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SEMINÁRIO IV: REALIZAÇÃO DA DÍVIDA ATIVA: EXECUÇÃO FISCAL E MEDIDA CAUTELAR FISCAL ALUNA: LARISSA MARIA LIMA LIRA QUESTÕES 1. Qual a natureza jurídica da execução fiscal e da medida cautelar fiscal? Identificar o fundamento e os requisitos legais da medida cautelar fiscal, bem como apontar qual o momento oportuno para a sua propositura. (Vide anexos I e II). R: A execução fiscal tem natureza jurídica de processo de execução por quantia certa, baseado em título executivo extrajudicial, não confundindo-se com o processo de conhecimento, possuindo como principal escopo a prestação da tutela jurisdicional executiva, nas palavras do Prof. Hugo de Brito (Pág. 258): Isso significa que através dele não se busca o acertamento da relação conflituosa, mas sim a satisfação do direito já acertado e não adimplido, representado pelo título executivo que é a Certidão de Dívida Ativa. Seu papel, no âmbito tributário, é o de obter o adimplemento do crédito tributário (da União, dos Estados-membros, do Distrito Federal, dos Municípios, e de suas respectivas autarquias ou fundações.) devidamente constituído, vencido, exigível e não pago. (Processo tributário / Hugo de Brito Machado Segundo. – 10. ed. rev e atual. – São Paulo : Atlas, 2018) Por sua vez, a medida cautelar fiscal, tem natureza jurídica de processo cautelar, possuindo como principal escopo assegurar o adimplemento do crédito tributário lançado ou da execução fiscal já iniciada, indisponibilizando os bens do sujeito passivo. Como bem explica Hugo de Brito (Pág. 335): Trata-se de processo destinado à concessão de tutela cautelar específica, bastante semelhante ao arresto disciplinado no art. 813 do CPC/73. Com o fim dos processos cautelares, no âmbito do CPC/2015, a cautelar fiscal subsiste como uma exceção à regra segundo a qual as tutelas cautelares são deferidas no âmbito do processo de conhecimento (ou de execução), de forma preparatória ou incidental. (Processo tributário / Hugo de Brito Machado Segundo. – 10. ed. rev e atual. – São Paulo : Atlas, 2018) O fundamento legal da Medida Cautelar Fiscal é a sua lei instituidora, a saber, Lei de nº 8.397/1992. Os seus requisitos legais estão previstos nos arts. 2º e 3º da referida legislação, que assim dispõem: Art. 2º A medida cautelar fiscal poderá ser requerida contra o sujeito passivo de crédito tributário ou não tributário, quando o devedor: I - sem domicílio certo, intenta ausentar-se ou alienar bens que possui ou deixa de pagar a obrigação no prazo fixado; II - tendo domicílio certo, ausenta-se ou tenta se ausentar, visando a elidir o adimplemento da obrigação; III - caindo em insolvência, aliena ou tenta alienar bens; IV - contrai ou tenta contrair dívidas que comprometam a liquidez do seu patrimônio; V - notificado pela Fazenda Pública para que proceda ao recolhimento do crédito fiscal: a) deixa de pagá-lo no prazo legal, salvo se suspensa sua exigibilidade; b) põe ou tenta por seus bens em nome de terceiros; VI - possui débitos, inscritos ou não em Dívida Ativa, que somados ultrapassem trinta por cento do seu patrimônio conhecido; VII - aliena bens ou direitos sem proceder à devida comunicação ao órgão da Fazenda Pública competente, quando exigível em virtude de lei; VIII - tem sua inscrição no cadastro de contribuintes declarada inapta, pelo órgão fazendário; IX - pratica outros atos que dificultem ou impeçam a satisfação do crédito. Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é essencial: I - prova literal da constituição do crédito fiscal; II - prova documental de algum dos casos mencionados no artigo antecedente. A proposição da medida cautelar fiscal poderá ser requerida sempre que o devedor da Fazenda Pública, de crédito regularmente constituído, tributário ou não, adotar conduta indicativa do propósito de frustrar seu adimplemento. Alguns doutrinadores, a exemplo de Hugo de Brito Machado, entendem que esta medida é inútil na medida em que somente poderia ser requerida em face da constituição do crédito tributário, situação que já confere à Fazenda Pública o direito de propor a execução fiscal, e obter a penhora de bens, sendo tal instrumento bem mais eficaz para garantir o adimplemento pelo sujeito passivo. Contudo, o STJ tem adotado entendimento no sentido de admitir a propositura desta medida antes da conclusão do processo administrativo, para evitar que o contribuinte se utilize de recursos administrativos protelatórios para, antes da conclusão do processo administrativo, alienar seu patrimônio sem incorrer na vedação contida no art. 185 do CTN, veja-se: “[...] A medida cautelar fiscal, ensejadora de indisponibilidade do patrimônio do contribuinte, pode ser intentada mesmo antes da constituição do crédito tributário, nos termos do artigo 2 o , in- ciso V, ‘b’, e inciso VII, da Lei n o 8.397/92 (com a redação dada pela Lei n o 9.532/97) [...]” (REsp 689.472/SE, Rel. Min. Luiz Fux, j. em 5.10.2006, DJ de 13.11.2006, p. 227). Na minha opinião, me parece prudente a posição adotada pelo STJ, ressaltando-se que, se faz necessário haver provas robustas e fundadas que esteja ocorrendo no Procedimento Administrativo a interposição de recursos de maneira meramente protelatória, combinado com as situações elencadas no art. 2º da Lei 8.397/92. 2. A CDA que instrui a petição inicial do executivo fiscal pode ser retificada quantas vezes bem entender o Fisco? Quais vícios fundamentam sua retificação? Até que momento a CDA pode ser alterada? (Vide anexo III). R: Não há qualquer previsão legal de limitação da quantidade de vezes em que a CDA pode ser retificada pelo FISCO. Por isso, o Exequente pode se valer de quantas vezes forem necessárias para retificar uma CDA, desde que respeitado o lapso temporal legalmente definido, observado os vícios que são passíveis de serem sanados e que o prazo para defesa seja devolvido ao interessado. Nos termos da Súmula de nº 392 do STJ, os vícios que podem ser retificados na CDA são os vícios atinentes a erros materiais ou formais, veja-se: “A Fazenda Pública pode substituir a certidão de dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de embargos, quando se tratar de correção de erro material ou formal, vedada a modificação do sujeito passivo da execução.” Importante ainda ressaltar que, a certidão pode ser retificada para se adequar ao lançamento, de forma que, jamais pode alterar o próprio lançamento. A retificação da CDA, nos termos do art. 203 do CTN, pode ser realizada até a decisão de primeira instância, contudo, note-se que o dispositivo não especifica a natureza da decisão. Aqui, me filio ao entendimento empossado por Juliana Furtado, Procuradora da Fazenda Nacional, em texto disponibilizado pelo IBET (Pág. 8): Desta feita, cabe ao intérprete elucidar seu conteúdo e nesse sentido é que entendemos que a possibilidade de alteração da certidão se mantém até a prolação de sentença de mérito proferida nos embargos à execução fiscal, caso haja o uso desse meio de defesa pelo executado, pois é nesse momento que a controvérsia envolvida na pretensão executiva será resolvida. Caso não sejam interpostos os embargos, há duas correntes doutrinárias diversas que discutem até que momento a CDA pode ser alterada, como bem elucida Juliana Furtado, em texto disponibilizado pelo IBET (Pág. 8): Há uma corrente que entende que esse limite corresponde ao instante da lavratura do auto de arrematação ou adjudicação, por ser o momento mais apropriado para fins de garantia da segurança jurídica das relações6 . A segunda corrente defende ser possível a referida alteração até sentença extintiva do processo executivo, nos termos dos artigos 794 e 795 do CPC7 , momento também em que a pretensão executiva se encerra. Entendo por correta asegunda corrente, uma vez que a interpretação dada ao art. 203 do CTN é de que se refere a sentença, não a mera decisão interlocutória. 3. Considerando as alterações relativas ao processo de execução trazidas pelo CPC/15, pergunta-se: (a) Aplicam-se os arts. 915 e 919 do CPC/15 nos processos de Execução Fiscal? (Vide anexo IV); R: Acredito que, pelo princípio da especialidade, não há como fazer a aplicação do art. 915 do CPC aos processos de Execução Fiscal, uma vez que a previsão processual civil estipula o prazo de 15 dias, enquanto que, a LEF, em seu art. 16, prevê expressamente que o prazo para interposição de embargos pelo executado é de 30 dias. Desta forma, ante a existência de norma específica, inaplicável as disposições do art. 915 do CPC. Por outro lado, completamente compatível à aplicação à Execução Fiscal do art. 919, não havendo qualquer disposição na LEF proibindo a atribuição de efeito suspensivo aos embargos à execução, desde que, observados no caso concreto o preenchimento dos requisitos autorizadores previstos no código processual civil, aplicado subsidiariamente nos termos do art. 1º da LEF. Na mesma senda, segue recente entendimento jurisprudencial: AGRAVO DE INSTRUMENTO – Embargos à execução fiscal – Município de São Luiz do Paraitinga – Garantia da execução por meio de depósito do montante integral advindo de penhora on line – Insurgência contra decisão que recebeu os embargos sem atribuição de efeito suspensivo – Aplicação subsidiária do CPC, nos termos do art. 1º da Lei nº 6.830/80 que nada dispõe sobre o efeito suspensivo nos embargos – Preenchimentos dos pressupostos para a suspensão da execução fiscal (art. 919 do CPC/2015)– Decisão reformada – Recurso provido. (TJ-SP - AI: 20007212020208260000 SP 2000721-20.2020.8.26.0000, Relator: Henrique Harris Júnior, Data de Julgamento: 01/03/2012, 18ª Câmara de Direito Público, Data de Publicação: 02/04/2020) (b) Na execução fiscal, ao executado ainda persiste o direito de, no prazo de 5 dias da sua citação, “garantir a execução”? Justifique sua resposta. R: Sim, ainda persiste. Muito embora haja discussão sobre a aplicação do art. 916 do CPC aos processos executivos fiscais, este faz referência ao prazo previsto no art. 915, discutido no item anterior, aonde chegou-se a conclusão que tal não pode ser aplicado, em razão da LEF prever prazo específico para apresentação dos embargos nos processos executivos fiscais. Assim, ante a impossibilidade também de sua aplicação, subsiste o estipulado no art. 8º da LEF, que prevê apenas o prazo de 5 dias para garantia da execução, uma vez que, nos termos do já citado art. 1º da LEF, o CPC tem aplicação apenas subsidiária. 4. Com relação ao instrumento constritivo do patrimônio do contribuinte- devedor previsto no art. 185-A do CTN (conhecido como penhora “on-line”). Pergunta-se: (i) Qual sua natureza jurídica? Trata-se de espécie de penhora ou de medida cautelar? (ii) A decretação da indisponibilidade a que se refere o art. 185-A do CTN é fato jurídico suficiente à abertura de prazo para apresentação de embargos? (iii) Quais seus pressupostos e limites legais? É necessária demonstração por parte da Fazenda de que inexistem outros bens capazes de garantir a dívida? Ou aplica-se o art. 854 do CPC/15? (Vide anexo V e VI). R: (i) Possui natureza jurídica de indisponibilidade, o que sob uma ótica processual, significa uma “medida cautelar” e não uma penhora efetiva, destinada a garantir a futura realização da penhora, e somente após, a efetiva tutela jurisdicional executiva. (ii) Não, somente depois de realizada a efetiva penhora é que começará a fluir o prazo para oposição de embargos, em nome do princípio da legalidade. Nestes termos, veja-se o que dispões Hugo de Brito (Pág. 305) Não se trata de mera filigrana, ou questão terminológica sem importância. Não. A rigor, a distinção é relevante, tanto para fins de contagem do prazo de oposição de embargos do executado, como porque a pessoa à qual a ordem de “indisponibilidade” é dirigida (v. g., autoridade de trânsito) não tem competência para realizar atos que são próprios da autoridade vinculada ao Poder Judiciário (avaliação, eventual remoção etc.). Assim, uma vez indisponíveis, os bens poderão ser penhorados. É para isso, aliás, que os órgãos e entidades aos quais se fizer a comunicação de que trata o caput do art. 185- A deverão enviar ao juízo, “imediatamente”, relação discriminada dos bens e direitos cuja indisponibilidade houverem promovido (§ 2º). De posse das “relações” que receber de todos os órgãos e entidades, o juízo então determinará a realização da penhora sobre aqueles considerados necessários e suficientes à garantia da execução. Só depois disso é que começará a fluir o prazo para oposição dos embargos (Processo tributário / Hugo de Brito Machado Segundo. – 10. ed. rev e atual. – São Paulo : Atlas, 2018) (iii) Os pressupostos são: citação do executado; inexistência de pagamento ou de oferecimento de bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis. Filio-me ao entendimento de que faz sim necessário que o FISCO demonstre efetivamente a inexistência de outros bens capazes de garantir a dívida, uma vez que há expressa previsão legal no art. 185-A do CTN, que é norma especial frente a aplicação do CPC. Ademais, tal norma veio para disciplinar a situação em que os Juízes estavam, assim que distribuída a execução já procedendo a indisponibilidade de bens sem que fosse sequer necessário ou requerido pelo FISCO. Acaba que o art. 185-A veio estabelecer limites que os magistrados deverão seguir, a partir da sua edição. 5. Na execução fiscal o devedor-executado é citado para pagar ou indicar bem(ns) à penhora em cinco dias. Na hipótese de oferecimento de seguro- garantia, terá o devedor-executado que acrescentar 30% do valor do débito executado ao seguro para que essa modalidade de garantia seja aceita? Considere em sua resposta o teor do art. 7º, II da Lei n. 6.830/80 e o § 2º do art. 835 do CPC/15. R: Ab initio, registre-se havia uma grande a discussão doutrinária a respeito da possibilidade de o seguro garantia substituir a penhora nos processos de execução fiscal. Ocorre que, com o advento da Lei 13.043/14 essa discussão foi superada uma vez que foi incluída na LEF a previsão expressa da possibilidade de o seguro garantia substituir a penhora. Pois bem, como se observa, a LEF não faz nenhuma menção a necessidade de acréscimo de 30% do valor do débito executado para que esta modalidade de garantia seja aceita, situação que é posta no CPC, mais especificamente no §2º do art. 835. Desta forma, considerando que nos termos do art. 1º da LEF, o CPC, tem aplicação subsidiária, já havendo previsão específica na LEF sem imposição de qualquer ônus adicional ao devedor para utilização o seguro-garantia, esta norma deve prevalecer sobre as disposições do CPC. 6. Qual o termo inicial para consideração da fraude à execução fiscal? Há alguma divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC/15? (Vide anexo VII). R: Após o advento da Lei Complementar de nº 118 de 2005, o termo inicial para considerar-se os atos de alienação ou oneração de bens e rendas como fraude à execução fiscal, passou a ser a partir do momento da inscrição em dívida ativa do crédito tributário, não importando o efetivo início da execução fiscal, conforme art. 185 do CTN. Não há divergência entre o art. 185 do CTN e o art. 792 do CPC de 2015, uma vez que o CTN não faz previsão expressa do termo inicial para consideração de fraude à execução fiscal no caso de desconsideração da personalidade jurídica, de forma que torna necessária a utilização de forma subsidiária do art. 792, §3º, do CPC/15. 7. A Fazenda Nacional ajuizou, no ano de 2016, execução fiscal contra a empresa XPTO, requerendo, na petição inicial, o redirecionamentofiscal para seu sócio Luis Antônio, com lastro no art. 135, III, do CTN, tendo por fundamento fático o encerramento irregular da sociedade. Considerando a vigência do novo Código de Processo Civil, pergunta-se: a) é necessário, no caso relatado, a instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica (IDPJ)? Sendo negativa ou positiva a resposta, justifique? Se for negativa em que hipóteses o IDPJ seria cabível? R: Não visualizo que no caso da questão haja a necessidade de instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Explique-se. Da leitura do art 135. do CTN, percebe-se que este disciplina a existência de responsabilidade tributária para outras pessoas além da Pessoa Jurídica da empresa, não estipulando a necessidade de desconsideração: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Entretanto, entendo ser plenamente possível o incidente de desconsideração nas execuções fiscais nos casos previstos no art. 50 do Código Civil (desvio de finalidade e confusão patrimonial) que assim dispõe: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica. b) uma vez instaurado o IDPJ, a defesa apresentada pelo sócio ou pessoal jurídica que se pretende atribuir responsabilidade pela obrigação tributária pode versar sobre o mérito da cobrança (inexigibilidade do crédito tributário), ou apenas sobre a ilegitimidade de sua responsabilização patrimonial pela dívida objeto da execução fiscal? R: Veja-se que, nos termos do CPC a desconsideração da personalidade jurídica será realizado através de incidente processual, ou seja, ação que tramita dentro do processo que está em curso, mas que tem um objetivo específico, delimitar ou não a existência de responsabilização de outra pessoas. Observe-se que, instaurado o incidente, o sócio ou pessoa jurídica que se pretende atribuir responsabilidade pela obrigação tributária, ainda não é parte executada do processo, não podendo ainda discutir o mérito da cobrança. Caso haja no incidente decisão interlocutória, entendendo pela procedência e consequente adição de terceiros ao processo, que somente a partir desse momento passarão a ser réus, nos termos do art. 136 do CPC. Assim, só poderão discutir dentro do incidente, sobre as questões de responsabilização. 8. Em sua opinião, para que a execução fiscal seja proposta já com o sócio no pólo passivo (seu nome consta na certidão de dívida ativa) é necessário que participado do processo administrativo para apuração de sua responsabilidade? Justifique sua resposta indicando o dispositivo normativo processual (CPC/2015 ou lei de execução fiscal) que confirma ou infirma a legitimidade passiva do sócio na execução fiscal. R: Atualmente, tem-se verificado no processo tributário administrativo uma mitigação das garantias constitucionais do contraditório e ampla defesa dos sócios e gestores de pessoas jurídicas nos casos de transferência da responsabilidade tributária em razão de culpa ou dolo, justificativa das previsões contidas no art. 135 do Código Tributário Nacional. Em muitos casos, tem-se observado que após o processo tributário administrativo que tramitou tão somente em face da pessoa jurídica, os sócios da sociedade têm os seus nomes sumariamente inclusos nas Certidões de Dívida Ativa na condição de coobrigado, sem que os mesmos tenham tido oportunidade de defesa no processo administrativo. Nesta senda, reputo completamente ilegal a inclusão sumária dos sócios como coobrigados na CDA sem o direito de participação e defesa no processo administrativo tributário, visto que para se defender judicialmente, por meio de embargos, o sócio terá que dispor do seu patrimônio para garantir o juízo da execução. E o pior, caso não tenha bens suficiente para garantir o juízo pelo débito da pessoa jurídica, o mesmo será privado de exercer o contraditório, consumindo de vez, todas as garantias previstas no art. 5, LV da CR/88.