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ROTEIRO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO Professores: Dr. Luís Miguel Luzio dos Santos Dr. Ludovico Omar Bernardi DIREÇÃO NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900 Maringá - Paraná | unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site shutterstock.com C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; SANTOS, Luís Miguel Luzio dos; BERNARDI, Ludovico Omar. Planejamento Estratégico e Participação. Luís Miguel Luzio dos Santos; Ludovico Omar Bernardi. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. 47 p. “Pós-graduação Universo - EaD”. 1. Estratégico 2. Participação 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 650 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Pós-graduação e Graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Pós-graduação e Extensão Fellipe de Assis Zaremba Gerência de Produção de Conteúdos Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de Almeida Toledo Projeto Gráfico Thayla Guimarães Designer Educacional Rossana Costa Giani Editoração Flávia Thaís Pedroso Ilustração Rodrigo Barbosa Qualidade Textual Monique Coloni Boer Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi 01 02 03 sumário 06| OS TRÊS MOMENTOS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO 12| ETAPAS DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO: DA MISSÃO AO CONTROLE 26| ANÁLISE DO AMBIENTE EXTERNO (AMEAÇAS E OPORTUNIDADES) OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM • Compreender as etapas do planejamento estratégico. • Definir a missão e a visão organizacional e entender as suas funções para projetar e inspirar a empresa rumo ao futuro. • Diagnosticar o ambiente externo à organização, levantando ameaças e oportunidades. PLANO DE ESTUDO A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Os três momentos do planejamento estratégico • Etapas do planejamento estratégico: da missão ao controle • Análise do ambiente externo (ameaças e oportunidades) ROTEIRO DO PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO INTRODUÇÃO introdução Caro (a) aluno (a), após apresentarmos as bases que fundamentam a estratégia e o Planejamento Estratégico de forma específica, agora é hora de partirmos para a exposição das etapas que os compreendem. Essa sequência, pois, terá início pelas definições da missão e da visão da organização, as quais são as bases do planejamento estratégico. Tratando-se de missão, podemos afirmar entendê-la como uma declaração concisa das expectativas e responsabilidades da organização para com seus clientes. Afinal, por que a empresa foi criada? O que ela faz? Para quem faz? Que valores são imexíveis para a organização – integridade, honestidade, qualidade, transparência etc. Como a companhia pretende estar daqui a 20 anos? Seus fundadores são pessoas de visão ou apenas trabalham em uma empresa visionária? Em síntese, a missão estabelece os fundamentos que servirão de base para as demais etapas, nomeadamente a definição dos objetivos e a elaboração das estratégias. A visão, por sua vez, consiste no detalhamento do futuro almejado para a organização, refletindo, pois, as metas e os alvos a serem alcançados por todos, seja por meio de esforços individuais ou da equipe, bem como a alocação de recursos. Para simples entendimento, pense na visão como o resultado da aspiração, ou seja, a vontade de “tornar-se algo”, e da inspiração, por que esse “algo” merece ou vale a pena ser concretizado. Por conseguinte, seu enunciado deve ser prático, realista, alcançável. Em síntese, a visão projeta a organização para o futuro e estabelece o horizonte desejado, que impulsionará os esforços da organização. Numa etapa subsequente, temos o ambiente externo, com suas múltiplas áreas de análise, que influenciam diretamente a organização. Todavia, por serem externas a esta, não podem ser alteradas, mas, ao serem devidamente diagnosticadas, conduzem a ações no sentido de serem aproveitadas as oportunidades ou de proteger-se das ameaças, por meio de estratégias condizentes. Pós-Universo 6 Se você falha em planejar, está planejando falhar. Benjamin Franklin reflita Diagnóstico Estratégico – Momento 1 Antes de elaborar o planejamento estratégico (PE), você deve ter clareza se esse é realmente o momento mais adequado para formalizá-lo, já que alguns pré-requisitos devem ser levados em conta. Do contrário, pode-se comprometer todo o processo logo na partida. Antes de elaborar um planejamento adequado, existem pré-condições básicas para que os esforços não sejam em vão. A atividade de planejar exige certa clareza da realidade, tanto interna quanto externa, clareza que só poderá ser construída por meio de informações consistentes que garantam as bases apropriadas para a projeção da organização em relação ao futuro. Sendo assim, temos que responder duas questões fundamentais: Os Três Momentos do Planejamento Estratégico Pós-Universo 7 • É esse o momento ideal para desenvolver o PE? A organização não está passando por grandes turbulências que poderão inviabilizar todo o processo? Caso elementos como esses e outros semelhantes façam parte da realidade da organização no momento, o PE não deve ser iniciado, pois, primeiro, deve-se procurar resolver turbulências de curto prazo, para poder desenhar e projetar a empresa para o futuro. São elementos que não dizem respeito ao processo de PE, mas sim a decisões imediatas que, se não forem tomadas antes do início do planejamento, poderão inviabilizá-lo. Grosso modo, trata- se de uma arrumação da casa, algo essencial para seguir adiante com a consistência necessária. • Antes de efetivar o PE, é necessário atentar-se para o grau de coesão existente no interior da organização. Os diferentes grupos, formais ou informais, que compõem a organização, estão alinhados e comprometidos com um projeto comum? É claro que divergências são inevitáveis e, muitas vezes, bem-vindas, mas não se pode pensar em desenvolver o PE no meio de uma guerra de poder. Deverá haver certeza de que, apesar das possíveis divergências, não haverá cooptação ou boicote por nenhuma das partes. • Caso uma dessas perguntas gere qualquer tipo de dúvida, a organização não deve começar o processo de PE, pois o plano provavelmente não será implantado ou, se for, certamente resultará num anunciado fracasso, o que certamente criará um clima negativo e desfavorável a qualquer plano futuro. Por fim, podemos dizer que esse é o momento da intenção, do discurso, da aceitação por parte da coalizão dominante da organização, ou seja, depende do aceite e do compromisso das pessoas envolvidas, para que se possa desenvolver o PE, com a consistência que impõe. Pós-Universo 8 A título de ilustração, vale relatar uma experiência de consultor no mercado. Uma organização convidou um indivíduo, o qual apresentou uma proposta de trabalho, que foi imediatamente aprovada, bem como assinado um contrato financeiramente robusto para seus interesses. O objetivo: desenvolver e implementar o planejamento estratégico da organização. O grande empecilho: por ser uma organização sem fins lucrativos, formada por associados e não sócios (isso significa que ninguém pode usufruir do superávit, mas que todos são sócios solidários das dívidas), o grande entrave de construção e, a posteriori, de execução, esteve exatamente nas figuras humanas. Os choques políticos, os entraves entre os grupos foram tamanhos, que chegaram até mesmo a mascarar a definição da missão e, principalmente,da visão da organização. Isso resultou, pois, em um esforço de mais de 90% do trabalho em mediar conflitos e interesses de grupos escusos, do que, necessariamente, no trabalho de pesquisa e construção do planejamento em si. Eis o porquê da importância da investigação do clima organizacional e, principalmente, da coalizão dominante da companhia. Certamente isso mudará sensitivamente o curso de seu trabalho. Planejamento Propriamente Dito – Momento 2 É o momento do planejamento em si, quando são colocadas no papel as etapas do processo de todo o planejamento estratégico. Esse estágio é particularmente importante, pois deve envolver toda a organização, a partir do estímulo ao debate e à exposição de diferentes pontos de vista. Não se trata de um momento fácil, já que várias ideias surgirão, muitas vezes divergentes, outras, complementares, mas considere: é exatamente a partir da percepção de que essa multiplicidade de elementos constitui a grande riqueza da organização, que se logrará êxito no alicerce de um bom planejamento estratégico. Cada membro da empresa tem informações e pontos de vista privilegiados, incapazes de serem reproduzidos com a mesma riqueza por outro membro. Nesse sentido, o estímulo à participação é um dos mais importantes elementos de constituição de um PE, que se quer ver efetivado e que não se limita a uma simples formalidade desenhada no papel, mas sim em um momento para debater, refletir e projetar a organização para o futuro, considerando o conjunto dos seus membros, que mais do que meros recursos, são singulares na organização, e que tanto poderão reduzi- la como impulsioná-la decisivamente para novos padrões de desenvolvimento. Pós-Universo 9 É importante ter clareza de que o momento de as empresas serem vistas como máquinas, em que as pessoas não passavam de forças mecânicas já foi ultrapassado, e que ativos materiais podem ser facilmente copiados. Por outro lado, a capacidade criativa e a iniciativa são exclusividades humanas, que devem ser aproveitadas, e mais, não podem ser compradas, apenas alugadas, o que deve ser justificativa suficiente para assegurar o engajamento e comprometimento de todos os membros da organização. De que forma? Viabilizando oportunidades de participação na elaboração do PE da organização. Implantação do PE – Momento 3 O momento de implantação do PE, de acompanhá-lo e controlá-lo, é o momento crucial para a empresa. É nele que a organização passa a atrair os resultados, pois é aí que passa a praticar o processo de PE. Alguns desafios devem ser bem resolvidos, sob pena de prejudicar todo o processo. Entre eles, Tachizawa e Rezende (2002) apresentam: • Inflexibilidade na execução • Cada tarefa/ação que estiver no plano deve ser realizada, caso contrário, não deve ser incluída. • Excesso de racionalismo • Pode levar à paralisia da organização. Nem tudo pode ser planejado. • Inexistência de mecanismos de controle • Descaracteriza o planejamento, porém, o excesso trava o processo e elimina a criatividade. • Cuidar para saber quantificar as estratégias organizacionais Pós-Universo 10 Vale considerar que para que o processo de PE seja executado satisfatoriamente, é necessário contar com a cultura da organização a seu favor, uma estrutura organizacional coerente com as características da companhia e do modelo de planejamento escolhido; as habilidades, os talentos e o nível de conhecimento das pessoas que estão à frente do processo; liderança forte e suficientemente capaz de influenciar e motivar a ação/ atividade planejada; a existência de procedimentos eficazes e eficientes. • Atentar para o fato de que nem tudo pode ser quantificado – o que nem seria desejável, pois se forçaria a objetivação de elementos que são subjetivos por excelência, e nem por isso, menos importantes. Ainda a título de ilustração, gostaríamos de retomar o exemplo apresentado anteriormente, quando abordamos uma experiência de consultoria no mercado nos últimos meses. Você se recorda que mencionamos, naquele momento, os conflitos entre grupos de uma mesma organização, quanto à elaboração do PE? Pois bem, chamamos a atenção agora para dois pontos importantes, de motivo de conflito extremo entre as partes daquela companhia. Valendo-se da máxima de que o que foi planejado deve ser executado, os dois maiores motivos de confronto naquela empresa se apoiaram no excesso de racionalismo das pessoas que estavam à frente da gestão, somado à capacidade de inflexibilidade por interesses próprios dos grupos. Em outras palavras, se não estivesse planejado, não poderia ser executado, afinal, não estava no planejamento, ainda que a decisão representasse (e representou, sendo, inclusive, concretizada), um risco real e iminente de perda de coeficientes superiores a 20% no faturamento de uma unidade. Em outras palavras, a cultura organizacional não estava preparada para um trabalho conjunto. Base desse iceberg: ainda que coadunassem a mesma missão, a qual foi estabelecida por instâncias superiores (tratava-se de uma organização multinacional), a visão não era harmônica. Logo, o planejamento passou a ser tratado pelos gestores da companhia como um álibi de não execução e de argumento plausível para justificar todo e qualquer fracasso. Pós-Universo 11 Para compreender como o planejamento estratégico deve estar sintonizado com os seus diferentes ambientes e que a vantagem de hoje poderá ser o obstáculo de amanhã, observe os dados: • 100 analistas financeiros consultados pelo Boletim Focus (também conhecido como Relatório do Mercado Focus, documento divulgado pelo Banco Central do Brasil, que reúne as mais importantes informações referentes a expectativas de nossa economia) preveem o crescimento do PIB em 2,7% em 2019. Em 2018, a estimativa era de que o ano seria encerrado com o percentual de 1,76%. Vale lembrar que as projeções anteriores eram de crescimento de 3% para 2019 e de um encerramento de 2018 na casa dos 2,5%. • O Fundo Monetário Internacional prevê redução no índice da inflação brasileira para 2019. As razões: índice ainda elevado de desemprego aliado ao PIB brasileiro estar abaixo de seu potencial real de crescimento. • A Organização Internacional do Trabalho estimou queda nos índices de desemprego do Brasil para 2018 e 2019, algo inédito, só ocorrido em 2014 no país. Em números absolutos, os desempregados não passarão de 12,5 milhões em 2019. Para se ter um elemento de comparação, em 2017 foram 13,4 milhões de brasileiros sem postos de trabalho. A outra boa notícia é que em comparação a outros países do mundo que também observam esse mesmo indicador, o Brasil se anuncia como o de melhor performance. Em cenário global, vale ressaltar, em uma década, é a primeira vez que o desemprego pode ficar abaixo dos índices alcançados antes da crise de 2008, quando da quebra do banco Lehman Brothers. • A perspectiva para 2019 é de que a taxa Selic ou taxa básica de juros também sofra uma redução e encerre o ano em 8%. Vale ressaltar que o cenário é visto como estável pelos especialistas financeiros, ainda que a estimativa previsse que 2018 encerrasse dentro dos 6,5%. Fonte: adaptado de Santander Negócios e Empresas (2018, on-line)¹. fatos e dados Pós-Universo 12 O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho. Peter Drucker reflita Antes de iniciarmos, é válido ressaltar que o planejamento estratégico é um processo, ou seja, é algo dinâmico. Não se trata exatamente de um plano tradicional com começo meio e fim, no qual não existe espaço para imprevistos. Ao contrário, o planejamento estratégico precisa estar aberto às contingências e não ambicionar sobrepor-se a estas, o que, fatalmente, levaria ao fracasso. Etapas do Planejamento Estratégico: da Missão ao Controle Pós-Universo 13 O plano estratégico de uma empresa deve contemplar, de forma objetiva, a sequênciade etapas que conduzem aos objetivos propostos de forma consistente, com visão de longo prazo e incorporando todas as áreas que compõem a empresa de forma complementar e sinérgica, potencializando-as mutuamente. Nessa empreitada, podemos dividir o planejamento estratégico do negócio em etapas, todas interligadas e subsequentes, conforme apresentado a seguir: Quadro 1– Etapas do planejamento estratégico Etapa Atividade 1ª Etapa Definição do negócio Definição da missão e visão 2ª Etapa Análise do macroambiente externo 3ª Etapa Análise do microambiente externo 4ª Etapa Análise do ambiente interno 5ª Etapa Estabelecimento dos objetivos 6ª Etapa Desenvolvimento das estratégias 7ª Etapa Controles e feedback Fonte: o autor. Definição do Negócio As etapas compreendidas pelo planejamento estratégico se iniciam pela descrição do negócio, o que a companhia faz, para quem faz, onde e como faz, além do levantamento de sua trajetória ao longo do tempo. São questões básicas que apresentam as principais características da organização, sua vocação essencial, sendo também a partir da descrição do negócio que se apresentarão as condições apropriadas para poder definir a missão da organização. Essa etapa introdutória é uma forma de deixar claros os fundamentos que compõem a empresa, o que ela é e o que não é, evidenciando sua expertise, a qual servirá de base para os seus intentos futuros, sem riscos de desvios de sua identidade. Pós-Universo 14 Você está com dúvidas com relação ao que distingue efetivamente a visão da missão do negócio? Vamos lá, então, é hora de iniciarmos a apresentação de alguns conceitos. O que significa ter visão? Simples: a capacidade de observar analiticamente o que está acontecendo ao seu redor, antecipando-se às contingências, via postura proativa, estabelecendo uma missão e definindo como será cumprida. Detalhe importante, que pode parecer óbvio: acreditar que vai ser possível realizar é fundamental. Feito isso, é necessário criar um enunciado objetivo, claro, que exprime, de fato, algo que valha a pena ser perseguido. Com relação à missão, trata-se da forma como a empresa (corpo diretivo e colaboradores) conduzirá o negócio para atingir a visão proposta. Nessa tarefa, será imprescindível a identificação das necessidades dos clientes, as quais deverão estar alinhadas com as singularidades que a companhia tem, sempre respeitando seus valores enquanto organização, com vista a conquistar novos clientes e manter os que já tem. Para maior clareza, procure responder as questões a seguir: • Qual é o seu negócio? • Em que setor atua? • Em que mercado atua? • Quais benefícios oferece? • O que justifica sua permanência no mercado? • Qual é o público-alvo da companhia? • Qual é a trajetória histórica da organização e seus principais marcos? Pós-Universo 15 Definindo a Missão da Empresa Como você pôde acompanhar no item anterior, o planejamento estratégico se inicia pela missão da organização, a qual é definida como a razão de ser da empresa, o seu principal propósito de existência, e deve esclarecer o que a companhia se propõe a suprir em termos de necessidades e desejos dos consumidores. A missão deve definir os propósitos gerais da empresa e servir de base para a definição dos objetivos subsequentes. Por conseguinte, deve estar alinhada à cultura organizacional para ser factível e, assim, conseguir mobilizar e inspirar seus colaboradores, garantindo uniformidade de propósitos e espírito de equipe. É comum subestimar o poder e a importância da missão organizacional, entendendo-a como uma simples frase de efeito, porém, com pouca ou nenhuma relevância prática. Nesse sentido, é comum a observação de missões muito parecidas entre as empresas, o que implica nos baixos envolvimentos e compromissos com sua definição. Mas lembre-se: a missão deve transmitir a identidade da organização e o que ela tem de mais genuíno e relevante. Tão logo as respostas se revelem iguais ou muito semelhantes, perceberemos que as empresas não têm clareza de sua própria justificativa social, como elas percebem e se posicionam. A grosso modo, as organizações se posicionam apenas como mais uma no mercado. Outra questão essencial à missão é a necessidade de apresentação de um foco bem definido, para que não se perca nas muitas possibilidades do mercado. Um exemplo clássico do está presente na lupa, instrumento ótico que, quando colocado em contato direto com a luz solar, consegue captar os raios dispersos, fazendo-os convergir em um mesmo ponto, potencializando sua energia e produzindo fogo. Esse é um exemplo tradicional do poder do foco e da convergência de energia para o alcance dos objetivos de uma organização. Ao ter clareza de onde quer chegar, tem-se facilitada a convergência de recursos para o alcance de um propósito, que é a chave do planejamento estratégico assertivo e sustentado (OLIVEIRA, 2007). Pós-Universo 16 Mas como deve ser a escritura da missão da empresa? Em primeiro lugar, a declaração da missão deve ser de curta extensão, geralmente um parágrafo, e não deve incluir dados quantitativos ou objetividade extrema, a ponto de sucumbir a qualquer necessidade de mudança diante do ambiente. É de fundamental importância que a missão tenha diferenciais claros em relação às demais empresas concorrentes, evidenciando as singularidades e competências de sua empresa. Outro ponto: deve ser amplamente divulgada junto ao público interno e externo, por isso, deve ser de fácil compreensão e assimilação, o que permitirá o fortalecimento e a consolidação de sua identidade. Além do mais, é imprescindível a sintonia entre missão, visão e valores da organização, para que haja coerência e sinergia de esforços entre todos. Tanto a missão quanto a visão da empresa deverão ser definidas levando-se em conta os valores organizacionais, ou seja, os sentimentos e as crenças que se consolidam e se cristalizam na cultura organizacional, o que permitirá a criação de uma marca genuína que invada as condutas internas, criando elos de proximidade e identidade entre todos os membros da organização. Não se esqueça: os valores da empresa têm relação com suas crenças e servem para dar consistência a seus propósitos e condutas, de modo que qualquer atitude tomada por seus membros deve estar alinhada a esses princípios (OLIVEIRA, 2007). Para que a declaração da missão seja efetiva, Tiffany e Petterson (1998) recomendam que ela: • Tenha em destaque as necessidades que a empresa se propõe a suprir (mais do que os produtos que desenvolve, pois eles podem mudar com o tempo, ao passo que as necessidades que atendem, geralmente, são mantidas). • Dê ênfase ao que distingue a empresa de todas as demais. • Comunique-se de forma clara, concisa e objetiva. • Destaque o comprometimento socioambiental da empresa e sua relevância para o corpo social. Pós-Universo 17 Antes de partir para a difícil, mas importante tarefa de declaração da missão da empresa, Dornelas (2007, on-line)4 sugere que você responda às seguintes perguntas: • Que clientes ou grupo de clientes sua empresa atende ou pretende atender? • Que produtos ou serviços sua empresa oferece ou pretende oferecer? • Que necessidades de mercado sua empresa atende? Qual é o mercado em que sua empresa compete? • Qual é o diferencial tecnológico dos produtos e serviços da sua empresa em relação à concorrência? • Que valor ou benefícios adicionais seus clientes obtêm quando escolhem sua empresa em vez da concorrência? • Qual o comprometimento da sua empresa em relação aos seus objetivos econômicos de sobrevivência, de crescimento e de lucratividade? • Qual a imagem que sua empresa tem ou pretende ter perante seus clientes e a comunidade em geral? • Qual a atitude da sua empresa em relação aos seus funcionários? • Com que velocidade as respostas às questões anteriores mudam? Resumindo, adeclaração da missão de sua empresa deve responder a uma pergunta fundamental: “o que é a sua empresa?”. A resposta deve considerar as necessidades reais da sociedade e do mercado, e não os produtos que a companhia desenvolve na atualidade. A produção deverá ser consequência das necessidades que ela atende e não uma razão em si mesma. A importância da missão, segundo Kotler (2006), é que: 1. Concentra esforços para a direção comum. 2. Evita conflitos. 3. Serve de base para estabelecer os objetivos. 4. Serve de alerta para as responsabilidades sociais da organização. Pós-Universo 18 A seguir, segundo Dornelas (2012), os passos que a empresa deve seguir para criar sua missão são: 1. Reúna um pequeno grupo de pessoas da organização que possam representar as suas diferentes áreas e atividades, de forma a percebê-la sob diferentes pontos de vista. 2. Peça a eles que se preparem antecipadamente, respondendo de forma isolada as questões apresentadas anteriormente. 3. Antes de prosseguir, analise as razões para elaborar uma declaração de missão e converse sobre o que deve ser incluído. 4. Programe várias reuniões informais, nas quais os membros do grupo possam expressar suas próprias ideias, visando estabelecer um consenso (coalizão). 5. Crie, analise e revise a missão da empresa na quantidade de reuniões formais que forem necessárias, para que todos se satisfaçam com a declaração da missão final. Vale reforçar: 1. É fundamental que a declaração de missão capte o propósito da empresa, tornando-a atraente. 2. A formalização da missão deve transmitir a imagem tangível e concreta da organização, Agora, observe a declaração de missão de algumas empresas: • “Nossa missão é oferecer a todos os clientes um meio de locomoção a pequenas distâncias para pessoas e cargas, com um grau de confiança superior aos produtos oferecidos por empresas semelhantes no mundo inteiro.” – Elevadores Otis. • “A missão da Cruz Vermelha é melhorar a qualidade de vida humana; aumentar a autoconfiança e a preocupação com os outros; e ajudar as pessoas a evitar emergências, preparar-se para elas e enfrentá-las.” – Cruz Vermelha Internacional. Pós-Universo 19 “O repórter e os pedreiros” Como forma de ilustrar metaforicamente o conceito de missão e, mais ainda, o seu poder mobilizador quando incorporado consistentemente pelos envolvidos, discorre-se a seguir sobre uma história verídica, que ajuda a expor a relação da missão com a realidade concreta. Certa vez, um repórter que passava por um país do leste europeu em processo de reconstrução, deparou-se com um enorme canteiro de obras que lhe chamou a atenção. Ficou abismado com a dimensão da construção que se erguia e com o número de operários que, mais parecendo um formigueiro, subiam e desciam por escadas e rampas, cada um executando uma tarefa distinta e, ao mesmo tempo, complementar. Resolveu adentrar a construção e fazer algumas entrevistas que pudessem, posteriormente, resultar em uma matéria jornalística sobre as grandes obras que estavam sendo erguidas naquele país, reforçando os sinais de vigor econômico, as oportunidades de trabalho etc. Ao tentar escolher os entrevistados, chamou-lhe a atenção dois pedreiros que erguiam uma das monumentais paredes que compunham a construção. O primeiro, era um sujeito mal-encarado e se percebia facilmente seu descontentamento com a atividade que exercia, o que se refletia no desleixo com que executava o trabalho. Ao ser questionado pelo repórter sobre o que fazia naquela obra, asperamente respondeu: “você não está vendo? Acento tijolos, construo paredes, sou pedreiro”. Mais adiante, encontrou o segundo homem, bastante entusiasmado e alegre, que lá ia erguendo um pedaço da parede com bastante dedicação e esmero. Ao ser questionado pelo repórter sobre o que fazia ali – com orgulho estampado no rosto e inflando os pulmões, respondeu: “estou construindo uma catedral!”. Essa pequena história demonstra o potencial que tem a visão de uma organização. Pode ser algo banal e incapaz de inspirar quem quer que seja, ou a ponta de lança que mobiliza corpos, mentes e corações em prol de um projeto que se acredita e ao qual dedicamos o nosso melhor. Fonte: o autor. saiba mais Pós-Universo 20 Determinando a Visão da Empresa Como você pôde observar, a missão está relacionada à atualidade da empresa, à sua identidade, ao passo que a visão se refere ao que a empresa deseja ser, ou seja, para onde pretende ir. Levando em conta os diferentes ambientes que envolvem a companhia, trata-se de como ela se vê num horizonte a longo prazo e, ainda que seja de difícil previsão, torna-se referência para mover e direcionar a caminhada. Metaforicamente, trata-se do ideal da organização, seu sonho, que, ainda que não seja atingido em plenitude, o foco que projeta é inspirador o suficiente para justificar-se. Você deve cuidar para não cair em um erro comum: o de limitar demais sua visão, restringindo-se ao curto prazo ou apenas ao que hoje seria possível alcançar e, assim, confundir-se com os objetivos. A visão é uma projeção de longo prazo e, certamente, transcende o plano do factível num espaço limitado de tempo e com os recursos hoje disponíveis, por isso, exige ousadia e otimismo para que seja realmente motivadora e desafiadora. Todavia, deve-se atentar para não cair em outro extremo: o plano do exagero, da megalomania ou mesmo da ficção, que, em vez de inspirar e motivar, afasta-se da realidade e cria descrédito e desmobilização diante do impossível. A declaração da visão da empresa facilitará a visualização de como ela gostaria de ser percebida ao longo do tempo, não como uma forma impessoal ou apenas palavras em um pedaço de papel. Não deve estabelecer fins quantitativos, mas caráter motivacional, filosofia que guiará a empresa rumo ao futuro, de forma que todos os envolvidos possam inspirar-se e tenham clareza para onde se está querendo caminhar (OLIVEIRA, 2007). Pós-Universo 21 Existem duas maneiras distintas de definir a visão. A primeira é descrita como visão orientada para o produto, que, por seu caráter focado no tangível que a empresa desenvolve ou comercializa, revela-se superada, pois limita o seu foco apenas ao produto, que poderá ser superado ou substituído por outra solução mais condizente com a realidade do mercado em constante processo de evolução. Um exemplo emblemático foram as escolas de datilografia dos anos 90, as quais se fecharam no produto e não souberam evoluir para cursos de informática, desencadeando, em sua grande maioria, o encerramento das atividades. A segunda visão é chamada de orientada para o mercado, apresentando perspectiva mais abrangente e condizente com o horizonte futuro das organizações, principalmente com a mutabilidade do mercado. Nela, substitui-se o foco no produto pelo atendimento a necessidades latentes apresentadas pelo mercado, garantindo horizonte de longo prazo, sintonizado com as mudanças ambientais, o que implica em novos produtos e serviços. Um exemplo nesse sentido foi o fim das fitas cassetes, fato que não inviabilizou a Sony e outras empresas de entrarem no mercado de MP3. Quadro 2- Exemplos de visão orientada para produto X visão orientada para mercado Empresa Visão orientada para produto Visão orientada para mercado Localiza Aluguel de carros Soluções em transporte Shell Combustíveis Energia IBM Computadores Soluções em informação Chocolates Kopenhagen Chocolates Presentes Revlon Cosméticos Beleza Fonte: o autor. Pós-Universo 22 Em seguida, apresentamos alguns passos que lhe ajudarão na criação da visão da organização. Escolha um pequeno grupo de funcionários de diversos níveis da sua empresa e: • Peça a eles que identifiquem o conjunto de crenças e de princípios que orientam o funcionamento da empresa, independentemente de seu porte. Ou seja, peça que os colaboradores encontrem ecitem os valores da empresa. • Facilite a manifestação dos envolvidos (exemplo: brainstorming). • Após verificar se a equipe encontrou os valores da organização, acrescente detalhes finais e envie à alta gerência. Como você pôde constatar, para que a visão seja efetivamente cumprida, é essencial que a alta direção da empresa a adote e a promova, ou virará retórica vazia, o que cairá no descrédito da própria empresa. Sendo assim, o processo de declaração de visão deve ser feito de maneira coletiva, de forma que todos os níveis da empresa possam colaborar e comprometer-se, gerando maior credibilidade à sua declaração e não se torne algo imposto de cima para baixo, sem consistência com a realidade vivenciada e percebida, mas que faça parte de uma construção coletiva, que alimente a responsabilidade e o envolvimento. Sugerimos o acesso aos textos de Oscar Motomura, referência brasileira na área de gestão e estratégia, que disponibiliza, em seu site, vasto material sobre gestão estratégica e os rumos da administração moderna. A abordagem do autor é baseada na teoria sistêmica, em uma perspectiva holística, que se preocupa em compreender a realidade por inteiro, a partir das suas múltiplas relações, além de assumir comprometimento com o desenvolvimento da cidadania corporativa em uma perspectiva de responsabilidade socioambiental, que ultrapassa a visão estreita focada no individualismo predatório e se compromete com o bem comum e a sustentabilidade sistêmica. Para saber mais, acesse: <http://www.oscarmotomura.com.br>. Fonte: o autor. saiba mais Pós-Universo 23 É importante que a declaração da visão corresponda à realidade da empresa. Visões fantasiosas apenas confundem e podem alienar os envolvidos. Nada é pior do que criar uma visão que parece pertencer ao plano ficcional, desrespeitando a realidade e todos os que querem participar de uma empresa séria e consistente. Boas declarações de visão são aquelas que, de fato, inspiram as pessoas, fazendo-as ter orgulho em segui-las e vivenciá-las. A seguir, alguns exemplos de visão: • “O propósito da Motorola é atender de maneira honrosa às necessidades da comunidade, fornecendo produtos e serviços de qualidade superior a um preço justo, e fazê-lo de modo que obtenha um lucro adequado, para possibilitar o crescimento da empresa como um todo e, com isso, permitir que nossos funcionários e acionistas alcancem objetivos pessoais razoáveis.” – Motorola. • “A Petrobrás será uma empresa integrada de energia com forte presença internacional e líder na América Latina, atuando com foco na rentabilidade e na responsabilidade social e ambiental.” – Petrobrás. • “Nosso negócio é preservar e melhorar a vida humana. Todas as nossas ações devem ser avaliadas com base em nosso sucesso em lograr esse objetivo.” – Merck – Indústria Farmacêutica. • “Mudar o mundo através da tecnologia.” – Apple Computadores. Pós-Universo 24 Caro (a) aluno (a), procuramos nos tópicos acima apresentar as primeiras etapas do planejamento estratégico que, como já abordado, são fundamentais, já que darão bases para as fases que se sucedem. Reforçamos aqui sua importância, pois é possível perceber empiricamente que, tanto a missão quanto a visão, são, geralmente, negligenciadas, como se se tratassem de meras alegorias, muitas vezes mais ligadas ao plano mercadológico do que à realidade. Isso só reflete a miopia ainda presente em muitas organizações, e, assim, despreza-se um mecanismo fundamental para dar rumo e consistência à empresa. Após definir a visão e a missão da empresa, deve-se fazer um levantamento dos ambientes que circundam a organização e que a afetam, direta ou indiretamente, levando em conta que esta não tem poder para alterá-los, mas deve conhecê-los e monitorá-los continuamente para proteger-se ou deles aproveitar-se. Esse diagnóstico deve levantar os principais influenciadores organizacionais, dentro das particularidades inerentes a cada segmento de atividade. Para melhor compreender os conceitos de missão, visão e valores, deixo a sugestão para que assista ao filme À procura da Felicidade, um drama apropriado para entender a força da missão bem definida, seja nos negócios ou na vida pessoal. A marca de chocolates Kopenhagen é uma das mais tradicionais do Brasil e está bem posicionada num segmento premium, em que se encontram marcas mundialmente conhecidas. Porém, o que pode parecer natural nem sempre foi assim. Inicialmente (até meados da década de 80), a Kopenhagen era entendida como mais uma marca de chocolates, o que a colocava no mercado de marcas como Lacta, Garoto e Nestlé. Foi necessário esforço para deslocar o posicionamento de produto (chocolate) para o de mercado (presentes), algo aparentemente simples, mas que mudou seu status, sua identidade, seus propósitos de ação e sua capacidade de ser percebida pelos consumidores. Hoje, é entendida como uma marca de prestígio e diferenciada, o que lhe garante um espaço importante no mercado nacional. fatos e dados Pós-Universo 25 Atual missão da Kopenhagen: “ fabricar produtos de altíssima qualidade, preservando seu sabor com sofisticação e originalidade. Preocupada em proporcionar felicidade através de seus chocolates, a Kopenhagen está sempre atenta às mudanças do mercado para inovar e ir ao encontro das preferências de seus consumidores, oferecendo as melhores lojas, o melhor atendimento e o melhor produto para consumir e presentear. Trabalhando com prazer e emoção, visamos atender com excelência o interesse do investidor, a motivação do colaborador e a satisfação do consumidor (KOPENHAGEN, [2019], on-line)². Atual visão da Kopenhagen: “ser um grupo competitivo que atue de forma abrangente no segmento alimentício, através de um portfólio de produtos com qualidade, representado por marcas fortes, com características e propostas” (KOPENHAGEN, [2019], on-line)². Valores atuais da Kopenhagen: “lideranças interativas; trabalho em equipe; proatividade; qualidade; ética e respeito” (KOPENHAGEN, [2019], on-line)². Fonte: adaptado de Kopenhagen ([2019], on-line)². Pós-Universo 26 A maioria das pessoas não planeja fracassar, fracassa por não planejar. John L. Beckley reflita A análise do ambiente externo é o processo de monitoramento dos riscos e das oportunidades, tanto presentes quanto futuros, que possam influenciar o cumprimento dos objetivos da empresa. Os gestores devem conhecer os diferentes ambientes que precisam ser monitorados continuamente, e, assim, entender suas múltiplas interfaces. Kotler (2006) nos dá um interessante exemplo: empresas de iluminação de estúdios de televisão precisam observar a taxa de crescimento da indústria cinematográfica, sua situação financeira, os concorrentes, novos desenvolvimentos tecnológicos, a legislação que pode afetá-las, o design e os canais de distribuição para a venda de equipamentos de iluminação. Análise do Ambiente Externo (Ameaças e Oportunidades) Pós-Universo 27 Toda vez que falamos sobre planejamento estratégico e empresas brasileiras, devemos saber sobre a estatística das micro e pequenas empresas (MPE) no Brasil, já que a sua participação é relevante no contexto da economia do país. Segue a figura: 0 100 2009 445bi 2010 516bi 2011 599bi 2012 631bi 2013 696bi 200 300 400 500 600 700 700 B IL H Õ ES D E R EA IS No período de 2009 a 2011, o valor agregado das MPE na economia nacional cresceu de R$ 445 bilhões para R$ 599 bilhões. Estima-se que nos anos de 2012 e 2013, esses valores tenham sido, respectivamente, de R$ 631 bilhões e R$ 696 bilhões. Nota-se um crescimento contínuo desses valores, representando um crescimento médio anual de 11% a valores nominais. Figura 1- Valor agregado pela MPE na economia brasileira - 2009 - 2011 (projeção 2012 e 2013) - em R$ Fonte: Sebrae (2014, p. 53). fatos e dados MACROAMBIENTE Economia /Política (Comportamento e expectativas) • Comportamento do PIB. • Taxa de Juros. • Taxa de câmbio. • Política tributária. • Legislação. • Incentivos Governamentais. • Avanços Tecnológicos. • Inflação. saiba mais Pós-Universo 28 Ambiente interno Microambiente externo Macroambiente Externo Aspetos Sociais e Culturais Análises • Mudanças demográficas. • Costumes. • Cultura. • Estilo de vida. • Geografia. Política • Tipo de governo. • Atitudes e ideologia. • Expectativas. MICROAMBIENTE • Consumidores. • Fornecedores. • Concorrentes. • Mão-de-obra disponível. • Componente internacional. Fonte Kotler (2006) Podemos dividir o ambiente externo em macro e microambiente. O Macroambiente Externo está relacionado a variáveis econômicas, sociais, culturais, políticas e demográficas, as quais interferem em toda a sociedade, não tendo a organização poder de transformar, apenas proteger-se ou aproveitar, conforme a situação. Já o Microambiente Externo está ligado aos diferentes influenciadores da empresa, estando relacionados ao seu mercado específico, como consumidores, fornecedores, concorrentes, os quais não podem ser mudados, já que são externos aos domínios da empresa. Estes, porém, ao serem monitorados adequadamente, possibilitam escolhas e ações mais assertivas. Figura 2- Divisão da análise ambiental Fonte: o autor. Pós-Universo 29 O Ambiente Interno, por sua vez, relaciona-se à estrutura da empresa, seus recursos disponíveis, pontos fortes e fracos, gerenciados pela empresa de forma a proteger-se ou aproveitar as ameaças e as oportunidades apresentadas pelo ambiente externo. Por conseguinte, a situação ambiental interna pode, e deve, ser alterada sempre que as contingências externas obrigarem (KOTLER, 2006). Quadro 3- Análise do Macroambiente Externo a) Economia/Política (Comportamento e expectativas) Análise das ameaças Análise das oportunidades • Comportamento do PIB. • Taxa de Juros. • Taxa de câmbio. • Política tributária. • Legislação. • Incentivos Governamentais. • Avanços Tecnológicos. • Inflação. • Expectativas políticas. b) Análise dos Aspectos Sociais e Culturais Análise das ameaças Análise das oportunidades • Mudanças demográficas. • Costumes. • Cultura. • Estilo de vida. • Geografia. Fonte: o autor. Por meio do Quadro 3, pode-se analisar cada um dos indicadores econômicos, políticos, sociais, culturais e demográficos. Após o monitoramento, deve-se avaliar o que é ameaça para a empresa ou o que poderá ser transformado em oportunidade, tudo isso podendo ser indicado na coluna apropriada. Para a análise do macroambiente externo, faz-se necessário aproximarmo-nos do universo específico da empresa, ou seja, do mercado onde ela atua, estando suscetível a influências particulares, o chamado microambiente externo. Nessa dimensão, há que se considerar o comportamento dos fornecedores, consumidores, concorrentes, mão-de-obra, entre outros. Pós-Universo 30 Após a análise do macroambiente externo, parte-se para o microambiente externo, que trabalha especificamente dentro do mercado da empresa, o que inclui a análise dos fornecedores, concorrentes e consumidores. Ao monitorar os fornecedores, tem-se a condição de trabalhar dentro de um ambiente realista e efetuar as escolhas mais apropriadas e condizentes com os propósitos da organização e a disponibilidade do mercado. Também a análise dos concorrentes é fundamental, evitando surpresas, acompanhando os seus movimentos e seus pontos fortes e fracos, o que possibilita a criação do posicionamento mais adequado às capacidades sustentáveis da empresa. Por último, e certamente o mais importante, é a análise dos consumidores, ou seja, faz-se um diagnóstico do perfil e comportamento, o que garantirá atendimento apropriado, não só suprindo suas necessidades e desejos, mas superando suas expectativas. A seguir, apresenta-se um roteiro com os principais fatores a serem considerados na análise do microambiente externo, que, embora seja de difícil controle, seu monitoramento pode conduzir a ações de defesa ou aproveitar oportunidades no momento em que se apresentam. Existem vários modelos de acompanhamento e de análise do microambiente externo, considerando fornecedores, concorrentes e consumidores. Nesse caso, em específico, utilizamos um quadro com características e questionamentos, e uma segunda coluna com a avaliação e a análise de cada item (CERTO; PETER, 1993). Quadro 4– Análise dos Consumidores • Região, dimensão do mercado e crescimento. • Onde e como podem ser encontrados os clientes. • Idade, sexo e renda (classe social). • Ocupação. • Educação. • Ocasiões de compra. • Benefícios mais valorizados. • Taxa de uso. • Grau de lealdade. • Decisor de compra. Análise / Avaliação Fonte: o autor. Pós-Universo 31 Quadro 5– Análise dos Fornecedores • Quais são os principais fornecedores? • Produto – qualidade – padronização. • Preço e condições de pagamento. • Prazo de entrega – disponibilidade. • Localização/logística. • Equipe de vendas e assistência. • Porte/crescimento. • Atendimento ao consumidor. • Alternativas de fornecedores/nível de dependência, monopólios ou oligopólios. Avaliação e Análise Fonte: o autor. Quadro 6- Análise dos Concorrentes Característica Avaliação (de 1 a 5) Justificativa Produção – Produtos • Produtos - qualidade/padronização/P&D/inovação. • Serviços. • Preços/condições de pagamento. • Estabilidade financeira. Marketing • Posicionamento. • Estratégia de produto. • Estratégia de preço. • Vendas/atendimento. • Participação de mercado - nível de crescimento. • Imagem – propaganda. • Promoções. Distribuição / Ponto comercial • Localização. • Instalações comerciais. • Sortimento/estoque. • Prazos de entrega. Recursos Humanos • Qualidade no atendimento. • Conhecimento técnico. • Produtividade da mão-de-obra – eficiência. • Rotatividade e absenteísmo. • Ambiente de trabalho. Fonte: o autor. Pós-Universo 32 Caro (a) aluno (a), os quadros anteriores (4, 5 e 6) são apenas ilustrativos. Tratam-se de alguns exemplos de sistematização dos ambientes organizacionais externos, os quais influenciam as organizações e precisam ser minuciosamente monitorados e acompanhados para garantir proteção ou aproveitamento adequado da situação. Procuramos apresentar alguns dos itens mais importantes do ambiente externo e que devem ser fonte de diagnóstico, mas, certamente, você encontrará a necessidade de certas adequações, para que a realidade específica do seu mercado seja devidamente considerada. Para aprofundar o conhecimento sobre tendências socioculturais que impactam diretamente no desenho dos novos mercados, considerando ameaças e oportunidades daí decorrentes, sugerimos o acesso ao site abaixo, da autora Faith Popcorn, uma das mais respeitadas investigadoras da área de tendências de mercado de todo o mundo. São abordados temas ligados a mudanças comportamentais nas sociedades de todo o mundo, o que obriga as empresas a realizarem contínuas adequações para se alinharem com os novos posicionamentos da sociedade. Para saber mais, acesse: <http://www.faithpopcorn.com/>. Fonte: os autores. saiba mais Cinco Forças Competitivas de Porter “Se queres ir rápido, vá sozinho, mas se queres ir longe, vá acompanhado.” Provérbio africano reflita Pós-Universo 33 Prezado (a) aluno (a), como pôde ver, o monitoramento e a análise dos ambientes que rodeiam e influenciam a empresa é uma das principais etapas de qualquer planejamento estratégico, o que faz com que diferentes modelos sejam propostos, cada um se adequando particularmente a certos setores de atividade. Nesse sentido, o modelo das Cinco Forças Competitivas de Porter é um dos mais conhecidos e utilizados em mercados concorridos, como os de alta tecnologia. De acordo com o seu autor, o estrategista americano Michael Porter (1986), a estratégia competitiva é o método utilizado pela empresapara definir o posicionamento mais adequado, considerando as características e as contingências do mercado, entendendo como fatores essenciais de análise desse mercado as suas forças competitivas. Nele, o tipo e o grau de concorrência de uma empresa são influenciados por cinco forças, conforme descrito a seguir: Entrantes potenciais Concorrentes na imdústria Substitutos Compreadores Ameaça de novos entrantes Poder de negociação dos compradores Ameaça de serviços ou produtos substitutos Poder de negociação dos fornecedores Fornecedores Rivalidade entre empresas existentes Figura 3- Forças Competitivas de Porter Fonte: Porter (1986). Pós-Universo 34 Ameaça de Novos Entrantes Diante da turbulência dos mercados atuais, da sua imprevisibilidade e da rapidez de resposta, as ameaças de novos entrantes deixam de serem apenas hipóteses para se tornarem uma realidade cada vez mais frequente, com a qual é preciso aprender a lidar. O autor americano alerta que a possível entrada de novas empresas no mercado se torna uma realidade, muitas vezes, mais ameaçadora do que enfrentar os concorrentes tradicionais, haja vista a imprevisibilidade do desconhecido, tendo a companhia que lidar com uma situação hipotética sem referências, o que dificulta o desenvolvimento apropriado de mecanismos de resposta. A ameaça de novos entrantes num determinado mercado depende do tamanho das barreiras erguidas e da sua facilidade de transposição. As principais barreiras são descritas a seguir (PORTER, 1986): • Economias de escala: quanto maior o volume de produção de uma empresa, menores tendem a ser seus custos unitários, em virtude da diluição dos custos fixos e do maior poder de barganha na compra de insumos ou matérias- primas. A barreira da economia de escala é fortemente utilizada, porque há dificuldade de que novos entrantes consigam aferir as mesmas vantagens econômicas de uma empresa já instalada há mais tempo, que conta com carteira de clientes, que assegura a redução do preço unitário – algo difícil de ser igualado a curto prazo. • Diferenciação do produto: elevados investimentos em pesquisa e em desenvolvimento de produto, ou esforço publicitário e mercadológico para assegurar posição privilegiada para a marca, assegurando-lhe a lealdade dos clientes. Os novos entrantes terão dificuldade em alcançar esse patamar e em superar os vínculos já estabelecidos entre a empresa e seus consumidores. • Necessidades de capital: quanto maior for a necessidade de capital para tocar o negócio, maior será a barreira para novos entrantes. O elevado capital poderá ser necessário para a própria instalação da empresa, garantia de créditos ao consumidor, estoques e suportes por um período longo para recuperação do investimento. Pós-Universo 35 • Custo de mudança: diz respeito aos custos adicionais que um cliente poderá ter, caso mude de fornecedor, o que poderá ocorrer devido à necessidade de novo treinamento de empregados, de novos equipamentos e de tempo de adaptação. Essas barreiras dificultam a adesão de outras empresas a esse mercado. • Acesso aos canais de distribuição: dificuldade de acesso aos canais disponíveis, que já estão ocupados ou comprometidos com as empresas tradicionais e, para desbancá-las, exigem-se pesadas concessões, como descontos de preço e verbas para campanha publicitária. • Desvantagens de custo: novos entrantes também terão dificuldade com tecnologias patenteadas, acesso favorável às matérias-primas, curva de aprendizagem ou de experiência e localização privilegiada. Os melhores pontos podem já estar ocupados. As desvantagens de custo são barreiras difíceis de serem transpostas e geram severa defasagem competitiva. Rivalidade entre os Concorrentes Os concorrentes diretos do setor são, tradicionalmente, ameaças a serem monitoradas continuamente. Essa disputa tende a ser particularmente evidenciada, por meio de preços mais atrativos, de batalhas publicitárias, como forma de fortalecer a imagem da empresa-produto, de lançamento de novos produtos e ampliação ou melhoria dos serviços prestados. Algumas formas de concorrência são extremamente predatórias, afetando a rentabilidade e a própria sustentabilidade no setor. A rivalidade tende a ser mais acirrada, dependendo dos seguintes fatores (PORTER, 1986): a. Quando as empresas são em grande número, as divergências tendem a ser grandes. Por outro lado, quando são em pequeno número e com porte equilibrado, tendem a ser pesadas, as disputas entre si. b. Crescimento lento do mercado, o que gera maior disputa pelos pequenos espaços abertos. c. Custos fixos elevados obrigam ao dinamismo adicional, como forma de garantir a liquidez. Pós-Universo 36 d. Pressão dos produtos substitutos, que, embora sejam distintos, podem significar ameaça pela proximidade e pelo preço mais atrativo. e. Elevado grau de diferenciação tende a ser obstáculo à concorrência. Poder de Negociação dos Clientes Quanto mais poderosos forem os clientes pelo poder de barganha e de negociação, ou pela dependência excessiva da empresa em relação a alguns deles, menos autonomia a empresa terá, tendendo a tornar-se refém das suas imposições, seja a pressão por preços mais baixos, qualidade superior, serviços adicionais etc. Dessa forma, os compradores podem jogar com os concorrentes, colocando um contra o outro e comprometendo a própria rentabilidade da empresa. Essa situação tende a ocorrer quando: a. O volume de compras ou grau de concentração dos compradores é muito elevado. b. Os produtos são padronizados, sem grande diferenciação entre concorrentes. c. Elevados custos para mudar esse quadro. d. Importância da qualidade dos produtos ou serviços. e. Disponibilidade de informações (PORTER, 1986). Para driblar ou amenizar essa situação, é recomendável não ficar na mão de um número muito reduzido de consumidores, ofertar outros produtos para mercados distintos e menos concentrados e criar diferenciação no atendimento ou nos serviços prestados, como forma de diferenciação e de agregação de valor ao produto. Poder de Negociação dos Fornecedores Trata-se de uma situação em que dominam poucas companhias, concentrando maior poder do que as empresas para quem vendem seus produtos. Sempre que os fornecedores têm elevado poder de barganha junto aos consumidores, tendem a aproveitar-se da situação para elevar os preços e manipular o mercado a seu favor. As condições que tornam os fornecedores excessivamente poderosos se assemelham à situação descrita em relação ao poder de negociação dos clientes. Nesse sentido, o poder de negociação dos fornecedores se torna mais expressivo e impactante quando: Pós-Universo 37 a. A empresa não é um cliente importante para o fornecedor. b. O produto dos fornecedores é estratégico demais para o comprador. c. Os produtos do fornecedor são diferenciados ou o grupo desenvolveu custos de mudança (PORTER, 1986). Algumas mudanças ambientais, como as que se dão no plano econômico, costumam trazer reflexos distintos sobre diferentes empresas. Em 2011, o dólar valia quase R$ 1,50, o que criava um quadro atípico, que se transformava em oportunidade para uns e ameaças para outros. Nesse período, assistiu-se às empresas importadoras e às agências de viagem para o exterior venderem como nunca, enquanto uma infinidade de empresas exportadoras, como calçados, equipamentos eletrônicos etc., viram suas atividades se tornarem inviáveis. Outras empresas, de forma distinta, aproveitaram esse momento de câmbio favorável às importações para a aquisição de tecnologia de ponta, o que refletiu em ganhos de produtividade e se tornou um fator-chave para a expansão no mercado internacional quando o câmbio ultrapassou os R$ 2,00. Fonte: o autor. saiba mais A nova cara do Brasil Talvez a mais importante mudança na realidade brasileira nas últimas duas décadas seja a ascensão da classe média, queem 2000 era de aproximadamente 35% da população e que hoje beira os 56%. O crescimento acelerado de algumas empresas em particular ocorreu pela capacidade destas em monitorar as mudanças econômicas e sociais, e perceberem, antecipadamente, o enorme potencial de consumo emergia, mas que demandaria soluções específicas. As Casas Bahia, a construtora MRV, a empresa de pesquisas Data Popular, entre muitas outras, souberam adequar-se a essa realidade por meio de produtos, de serviços de crédito e proximidade com a realidade particular desses clientes, o que lhes garantiu enorme expansão e sucesso. Fonte: adaptado de: Villas Bôas (2018, on-line)³. fatos e dados Pós-Universo 38 Ameaça de Produtos Substitutos Considerando que se entende por produtos substitutos aqueles que garantem soluções similares às dos produtos convencionais, partindo, porém, de concepções totalmente distintas. Nesse sentido, Porter alerta que os produtos substitutos podem tornar-se ameaça até maior que os concorrentes diretos, pois correm por fora e podem surpreender por sua inovação e lógica distintas da convencional. Por sua vez, essa ameaça é muito frequente nas empresas ligadas à alta tecnologia, em que a concorrência não se dá de forma estável entre produtos similares, fazendo o mercado surpreender-se por soluções que partem de construtos “alternativos”. Nesse sentido, é importante manter um monitoramento contínuo e ampliado em relação ao mercado, atentando não apenas para os concorrentes diretos, mas também para soluções não convencionais, que, a priori, podem parecer afastadas do escopo da empresa, mas podem indicar uma nova tendência no mercado e gerar verdadeira ruptura nas suas bases tradicionais. Um exemplo nesse sentido ocorreu com a música, em que a indústria de CDs é ameaçada não por outras de CDs, mas por novas tecnologias substitutas dentro de sistemas da web, que revolucionam todo esse mercado. Apresentados os insumos que nos permitem a análise do ambiente externo de nossas organizações, cremos que tenha se comprovado o que já afirmava Alvin Toffler: o futuro não pode ser entendido como pré-determinado. Ele é, ao menos em boa parte, sujeito à nossa influência. Por conseguinte, nosso interesse deve focar-se em futuros previsíveis, bem como os que se revelam possíveis e prováveis. O caminho? A identificação de oportunidades, de ameaças, de forças e de fraquezas que venham a afetar a organização no cumprimento de sua missão. A título de ilustração, vale a retomada do pensamento de Zun Tsu, em seu livro A arte da Guerra: Se conhecemos o inimigo (ambiente externo da companhia) e a nós mesmos (ambiente interno), não precisamos temer o resultado de centena de combates. Se não nos conhecemos nem ao inimigo, sucumbiremos em todas as batalhas. atividades de estudo 1. Sobre os momentos que compõem o planejamento estratégico, pode-se afirmar que: I. O diagnóstico estratégico consiste no primeiro passo da organização para a elaboração do PE. Trata-se, pois, do momento em que a empresa reúne todos os seus atores, com vistas a colher deles o máximo de ideias possíveis, com vistas a garantir a coalizão, a posterior, quando de sua implantação. II. A diversidade de opiniões dos atores de uma organização acerca de si própria, sem dúvida alguma, revela-se como a maior ameaça da elaboração de um planejamento estratégico. Isso porque, via de regra, é do corpo diretivo da companhia que devem partir os alicerces do PE. III. Sempre que existir um quadro de disputa de poder e de visões polarizadas sobre os rumos a serem seguidos por uma organização, o primeiro passo a ser dado é a dissolução desses conflitos para que, em seguida, atinja o desenvolvimento do planejamento estratégico com maior coesão de propósitos e coalizão de seus atores. IV. Uma das variáveis mais importantes na execução do planejamento estratégico está no capital humano das organizações. Se as equipes não estiverem engajadas, motivadas por liderança atuante, cientes de todos os processos e, principalmente, não tiverem claro o que foi planejado, dificilmente a empresa colherá bons frutos do que foi arquitetado. V. O planejamento estratégico não pode ser visto como um elemento estático e imexível dentro da organização. Muito pelo contrário, precisa ser monitorado continuamente para a verificação de possíveis contingências e a necessidade de ajustes diante de um ambiente em constante mudança. Com relação às alternativas anteriores, assinale a alternativa correta: a) Apenas, I, II e III estão corretas. b) Apenas II, III e IV estão corretas. c) Apenas III, IV e V estão corretas. d) Apenas IV e V estão corretas. e) Todas estão corretas. atividades de estudo 2. A seguir será apresentada a visão da Apple: “Mudar o mundo através da tecnologia.” Tomando por base as etapas de construção do planejamento estratégico de um negócio, as quais se revelam interligadas e subsequentes, avalie as assertivas abaixo e assinale a alternativa correta: I. Ainda que o objetivo do enunciado não se revele simples de ser alcançado, ele cumpre o dever de servir de inspiração e motivação para acionistas e colaboradores da companhia, requisito obrigatório quando para a elaboração da visão de qualquer empresa. II. Pode-se afirmar que o enunciado em questão não caracteriza os objetivos da Apple, haja vista seu caráter genérico de como a companhia deseja ver-se a longo prazo. Ao mesmo tempo, ao detalhar os caminhos que ela mesma, Apple, pretende seguir para mudar o mundo por meio da tecnologia (resultados esperados de sua produção de tecnologia, vendas, finanças etc.) ele lhe servirá de norte. III. São características importantes e necessárias do enunciado em questão, próprios da elaboração da visão de uma organização: fácil assimilação; revela-se claro, curto, objetivo e compreensível ao público interno e externo da Apple; desafiador; nobre, ético, inspirador e de valor. IV. São pontos falhos que podem ser apresentados no enunciado em questão, já que ele define a missão da Apple: não se revela realista, mas visionário, ainda que a companhia tenha chegado aos píncaros de sucesso. Há que considerar, nessa análise, a velha garagem de fundação da organização; não deixa claro a quem estará atendendo ou mesmo que tipos de produtos ou serviços entregará. V. Notoriamente, o enunciado em questão não pode ser confundido com objetivos e metas da Apple. Isso porque ele não é quantificável ou mesmo nos apresenta elementos específicos de uma área, como, por exemplo, a comercial ou a financeira. Ou seja, não nos detalha a curto, médio ou longo prazo o que cada um dos atores da Apple precisará fazer para chegar até sua parte do resultado na organização. atividades de estudo a) Apenas I, II, III e V estão corretas. b) Apenas II, III, IV e V estão corretas. c) Apenas I, II, III e IV estão corretas. d) Apenas II, III, IV estão corretas. e) Apenas I, II e V estão corretas. 3. A ideia por trás da escolha das Cinco Forças Competitivas, de Michael Porter, foi de que elas nunca mudam, diferente de fatos mais voláteis, como as taxas de crescimento de uma determinada indústria, as intervenções do governo ou mesmo as mudanças tecnológicas. Ademais, a concepção apresentada pelo professor americano ainda em 1979, na Harvard University, possibilita as organizações analisarem o grau de atratividade do setor da economia do qual fazem parte, além de definirem o posicionamento mais adequado, considerando as características e as contingências do mercado em que atuam. Nesse sentido, assinale a alternativa que apresenta essas forças: a) Diferenciação do produto; economias de escala; poder de negociação dos clientes; poder de negociação dos fornecedores; ameaça de produtos ou bens substitutos. b) Necessidades de capital; ameaça de novos entrantes; rivalidade entre os concorrentes; poder de negociação dos clientes; poder de negociação dosfornecedores. c) Ameaça de novos entrantes; custo de mudança; necessidade de capital; poder de negociação dos fornecedores; ameaça de produtos ou bens substitutos. d) Interferência do estado; economias de escala; poder de negociação de clientes e fornecedores; mudanças tecnológicas; rivalidade entre concorrentes. e) Ameaça de novos entrantes; rivalidade entre os concorrentes; poder de negociação dos clientes; poder de negociação dos fornecedores; ameaça de produtos ou bens substitutos. resumo O planejamento estratégico é construído por etapas interligadas e interdependentes, num processo escalonado, que se inicia pela definição da Missão da organização, na qual se evidencia a razão de ser da empresa, qual a sua finalidade e as características que lhe conferem uma identidade singular e a justificam no mercado. A visão organizacional, por sua vez, complementa a missão, num exercício de projeção da empresa para o futuro, como enxerga a sim mesma em um horizonte a longo prazo. O terceiro momento do PE, abordado nesta unidade, tratou da análise do ambiente externo, o qual é dividido em macro e microambiente, sendo o primeiro composto por variáveis de natureza econômica, política, social, cultural e demográfica, enquanto o segundo se relaciona com os influenciadores do mercado específico da empresa, o que envolve a análise dos fornecedores, dos consumidores e dos concorrentes. Ao avaliar essas variáveis, há que considerar o potencial de adaptação da empresa às mudanças ambientais, pois só assim a organização poderá desenvolver- se em um ambiente que esteja além dos seus domínios. Ainda tratando-se da declaração da visão da organização, vale ressaltar que, em seu enunciado, não cabem descrições dos meios necessários para atingi-la, porém, ao mesmo tempo, devem ser considerados, no momento da elaboração, os esforços individuais, as habilidades e as competências básicas necessárias, bem como os recursos a serem disponibilizados para sua concretização. Lembre-se: a visão precisa ser realista, de modo que o alcance seja possível e visível. Por fim, é preciso destacar os valores de uma companhia, ou seja, as regras que nortearão os comportamentos e as atitudes de todos os colaboradores na execução da missão e no alcance da visão da empresa. Em síntese, os valores representam o foco da moral e da ética da organização. material complementar Cem Dias Entre o Céu e o Mar Autor: Amyr Klink Ano: 1995 Editora: Cia das Letras Sinopse: o livro Cem Dias Entre o Céu e o Mar, de Amyr Klink, conta a história real da travessia do oceano atlântico num pequeno barco a remos efetuada de forma solitária pelo autor. Foram mais de 6.500 quilômetros desde Lüderitz, no sul da África, até o litoral baiano, que durou 100 dias repletos de relatos e emoções. A odisseia do autor se inicia muito antes da travessia, quando ele deu início ao planejamento da viagem, que passou pela etapa de angariação de recursos, de construção do barco, seleção de equipamentos essenciais, muito estudo e preparo. Essa narrativa apresenta as etapas compreendidas pelo planejamento estratégico e o seu poder para enfrentar desafios, muitas vezes vistos como impossíveis. Como o próprio autor relata, não se trata de uma história de aventuras, mas da força do planejamento. Comentário: o livro de Amyr Klink é apropriado para tratar de planejamento estratégico, pois, segundo o próprio autor, a travessia do Oceano Atlântico nem um barco só foi possível porque ele se planejou. A parte mais difícil da viagem, segundo Klink, não se realizou no mar, mas em terra, planejando minuciosamente cada etapa e preparando os recursos para a travessia. Trata-se de um exemplo inspirador para o universo corporativo, que tem de lidar com inúmeras adversidades, e tem, no planejamento, o seu principal aliado. Na Web Missão, Visão e Valores Uma questão que, geralmente, é motivo de confusão entre os alunos é a diferença entre os conceitos de missão, visão e valores. Com o intuito de ilustrar a diferença entre essas nomenclaturas próprias do universo organizacional, recomendamos que você assista ao vídeo que se encontra no link, que explora esses conceitos de forma didática. Comentário: trata-se de um vídeo bastante objetivo, que expõe os conceitos de missão, visão e valores, relacionando o universo pessoal com o organizacional, o que ajuda a entender o alcance desses conceitos e sua importância fundamental na construção da identidade da empresa, tornando-se o DNA que servirá de inspiração para todas as demais etapas. Link: <http://www.youtube.com/watch?v=Jw44uqEaoZY>. material complementar À Procura da Felicidade Diretor: Gabriele Muccino Ano: 2006 Sinopse: sobre missão, visão, objetivos e foco, assista ao filme À Procura da Felicidade. Trata-se de uma película do gênero drama, produzido nos Estados Unidos e lançado em 2006, dirigido por Gabriele Muccino e que se baseia em uma história real de um pai de família desempregado, que tenta vender aparelhos médicos que ninguém quer comprar e vê a própria sobrevivência e de seu filho ameaçadas pelos inúmeros problemas com que se defronta. Acaba por conseguir uma vaga de estagiário sem remuneração, com a ideia fixa de superar todos os desafios e poder ser contratado. Comentário: o filme ajuda a entender a importância de ter missão, visão e valores bem claros, para conseguir potencializar os recursos disponíveis e conseguir superar as piores adversidades. A clareza de propósitos e de perspectivas em relação ao futuro é fundamental para mobilizar e potencializar os talentos disponíveis e direcioná-los para a concretização dos objetivos. A Fuga das Galinhas Diretor: Peter Lord e Nick Park Ano: 2000 Sinopse: A Fuga das Galinhas é uma coprodução britânico-americana do gênero animação, com a direção de Peter Lord e Nick Park, que teve sua estreia no ano 2000. Trata-se da história da galinha Ginger, que procura desesperadamente uma maneira de conseguir escapar da granja antes de virar empada. Após várias tentativas mal-sucedidas, surge, no galinheiro, o galo Rocky, com um ambicioso plano estratégico envolvendo a todos num projeto de fuga espetacular. Comentário: esse filme ajuda a entender a importância da estratégia formal, minuciosamente desenhada e embasada em dados e conhecimentos, para que os objetivos possam ser alcançados. Percebe-se, ao longo da história, o esforço descoordenado e improvisado que leva a sucessivos fracassos. Resta a lição de que a simples vontade, sem um plano detalhado que monitore apropriadamente os diferentes ambientes e sem conhecimentos específicos para a realização dos propósitos almejados, não encontrará outro resultado, a não ser o fracasso. referências CERTO, S.; PETER, J. P. Administração estratégica: planejamento e implantação da estratégia. São Paulo: Makron, 1993. KOTLER, Philip. Administração de marketing: a bíblia do marketing. 12. ed. São Paulo: Pearson, 2006. OLIVEIRA, D. P. R. Planejamento Estratégico: conceitos, metodologias e práticas. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2007. PORTER, Michael E. On Competition. Cambridge: Harvard Business School Publishing, 1986. SEBRAE. Participação das Micro e Pequenas Empresas na Economia Brasileira. Brasília, 2014. Apostila. 108p. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Estudos%20e%20 Pesquisas/Participacao%20das%20micro%20e%20pequenas%20empresas.pdf>. Acesso em: 27 fev. 2019. TACHIZAWA, T.; REZENDE, W. Estratégia empresarial: tendências e desafios. São Paulo: Prentice Hall, 2002. TIFFANY, P.; PETTERSON, S. Planejamento Estratégico: o melhor roteiro para um Planejamento Estratégico eficaz. Rio de Janeiro: Campus, 1998. REFERÊNCIAS ONLINE ¹ Disponível em: <https://www.santandernegocioseempresas.com.br/detalhe-noticia/previsoes- da-economia-brasileira.html>. Acesso em: 27 fev. 2019. ² Disponível em: <https://www.kopenhagen.com.br/Institucionais/Kopenhagen>. Acessoem: 27 fev. 2019. ³ Disponível em: <https://www.valor.com.br/brasil/5515501/estudos-apontam-que-ate-900-mil- pessoas-deixaram-classes-e-b>. Acesso em: 27 fev. 2019. 4 Disponível em: <http://www.igf.com.br/aprende/dicas/dicasresp.aspx?dica_id=579>. Acesso em: 27 fev. 2019. resolução de exercícios 1. c) Apenas III, IV e V estão corretas. A alternativa I está incorreta, haja vista o diagnóstico estratégico consistir na avaliação do momento (interna e externamente) como propício ou não para a elaboração do planejamento estratégico da organização. A reunião dos atores e a coleta dos pontos de vista destes acerca da empresa já faz parte de um segundo momento, que é o de elaboração do planejamento estratégico em si. A alternativa II está incorreta, haja vista o fato de que a diversidade de opiniões dos atores de uma organização acerca dela mesma se revela o alicerce do planejando estratégico e não uma ameaça para sua elaboração. Ademais, é condenável que o corpo diretivo da companhia dite os pilares do PE, pois isso, sem dúvidas, compromete a execução e a coalizão dos envolvidos quando de sua execução. A alternativa E está incorreta, haja vista o fato de as alternativas III, IV e V estarem corretas. 2. a) Apenas I, II, III e V estão corretas. A alternativa IV está incorreta, haja vista: 1) A relação de proximidade e de transformação que o mundo hodierno estabeleceu com a tecnologia. Não é necessário ir muito longe para vermos que a 4.ª Revolução Industrial esteve em curso ainda em meados dos anos 90. Se analisarmos quantas pessoas, por exemplo, eram necessárias para uma compensação bancária e quanta autonomia ganhamos hoje com os recursos tecnológicos, automaticamente não classificaremos o enunciado em questão de visionário, mas sim de plausível e realizável em curto espaço de tempo; 2) O público é claro: todas as pessoas globais que precisam de tecnologia (físicas ou jurídicas). Os produtos e serviços: hardware e aplicativos que automatizam e transformam o mundo, cujas fronteiras foram dirimidas pela tecnologia. 3. e) Ameaça de novos entrantes; rivalidade entre os concorrentes; poder de negociação dos clientes; poder de negociação dos fornecedores; ameaça de produtos ou bens substitutos. As cinco forças competitivas definidas por Michael Porter são: ameaça de novos entrantes; rivalidade entre os concorrentes; poder de negociação dos clientes; poder de negociação dos fornecedores; ameaça de produtos ou bens substitutos, o que torna as alternativas A, B, C, e D incorretas.
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