ATIVIDADE ESPORTIVA PARA CRIANÇA E ADOLESCENTE 2

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18/04/2022 Atividade Física e Esportiva para a Criança e Adolescente
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ATIVIDADE	FÍSICA	E	ESPORTIVA	PARA	A
CRIANÇA	E	ADOLESCENTE
CAPI�TULO 2 - ATIVIDADE FI�SICA E ESPORTIVA
NA EDUCAÇA� O INFANTIL E ENSINO
FUNDAMENTAL I
Andreia Juliane Drula
18/04/2022 Atividade Física e Esportiva para a Criança e Adolescente
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Introdução
A infância é uma das fases mais marcantes que temos em nossas vidas, tendo em vista que há muitos fatores
que envolvem esse perı́odo, como a inserção ao meio escolar. Mas quais seriam os anos iniciais da escola?
Começamos na Educação Infantil, quando estamos na primeira infância, e ao �inal dela, partindo para a
segunda infância, adentrando no Ensino Fundamental I. Estas duas etapas formam as primeiras experiências
que uma criança terá com o ambiente formal de educação.
No que tange à educação fı́sica escolar, esse é o componente curricular que desenvolverá atividades fı́sicas e
esportivas a seus alunos, sempre respeitando os limites, culturas e a individualidade de cada sujeito. Porém, a
educação fı́sica atua somente com o movimento corporal? Esta disciplina deve ir além disto, a qual deve
conhecer as principais caracterı́sticas cognitivas, motoras e sócio afetivas especı́�icas dos anos a serem
trabalhados na Educação Infantil e a educação fı́sica nos anos iniciais.
Considerando estas duas etapas escolares, qual seria a abordagem pedagógica correta a ser utilizada?
Dependerá de muitos fatores, contudo é crucial que o professor de educação fı́sica desenvolva um trabalho
amplo e complexo, observando a criança como um todo, e não apenas para um único aspecto. Dessa maneira,
será possı́vel executar um trabalho que gere nas crianças o estı́mulo positivo e o gosto pelas atividades fı́sicas
e esportivas. Veremos mais sobre estes conteúdos a seguir. Boa leitura!
2.1 Atividade Física e Esportiva na Educação Infantil 
A Educação Infantil se con�igura como a primeira etapa na educação formal, ou seja, a inserção no ambiente
escolar. E� o momento em que a criança familiariza-se com um novo mundo, com regras, costumes e novos
conhecimentos dos conteúdos curriculares. Entre eles temos a educação fı́sica, conteúdo que estará
intimamente ligada ao desenvolvimento de atividades fı́sicas e esportivas, dentre outras temáticas.
Essa disciplina é responsável por trazer professores que conheçam os aspectos motores, cognitivos e sócio
afetivos das diferentes crianças que irão trabalhar, selecionando as melhores estratégias por meio de
abordagens pedagógicas e�icazes. Assim, é possı́vel aplicar brincadeiras e jogos que estimulem nas crianças o
prazer pelo movimento corporal, ofertando desde a infância a possibilidade de uma vida com mais qualidade.
Para o desenvolvimento do conteúdo curricular da educação fı́sica na Educação Infantil, o conhecimento
minucioso das caracterı́sticas cognitivas, motoras e sócio afetivas são fundamentais para que o professor a
frente da disciplina desenvolva um trabalho de qualidade para seus alunos.
De acordo com Gallahue, Ozmun e Goodway (2013), é na primeira infância (do nascimento até cinco anos de
vida) que a criança descobre que o brincar é a forma de conhecer o seu corpo e o mundo, sendo determinante
para as caracterı́sticas da cognição, dos movimentos e da afetividade. Assim, as aulas de educação fı́sica são
vivenciadas, principalmente, através de brincadeiras e jogos.
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A parte cognitiva seria a análise de situações e resoluções de tarefas e atividades sociais. Relacionando este
aspecto com a educação fı́sica escolar, a partir das práticas corporais que ganham vida por meio de
brincadeiras e jogos é possı́vel desenvolver a cognição das crianças. Segundo Papalia e Feldman (2013) as
crianças na Educação Infantil encontram-se na fase pré-operatória (dos 2 aos 7 anos) da abordagem de Piaget.
Sendo assim, elas fazem pouco uso da lógica, mas o pensamento simbólico é expandido. No esquema a seguir
podemos ver os avanços obtidos em termos de cognição na fase da Educação Infantil.
A partir destes avanços cognitivos, nas aulas de educação fı́sica podemos explorar o elemento lúdico nas
brincadeiras e jogos e desenvolver ainda mais a cognição dos alunos, justamente por utilizar de simbologias,
criatividade e fantasia para que as crianças possam praticar diferentes tipos de atividades fı́sicas e de
inspirações esportivas adequadas às suas faixas etárias.
Por meio das aulas propostas com movimentos corporais, os alunos podem desenvolver ainda mais sua
consciência sobre o mundo social e as atitudes a serem tomadas em uma perspectiva além do seu eu, pois
“[...] as percepções dos pré-escolares dominam o seu pensamento, e o que é experimentado em determinado
momento tem muita in�luência sobre eles” (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 194).
Figura 1 - A amarelinha é uma brincadeira tradicional do ambiente escolar brasileiro.
Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2020.
Figura 2 - Esquema dos avanços das caracterı́sticas cognitivas em crianças na Educação Infantil.
Fonte: Adaptado de Papalia e Feldman, 2013, p. 259.
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Já as caracterı́sticas motoras são as mais evidentes para quem trabalha com a educação fı́sica escolar. Desse
modo, podemos ver as diversas mudanças que ocorrem a cada ano por conta do ambiente e da idade desta
criança (maturação biológica). Uma das teorias associada a esta recorrente transformação é a do
processamento de informações, em que Tani (2005) destaca a importância de entender como o movimento se
altera no decorrer dos anos, ao invés de focar do que mudaria ou o momento que muda.
VOCÊ QUER LER?
O livro “O brincar e suas teorias” de Tizuko Morchida Kishimoto (2008) traz
concepções do brincar e suas relações com diferentes teorias �ilosó�icas e psicológicas.
Este é um livro que pode transformar seu olhar de um simples ato de brincar para
uma transformação do ser humano.
Figura 3 - As argolas de ginástica são uma possibilidade de atividade fı́sica diversi�icada na Educação
Infantil.
Fonte: Cherry-Merry, Shutterstock, 2020.
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Para o compreendermos o processo de desenvolvimento motor de um sujeito, os autores Gallahue, Ozmun e
Goodway (2013) explicam que é possı́vel considerar três categorias funcionais de movimentos que podem
observados: os de estabilidade, locomoção e manipulação, também considera-se a mescla das três categorias.
Os mesmos autores ainda comentam que “[...] em resumo, se o movimento é uma janela para o processo do
desenvolvimento motor, então um dos modos de estudar esse processo consiste em examinar a progressão
sequencial das habilidades de movimento ao longo de toda a vida” (Idem, p. 68).
A �igura a seguir apresenta as fases e os estágios do desenvolvimento motor do nascimento ao decorrer dos
anos, demonstrando que a cada ano que passa vivemos fases diferentes, relacionadas aos nossos movimentos
corporais. 
Na Educação Infantil as crianças estão na fase do movimento fundamental, que é determina pelas
experiências obtidas nas duas fases anteriores, ou seja, principalmente quando essas crianças eram bebês.
Aqui devemos dar ênfase ao “descobrir”, pois as criançasestarão a todo momento descobrindo movimentos e
suas combinações, no que tange as habilidades para os movimentos de estabilidade, locomoção e
manipulação.
Todavia, há “[...] uma concepção errônea sobre o conceito do desenvolvimento da fase do movimento
fundamental é a noção de que essas habilidades são determinadas pela maturação e pouco in�luenciadas pelas
demandas da tarefa e pelos fatores ambientais” (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 71). O que faz
Figura 4 - As fases e estágios do desenvolvimento motor no decorrer da vida humana.
Fonte: GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013, p. 69.
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reforçar a ideia de que o professor de educação fı́sica deve ofertar em suas aulas atividades fı́sicas e
esportivas das formas mais variadas que for possı́vel, prezando pela evolução constante dos movimentos
corporais que seus alunos irão executar.
Sobre as caracterı́sticas sócio afetivas destas crianças na Educação Infantil são direcionadas atenções nos
assuntos de relacionamentos interpessoais e do seu próprio desenvolvimento como ser humano. Nesta
direção de pensamento, Papalia e Feldman (2013, p. 310) comentam que 
[...] As amizades se desenvolvem à medida que as pessoas também se desenvolvem. Crianças
pequenas brincam lado a lado ou perto uma da outra, mas só a partir dos 3 anos,
aproximadamente, começam a ter amigos. Por meio das amizades e interações com colegas
casuais, a criança aprende a se relacionar com os outros. Aprende que sendo amiga é que se tem
amigos. 
Com isso, as relações sociais começam a se formar, fazendo com que a criança compreenda que na escola ela
não estará sozinha ou será tratada isoladamente, mas que ela fará parte de um contexto coletivo de educação. E�
durante as aulas que estes pequenos indivı́duos compartilharam ideias, sentimentos, angústias, dúvidas,
conquistas e emoções, sendo o papel do professor intermediar tais relacionamentos e sensações.
Quando se fala da parte afetiva das crianças na Educação Infantil a empatia é um ponto de discussão, pois ela
se estrutura como uma importante ferramenta nas habilidades sociais. O ambiente familiar que a criança vive
é determinante para o tipo de empatia que terá ou não com outros colegas.
Pavarino, Del Prette e Del Prette (2005, p. 131) descrevem, a partir de diferentes estudos, que crianças nessa
fase “[...] conseguem reconhecer sentimentos olhando para a �igura de alguém com expressão facial de
tristeza e, nessa fase do ciclo vital, começam a perceber que o mesmo evento pode causar emoções diferentes
em pessoas diferentes”, ponderando o que a outra pessoa está sentindo naquela situação.
VOCÊ SABIA?
Por mais que nossa compreensão de mundo e inserção social estejam mais
ampliadas nas fases da adolescência e quando adultos, já enquanto crianças
desenvolvemos diferentes tipos de relacionamentos sociais que determinaram
este tipo de atitude ao longo de nossas vidas. Como exemplo disto, temos que as
crianças na Educação Infantil escolhem conscientemente colegas e amigos que
tenham caracterıśticas e gostos como os delas, como também com quem tenham
experiências positivas (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
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Mas, o que podemos perceber das aulas Educação Fı́sica? Clique nas setas para ler.
Na educação fı́sica escolar, o professor deve respeitar esses aspectos a �im de oportunizar brincadeiras e jogos
que façam as crianças terem o máximo de aproveitamento, solucionando con�litos e guardando em sua
memória todos os estı́mulos positivos que a possibilitará vivenciar da melhor forma os anos seguintes no
Ensino Fundamental I e II, Ensino Médio, Ensino Superior e por toda vida.
As abordagens pedagógicas da Educação Fı́sica são tentativas de renovar a práxis, ou seja, a relação teoria e
prática que proporcionará aos alunos uma compreensão real e abrangente do estudo em um ambiente escolar.
Se tratando da Educação Infantil, tais abordagens devem estar em consonância com o mundo das crianças em
cada etapa de escolarização, tentando minimizar qualquer lacuna ou de�iciência deste processo educativo.
Para Oliveira (2005, p. 101) o papel da educação fı́sica no contexto escolar é de “[...] promover a saúde, o
desenvolvimento integral por meio de seus conteúdos e ‘seu’ caráter lúdico”. Assim, a abordagem pedagógica
adotada é crucial para direcionar que tipo de educação e aprendizagem o aluno terá a partir das aulas
elaboradas, praticadas e avaliadas pelo professor. 
Figura 5 - O badminton é um esporte que cada vez mais se insere no ambiente escolar.
Fonte: Pavel Kobysh, Shutterstock, 2020.
As aulas de Educação Fı́sica não são meramente aplicações de variados conteúdos técnicos. Elas
estão permeadas de complexas caracterı́sticas que cada criança carrega consigo, o que
determinará a compreensão, os movimentos corporais e as relações sociais e afetivas dentro dos
muros da escola.
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Do �inal do século XIX para o século XX iniciaram diferentes correntes teóricas que construiriam as diversas
abordagens pedagógicas que temos dentro da área da educação fı́sica. Tais abordagens são construı́das a partir
da ideologia e do aprofundamento teórico de cada autor que a fundamentou, fato que explica o número
crescente de abordagens que pode ser aplicada pensando nos movimentos corporais.
 No quadro a seguir podemos visualizar algumas das principais abordagens pedagógicas desse área do
conhecimento, em diferentes nı́veis da educação brasileira, as quais se diferem por terem diferentes cunhos e
�inalidades. 
Figura 6 - As crianças da Educação Infantil precisam de muita atenção na aprendizagem de movimentos
novos.
Fonte: DGLimages, Shutterstock, 2020.
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Mesmo que algumas abordagens tenham as mesmas temáticas, elas se diferenciaram em alguns pontos
importantes, como área base de fundamentação teórica, os autores de inspiração, as �inalidades da
abordagem, os conteúdos trabalhados, os métodos avaliativos, dentre outros. Para a Educação Infantil,
dependendo da formação do professor pode ser usado algumas das abordagens citadas no quadro anterior,
contudo ressaltasse que há uma tendência nos trabalhos que focam na cultura corporal do movimento. Pois,
“[...] compreendemos que os movimentos corporais são para as crianças pequenas, um meio de comunicação,
de expressão e de interação social” (SIMA� O, 2005, p. 166).
Ainda sobre a Educação Infantil, temos a psicomotricidade, o desenvolvimento motor e a recreação. Porém, é
preciso cuidar com o tipo de direcionamento e abordagem a ser adotada como única fórmula correta nas
orientações pedagógicas, porque desta maneira “ [...] o funcionamento da Educação Fı́sica tende a uma visão
fragmentária desta e da pré-escola em que se destacam três pontos. Clique nos itens e veja quais são
eles (OLIVEIRA, 2005, p. 102).
A dicotomia corpo–mente.
Figura 7 - Quadro com principais abordagens pedagógicas da Educação Fı́sica brasileira.
Fonte: Adaptado de AZEVEDO; SHIGUNOV, 2001; FERNANDES, 2008.
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Sala–pátio.Teoria–prática.
O conhecimento histórico e cultural do ambiente e das crianças que o professor de educação fı́sica estará em
contato é uma forma de ampliar a visão do contexto em que está inserido, para depois determinar qual
abordagem será melhor a ser aplicada, ainda considerando sua formação, ideologia e tipo de atuação, criando
sua própria abordagem, a partir da mescla das abordagens já conhecidas da educação fı́sica escolar.
Independente da abordagem a ser seguida ou inspirada, as aulas de educação fı́sica devem ser espaços que a
criança possa desenvolver sua ação mais enriquecedora: o brincar (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013;
AYOUB, 2001). Sendo que “[...] favorecer a brincadeira no contexto da educação infantil não pode levar a uma
atitude de ‘laissez	faire’ - abandono pedagógico, de abrir mão da mediação do adulto no processo educativo
com a criança” (AYOUB, 2001, p. 57).
Ao inverso disso, o professor de educação fı́sica, a partir de sua abordagem pedagógica, deve ser o mediador
de experiências proporcionadas em suas aulas, interferindo conscientemente no processo de ensino e
aprendizagem das crianças de forma abrangente, potencializando o desenvolvimento deste pequeno sujeito
nas caracterı́sticas fı́sicas/motoras, cognitivas, sócio afetivas e ambientais.
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VOCÊ O CONHECE?
No decorrer dos anos, o mundo teve diferentes teóricos que focaram no
desenvolvimento da criança. Uma delas foi Maria Montessori (1870-1952), uma
médica, pedagoga e educadora de origem italiana que teve grande destaque por criar
um método que possibilitasse maior desenvolvimento fıśico e mental das crianças,
principalmente as da primeira infância. Em decorrência de seus estudos, o Método
Montessori é utilizado em diferentes espaços educacionais até os dias atuais
(MONTESSORI, 2014).
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A escolha de qual abordagem e como será alinhar a teoria e a prática nas aulas de educação fı́sica deve partir
do professor, que precisa estudar e avaliar o que mais considera importante e coeso no processo educacional
que faz parte. Por isso, se faz necessário que o educador esteja em constante formação, sempre atualizado das
novas abordagens, contestando outras já tidas como tradicionais, e recriando orientações pedagógicas que não
fragmentem e limitem sua atuação e nem o olhar sob a criança na Educação Infantil.
Com isso, as probabilidades de um retorno positivo para a atuação do professor, como para o
desenvolvimento da criança na Educação Infantil são muito maiores. Isso resultará em uma abordagem
pedagógica mais favorável, no que diz respeito aos aspectos sociais em que está inserido, na história e na
cultura de cada criança.
Figura 8 - O professor de educação fı́sica deve orientar o aluno em uma aula de basquetebol, com os
equipamentos adequados para a faixa etária.
Fonte: Robert Kneschke, Shutterstock, 2020.
1.2 Atividade Física e Esportiva no Ensino Fundamental I
Após a Educação Infantil , a criança é direcionada ao Ensino Fundamental, o qual é dividido em I e II. O Ensino
Fundamental I compreenderá cinco anos de sua vida, sendo que a Educação Fı́sica continua a fazer parte de
sua grade curricular, aplicando atividades fı́sicas e esportivas mais complexas e elaboradas do que em fases
escolares anteriores.
Os aspectos motores, cognitivos e sócio afetivos adentram em diferentes patamares, acompanhando o
desenvolvimento da criança como um ser que está em constante transformação. Para que este processo seja o
mais positivo possı́vel, o professor adotará a abordagem pedagógica que se encaixará melhor no âmbito
trabalhado, com o intuito de ser o mediador direto da criança com variadas vivências de brincadeiras e jogos
que a levem a ter um conhecimento corporal abrangente e ativo ao longo da vida.
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A criança que inicia o Ensino Fundamental I está em um processo de transição não só no perı́odo escolar, mas
em diferentes âmbitos de sua vida, seja na parte da linguı́stica, da escrita, da compreensão, da lógica, dos
movimentos corporais, dos relacionamentos, da visão do mundo, dentre outras possibilidades, esta criança
enfrentará desa�ios não obtidos ainda, os quais a prepararão para os próximos nı́veis a serem vividos.
Estes pequenos sujeitos que estarão inseridos do 1º ao 5º ano estarão, em sua maioria, na segunda infância, a
qual compreende as idades de 6 a 12 anos (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013). Mesmo que maiores de
quando estavam na Educação Infantil, estas crianças partem do brincar para dar vida as suas imaginações,
pois nisto vemos que o brincar é “[...] o gesto carregado de sentido, signi�icado e intenção” (MATTOS; NEIRA,
2004, p. 9).
Este imaginário aguçado faz parte do cognitivo da criança, esta que, a partir dos 7 anos já faz parte da fase
operatório-concreto, proposto por Piaget (PAPALIA, FELDMAN, 2013). Desta maneira, “[...] as crianças têm,
em relação ao estágio pré-operatório, um melhor entendimento dos conceitos espaciais, causalidade,
categorização, raciocı́nio indutivo e dedutivo, conservação e números” (Idem, p. 324).
A partir deste avanço nas capacidades cognitivas, a criança tem um raciocı́nio mais apurada, o que resulta em
um melhor desempenho nas disciplinas escolares, nas relações interpessoais e resoluções de con�litos.
VOCÊ QUER VER?
O documentário “Tarja Branca” (2014) é um alerta para a sociedade moderna,
referente a necessidade urgente de que o ser humano precisa brincar ao longo de
toda sua vida. As falas e cenas apresentada no documentário explicitam como a
brincadeira deve perdurar em toda nossa existência e quando potencializada na
infância, a partir das diferentes instituições em que estamos inseridos no meio social,
maior a possibilidade de permanecer como elemento constituinte de um ser humano
feliz, crıt́ico, criativo e lúdico. Vale a pena conferir!
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Com isso, as noções de distância, respostas mais precisas sobre funcionamentos, seriação, classi�icação,
relações entre dois objetos ou situações e o desenvolvimento do raciocı́nio lógico oportunizam para essa
criança maior interação e entendimento no meio social (PAPALIA; FELDMAN, 2013).
Relacionando estes aspectos cognitivos com a Educação Fı́sica escolar, o professor terá mais recursos para
elaborar atividades mais complexas, comparadas com as aplicadas na Educação Infantil, pois o
discernimento, análise e compreensão das crianças pertencentes do Ensino Fundamental I, ano após ano, se
mostra em processo de amadurecimento.
Sobre as caracterı́sticas motoras, as crianças do Ensino Fundamental I estão saindo da fase do movimento
fundamental e entrando na fase do movimento especializado, o qual é de�inido pelo tipo de experiências e
oportunidades vivenciadas das habilidades fundamentais. A fase do movimento especializado consiste em
três estágios: de transição (7-8 anos), de aplicação (11-13 anos) e de utilização ao longo da vida (14 anos e
assim por seguinte) (GALLAHUE; OZMUN; GOODWAY, 2013).
Figura 9 - Esquema dos avanços nas capacidades cognitivas em crianças do Ensino Fundamental I.
Fonte: Baseado em PAPALIA; FELDMAN, 2013, p. 325.
Figura 10 - A brincadeira mesmo que competitiva pode trazer integração social, pensamento estratégico e
senso de coletividade.
Fonte: Robert Kneschke, Shutterstock, 2020.
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O que é percebido nas crianças do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, principalmente, no que diz respeito
as aulas de Educação Fı́sica, é que “[...] a criança estimulada de forma ampla, por meio da exploração do meio
ambiente, tem mais chances de praticar as habilidades motoras e, consequentemente, de dominá-las com
facilidade” (NETO et al., 2004, p. 136).
Por conseguinte, o professor de Educação Fı́sica é um dos responsáveis por proporcionar o estı́mulo dos
movimentos corporais através de jogos e de brincadeiras. E� também neste perı́odo de escolarização que as
atividades esportivas começam a aparecer mais frequentemente, justamente pela especialização do
movimento se apresentar cada dia mais madura comparada aos anos anteriores.
No entanto, o cuidado para não preconizar a iniciação esportiva ou de desestimular as crianças por buscar a
performance, não focando na ludicidade de diferentes habilidades motoras em atividades com inspirações
esportivas, deve ser revisto a todo momento. Justamente pela escola ser um ambiente que deve proporcionar
experiências positivas e abrangentes para diferentes momentos da vida da criança, e não visa o treinamento
esportivo durante as aulas de Educação Fı́sica.
Figura 11 - Pular corda, brincadeira tradicional da infância que possibilita desenvolver a habilidade motora
do saltar.
Fonte: Africa Studio, Shutterstock, 2020.
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Em relação aos aspectos sócio afetivos das crianças destes anos escolares, podemos ver que a ações como
executar tarefas em um grau de competência ou saber respostas de questionamentos incide em elevar sua
autoestima. Estas crianças também já têm o reconhecimento de culpa, vergonha e orgulho (PAPALIA;
FELDMAN, 2013).
Segundo Papalia e Feldman (2013, p. 357) “[...] elas aprendem o que as deixa com raiva, com medo ou tristes e
como as outras pessoas reagem à expressão dessas emoções, e aprendem a comportar-se de acordo com a
situação”. Estas questões interferem diretamente na forma como irão se comportar durante o perı́odo escolar,
podendo ser crianças tolerantes e compreensivas, como também inconstantes e con�lituosas.
Independentemente do tipo da caracterı́stica (cognitiva, motora ou sócio afetiva), a criança que estará no
Ensino Fundamental I necessita ser estimulada, compreendida, assistida e entendida como um ser humano
que está em um processo constante de evolução, seja por seu comportamento, relacionamentos e/ou
desenvolvimento motor.
A partir do século XX vários autores tiveram a preocupação em renovar a área da Educação Fı́sica para uma
nova estruturação do ensino dentro do ambiente escolar. Estes movimentos teóricos repercutem até os dias
atuais nas abordagens pedagógicas para crianças que estão no Ensino Fundamental I.
Sendo assim, temos alguns renomados nomes na área que buscaram romper com o mecanicismo impregnado
na área da Educação Fı́sica, como Mauro Betti, Coletivo de Autores, João Batista Freire, Dartagnan Pinto
Guedes, Eleonor Kunz, Go Tani, dentre outros importantes professores que construı́ram novas propostas.
Segundo Maldonado e Limongelli (2014, p. 25) as abordagens pedagógicas que se adequariam de maneira
mais viável para a aplicação da Educação Fı́sica escolar no Ensino Fundamental I seriam a “[...]
Construtivista-Interacionista, Desenvolvimentista, Psicomotricidade, Jogos Cooperativos, Abordagem da
Saúde Renovada e a Abordagem dos Parâmetros Curriculares Nacionais”.
Contudo, mesmo que haja um direcionamento ou uma cultura do tipo de abordagem a ser seguida neste
perı́odo escolar é necessário que o professor tenha conhecimento das possı́veis abordagens pedagógicas
existentes para a Educação Fı́sica escolar, ponderando os pontos fortes e fracos de cada teoria, para que possa
Figura 12 - Jogos e brincadeiras são formas lúdicas de praticarem atividades fı́sicas na infância.
Fonte: DGLimages, Shutterstock, 2020.
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aı́ de�inir se usará na ı́ntegra determinada abordagem ou se inspirará em algumas, e criará sua própria forma
de atuar nas aulas.
A falta de conhecimento das abordagens pedagógicas da Educação Fı́sica, principalmente as que direcionarão
um melhor trabalho para um perı́odo especı́�ico da escolarização é assunto de debate em diferentes estudos,
demonstrando que ou há uma falha na formação dos professores ou que os mesmos possam não estar
interessados em ampliar seu conhecimento. Na tentativa de reverter este quadro, um professor engajado que
busca conhecer e continuar sua formação, no intuito de promover aulas adequadas com o grupo que estará
trabalhando faz a diferença tanta para a escola, como para os alunos.
Outra questão importante a ser levantada com relação às abordagens pedagógicas para o Ensino Fundamental
I é tentar romper com o mecanicismo recorrentes nas aulas de Educação Fı́sica, problema que mesmo com as
novas propostas pedagógicas acaba por acontecer em diferentes ambientes escolares.
Bracht (1999) comenta que essa problemática está associada com a forma de pensar dos professores, em que
nas suas aulas o que deve ser enfatizado é a aptidão fı́sica no ensino dos esportes, na perspectiva de
desempenho e performance. Ou então pontos como o autoritarismo e pouca re�lexão presentes no desenvolver
da Educação Fı́sica escolar acaba por desestimular a participação dos alunos (MALDONADO; LIMONGELLI,
2014).
CASO
Um professor de Educação Fıśica iniciará suas aulas com o 1º ano do Ensino
Fundamental I. Ele está consciente que é um perıódo de transição tanto no que tange
o perıódo de escolarização, como os aspectos motores das crianças.
O primeiro conteúdo a ser trabalho são as brincadeiras e jogos tradicionais
brasileiros. Assim, primeiramente, fez uma busca das atividades que poderia aplicar
nas aulas destinadas a esta temática. As elencou, de acordo com as habilidades
motoras requisitadas, em fáceis, intermediárias e avançadas, pois assim poderia
avaliar durante a execução quais di�iculdades que as crianças poderiam ter, já o
professor não conhecia a turma.
Esta classi�icação foi importante para não haver desestimula durante a prática. Assim,
o professor não se preocupou em apenas cumprir o cronograma e aplicar as
atividades de forma aleatória, o processo pedagógico envolvido na organização e
execução das ações foram essenciais para uma aula de qualidade e sucesso para
todos os envolvidos.
18/04/2022 Atividade Física e Esportiva para a Criança e Adolescente
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Entretanto, mesmo que o cenário não seja o mais apropriado, cabe ao professor de Educação Fı́sica escolar
mudar este estigma de abordagens mecanicistas e pouco estimulantes. Uma das possibilidades de mudanças
está em “[...] integrar os conhecimentos que são produzidos pela Academia e os conhecimentos que os
professores de Educação Fı́sica constroem em seus cotidianos escolares e pro�issionais” (MALDONADO;
LIMONGELLI, 2014, p. 31).
Dessa maneira, o professor não desconsiderará a história e a cultura do ambiente escolar inserido e também
de seus alunos, bem como respeitará os limites e os obstáculos que as crianças do Ensino Fundamental I
tentam superar a cada dia, podendo resultar em aulas estimulantes, participativas e com sentido e signi�icado
para aluno e professor.
Figura 13 - Alongamento com a orientação de sua professora de Educação Fı́sica, mostrando que o incentivo
é uma poderosa ferramenta pedagógica.
Fonte: Dmytro Zinkevych, Shutterstock, 2020.
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A� vista disso, compreendemos que o processo pedagógico da Educação Fı́sica escolar é um desa�io que deve
ser enfrentado dia após dia na escola. O professor de Educação Fı́sica deve se empenhar para ter um
conhecimento teórico das abordagens pedagógicas já existes e rever todo o contexto o qual faz parte, sempre
priorizando uma formação completa e signi�icativa para as crianças do Ensino Fundamental I.
Figura 14 - Em uma aula de futebol o pro�issional responsável por atuar nesta disciplina no Ensino
Fundamental I.
Fonte: SpeedKingz, Shutterstock, 2020.
Conclusão
Concluı́mos mais uma unidade, a qual estudamos assuntos sobre a Educação Fı́sica escolar na Educação
Infantil e Ensino Fundamental I. Nossas atenções foram centradas nas caracterı́sticas cognitivas, motoras e
sócio afetivas, como também nas abordagens pedagógicas que devem ser usadas nestes dois perı́odos iniciais
da educação formal.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
as características cognitivas das crianças Educação Infantil res,
sendo que elas devem ser desenvolvidas por meio de elementos
simbólicos e lúdicos;
os aspectos motores a partir do desenvolvimento motor da faixa
etária pertencente das crianças na Educação Infantil;
as questões sócio afetivas das crianças Educação Infantil e as
possíveis implicações no ambiente da escola;
as abordagens pedagógicas da Educação Física coerentes com a
atuação do professor na Educação Infantil;
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as características cognitivas e sócio afetivas das crianças que
estão no Ensino Fundamental I e suas implicações na
compreensão e nos relacionamentos deste período;
as características motoras que estão em transição em crianças do
1º ao 5º ano do Ensino Fundamental;
as abordagens pedagógicas da Educação Física e sua tensão para
romper com o mecanicismo e rigidez das aulas por meio de
propostas renovadas.
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