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PLANEJAMENTO DE CENÁRIOS AULA 4 Profª Elaine Cristina Hobmeir 2 CONVERSA INICIAL Olá, caro aluno! Muitas mudanças estão alterando as configurações das variáveis ambientais e sociais, como processos, valores, cultura, tecnológicas e demográficas, e todas fazem parte da história competitiva das organizações. Nesta aula falaremos sobre as ferramentas de Projeção e Perspectivas e, dentro desta temática, estudaremos: • As cinco forças de Porter; • Análise de Porter: Influências; • Análise de Porter: Incertezas de Mercado; • Coleta de Variáveis e Definição de Predeterminantes. Essas ferramentas são muito importantes no planejamento dos cenários. Figura 1 – Sequência de temas da aula 4 CONTEXTUALIZANDO Como vocês já viram nas aulas anteriores, os cenários são os eventos que podem influenciar sua organização, mas não podemos esquecer que esses eventos são externos à sua empresa. Atualmente, não conseguimos identificar nenhuma empresa que ignore os sinais apresentados por essas variáveis. É muito importante o planejamento de cenários, levando em consideração a atual situação do país; sem ele, as empresas não têm como desenvolver suas atividades de forma efetiva. Ainda sobre os cenários, eles devem ser planejados Tema 1 – As cinco forças de Porter Tema 2 – Análise de Porter: influências Tema 3 – Análise de Porter: incertezas de mercado Tema 4 – Coleta de variáveis Tema 5 – Definição de predeterminantes 3 em longo prazo, podendo sofrer alterações contidas nas variáveis que os compõem. Para que vocês consigam entender seus efeitos, precisamos utilizar algumas ferramentas; é impossível a análise de cenários sem uma análise das cinco forças de Porter, sem analisar as variáveis e as predeterminadas. Mas não é qualquer um que pode fazer a análise; a pessoa responsável por esse setor deve ser um profundo conhecedor do ambiente competitivo e, principalmente, do macroambiente. Para a análise de cenários, devemos conhecer como está a concorrência, conhecer o produto/ serviço ofertado, conhecer os fornecedores, os possíveis entrantes e, principalmente, os clientes. Conhecer o que se está vendendo e para quem, é conhecer o mercado e buscar a melhoria contínua. Para se analisar os cenários, deve-se pensar em três fatores: o primeiro é o cenário otimista, quando se descreve o melhor cenário para aquela organização; o segundo fator é o cenário mediano, caso ocorram interferências externas, elas não agridem tanto a organização; o terceiro fator é o cenário pessimista e, neste caso, desenvolve-se as piores variáveis possíveis. Para cada um dos cenários, a organização tem desdobramentos improváveis e prováveis, por isso, é importante a criação de um plano de contingência para cada um deles. O que seria isso? Para cada um dos cenários, precisamos de um plano B, pois, caso o que idealizamos der errado, temos que ter outro plano para resolver esse problema. As organizações devem ser mutáveis, com isso, aprendem a enfrentar situações diferentes, mudanças e comportamentos. Sendo assim, identificar os fatores que realmente são relevantes a um cenário é fundamental para o sucesso da organização. São um diferencial no mercado as organizações que estão preparadas para as mudanças, tornando-se um modelo a ser seguido. O que nós precisamos é pesquisar as tendências, identificar as influências dos cenários, localizar as variáveis, identificar as predeterminadas e levar em consideração todas as possibilidades. Saiba mais Separei para você um artigo bem interessante que explica cada uma das forças de Porter: <http://www.portal-administracao.com/2015/05/as-cinco- forcas-de-porter.html>. Acesso em: 28 out. 2017. 4 Além do artigo, temos um vídeo bem interessante que explica cada uma das forças: <https://www.youtube.com/watch?v=Bys7OFyWFuk>. Acesso em: 28 out. 2017. TEMA 1 – AS CINCO FORÇAS DE PORTER Esse modelo recebe este nome devido a seu autor, Michael Porter, que foi um dos mestres da Administração Contemporânea. Sua principal contribuição é no conhecimento de sua empresa e no cenário externo, também em como são feitas as relações referentes à criação de Estratégias. Quando você conhece sua empresa, você está apto a identificar cada um dos elementos do mercado onde esta organização pode influenciar. Mas esta não é uma tarefa fácil, pois são cinco itens que devem ser bem detalhados. Segundo Serra, Torres e Torres (2004): A análise do ambiente externo pode ser realizada por meio do modelo de cinco forças da competitividade, desenvolvido por Michael Porter na década de 70. Afirmam ainda que o entendimento das forças rivais de um ramo de negócios é essencial para o correto desenvolvimento do plano estratégico. Figura 1 – As cinco forças de Porter Fonte: Disponível em: <https://www.google.com.br/search?q=as+cinco+for%C3%A7as+de+porter%5B&source=lnms& tbm=isch&sa=X&ved=0ahUKEwjK18HY887TAhUDkpAKHZkjBCEQ_AUIBigB&biw=1366&bih=6 62#imgrc=1v_ZI3bnfk8GdM>. Disponível em: 28 out. 2017. 5 Esse modelo foi criado em 1979 e permanece atual. Ao analisarmos as cinco forças de Porter, identificamos uma lógica simples que pode ser utilizada para qualquer tipo de organização. Vamos apresentar o significado de cada uma das forças. 1. Rivalidade entre os concorrentes: esse é um dos pontos que devem ser mais analisados; é muito importante identificarmos como é a rivalidade entre os concorrentes, quais são os pontos fortes das empresas que vendem, senão o mesmo produto que o seu, algo similar. Quando você for desenvolver esta análise, nunca esqueça do número de concorrentes no mercado, que tipo de publicidade usam e se os produtos/serviços são diversificados. 2. Ameaça de novos entrantes: as vezes pode ser confundida com os concorrentes, mas devemos lembrar que novos entrantes são aquelas empresas que entram no mercado para concorrer diretamente com vocês. Nesse caso, as empresas entrantes possuem algumas barreiras de entrada com relação ao capital necessário para o início das atividades e acesso aos canais de distribuição que as organizações que já se encontram no mercado não possuem. Não é fácil entrar em um mercado com marcas já estabelecidas. 3. Poder de barganha dos clientes: esse item é de extrema importância, consegue medir o poder de barganha que o cliente tem com relação às organizações. Os clientes possuem a força de diminuir ou aumentar os preços dos produtos conforme a demanda existente, podem também alterar a qualidade de um produto/ serviço, além de ser a maneira que a empresa tem de se relacionar com os clientes externos. 4. Poder de barganha dos fornecedores: nesse caso, o foco principal são as negociações das empresas com relação aos fornecedores no que diz respeito aos insumos e serviços. Se você é o único cliente do fornecedor, seu poder de barganha é maior, mas corre o risco de não encontrar insumos suficientes caso haja algum problema com ele. No outro caso, se sua empresa for apenas mais uma para o fornecedor, seu poder de barganha é baixo, mas pode procurar outros fornecedores que lhe atendam. 5. Ameaça de produtos substitutos: nesse caso, são empresas/ serviços que possuem produtos semelhantes aos seus. Não são os mesmos 6 produtos, mas podem substitui-los em alguns casos. Podemos dar como exemplo o café e o chá: tomamos café todos os dias, mas o preço aumenta muito. Uma maneira de substituí-lo é pelo chá, neste caso não são produtos iguais, mas, sim, similares ou substitutos. TEMA 2 – ANÁLISE DE PORTER: INFLUÊNCIAS Antes de falarmos sobre as influências da Análise de Porter, precisamos explicar o que é estratégia: esse termo vem do grego e significava chefe militar ou comandante. Temos também a obra “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu, que descrevia as manobras estratégicas para a guerra. Durante anos,a estratégia foi focada apenas na guerra, apenas no fim do Século XIX ela começou a ser utilizada nas organizações. Antes as organizações, eram de manufatura e sua produção era feita de forma experimental e tácita. Após a revolução industrial, houve a necessidade de estratégias para se manter no mercado, pois o cenário era diferente. Quando ouve a segunda Revolução Industrial, as empresas começaram a alterar seu ambiente competitivo. Porter (2004) afirma que existem três abordagens estratégicas genéricas potencialmente bem-sucedidas e cinco forças competitivas que, quando corretamente analisadas, aumentam o potencial de superação dos concorrentes da indústria. Estas estratégias genéricas são: liderança no custo total, diferenciação e enfoque. As influências derivam da análise das cinco forças de Porter. O modelo permite analisar como está o grau da atividade em um determinado setor e, com isso, identificamos quais são os fatores que podem afetar a competitividade da empresa. Além disso, podemos visualizar a organização de forma ampla, onde analisamos a concorrência, os fornecedores, os clientes, os entrantes e substitutos. Segundo Porter (2004), “a essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma companhia ao seu meio ambiente. Embora o meio ambiente relevante seja muito amplo, abrangendo tanto as forças sociais como econômicas, o aspecto principal do meio ambiente da empresa é a indústria ou as indústrias com que ela compete”. Porter analisa a organização de duas maneiras: de acordo com o microambiente e com o macroambiente, sendo que as empresas não podem 7 focar em apenas um deles, pois sucumbirá deixando a outra para trás. A estratégia competitiva da organização surge a partir de se conhecer os concorrentes, onde se desenvolve o nível de atratividade do negócio. O próprio Porter (citado por Bailey, 2007, p.48) comentou que seus trabalhos podem ser divididos em três áreas: A primeira tem a ver como as empresas competem nas indústrias e ganham vantagem competitiva. A próxima foca nas localizações e como algumas cidades, estados e nações podem ser mais competitivas e prósperas que outras. E a terceira, que nasceu da segunda, examina como ter um pensamento competitivo e aplicá-lo a problemas sociais, como o meio ambiente, as cidades interioranas e o sistema de saúde. Então, podemos descrever as influências do autor por meio de suas ideias, compreender as mudanças ocorridas no cenário por meio das cinco forças apresentadas. No caso da rivalidade entre os concorrentes, a influência notada neste item são as mudanças que as empresas necessitam para se manterem competitivas no mercado, por exemplo: se uma marca de refrigerantes lança um novo sabor, sua concorrente deve criar algo que se iguale ou que seja melhor que a primeira empresa. No caso das ameaças de novos entrantes, o mercado está aberto a novas empresas, mas o como ela conseguirá entrar em um mercado competitivo é o grande desafio. Há os custos fixos de saída, leis governamentais, clientes fiéis e marca já conhecida. Para as empresas que já estão no mercado e já abocanharam sua fatia, é um cenário, agora para aquelas que vão iniciar um bom estudo é necessário para ver as vantagens e desvantagens desta nova competição. Para falarmos do Poder de Barganha dos Clientes, devemos lembrar que muitos clientes não são fiéis; a partir do momento que outra organização oferece mais em troca, o cliente muda. Quais as influências, neste caso, dos clientes; houve-se que o cliente sempre tem razão, mas até que ponto isso é verdadeiro? Ter um contato direto com o cliente é a melhor estratégia, pois assim sabemos quais suas reais necessidades. Com relação ao Poder de Barganha dos Fornecedores, temos dois casos típicos: poucos fornecedores nos tornam reféns deles e muitos fornecedores fazem com que não sejamos fiéis. Manter um relacionamento de cumplicidade e respeito com os fornecedores é o melhor a se fazer, pois é deles que 8 dependemos para a nossa produção. Focar em qualidade e custo é essencial para esta parceria. Com relação às ameaças de produtos substitutos, temos que tomar cuidado, pois se nosso produto ou serviço possui um substituto, devemos fidelizar nosso cliente, mostrando-nos essenciais para eles. Portanto, a análise de cada um dos pontos é a maior influência para a tomada de decisões, buscando uma competição por preços, utilizando-se de margens variáveis de lucro e competição por percentual de mercado. Com isso, a análise do cenário faz parte de um processo sistemático do planejamento estratégico. TEMA 3 – ANÁLISE DE PORTER: INCERTEZAS DE MERCADO Você não pode esquecer que o mundo dos negócios é dinâmico e complexo, por isso, não devemos desvalorizar as informações referentes ao mercado. Devemos manter uma análise decisória equilibrada para não nos surpreendermos com notícias inesperadas. De acordo com a análise de Porter, a dimensão ambiental tem como eixo principal o planejamento, onde planejar é buscar um objetivo comum e como alcançá-lo. Quando analisamos as cinco forças de Porter, identificamos riscos inerentes à tomada de decisão, portanto, na elaboração de cenários devemos sempre levar em conta esta análise. Prospectar cenários é fundamental no processo de antecipação de problemas e possíveis soluções. Agora, antes de planejarmos, devemos criar metas de onde se pretende chegar e o universo temporal; não é possível determinar o futuro se não analisarmos os cenários, e querem melhor modelo do que utilizar as cinco forças de Porter? Essa ferramenta nos mostra as percepções que se tem com relação a uma empresa sobre o cenário externo e o que se pode esperar dessas percepções. Então, ao identificarmos os entrantes potenciais, o poder de barganha dos fornecedores, o poder de barganha dos compradores, a ameaça de produtos substitutos e os concorrentes, conseguimos identificar o que nos espera com relação às incertezas de mercado. Identificamos, principalmente, quais são os nossos maiores obstáculos com relação ao mercado e, assim, podemos desenvolver uma ação preventiva. 9 Para que vocês possam entender melhor, a incerteza é algo sobre o qual não temos informações necessárias para chegar a uma solução alternativa. Neste tipo de cenário não conseguimos identificar quais são os reais problemas que serão enfrentados. Nesta situação, o Planejamento de Cenários se distingue de outras abordagens mais tradicionais do planejamento estratégico, por sua abordagem explícita em relação à ambiguidade e à incerteza na questão estratégica. O aspecto mais importante da introdução da ambiguidade e incerteza na estratégia é que ela transforma o planejamento para o futuro de atividade episódica em proposição de aprendizado contínuo. Em uma situação de incerteza, o planejamento passa a ser aprendizado, o qual nunca para. O estudo do planejamento de cenários é o estudo do aprendizado organizacional (Van Der Heijden, 2009). Figura 2 – Previsibilidade vesus incerteza Fonte: Disponível em: <https://pt.slideshare.net/saepr/sae-ipea- cenariosprospectivosmacroplanclaudioporto>. Acesso em: 28 out. 2017. Não sabemos o que irá acontecer no futuro, mas nossa ignorância não é total. Nossa capacidade de fazer declarações úteis a respeito do futuro difere de 10 um caso para outro. O desenvolvimento de uma organização sólida e saudável requer a compreensão tanto do ambiente quanto da organização. O indivíduo pode não definir o problema, mas pode tentar identificar quais são as soluções alternativas e quais são os resultados esperados. Não se pode esquecer, primeiramente, que a incerteza nasce de um problema e as alternativas para a sua possível solução normalmente não são comuns. Como exemplo, podemos citar uma organização que acaba de entrar em um novo mercado ou que está lançandoum novo produto ou serviço. Neste caso, essa empresa não sabe como encontra-se o mercado e como será a recepção dos clientes. Este cenário de incerteza gera dúvidas a muitas organizações sobre o que deve ser feito. Algumas organizações fazem pesquisas de mercado para identificar essa aceitação, mas nem sempre as pesquisas atingem o objetivo esperado, que é o sucesso total. Figura 3 – Fatores para a análise de incertezas Fonte: Elton Ivan Schneider (material de Administração Estratégica) Se você conseguir identificar as oportunidades obtidas no estudo das incertezas, já estará a meio caminho do sucesso. TEMA 4 – COLETA DE VARIÁVEIS O planejamento de cenários visa sempre à invenção da estratégia e à testagem das características organizacionais relacionadas, em contraste com as múltiplas representações do futuro ambiente de negócios. Ele só tem sucesso 11 quando a empresa consegue adaptar-se de maneira a potencializar suas chances em atingir os objetivos esperados. Cenário é uma descrição detalhada e internamente consistente daquilo que o futuro poderá vir a ser; construída de forma disciplinada e ao mesmo tempo criativa, baseada na análise dos principais fatos portadores do futuro, reunindo elementos qualitativos e quantitativos. A finalidade principal de um cenário é a tomada de decisões no presente sobre o posicionamento estratégico da empresa no futuro. (Starec, Gomes e Bezerra, 2005, p. 128) O monitoramento ambiental surge da necessidade de coleta e análise organizada e sistemática de informações sobre o ambiente externo da empresa ou “sinais precursores” de interesse para o seu planejamento estratégico. De acordo com Braga (1998) esse processo abrange informações relativas ao ambiente econômico, tecnológico, comercial e social: governo, concorrentes consumidores e mercado (tendências) (Starec, Gomes e Bezerra, 2005, p. 25). Por isso, gostaríamos de frisar que cenários são todos os eventos externos que, de alguma maneira, podem influenciar o planejamento das organizações. O grande diferencial das empresas é como planejar de maneira efetiva, utilizando-se de variáveis externas. Para que isso ocorra, é indispensável a coleta de dados e informações inerentes à configuração da empresa, como demográficos, econômicos, tecnológicos, políticos e ambiental. A idealização de cenários deve ser desenvolvida em longo prazo, analisando as variáveis que podem interferir no funcionamento do seu negócio. Esta análise é, normalmente, desenvolvida por um período de 5 anos. Mas não é qualquer um que desenvolve cenários, tem de ser alguém que trabalhe há muitos anos com isso e que conheça todas as modificações do mercado. Outro item importante é ser imparcial, ter senso crítico e visão holística. Figura 4 – Tendência e histórico das variáveis e gráfico Variável: Indice: base Tendencia Redução (%) Mediano (normalidade) Tendencia Elevação (%) 20 - 20 6 0,718 2011 0,718 0,718 0,718 7 0,730 2012 0,730 0,730 0,730 8 0,752 2013 0,752 0,752 0,752 9 0,755 2014 0,755 0,755 0,755 10 0,729 2015 0,729 0,729 0,729 11 0,708 2016 0,566 0,708 0,850 12 0,756 2017 0,604 0,756 0,907 13 0,726 2018 0,580 0,726 0,871 14 0,744 2019 0,595 0,744 0,892 15 0,736 2020 0,589 0,736 0,883 16 0,740 2021 0,592 0,740 0,888 Planilha de Tendências das Variáveis IDH Índice de Desenvolvimento Humano 12 Fonte: Planilha utilizada no curso de Administração Uninter (2016). O planejamento de cenários deve ser desenvolvido imaginando-se três situações: o cenário otimista, o pessimista e o mediano. Neste momento, não há lugar para “achismos”, principalmente para se obter vantagem competitiva. Os caminhos a serem seguidos devem ser bem elaborados para que se evite retrabalho e desperdícios de dinheiro. Essas hipóteses a serem seguidas devem ser baseadas no ambiente externo, com os mais improváveis incrementos. Quando analisamos as variáveis, devemos levar em consideração a percepção do ambiente desenvolvida por meio da análise de Porter, as decisões estratégicas obtidas por meio de dados e informações relevantes e com relação à vantagem competitiva, que é o diferencial que a empresa possui perante o mercado. Essa análise deve ser desenvolvida por um grupo de pessoas, passando essa visão a ser de senso comum, onde as várias observações devem convergir a um coeficiente comum, compartilhando o futuro, buscando um planejamento estratégico, inovador e criativo. Agora você deve estar se perguntando: minha empresa, após desenvolver essa análise de cenários, estará à frente das demais? Nem sempre, devemos lembrar que as outras empresas, no mesmo momento em que analisamos a nossa, estão analisando a delas. A todo momento novos produtos e serviços estão sendo lançados ou modificados. Na compreensão de Van der Heijden (2009, p. 120), quanto maior a incerteza dos elementos principais na atmosfera de negócios, “significa menos variáveis nas quais se concentrar”. Segundo o autor, o planejador de cenários deve responder à questão: “O que realmente faria diferença, ao identificar um pequeno número de incertezas fundamentais no ambiente de negócios?” Com relação à análise de cenários, eles são considerados a partir de alguns fatores, sendo eles: incertezas, elementos predeterminados e análise de ambiente externo. Vamos agora conhecer um pouco sobre predeterminadas? TEMA 5 – DEFINIÇÃO DE PREDETERMINANTES Entramos agora no nosso último tema da aula, a definição de pré- determinadas. Quando vamos elaborar cada um dos cenários, precisamos da descrição detalhada das variáveis, da análise de Porter e das predeterminadas que englobam as mudanças estruturais das organizações. 13 Para mapear cenários é necessário um número considerável de informações. Em função disso, há vantagem em se pensar de forma extensa a respeito das fontes de informação de forma a enriquecer esta etapa com as mais diversas fontes possíveis (Ghemawat, 2007). Para Michel Godet (2008) as predeterminadas fazem referência a eventos já conhecidos e certos, cuja solução ou controle pelo sistema ainda não se efetivou e que interferem no comportamento de diversas variáveis. Os resultados desses eventos podem mudar o curso dos acontecimentos, mas as datas/ períodos em que irão ocorrer não se alteram, são invariantes. Se observarmos a ideia de Van der Heijden (2009), compreende entender os elementos predeterminados (ou eventos estáveis, já conhecidos pela organização), minimizar as complexidades e tentar imaginar esses elementos em uma situação incerta, observando-se que quanto maior a incerteza, maior a possibilidade de as análises ficarem mais generalizadas e mais superficiais. Nesse contexto, é importante que a organização identifique apenas as predeterminadas que causarão impacto sobre o cenário futuro. Para que vocês entendam melhor, podemos citar como exemplo: Eleições, Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças, que são datas comemorativas, mas que afetam de modo direto as indústrias e o comércio. Esses eventos devem ser avaliados antes da tomada de decisão, para que não haja impactos drásticos no planejamento estratégico e para que a organização possa se prevenir de decisões inesperadas. Figura 5 – Cenário de predeterminadas Fonte: Adaptado de Van der Heijden (2009, p. 120). 14 Nesse sentido, Hamel e Prahalad (1995, p. 83) afirmam que uma fórmula simples de se manter competitivo no mercado consiste em “criar a melhor base de premissas possível sobre o futuro e, assim, desenvolver a presciência necessária para moldar a evolução do setor”, posicionando a empresa como “líder intelectual” no direcionamento e na transformação desse setor. Os autores ainda afirmam que essa previsão deve começar com a criação de um cenário futuro, depois com a criação de um planejamento estratégico e os planos de contingência para cada um dos cenários. Para identificarmoso futuro da organização, separamos uma lista de variáveis e predeterminadas; depois, com essas informações, desenvolvemos os cenários. Porter define as predeterminadas como eventos que podem sofrer modificações, mas que são previsíveis. Esse tipo de evento deve ser bem interpretado na criação dos cenários para que não afete a estrutura da empresa. Pense no exemplo de uma floricultura que não estudou as predeterminadas e esqueceu de comprar flores suficientes para a demanda do dia das mães. Quando o dia chegou, os clientes começaram a aparecer e a empresa não tinha flores suficientes. Neste caso, além de não atender os clientes antigos, não conseguiu atender os novos. Nesta situação, a credibilidade da empresa cai muito perante os consumidores, e os concorrentes se aproveitam desta fraqueza. Não podemos esquecer que o estudo com relação a cenários é muito importante para todas as empresas. A maneira como ela irá desenvolver o planejamento identificará sua posição no mercado. Este estudo e planejamento faz parte de um departamento de construção contínua e coletiva, baseada em ações com base em histogramas. Como esse processo é sempre com relação ao futuro, torna-se uma ferramenta não de previsão, mas, sim, de antecipação. TROCANDO IDEIAS O que você acha de analisar a empresa que você trabalha, ou que já trabalhou? Faça uma análise das Cinco Forças de Porter dessa empresa. O que acha de mostrar ao seu gestor e postar no fórum da disciplina que está disponível no AVA? Com isso, você estará contribuindo com seus demais colegas de UTA e recebendo as contribuições de seu professor. 15 NA PRÁTICA O que acha de tentarmos responder esta questão? A maneira mais tradicional de se realizar a análise das “Cinco Forças” é, em cada uma delas, verificar como se comportam os elementos em relação à cada um dos cenários estabelecidos por Porter. Figura 6 – As cinco forças de Porter Fonte: ROGER, B. et al. Construindo o plano estratégico: casos reais e dicas práticas. Porto Alegre: ESPM/Sulina, 2009 (adaptado) (Enade 2012 – Processos Gerenciais). Considerando que o objetivo das empresas, conforme reforça Porter, é a busca de melhor posicionamento competitivo, o que remete não à forma como a empresa deseja ser vista ou percebida no mercado, mas, sim, à forma como ela deseja atuar em relação às forças competitivas em busca de posição de maior rentabilidade diante de uma análise realizada, avalie as seguintes asserções e a relação proposta entre elas. I. A importância das Cinco Forças Competitivas deve-se ao fato relevante de a concorrência não ser formada apenas por um grupo seleto de empresas que competem no mesmo mercado, mas, sim, por compostos, muitas vezes imperceptíveis, que apenas a análise completa das Cinco Forças é capaz de definir e distinguir, bem como calcular os riscos que cada parte representa. II. A análise das Cinco Forças Competitivas proporciona uma visão única de competição ampliada e, dessa forma, o estrategista com domínio do processo gerencial consegue identificar uma diferente face da competitividade, podendo colher insumos e ideias, para desenvolver estratégias e ações estratégicas mais eficazes. 16 A respeito dessas asserções, assinale a opção correta: a. As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é uma justificativa da I. b. As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I. c. A asserção I é uma proposição verdadeira, e a II é uma proposição falsa. d. A asserção I é uma proposição falsa, e a II é uma proposição verdadeira. e. As asserções I e II são proposições falsas. FINALIZANDO Mais uma aula encerrada! Neste capítulo, vimos a importância da análise de cenários, identificamos que as Cinco Forças de Porter devem ser desenvolvidas por todas as organizações, para identificar as possibilidades e os problemas que podem ser enfrentados. No segundo tópico, conhecemos as influências da análise de Porter e como elas afetam as organizações. Não podemos esquecer das incertezas, que são fatores que não temos como precisar quando irão ocorrer. Dentro deste contexto, temos as variáveis, que são eventos que podem ser mensurados, são externos e influenciam as organizações de forma direta e comprometedora. Encerrando a aula, descrevemos as predeterminadas que são eventos importantes que devem ser respeitados e, acima de tudo, analisados. 17 REFERÊNCIAS GHEMAWAT, P. A Estratégia e o cenário de negócios. Porto Alegre: Bookman, 2007. GODET, M.; DURANCE, P.; DIAS, J. A prospectiva estratégica para as empresas e os territórios. IEESF: Lisboa, 2008. HAMEL, G.; PRAHALAD, C. K. Competindo pelo futuro: estratégias inovadoras para obter o controle do seu setor e criar os mercados de amanhã. 15. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1995. PORTER, M. E. Competição: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999. _____. Estratégia competitiva: técnicas para a análise da indústria e da concorrência. Rio de Janeiro: Campus, 2004. STAREC, C.; GOMES, E.; BEZERRA, J. Gestão estratégica da informação e inteligência competitiva. São Paulo: Saraiva, 2005. SERRA, F. A. R.; TORRES, A. P.; TORRES, M. C. S. Administração estratégica: conceitos, roteiros práticos e casos. Rio de Janeiro: Reichmamm & Affonso Editores, 2004. VAN DER HEIJDEN, K. Planejamento por cenários: a arte da conversação estratégica. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2009. 18 GABARITO A resposta correta é a Letra A. I. Porque a importância das Cinco Forças Competitivas deve-se ao fato relevante de a concorrência não ser formada apenas por um grupo seleto de empresas que competem no mesmo mercado, mas, sim, por compostos, muitas vezes imperceptíveis, que apenas a análise completa das cinco forças é capaz de definir e distinguir, bem como calcular os riscos que cada parte representa. (Correta) II. A análise das Cinco Forças Competitivas proporciona uma visão única de competição ampliada e, dessa forma, o estrategista com domínio do processo gerencial consegue identificar uma diferente face da competitividade, podendo colher insumos e ideias, para desenvolver estratégias e ações estratégicas mais eficazes. (Correta) E a segunda questão justifica a primeira. Conversa inicial Contextualizando Trocando ideias Na prática FINALIZANDO REFERÊNCIAS GABARITO
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