas prescritas ou admitidas em lei:

Contrato verbal

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Contrato escrito
O contrato verbal é celebrado sem ser por escrito, através de uma comunicação oral, admitindo-se, ainda, a
comunicação por telefone (art. 427 do Código Civil). É mais conhecido como contrato “de boca”. 
Porém, em certas situações, a lei exigirá que a manifestação de vontade do contrato seja transcrita em um
documento (contrato escrito), que pode ser de dois tipos:
Público
Quando for redigido por um tabelião, em cartório de notas – é a chamada escritura pública ou instrumento
público.
Particular
Quando for redigido pelas partes ou por outra pessoa a seu pedido, desde que não seja um tabelião – é o
chamado instrumento particular ou, raramente, escritura particular.
Atenção
Reconhecimento de firma em cartório não transforma o instrumento particular em uma escritura pública.
Pelo consensualismo, as partes escolhem a forma que bem entenderem para o contrato, pois um contrato
consensual só exige uma coisa: que as partes estejam de acordo (consenso). 
Mas, pelo formalismo, a lei exigirá, em hipóteses específicas, que as partes adotem a forma escrita,
chegando a exigir, às vezes, que a forma seja a escritura pública. 
Veja três exemplos do Código Civil a seguir:
Quando o proprietário de um imóvel aliena o bem ou constitui outro direito real (p. ex.: usufruto,
superfície, servidão etc.) e o imóvel tem um valor superior a trinta salários mínimos, o contrato que
envolve esse direito real deve ser celebrado por escritura pública: “Não dispondo a lei em contrário, a
Artigo 108 
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escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição,
transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes
o maior salário mínimo vigente no País”.
Doação de imóvel de valor superior a trinta salários mínimos deve ser feita por escritura pública. Nas
outras hipóteses (imóveis de valor inferior a trinta salários mínimos ou bens móveis), exige-se a
forma escrita: “A doação far-se-á por escritura pública ou instrumento particular”. Pelo parágrafo
único do art. 541, bens imóveis de pequeno valor podem ser doados de forma verbal. Veja que, nesse
caso, adota-se o consensualismo, isto é, a menos que as partes queiram, não é obrigatória a forma
escrita: “A doação verbal será válida, se, versandosobre bens móveis e de pequeno valor, se lhe
seguir incontinenti a tradição”.
O seguro deve ser celebrado por meio da apólice, que é o instrumento particular do contrato: “O
contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete do seguro, e, na falta deles, por
documento comprobatório do pagamento do respectivo prêmio”.
Assim:
Contratos consensuais
Aqueles cuja celebração é livre, ou seja, as partes escolhem a forma contratual mais conveniente aos
seus interesses.
Artigo 541, caput 
Artigo 758 
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Contratos formais
Aqueles em que a lei exige uma forma de expressão da manifestação de vontade, que será escrita em
documento público ou particular.
Exemplo
As partes podem celebrar o contrato da forma que bem entenderem, mas optam que será feito por escritura
pública. 
Nesse caso, de acordo com o art. 109 do Código Civil, o contrato não será perfeito se não for elaborado em
cartório, apesar de, originalmente, poder ser feito de qualquer forma. “No negócio jurídico celebrado com a
cláusula de não valer sem instrumento público, este é da substância do ato.”
Existem dois tipos de formalidades contratuais no âmbito dessa classificação:
Quando as partes, em um contrato consensual, decidem transcrever a manifestação de vontade em
um documento (instrumento público ou particular). 
O objetivo dessa decisão é uma precaução das partes: ter prova documental do acordo para o caso,
por exemplo, de uma judicialização. (Por isso, probationem, ou seja, para servir de prova.) 
Apesar da transcrição em documento escrito, o contrato consensual não se tornou um contrato
formal. A formalidade é para fins comprobatórios, não para fins constitutivos do ato.

Ad probationem 
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Neste caso, a formalidade é fator que constitui o contrato, ou seja, sem ter uma forma escrita, o
contrato não estará perfeito. 
O contrato até pode existir, pois reúne os elementos constitutivos (agentes, objeto, manifestação de
vontade e forma), mas não será válido e, consequentemente, não produzirá efeitos juridicamente
tuteláveis (art. 166, IV e V, do Código Civil). 
Aqui, o objetivo da transcrição não é só comprovar que o contrato existe, mas também torná-lo
concluído.
Porém, há contratos em que não basta o consenso nem a transcrição em documentos; é necessário que
ocorra a chamada tradição de uma coisa (traditio) para que o contrato se torne perfeitamente concluído, o
contrato real.
Real vem de res, que significa “coisa”. Assim, real é o contrato que, para ser
concluído, precisa que a coisa objeto do contrato seja entregue à outra parte.
Um contrato real é aquele que só será concluído (tornar-se perfeito) com a entrega de uma coisa, ato
designado de tradição. Sem a entrega da coisa contratada, o contrato ainda não existe; o que existirá são só
as negociações preliminares.
Exemplo
No caso da locação de imóvel residencial urbano, não basta um acordo entre as partes (locatário e locador)
e a assinatura de documentos se o locador não entregar o imóvel para o locatório tomar posse e dele
usufruir. Assim que ocorre a entrega das chaves do imóvel, o contrato finalmente é concluído e se torna
perfeito.
Contratos instantâneos, sucessivos e de
execução diferida
Observe a seguinte imagem, que representa o processo natural da existência de um contrato:
Ad solemnitatem 
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Figura 5: Formação e execução do contrato.
Atenção
Repita-se: “Conclusão” não é o fim do contrato, mas seu início; “conclusão” significa que as negociações
preliminares foram “concluídas” e o contrato foi formado (“celebrado”) e está pronto para ser executado.
Esses marcos temporais do contrato explicam bem a classificação em contratos instantâneos, sucessivos e
de execução diferida, pois diz respeito ao momento em que as prestações – ou seja, as cláusulas
contratuais – devem ser cumpridas. 
Assim, no âmbito temporal, os contratos podem ser:
Instantâneos
Os contratos instantâneos ou de execução imediata são aqueles cuja execução (isto é, o cumprimento da
prestação) ocorre instantaneamente ao momento da conclusão: tão logo o contrato é concluído (celebrado)
ele já é cumprido pelas partes. Um exemplo é a compra e venda à vista. 
Assim, nos contratos instantâneos, a fase de execução é encurtada e ocorre no mesmo instante da
celebração do negócio.
De longo prazo
Os contratos de longo prazo (trato sucessivo) são aqueles que terão uma fase de execução estendida,
prolongada para bem depois da conclusão. Ou seja, o contrato é executado ao longo do tempo, após a
conclusão. Podem ser dias, semanas, meses ou até anos. Alguns exemplos: o financiamento de um carro
(alienação fiduciária); “venda no crediário”; e prestação de serviço periódico. 
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Tenha em mente, então, que um contrato de longo prazo é executado no futuro. Mas futuro em relação ao
quê? Em relação à conclusão do contrato, isto é, sua celebração.
Os contratos de longo prazo podem ser de dois tipos, dependendo da forma como a prestação será
cumprida no futuro:
Quando a prestação é cumprida integralmente, de uma só vez, no futuro (isto é, após a celebração
do contrato). 
No momento adequado, a prestação será paga totalmente, porém, esse momento adequado é
posterior à conclusão do contrato.
Quando a prestação é cumprida no futuro parceladamente ao longo do tempo, em partes. 
Costuma-se falar em “pagar as prestações do carro”, por exemplo. Mas, na realidade, existe uma
prestação que é dividida em parcelas. Assim, o correto é “pagar as parcelas da prestação do carro”. 
O Código Civil, no art. 478, chama o contrato sucessivo de contrato de execução continuada.
Essa classificação é importante, principalmente para fins de revisão e resolução contratuais decorrentes da
onerosidade da prestação por fatores extraordinários e imprevisíveis. Os contratos instantâneos ou de
execução imediata não podem ser resolvidos ou revisados por onerosidade excessiva decorrente de fatores
extraordinários e imprevisíveis; já os de trato sucessivo o poderão.
Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para
a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis,
Contratos de execução diferida 
Contratos de execução sucessiva ou continuada 
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poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença
que a decretar retroagirão à data da citação.
(CÓDIGO CIVIL, Artigo 478, 2002)
Vem que eu te explico!
Neste espaço, o professor Marcos de Souza complementa o que vimos até aqui.
MÓDULO 2
Vem que eu te explico!
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?

Questão 1
A compra e venda não é um contrato:
A Típico
B Nominado
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C Deferente
D Imediato
E Sucessivo
Parabéns! A alternativa C está correta.
Não existe “contrato deferente” no rol das classificações. Tendo nome e previsão legais, o
contrato é típico e nominado. Se o pagamento da prestação for à vista, será imediato; se for
dividido em parcelas, será sucessivo.
Questão 2
A locação comercial é um contrato:
A Resolúvel
B Atípico
C Inominado
D Sucessivo
E À vista
Parabéns! A alternativa D está correta.
O pagamento mensal de aluguel torna-o de trato sucessivo ou de prestação continuada. Étípico e
nominado por previsão legal (Lei nº 8.245/1991). As classificações resolúvel e à vista não
existem.
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3 - Contratos derivados, indiretos e de adesão
Ao final deste módulo, você deverá ser capaz de identificar os contratos
derivados, indiretos e de adesão.
Contratos derivados ou subcontratos
Os derivados são contratos originados de outro: têm uma das partes originais e o mesmo objeto do
contrato, mas haverá uma nova parte. Veja o esquema representativo:
Figura 6: Subcontrato.
Observe que existe um primeiro contrato entre duas pessoas, com determinado objeto. Uma das partes do
1º contrato celebra o mesmo tipo contratual com um terceiro. Esse 2º contrato é o chamado subcontrato ou
contrato derivado. 
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Para um contrato ser considerado derivado, devem estar presentes os seguintes requisitos:
1. Tanto o contrato quanto o subcontrato devem ser do mesmo tipo, ou seja, a mesma figura contratual (ex.:
locação, empreitada, prestação de serviço, empréstimo etc.);
2. O objeto do subcontrato deve ser o mesmo objeto do contrato, ou seja, as mesmas coisas envolvidas e
as mesmas prestações;
3. Uma das partes do subcontrato deve ser uma das partes do contrato.
Para uma melhor visualização, veja a aplicação do esquema representativo de contrato derivado de uma
sublocação de um imóvel residencial urbano:
Figura 7: Sublocação.
Vejamos a seguir as características da sublocação.
O locatário do contrato subloca (“aluga”) a casa que locou (“alugou”) para um terceiro. Assim,
ele será locatário da locação e (sub)locador da sublocação. Na sublocação, o locador do 1º
contrato não é parte, assim como o sublocatário não é parte do 1º contrato.
O objeto da locação derivada é o mesmo objeto da locação original: a cessão de um imóvel
urbano residencial para fins de uso e usufruto como moradia em troca de pagamento de
aluguel. Na locação, a cessão foi feita pelo locador, e o locatário assume o aluguel; na
sublocação, a cessão foi feita pelo antigo locatário – que agora é o (sub)locador – a um
terceiro, (sub)locatário, que deverá pagar o aluguel.
O tipo de contrato escolhido pelas partes do 2º negócio é o mesmo do 1º, qual seja, a
locação.
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O subcontrato é um novo negócio jurídico, independentemente do primeiro, embora dele derivado.
Atenção
Não se deve confundir o contrato derivado ou subcontrato com o contrato acessório. Um contrato acessório
é aquele que “serve” algum negócio principal.
Vejamos como se configuram o contrato principal e o contrato acessório:
Contrato principal
Tem autonomia, ou seja, não depende de nenhum outro para existir.
Contrato acessório
Existe única e exclusivamente para ter alguma serventia para um contrato principal, ou seja, só existe por
causa do principal.
Um exemplo de contrato acessório é a fiança. O objeto da fiança é garantir o cumprimento de um contrato
principal. E nada mais. Sem o contrato principal, não existe fiança; afinal, o que ela garantiria se nem dívida
existe? 
A fiança não é derivada do contrato principal, pois seu objeto não é o mesmo do contrato principal, situação
que deve ocorrer em caso de subcontratação.
Contratos indiretos
Todo contrato tem uma causa, aquilo que motivou as partes a celebrar o contrato, ou seja, a razão de ser da
vinculação entre elas. 
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As partes têm objetivos com o contrato e, para atingi-los, escolhem o tipo contratual adequado aos seus
interesses (contratos típicos-nominados) ou elaboram uma figura contratual própria, com base no art. 425
(contratos atípicos-inominados). 
Ocorre, porém, que às vezes o tipo contratual escolhido traz um custo ou um ônus que as partes não
querem assumir.
Imagine, por exemplo, que João queira doar uma casa para Pedro. Nessa transferência, deve-se pagar um
tributo, o Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD). Trata-
se de tributo que incide sobre a transmissão de bens móveis e imóveis havidos em decorrência de herança
ou doação. A alíquota é fixada pelos estados. No estado em que está o imóvel a ser doado, a alíquota do
ITCMD é de 4% sobre o valor do bem. Como as partes não querem ter que pagar esse valor, decidem
celebrar outro contrato: em vez de doação, será um usufruto vitalício ou vidual.
Vejamos
Usufruto vidual
O proprietário (nu-proprietário) cede um bem para que um terceiro (usufrutuário) use e retire todos os
proveitos.
Usufruto vitalício
Esse usufruto perdura até a morte do usufrutuário.
A causa que motiva João a doar o imóvel para Pedro é dar-lhe uma coisa para que possa usar e usufruir por
toda a sua vida; afinal, a doação transfere a propriedade perpetuamente. Como a doação se apresenta
inviável no caso deles, por fatores financeiros, João decide constituir um usufruto vitalício sobre a casa em
favor de Pedro, situação na qual não incide o ITCMD. 
Veja que, embora tivessem em mente um contrato (doação), acabaram por concelebrar outro (usufruto
vitalício) que em muito se aproxima da causa que ensejou as partes a se vincularem contratualmente. 
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Observe que o usufruto teve uma finalidade indireta, ou seja, outra intenção que aquela de ceder o uso e a
fruição (doação), e, por isso, é chamado de contrato indireto.
Saiba mais
Essa classificação dos contratos é mais importante no âmbito do planejamento tributário e serve, às vezes,
para impugnar medidas punitivas aplicadas pela Receita Federal do Brasil (RFB).
Os contratos de adesão e a paridade contratual
No vídeo a seguir, o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, apresentará uma definição
geral de contrato paritário e de adesão.
Contratos de adesão
Observe a figura 5 deste módulo:
Figura 5: Formação e execução do contrato.
Essa figura mostra o processo de formação de um contrato, que se inicia com as tratativas e negociações
até a conclusão do contrato (celebração), passa pela execução das cláusulas (ou seja, o cumprimento das
prestações) e chega ao inadimplemento (naqueles casos de extinção natural do contrato). 

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Essa classificação dos contratos de adesão decorre de acontecimentos da fase de negociações
preliminares.
Quando as partes estão em posição de igualdade nas negociações e têm ampla liberdade para decidir sobre
as cláusulas do negócio, fala-se em contrato paritário, isto é, aquele em que as partes negociam as
condições contratuais de acordo com seus interesses. 
Contudo, há contratos em que não existe essa possibilidade de negociação; uma parte, simplesmente,
apresenta à outra o contrato já pré-formulado e predefinido, cabendo à segunda pessoa dizer se aceita ou
não o contrato naquelas condições. Não há espaço para negociar cláusulas. Aqui se está diante do
chamado contrato de adesão. 
Assim:
Contrato paritário
Há a possibilidade de uma ampla fase de negociações preliminares, em que as partes dialogam em
condições de igualdade e podem construir e rejeitar cláusulas.
Contrato de adesão
As negociações preliminares são extremamente restritas, não havendo a oportunidade de diálogo entre as
partes, pois o contrato tem cláusulas engessadas que não podem ser modificadas.
Atenção
Se uma parte leva até a outra um “rascunho” do contrato (a chamada minuta contratual) e a segunda parte
aceita integralmente ou com poucas modificações o queestá escrito na minuta, não há que se falar em
contrato de adesão, mas em contrato paritário. Afinal, a segunda parte poderia propor e negociar a
modificação das cláusulas. Se uma parte leva até a outra a minuta contratual e diz que não aceita
negociação nenhuma, também não há que se falar em contrato de adesão, pois, se o proponente quiser, é
possível negociar.
Em um contrato de adesão, não há possibilidade de negociação não porque é a vontade de uma das partes,
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mas porque os contratos de adesão são regidos por lei e a própria legislação estabelece como serão as
cláusulas do contrato.
Nos contratos de adesão, a negociação não ocorre porque a lei restringe essa
negociação, e não porque há má vontade ou oposição das partes.
Veja alguns exemplos de contratos de adesão:
prestação de serviços por concessionárias de serviço público (água, esgoto, energia etc.);
seguro;
transporte;
franquia ou franchising;
serviços bancários.
Nesses casos dos exemplos, a concessionária, a seguradora, a transportadora, a matriz e o banco são
responsáveis por elaborar os instrumentos contratuais, mas seguindo rígidos padrões legais de legislação
própria ou do Código de Defesa do Consumidor e padrões administrativos estabelecidos por agências
estatais reguladoras.
Vem que eu te explico!
Neste espaço, o professor Filipe Medon complementa o que vimos até aqui.
MÓDULO 3
Vem que eu te explico!
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07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Analise o seguinte texto e suas lacunas: 
“Há um contrato ________ quando sua existência decorre exclusivamente de outro contrato. Existe, pois, um
contrato-base ou contrato principal, do qual exsurge o contrato ________. A existência do contrato-base é
causa geradora do ________.” (VENOSA, S. de S. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 274). 
Assinale a alternativa que preenche as lacunas do texto.
A derivado – derivado – derivado
B subcontrato – derivado – principal
C derivado – acessório – derivado
D acessório – derivado – derivado
E acessório – acessório – acessório
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Parabéns! A alternativa A está correta.
Trata-se da definição de contrato derivado ou subcontrato. Veja a explicação do próprio autor do
texto: “No subcontrato, uma das partes do contrato-base participa do outro, tendo em vista sua
posição originária na primeira avença. [...] A participação desse contratante comum tem como
causa direta, efetivamente, sua posição contratual anterior. O contrato derivado fica numa
posição de serviência do contrato-base, embora ambos coexistam.” (VENOSA, S. de S. Direito
civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 274).
Questão 2
O pedreiro contratado por João para a construção de uma casa quis assumir outra obra e contratou outros
pedreiros do seu bairro para concluírem a casa de João. Se João autorizar essa contratação, haverá, nessa
situação e respectivamente, contratos:
A Principal e acessório
B Principal e derivado
C Bilateral e acessório
D Bilateral e gratuito
E Gratuito e derivado
Parabéns! A alternativa A está correta.
A questão versa sobre o contrato de subempreitada. Deve-se observar os elementos essenciais
que revelam que se trata de um contrato derivado: tanto o contrato quanto o subcontrato devem
ser do mesmo tipo, ou seja, a mesma figura contratual (ex.: locação, empreitada, prestação de
serviço, empréstimo etc.); o objeto do subcontrato deve ser o mesmo objeto do contrato, ou seja,
as mesmas coisas envolvidas e as mesmas prestações; e uma das partes do subcontrato deve
ser uma das partes do contrato.
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Considerações finais
Este conteúdo foi destinado a demonstrar como é a classificação dos contratos e, a partir daí, indicar como
devem ser constituídos e quais as consequências da constituição de cada categoria de contrato analisada.
A abordagem realizada foi destinada a apresentar não somente aspectos teóricos, mas, também e
principalmente, os aspectos práticos.
É preciso ter em mente que as classificações são matérias discutidas em ações judiciais. Logo, é um
campo fértil de atuação profissional.
Podcast
Agora, com a palavra o professor Gilberto Fachetti Silvestre, doutor em Direito Civil, apresentando questões
práticas sobre o conteúdo estudado. Vamos ouvir!
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Referências
DINIZ, M. H. Curso de direito civil brasileiro. 37. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. v. 3.
FARIAS, C. C. de; ROSENVALD, N. Curso de direito civil. 11. ed. Salvador: Juspodivm, 2021. v. 4.
GOMES, O. Contratos. [Atualizadores Edvaldo Brito, Reginalda Paranhos de Brito; coordenador Edvaldo Brito].
27. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019.
GONÇALVES, C. R. Direito civil brasileiro. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. v. 3.
07/02/2022 22:56 Classificação dos contratos
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/02342/index.html#imprimir 47/47
VENOSA, S. de S. Direito civil. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2004. v. 3, p. 274.
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Leia:
CARDOSO, P. S. Contratos instantâneos e continuativos: uma análise da atualidade da classificação à luz
da qualificação dos contratos. Revista Quaestio Iuris, v. 5, n. 2, p. 310-345, 2012. Esse texto analisa a
adequação da classificação dos contratos e propõe agrupá-los por meio da sua forma de execução, tendo
por base o tempo de duração da prestação, examinando as consequências jurídicas dos diferentes
critérios de distinção trazidos à baila pela doutrina e buscando uma reflexão crítica sobre a relevância
atual da classificação dos contratos em instantâneos e continuativos.
NICODEMOS, E. Contratos atípicos. Jusbrasil, 2016. Disponível no portal Jusbrasil.
ROBERTO, L. M. P. Algumas classificações contemporâneas dos contratos. Revista Jurídica da UniFil, ano
II, n. 2, p. 225-243, 2014. Este artigo apresenta as mais diversas formas de classificação contratual,
dificilmente encontradas, em sua totalidade, nas obras tradicionais sobre o tema. Busca utilizar dinâmica e
didática para o aproveitamento do material pelos alunos.
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