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farmacologia Odontologia @resumosemdupla Conceitos Farmacodinâmica Estuda os efeitos fisiológicos, bioquímicos e mecanismo de ação dos fármacos. Farmacocinética Absorção, distribuição, metabolismo e excreção de fármacos. Farmácia Trabalha com manipulação. Drogaria Remédio já disponível para compra. Fármaco Substância química de estrutura conhecida, que quando administrado a um organismo vivo produz um efeito biológico. É o princípio ativo. Remédio Toda prática que tenta melhorar a saúde do paciente, não é o termo ideal para se tratar de farmacologia. Droga Qualquer substância que produza uma alteração ao organismo. Medicamento Preparação química que contém um ou mais fármacos administrados com a intenção de produzir um efeito terapêutico. Além do fármaco ativo, os medicamentos contêm outras substâncias. Como: Excipientes Conservantes Solventes e dentre outros Medicamento de referência É aquele que foi primeiro a ser lançado no mercado, ou seja, aquele que necessitou de mais estudos e investimentos financeiros. Isso justifica seu preço ser mais caro que o genérico. Medicamento genérico Passa por dois testes, se forem aprovados é considerado muito parecido ao de referência. O investimento para o estudo desse remédio é bem menor e são feitos menos testes para saber sua eficácia no organismo, sendo assim, a qualidade dos excipientes são muitas vezes piores. Quando uma paciente apresentar sintoma de dores de cabeça é normal a indicação de paracetamol (em excesso causa lesão hepática). Propriedades de um fármaco ideal Efetividade Está relacionado ao efeito do medicamento, quanto mais efeito ele produzir no organismo melhor será. Segurança Medicamentos que forem bastante testados, que são seguros. Seletividade Quanto mais seletivo um medicamento for menor será seu efeito colateral. Introdução á farmacologia Reversibilidade Medicamento que é capaz de reverter seu efeito, importante para casos onde produz um efeito negativo e inesperado no organismo. Administração Fácil de ingerir e de manusear. Mínimas interações Mínima interação medicamentosa, ou seja, com outros medicamentos, Ex: anticoncepcional e antibiótico. Isenta de reações adversas Baixo ou nenhum efeito colateral. Desenvolvimento da farmacologia Depois de o fármaco estar pronto, ele passa por testes pré- clínicos. Apresentando 4 fases: Fase 1: É feita em humanos saudáveis para saber tolerabilidade e segurança. Fase 2 Primeiro teste feito em pacientes acometidos pela doença para ver a eficácia do mesmo. Fase 3 É chamado de ensaio multicêntrico onde pesquisadores de vários países estudam o medicamento em pessoas de diferentes nacionalidades. É uma fase de confirmação da eficácia do medicamento. Fase 4 É a fase de fiscalização pós-comercial, na qual o fármaco já está na drogaria sendo vendido e utilizado para tratamento. Receita Art. 6º da Lei nº 5081/66 – o cirurgião-dentista tem competência para prescrever e aplicar especialidades farmacêuticas de uso interno e externo, indicadas em odontologia. Existem dois tipos de receita: Receita comum Controle especial. Receita Comum Contém duas folhas separadas: Uma folha com a solicitação de preparação da formulação E a outra folha com as orientações ao paciente. Evitar deixar espaços em branco entre a orientação e a assinatura do prescritor. Deve-se registrar a medicação no prontuário clínico. É necessário: Identificação do profissional: nome, número CRO, endereço (clínica privada), endereço da instituição e carimbo com o nome e número do CRO do cirurgião dentista seguido de data e assinatura. Cabeçalho: nome e endereço do paciente, forma de uso do medicamento que pode ser interno e externo. Inscrição: nome do medicamento, concentração e quantidade. Orientação: como fazer uso da medicação (dose, horário e duração do tratamento) Data e assinatura do profissional. Doce tóxica ---------------- = Quant. de comprimidos que pode tomar em 24hrs Doce terapêutica Receita de controle especial Deve ser preenchida em duas vias: A primeira via fica retida na farmácia ou drogaria A segunda via é orientação do paciente. São altamente dependentes. Existem dois tipos de receita: Receita amarela (A): A notificação é impressa na cor amarela, para prescrição dos medicamentos entorpecentes e psicotrópicos. Sendo válida por 30 dias. Receita azul (B): A notificação é impressa na cor azul, para prescrição dos medicamentos psicotrópicos. Sendo válido por 30 dias. Normas de prescrição de medicamentos Deve conter: Identificação fornecida pela autoridade sanitária. Identificação do emitente: nome, número CRO, sigla da unidade federativa ou nome da instituição, endereço e telefone- grafados ou carimbos. Identificação do usuário (nome e endereço). Identificação do medicamento (nome, concentração, forma farmacêutica, quantidade e posologia). Data de emissão. Assinatura do prescrito. Identificação do comprador (nome, documento, endereço e telefone). Identificação do fornecedor (nome, endereço, nome responsável pela dispensação e data). Identificação a gráfica (nome, endereço e CGC). Farmacodinâmica Estuda o mecanismo de ação do fármaco. O fármaco precisa se ligar a constituintes de células ou tecidos para produzir um efeito à alvo farmacológico. Existem quatro tipos de alvo farmacológico: Receptores Enzimas Moléculas transportadoras Canais iônicos Receptores farmacológicos Já existem, portanto o fármaco precisa se adaptar ao receptor específico. São proteínas ou glicoproteínas presentes nas células, que reconhecem ligantes e emitem uma resposta celular. Enzima A molécula do fármaco é um substrato análogo e se liga à enzima inibindo-a de maneira competitiva ou a ligação é irreversível (por isso o uso no tempo certo é importante). Competitiva: o inibidor compete com o substrato pelo mesmo local da enzima, e combina-se de maneira reversível. Irreversível: o inibidor se liga e altera a conformação da enzima. Essa inibição não é afetada pela concentração do substrato. Moléculas transportadoras Baseiam-se no estimulo ou inibição da molécula transportadora. Os fármacos bloqueiam proteínas transportadoras que são responsáveis pela movimentação de moléculas muito polares. Canais iônicos São portões presentes nas membranas celulares que permitem a passagem seletiva de determinados íons. Existem dois tipos de canais iônicos: Canais iônicos controlados por ligantes: abre apenas quando uma ou mais moléculas agonistas são ligadas à receptores, ex.: bomba de sódio e potássio. Canais iônicos controlados por voltagem: são regulados por alterações no potencial de membrana. Nesse canal tem os bloqueadores e moduladores: Bloqueadores: fazem o bloqueio da permeação do canal. Moduladores: aumentam ou diminuem a probabilidade de abertura do canal. Características da interação dos fármacos com sítios específicos São três características: Especificidade Afinidade Eficácia. O fármaco precisa agir de forma seletiva sobre um alvo específico, quanto maior a especificidade menor será o efeito colateral. O fármaco possui uma tendência a se ligar aos receptores, que é chamado de afinidade. E eficácia é a tendência de um fármaco de quando ligado, ativar o receptor. Relação entre concentração e resposta do fármaco A relação entre a concentração de um fármaco no seu local de ação e a intensidade do efeito farmacológico produzido é denominada curva de dose-resposta. A expressão dose se emprega para especificar a quantidade de uma substância administrada, a qual pode não ser idêntica à dose absorvida.Na maior parte das vezes essa relação será representada em um gráfico com hipérbole ou sigmoide. Pode-se comparar: Emáx Maior efeito mediante a resposta. Resposta máxima que o fármaco produz quando todos os sítios específicos estão ocupados. É identificado quando o aumento da dose do fármaco não resulta em resposta adicional. EC50 Concentração da droga que produz 50% do efeito máximo. Curva de concentração X efeito (in vitro) e doses X resposta (in vivo). Potência farmacologia Refere-se ao EC50. O EC50 depende da: Afinidade do receptor pela droga Eficiência da ligação droga-receptor. A potência refere-se à quantidade de medicamento (geralmente expressa em miligramas) necessária para produzir um determinado efeito, como o alívio da dor. Por exemplo: se 5 mg do medicamento A aliviam a dor com a mesma eficácia que 10 mg do medicamento B, o medicamento A é duas vezes mais potente que o medicamento B. Eficácia Máxima Não depende do EC50, mas da afinidade e eficiência droga- receptor que depende da via de administração, absorção, distribuição e depuração. Um medicamento que é eficiente em estudos clínicos não é muito eficaz na sua utilização concreta. Por exemplo: um medicamento pode ter uma elevada eficiência na redução da pressão arterial, porém, pode apresentar uma baixa eficácia, uma vez que causa tantos efeitos colaterais que as pessoas devem fazer seu uso com uma menor frequência ou interromper o mesmo por completo. Índice terapêutico Relação entre a dose toxica e a dose terapêutica através de uma divisão. Quanto maior o resultado mais seguro esse fármaco será. Apresenta informações da margem de segurança de determinada droga. DT50: dose do fármaco que produz efeito tóxico em metade da população. DE5: dose do fármaco que produz uma resposta terapêutica na metade da população. Janela terapêutica Janela entre o valor máximo e mínimo que se precisa tomar para que o fármaco tenha efeito e não ultrapasse o valor toxico. Estado de equilíbrio dinâmico (ou estacionário) Período em que o fármaco estabiliza sua concentração no organismo após algum tempo. Alguns fármacos precisam de uso regular (exemplo: 8 em 8 horas) o mesmo necessita de ser acumulado anteriormente para que ele entre dentro da sua janela terapêutica (que é especifica para cada fármaco). Isso por que após uma dose inicial, o efeito do fármaco começa a cair algumas horas depois, portanto, é necessário uma dose de repouso após um determinado tempo para que ele se acumule no organismo, até entrar na janela terapêutica. Medida de segurança do fármaco Imagem A: índice terapêutico baixo, faixa de concentração onde a resposta eficaz e a tóxica se sobrepõem. A biodisponibilidade altera o efeito terapêutico. Imagem B: índice terapêutico alto, difícil de acontecer sobreposição de resposta eficaz e tóxica. Classificação das drogas de acordo com o tipo de interação fármaco- receptor Toda droga possui um receptor específico para se ligar e após isso pode causar algum efeito, que no caso seria abrir ou fechar. Porém, muitas substâncias não possuem eficácia ao se abrir/fechar, ou seja, elas só possuem capacidade de se ligar aos receptores específicos e não causam nenhum efeito. Este sistema de ligações ocorre o tempo todo em nosso organismo. Por exemplo: os nossos hormônios que são produzidos em determinado local do corpo, são lançados na corrente sanguínea e percorrem todo organismo até chegarem à célula-alvo que tem os receptores específicos para eles se ligarem e causarem Como escolher entre as diversas drogas disponíveis e planejar um esquema posológico com o máximo de benefício e o mínimo de toxicidade? OBSERVAÇÃO algum efeito. E nem sempre a ligação de um fármaco a um receptor irá ativá-lo. Existem dois tipos de drogas/substâncias, que podem se ligar em outras substâncias no organismo: Fármaco agonista Possuem grande afinidade com seus receptores e ainda possuem eficácia, ou seja, elas se ligam nos receptores específicos e causam algum efeito na célula-alvo. Existe três tipos: Fármaco agonista total (pleno): ele ativa o receptor induzindo 100% da resposta máxima. Fármaco agonista parcial: ele ativa o receptor, mas a resposta não é máxima (ele não ativa 50% da resposta, mais algo diferente do máximo). Fármaco agonista inverso: ele ativa o receptor, porem induzindo uma resposta inversa. Fármaco antagonista São capazes de se ligar aos receptores, porém elas não causam nenhum efeito, eficácia zero. Existe dois tipos: Antagonismo competitivo reversível: o aumento da concentração do agonista desloca o antagonista de seu sítio de ligação. Ele tem efeito antagonista, mas pode ser inibido caso a dose do agonista seja aumentada. Antagonismo competitivo irreversível: o aumento da concentração do agonista não é capaz de superar o efeito bloqueador. Ele tem efeito antagonista, mas não pode ser inibido por nenhum outro agonista (ligação muito forte). Obs: todos os fármacos necessitam de ter afinidade, mas a eficácia vai variar de fármaco para fármaco. Antagonismo e sinergismo farmacológico Antagonismo químico Quando dois fármacos são administrados e se combinam em solução fazendo com que o efeito do fármaco ativo seja perdido. Ex: protamina. Antagonismo fármaco cinético O antagonista reduz a concentração do fármaco ativo em seu sítio de ação aumentando o metabolismo ou a eliminação e diminuindo a absorção do fármaco. Ex: Fenobarbital x Contraceptivos Orais. Sinergismo É um tipo de resposta farmacológica obtida a partir da associação de dois ou mais medicamentos, cuja resultante é maior do que simples soma dos efeitos isolados de cada um deles. Regulação dos Receptores Dessensibilização ou taquifilaxia Trata-se da diminuição gradual do efeito de um fármaco quando ele é administrada de maneira contínua ou repetida. Pode ocorrer em poucos minutos ou de maneira mais gradual. Muitos mecanismos diferentes podem dar origem a esse tipo de fenômeno, incluindo: Alteração em receptores: alteração conformacional ou fosforilação de receptores. Translocação de receptores: redução do menor número de receptores que entram para dentro da célula. Depleção de mediadores: esgotamento de mediadores químicos. Alteração no metabolismo dos fármacos: diminuição gradual da plasmática do fármaco por aumento da degradação metabólica. Adaptação fisiológica: o efeito do fármaco é anulado por uma resposta homeostática. Hipersensibilização Ocorre frequentemente após a redução crônica da estimulação do receptor. Farmacocinética É o movimento dos fármacos pelo organismo após sua administração, Abrange os processos de: Absorc ão Distribuição Biotransformac ão (metabolismo) Eliminac ão (excrec ão) Absorção É a passagem do fármaco do seu local de administração para o sangue. Ele pode atravessar a membrana da célula das seguintes formas: Difusão lipídica: passagem sem gasto de energia, de um meio mais concentrado para um menos concentrado, ocorre através dos fosfolipídeos. É a forma mais comum. Difusão por aquaporinas: fármacos hidrossolúveis passam por meio de proteínas chamadas aquaporinas. Transportadores: é uma proteína já existente no organismo, onde o fármaco se aloca e é transportado para a outra extremidade. Pinocitose: um tipo de endocitose de partículas menores e em meio aquoso, na qual, moléculas de fármacos são englobadas pela membrana da célula. Distribuição Os fármacos lipossolúveis tendem a sair do sangue e chegar até as células e tecidos, se distribuem mais no organismo. No sangue há grande concentração de água, o que incomoda os fármacos lipossolúveis. Os fármacos hidrossolúveis se sentem bem no sangue e não se dispersam pelos tecidos e células como os lipossolúveis. Os fármacos lipossolúveis chegam a todos os compartimentos,enquanto os hidrossolúveis ficam confinados principalmente no plasma e líquido intersticial. Volume de distribuição: relaciona a quantidade de droga no organismo com a sua concentração no sangue. As drogas com Vd muito alto apresentam baixas concentrações no sangue e não exibem distribuição homogênea, As drogas com Vd mais baixo ficam retidas no compartimento vascular. Obs: Os fármacos com características lipossolúveis se distribuem mais pelo corpo, mas é uma relação diretamente proporcional então o volume de distribuição é mais alto. Metabolismo É qualquer reação química que acontece no organismo. Podem ser de duas formas: Forma de catabolismo: onde há a quebra de um produto já existente Forma de anabolismo: onde há formação de novos produtos. Nos fármacos as duas reações estão presentes. Ocorre principalmente no fígado pelo sistema do citocromo P450, que são enzimas especializadas em degradar e formar novos complexos. Duas reações são realizadas: Reações de fase 1 Oxidação, redução e hidrólise. Ocorre quando o fármaco chega ao fígado. Essa reação faz com que os fármacos se tornem mais polares, ou seja, mais hidrossolúveis, isso é necessário porque a principal via de eliminação do fármaco é pela urina, que é composta principalmente por água. Reações de fase 2 É uma reação de conjugação. O produto da reação de fase 1 reagirá com o grupamento hidrossolúveis do organismo presente no fígado (glicuronil, metil, acetil, sulfato). Essa reação formará uma nova substância que perdeu seu efeito terapêutico e está pronta para ser eliminada por via renal. Essa reação ocorre no fígado. As enzimas degradam sustâncias diferentes: Indutores enzimáticos: alguns fármacos são potentes estimuladores das enzimas do citocromo P-450 hepático, o que provoca interações medicamentosas levando à redução das concentrações no sangue e aumento da eliminação de vários medicamentos, ou seja, acelera excessivamente o processo. Ex: fenobarbital aumenta a eliminação de anticoncepcionais orais. Inibidores enzimáticos: outros fármacos podem provocar interações medicamentosas pela inibição das enzimas do citocromo P-450 diminuindo a eliminação de alguns fármacos, o que pode provocar a toxicidade destes medicamentos. Ex: cimetidina inibe a eliminação do propranolol. Metabolismo de primeira passagem ou pré-sistêmico É um fenômeno do metabolismo da droga no qual a concentração da droga é significantemente reduzida pelo fígado antes de atingir a circulação sistêmica, reduzindo a biodisponibilidade do fármaco. Os fármacos que sofrem intenso metabolismo de primeira passagem se tornam necessário uma dose muito maior do fármaco e ocorrem grandes variações individuais. Eliminação Consiste na saída do fármaco quimicamente inalterado ou seus metabólitos do organismo. Vias pelas quais os fármacos deixam o organismo: Rins Sistema hepatobiliar Pulmões Leite ou suor. pKa Representa o valor do ph do meio no qual a concentração da forma ionizada é igual a concentração da forma não ionizada. Obs: uma sustância ácida é aquela que libera H+ para o meio, e uma substância básica é aquela que recebe esse H+. Substâncias apolares passam mais facilmente pelo fosfolipídeo por não possuírem carga. Nesse caso, se olharmos apenas para a questão do ph, o estômago se torna o lugar para absorve-lo, visto que, ácidos fracos em meio ácido se dissociam pouco permanecendo predominantemente em forma molecular, sendo mais lipossolúvel e com melhor capacidade de difusão. Diferente das substâncias básicas que em meio ácido se mostram predominantemente, em forma ionizada, polar, mais hidrossolúvel e, portanto, com maior dificuldade de difusão. O pka é importante para a absorção através do gastrointestinal e para o tratamento de certas intoxicações de medicamentos. Ex: a alcalinização urinária acelera a excreção renal de um ácido fraco, enquanto a acidificação urinária favorece a excreção de uma base fraca. Ligação de fármacos a proteínas plasmáticas Quando o fármaco chega ao sangue ele se liga a proteína plasmática, devido sua afinidade com a mesma, formando um complexo. Ele fica retido dentro do sangue e é considerado um fármaco farmacologicamente inativo não exercendo o efeito terapêutico. O fármaco que fica livre no sangue é o fármaco considerado farmacologicamente ativo. Em casos de pacientes que tomam diversos tipos de medicamentos ao mesmo tempo, pode ocorrer o ponto de saturação da proteína plasmática, na qual, o fármaco no sangue não encontrará a proteína para se ligar, visto que os outros fármacos ingeridos já se ligaram a elas, resultando em um efeito tóxico no paciente. O efeito terapêutico será excessivo. Dois fármacos podem competir pelos sítios de ligação das proteínas. Vias de administração Segue as vias: Oral Sublingual Retal Local Cutânea Nasal Ocular Endodôntica (via intracanal) Submucosa e subperióstica Injeção intravenosa Injeção subcutânea ou intramuscular. Administração oral A maioria dos fármacos são administrados pela boca e deglutidos. A absorção no intestino ocorre por difusão simples Os medicamentos administrados por via oral podem aparecer da seguinte forma: Solução Suspensão Cápsula Comprimido Drágea (Encontram-se na respectiva ordem de rapidez pela absorção do organismo). Existem alguns fatores que podem afetar a absorção gastrointestinal como: Motilidade gastrointestinal Fluxo sanguíneo explâncnico Tamanho da partícula e formulação Fatores físico-quimicos. Biodisponibilidade: é a fração de uma dose que chega à circulação sistêmica na forma de fármaco intacto, levando em consideração tanto a absorção como a degradação metabólica local, ou seja, a quantidade de fármaco livre. Bioequivalência: consiste na demonstração de equivalência farmacêutica entre produtos apresentados sob a mesma forma farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e quantitativa de princípios ativos, e que tenham comparável biodisponibilidade. Leva em consideração a concentração máxima do fármaco (Cmáx) e o tempo decorrido entre a administração até alcançar Cmáx. Administração sublingual Via utilizada quando se deseja um efeito rápido (absorção diretamente na cavidade oral) ou quando o fármaco é instável no pH gástrico ou rapidamente metabolizado pelo fígado. Administração retal Produz efeito local ou sistêmico, é útil em pacientes com quadro emético ou incapazes de tomar medicamentos pela via oral, em um caso de paciente sofrendo um ataque epilético, por exemplo. Administração local Fármacos com ação no local de aplicação. Ex: cremes, pomadas, soluções e colutórios. Administração cutânea É usada quando é necessário um efeito local na pele, entretanto pode haver absorção causando efeitos sistêmicos. As apresentações transdérmicas (fármaco incorporado em um adesivo para ser aplicado na pele) visam um efeito sistêmico sem efeito de primeira passagem. Administração nasal Alguns hormônios são aplicados através de sprays nasais. Administração ocular Os colírios são usados visando um efeito local sem causar efeitos colaterais sistêmicos, no entanto ocorre certa absorção sistêmica nos olhos. Administração endodôntica (via intracanal) Administração de fármacos no sistema de canais radiculares dos dentes. Administração submucosa e subperióstica Infiltração de soluções anestésicas locais ou até de corticosteroides. Administração por injeção intravenosa Via mais rápida e confiável de administração de um fármaco, na qual o fármaco cai diretamente na corrente sanguínea. Administração por injeção subcutânea ou intramuscular Produz efeito mais rápido do que a administração oral, mas a velocidade da absorção depende do local da injeçãoe do fluxo sanguíneo local. Barreira hematoencefálica Consiste em uma camada contínua de células endoteliais unidas por junções de oclusão, tornando o cérebro inacessível para a maioria dos fármacos. Os fármacos devem ser mais lipossolúveis para conseguir atravessar a barreira hematoencefálica. O endotélio dos vasos não é contido, possuem poros que facilitam o transporte e a troca entre o que há no sangue e o que há no tecido. Porém, no cérebro as células são extremamente unidas e os capilares não apresentam poros. Resultando em uma barreira para o fármaco chegar até o cérebro. Medicamentos como antidepressivos, para dores na cabeça, antipsicóticos, atuam no sistema nervoso central e precisam passar pela barreira para fazerem efeito. O fármaco só consegue passar pela membrana da célula sendo mais lipossolúveis, pois estes passam de forma mais rápida devido à presença de gordura, passando pelos fosfolípideos. Meia vida (t1/2) É o tempo necessário para que a concentração plasmática do fármaco chegue em 50%. É utilizada para o cálculo da posologia. Um medicamento demora 5 meia vida para fazer efeito. O fármaco precisa de uma concentração mínima para fazer efeito, se sua concentração diminuir demais significa que ele foi eliminado. Efeitos de administrações repetidas A concentração aumentará até atingir uma concentração de estado de equilíbrio média. Quando se toma uma dose repetida, o fármaco ultrapassa a janela terapêutica chegando à dose tóxica, depois de muito tempo sem tomar o fármaco será metabolizado e vai chegar à dose subterapêutica, sendo totalmente eliminado do corpo e não terá mais efeito. Obs: é de extrema importância respeitar a posologia do fármaco para que ocorra o efeito terapêutico Dose de ataque Utilizada para atingir uma concentração terapêutica do fármaco mais rapidamente. Principalmente utilizada para fármacos com meia-vida longa quando há urgência no tratamento. Não pode ser feito com qualquer fármaco. Em algumas situações quando se faz uso crônico, o fármaco pode não fazer efeito na primeira dose. Em casos de urgência se faz o uso da dose de ataque, na qual será aplicada uma dose em dobro afim de alcançar a janela terapêutica na primeira aplicação. Conceitos Latência: tempo decorrido entre o momento da administração e o início de efeito. Pico de efeito: tempo necessário para que o fármaco atinja sua concentração máxima. Duração do efeito: dependente da velocidade dos processos de eliminação / distribuição. Ansiolíticos e sedativo-hipnóticos A ansiedade pode ser caracterizada como um desagradável estado de tensão, apreensão e inquietude. Constante sentimento de temor que parece originar-se de um perigo interno ou externo iminente. Muitas vezes acontece sem causa aparente. A ansiedade vem com um comportamento de medo, ou seja, antes que algo aconteça o indivíduo sofre antecipadamente. O medo traz consigo os comportamentos defensivos, reflexos autônomos, comportamentos de desperte e alerta, secreção de corticosteroides (hormônio relacionado com o estresse), e emoções negativas. Sintomas da ansiedade: alteração no humor, taquicardia, tremor, preocupação extrema, alterações respiratórias, inquietação, insônia, medo, sudorese. Fatores que geram ansiedade na clínica odontológica: Experiências negativas do paciente em consultas anteriores; Intercorrências negativas relatadas por pacientes ou amigos; Visão do operador paramentado; Visão do instrumental; Visão do sangue, que pode levar ao desmaio; Ato da anestesia local Vibrações e sons provocados pelos motores de alta/baixa rotação; Sensação inesperada de dor, talvez o mais importante dos estressores; Comportamento ríspido ou movimento brusco por parte do profissional. Sedação mínima Na prática odontológica trabalha-se com a sedação mínima, que é uma discreta depressão do nível de consciência, produzido por método farmacológico, que não afeta a capacidade do paciente de respirar de forma automática e independente e de responder de maneira apropriada à estimulação física e ao comando verbal. Quando o paciente está ansioso ele tem excesso de ativação de alguns hormônios do sistema nervoso central. O ansiolítico faz com que os neurônios diminuam seu grau de disparo do potencial de ação, diminuindo assim sua capacidade de conduzir corrente elétrica, e fazer sinapses. Dependendo da dose do ansiolítico, ele deprime demais o sistema nervoso central e passa a ter um efeito sedativo comprometendo a capacidade do paciente de fazer movimentos voluntários. Se a dose do ansiolítico for maior ainda, se torna um medicamento hipnótico, sendo induzido ao sono. Indicação para sedação na área odontológica: Quando o quadro de ansiedade aguda não for controlável apenas por meio de métodos não farmacológicos; Nas intervenções mais invasivas (drenagem de abcessos, exodontia de inclusos, cirurgias periodontais, perirradiculares ou implantodônticas), mesmo em pacientes normalmente cooperativos ou que aparentarem estar calmos e tranquilos; No atendimento de pacientes portadores de problemas cardiovasculares, asma brônquica ou com histórico de episódios convulsivos, com a doença controlada, com o objetivo de minimizar as respostas ao estresse cirúrgico; Logo após traumatismos dentários acidentais, situações que requerem pronto atendimento, muitas vezes em ambiente ambulatorial; Benzodiazepínicos Sobre a duração, se pensado em forma de uso crônico, prescrevese os de curta duração como hipnóticos, os de ação intermediaria para sedativos, e os de ação prolongada (utilizado durante dias) como um ansiolítico. Para tirar a ansiedade do paciente antes da consulta pode-se usar o de ação curta, pois estes fazem um efeito mais rápido assim como perdem o efeito de forma mais rápida também. Farmacodinâmica dos benzodiazepínicos O mecanismo de ação desses ansiolíticos acontece na tentativa de diminuir a atividade do sistema nervosos central. O neurotransmissor chamado gaba, é inibitório, ou seja, vai levar a diminuição da atividade da próxima célula. Existem dois tipos de receptores, o gaba A e gaba B. Quando o ansiolítico se ligar ao receptor, será gerada uma resposta de inibição, impedindo o potencial de ação. O receptor gaba A possui um sitio ligação por onde o neurotransmissor se liga. O canal se abre quando ocorre a ligação e o íon de cloreto entra no neurônio com carga negativa, o neurônio se torna mais negativo quando o íon de cloreto entra e diminui sua atividade. Nesse receptor existe um sítio de ligação chamado sitio do benzodiazepínico, na qual o fármaco irá se ligar. E outro sítio por onde o gaba fisiológico irá se ligar. Quando ocorre as duas ligações, o íon de cloreto entra em quantidade muito maior, do que se tivesse apenas a ligação do gaba, ou seja, quando ocorre as duas ligações dos dois sítios acontece uma potenciação da entrada dos íons de cloreto. Existem sítios de ligação para outros fármacos, como: álcool, barbitúricos e dentre outros. É dividido em três momentos: Primeiro quando o neurônio está em repouso, na qual o receptor está vazio. Segundo momento quando apenas o sítio de ligação do gaba está ligado, Terceiro quando os dois sítios estão ligados e atuando no receptor, levando uma quantidade de cloreto muito maior para a parte interna. Farmacocinética dos benzodiazepínicos Acontece por absorção. Esses ansiolíticos são substâncias lipofílicas, e o pico de ação acontece uma hora após a administração via oral. Para uma ação mais rápida, indica-se que o paciente não se alimente antes do remédio. Pode ser administrado por via oral, onde a velocidade de absorção varia com a lipossolubilidade, via intramuscular, que é lenta e variável, e pela via intravenosa, devendo ser diluído para permitiruma administração mais lenta. A realizada pelo profissional odontológico é apenas por via oral. A distribuição é feita de forma rápida e com efeito central, pois atravessa a barreira hematoencefálica. Apresenta ampla distribuição pelo organismo, depende da lipossolubilidade. Não se prescreve para mulheres durante a gravidez, devido capacidade de passar pela barreira placentária. Sofrem depósito no tecido adiposo, e possui alto índice de ligação com proteínas plasmáticas. É excretado pela urina, ou seja, via renal. Efeitos dos benzodiazepínicos Efeito ansiolítico BZDs de meias-vidas longas, em baixas doses e por tempo prolongado. Os efeitos ansiolíticos estão menos sujeitos à tolerância do que os efeitos sedativo-hipnótico. Efeito sedativo Todos de baixa dose apresentam efeito sedativo. Alta tolerância. Efeito hipnótico BZDs de meias-vidas curtas. Alta tolerância. Diminui a latência do sono e a frequência que a pessoa acorda de noite, promovendo maior duração do sono total. Possui duração sempre curta. É retirado do paciente de forma gradual devido a insônia rebote. Relaxamento muscular Reduz o espasmo muscular e espasticidade. Anticonvulsivante Age como anticonvulsivante em casos de tratamento crônico dos distúrbios epiléticos. Ação pré-anestésica Aliviam a tensão antecipatória. Amnésia anterógrada Podem causar amnésia anterógrada promovendo a diminuição da aquisição da memória, na qual o paciente não lembra com perfeição o que foi feito sobre o efeito do remédio. Ataxia (incoordenação motora) e disartria de fala Pode promover ataxia e disartria de fala em doses mais elevadas. Propriedades do benzodiazepínicos Possui alto índice terapêutico. Superdosagem: depressão respiratória, apnéia, depressão miocárdica com hipotensão grave. Mais comum em pacientes idosos e quando em associação com outros depressores do SNC. Efeito paradoxal: raros casos de inquietude, agitação, irritabilidade, agressividade e insônia. Acontece o efeito reverso. As reações adversas dos benzodiazepínicos são: sonolência, confusão, amnésia, déficit de atenção, comprometimento de coordenação. Os benzodiazepínicos são indicados de forma geral para doenças de pânico, ansiolítico de uso agudo ou crônico, pessoas com distúrbios de sono, transtornos obsessivo-compulsivos, como anticonvulsivante, adjuvante anestésico, miorrelaxante e no tratamento da síndrome da abstinência do álcool. Porém os BZDs apresentam algumas desvantagens, tais como: Promove dependência física e psíquica, ocorrendo não só com doses terapêuticas por período prolongado, como também por doses elevadas, interrupção abrupta provoca síndrome de abstinência, na qual, o paciente manifesta sintomas de irritabilidade, ansiedade, nervosismo, agitação, insônia e os BZDs com meia-vida de eliminação curta causam reações de abstinências mais severas e abruptas do que com os fármacos de meia-vida longa. Interações medicamentosas Deve-se estar atento caso o paciente faça uso de algum depressor do sistema nervoso central, como neurolépticos, antidepressivos, outro tipo ansiolíticos, sedativos, hipnóticos, narcóticos, analgésicos e anti-histamínicos. Esse cuidado se deve, pois, a utilização de muitos medicamentos depressores do sistema nervoso central causa depressão respiratória. É contra indicado em casos de doença hepática e renal pois não será degradado ou eliminado corretamente, paciente com apneia de sono, glaucoma de ângulo fechado, e idosos. Antagonista do benzodiazepínico O flumazenil é usado para reverter os efeitos dos benzodiazepínicos após overdose, pois ele desloca o benzodiazepínico do sitio ligação. Poderá haver incidência de ansiedade, agitação e convulsão. Inalação de óxido nitroso e oxigênio Vantagens Apresenta tempo curto (~5min) para se atingir os níveis adequados de sedação e para recuperação do paciente. A dose utilizada é individual para cada paciente e utiliza-se administração pela técnica incremental. A duração e intensidade de sedação são controlados pelo profissional. Desvantagem Pelo alto custo no investimento inicial. Contraindicações Pacientes com respiração bucal ou obstrução nasal, portadores de DPOC, pacientes com presença de infecções respiratórias agudas e pacientes submetidos à quimioterapia com bleomicina. Fitoterápicos Ansiolíticos considerados naturais, mas não há conhecimento de dose segura pela falta de estudo sobre o assunto. Ex: Valeriana officinalis 100mg – 60 min antes da cirurgia. Passiflora incarnata 500mg – 90 min antes da cirurgia. Principais benzodiazepínicos utilizados Anestésicos locais Os anestésicos locais de uma maneira geral têm a mesma organização química. Possuindo dois grupos do tipo éster e amida. Hoje se é utilizado mais as amidas do que os ésteres, as amidas conseguem ter uma meia vida de ação mais prolongada enquanto os ésteres são rapidamente degradados, apresentando mais reação alérgica por parte do paciente. Ésteres Inicialmente a cocaína foi o primeiro anestésico local, porém hoje em dia não faz mais parte do arsenal terapêutico do tipo éster. Dentro da odontologia a benzocaína atualmente é o único integrado como anestésico de superfície de mucosa, podendo ser aplicado em forma de pomada ou de gel, sendo pouco solúvel precisando de uma aplicação tópica. Amida Lidocaína É a mais empregada/utilizada tendo ação vasodilatadora, acaba tendo uma rápida eliminação no seu local de injeção porque acaba se espalhando por outras regiões e isso faz com que tenha um tempo de duração de efeito muito pequeno. Quase não se faz a lidocaína sem o vaso, pois seu tempo de duração da anestesia é de 5 a 10min, quando é colocado com o vaso é possível aumentar o tempo de duração da anestesia de 40 a 60min. Mepivacaína Não tem a ação vasodilatadora da lidocaína, sem vaso ela tem uma duração de efeito um pouco maior por volta de 20 a 40min. Prilocaína Possui uma potência anestésica similar a lidocaína com início de ação igual à lidocaína (2-4min), só é comercializada junto com o vasoconstritor com duração de anestesia de 60 a 90min. Possui uma pequena possibilidade de causar metahemoglobinemia que é quando não se consegue transportar oxigênio corretamente, portanto é preciso ter cuidado com paciente que tem deficiência de oxigenação. Ex: paciente que possui anemia Articaína Tem ganhado muito mercado possuindo uma potência anestésicas 1,5 maior que a lidocaína com início de ação mais curto, possui um efeito de duração anestésica considerável de 50 a 100min (sem vaso). Bupivacaína É mais potente que a lidocaína, porém é mais cardiotoxica. Possuindo uma ação extremamente vasodilatadora precisando ser feita a aplicação da anestesia com o vasoconstritor. Após 24 horas, que foi feita a injeção da bupivacaína pode ser que aumente a percepção da dor pelo aumento de liberação de prostaglandina. Não é recomendado para menores de 12 anos pelo risco de mordedura do lábio já que ele tem uma ação muito longa e muitas vezes não tendo a percepção por estar anestesiado, onde crianças pequenas podem morder o lábio na tentativa de voltar a senti-lo causando feridas por causa disso. Tabela para calcular a quantidade de tubetes Anestésico local Dose máx (por kg de peso corporal) Máx absoluto (independente do peso) N° de tubete (max por sessão) Lidocaína 2% 4,4 mg 300mg 8,3 Lidocaína 3% 4,4 mg 300mg 5,5 Mepivacaína 2% 4,4 mg 300mg 8,3 Mepivacaína 3% 4,4 mg 300mg 5,5 Articaína 4% 7 mg 500 mg 6,9 Prilocaína 3% 6 mg 400 mg 7,4 Bupivacaína 0,5% 1,3 mg 90 mg 10 Farmacocinética A farmacocinética dos anestésicos locais é administrada por injeção na área a ser bloqueada ou por aplicação tópica. As substâncias vasoconstritoras reduzem a absorçãosistêmica e prolongam sua ação. Acidificação da urina acelera a excreção do anestésico local. Toxicidade No sistema nervoso central podem causar estimulação com inquietude, tremor e convulsão. A estimulação central é seguida de depressão e por óbito é geralmente causado por insuficiência respiratória. No sistema nervoso periférico podem bloquear os receptores nicotínicos em altas concentrações, bloqueando a resposta dos músculos esqueléticos. No sistema cardiovascular acaba bloqueando os canais de sódio do coração fazendo com que o coração diminuía a contratividade dele, trazendo hipotensão (redução da força de contração e dilatação arteriolar). Na musculatura lisa deprimem as contrações do intestino, relaxam os brônquios e vasos sanguíneos. Hipersensibilidade aos anestésicos locais Os anestésicos locais do tipo éster possuem hipersensibilidade, porém a amida dificilmente, dentro do tubete não possui só o anestésico local contendo também os vasoconstritores e os conservantes que são muito mais comuns de induzir a reação de hipersensibilidade/alergia do que o próprio anestésico local, principalmente o conservante. Quando se tem a manifestação de hipersensibilidade ele se manifesta como uma dermatite alérgica ou uma crise asmática. O mecanismo de ação dos anestésicos bloqueia de maneira reversível a condução de impulsos ao longo dos axônios, ou seja, bloqueiam os canais de sódio voltagem dependentes que são aqueles que vão gerar um processo de despolarização que é importante para ter o potencial de ação, para ter a ativação do neurônio. Consequentemente bloqueando o canal de sódio a informação não irá trafegar até chegar ao sistema nervoso central, pois os neurônios estarão inibidos, não farão o potencial de ação. Por mais que possua algum estimulo doloroso não se dá para perceber porque a informação não irá trafegar para chegar até o sistema nervoso central que é aonde possui a percepção da dor. Ou seja, vai evitar que aquela fibra nervosa que está sendo acionada pelo processo doloroso consiga fazer o potencial de ação e assim fazer com que a informação trafegue até o sistema nervoso central, bloqueando os canais de sódio do tipo voltagem dependentes que são aqueles importantes para fazer o processo de despolarização. Deve ser levado em consideração que os fármacos vão bloquear os canais de sódio do lado interno, o que significa que é preciso atravessar a membrana da célula de Exemplo: Lidocaína 2% 2g de lidocaína ---- 100mL de solução X ---- 1 mL de solução X= 0,02 g/mL ou 20mg/mL Cada tubete contem 1,8 mL de solução, então teremos 1,8 x 20 mg de lidocaína = 36 mg de lidocaína no tubete. Dose máxima de lidocaína por Kg de peso corporal é de 4,4 mg com valor máximo absoluto de 300 mg Quero calcular quantos tubetes usar em um adulto que pesa 70kg Então: 4,4 mg de lidocaína x 70 kg do paciente = 308 mg Perceba que passou do limite total de lidocaína que é 300 mg, então vou calcular quantos tubetes considerando esse valor limite máximo de 300 mg. 300 mg ÷ 36 mg (que tem de lidocaína em cada tubete) = 8,3 Como os anestésicos locais conseguem impedir a percepção da dor? onde o canal está inserido para que se consiga fazer o bloqueio do lado interno. Frequência e voltagem Os anestésicos locais são dependentes de frequência e voltagem para sua ação. Os nervos que estão sendo excessivamente estimulados, ou seja, estão disparando com maior frequência são os nervos que mais vão sofrer com a ação dos anestésicos locais, aqueles nervos que estão com uma voltagem mais positiva (porque estão tendo despolarização) eles vão ser o alvo do anestésico local. Nervos que estão sendo estimulados repetidamente são mais sensíveis à ação dos anestésicos locais. Frequências mais altas de estimulação e potencial de membrana mais positiva acentuam o bloqueio produzido pelos anestésicos. Ou seja, aquelas fibras que estão disparando mais significa que elas estão invernando uma região que está tendo estimulo doloroso, então para levar a informação do estimulo doloroso se tem a participação de um neurônio/fibra que está inervando aquela região e que está então fazendo muitos potenciais de ação seguidos. Quando for injetado um anestésico local em uma região é exatamente essa fibra que está disparando com alta frequência que vai sofrer mais com a ação do anestésico local. Os anestésicos locais são bases fracas, o pKa deles é de 8 a 9. Nesse ph de 8 a 9 terá 50% na forma molecular e 50% na forma ionizada, porém quando for injetado dentro do organismo do indivíduo esse tipo de anestésico local que está em solução ele irá se deparar com o pH fisiológico que seria um ph 7,4 (mais ácido do que o valor do pKa desse anestésico local). Acontecendo então que esse anestésico local irá receber H+ do meio, já que ele foi colocado em ambiente mais ácido, ou seja, ele estará em forma catiônica carregada (forma mais ativa/ionizada). A forma molecular (sem carga) é importante para que seja possível atravessar a membrana de uma forma mais rápida, intensa ou até mesmo fácil. Nessa figura é possível observar o anestésico local sendo colocado na forma molecular (AL) conseguindo atravessar a membrana da célula (foi injetado dentro do local que você quer que faça efeito), chegando no lado intracelular ele irá se deparar com o PH mais ácido (ph fisiológico) ficando na forma ionizado porque acabou recebendo h+ do meio, ou seja, ficando na forma ativa que consegue bloquear o canal de sódio. Se o anestésico fosse invejado na forma iônica (AL+) não seria possível atravessar a membrana da célula. Ou seja, é importante que esse anestésico esteja na forma molecular para conseguir atravessar a membrana da célula, já que assim ele consegue atravessar melhor no meio dos fosfolipídios, quando ele se transformar na forma iônica (forma ativa), ele irá conseguir bloquear os canais de sódio. Vasoconstritores Os vasoconstritores prolongam os efeitos dos anestésicos locais, reduzindo a taxa de absorção do anestésico local e de sua destruição, além de reduzir seus efeitos tóxicos sistêmicos. É possível ter vantagens associando o vasoconstritor com o anestésico local, como: ganho de efetividade e menos efeitos colaterais porque terá menos passagem para a circulação sistêmica. Epinefrina Dentro dos vasoconstritores o que mais se usa é a Epinefrina sendo mais utilizadas em pacientes saudáveis (crianças, gestantes e idosos). Possuindo três dosagens diferentes 1:50000, 1:100000, 1:200000. O mais utilizado é o de 1:100000 porque é aonde se consegue ter um efeito vasoconstritor interessante não tendo uma vasodilatação rebote. Quando se é utilizado dosagens mais concentradas de vasoconstritor é aonde acontece à possibilidade de uma vasodilatação rebote É preciso ter cuidados em pacientes que tenham alguma doença cardiovascular porque um dos efeitos da epinefrina é poder atoar em receptores no coração estimulando a bater com maior intensidade e mais vezes por minutos. Ex.: em pacientes hipertensos, histórico de infarto, menos de 6 meses de um AVE, arritmia cardíaca, hipertireoidismo e dentre outros. Norepinefria Menos potência vasoconstritora do que Epinefrina (25%), praticamente não se usa na odontologia. Corbadrina Menor potência vasoconstritora do que a Epinefrina (15%), praticamente não se usa na odontologia. Fenilefrina Um fármaco que irá atuar seletivamente nos receptores alfaadrenérgicos, possuindo uma menor potência vasoconstritora do que a Epinefrina (5%), efeito mais prolongado. Felipressina O alvo farmacológico dela é o receptor VI que é um receptor do hormônio antidiurético. A felipressina vem junto com a Prilocaína e possui maior ação em veias do que arteríolas, trazendo maior probabilidadede sangramento. Prevenção e controle da dor Dado início de um processo inflamatório, uma série marcante de eventos irão acontecer, sendo o primeiro o processo de desencadeamento do evento em si (por conta de uma lesão física ou contato com alguma substância estranha ao organismo); seguida do processo de recrutamento das células inflamatórias (que são as células de defesa que se dirigem ao local da infamação na tentativa de fagocitar o agente invasor e limitar o processo infamatório); e por fim temos a liberação dos mediadores da inflamação, que acontece após a cascata da inflamação (esses mediadores tentam lesar ou destruir o micróbio invasor que está causando o processo inflamatório). No geral, o processo inflamatório é benéfico ao nosso organismo, sendo um mecanismo de segurança que evita a propagação de um dano maior ao corpo. No entanto, quando a resposta inflamatória promovida é muito exagerada, incapacitando o indivíduo e com isso impedido o mesmo de exercer suas atividades normais por conta dos sintomas da infamação, passa a ser necessário o uso de antiinflamatórios para se inibir o efeito indesejado. Os cincos sinais cardinais da inflamação: Calor e Rubor: hiperemia arterial com aumento da temperatura local; Tumor: aumento de líquido (edema); Dor: irritação química nas terminações nervosas e pela compressão mecânica (edema); Perda de função: decorrente do tumor e da própria dor, dificultando as atividades locais. Durante o processo inflamatório, ocorrerá uma vasodilatação no local da inflamação, na tentativa de aumentar a permeabilidade vascular e com isso proporcionar uma distribuição mais rápida e efetiva dos leucócitos no local da inflamação. O problema é que o processo inflamatório pode levar eventualmente a uma degeneração tecidual e fibrose naquela região. Dessa forma, o uso de um medicamento (anti-inflamatórios) que irá limitar esse processo inflamatório, e posteriormente acabar com o mesmo (evitando a perda da função, e a fibrose que pode acontecer mediante a inflamação). Inflamação aguda Constituem o conjunto de modificações provocadas pelo agente inflamatório que resultam na liberação de mediadores químicos característicos da inflamação. Principais efeitos: Dilatação de pequenos vasos levando a aumento no fluxo sanguíneo; Aumento de permeabilidade da microvasculatura, que permite que as proteínas do plasma e os leucócitos saiam da circulação; Emigração de leucócitos da microcirculação, seu acúmulo no foco da lesão e sua ativação para eliminar o agente agressor; Por fim, como resposta final teremos a degeneração tecidual e a fibrose. No decorrer do processo inflamatório, existe uma série de mediadores químicos que podem estar envolvidos, sendo os principais: histamina, serotonina, bradicinina, prostaglandinas e leucotrienos. O principal objetivo dos anti-inflamatórios e justamente evitar a formação desses mediadores químicos e com isso impedir o desenvolvimento do processo inflamatório. No entanto, devido a ação especifica de cada mediador, é necessário que o fármaco em questão secrete antagonistas específicos para cada mediador em questão. Exemplo: utilizando um antagonista para a histamina, o único processo da inflamação que poderá ser evitado será a vasodilatação. Antagonistas dos mediadores químicos e seus principais efeitos: Antagonista da Histamina Responsável em impedir a vasodilatação dos vasos localizados na região da inflamação (efeito vasoconstritor). Antagonistas da serotonina e bradicinina Reduzem muito pouco as respostas inflamatórias, tendo um efeito muito limitado. Prostaglandina São os que produziram uma resposta mais pronunciada. Isso pois a maioria dos sintomas da inflamação (como a febre e a dor) são desencadeados pela prostaglandina. Leucotrienos Muito utilizados em pacientes asmáticos, já que a asma é um tipo de doença inflamatória, evitando assim alguns dos sintomas característicos da asma. Sensibilização de nociceptores (receptores sensíveis a dor). Quando ativado, ele desencadeia uma serie de sinapses que se dirigem até o cérebro, levando a informação da dor. Legenda das figuras (sentido horário) 1- Prostaglandinas e prostaciclina relaxando a musculatura lisa de vasos; 2- tromboxano promovendo a agregação plaquetária e a prostaciclina inibindo; 3- dentro da musculatura lisa do brônquio temos a prostaglandina e a prostaciclina relaxando a musculatura lisa do brônquio (existe um tipo de prostaglandina que faz a contração, mas o efeito que prevalece é o de relaxamento); 4- dentro do útero temos a prostaglandina fazendo a contração do músculo liso uterino e a prostaciclina relaxando; 5- a prostaglandina e a prostaciclina protegem a mucosa gástrica, aumentando a produção de muco e reduzindo a produção de ácido clorídrico; 6- o efeito vasodilatador da prostaglandina e da prostaciclina promove um aumento do fluxo sanguíneo renal, fazendo o rim trabalhar melhor (já que devido e esse efeito ele recebe mais sangue e filtra mais sangue). Cascata de inflamação Ao sofrer um estimulo lesivo, uma enzima localizada na membrana celular chamada de fosfolipase A2 é ativada, o que possibilitará a liberação do ácido araquidônico. Esse ácido por sua vez possui duas formas de ser transformado, sendo assim, ou ele é transformado em leucotrieno pela via da 5-lipoxigenase; ou pode sofrer a ação da ciclooxigenase (COX-1 e COX-2), formando a partir do ácido araquidônico os mediadores inflamatórios (endoperóxidos). Por fim, o tipo de mediador químico a ser formado dependerá do tipo de célula em questão (como pode ser observado na imagem acima). Em relação a segunda via (que será o foco dessa aula), temos a seguinte relação: Principais efeitos da COX: COX1: responsáveis pela manutenção da integridade da mucosa gástrica, reduzem a secreção de ácido, aumentam a secreção de bicarbonato e melhoram o fluxo sanguíneo na microcirculação da mucosa). COX2: regula a produção dos principais prostanóides envolvidos no processo inflamatório, na dor e na febre. Prevenção e controle da dor São medicamentos cuja função é reduzir o grau de inflamação dos tecidos. Esse tipo de anti-inflamatório apresenta como mecanismo de ação a inibição da COX, ou seja, impede a transformação do ácido araquidônico nos mediadores inflamatórios (prostaglandina, prostaciclina e tromboxano A2). Dentro desse grupo de anti-inflamatórios, temos aqueles que não fazem distinção das COX, bloqueando a COX1 e a COX2 ao mesmo tempo; aqueles que bloqueiam mais a COX1 e os que bloqueiam mais a COX2. A primeira vista, o efeito de bloqueio seletivo da COX2 parece ser mais interessante, visto que isso resultaria na remoção de todo o efeito da prostaglandina no processo inflamatório (que causam dor e febre), e se preservaria os efeitos fisiológicos da prostaglandina (função renal, agregação plaquetária e citoproteção GL), diminuindo assim os efeitos colaterais da inflamação. No entanto, não podemos afirmar que esse tipo de fármaco é 100% eficiente, visto que a COX2 também possui efeito anti-inflamatório assim como a COX1 também produz (incialmente) os efeitos negativos de dor e febre, ou seja, não se pode afirmar que a COX1 é 100% boa e que a COX2 seja 100% ruim, já que ambas induzem a formação de prostaglandina que produzira direta ou indiretamente os dois efeitos. Justificativa para o aumento da temperatura corporal: A reação inflamatória vai aumentar a atividade da COX2, o que implicará na formaçãode prostaglandina no endotélio dos vasos sanguíneos (na região do hipotálamo). Esta prostaglandina por sua vez atravessa a barreira hematoencefálica, atuando em neurônios termosensíveis (responsáveis pelo controle da temperatura corporal – localizados também no hipotálamo), fazendo o hipotálamo perder a capacidade de perceber a temperatura corporal normal, levando o mesmo a aumentar a temperatura corporal (aumentando a geração de calor e reduzindo a perda), levando ao quadro de febre. Justificativa para a percepção da dor: A percepção da dor é ativada pela ação dos nociceptores, que respondem aos estímulos de calor, presença de ácidos ou a pressão elevada, fazendo eles dispararem. Contudo, durante o processo inflamatório, a produção dos mediadores inflamatórios (em especial a prostaglandina), reduzem o limiar necessário para ativação dos nociceptores, disparando de uma maneira mais fácil e intensa, fazendo a sensibilização periférica (já que ele vai fosforilar os canais iônicos dos nociceptores). Efeitos analgésicos dos antiinflamatórios não esteroidais AINES Diminuindo a produção de PGE2 e PGI2 diminuem a sensação dolorosa; Os AINEs são usados principalmente para o controle da dor de intensidade leve a moderada com origem em estruturas mais tegumentares do que viscerais; São eficazes na artrite, na dor de origem muscular ou vascular, na dor de dentes, na dismenorréia e na dor de estados pós-parto condições que estão associadas a um aumento na síntese de prostaglandinas; Os AINES são superiores aos analgésicos opioides no controle da dor de fundo inflamatório; A associações de opioides com AINES são eficazes no tratamento da dor, podendo reduzir até um terço a dose dos opioides; Sua capacidade de aliviar a cefaleia pode estar relacionada com a abolição do efeito vasodilatador das prostaglandinas sobre a vasculatura cerebral. Efeitos antiplaquetários dos antiinflamatórios não esteroidais AINES Resulta da ação da inibição da COX-1 nas plaquetas; A TXA2 aumenta a agregação plaquetária, enquanto a PGI2 a diminui; Baixas doses de aspirina podem inibir irreversivelmente a produção de tromboxanos nas plaquetas sem afetar significativamente a produção de PGI2; A agregação plaquetária é reduzida, produzindo-se um efeito anticoagulante; Efeitos gastrointestinais dos antiinflamatórios não esteroidais AINES A prostaciclina (PGI2) inibe a secreção ácida do estômago, ao passo que a PGE2 e a PGF2α estimulam a síntese de muco protetor tanto no estômago como no intestino delgado. Na presença dos AINES, esses prostanóides não são formados, o que acarreta aumento da secreção do ácido gástrico e diminuição da proteção do muco. Isso pode causar ulceração e/ou hemorragia, náuseas e vômitos e diarreia. Aspirina também apresenta ação lesiva direta sobre a mucosa – usa-se cápsulas de revestimento entérico ou tamponadas. Efeitos renais dos anti-inflamatórios não esteroidais AINES Os AINES impedem a síntese de PGE2 e PGI2, as prostaglandinas responsáveis pela manutenção do fluxo sanguíneo renal. A síntese de prostaglandinas diminuída pode provocar retenção de sódio e água, podendo causar edema em alguns pacientes. Uso dos AINES com relação a dor no atendimento odontológico A dor sentida pelo paciente após o atendimento odontológico e de cerca de 24 horas, tendo um pico de dor de 6 a 8 horas depois do procedimento cirúrgico. Portanto, o uso do AINES em ambiente odontológico se limita a um uso profilático e preventivo, dando a primeira dose no final do procedimento, estando a o paciente ainda sob efeito da anestesia local (ele não está sentindo dor ainda). Após a primeira dose, deve ser seguido os regimes posológicos normais de acordo com o tipo de anti-inflamatório a ser prescrito, por um período de até 72 horas no máximo (já que normalmente esse tipo de dor não é distendida por muitos dias). O objetivo douso do AINES é fazer o paciente não sentir dor (analgesia preventiva). Esse grupo de medicamento podem ser classificado como antagonistas competitivos reversíveis da COX. Eles estão competidos com o ácido araquidônico pela COX, sendo administrada uma dose de acordo com a intensidade do processo inflamatório, para fazer com que ele ganhe a disputa e bloquei a COX e consequentemente impeça a formação dos mediadores inflamatórios. Obs: o único anti-inflamatório dentro dos AINES que é irreversível é a aspirina. Ela faz uma reação de acetilação com a COX, inibindoa de maneira irreversível. Farmacocinética dos antiinflamatórios não esteroidais Absorção São fármacos rapidamente absorvidos por via oral; Eles têm um pico de ação (atingem a concentração máxima) com maior intensidade de efeito, cerca de 2 a 3 horas após a administração (1 hora para os COXIBES); Apresentam valores de pKa baixos, o que significa que possuem a característica de serem ácidos (são melhor absorvidos em meio ácido), por isso trazem muito efeito colateral a mucosa gástrica (muita queimação ou gastrite); Por conta dos efeitos colaterais, esses fármacos devem ser administrados após a alimentação, já que a barreira física dos alimentos impedirá uma agressão direta do fármaco a mucosa gástrica. Também é recomendado o uso de antiácidos, já que eles deixam o PH estomacal menos ácido, possibilitando, dessa forma, que a ação lesiva seja menor; A capacidade de absorção do fármaco será minimamente influenciada por conta da mudança de PH, sendo o único efeito notável a maior lentidão do processo de absorção (a quantidade de fármaco absorvida não será alterada). Ligam-se extensamente às proteínas plasmáticas (95- 99%) e saturável em altas concentrações (risco de intoxicação); Maioria penetra imediatamente nas articulações artríticas; Maioria apresenta efeito analgésico central; Eliminação Meia-vida varia entre os AINES (a posologia vai variar muito); Biotransformação hepática (metabolismo do fígado – fase 1 e 2). Eliminação renal. Efeitos colaterais (relacionados a inibição das prostaglandinas) Trato gastrointestinal Aumentam a secreção de ácido gástrico; Inibem a coagulação sanguínea; Azia, indigestão (tomar após refeição); Úlceras Rim Retenção hídrica (menor suprimento de sangue para o rim); Diminuição da excreção de Na+ (causando aumento da concentração de água, podendo levar a hipertensão). Outros Cardiovascular (retenção de sódio que pode levar ao aumento da preção arterial ou diminuição da prostaciclina levando a um aumento da agregação plaquetária formando trombos); Broncoespasmo; Urticária (um tipo de alergia); Inibição da contração uterina (pode ser utilizado nos quadros de cólica menstrual para diminuir a dor). Obs: durante o desenvolvimento embrionário, o pulmão do feto ainda é inoperante, havendo um sistema circulatório diferente do apresentado após o nascimento, sendo apresentada uma ligação entre a artéria aorta e a artéria pulmonar (ducto arterioso ou canal arterial), já que não a troca gasosas acontecendo no pulmão. Quem mantem esse canal aberto é a prostaglandina. O problema do uso desse tipo de anti-inflamatório para uma gravida que vai fazer que esse AINES chegue até a criança, é de fechar esse canal antes da hora, ou seja, antes do nascimento, sendo isso muito perigoso. Principais AINES empregados na clínica odontológica Nome do genérico Dose Intervalos entre as doses de manuntenção Cetorolaco (sublingual) 10 mg 8h Diclofenaco potássio 50 mg 8-12h Ibuprofeno 400-600 mg 8-12h Nimesulida 100 mg 12h Cetoprofeno 150 mg 24h Piroxicam 20 mg 24h Tenoxicam 20 mg 24h Meloxicam 15 mg 24h Celecoxibe 200 mg 12-24h Etoricoxibe 60-90 mg 24h Diclofenaco Possui uma capacidade anti-inflamatóriamuito grande, sendo muito útil quando já existe um processo inflamatório instaurado. Seu mecanismo de ação baseia se na maior inibição da COX2 do que a COX1, o que justiça a sua potência anti-inflamatória, além de reduzir a biodisponibilidade do ácido araquidônico. Em relação a dosagem, os de 75 mg devem ser administrados de 12 em 12 horas, e os de 50 mg de 8 em 8 ou 12 em 12 horas. O que vai determinar a posologia é o estado inflamatório apresentado pelo paciente, ou seja, se for um processo mais intenso pode ser administrado em um intervalo menor, e se for algo mais brando, pode ser administrado em intervalos maiores. Cetorolaco É um fármaco muito utilizado, sendo administrado por via sublingual na dosagem de 10 mg, tendo uma posologia de 8 horas. Seu mecanismo de ação se baseia na inibição mais seletiva para a COX2. Não é considerado um bom anti-inflamatório, mas apresenta um efeito analgésico muito grande, sendo utilizado mais por conta dessa característica. Ibuprofeno Ele inibe a ciclooxigenase, inibindo COX1 e COX2 de maneira equivalente. Além de diminuir a agregação plaquetária (menos que a aspirina), não sendo utilizado para esse fim. Em relação a dosagem, quando utilizado uma dosagem mais baixa (300 a 500 mg) ele visa apenas a um efeito analgésico a antitérmico, não apresentando um efeito anti-inflamatório. Esse último efeito só passa a valer quando são administradas dosagens de ibuprofeno maiores que 600 mg. Cetoprofeno Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição da ciclooxigenase, inibindo COX1 e COX2 de maneira equivalente. Além disso, ele também antagoniza as ações da bradicinina (substância vasodilatadora importante) e confere um efeito analgésico extra, já que a bradicinina consegue sensibilizar os nociceptores e ativar a percepção da dor. Sua dosagem e de 150 mg uma vez ao dia. Piroxicam e Meloxican Esses fármacos apresentam como mecanismo de ação a inibição da ciclooxigenase. O Piroxicam se caracteriza por ser um inibidor inespecífico da COX enquanto o Meloxicam inibe mais seletivamente a COX2. Dosagem: Piroxicam 20 mg, a cada 24 horas e Meloxicam 15 mg, a cada 24horas. Nimesulida Possui um efeito anti-inflamatório muito intenso, semelhante a ação do diclofenaco. Seu mecanismo de ação baseia-se na inibição mais seletiva da COX2, inibindo também a ativação de leucócitos, diminui produção de citocinas (substâncias pró-inflamatórias) e possivelmente ativa receptores de glicocorticoides, ganhando uma potência anti-inflamatória muito intensa. Dosagem: 100 mg, a cada 12 horas e 200mg a cada 24 horas (dosagem especial para um efeito prolongado). Coxibs É uma classe de medicamentos presente dentro do grupo dos não-esteroidais, que são praticamente seletivos para a inibição da COX2. Seu principal objetivo quando foram produzidos era visar uma menor quantidade de efeitos colaterais ao organismo (principalmente os relacionados ao trato gastrointestinal). Atualmente, esses fármacos necessitam de prescrição médica (diferentemente dos outros tipos de anti-inflamatórios) visto o risco que pode trazer a pacientes com doença cardiovascular ou histórico de doença cardiovascular. Obs: sua ação anti-inflamatória é muito notável, porém sua ação analgésica não é tão eficiente quanto aqueles que não são seletivos somente a COX2. Seu uso é recomendado a pacientes que tenham início fomentado de sangramento gastrointestinal, ou seja, aqueles indivíduos que já sofram de alguma alteração gastrointes tinal, especialme nte se ele já tenha uma pré-disposição a desenvolver alguma ulcera ou gastrite. Seu uso ainda não foi avaliado para indivíduos menores de 18 anos, não sendo recomendado o uso desse tipo de medicamento a esse grupo. Em relação aos seus efeitos adversos, pode-se citar: os efeitos colaterais renais (hipertensão e edema); os efeitos gastrointestinais leves a moderados (dispepsia, vômitos, diarreia e dor abdominal), Úlceras (ele não é indutor de úlceras por conta do efeito protetor da COX1, porém ele atrapalha no fechamento de uma úlcera já existente, já que os efeitos da COX2 são necessários para o fechamento de uma úlcera. Em relação as interações farmacológicas, esses fármacos que induzem CYP2C9 (rifampicina) ou que competem por essa enzima (fluconazol). Os COXIBS atualmente liberados para prescrição médica são Celecoxibe e Etoricoxibe, respeitando a seguinte dosagem: Celecoxibe 200 mg, 12-24 horas e Etoricoxibe 60-90 mg, a cada 24 horas. Durante a década de 2000, muitos estudos foram elaborados com o objetivo de descobrir os possíveis efeitos negativos que os COXIBS poderiam trazer. Foi descoberto que o uso desses antiinflamatórios poderia aumentar as chances de risco para infarto, trombose e acidente vascular encefálico. A explicação para isso se deve ao fato da prostaciclina, que não está sendo formada devido a inibição da COX, limita os efeito dos estímulos prótrombóticos, ou seja, quando o paciente tem alguma lesão, e se precisa fazer algum processo de coagulação do sangue, a prostaciclina impede que esse processo seja excessivo, com o objetivo de se evitar a formação de um trombo. Porém devido a inibição desse mediador, não a nenhum outro mecanismo de controle eficiente o suficiente para cuidar desse processo, podendo trazer um sério risco ao paciente.Além disso, a prostaglandina e a prostaciclina formada pela COX2 contribuem para a homeostase da pressão arterial, sendo este outro efeito negativo do COXIBS. Analgésicos Dependendo da literatura de escolha, a Dipirona e o Paracetamol podem ser enquadrados como fármacos pertencentes ao grupo dos anti-inflamatórios não esteroidais (por conta de o mecanismo de ação ser o mesmo - inibição da COX), e em outras literaturas como apenas analgésicos de ação central. Dipirona ou Metamizol É um fármaco que tem um efeito analgésico e antipirético extremamente interessante, eficaz e potente, que compactua com o mesmo mecanismo de ação que inibe a COX, e com isso evita a formação da prostaglandina no sistema nervoso central, impedindo a percepção da dor, alteração da temperatura (efeitos centrais). Nos tecidos periféricos contribui para evitar a ativação do nociceptor, porém esse fármaco não possui efeito antiinflamatório. Efeitos adversos: agranulocitose fatal (raro), anemia aplástica, anemia hemolítica, edema, tremores, náuseas, vômitos, hemorragia gastrintestinal e reações alérgicas. Proibido nos EUA, Inglaterra e outros países. Paracetamol Possui uma ação analgésica e antipirética muito eficaz, porém um efeito anti-inflamatório e antiplaquetário baixíssimo. Assim como a dipirona, ele é um inibidor da COX (1 e 2), especialmente no sistema nervoso central, tendo um efeito analgésico e antipirético, sem ter um efeito anti-inflamatório. Ele é considerado um fármaco seguro desde que se faça uma administração correta. Em dosagens abusivas, ele tem o risco de trazer disfunção hepática grave (Hepatotoxicidade) devido ao metabólito Nacetil-p-benzoquinona (produto da reação de fase 1) começar a se acumular dentro do hepatócito por conta de não ser metabolizado pelas reações de fase 2 (por ser mais lenta), podendo esse quadro se agravar tanto que pode levar o paciente a óbito. O acumulo de Nacetilp-benzoquinona (cerca de dois a três dias depois da dosagem aumentada) pode trazer quadros de: náusea, vômitos, diarreia e dor abdominal. Tratamento: com carvão ativado que irá reduzir a quantidade de paracetamol absorvida e também o uso de um fármaco que é um fármaco expectorante, que é um doador de agrupamento sulfidrila, justamente para não ter acumulo dessa substância. Além da hepatotoxicidade, outras possíveis complicações são: lesão renal baixa incidência de efeitos gastrointestinais. Intoxicação: necrose hepática potencialmente fatal (na overdose ocorreacúmulo do metabólito hepatotóxico e saturação das vias de conjugação). Farmacocinética do paracetamol Crianças tem menor capacidade de glicuronidação. Seu metabólito reativo normalmente reage com grupos sulfidrila da glutationa, tornando-se inofensivo, mas altas doses esgotam os grupamentos sulfidrila. Dosagem: 325-650 mg a cada 4 a 6 horas; a dose não deve exceder a 4000 mg/dia (adulto); Crianças 10 mg/kg. Prevenção e controle da dor Os glicocorticoides são produzidos fisiologicamente nas glândulas suprarrenais, localizadas acima do rim. Essa glândula por sua vez é dividida em duas regiões: medula, que produz a adrenalina e noradrenalina; córtex, que produz diferentes tipos de hormônios de natureza esteroidal. Esses hormônios são originados a partir de um precursor comum, que é a molécula do colesterol. Após sofrer várias modificações, essas moléculas se transformaram em outras substâncias (hormônios) que possuem essa natureza esteroidal. Apesar de ser naturalmente produzido pelo organismo, em dadas circunstâncias faz-se necessário que os efeitos desses glicocorticoides sejam intensificados, sendo administrados fármacos (que nesse caso são corticoides). Dessa forma, esses tipos de fármacos acabam por ser muito utilizados para: tratamento de distúrbios da função renal (que são os indivíduos que não conseguem produzir uma quantidade adequada de glicocorticoide); e para tratamento de distúrbios inflamatórios e imunológicos (estes possuem uma ação anti-inflamatória extremamente potente, sendo considerados os mais fortes nesse quesito, além de sua ação imunossupressora auxiliar no tratamento de doenças autoimune, para transplante de órgãos e demais situações que exigem um tratamento de imunossupressão). O córtex da adrenal é dividido em três zonas diferentes: Zona glomerulosa É a zona localizada mais externamente, sendo responsável pela produção de hormônios esteroidais chamados de mineralocorticóide. Esse hormônio é composto por uma substância chamada de aldosterona. Zona fasciculada É a zona intermediária do córtex, que é produtora de glicocorticoide (sendo o principal o cortisol). Zona reticular É a zona mais interna do córtex, que produzem os esteroides sexuais tais como o andrógeno (hormônios sexuais masculinos). Todos os hormônios citados anteriormente são classificados como esteroidais, sendo eles advindos da molécula de colesterol. O foco desse estudo, no entanto e se concentrar no cortisol, pois os fármacos (glicocorticoides) possuem uma ação muito semelhante no organismo à os corticoides produzidos fisiologicamente. Cascata da reação fisiológica para a liberação de cortisol Toda a cascata se inicia através de um estresse do hipotálamo (fator psicológico, excesso de calor ou frio, lesões ou infecções) que libera o fator liberador do corticotropina, estimulando a glândula adeno-hipófese (glândula central localizada logo abaixo do hipotálamo). Ao ser estimulada, essa adeno-hipófese libera o hormônio corticotropina (ACTH), que estimula a zona faciculada a produzir cortisol. Depois de produzido o cortisol, não a necessidade de se produzir mais, sendo essa produção controlada pelo mecanismo de feedback negativo. Assim sendo, quando o cortisol humano é produzido, ele produz um efeito que reduz a atividade do hipotálamo (impedindo da liberação do fator liberador de corticotropina), além de produzir outro efeito na adeno-hipofese que impede a liberação de corticotropina. Similaridade dos hormônios não esteroidais Por conta dos hormônios esteroidais serem todos advindos da mesma molécula (colesterol), elas são muito parecidas (quimicamente) entre si, o que implica em situações como: através da ativação do cortisol, podem ser ativados receptores da aldosterona (outro hormônio esteroidal). Dessa forma, a partir da similaridade dessas estruturas químicas, a se a possibilidade de ativação de outros receptores que não sejam os do cortisol. Níveis de glicocorticoides ao longo do dia Na ausência de stress, o adulto normal secreta 10-20mg de cortisol por dia. A velocidade de secreção segue um ritmo circadiano, determinado por pulsos irregulares de ACTH. A concentração de glicocorticoides endógenos no sangue apresentasse elevada pela manhã, às 8 horas, e baixa à noite. O entendimento desse mecanismo é importante para a farmacologia, pois, durante o tratamento com fármacos glicocorticoides, é necessário que seja simulado os efeitos fisiológicos, sendo por esse motivo que esses tipos fármacos são geralmente administrados às 8 horas da manhã. Mecanismo de ação do esteroide Os glicocorticoides são substâncias bastante lipossolúveis (passando muito facilmente as membranas das células) que atravessam a membrana da célula conectando ao seu receptor dentro da célula. Esse complexo formado se dirige para dentro do núcleo celular, alterando a transcrição e a tradução, formando mais de alguns tipos de proteína e menos de outras. Dentre as proteínas formadas temos a lipocortina, que tem uma ação inibitória em cima da FLA2, inibindo a formação dos mediadores inflamatórios. Relembrando: na cascata do processo inflamatório, a partir do fosfolipídio de membrana, temos a liberação do ácido araquidônico, que é o responsável pela formação dos mediadores inflamatórios vistos anteriormente. Os efeitos dos glicocorticoides, no entanto não se limitam somente a esse processo, existindo também outras justificativas para o seu grande potencial anti-inflamatório.. Efeitos metabólicos dos glicocorticoides O glicocorticoide é uma substância hiperglicêmica, ou seja, promove o aumento dos níveis de glicemia por conta do estimulo ao processo de gliconeogênese. Dessa forma, moléculas de glicose são formadas a partir de substâncias que não são carboidratos, sendo essa glicose lançada diretamente na circulação. Normalmente essa glicemia aumentada seria captada para dentro das células, sendo dessa forma estabilizada. O problema, no entanto, é quando se tem uma concentração muito elevada de glicocorticoide (por conta do uso de fármacos), que acaba por estimular muito o processo de gliconeogênese, que por sua vez lança uma maior quantidade de glicose na circulação. Esse excesso por sua vez faz com que o organismo construa um mecanismo de resistência a ação da insulina (hormônio que auxilia a glicose a entrar dentro da célula), fazendo com que os níveis de glicose no sangue permaneçam elevados. A partir do momento que a glicose (a principal fonte de energia do organismo) começa a não ser mais captada pelas células musculares, o músculo começa a usar aquilo que ele tem como fonte de energia (proteína). Dessa forma, começa a ver degradação de uma grande quantidade de proteína muscular, lançando ácidos graxos na circulação (que é utilizado para formar ainda mais glicose pelo processo de gliconeogênese) ao mesmo tempo que o musculo começa a se atrofiar (catabolismo proteico). Outro possível problema é a não captação de glicose para dentro dos linfócitos, deprimindo essas células de defesa (efeito imunossupressor), podendo esse ser um efeito desejável (dependendo do tratamento) ou um efeito colateral indesejável. Quando a glicose não é captada para dentro da pele, os fibroblastos (que são as células produtoras de colágeno) não conseguem ter grande atividade. Os efeitos relacionados a esse processo é o afinamento e fragilização da pele, podendo ali haver possíveis lesões. Por fim, quando essa glicose não consegue ser mais captada para dentro do tecido adiposo, começa-se haver degradação dos adipócitos, liberando ácidos graxos na circulação (efeito lipolítico), reduzindo a quantidade de tecido adiposo por conta da utilização
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