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A obrigatoriedade do Ato Moral

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A obrigatoriedade do Ato Moral 
O ato moral cria um dever, que deriva do próprio sujeito, atuando como um juiz 
da consciência, julgando seus próprios atos, obedecendo ou não seu 
julgamento. 
O ato moral, além de um fator pessoal, possui também um fator social. Isso se 
deve ao fato de que o ato que realizo pode afetar outras pessoas ou a sociedade 
inteira. Por isso, sou obrigado a fazer algumas coisas e evitar outras. Uma 
escolha que só tem consequência individual não tem alcance moral. 
De acordo com o tipo das relações sociais dominantes, cada época imprime sua 
própria marca na consciência moral, visto que mudam os princípios e as normas 
morais e muda também o tipo de relações entre o indivíduo e a comunidade. 
• Quais são os traços essenciais da obrigatoriedade moral que permitem 
distingui-la de outras formas de obrigação ou de imposição? 
Deve ser natural, sem ser forçado. A obrigação moral deve ser assumida livre e 
internamente pelo sujeito e não imposta de fora. 
 
• Qual é o conteúdo da obrigação moral, ou, em outras palavras, o que 
somos obrigados a fazer ou temos o dever de fazer? 
 
Teorias da obrigação Moral 
Quanto ao conteúdo, as teorias da obrigação moral são divididas em dois 
gêneros: deontológicas e teleológicas. De acordo com Vázquez (2003), uma 
teoria da obrigação moral recebe o nome de deontológica (do grego déon, dever) 
quando não faz depender a obrigatoriedade de uma ação exclusivamente das 
consequências da própria ação ou da norma com a qual se conforma. Chama-
se teleológica (de télos, em grego, fim) quando a obrigatoriedade de uma ação 
deriva unicamente de suas consequências. Vázquez (2003) nos apresenta um 
exemplo esclarecedor a respeito dessas duas teorias: 
 
[...] suponhamos que um doente grave, confiando na minha amizade, 
pergunte-me sobre o seu real estado, dado que, segundo parece, os 
médicos e familiares lhe ocultam a verdade: o que devo fazer neste caso? 
Enganá-lo ou dizer-lhe a verdade? De acordo com a doutrina deontológica 
da obrigação moral, devo dizer-lhe a verdade, sejam quais forem as 
consequências: mas, se me atenho à teoria teleológica, devo enganá-lo 
tendo em vista as consequências negativas que podem resultar, para o 
doente, do conhecimento do seu verdadeiro estado (VÁZQUEZ, 2003, p. 190). 
 
Teorias deontológicas da norma 
Kant (2004) defendia que o bom deveria ser absoluto, irrestrito e incondicionado. 
Afirmava, portanto, que a boa vontade não é boa pelo que possa fazer ou 
realizar, não é boa por sua aptidão para alcançar um fim que nos propuséramos; 
é boa só pelo querer, isto é, boa em si mesma. Considerada por si só é, sem 
comparação, muitíssimo mais valiosa do que tudo que poderíamos obter por 
meio dela. Kant (2004, p. 156) levantou a seguinte questão: “pode-se fazer 
depender a moral de um saber?” 
• Não, responde, porque cada um sabe qual é seu dever, mesmo que não o 
cumpra. Então, indaga o filósofo: é preciso admitir a existência de um sentimento 
moral primitivo? 
• Muito menos ainda, responde: a moral não pode fundar-se em inclinações; ela 
consiste na consciência de uma obrigação. Portanto, a moralidade repousa 
sobre um dever. 
Kant (2004, p. 158) formula o imperativo categórico nos seguintes termos: 
 
[...] age de tal modo que a máxima de tua ação possa sempre valer como 
princípio universal de conduta; age de modo que trates a humanidade, tanto 
na tua pessoa como na dos outros, como fim e nunca como meio; age de 
modo tal que a tua vontade possa considerar a si mesma como instituidora 
de uma legislação universal. 
Para o autor, o homem tende naturalmente para o egoísmo, só o dever seria 
capaz de torná-lo um ser moral. Assim, os imperativos categóricos como leis 
racionais não são meramente subjetivos, mas universais e necessários para 
todos aqueles que atinjam esse nível elevado de entendimento. 
Teorias teleológicas 
São representantes dessa teoria Jeremy Bentham e John Stuart Mill. 
De acordo com Vázquez (2003, p. 198), estas teorias têm em comum o 
relacionar a nossa obrigação moral (o que devemos fazer) com as 
consequências de nossa ação, isto é, com a vantagem ou benefício 
que podem trazer, quer para nós mesmos quer para os demais. Dessa forma, se 
levarmos em mais alta consideração o interesse pessoal, temos o egoísmo ético; 
e se levarmos em mais alta consideração os outros, temos o utilitarismo. Fazer 
aquilo que beneficia, fundamentalmente, os outros, ou o maior número de 
homens, é o princípio do utilitarismo. Deve-se fazer o que traz o maior bem, 
independentemente das consequências – boas ou más – que derivem para os 
outros. Esse é o princípio básico do egoísmo ético. Cada um deve, portanto, agir 
de acordo com o seu interesse pessoal, promovendo aquilo que é bom ou 
vantajoso para si. 
Cada um deve, portanto, considerar, sobretudo, as consequências de seus atos 
ou da aplicação da norma para o maior número de pessoas.

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