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1 Disciplina: Avaliação da Aprendizagem: critérios, instrumentos e procedimentos Autores: D.ra Elys Regina Andretta Revisão de Conteúdos: Esp. Larissa Carla Costa Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso Ano: 2017 Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 2 Elys Regina Andretta AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM: CRITÉRIOS, INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS 1ª Edição 2017 Curitiba, PR Editora São Braz 3 FICHA CATALOGRÁFICA ANDRETTA, Elys Regina. Avaliação da Aprendizagem: critérios, instrumentos e procedimentos / Elys Regina Andretta – Curitiba, 2017. 38 p. Revisão de Conteúdos: Larissa Carla Costa. Revisão Ortográfica: Jacqueline Morissugui Cardoso. Material didático da disciplina de Avaliação da Aprendizagem: critérios, instrumentos e procedimentos – Faculdade São Braz (FSB), 2017. ISBN: 978-85-94439-35-2 4 PALAVRA DA INSTITUIÇÃO Caro(a) aluno(a), Seja bem-vindo(a) à Faculdade São Braz! Nossa faculdade está localizada em Curitiba, na Rua Cláudio Chatagnier, nº 112, no Bairro Bacacheri, criada e credenciada pela Portaria nº 299 de 27 de dezembro 2012, oferece cursos de Graduação, Pós-Graduação e Extensão Universitária. A Faculdade assume o compromisso com seus alunos, professores e comunidade de estar sempre sintonizada no objetivo de participar do desenvolvimento do País e de formar não somente bons profissionais, mas também brasileiros conscientes de sua cidadania. Nossos cursos são desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar comprometida com a qualidade do conteúdo oferecido, assim como com as ferramentas de aprendizagem: interatividades pedagógicas, avaliações, plantão de dúvidas via telefone, atendimento via internet, emprego de redes sociais e grupos de estudos o que proporciona excelente integração entre professores e estudantes. Bons estudos e conte sempre conosco! Faculdade São Braz 5 Apresentação da Disciplina No decorrer da disciplina de Avaliação da Aprendizagem, se fará, na primeira aula, uma abordagem geral sobre o que é a avaliação e quais são os aspectos mais importantes que devem ser considerados pela escola e pelo professor. Na aula dois, se conhecerão os recursos, estratégias, instrumentos e a legislação da avaliação da aprendizagem no contexto escolar. Ademais, se discutirá sobre o planejamento da avaliação e sua função no processo de aprendizagem. Na aula três e quatro, será estudado sobre o estudante com TEA – Transtorno do Espectro Autista e suas necessidades educativas e qual o papel da escola, do professor e da família durante o processo de aprendizagem deste aluno. Copyright © - É expressamente proibida a reprodução do conteúdo deste material integral ou de suas páginas em qualquer meio de comunicação sem autorização escrita da equipe da Assessoria de Marketing da Faculdade São Braz (FSB). O não cumprimento destas solicitações poderá acarretar em cobrança de direitos autorais. 6 AULA 1 - Avaliação da aprendizagem – concepções, objetivos, tipos e funções Apresentação da aula Esta aula apresentará as concepções, objetivos, tipos e funções da Avaliação da Aprendizagem, além de um breve panorama histórico sobre a trajetória da avaliação no contexto escolar. Além disso, se discutirá sobre a avaliação mediadora e sua aplicação no cotidiano de sala de aula. 1.1 Avaliação da aprendizagem Fonte:http://br.freepik.com/fotos-gratis/estudante-concentrada-na- classe_857148.htm#term=aula&page=6&position=27 Atualmente, a avaliação é um dos temas mais discutidos no âmbito educacional, não por ser um tema novo, mas porque administradores, pais, educadores e alunos, e toda a sociedade estão mais conscientes da importância e das repercussões do ato de avaliar e de ser avaliado. Talvez exista uma maior conscientização sobre a necessidade de alcançar determinados patamares da qualidade educacional, de aproveitar adequadamente os recursos, o tempo e os esforços. Talvez, um dos fatores mais importantes que explicam que a avaliação ocupa atualmente um lugar de destaque no meio educacional, é a compreensão por parte dos profissionais da educação que, na realidade, o que prescreve e decide, de fato, o “que, como, porque e quando ensinar” é avaliação. http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=857148 7 Geralmente, um dos objetivos prioritários dos alunos é satisfazer as exigências dos “exames”. Segundo Luckesi (1996), há um equívoco entre o ato de avaliar e o ato de examinar, pois os professores chamam de avaliação, mas praticam exames. Os exames são classificatórios, estão graduados de 0 a 10, esse é um modelo do século XVI, pois segue o modelo sistemático da pedagogia católica e da pedagogia protestante. Em qualquer segmento educativo, a avaliação da aprendizagem sempre teve profundos efeitos sobre o ensino e sobre a formação discente. A concepção dos professores sobre avaliação, os propósitos que a orientam e suas práticas têm serias repercussões sobre o processo de aprendizagem de cada estudante e sobre o processo educativo em geral. Importante EXAMINAR x AVALIAR Examinar= pontual, classificatório e excludente Avaliar = não pontual, dinâmico e inclusivo 1.2 Um pouco de história da avaliação da aprendizagem De acordo com Luckesi (1995), nos últimos 500 anos da educação ocidental, foram praticados exames escolares, foram trazidos para dentro da escola os modos de agir e de ser que ocorriam na sociedade anterior ao século XVI, que era e continua sendo a seletividade. Então a grande questão era: “Como saber se os alunos aprenderam?” Para tanto, importou-se da sociedade os exames que eram utilizados para a seleção de profissionais, de soldados para o exército, etc. ou seja, dos diversos âmbitos da atividade social. A partir desse momento, a escola adotou o modelo do processo seletivo, ou seja, “quem aprende prossegue, quem não aprende é retido”. Esse modelo seletivo perdurou do século XVI ao século XX na educação ocidental. 8 Importante 1.3 O que é avaliação da aprendizagem A aprendizagem é a troca de conhecimentos, habilidades e atitudes. Para Luckesi (2005), avaliar é diagnosticar a situação da aprendizagem e tem como objetivo tomar as decisões mais adequadas para a qualidade do desenvolvimento do educando. Para Hoffmann (2009), na sala de aula, o objetivo da avaliação é acompanhar o processo da construção da aprendizagem do aluno, pois sem esse foco na construção do conhecimento ela perde o significado essencial. 1.4 A função da avaliação Segundo Luckesi (1995), a função da avaliação é garantir o sucesso em qualquer lugar: na empresa, na política, no cotidiano, etc., com a função de encontrar um melhor resultado de um determinado curso de ação, pois ela sinaliza os resultados positivos ou negativos. A avaliação é um processo que busca informação para a valorização e tomada de decisões imediata e, não se limita somente à escola, mas também se estende ao resto das atividades sociais. 1.5 O estudante não apresentou o rendimento adequado Nesse caso é importante que haja uma intervenção e retomada por parte do professor. “Quais fatores impediram o aluno de ter o rendimento adequado?” Na intervenção, o aluno deve ser o foco do processo, deve-se conversar com o aprendiz para saberquais são seus conhecimentos, suas facilidades e suas dificuldades e, descobrir quais elementos impediram seu êxito. Considerando 9 esse contexto, será apresentado, resumidamente, sem que haja um aprofundamento filosófico acerca das avaliações, os dois caminhos a serem percorridos. São eles: a avaliação dialética e a avaliação dialógica. AVALIAÇÃO DIALÓGICA Tem como principal objetivo dialogar com o aluno e torná-lo um sujeito ativo no processo de avaliação. A avaliação permite a tomada de decisão. O principal objetivo da avaliação não é diagnosticar o fracasso e associá-lo a uma situação classificatória, mas sim diagnosticar a situação do aluno e tentar outras técnicas de ensino para transformar a realidade do aluno e, desta maneira promover a inclusão desse indivíduo. 1.6 Avaliação mediadora Segundo Hoffmann (1996), a avaliação mediadora busca a aprendizagem do aluno. Tem como objetivo observar, acompanhar e promover melhoras na aprendizagem. Possui caráter individual (não comparativa) e se baseia em princípios éticos de respeito à diversidade. Desta maneira, pretende ser uma educação inclusiva, de acesso para todos e para toda a vida. Faz-se necessário, considerar, em primeiro lugar, como os educadores concebem a avaliação antes de debater sobre as metodologias, instrumentos de testes e formas de registro. Para reconstruir as práticas de avaliação é muito importante discutir os princípios essenciais desse processo. 10 1.6.1 Princípios da avaliação mediadora ➢ Investigação precoce: o professor faz provocações intelectuais significativas. ➢ Provisoriedade: sem fazer juízos do aluno. ➢ Complementaridade: complementa respostas velhas a um novo entendimento. Para Hoffmann (1996), o processo avaliativo mediador se destina a acompanhar, entender e favorecer a contínua progressão do aluno em todas as etapas da aprendizagem. Não é possível afirmar que o aluno foi avaliado somente porque foi observado ou se conhece o aprendiz. Tampouco se pode denominar avaliação a correção das provas, testes ou exames e o registro de notas, porque sendo assim, a avaliação se reduzirá apenas a classificação por valores. 1.7 Tipos de avaliação A avaliação diagnóstica é a que se aplica antes de começar um processo avaliativo: um curso, uma sequência didática, um tema, etc. Seu principal objetivo é identificar a existência ou ausência de atitudes, habilidades e conhecimentos prévios. Feito o diagnóstico, é importante que o professor repense seu planejamento de aulas, adequando suas estratégias de ensino às necessidades do aluno. A avaliação formativa é um processo no qual professores e alunos compartilham da aprendizagem e avaliam constantemente seus avanços em relação aos objetivos propostos. Tem como principal objetivo determinar a melhor maneira de continuar o processo de ensino e aprendizagem segundo as necessidades de cada indivíduo. O enfoque da avaliação formativa considera a avaliação como parte das atividades do cotidiano da sala de aula e, a utiliza para orientar esse processo e para a tomada de decisões que promovam resultados positivos para os estudantes. 11 A avaliação somativa mede resultados, entendendo por resultado aquilo que produz uma diferença suscetível de observação. As provas somativas são usadas para promover o aluno e classificar os resultados da aprendizagem, alcançados ao final do processo. O principal objetivo desse tipo de avaliação é averiguar se os objetivos finais foram atingidos, planejados antecipadamente, e saber se a metodologia e conteúdos foram satisfatórios para as necessidades do grupo. 1.8 Avaliação: processo sitemático de análise Podemos concluir que a avaliação é o processo sistemático de coleta e análise de informações, destinado a descrever a realidade e emitir opiniões sobre sua adequação a um padrão ou critério de referência estabelecido como base para a tomada de decisões. A avaliação permite que o aluno reflita sobre sua própria aprendizagem, ou seja, de que maneira utiliza suas estratégias de aprendizagem para aprender melhor. Converse Com Seus Colegas Sabe-se que a avaliação é um tema bastante complexo e discutido entre os estudiosos da área. Após a leitura deste capítulo, certamente você estará apto a discutir com seus colegas sobre o ato de avaliar. Então aproveite o momento e compartilhe seus conhecimentos! Segundo Luckesi (2011), a avaliação ainda está sendo aplicada nos moldes tradicionais, ou seja, com ênfase nos aspectos quantitativos, ato que o autor chama de pedagogia do exame. Analise as alternativas e assinale aquela que apresenta a prática avaliativa com foco no ensino/aprendizagem, para o teórico a avaliação deve enfatizar a qualidade dos resultados e não a quantidade. Ao fazer uma reflexão sobre a avaliação da aprendizagem, é possivel perceber que a avaliação é um ponto-chave no desenvolvimento de qualquer projeto. A avaliação está intrinsicamente ligada ao cotidiano escolar e adquire significado especial quando, por meio dela, chega-se a qualidade da educação que está sendo praticada. 12 Resumo da Aula Nesta aula discutiu-se acerca de como a avaliação da aprendizagem é importante para o futuro do aluno e para sua formação. Estudou-se os diferentes tipos de avaliação, suas funções e concepções com o intuito de discutir e refletir sobre um tema tão amplo e tão importante para a escola, a família e principalmente para os educandos. Atividade de Aprendizagem Leia atentamente as palavras de Luckesi e discorra sobre qual o seu entendimento acerca da citação. “A avaliação educacional, em geral, e a avaliação de aprendizagem escolar, em particular, são meios e não fins, em si mesmas, estando assim delimitadas pela teoria e pela prática que as circunstancializam. Desse modo, entendemos que a avaliação não se dá nem se dará num vazio conceitual, mas sim, dimensionada por um modelo teórico de mundo e de educação, traduzido em prática pedagógica. ” (LUCKESI, 1995, p. 28). Aula 2 – Avaliação da aprendizagem - recursos, estratégias, instrumentos e legislação Apresentação da aula Esta aula apresentará os recursos, estratégias, instrumentos e a legislação da avaliação da aprendizagem no contexto escolar. Além disso, será discutido sobre o planejamento da avaliação e sua função no processo de aprendizagem. 13 2.1 Legislação Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/julg-o-gavel-com-os-livros_991477.htm Segundo publicação do Senado (2005), sobre a LDB 9394/96, o principal objetivo da lei é organizar e estruturar os princípios enunciados no texto constitucional para a sua aplicação a situações reais que envolvem várias questões, entre elas: ➢ Funcionamento das redes escolares; ➢ Formação de especialistas e docentes; ➢ Condições de matrícula; ➢ Aproveitamento da aprendizagem; ➢ Promoção de alunos; ➢ Recursos financeiros; ➢ Materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino; ➢ Participação do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional; ➢ Superior administração dos sistemas de ensino; ➢ Peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas regiões do país. Fonte: http://br.freepik.com/fotos-gratis/pilha-de-livros-com-vidros-na-mesa-de- madeira_902421.htm#term=escola&page=1&position=14 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=902421 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=902421 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=902421 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=902421 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=991477 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=902421 http://br.freepik.com/index.php?goto=74&idfoto=902421 14 Com relação à avaliação da aprendizagem, a lei em seuArt. 24, preconiza sobre os princípios de avaliar como parte do processo de ensino-aprendizagem. LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996 Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Artigo 1º - A avaliação do aproveitamento e apuração da assiduidade. Artigo 24 V – A verificação do rendimento escolar observará os seguintes critérios: a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais; b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atraso escolar; c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do aprendizado; d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus regimentos; [...] PCN: avaliação diagnóstica, processual e formativa Para continuar a leitura da Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996, acesse o link indicado. Disponível em: https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/70320/65.pdf 15 2.2 Instrumentos e técnicas avaliativas A perspectiva formativa de avaliação, evidencia os diversos momentos que o aluno vivencia durante o processo de desenvolvimento da aprendizagem. A aprendizagem é concebida como algo integral na qual se estimulam saberes nos diversos contextos da vida cotidiana dos alunos, favorecendo que o estudante apresente não somente o resultado da sua aprendizagem, mas também o processo das etapas nas quais vai construindo seus saberes. A avaliação formativa implica um processo permanente e contínuo de observação das etapas do trabalho escolar, ou seja, ela se encontra vinculada às ações de aprendizagem. Sendo assim, cabe ao professor desenvolver e aplicar instrumentos que lhe permitam registrar sistematicamente o desenvolvimento que o aluno apresenta durante o seu processo de aprendizagem e, só fará sentido se essas ações estiverem vinculadas com situações do contexto no qual o aluno se desenvolve. Dessa maneira, as estratégias de avaliação utilizadas pelo professor para verificar o resultado da aprendizagem, fornecerão informações para uma tomada de decisões. Atualmente, a avaliação de aprendizagem é realizada por meio de exames que são classificatórios e seletivos. Segundo Luckesi (1998), a maioria das escolas utilizam a avaliação como instrumento de classificação, ou seja, como um produto final e não como um processo de aprendizagem, desse modo o aluno está sendo medido por sua capacidade e isso será demonstrado por meio de uma nota, o que muitas vezes impede o aluno de progredir ou desenvolver-se. 2.3 Instrumentos de avaliação As técnicas e instrumentos de avaliação são procedimentos utilizados pelo professor para obter informações sobre a aprendizagem dos alunos. Cada técnica de avaliação sempre vem acompanhada dos instrumentos de avaliação, definidos como recursos estruturados desenvolvidos para fins específicos. Tanto as técnicas quanto os instrumentos de avaliação devem adaptar-se às 16 características do aluno para que, desta maneira, possam fornecer informações sobre o seu processo de aprendizagem. Existe uma diversidade de instrumentos que são utilizados para obter informações sobre a aprendizagem, por isso é necessário selecionar cuidadosamente os que permitem obter a informação desejada. É importante destacar que não existe um instrumento melhor que outro, pois a escolha do instrumento deve considerar a finalidade a ser alcançada. São instrumentos de avaliação: Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado pelo DI 2.3.1 Instrumentos de avaliação em uma perspectiva libertadora Segundo Hoffmann (1991), a avaliação mediadora ocorre no cotidiano pedagógico. É a observação-reflexão-ação, energia constante que impulsa o planejamento, a proposta pedagógica e a relação entre todos os elementos da ação educativa. Fundada em princípios éticos, nutre de forma vigorosa o trabalho educativo. Sem uma reflexão séria sobre os princípios nos quais está baseada, se perdem os rumos, a emoção e o vigor dos passos que permitem melhorar o processo. Instrumentos de avaliação em uma perspectiva libertadora são: • Essenciais: enfatizar o que é fundamental; • Reflexivos: estimular o raciocínio e estabelecer relações; • Contextualizados: permite a construção de sentido; • Claro: conciso e objetivo; • Compatível: de acordo com o nível de complexidade do dia a dia. 17 Amplie Seus Estudos SUGESTÃO DE LEITURA Leia o livro Avaliação Mito & Desafio de Jussara Hoffmann. Nesta obra a autora discute sobre o sentido da avaliação na escola e sobre a ação mediadora como uma postura construtivista em educação. A leitura dessa obra servirá de apoio para a sua formação e sua aprendizagem. 2.4 Avaliação e planejamento da avaliação O planejamento é uma importante ferramenta técnica que auxilia o professor no momento da tomada de decisões, tem como principal objetivo facilitar a organização de elementos que orientem o processo educativo. O planejamento deve ser elaborado visando alcançar uma relação coerente entre os resultados da avaliação, ou seja, o que consta no plano e como se desenvolve o plano. Para Refletir O planejamento garante decisões eficazes para a melhora da aprendizagem. ➢ Garante decisões eficazes: desenvolvimento de estratégias ➢ Melhora da aprendizagem: qualidade do ensino. 2.5 Os elementos da avaliação A avaliação com enfoque formativo, considera uma série de elementos para o planejamento, desenvolvimento e reflexão do processo de avaliação, que se referem aos seguintes questionamentos: “O que avaliar? Para que avaliar? Quando avaliar? Como avaliar? O que fazer com os resultados da avaliação?” 18 2.6 Erro x avaliação da aprendizagem O erro deve ser definido e desenvolvido como um novo tipo de atitude que tem a intenção de dar a avaliação um aspecto mais positivo e que sirva para aprender. Segundo Vázquez (1998), os erros podem ser um sinal positivo dentro do processo de aprendizagem. O aluno também deve ser orientado a reagir de maneira positiva diante do erro, despertando no estudante o sentimento de que cometer erros pode ser também uma realidade criativa e um passo a mais para sua aprendizagem. Para o professor, o erro permite a intervenção e a possibilidade de diagnosticar uma determinada situação e, a partir desse momento, rever seu planejamento e estratégias de aplicação. A avaliação deveria ser tratada de forma qualitativa e quantitativa, sempre e quando as circunstâncias permitissem. Atualmente a avaliação praticada é quantitativa e é medida por exames, revisões escritas, provas, entre outras. É possível incluir o tratamento do erro e a avaliação qualitativa, paralelamente, por meio de diários de classe, entrevistando os colegas sobre os tipos de erros que cometem, intercambiando estratégias e com a retroalimentação entre professor e aluno. Os professores poderiam desenvolver a avaliação qualitativa nas aulas por meio da observação de alunos, comentar estratégias de reflexão e atuação, diários, incluindo um portfólio de erros. Ví deo Assista ao filme O substituto. Trata-se de uma linda história de um professor que resolve fazer diferença na vida de algumas pessoas. Mostra o cotidiano escolar e as dificuldades que o professor enfrenta. Disponível no link: https://www.youtube.com/watch?v=Q56IneXPCVk https://www.youtube.com/watch?v=Q56IneXPCVk 19 Resumo da Aula Ao longo desta aula, estudou-se sobre a avaliação da aprendizagem e sobre o usode recursos e estratégias que são importantes ferramentas para esse processo, além de discutir sobre os instrumentos de avaliação em uma perspectiva libertadora. Abordou-se também, sobre a legislação que orienta a avaliação da aprendizagem, que tem como principal objetivo, organizar e estruturar os princípios enunciados no texto constitucional para a sua aplicação em situações reais. Atividade de Aprendizagem Quando o assunto é avaliação da aprendizagem, o tema gera muitas discussões. De acordo com os estudos dessa unidade, elabore um texto sobre o papel da avaliação na aprendizagem dos alunos. Aula 3 - O Transtorno do Espectro Autista e a Escola Apresentação da aula Nesta aula, será estudado sobre a inclusão escolar do indivíduo com TEA – Transtorno do Espectro Autista – no sentido de promover uma atenção adequada a esses alunos dentro do ambiente escolar e, também, promover a aprendizagem. Nesse contexto, será discutido sobre a legislação, a intervenção e as ações necessárias para o desenvolvimento desses estudantes. 3.1 Transtorno do Espectro Autista – definição Segundo o Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, 2014), uma em cada 68 crianças americanas apresenta o Transtorno do Espectro Autista. Os processos de inclusão de indivíduos autistas 20 são limitados, pois ainda existem mitos e tabus que são barreiras quase intransponíveis dentro da sociedade atual. Fonte: https://www.opas.org.br/sintomas-de-autismo/ Os Transtornos de Espectro Autista (TEA) compreendem uma série de alterações graves que afetam várias áreas do desenvolvimento, tais como: a interação social, linguagem, comunicação e o pensamento. Seus sintomas se manifestam de diversas formas e em diferentes idades, e acompanha o indivíduo durante toda sua vida (Cunha, 2009). Atualmente, o autismo é considerado, nos principais manuais de diagnóstico, como um Transtorno Global de Desenvolvimento (TGD). O autismo não é uma doença, é uma síndrome, um conjunto de sintomas que caracterizam um transtorno degenerativo do desenvolvimento “bio-psico- social”. Aparece durante os três primeiros anos de vida e é mais comum em meninos do que em meninas de todo tipo de raça, etnia e classe social, em todo o mundo. As pessoas com autismo têm uma média de vida igual a dos demais indivíduos da população em geral. O indivíduo autista possui um transtorno geral de desenvolvimento cerebral, que produz um comportamento cujas principais características são: se mostram indiferentes, ausentes e com dificuldade para formar laços emocionais com outras pessoas. Segundo Wing (1979), as crianças com autismo apresentam três características comuns que são chamadas de: a Tríade de Lorna Wing ou a Tríade das Incapacidades: 21 ➢ Dificuldades na comunicação verbal e não verbal; ➢ Dificuldades na interação social; ➢ Dificuldade no uso da imaginação e da linguagem interna, que resultam em interesses e comportamentos repetitivos e restritos. 3.2 Transtorno do Espectro Autista (TEA) - Legislação Em 27 de dezembro de 2012, a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.764, que criou a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno de Espectro Autista. Essa lei denomina-se “Lei Berenice Piana”, em menção a uma mãe que lutou pela criação de tal legislação. Essa lei surgiu a partir de uma proposta feita à Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal. Segundo Paiva Junior (2012), editor chefe da Revista Autismo, a lei federal do autismo antes era chamada de Projeto de Lei do Senado (PLS) 168 de 2011, quando ainda estava no Senado, e de projeto 1631 quando estava na Câmara. Entrou em vigor no dia 28 de dezembro de 2012. A aprovação da Lei foi resultada de uma grande batalha de 2 milhões de famílias afetadas e dos que apoiam a causa e, segundo o autor, a grande batalha agora está em tirar a lei do papel e colocá-la em prática. É direito da criança autista frequentar regularmente a escola, é um direito garantido por lei. A lei visa a efetiva integração/inclusão do estudante na vida escolar e social. LEI Nº 12.764, DE 27 DE DEZEMBRO DE 2012 Institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; e altera o § 3o do art. 98 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990. A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e estabelece diretrizes para sua consecução. 22 § 1o Para os efeitos desta Lei, é considerada pessoa com transtorno do espectro autista aquela portadora de síndrome clínica caracterizada na forma dos seguintes incisos I ou II: I - Deficiência persistente e clinicamente significativa da comunicação e da interação sociais, manifestada por deficiência marcada de comunicação verbal e não verbal usada para interação social; ausência de reciprocidade social; falência em desenvolver e manter relações apropriadas ao seu nível de desenvolvimento; II - Padrões restritivos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados por comportamentos motores ou verbais estereotipados ou por comportamentos sensoriais incomuns; excessiva aderência a rotinas e padrões de comportamento ritualizados; interesses restritos e fixos. [...] Para continuar a leitura da Lei 12.764 de 27 de dezembro de 2012, acesse o link indicado: Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12764.htm 3.3 Transtorno do Espectro Autista (TEA) - Escola, intervenção e inclusão Num primeiro momento, deve-se considerar o comportamento do estudante com autismo, verificar quais são suas características positivas e/ou negativas que requerem uma maior atenção de parte do professor e da escola. É importante que a escola mantenha uma equipe multiprofissional capacitada para atender esse aluno. A qualidade e a quantidade dos recursos sociais, curriculares e institucionais da escola, são fatores muito importantes para o desenvolvimento adequado desse aluno no contexto escolar. 3.4 Características do estudante autista que a escola deve considerar Deve-se considerar que o autismo possui uma alta variabilidade comportamental, de desenvolvimento, acadêmica e intelectual. Cada criança deve ser vista de forma diferente, pois cada uma apresenta características individuais do autismo. A identificação do tipo de comportamento e das dificuldades apresentadas pelo autista, servirão para a tomada de decisões na http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12764.htm 23 escola. A decisão sobre a escolarização mais adequada para cada aluno com transtorno do espectro autista depende, principalmente, dos recursos que a escola possui para garantir uma resposta adequada às suas necessidades educacionais. 3.5 Elaboração de adaptações curriculares A observação do desenvolvimento é fundamental no momento de realizar as adaptações curriculares. A avaliação deve considerar as competências funcionais do indivíduo e o contexto, e não somente sua conduta. Algumas dificuldades podem prejudicar o processo de observação, são elas: ➢ Falta de colaboração da criança (desatenção, oposição, hiperatividade, etc.); ➢ Dificuldade para entender as atividades propostas nas provas; ➢ Padrão de desenvolvimento pouco uniforme, ou seja, algumas áreas são muito desenvolvidas e outras escassamente desenvolvidas. Para Elena Martín (1997), a adaptação curricular consiste na acomodação ou ajuste da oferta educacional comum às necessidades, ao contexto e às possibilidades dos estudantes. É o conjunto de ações que devem ser consideradas. Essas ações podem variar de muitogerais ou comuns a muito específicas ou especializadas e, de transitórias a permanentes. Seu caráter é dinâmico e estão determinadas pela interação do estudante com seu ambiente escolar. As adaptações curriculares desenvolvidas pela instituição, devem oferecer uma resposta à diversidade que inclua um cenário educativo único e para todos, que responda às múltiplas características dos estudantes e com ênfase na identificação das suas áreas potenciais de desenvolvimento, necessidades, capacidades e talentos. 3.6 Inclusão escolar de alunos com autismo Segundo Chaves (2011), as características do aluno com TEA podem ser fonte de conflito no contexto escolar. Isso acontece porque a escola se baseia fundamentalmente na relação entre os membros do grupo e, especialmente na 24 comunicação verbal, que são as principais dificuldades para uma pessoa do espectro autista. É importante ressaltar que, muitas vezes, as atividades aplicadas em sala de aula podem passar desapercebidas ou são desinteressantes para o aluno com TEA. Por isso a inclusão em ambientes apropriados, necessária para a socialização do aluno com TEA, deve ser perfeitamente medida e adequada as suas possibilidades e à capacidade de acolhimento da escola. As decisões sobre a escolarização de crianças com TEA, nas quais o professor e a equipe multidisciplinar estão envolvidos, não serão fáceis de tomar. Por um lado, deve ser considerada uma intervenção específica, pois, esses alunos necessitam de recursos individualizados para a obtenção de uma resposta educativa positiva; mas também deve-se considerar, ao mesmo tempo, a importância que a integração tem para o crescimento pessoal do TEA ao permitir compartilhar suas aprendizagens, jogos e atividades com crianças da sua idade. A eficácia da intervenção escolar com esses alunos vai depender fundamentalmente da formação, da experiência e da motivação do professor. Importante “ O professor é quem começa a abrir a porta do mundo do autista, através de uma relação intersubjetiva, da qual derivam intuições educativas de grande valor para o desenvolvimento da criança” Rivière (1999) Ví deo O filme Uma Viagem inesperada, conta a história de Corine, mãe de gêmeos, que luta para garantir a inclusão social de seus filhos autistas. Neste filme é possível perceber as dificuldades que essa mãe enfrenta ao descobrir o transtorno de seus filhos. Vale a pena assistir! Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Xv6sIfaG6nk https://www.youtube.com/watch?v=Xv6sIfaG6nk 25 3.7 Síndrome de Asperger e Autismo – diferenças Segundo Williams & Barry (2008), a síndrome de Asperger é um dos Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e faz parte dos transtornos vinculados ao autismo. O termo síndrome de Asperger foi proposto por Lorna Wing em 1981, em homenagem ao pediatra e psiquiatra Hans Asperger. Embora as semelhanças entre o Autismo e Asperger sejam evidentes, também é possível destacar algumas diferenças. No autismo, todas as alterações são muito evidentes nos três primeiros anos de vida, enquanto que nas crianças com Asperger (ainda que esse transtorno se encontre dentro do espectro autista) não existe evidencia de atraso cognitivo e, na grande maioria, essas crianças possuem uma capacidade intelectual acima do normal. ASPERGER AUTISMO 1. Coeficiente intelectual geralmente acima do normal 1. Coeficiente intelectual geralmente abaixo do normal 2. O diagnóstico se realiza normalmente após os 3 anos de idade 2. O diagnóstico se realiza normalmente antes dos 3 anos de idade 3. Aparecimento da linguagem em tempo normal 3. Atraso na aparição da linguagem 4. Todos são verbais 4. Aproximadamente 25% são não verbais 5. Possuem Gramática e vocabulário acima da média 5. Possuem gramática e vocabulário limitados 6. Possuem interesse geral nas relações sociais Desejam ter amigos, mas se sentem frustrados por suas dificuldades sociais. 6. Possuem desinteresse geral nas relações sociais. Não querem ter amigos 7. Incidência de convulsões 7. Um terço apresenta convulsões 8. Lentidão geral 8. Desenvolvimento físico normal 9. As queixas dos pais são: problemas de linguagem, socialização e conduta 9. As queixas dos pais são os atrasos na linguagem 10. Interesses obsessivos de 'alto nível' 10. Nenhum interesse obsessivo de 'alto nível' Fonte:https://br.guiainfantil.com/autismo/153-diferencas-entre-asperger-e-autismo.html 26 Amplie Seus Estudos Leia o artigo Autismo e síndrome de Asperger: uma visão geral e saiba um pouco mais sobre esses dois transtornos. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbp/v28s1/a02v28s1.pdf Resumo da Aula No decorrer desta aula, estudou-se sobre o conceito do TEA (Transtorno do Espectro Autista) e sobre a legislação que busca garantir o direito da criança autista frequentar regularmente a escola. Refletiu-se sobre as ações que a escola deve realizar e, também, sobre as mudanças que devem ser feitas para garantir ao aluno autista um ambiente adequado de aprendizagem. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre o indivíduo com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e sua inclusão escolar, de acordo com os assuntos tratados nesta aula. Aula 4 - Desempenho acadêmico e social do estudante com TEA - Prognóstico e ações pedagógicas a partir da avaliação da aprendizagem Apresentação da aula Esta aula apresentará as principais características de uma escola inclusiva e as estratégicas metodológicas que devem ser utilizadas para a inclusão do aluno com TEA. Serão feitas algumas considerações sobre as principais ações que devem ser realizadas para acolher o aluno autista na escola. 27 4.1 A escola e o estudante com TEA – Transtorno do Espectro Autista – Adaptações necessárias Os primeiros anos do aluno autista na escola são muito complexos, pois a escola deve dar atenção especial às adaptações que devem ser feitas para o acolhimento e desenvolvimento desse aluno. As melhores experiências são oriundas do conhecimento do aluno, das suas necessidades e de um planejamento baseado em seus interesses, mediante a realização de atividades com estrutura e tarefas de passo a passo, que proporcionem um reforço contínuo à aprendizagem. O objetivo principal desta nova etapa deve ser a inclusão, a adaptação positiva do aluno à escola, à sala de aula e às atividades propostas. Manter uma sala de aula estruturada, que proporcione informações antecipadas sobre a jornada escolar, com materiais adaptados e com estratégias específicas. Todos esses fatores facilitam a inclusão. Fonte: http://maplebearnatal.com.br/estrutura.php No âmbito escolar, a equipe multiprofissional tem um papel determinante na identificação das necessidades dos alunos e, também, no acompanhamento do processo junto com os professores e com a família da criança autista. O trabalho desses profissionais é imprescindível para a elaboração de programas 28 de intervenção e para garantir que o trabalho em equipe atue de acordo com as necessidades do aluno autista. Segundo Menezes (2012), em geral a intervenção educacional pode ocorrer considerando dois enfoques: o evolutivo e o sistêmico. O primeiro propõe sequenciar os objetivos, competências e conteúdos e tem como referência o desenvolvimento da criança autista. O sistêmico tem como referência a análise dos ambientes nos quais a criança está inserida e se desenvolve. Saiba Mais Leia o artigo A inclusão de alunos com autismo em escolas Públicas de Angra Dos Reis e saiba mais sobre a inclusão do aluno autista. Disponível em: http://eduinclusivapesq- uerj.pro.br/images/pdf/A_INCLUSAO_DE_ALUNOS_COM_ AUTISMO_EM_ESCOLAS_PUBLICAS_DE_ANGRA_DOS _REIS.pdf 4.2 Adaptações curriculares De acordo com Hernández (1996), com relação ao currículo, são adaptaçõesnecessárias: Instruções e materiais de apoio ➢ Utilização de materiais como: lâminas, vídeos, modelos de trabalhos já terminados, desenhos, entre outros. Esses materiais ajudarão o aluno autista a compreender a temporalidade dos eventos, organizar suas ações em sequências lógicas e identificar a emoção que as situações produzem; ➢ Anotar na agenda escolar as atividades que o aluno tem que realizar; ➢ Mostrar em forma de desenhos (imagens) as regras de sala de aula e da escola; ➢ Descrever graficamente (com imagens), as sequências didáticas de uma atividade determinada; 29 ➢ Selecionar livros com ilustrações e com linguagem simples; ➢ Realizar modificações diretamente sobre o livro de trabalho, sobrepondo instruções, textos mais simples ou desenhos; ➢ Fornecer ilustrações, conceitos ou mapas conceituais, nos quais o aluno possa revisar ou reforçar os conhecimentos que está adquirindo. Adaptações de objetivos e conteúdos do currículo ➢ Escolher os temas que sirvam para o momento presente do aluno; ➢ Temas de maior aplicação prática na vida social e que possam ser aplicados a um maior número de situações; ➢ Que sirvam de base para aprendizagens futuras; ➢ Que favoreçam o desenvolvimento de suas funções cognitivas, tais como: atenção, percepção, memoria, compreensão, expressão, flexibilidade e simbologia. Todos esses fatores contribuem para favorecer a autonomia e a socialização. 4.2.1 Estratégias de avaliação A avaliação psicopedagógica dos alunos com TEA, deve garantir um conhecimento preciso e profundo relativo ao próprio indivíduo, à sua participação nos diferentes ambientes e ao modo no qual a família e os profissionais atendem suas necessidades particulares. Dessa forma, é muito importante garantir um enfoque multimodal, ou seja, os procedimentos e técnicas de avaliação que serão utilizados devem ser diversificados (entrevistas, provas, observação, etc.) e com a possibilidade de consulta a diferentes fontes para a obtenção da informação, tais como: família, professores, companheiros e profissionais externos. São algumas estratégias de avaliação do aluno autista: ➢ Realizar uma avaliação flexível e criativa. Preferivelmente, tátil do que auditiva; oral e prática do que teórica, diária no lugar de bimestral e baseada na observação do que em provas escritas. 30 ➢ Solicitar respostas verbais como: assinalar, desenhar, construir, entre outros. Usar respostas objetivas e evitar respostas teóricas, pois para o estudante esse tipo de questão é muito complexa. ➢ Preparar antecipadamente o tipo de formato de avaliação que será utilizado para avaliar o aluno. Cada tarefa, atividade ou exame, deve ter somente um objetivo, poucos estímulos e muitas instruções, pois o aluno autista tem muita dificuldade para interpretar vários conteúdos propostos. ➢ Importante que o professor leia a prova e exemplifique questões quando for necessário. A maioria das pessoas percebe e compreende perfeitamente o ambiente no qual está inserida, graças a uma série de sinais que ajudam o indivíduo a adaptar-se em diferentes contextos e, desta maneira, é possível perceber e prever as atividades que serão realizadas. Para o indivíduo autista, o ambiente se apresenta caótico e impossível de ser decifrado sem ajuda. Sendo assim, cabe ao professor mostrar e tornar compreensível esse ambiente. O principal objetivo da estruturação física, é fazer com que o indivíduo autista compreenda o ambiente e se desenvolva nele com autonomia, não somente no espaço escolar, mas também nos demais ambientes nos quais ele passa a maior parte do seu tempo. É necessário facilitar à criança a compreensão de diferentes espaços, não somente a sala de aula, mas também todo o espaço escolar, para isso é importante que lhe seja mostrado por meio de desenhos, símbolos ou qualquer outro tipo de sinalização que favoreça a orientação em diferentes espaços na escola. 4.3 Necessidades educativas especiais Alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), apresentam necessidades educativas especiais relacionadas principalmente com a comunicação e linguagem. Cada aluno possui necessidades individuais que dependem de uma série de aspectos, tais como: idade, nível intelectual, gravidade e outras variáveis. Portanto, conclui-se que as necessidades não são iguais para todos ou podem apresentar apenas algumas características comuns, centradas em habilidades comunicativas, sociais e de autonomia. Por isso é 31 necessária uma minuciosa avaliação psicopedagógica que identifique essas necessidades especiais. Curiosidade 40 Curiosidades sobre o Autismo Acesse para conhecer melhor o autismo. Disponível em: http://patosdeminas.apaebrasil.org.br/noticia.phtml/62723 4.4 Áreas de Intervenção Segundo Fontes (2009), o planejamento educativo para os alunos com TEA, deve centrar-se prioritariamente nas áreas mais alteradas associadas ao transtorno, são elas: relação social, comunicação e linguagem, desenvolvimento cognitivo e autonomia. 4.4.1 Área de interação social Área de interesse social é uma das que merecem mais atenção, pois é o aspecto no qual os autistas apresentam maiores dificuldades. Algumas ações, tais como; relacionamento com as demais pessoas, atitudes de colaboração, interesse e uso social dos objetos, são ações muito importantes para o desenvolvimento do indivíduo com autismo. 4.4.2 Área de comunicação e linguagem Nesta área os objetivos a serem alcançados são: desenvolvimento de estratégias de comunicação verbal e não verbal, desenvolvimento de estratégias de comunicação expressiva, funcional e geral e, também, entender as demandas do ambiente. 32 4.4.3 Área cognitiva Essa é uma das áreas que os alunos autistas apresentam maiores dificuldades, por isso é muito importante um planejamento de intervenção adequado. Algumas ações devem ser desenvolvidas, dentre elas temos: desenvolvimento da memória semântica, desenvolvimento de habilidades de compreensão, percepção e resolução de problemas. 4.4.4 Área de autonomia pessoal e social O aluno deve desenvolver-se de maneira que consiga alcançar, de forma gradual, maiores níveis de autonomia em todas as áreas do desenvolvimento, tais como: alimentação, higiene, vestimentas, atividades realizadas em família e na escola, além de aprender habilidades e destrezas para controlar o ambiente e sua conduta. Para Refletir Fonte: http://www.imgrum.org/user/espacoarima/1699681932/1263764156 534633983_1699681932 33 Ví deo O documentário O nome dela é Sabine, é um relato da atriz Sandrini Bonnaire que narra a vida e a história de sua irmã Sabine que foi diagnosticada com autismo. O filme discute a falta de preparo de algumas instituições, da sociedade e das famílias para lidar com o autismo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ig38tU_Wab8&t=522s Resumo da aula Nesta aula estudou-se sobre as características de uma escola inclusiva e as ações necessárias que devem ser praticadas para alcançar o desenvolvimento integral dos alunos com necessidades educativas especiais. Foi visto que os alunos com TEA necessitam de recursos materiais, espaciais e pessoais específicos para que possam atingir bons resultados na aprendizagem. E para finalizar, discutiu-se sobre a importância da colaboração e da participação contínua da equipe multiprofissional no cotidiano escolar do aluno autista. Atividade de Aprendizagem Discorra sobre o Transtorno do Espectro Autista e sobre as principais características dos déficits nos seguintes domínios: interação, comunicação e linguagem. 34 Resumo da disciplina Este material apresentou as concepções sobre a avaliação da aprendizagem, o conceito de TEA (Transtornodo Espectro Autista) e a inclusão do aluno autista. Viu-se quais são as principais caraterísticas desse estudante, quais são as suas principais necessidades escolares e quais são as ações que devem ser realizadas pela escola, professor e família para promover a aprendizagem adequada a esse estudante. A escola inclusiva é o espaço no qual o aluno autista terá a oportunidade de desenvolver-se de acordo com suas necessidades ajustadas à sua realidade. Entretanto, é importante ressaltar que a colaboração e participação da família são imprescindíveis para que haja a obtenção de resultados positivos no processo educativo. Por outro lado, verificamos que há necessidade de mais ações por parte da escola e das entidades responsáveis pela educação inclusiva, no sentido de favorecer o processo de aprendizagem do estudante autista e sua inclusão escolar e social, para que esse estudante possa ter uma educação de qualidade e que seja acompanhada por profissionais preparados para esse fim. 35 REFERÊNCIAS BEZERRA, Ada Augusta Celestino. 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