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6 - Processo administrativo e judicial tributário

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Processo administrativo e judicial tributário
Prof. Rodrigo Vieira Farias
false
Descrição
Aspectos principais do processo administrativo e judicial tributário.
Propósito
O conhecimento a respeito do processo administrativo e judicial tributário é de fundamental importância
para o profissional do Direito, em especial do direito público. Trata-se de ramo de destaque, o qual lida com
um dos aspectos principais da sociedade contemporânea, qual seja, a tributação.
Preparação
Antes de iniciar seu estudo, tenha em mãos um Vade Mecum, para usar especialmente o Código de
Processo Civil (CPC), a Lei nº 6.830/1980 e a Lei nº 12.016/2009.
Objetivos
Módulo 1
Noções fundamentais
A li õ f d t i d d i i t ti
Analisar as noções fundamentais do processo administrativo.
Módulo 2
Principais características
Reconhecer as principais características da execução fiscal, designadamente sobre a principal ação
exacional de nosso Direito.
Módulo 3
Ações antiexacionais
Listar as principais ações antiexacionais.
O Direito Tributário é um dos principais braços do direito público brasileiro. O expansionismo da
CF/1988 em matéria tributária, somado à complexidade da legislação infraconstitucional na matéria,
faz com que o contencioso tributário, seja na seara administrativa, seja na seara judicial, tenha forte
importância.
Neste conteúdo, dissertaremos sobre alguns dos principais pontos relacionados com o processo
administrativo e judicial tributário no Brasil. Quanto ao último, veremos a execução fiscal, que é a
ação exacional por excelência, de iniciativa do Fisco, e as ações antiexacionais, que são de iniciativa
do contribuinte ou do responsável tributário.
Introdução
1 - Noções fundamentais
Ao fim do módulo, você será capaz de analisar as noções fundamentais do
processo administrativo.
Processo administrativo tributário: noções
gerais
O processo administrativo tributário versa sobre a fase processual tributária no âmbito administrativo, ou
seja, ainda na esfera do próprio ente tributante (município, estado, Distrito Federal ou União). Divide-se em
duas espécies:
Processo administrativo tributário contencioso
Trata-se do litígio entre o Fisco e o sujeito passivo (contribuinte ou responsável), o qual tem início com a
manifestação deste em resistir à pretensão da Fazenda de lhe impor algum gravame tributário (cobrar
tributo e/ou impor penalidade).
Processo administrativo tributário consultivo
Versa sobre as consultas que podem ser efetuadas pelo sujeito passivo junto ao detentor da capacidade
tributária ativa, nos termos da respectiva lei de processo administrativo tributário. Tem previsão no art. 161,
§ 2º, do Código Tributário Nacional (CTN).
O processo administrativo tributário contencioso é a espécie que desperta maior atenção e que será objeto
de análise mais aprofundada neste material.
A competência para legislar sobre processo administrativo tributário, conforme dispõe o art. 24, I, c/c art.
30, I, da CF/1988 de 1988 (CF/1988) é atribuída concorrentemente à União, aos estados e aos municípios
como corolário da competência legislativa concorrente para legislarem sobre Direito Tributário e da
autonomia dos entes federativos.
Assim, cada um deles tem competência legislativa e administrativa em relação a seu próprio processo
administrativo tributário.
Destaque-se que a competência legislativa concorrente em matéria de processo administrativo tributário
deve observância às normas gerais de Direito Tributário, as quais são editadas pela União, com lastro no art.
146, III, da CF/1988.
A principal norma geral de Direito Tributário é o CTN (Lei Federal nº
5.172/1966, que tem status de lei complementar).
No que tange ao imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS) e ao imposto sobre serviços
(ISS), dois dos principais impostos estaduais e municipais, é importante observar também o disposto nas
Leis Complementares nº 87/1996 e nº 103/2003.
Feitas essas breves considerações, passa-se a tratar dos princípios que informam o processo administrativo
tributário no Brasil.
Princípios do processo administrativo tributário
De início, aponta-se que o processo administrativo tributário, como atividade da Administração Pública, está
sujeito aos princípios que disciplinam a atuação administrativa, elencados de forma não exaustiva no caput
do art. 37 da CF/1988, quais sejam:
Legalidade;
Legalidade;
Impessoalidade;
Moralidade;
Publicidade;
Eficiência.
Os direitos fundamentais processuais elencados no art. 5º da CF/1988 também devem ser seguidos por
todos os entes da Federação durante todo o iter do processo administrativo tributário:
Inciso XXXV
A inafastabilidade do controle jurisdicional da decisão proferida na esfera administrativa.
Inciso LIV
O devido processo legal.
Inciso LV
O contraditório e a ampla defesa.
Inciso LVI
A inadmissão das provas obtidas por meios ilícitos.
Inciso LXXVIII
Duração razoável do processo.
É importante destacar, por sua relevância, o princípio do formalismo moderado, que visa a impedir que
minúcias e pormenores não essenciais afastem a compreensão da verdadeira finalidade da atuação da
Administração Pública (MEDAUAR, 2018, p. 168). Os princípios previstos para o processo administrativo
daquele ente federativo, da mesma forma, também são aplicáveis ao processo administrativo tributário de
maneira subsidiária, naquilo que for cabível.
Exemplo
O princípio da proporcionalidade é aplicável ao processo administrativo tributário do estado do Rio de
Janeiro por força do art. 2º c/c art. 75 da Lei Estadual nº 5.427/2009, que disciplina o processo
administrativo estadual.
Aponte-se ainda a previsão do art. 15 do CPC, que estabelece que, na ausência de normas que regulem
processos eleitorais, trabalhistas ou administrativos, suas disposições lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.
Passa-se agora a analisar o processo contencioso administrativo tributário federal, diante de sua
abrangência e influência no contencioso administrativo tributário dos estados e municípios.
Princípios do processo administrativo tributário
No vídeo a seguir, o professor Rodrigo Farias define os princípios do processo administrativo tributário e
explica suas implicações práticas, com exemplos.
Contencioso administrativo tributário federal
O contencioso administrativo tributário federal é regulamentado, em grande parte, pelo disposto na primeira
parte do Decreto nº 70.235/1972. A segunda parte deste destina-se a cuidar precipuamente do processo de
consulta, que não tem natureza contenciosa e será objeto de breves considerações mais adiante.
O Decreto nº 70.235/1972 foi editado sob a égide da Constituição Federal de 1967, com base no art. 2º do
Decreto-lei nº 822/1969 que delegou ao Poder Executivo federal a atribuição de disciplinar o processo

Decreto-lei n 822/1969, que delegou ao Poder Executivo federal a atribuição de disciplinar o processo
administrativo de determinação e exigência de:

Penalidades

Consultas

Empréstimos compulsórios

Créditos tributários federais
Tem, assim, natureza jurídica de lei ordinária, razão pela qual eventuais alterações que venha a sofrer devem
ser feitas mediante instrumento legal de hierarquia idêntica, como já decidido pelo Superior Tribula de
Justiça (STJ) no REsp. nº 877.352/SP.
Fase de instauração
O processo administrativo tributário no âmbito federal tem início com a impugnação da exigência, ofertada
pelo sujeito passivo (art. 14 do Decreto nº 70.235/1972).
A impugnação deve ser ofertada por escrito, de modo a preservar a fidelidade das
alegações do sujeito passivo (art. 15).
Além disso, em função da formalidade do processo administrativo, isso permite o controle posterior de se a
Administração está analisando aquilo que realmente foi objeto de alegação pelo contribuinte (RODRIGUES,
2021 p. 71).
A exigência pode ser materializada por meio da lavratura de auto de infração, disciplinado pelo art. 10 do
decreto, ou de notificação de lançamento, regida pelo art.11 do decreto. O auto de infração é utilizado para
as hipóteses em que há a imposição de penalidade ao sujeito passivo, cumulada ou não com a cobrança do
tributo. A notificação de lançamento, por sua vez, é reservada somente à cobrança de tributo. Vale a menção
à Súmula nº 21 do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), dotada de eficácia vinculante, que
dispõe que “é nula, por vício formal, a notificação de lançamento que não contenha a identificação da
autoridade que a expediu”.
Quanto aos requisitos da impugnação, estão elencados no art. 16 do decreto. São os seguintes:
CARF
Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
Assim como poderemos colocar um modal com o link de acesso ao site do CARF, uma vez que tal sítio
eletrônico não é tão usual aos alunos como os sites dos tribunais.
A indicação da autoridade julgadora a quem é dirigida.
A qualificação do impugnante.
Os motivos de fato e de direito em que se fundamenta, os pontos de discordância e as razões e
provas que tiver. O sujeito passivo deve veicular sua “causa de pedir” e as provas que tiver ao tempo
da apresentação da impugnação. O § 4º do dispositivo, por sua vez, estabelece que a prova
documental será apresentada na impugnação, precluindo o direito de o impugnante fazê-lo em outro
momento processual, a menos que fique demonstrada a impossibilidade de sua apresentação
oportuna, por motivo de força maior (alínea a), que se refira a fato ou a direito superveniente (alínea
b) ou que se destine a contrapor fatos ou razões posteriormente trazidas aos autos (alínea c).
A juntada de documentos após a impugnação deverá ser requerida à autoridade julgadora mediante
petição em que se demonstre, com fundamentos, a ocorrência de uma das condições previstas nas
alíneas do parágrafo anterior (art. 16, § 5º, do Decreto nº 70.235/1972).
Inciso I 
Inciso II 
Inciso III 
Inciso IV 
As diligências ou perícias que o impugnante pretenda que sejam efetuadas, expostos os motivos que
as justifiquem, com a formulação dos quesitos referentes aos exames desejados, assim como, no
caso de perícia, o nome, o endereço e a qualificação profissional de seu perito.
Se a matéria impugnada foi submetida à apreciação judicial, devendo ser juntada cópia da petição.
Essa exigência decorre do art. 38, parágrafo único, da Lei de Execução Fiscal (LEF – Lei nº
6.830/1980), que estabelece a renúncia à instância administrativa na hipótese de que o contribuinte
proponha ação judicial em relação aos mesmos fatos que constituem objeto de impugnação pelo
sujeito passivo.
No mesmo sentido, a Súmula nº 1 do Carf dispõe que: “importa renúncia às instâncias administrativas a
propositura pelo sujeito passivo de ação judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do
lançamento de ofício, com o mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenas a apreciação,
pelo órgão de julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial”.
O § 1º do art. 16 estabelece ser não formulado o pedido de diligência ou perícia que deixar de atender aos
requisitos previstos no mencionado inciso IV.
Por força do art. 17, considerar-se-á não impugnada a matéria que não tenha sido expressamente
contestada pelo impugnante, de forma bastante parecida com a regra da eventualidade, prevista para a
contestação no art. 341 do CPC. A regra ainda decorre da presunção de veracidade e legalidade dos atos
administrativos. Essa presunção não será maculada se o contribuinte não a atacar em sede de impugnação
(RODRIGUES, 2021, p. 77).
O art. 18 estabelece que a autoridade julgadora de primeira instância determinará, de ofício ou a
requerimento do impugnante, a realização de diligências ou perícias, quando entendê-las necessárias,
indeferindo as que considerar prescindíveis ou impraticáveis. O § 1º, por sua vez, prevê que, deferido o
Inciso V 
pedido de perícia, ou determinada de ofício sua realização, a autoridade designará servidor para, como
perito da União, a ela proceder e intimará o perito do sujeito passivo a realizar o exame requerido, cabendo a
ambos apresentar os respectivos laudos em prazo que será fixado segundo o grau de complexidade dos
trabalhos a serem executados.
Por fim, deve-se destacar a disciplina atinente às intimações no âmbito do processo administrativo fiscal,
prevista no art. 23 do decreto, e que será realizada da seguinte forma:
Por via postal
Por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio
tributário eleito pelo sujeito passivo (inciso II).
Por meio eletrônico
Com prova de recebimento, mediante envio ao domicílio tributário do sujeito passivo (alínea a), ou por
registro em meio magnético ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo (alínea b).
Pessoal
Pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela, provada com a
assinatura do sujeito passivo, seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com declaração escrita de
quem o intimar (inciso I).
Destacamos na modalidade via postal a redação da Súmula nº 9 do Carf, prevendo que:“É válida a ciência da
notificação por via postal realizada no domicílio fiscal eleito pelo contribuinte, confirmada com a assinatura
do recebedor da correspondência, ainda que este não seja o representante legal do destinatário”.
Fase de julgamento
A competência para julgamento das impugnações em primeira instância é atribuída às delegacias da
Receita Federal de Julgamento, nos termos do art. 25, I, do Decreto nº 70.235/1972. A Súmula nº 102 do
Carf dispõe que “é válida a decisão proferida por Delegacia da Receita Federal de Julgamento – DRJ de
localidade diversa do domicílio fiscal do sujeito passivo”.
O art. 27 prevê que os processos remetidos para apreciação da autoridade julgadora de primeira instância
deverão ser qualificados e identificados, tendo prioridade no julgamento aqueles em que estiverem
presentes as circunstâncias de crime contra a ordem tributária ou de elevado valor, este definido em ato do
ministro de Estado da Fazenda. O dispositivo deve ser lido em conjunto com o art. 62 do Decreto nº
7.574/2011, o qual confere prioridade de julgamento aos processos lá elencados.
Em acréscimo, o art. 27, parágrafo único, estabelece que os processos serão julgados na ordem e nos
prazos estabelecidos em ato do secretário da Receita Federal, observada a prioridade de que trata o caput.
O art. 29 prevê que, na apreciação da prova, a autoridade julgadora formará livremente sua convicção,
podendo determinar as diligências que entender necessárias. O art. 31 traz os elementos da decisão. São
eles:
O art. 28 do decreto prevê que, na decisão em que for julgada questão preliminar, será também julgado o
mérito, salvo quando incompatíveis, e dela constará o indeferimento fundamentado do pedido de diligência
ou perícia, se for o caso. Houve a utilização da espécie “questões preliminares” para fazer referência ao
gênero “questões prévias”, que engloba as questões prejudiciais — estas, sim, que permitem o julgamento
do mérito.
Em face da decisão de primeira instância é cabível a oposição de embargos de declaração na forma do art
Relatório resumido do processo
Tal como no processo judicial, o relatório tem a função de conter a história relevante do
processo.
Fundamentos legais
Em nome do princípio da motivação dos atos administrativos, as delegacias da Receita
Federal de Julgamento devem expor as razões de fato e de direito de suas decisões, de
maneira a legitimar sua atuação e permitir que o contribuinte possa conhecer as razões de
decisão, facilitando a feitura de eventual recurso em face desta.
Conclusão
É a decisão efetivamente proferida.
Ordem de intimação
Devendo referir-se, expressamente, a todos os autos de infração e notificações de lançamento
objeto do processo, bem como às razões de defesa suscitadas pelo impugnante contra todas
as exigências.
Em face da decisão de primeira instância, é cabível a oposição de embargosde declaração, na forma do art.
65 do Regimento Interno do Carf, “quando o acórdão contiver obscuridade, omissão ou contradição entre a
decisão e os seus fundamentos, ou for omitido ponto sobre o qual deveria pronunciar-se a turma”.
Saiba mais
Além disso, por força do art. 33, da decisão caberá recurso voluntário, total ou parcial, com efeito
suspensivo, dentro dos 30 dias seguintes à ciência da decisão. Essa disposição está em consonância com o
art. 151, III, do CTN, que prevê a suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão “das reclamações
e dos recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo”.
Fase recursal
O Decreto nº 70.235/1972 consagra o duplo grau de jurisdição — embora, a rigor, a atividade administrativa
de julgamento de impugnações não seja atividade jurisdicional —, ao permitir a oferta de recurso diante da
decisão proferida em face de sua impugnação. Há, pois, o direito de obter um segundo provimento a
respeito da pretensão do contribuinte. Há ainda a previsão, no art. 34 do decreto, de hipóteses em que a
decisão deve ser submetida obrigatoriamente ao órgão de segundo grau, que, como será visto na sequência,
é o CARF. Trata-se de sistemática semelhante à do reexame necessário, com previsão no art. 496 do CPC.
O art. 25, II, do decreto confere ao CARF a competência para “julgar recursos de ofício e voluntários de
decisão de primeira instância, bem como recursos de natureza especial”. Quanto à composição, o Carf será
constituído por seções e pela Câmara Superior de Recursos Fiscais (art. 25, § 1º). A organização interna do
Carf e o julgamento de seus processos são matéria a ser disciplinada por seu Regimento Interno (art. 37), o
qual foi veiculado pela Portaria MF nº 343/2015.
Em face de decisão do CARF que der à lei tributária interpretação divergente da que lhe tenha dado outra
câmara, turma de câmara ou turma especial; ou a própria Câmara Superior de Recursos Fiscais, caberá
recurso especial para esta, no prazo de 15 dias, contados da ciência do acórdão (art. 37, caput e § 2º). Esse
recurso especial tem índole administrativa, compartilhando apenas seu nome com a figura prevista no art.
105, III, a, da CF/1988. Tanto em face da decisão de primeira instância quanto em relação ao acórdão do
CARF, não é cabível pedido de reconsideração (arts. 36 e 37, § 3º)
Também há previsão de que, no âmbito do processo administrativo fiscal, fique vedado aos órgãos de
julgamento afastar a aplicação ou deixar de observar tratado, acordo internacional, lei ou decreto, sob
fundamento de inconstitucionalidade (art. 26-A). Isso se aplica às três instâncias de julgamento antes
mencionadas, sendo tal disposição complementada pela Súmula nº 2 do Carf, a qual dispõe que “o CARF
não é competente para se pronunciar sobre a inconstitucionalidade de lei tributária”.
Essa disposição, porém, é excepcionada pelo § 6º do art. 26-A, que permite ao CARF afastar a aplicação de
tratado, acordo internacional, lei ou ato normativo:
“Coisa julgada administrativa”
O art. 42 do Decreto nº 70.235/1972 confere definitividade às decisões finais proferidas em sede de
processo administrativo fiscal, impedindo sua revisão no bojo da própria Administração Pública Federal.
Trata-se da chamada “coisa julgada administrativa”, referenciada entre aspas em razão de a coisa julgada
ser um fenômeno formado pela prolação de sentença judicial.
A chamada “coisa julgada administrativa” pode vir a ser objeto de revisão pelo Judiciário, em função do
direito fundamental de acesso à justiça, na forma do art. 5º, XXXV, da CF (RODRIGUES, 2021, p. 102).
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 Vem que eu te explico!
Que já tenha sido declarado inconstitucional por decisão definitiva plenária do Supremo
Tribunal Federal (STF) (inciso I).
Que fundamente crédito tributário objeto de dispensa legal de constituição ou de ato
declaratório do procurador-geral da Fazenda Nacional (inciso I), na forma dos arts. 18 e 19 da
Lei nº 10.522, de 19 de julho de 2002 (alínea a); súmula da Advocacia-Geral da União, na
forma do art. 43 da Lei Complementar nº 73/1993 (alínea b); ou pareceres do advogado-geral
da União aprovados pelo presidente da República, na forma do art. 40 da Lei Complementar
nº 73/1993 (alínea c).

Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Instauração – auto de infração
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Coisa julgada administrativa
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(Cesgranrio – 2008 – BR Distribuidora – Advogado) De acordo com a norma que disciplina o processo
administrativo de determinação e exigência dos créditos tributários da União, atualmente admite-se a
intimação:
I. Pessoal, pelo autor do procedimento ou por agente do órgão preparador, na repartição ou fora dela,
provada com a assinatura do sujeito passivo, de seu mandatário ou preposto, ou, no caso de recusa, com
declaração escrita de quem o intimar.
II. Por via postal, telegráfica ou por qualquer outro meio ou via, com prova de recebimento no domicílio
tributário eleito pelo sujeito passivo.
III. Por meio eletrônico, com prova de recebimento, mediante envio ao domicílio tributário do sujeito passivo,
ou registro em meio magnético, ou equivalente utilizado pelo sujeito passivo.
Está(ão) correto(s) o(s) item(ns):
A I, apenas.
B II, apenas.
C I e II, apenas.
D I e III, apenas.
E III, apenas.
Parabéns! A alternativa E está correta.
As referidas formas de notificação constam do art. 23 do Decreto nº 70.235/1972.
Questão 2
(FGV – 2010 – Sead/AP – Auditor da Receita do Estado – Prova 2) Analise as afirmativas a seguir:
I. Em se tratando de processo administrativo tributário, o princípio da ampla defesa garante ao contribuinte
a apreciação de toda e qualquer matéria relativa aos aspectos constitucionais.
II. Vige no processo administrativo tributário o princípio da inquisitoriedade, posto que dotado de viés
meramente investigatório das práticas adotadas pelos contribuintes.
III. Reza o princípio do formalismo moderado que os atos do processo administrativo não dependem de
forma determinada senão quando a lei expressamente o exigir.
A Se somente a afirmativa I estiver correta.
B Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas
2 - Principais características
Ao fim do módulo, você será capaz de reconhecer as principais características
da execução fiscal, designadamente sobre a principal ação exacional de nosso
Direito.
B Se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
C Se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.
D Se somente a afirmativa II estiver correta.
E Se se somente a afirmativa III estiver correta.
Parabéns! A alternativa E está correta.
O princípio do formalismo busca afastar diligências e formalidades inúteis, prestigiando o
conteúdo em detrimento da forma.

Execução fiscal: noções gerais
A execução fiscal é a ação exacional por excelência, ou seja, ação proposta pelo Fisco em face do sujeito
passivo (contribuinte ou sujeito passivo). Trata-se ainda do principal mecanismo executivo a cargo da
Fazenda para obter a satisfação de seus créditos (tributários ou não tributários), não obstante, nos últimos
tempos, tenha havido significativo incremento da utilização de meios extrajudiciais de cobrança de créditos
titularizados pelo Estado, tais como o protesto de certidão de dívida ativa (CDA), previsto no art. 1º,
parágrafo único, da Lei nº 9.472/1997.
A LEF (Lei nº 6.830/1980) disciplina o procedimento executivo fiscal, sendo-lhe aplicável, subsidiariamente,
o disposto no CPC, nos termos de seu art. 1º.
Certidão de dívida ativa
Os créditos passíveis de cobrança por execução fiscal devem estar materializados em um título executivo
denominado certidão de dívida ativa (CDA). O conceito de dívida ativa consta do art. 2º, caput e § 1º, da Lei
Federal nº 6.830/1980: qualquer valor cuja cobrança sejaatribuída à União, aos estados, ao Distrito Federal,
aos municípios e às respectivas autarquias será considerado dívida ativa, seja de natureza tributária, seja de
natureza não tributária.
Exemplo
A cobrança de tributos constitui dívida ativa, considerando que o art. 201 do CTN considera dívida ativa
tributária a proveniente de crédito dessa natureza. Da mesma forma, valores devidos por servidores federais
em débito com o erário constituem dívida ativa, nos termos do art. 47, parágrafo único, da Lei nº
8.112/1990.
A CDA materializa a inscrição em dívida ativa de um crédito de titularidade da Fazenda Pública, inscrição
essa que se destina a apurar a liquidez e a certeza do crédito e que suspenderá a prescrição, para todos os
efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes de findo
aquele prazo (art. 2º, § 3º, da Lei nº 6.830/1980). A CDA contém os mesmos elementos do termo de
inscrição (art. 2º, § 6º, da Lei nº 6.830/1980).
A dívida ativa regularmente inscrita goza da presunção de certeza e liquidez, presunção essa que é relativa e
pode ser ilidida por prova inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a quem aproveite (art. 3º, caput e
parágrafo único, da Lei nº 6.830/1980).
O termo de inscrição em dívida ativa e a CDA devem obedecer aos requisitos do art. 2º, § 5º, da Lei nº
6 830/1980 sob pena de nulidade Vejamos brevemente quais são esses requisitos:
6.830/1980, sob pena de nulidade. Vejamos brevemente quais são esses requisitos:

Inciso I
O nome do devedor, dos corresponsáveis e, sempre que conhecido, o domicílio ou residência de um e de
outros.

Inciso II
O valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcular os juros de mora e demais
encargos previstos em lei ou contrato.

Inciso III
A origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida.

Inciso IV
A indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização monetária, bem como o respectivo
fundamento legal e o termo inicial para o cálculo.

Inciso V
A data e o número da inscrição no Registro de Dívida Ativa.

Inciso VI
O número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles estiver apurado o valor da dívida.
A emenda ou substituição da CDA, em caso de vício, pode ocorrer até a decisão de primeira instância,
assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos, nos termos do art. 2º, § 8º, da Lei nº
6.830/1980. Deve-se observar ainda o disposto na Súmula nº 392 do STJ, segundo a qual a Fazenda Pública
pode substituir a CDA até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.
Os embargos à execução são o principal meio de defesa do executado em sede de execução fiscal, como
será visto em mais detalhes neste mesmo módulo, sendo lícito à Fazenda Pública, até a prolação de sua
sentença, substituir ou emendar a CDA. A sentença da execução fiscal, por sua vez, é prolatada depois do
julgamento dos embargos, ao término da fase executiva.
A vedação à modificação do sujeito passivo por meio de emenda ou substituição da CDA, com efeito, parece
ser decorrência de que a certidão indica aquele que foi cientificado para o processo administrativo fiscal.
Assim, a alteração do sujeito passivo na certidão acarretará, em última análise, a inserção de pessoa que
não fez parte do processo administrativo fiscal e que, portanto, não teve direito ao devido processo legal e
ao contraditório na esfera administrativa (RODRIGUES, 2020 p. 150) e em sede jurisprudencial (REsp. nº
1.045.472/BA, rel. min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 25/11/2009, DJe 18/12/2009, julgado sob o rito dos
recursos repetitivos).
Legitimidade
A legitimidade é a pertinência subjetiva para figurar no polo ativo ou passivo de uma ação. Neste item,
analisaremos a legitimidade ativa e a legitimidade passiva em sede de execução fiscal.
Legitimidade ativa
A legitimidade ativa para a propositura de execução fiscal é atribuída, primariamente, às entidades da
Administração Direta: União, estados, Distrito Federal e municípios, como disposto no art. 2º da Lei nº
6.830/1980, e respectivas autarquias. Outras pessoas jurídicas com personalidade de direito público, tais
como fundações públicas de direito público e agências reguladoras, também têm legitimidade ativa para
propor execuções fiscais.
Os conselhos de fiscalização profissional, diante de sua natureza autárquica, igualmente são legitimados ao
ajuizamento de execução fiscal para cobrança das anuidades que lhe são devidas. Nesses termos, inclusive,
é a redação da Súmula nº 66 do STJ, que dispõe que compete à Justiça Federal processar e julgar execução
fiscal promovida por conselho de fiscalização profissional.
No que tange à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a jurisprudência do STJ vem reconhecendo sua
ilegitimidade para propositura de execução fiscal para cobrança das anuidades devidas por advogados e
estagiários, considerando sua natureza de autarquia sui generis, exposta na decisão do STF na ADI nº 3.026.
Assim, a OAB deve cobrar seus créditos pela via da execução de título extrajudicial regida pelo CPC (a título
de exemplo, REsp. nº 1.073.369/PR, rel. min. Mauro Campbell Marques, 2ª Turma, julgado em 21/10/2008,
DJe 21/11/2008).
É possível ainda a celebração de convênios para delegação da atribuição de cobrança de créditos passíveis
de inscrição em dívida ativa, o que, naturalmente, tem aptidão para repercutir na legitimidade ativa para o
processo de execução fiscal. É o caso do art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.884/1994, que autoriza a celebração de
convênio entre a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e a Caixa Econômica Federal para que esta realize
a representação judicial e extrajudicial do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para a
correspondente cobrança, relativamente à contribuição, às multas e aos demais encargos previstos na
legislação respectiva.
Legitimidade passiva
A legitimidade passiva na execução fiscal é disciplinada pelo art. 4º da Lei nº 6.830/1980, o qual estabelece
que a execução fiscal poderá ser promovida contra:
O devedor.
Inciso I 
O fiador.
O espólio: destaque-se que a inscrição em dívida ativa do espólio é de fundamental importância, em
razão de a propositura de execução fiscal em face de sócio já falecido ensejar a extinção do
processo sem resolução do mérito, não admitindo a emenda ou substituição da CDA na hipótese,
tampouco o redirecionamento da execução fiscal em face do espólio (nesse sentido, REsp. nº
1.826.150/RS, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 10/9/2019, DJe 5/11/2019).
A massa falida: a falência da pessoa jurídica antes da propositura da execução permite a correção
da CDA, nos termos do art. 2º, § 8º, da Lei nº 6.830/1980, como já reconhecido pelo STJ em sede de
recursos repetitivos (REsp. nº 1.372.243/SE, rel. min. Napoleão Nunes Maia Filho, rel. para acórdão
min. Og Fernandes, 1ª Seção, julgado em 11/12/2013, DJe 21/3/2014).
O responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias ou não, de pessoas físicas ou pessoas
jurídicas de direito privado (inciso V): a responsabilidade tributária está disciplinada pelos arts. 134,
VII, e 135 do CTN, que estabelecem os casos de responsabilidade de sócios, administradores,
diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado; os sucessores a
qualquer título.
Inciso II 
Inciso III 
Inciso IV 
Inciso V 
Inciso VI 
Os sucessores a qualquer título.
O nome do devedor e corresponsáveis deve constar do termo de inscrição em dívida ativa, como estabelece
o art. 2º, § 5º, da Lei nº 6.830/1980. Com efeito, a execução fiscal deve ser ajuizada em face do sujeito
passivo elencado na CDA, a qual, relembre-se, deve refletir com exatidão o termo de inscrição em dívida
ativa. A propositura da execução fiscal em face de terceiros não elencados na CDA enseja nulidade,
ressalvadas as hipóteses de redirecionamentoda execução fiscal.
Com efeito, o redirecionamento da execução fiscal prescinde da inclusão do nome do sócio e/ou do
responsável na CDA, sendo suficiente que a Fazenda demonstre o preenchimento dos requisitos previstos
no art. 135 do CTN, sem que haja nulidade na hipótese.
A inclusão do nome do sócio ou responsável na CDA traz como grande vantagem a inversão do ônus da
prova em desfavor daquele, na medida em que a CDA goza de presunção relativa de veracidade, cabendo
àquele em face do qual a execução fiscal foi redirecionada desconstituir tal presunção. Tal entendimento é
acolhido pelo STJ, inclusive, em sede de recursos repetitivos (REsp. nº 1.104.900/ES).
Legitimidade passiva na execução fiscal
No vídeo a seguir, o professor Rodrigo Farias apresenta exemplos das diversas hipóteses de legitimidade
passiva na execução fiscal.
Competência
Há diversos critérios definidores da competência para o processo e o julgamento de execuções fiscais. De
início, analisaremos a competência em razão da pessoa, critério esse que, relembre-se, uma vez
descumprido, enseja a incompetência absoluta, nos termos do art. 62 do CPC. Vamos conhecer agora as
competências:

Justiça Federal
Se a execução fiscal for ajuizada pela União, suas autarquias ou fundações de direito público,
por força do art. 109, I, da CF/1988. No caso dos conselhos de fiscalização profissional, que,
segundo entendimento do STF, equiparam-se às autarquias, igualmente a competência será
atribuída à Justiça Federal, nos termos da Súmula nº 66 do STJ.
Supremo Tribunal Federal
A execução fiscal ajuizada em face de Estado estrangeiro ou organismo internacional, em
razão do disposto no art. 102, I, e, da CF/1988. A seu turno, a execução fiscal de multa
imposta pelo Ministério do Trabalho é de competência da Justiça do Trabalho, como
estabelece o art. 114, VII, da CF/1988.
Justiça do Trabalho
A execução fiscal de multa imposta pelo Ministério do Trabalho é de competência da Justiça
do Trabalho, como estabelece o art. 114, VII, da CF/1988.
Residualmente, caso promovida a execução fiscal por estado ou município, estaremos diante de
competência da Justiça Estadual, nos termos do art. 125 da CF/1988.
Quanto à competência territorial, pelo art. 46, § 5º, do CPC, a execução fiscal será proposta no foro de
domicílio do réu, no de sua residência ou no do lugar onde for encontrado. Com efeito, a previsão parece
melhor direcionada à União, que tem atuação em todo o território nacional, diversamente de estados e
municípios, cuja estrutura das respectivas procuradorias é distribuída no âmbito de seu território, como
regra.
Tomando esse e outros inconvenientes resultantes desse dispositivo, há entendimento doutrinário no
sentido de que a regra deve ser interpretada conforme a Constituição, para que as execuções fiscais sejam
propostas nos limites territoriais do ente tributante (RODRIGUES, 2017, p. 46). O artigo foi impugnado no
bojo da ADI nº 5.492, pendente de julgamento.
Justiça Eleitoral
É competente para processar e julgar execuções fiscais relativas a multas eleitorais (art. 367,
IV, do Código Eleitoral [CE] c/c art. 109, I, da CF/1988), assim como as ações anulatórias de
débito decorrente de multa eleitoral igualmente são de competência da Justiça Eleitoral,
como esposado na Súmula 374 nº do STJ.
Procedimento
A execução fiscal é deflagrada por meio da propositura da petição inicial.
Relembrando
O procedimento executivo fiscal é disciplinado subsidiariamente pelo disposto no CPC às execuções de
iniciativa particular, como estabelece o art. 1º da LEF.
Pelo art. 6º da LEF, a petição inicial indicará apenas o juízo a quem for dirigida, o pedido e o requerimento de
citação, e deve ser instruída com a CDA, como estabelece seu § 1º. Pelo § 2º, a petição inicial e a CDA
podem constituir um único documento, o que, na praxe forense, é bastante comum. O valor da causa na
execução fiscal corresponde ao valor da dívida, com os encargos legais, nos termos do art. 6º, § 4º, da Lei
nº 6.830/1980.
A decisão do juízo que admitir a petição inicial importará na ordem para as providências elencadas nos
incisos do art. 7º da LEF:

Citação
Pelas modalidades previstas no art. 8º.

Ordem de penhora
Se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou seguro garantia

Arresto
Se o executado não tiver domicílio ou dele se ocultar.

Registro da penhora ou do arresto
Independentemente do pagamento de custas ou outras despesas, observado o disposto no art. 14.

Avaliação
Avaliação dos bens penhorados e arrestados.
Passemos a ver, brevemente, as referidas providências elencadas no art. 7º da Lei nº 6.830/1980.
Citação (art. 7º, I)
A citação em execução fiscal é disciplinada no art. 8º da LEF. A ordem de citação em execução fiscal
destina-se a cientificar o executado para que, no prazo de cinco dias, pague a dívida com os juros, a multa
de mora e os encargos indicados na CDA, ou garanta a execução.
Quanto à modalidade de citação, como regra, a citação em execução fiscal será postal, salvo se a Fazenda
requerer a realização da citação de outra forma, na forma do art. 8º, I, da Lei nº 6.830/1980. A utilização de
modalidade citatória diversa exige parcimônia por parte da Fazenda Pública, na medida em que a citação
postal tem baixo custo e relativa celeridade em sua realização, em comparação com as demais.
Pelo inciso II do art. 8º, a citação pelo correio considera-se feita na data da entrega da carta no endereço do
executado.
Se a data for omitida, no aviso de recepção, dez dias após a entrega da carta à agência postal. Em
complemento, o inciso III do art. 8º da lei estabelece que, se o aviso de recepção não retornar no prazo de
15 dias da entrega da carta à agência postal, a citação será feita por oficial de justiça ou por edital.
Também é cabível a citação por hora certa em sede de execução fiscal, com base no art. 252 do CPC e da
Súmula nº 196 do STJ, ambos aplicados subsidiariamente à execução fiscal. Relembre-se que a citação por
hora certa será utilizada quando, por duas vezes, o oficial de justiça houver procurado o citando em seu
domicílio ou residência sem encontrá-lo, devendo, havendo suspeita de ocultação, intimar qualquer pessoa
da família ou, em sua falta, qualquer vizinho de que, no dia útil imediato, voltará, a fim de efetuar a citação,
na hora que designar.
No dia e na hora designados, o oficial de justiça, independentemente de novo despacho, comparecerá ao
domicílio ou à residência do citando, a fim de realizar a diligência. Se o citando não estiver presente, ele
procurará informar-se das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o citando tenha se
ocultado em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, como prevê o art. 253, caput e § 1º CPC.
Atenção
Frise-se que, consoante entendimento do STJ firmado em sede de recursos repetitivos (REsp. nº
1.102.431/RJ, rel. min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 9/12/2009, DJe 1/2/2010), a Súmula nº 106 do STJ é
aplicável às execuções fiscais. Segundo o verbete, “proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a
demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da Justiça, não justifica o acolhimento da arguição
de prescrição ou decadência”.
Penhora
Se não for paga a dívida, nem garantida a execução, por meio de depósito, fiança ou seguro garantia (art.
8º, II).
A penhora, em apertadíssima síntese, é o ato judicial de constrição de bens do executado, com vistas à
satisfação do crédito do exequente. São seus desdobramentos:
Em relação aos débitos tributários, é importante destacar a previsão do art. 185-A do CTN. Com
efeito, caso o executado não pague a dívida, não nomeie bens à penhora, nem sejam encontrados
bens penhoráveis, o juízo determinará a indisponibilidade de bens e direitos do executado,
comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que
promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveise às
autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de
suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial, limitada a indisponibilidade ao valor total exigível.
A indisponibilidade tem feição cautelar, destinada a assegurar a efetividade da execução. Assim, o
magistrado não tem o dever de decretá-la, cabendo avaliar se estão presentes ou não os requisitos
do art. 300 do CPC, quais sejam, a probabilidade de existência do direito e o perigo de dano ou risco
ao resultado útil do processo (nesse sentido, THEODORO JR., 2011, p. 113).
Indisponibilidade de bens 
Fraude à execução fiscal 
A fraude à execução fiscal tem disciplina própria no art. 185 do CTN, além daquela genericamente
prevista no art. 792 do CPC. Pelo mencionado artigo, presume-se fraudulenta a alienação ou
oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a Fazenda
Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa.
De acordo com o parágrafo único desse artigo, se o sujeito passivo reservar bens ou rendas
suficientes ao pagamento do total da dívida inscrita, não restará configurada a fraude à execução
fiscal.
O art. 11 da Lei nº 6.830/1980 estabelece regra própria de preferência de bens para a penhora. Trata-
se, como dito, de ordem preferencial, podendo ser excepcionada no caso concreto, atendido, em
especial, o princípio da menor onerosidade da execução, previsto no art. 805 do CPC.
Realizada a penhora, o executado será intimado, na pessoa de seu advogado e por publicação em
órgão oficial, de sua realização, para que tome ciência, nos termos do art. 12 da LEF. Frise-se que, em
se tratando de autos eletrônicos, a intimação da penhora poderá dar-se por meio de portal próprio,
como prevê o art. 5º da Lei nº 11.419/2006.
Em se tratando de intimação em comarca do interior, de acordo com o art. 12, § 1º, a intimação da
penhora se dará por correio. Tal regra precisa ser interpretada em conjunto com o caput do artigo,
pois, se houver órgão oficial de publicação de atos processuais, tal forma de intimação será preferida
à postal, em nome da maior simplicidade que aquela modalidade tem, o que prestigia a duração
razoável da execução (RODRIGUES, 2021, p. 189).
A substituição da penhora pode dar-se a requerimento do executado ou da Fazenda, ambos
disciplinados pelo art. 15 da Lei nº 6.830/1980. O reforço da penhora, a seu turno, dá-se a pedido da
Fazenda Pública.
Em se tratando de pedido de substituição da penhora formulado pelo executado, o inciso I do art. 15
da Lei nº 6 830/1980 permite a substituição da penhora por depósito em dinheiro fiança bancária ou
Ordem de preferência de bens para a penhora 
Intimação da penhora 
Substituição e reforço da penhora 
da Lei n 6.830/1980 permite a substituição da penhora por depósito em dinheiro, fiança bancária ou
seguro garantia. Relembre-se que o art. 9º da LEF prevê que o executado ofereça, em garantia da
execução fiscal, dinheiro, fiança bancária ou seguro garantia, nomeie bens à penhora, obedecida a
ordem do art. 11, ou indique bens oferecidos por terceiros para tanto, com aceitação da Fazenda.
Diversamente do oferecimento de garantia inicial da execução fiscal por meio de fiança bancária ou
seguro garantia, que, à luz do art. 9º, I da LEF, foram tratados da mesma forma que o dinheiro, a
substituição da penhora em dinheiro por fiança bancária ou seguro garantia não constitui direito
subjetivo do executado.
Com efeito, o dinheiro é o primeiro bem da ordem preferencial de penhora constante do art. 11 da Lei
nº 6.830/1980, e sua substituição depende da demonstração de que inexistirá prejuízo à efetividade
da execução e resguardo à menor onerosidade da execução (nesse sentido, AgInt. no REsp. nº
1.447.376/SP, rel. min. Benedito Gonçalves, 1ª Turma, julgado em 24/10/2017, DJe 10/11/2017).
Por sua vez, a substituição ou o reforço da penhora a requerimento da Fazenda Pública, disciplinados
pelo art. 15, I, da Lei nº 6.830/1980, têm como principal viés interpretativo a efetividade da execução
e o respeito ao princípio da menor onerosidade da execução. Demonstrada a baixa liquidez do bem
penhorado, ou ainda sua imprestabilidade para fins de satisfação do credor, seja por meio de
alienação ou de adjudicação, caberá sua substituição por outros bens, a despeito da ordem
preferencial do art. 11 da LEF.
O reforço da penhora ocorrerá nas hipóteses em que o bem ou o conjunto de bens penhorados
mostrar-se insuficientes para garantir a execução. Assim, deverão ser buscados outros bens para
reforço da garantia.
Defesas do executado
Os embargos à execução fiscal e à exceção de pré-executividade são os principais meios de defesa do
executado em sede de execução fiscal. Também é possível cogitar o uso da ação anulatória de débito fiscal,
que tem como pretensão a declaração de nulidade do lançamento tributário ou do auto de infração. Neste
item, trataremos dos embargos à execução fiscal e da exceção de pré-executividade, ao passo que a ação
anulatória será trabalhada no módulo seguinte, ao vermos as ações antiexacionais.
Embargos à execução fiscal
A defesa do sujeito passivo em sede de execução fiscal se dá por oposição de embargos à execução,
disciplinados no art. 16 da LEF. Os embargos à execução fiscal têm natureza jurídica de ação autônoma,
embora sejam apensados aos autos da execução fiscal nos mesmos moldes dos embargos à execução
civil, aplicando-se à hipótese o art. 914, § 2º, do CPC.
C tê i
Competência
A competência para a oposição de embargos à execução segue, como regra, o disposto no art. 914, § 1º, do
CPC:
Serão distribuídos por dependência aos autos da execução fiscal, seguindo a
mesma sistemática de competência antes vista.
Por sua vez, em se tratando de execução por carta (execução em que os atos expropriatórios são realizados
em juízo de competência territorial diversa do juízo da execução fiscal, por meio de carta precatória), por
força do art. 20 da LEF, os embargos do executado serão oferecidos no juízo deprecado, que os remeterá ao
juízo deprecante, para instrução e julgamento.
A seu turno, pelo art. 20, parágrafo único, da LEF, quando os embargos tiverem por objeto vícios ou
irregularidades de atos do próprio juízo deprecado, caber-lhe-á unicamente o julgamento dessa matéria.
Trata-se de regra especial, em comparação com o art. 914, § 2º, do CPC, segundo a qual os embargos serão
oferecidos no juízo deprecante ou no juízo deprecado, mas a competência para julgá-los é do juízo
deprecante, salvo se versarem unicamente sobre vícios ou defeitos da penhora, da avaliação ou da
alienação dos bens efetuadas no juízo deprecado.
Prazo
Quanto ao prazo, conforme a literalidade do art. 16 da LEF, os embargos à execução devem ser opostos no
prazo de 30 dias, os quais serão contados do depósito (inciso I), da juntada da prova da fiança bancária ou
do seguro garantia (inciso II), ou da data da intimação da penhora (inciso III).
Inciso I
Depósito
Há julgados do STJ entendendo que a contagem deve ser feita a partir da intimação do
depósito (nessa linha, REsp. nº 1.690.521/SP, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado
em 19/9/2017, DJe 10/10/2017), não obstante o tribunal também ter decisões aplicando a
literalidade do art. 16, I, da LEF, contando o referido prazo a partir da data do depósito (a título
de exemplo, REsp. nº 713.507/PR, rel. min. Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 12/12/2006, DJ
15/2/2007, p. 214).
Inciso II
Garantia do juízo
A oposição de embargos à execução fiscal tem como requisito específico de admissibilidade a garantia do
juízo, como previsto no art. 16, § 1º, da LEF. Trata-se de sistemática especial e diversa daquela prevista para
os embargos à execução disciplinados pelo CPC, que, em seu art. 914, dispensa a realização de penhora,
depósito ou caução para fins de admissibilidade dos embargos.
O STJ, em sede de recursos repetitivos, assentou que a exigência de garantia do juízo para oposição deembargos à execução fiscal remanesce, a despeito de o CPC, desde o advento da Lei nº 11.232/2005,
dispensá-la (à luz do CPC de 1973, REsp. nº 1.272.827/PE, rel. min. Mauro Campbell Marques, 1ª Seção,
julgado em 22/5/2013, DJe 31/5/2013; AgInt. no REsp. nº 1.699.802/RJ, rel. min. Benedito Gonçalves, 1ª
Turma, julgado em 21/3/2019, DJe 26/3/2019).
Dica
Não se trata de exigência absoluta, porém. O STJ tem julgados entendendo pela possibilidade de dispensa
da garantia do juízo, sendo comprovada a hipossuficiência patrimonial do devedor, independentemente da
concessão de gratuidade de justiça em favor do executado (nesse sentido, AgInt. no REsp. nº 1.836.609/TO,
rel. min. Gurgel de Faria, 1ª Turma, julgado em 7/6/2021, DJe 16/6/2021). O ônus da prova da insuficiência
de recursos para garantir o juízo compete ao devedor.
Juntada da prova da fiança bancária ou do seguro garantia
A despeito de sua disposição literal, há entendimento doutrinário e jurisprudencial no sentido
de que o prazo para oposição de embargos à execução fiscal somente será contado a partir
da data da intimação da lavratura de termo de penhora, interpretando-se sistematicamente os
incisos II e III do art. 16 da LEF (nessa linha, RODRIGUES, Direito Processual administrativo e
judicial tributário. Op. cit., 2021, p. 201-203; AgRg. no REsp. nº 1.156.367/MG, rel. min.
Napoleão Nunes Maia Filho, 1ª Turma, julgado em 24/9/2013, DJe 22/10/2013).
Inciso III
Data da intimação da penhora
Realizada a penhora, deverá haver a intimação do executado a respeito, sendo certo que o
prazo para oposição de embargos à execução fiscal daí será contado.
Efeitos
Os embargos à execução, como regra, não têm efeito suspensivo. A concessão de efeito suspensivo aos
embargos à execução fiscal depende do preenchimento dos requisitos previstos no art. 919, § 1º, do CPC:
i. Requerimento do embargante;
ii. Garantia do juízo;
iii. Preenchimento dos requisitos para concessão de tutela provisória (probabilidade de existência do direito
e perigo de dano/risco ao resultado útil do processo).
Há, contudo, uma exceção. Em se tratando de execução fiscal garantida por depósito integral em dinheiro,
pelo art. 32, § 2º, da LEF, após o trânsito em julgado da decisão, o depósito, monetariamente atualizado, será
devolvido ao depositante ou entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do juízo competente. Dessa
forma, nesse caso, se o levantamento somente pode ocorrer após o trânsito em julgado, evidentemente, não
será possível realizar atos expropriatórios no curso da execução fiscal antes do trânsito em julgado dos
embargos à execução.
Matérias passíveis de alegação em sede de embargos
A defesa do executado nos embargos pode versar sobre qualquer matéria de seu interesse, conforme
autoriza o art. 16, § 2º, da LEF, aos mesmos moldes do disposto no art. 917 do CPC. O fundamento para
tanto é o fato de que a execução fiscal é lastreada em título executivo extrajudicial, não sendo precedida de
fase cognitiva, razão pela qual deve ser oferecida ao embargante a possibilidade de se opor à execução por
meio de mecanismo processual de cognição plena.
Matérias passíveis de alegação em sede de embargos
Há, em síntese, três recursos cabíveis em face das decisões proferidas em sede de embargos à execução:

Agravo de instrumento


Apelação

Embargos infringentes de alçada
Relembre-se ainda que, por força do art. 1022 do CPC, os embargos de declaração são cabíveis em face de
qualquer decisão judicial. Começaremos analisando o cabimento do agravo de instrumento.
Os embargos à execução têm natureza de ação de conhecimento. Nesse sentido, o regime de recorribilidade
das decisões interlocutórias proferidas em seu curso segue a sistemática do art. 1015, caput, do CPC:
somente as decisões interlocutórias previstas no rol do dispositivo admitem impugnação por agravo de
instrumento (e.g., decisão que verse sobre tutela provisória, prevista no art. 1015, I, do CPC).
Quanto às demais decisões interlocutórias proferidas na fase de conhecimento dos embargos à execução,
estas não vão precluir de imediato, podendo ser impugnadas em sede de preliminar de recurso de apelação
ou de contrarrazões, como estabelece o art. 1009, § 1º, do CPC.
A apelação é o recurso cabível em face da sentença nos embargos à execução, aplicando-se o art. 1009 do
CPC.
Atenção
Em se tratando de apelação interposta em face de sentença que julgou improcedente ou extinguiu sem
resolução do mérito os embargos à execução, o recurso não será dotado de efeito suspensivo ope legis,
aplicando-se o art. 1012, § 2º, II, do CPC.
O art. 34 da LEF prevê ainda modalidade recursal específica para as sentenças proferidas em embargos à
execução de valor igual ou inferior a 50 obrigações reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTNs): os embargos
infringentes de alçada.
A ORTN foi um título público federal extinto pelo Decreto-lei nº 2.284/1986 e substituído, ao longo dos anos,
por diversos outros títulos, até a unidade fiscal de referência (Ufir), a qual deixou de existir a partir da Medida
Provisória nº 1.973-67, de 26 de outubro de 2000, que foi sucessivamente reeditada até ser convertida na Lei
nº 10.522/2002. Assim, para fins de análise do cabimento de embargos infringentes de alçada, deverá ser
levada em consideração a Ufir, e não a ORTN.
O STJ, no julgamento do REsp. nº 1.168.625, julgado sob o regime dos recursos repetitivos, consolidou a
tese de que 50 ORTNs correspondem a 308,50 Ufirs, os quais equivaliam a R$ 328,27 em janeiro de 2001,
valor esse corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E) a partir de
então e que, para fins de cabimento dos embargos infringentes de alçada, deverá ser considerado tendo
como referência a data de propositura da execução fiscal.
Exceção de pré-executividade
A execução de pré-executividade, também denominada objeção de pré-executividade, é meio de defesa do
executado em sede de execução fiscal que não tem previsão legal expressa. Trata-se de construção
doutrinária de Pontes de Miranda (ver MIRANDA, 1974), a qual encontrou acolhida na jurisprudência.
A Súmula nº 393 do STJ elenca os requisitos para que a exceção de pré-executividade possa ser manejada:
a exceção deve versar sobre matérias cognoscíveis de ofício e que não demandem dilação probatória. Caso
seja necessário alegar matérias que não sejam cognoscíveis de ofício ou que exijam a apresentação de
provas, a exceção não é defesa adequada, devendo ser utilizados os embargos (RODRIGUES, 2021, p. 217).
Em relação aos embargos à execução, a exceção de pré-executividade tem duas vantagens:
De início, não há a exigência de garantia do juízo para que a exceção seja admitida;
A exceção de pré-executividade não está sujeita a prazo, considerando que versa sobre questões
cognoscíveis de ofício, ou seja, que o magistrado pode conhecer independentemente de provocação de
quaisquer das partes.
Suspensão da execução fiscal
A suspensão da execução fiscal é disciplinada pelo art. 40 da Lei nº 6.830/1980. Duas são as hipóteses que
ensejam a suspensão da execução fiscal:

A não localização do devedor

Quando não forem encontrados bens penhoráveis
Estando caracterizado ao menos um desses casos, o juiz determinará a suspensão da execução fiscal,
abrindo vista dos autos ao representante judicial da Fazenda, nos termos do art. 40, § 1º, da LEF, quando
terá início o prazo de um ano, previsto no art. 40, § 2º, para que o devedor e/ou os bens penhoráveis sejam
localizados.
Findo esse prazo de um ano sem que o devedor ou os bens penhoráveis sejam localizados, o juiz ordenará o
arquivamento dos autos, quando, então, terá início o prazo de prescrição intercorrente, como deixa claro a
Súmula nº 314 do STJ. Findo esse prazo sem que o devedor ou os bens penhoráveis sejam localizados, terá
ocorrido a prescrição intercorrente, a ensejar a extinção do processo com resolução do mérito, nos termos
do art. 487, II, do CPC.
O STJ, em sede de recursos repetitivos (REsp.nº 1.340.553/RS, rel. min. Mauro Campbell Marques, 1ª
Seção, julgado em 12/9/2018, DJe 16/10/2018), firmou entendimento no sentido de que o prazo de um ano
tem início a partir da primeira medida de localização do devedor ou de constrição patrimonial que seja
negativa.
Segundo entendimento firmado pelo STJ, o prazo de prescrição intercorrente tem início automaticamente
após o decurso do prazo de um ano, sendo interrompido com a primeira medida executiva positiva ocorrida
dentro do prazo prescricional, seja a citação do devedor, seja a realização de ato de constrição patrimonial.
Caso a medida seja requerida dentro do prazo quinquenal, porém, e somente seja efetivada após o referido
prazo, aplicar-se-á a Súmula nº 106 do STJ, eis que a Fazenda Pública foi diligente e não poderá sofrer
prejuízo em razão da demora da atividade jurisdicional.
Frise-se que, antes de ser declarada a ocorrência de prescrição intercorrente, pelo art. 485, § 4º, da LEF, o
representante judicial da Fazenda deve ser ouvido, não obstante o juiz possa declarar a prescrição
intercorrente de ofício.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Certidão de dívida ativa
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Garantia do juízo

Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Exceção de pré-executividade
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
(MS Concursos – 2016 – Creci – 1ª Região/RJ – Advogado) No que tange à execução fiscal, assinale a
alternativa em conformidade com o ordenamento jurídico brasileiro:
A
Até a decisão de segunda instância, a certidão de dívida ativa poderá ser emendada ou
substituída, assegurada ao executado a devolução do prazo para embargos.
B A dívida ativa regularmente inscrita goza da presunção absoluta de certeza e liquidez.
C
A execução fiscal será proposta no foro de domicílio do réu, no de sua residência ou no do
lugar onde for encontrado.
D A produção de provas pela Fazenda Pública depende de requerimento na petição inicial.
E
O prazo para oferecimento dos embargos à execução é de dez dias da lavratura do auto de
penhora.
Parabéns! A alternativa C está correta.
A competência na execução fiscal segue o disposto no art. 46, § 5º, do CPC, que prevê tais foros
como concorrentes para sua propositura.
Questão 2
(Vunesp – 2014 – Desenvolvesp – Advogado) Encontra previsão expressa no procedimento que rege a
execução fiscal:
A A exceção de pré-executividade.
B A prescrição intercorrente.
C A presunção absoluta de liquidez e a certeza da dívida ativa regularmente inscrita.
D A denúncia espontânea.
E A impenhorabilidade de plantações.
Parabéns! A alternativa D está correta.
A prescrição intercorrente é disciplinada de maneira expressa pelo art. 40, § 4º, da LEF.

3 - Ações antiexacionais
Ao fim do módulo, você será capaz de listar as principais ações antiexacionais.
Ações antiexacionais: noções gerais
Conceitualmente, as ações antiexacionais são ações de iniciativa do sujeito passivo e com a pretensão de
atacar uma exação tributária, atual ou eventual. Como principais ações tributárias em espécie, podem-se
mencionar:
O mandado de segurança tributário
A ação anulatória
A ação declaratória
Frise-se que os embargos à execução fiscal igualmente são espécie de ação antiexacional, tendo sido
tratados ao estudarmos a execução fiscal, no módulo anterior.
Competência
A competência nas ações antiexacionais não tem norma específica, sendo disciplinada pelas disposições
acerca da competência para as ações em que a Fazenda Pública figure no polo passivo da demanda e que
foram tratadas no módulo anterior, ao falarmos sobre a execução fiscal.
Suspensão da exigibilidade do crédito tributário
Deve-se frisar que a mera propositura de ação antiexacional não induz à suspensão da exigibilidade do
crédito tributário, por não estar elencada entre as causas de suspensão previstas no art. 151 do CTN.
Na seara judicial, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário pode ocorrer nas hipóteses em que o
autor efetuar seu depósito integral (art. 151, II, do CTN), pela concessão de medida liminar em mandado de
segurança (art. 151, IV, do CTN), ou pela concessão de medida liminar ou de tutela antecipada em outras
espécies de ação judicial (art. 151, V, do CTN).
Atenção
Frise-se que, consoante entendimento sumulado do STJ, em sua Súmula nº 112, o depósito somente
suspende a exigibilidade do crédito tributário se for integral e em dinheiro.
Assim, o oferecimento de fiança bancária ou outra modalidade de garantia não tem o condão de suspender
a exigibilidade do crédito, como, inclusive, decidido pelo mesmo tribunal em sede de recurso especial
repetitivo (REsp. nº 1.156.668/DF, rel. min. Luiz Fux, 1ª Seção, julgado em 24/11/2010, DJe 10/12/2010).
Dispensa de depósito prévio
Relembre-se, no ponto, o teor da Súmula Vinculante nº 28, segundo a qual é inconstitucional a exigência de
A ação de consignação em pagamento
A ação de repetição de indébito
depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a
exigibilidade de crédito tributário, tornando a parte final do art. 38 da LEF não recepcionada pela CF/1988.
Feitas tais considerações, passa-se a tratar das ações antiexacionais em espécie, a começar pelo mandado
de segurança tributário.
Mandado de segurança tributário
Conceitualmente, o mandado de segurança é o remédio constitucional para a defesa de direito líquido e
certo que fora lesado ou esteja ameaçado de lesão por ato de autoridade pública ou por particular no
exercício de função pública. Tem previsão no art. 5º, LXIX e LXX, da CF/1988 e, no plano infraconstitucional,
é disciplinado pela Lei nº 12.016/2009.
Impetrante
Autor do mandado de segurança.
Autoridade coatora
Autoridade responsável pela prática do ato alegadamente lesivo ou em vias de ser praticado.
Direito líquido e certo
Direito líquido e certo é o direito passível de demonstração por meio de prova documental pré-constituída,
cabendo ao impetrante instruir sua petição inicial com os elementos de convicção suficientes, a demonstrar
a existência e a extensão de seu direito. Em outras palavras, o mandado de segurança é ação que não
admite dilação probatória.
Frise-se que, na hipótese em que os documentos necessários à prova das alegações do impetrante se
encontrarem em repartição ou estabelecimento público, ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-
los por certidão ou de terceiro, segundo o art. 6º, § 1º, da Lei nº 12.016/2009, o juiz ordenará,
preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento em original ou em cópia autêntica e marcará, para
o cumprimento da ordem, o prazo de dez dias.
A ausência de provas acerca do direito líquido e certo alegadamente titularizado pelo impetrante enseja a
extinção do mandado de segurança sem resolução do mérito, considerando-se que a prova do direito líquido
e certo é um pressuposto processual específico do writ (nesse sentido, GRECO, 2015, p. 238).
Prazo
O mandado de segurança, segundo o art. 23 da Lei nº 12.016/2009, deve ser impetrado no prazo de 120
dias, a contar da data da ciência do ato impugnado. O STF, em sua Súmula nº 632, pacificou entendimento
no sentido da constitucionalidade da fixação de prazo para a impetração de mandado de segurança.
Quanto à sua natureza jurídica, o prazo para impetração de mandado de segurança tem natureza
decadencial, razão pela qual, uma vez iniciado, não se suspende, nem se interrompe e, uma vez exaurido,
extingue o direito à impetração.
Atenção
É importante destacar que, segundo entendimento do STJ, caso o término do prazo para impetração ocorra
em dia não útil, em nome do direito de acesso à justiça, será prorrogado para o primeiro dia útil seguinte
(AgInt. no MS nº 22.654/DF, rel. min. Sérgio Kukina, 1ª Seção, julgado em 10/8/2016, DJe 18/8/2016).
Em se tratando de mandado de segurança impetrado emface de ato omissivo, o prazo para impetração será
contado a partir do momento em que estiver esgotado o prazo legalmente previsto para atuação da
autoridade. Caso não exista previsão de prazo para a prática do ato, o mandado de segurança poderá ser
proposto, demonstrando-se que a omissão tornou-se lesiva dentro dos 120 dias pretéritos (RODRIGUES,
2021, p. 273).
Atos passíveis de mandado de segurança
O mandado de segurança é instrumento para que sejam impugnados atos de autoridade pública ou de
particular investida no exercício de função pública. Concernente à matéria tributária, como exemplo da
primeira espécie, tem-se o caso do ato de lançamento tributário e, como exemplo da segunda espécie, atos
de cobrança de contribuições devidas aos serviços sociais autônomos, cujas contribuições têm natureza
tributária em razão do disposto no art. 149 da CF/1988.
Alguns atos de autoridade em espécie ensejam tratamento próprio, para fins da análise do cabimento de
mandado de segurança. O primeiro deles é o ato de autoridade que nega o direito à repetição de indébito.
Nesse caso, o cabimento de mandado de segurança é afastado pela Súmula 269 nº do STF, segundo a qual
o mandado de segurança não é substituto de ação de cobrança.
Compensação tributária
No que tange à compensação tributária, o mandado de segurança pode ser utilizado para que
a autoridade coatora seja compelida a promover a compensação, hipótese em que o sujeito
passivo deve instruir sua petição inicial com documentos que comprovem os valores
indevidamente recolhidos (nessa linha, REsp. nº 1.365.095/SP, rel. min. Napoleão Nunes Maia
Filho, 1ª Seção, julgado em 13/2/2019, DJe 11/3/2019, decidido em sede de recursos
repetitivos), ou para declarar o direito à compensação tributária, a ser buscada
administrativamente pelo sujeito passivo (nesse sentido, inclusive, é a redação da Súmula nº
213 do STJ).
Por sua vez, acerca das leis de efeitos concretos, o mandado de segurança é via adequada para sua
impugnação, com vistas à obtenção de sua declaração incidental de inconstitucionalidade (e.g., lei
concessiva de isenção a contribuinte em específico).
Legitimidade ativa para o mandado de segurança
Em razão de sua natureza de remédio constitucional, o mandado de segurança tem legitimidade ampla, à luz
do art. 5º, LXIX, da CF/1988, e do art. 1º da Lei nº 12.016/2009: qualquer pessoa física ou jurídica é parte
legítima para impetrar mandado de segurança.
Da mesma forma, pessoas jurídicas de direito público e órgãos públicos despersonalizados, desde que, no
último caso, tenham status constitucional, são igualmente legitimados à propositura de mandado de
segurança.
Legitimidade passiva para o mandado de segurança
Quanto à legitimidade passiva, prevalece em doutrina e jurisprudência o entendimento segundo o qual o
polo passivo do mandado de segurança deve ser ocupado pela pessoa jurídica em relação à qual a
autoridade coatora integra (a título de exemplos, em sede doutrinária, FIGUEIREDO, 2004, p. 374, e, em sede
jurisprudencial, REsp. nº 729.658/PA, rel. min. Luiz Fux, 1ª Turma, julgado em 4/9/2007, DJ 22/10/2007, p.
192).
Autoridade coatora
A autoridade coatora, segundo o art. 6º, § 3º, da Lei nº 12.016/2009, é a autoridade que tenha praticado o
ato impugnado ou da qual emane a ordem para sua prática. Trata-se, com efeito, do agente público ou
privado no exercício de função pública responsável pela ocorrência do ato impugnado ou que dá ensejo à
omissão para sua prática, tendo poder decisório a seu respeito.
A autoridade coatora frise-se não é parte no mandado de segurança conforme entendimento majoritário
Leis tributárias
Em relação às leis tributárias, deve-se atentar para a redação da Súmula nº 266 do STF,
segundo a qual não cabe mandado de segurança em face de lei em tese (ou seja, lei dotada
de generalidade e abstração). Isso porque, em tal hipótese, o mandado de segurança atuaria
como substituto de ação de controle concentrado de constitucionalidade.
A autoridade coatora, frise-se, não é parte no mandado de segurança, conforme entendimento majoritário
em doutrina e jurisprudência, mas deve ser notificada para apresentar informações, nos termos do art. 7º, I,
da Lei nº 12.016/2009, e é parte legítima a interpor recurso em face da sentença concessiva ou denegatória
do mandado de segurança, como estabelece o art. 14, § 2º, da Lei nº 12.016/2009.
A errônea indicação da autoridade coatora, como regra, não enseja a extinção do mandado de segurança
sem resolução do mérito. Com efeito, na hipótese, duas providências poderão possivelmente ser adotadas:

A determinação de emenda da petição inicial

A aplicação da teoria da encampação
A emenda da petição inicial no mandado de segurança deve ser determinada pelo magistrado se, quando da
admissibilidade da petição inicial, for constatado que o impetrante apontou erroneamente a autoridade
coatora, sendo a autoridade responsável pelo ato impugnado integrante da mesma pessoa jurídica. Em tal
caso, segundo o art. 321 do CPC, o juízo deve indicar precisamente a autoridade coatora correta, para que o
impetrante corrija a peça inaugural do writ.
A teoria da encampação, por sua vez, segundo a Súmula nº 628 do STJ, é aplicada no mandado de
segurança quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos:
Preenchidos tais requisitos a autoridade que prestou as informações “encampa” o ato impugnado não
Manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas
Ausência de modificação de competência estabelecida na CF/1988
Existência de vínculo hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que
ordenou a prática do ato impugnado
Preenchidos tais requisitos, a autoridade que prestou as informações encampa o ato impugnado, não
obstante não tenha sido a responsável por sua prática, manifestando-se acerca de seu mérito. Caso não
haja modificação de competência estabelecida na CF/1988 ou ainda da competência originária dos
tribunais de justiça, como já reconhecido pelo STJ em alguns julgados (a título de exemplo, REsp. nº
1.656.756/MG, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado em 25/4/2017, DJe 5/5/2017), será possível a
aplicação da referida teoria.
Liminar em mandado de segurança
A liminar em mandado de segurança é prevista no art. 7º, II, da Lei nº 12.016/2009, permitindo sua
concessão para suspensão do ato impugnado quando houver fundamento relevante e do ato impugnado
puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida, sendo facultado exigir do impetrante
caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à pessoa jurídica. Duas
considerações são pertinentes aqui.
Embora a lei mencione tão somente a possibilidade de suspensão do ato impugnado, a liminar em mandado
de segurança poderá ter conteúdo cautelar ou antecipatório dos efeitos da tutela final, aplicando-se, pois, o
art. 301 do CPC, que reconhece o poder geral de cautela do magistrado (nessa linha, ARAÚJO, 2010, p. 93-
94).
O art. 7º, § 2º, da Lei nº 12.016/2009 estabelecia restrições à concessão de medida liminar em mandado de
segurança. O STF, na ADI nº 4.296 (acórdão pendente de publicação), declarou a inconstitucionalidade do
dispositivo. Em matéria tributária, havia a previsão expressa de vedação à concessão de liminar para
compensação de créditos tributários, que igualmente consta da Súmula nº 212 do STJ.
Procedimento
O procedimento do mandado de segurança, considerando sua natureza de procedimento especial com
vistas à obtenção de tutela célere em face de atos de autoridade, é bastante simplificado. Passemos em
revista os principais pontos de destaque no que tange ao referido procedimento.
Estando em ordem a petição inicial, segundo o art. 7º da Lei nº 12.016/, o juízo deverá ordenar:
Inciso I
Que se notifique o coator do conteúdo da petição inicial, enviando-lhe a segunda via apresentada com as
cópias dos documentos, a fim de que, no prazo de dez dias, preste as informações.
Inciso III
Que se dê ciência dofeito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, enviando-lhe
cópia da inicial sem documentos, para que, querendo, ingresse no feito.
Se os requisitos para concessão de liminar se apresentarem, os quais foram vistos ao se tratar da liminar
em mandado de segurança, o juiz deverá conceder igualmente a tutela de urgência, como prevê o inciso II
do art. 7º da Lei nº 12.016/2009. A decisão concessiva ou denegatória de liminar é impugnável por agravo
de instrumento (art. 7º, § 1º, da Lei nº 12.016/2009).
As informações prestadas pela autoridade coatora destinam-se a trazer esclarecimentos ao juízo acerca
dos fatos narrados pelo impetrante em sua petição inicial. Tanto que a ausência de informações não enseja
a decretação de revelia da pessoa jurídica, até mesmo porque a autoridade coatora não é parte no mandado
de segurança.
A ciência do feito ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, para, querendo,
ingressar no feito, destina-se a permitir à advocacia (pública ou privada) a oportunidade de trazer
argumentos de defesa em prol do ato impugnado. Processualmente, essa ciência se dá por meio de
intimação.
Sentença e acórdão de julgamento
Após adotadas as providências citadas, será aberta vista ao Ministério Público, para, querendo, oferecer
parecer, como dispõe o art. 12 da Lei nº 12.016/2009, e, após, segundo o parágrafo único do artigo, o
processo será concluso ao juízo ou ao órgão colegiado para proferir sentença ou acórdão, a depender de o
mandado de segurança tramitar em primeiro ou segundo grau de jurisdição.
A sentença, denegatória ou concessiva da segurança, é recorrível por meio de apelação, como deixa claro o
art. 14 da Lei nº 12.016/2009. A sentença concessiva está sujeita ao reexame necessário, como estabelece
o art. 14, § 1º, da Lei nº 12.016/2009. Segundo o art. 19 da Lei nº 12.016/2009, a sentença ou o acórdão que
denegarem mandado de segurança, sem decidirem o mérito, não impedirão que o requerente, por ação
própria, pleiteie seus direitos e os respectivos efeitos patrimoniais.
Em se tratando de mandado de segurança de competência originária de tribunal, a decisão final poderá ser
impugnada por meio de recurso ordinário, nas hipóteses previstas nos arts. 102, II, b, e 105, II, b, da CF/1988,
ou ainda por meio de recurso especial e extraordinário, nos casos elencados nos arts. 102, III, e 105, III, da
CF/1988.
Ação anulatória
A ação anulatória, no Direito Tributário, pode ter duas finalidades: a primeira, a de buscar a desconstituição
de ato praticado no âmbito de procedimento ou processo fiscal; e a segunda — que, em verdade, é espécie
da primeira, embora mereça tratamento diverso —, a de obter o desfazimento da decisão administrativa que
indeferiu o pleito de repetição de indébito formulado pelo contribuinte ou responsável, na forma do art. 169
do CTN.
Quanto a seu procedimento, a ação anulatória segue o procedimento comum do CPC, previsto no art. 318 e
seguintes do Código, com as particularidades pertinentes ao processo tributário. Dois pontos acerca da
ação anulatória despertam a atenção do intérprete:

Conexão entre ação anulatória e execução fiscal

Possibilidade de litispendência entre a ação anulatória e os
embargos à execução fiscal
Conexão entre ação anulatória e execução fiscal
Comecemos analisando a primeira hipótese. Considerando que a mera propositura de ação anulatória não
suspende a exigibilidade do crédito tributário, é possível que seja ajuizada execução fiscal na pendência do
julgamento da ação anulatória. Em tal caso, em razão da conexão, por se tratar de ações que discutem a
mesma relação jurídica, deve haver a reunião para julgamento conjunto, com lastro no art. 55, § 1º, do CPC.
Com efeito, a reunião de processos não deve ocorrer se um desses já houver sido sentenciado, como
estabelece a parte final do art. 55, § 1º, do Código, ou se a reunião importar na alteração de regra de
competência absoluta (nesse sentido, REsp. nº 1.587.337/SP, rel. min. Herman Benjamin, 2ª Turma, julgado
em 17/5/2016, DJe 1/6/2016).
Possibilidade de litispendência
Passemos a analisar a segunda hipótese. É plausível que haja litispendência entre a ação anulatória e os
embargos à execução fiscal, se houver identidade de partes, causa de pedir e pedido. O CPC, com efeito,
adotou a teoria da tríplice identidade, razão pela qual somente se os três elementos das ações forem
idênticos é que haverá litispendência, como estabelece o art. 337, § 2º, do CPC.
Ação declaratória
A ação declaratória no Direito Tributário tem como principal serventia o reconhecimento da existência ou
A ação declaratória, no Direito Tributário, tem como principal serventia o reconhecimento da existência ou
da inexistência de relação jurídica entre o ente tributante e o sujeito passivo, ou, quanto ao primeiro caso,
em relação ao conteúdo e aos limites da relação jurídica existente (e.g., contribuinte busca excluir
determinada parte do processo produtivo da base de cálculo do imposto sobre produtos industrializados –
IPI).
Quanto ao seu procedimento, a ação declaratória segue o procedimento comum do CPC, previsto no art.
318 e seguintes do Código, com as particularidades pertinentes ao processo tributário.
No que tange à sentença na ação declaratória, devem-se fazer breves apontamentos para a hipótese em que
é reconhecida a inexistência de relação jurídica tributária. Em tal caso, a eficácia declaratória da sentença
faz com que seja igualmente reconhecido como indevido o pagamento feito pelo autor em favor do réu na
ação declaratória, podendo, inclusive, promover o cumprimento dessa sentença, com lastro no art. 515, I, do
CPC.
Comentário
Anote-se, no ponto, o teor da Súmula nº 461 do STJ, segundo a qual o contribuinte pode optar por receber,
por meio de precatório ou por compensação, o indébito tributário certificado por sentença declaratória
transitada em julgado. Frise-se que a opção pela compensação somente existirá se o ente tributante tiver lei
disciplinando a compensação tributária, de modo a atender ao disposto no art. 170 do CTN.
A inexistência de lei disciplinadora da compensação faz com que o autor somente possa receber o indébito
tributário por meio de precatório, ou ainda de requisição de pequeno valor, a depender do montante do
crédito.
Ação de consignação em pagamento
O professor Rodrigo Farias aborda o cabimento da ação de consignação em pagamento tributária.
A ação de consignação em pagamento, disciplinada pelo art. 164 do CTN, é a ação antiexacional destinada
às hipóteses previstas no CTN, em que há recusa do ente tributante em receber a importância devida ou,
ainda, que existe incerteza acerca da titularidade do crédito tributário.
Frise-se que a consignação em pagamento é forma de extinção do crédito tributário, como prevê o art. 156,
VIII, do CTN.
C bi t
Cabimento
O rol de cabimento da ação de consignação em pagamento é elencado no art. 164 do CTN, como
mencionado no parágrafo anterior. São hipóteses:
Inciso I
Recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao
cumprimento de obrigação acessória.
Inciso II
Subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal.
Inciso III
Exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato
gerador.
Em tais casos, o sujeito passivo, com vistas a exonerar-se dos eventuais encargos moratórios, pode
consignar a importância devida em juízo. Em razão da literalidade do art. 164 do CTN, a consignação
extrajudicial, prevista no art. 539, § 1º, do CPC, resta afastada.
Relembre-se, nesse sentido, que, segundo o art. 164, § 1º, do CTN, a consignação só pode versar sobre o
crédito que o consignante propõe-se pagar. Assim, quaisquer outras pretensões do sujeito passivo deverão
ser manejadas por meio de ação própria (e.g., obter o reconhecimento de que o débito tem valor menor do
que o que está sendo cobrado

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