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A internação do paciente é sempre indicada, desde a pancreatite leve até a grave. É uma doença polimorfa, que se traduz por um processo inflamatório que pode limitar-se ao pâncreas, tecidos peripancreaticos ou órgãos adjacentes e sistemas remotos. Há lacunas em relação a sua etiopatogenia e evolução. Há controvérsias em relação ao tratamento Etiologia: • Doença litiasica e álcool correspondem a 80% dos casos e caracteriza-se por ativação inadequada das enzimas pancreáticas intra acinares. Devemos sempre fazer USG. • A ativação desencadeia uma cascata enzimática e imunológica que por mecanismos ainda desconhecidos pode levar a uma pancreatite leve, autolimitada e sem repercussão sistêmica e/ou local e de resolução espontânea em 80% a 90%. • Quadro de pancreatite aguda com complicações locais, repercussão sistêmica e DMO. 10 a 20% dos casos. Lembrar que um dos aspectos discutidos quando se analisam causas diferentes é a falta de homogeneidade do tipo da pancreatite tratada. Dessa forma, desde o inicio do quadro tentamos classificar as pancreatites a partir de parâmetros etiológicos, clínicos, evolutivos ou histológicos. Evolução da pancreatite A tomografia não é um bom exame para avaliar o inicio do quadro. Pedimos 48h depois do inicio do quadro. Não devemos operar nem muito cedo, nem muito tarde. Uma vez que a crise da pancreatite aguda for ativado, seja qual for sua etiologia, a partir da célula acinar pancreática acontecerá a ativação anômala de enzimas, ocorrendo um equilibro e/ou desequilíbrio dos mediadores inflamatórios e pro-inflamatórios. Segue o quadro: Na pancreatite aguda leve os mediadores levam a apoptose; e na grave necrose. Legenda: • PAL: pancreatite aguda leve • PAG: pancreatite aguda grave No PAG, está associada a complicações orgânicas e locais, tais como necroses, abscessos e pseudocistos. Clinica da PAG: • Dor abdominal progressiva • Distensão abdominal • Diminuição ou abolição dos RHA • Às vezes é possível palpar massa epigástrica • Raramente sinais de Cullen e Grey Turner • Temos os critérios de Ranson e Apache II para classificar a pancreatite A falência orgânica é definida pela presença d choque (PAS menor que 90mmHg), insuficiência pulmonar (PaO2 de 60mmHg ou menor), insuficiência renal (Cr de 2), após hidratação ou sangramento gastrointestinal maior que 500ml/24h. Outros parâmetros que ajudam a avaliar a forma grave são as repercussões sistêmicas da doença, traduzidas por: • Plaquetopenia • Fibrinogênio menor que 1,0g/L • Fração de fibrina maior do que 80 • Cálcio sérico • IL-10 • Proteína C reativa maior que 150mg/l Métodos de imagem: • USG abdominal, mesmo que não seja bom para ver o pâncreas, mas vemos cálculos e podemos definir a causa da PAG. Podemos ver a vesícula biliar (presença de cálculos), via biliar principal e se existe dilatação, eventualmente coleções na retrocavidade, dados úteis na conduta inicial e na determinação da etiologia da pancreatite. • TC padrão ouro. Precisa ser feita com contraste venoso oral. Deve ser feito depois de 48 a 72h do inicio do surto agudo. • Índice de Balthazar que avalia a perfusão do parênquima pancreático e o comprometimento da glândula e da região peripancreatica. Classificação de Balthazar: Formas de avaliação da PAG: Abordagem terapêutica: Devemos evitar o tratamento cirúrgico precoce, mantendo o tratamento conservador, e caso necessário cirurgia, evitar que ela seja muito tardia. PA leve: • Tratamento dividido em duas fases • Melhorar as condições clinicas do pct (jejum, hidratação, suporte HE e analgesia sistêmica). • Segunda fase: tratar o fator etiológico (colecistectomia na mesma internação com colangiografia). • A CPRE e a papilotomia endoscópica estão bem indicados em doentes com obstáculos no nível confluente biliopancreatico. PA grave: • Melhoras as condições clinicas do pct • Prevenir, tratar e limitar as complicações. Quando o pct evolui para a fase tardia, temos que entrar com a cirurgia. Abordagem clinica: • Limitar a intensidade da inflamação • Interromper a patogênese das complicações • Medidas de suporte e tratamento das complicações Tratamento da PAG: • Sempre devemos estar em UTI • Profilaxia antimicrobiana é controverso, você fazendo ou não fazendo não muda em nada. Não há uma resposta, mas há uma tendência a fazer atb profilático. Usados geralmente imipenem. A complicação mais temida da pancreatite é a necrose. Temos que identificar se a necrose é estéril ou infectada. Como? Punção da necrose por agulha fina. Veio bactéria? Manda para a cirurgia. Devemos tomar cuidado com os falsos positivos, mas até que se prove o contrário, é pancreatite infectada. Tratamento: aporte nutricional, pois geralmente os pcts entram em hipercatabolismo. Nunca devemos deixar o pct em jejum. Entrar com nutrição enteral ou parenteral. Na necrose estéril não fazemos cirurgia. Pancreatocolangiografia retrógrada endoscópica com clareamento da via biliar: Alguns autores recomendam a realização do procedimento ainda nas primeiras 72h da PAG, nos pacientes confirmadas a etiologia biliar E outros autores recomendam a abordagem endoscópica nos pcts que apresentarem evidências clinicas, laboratoriais e de imagem de obstrução da via biliar principal ou de colangite. CPRE só vamos fazer em casos de cálculos Tipo de abordagem cirúrgica e momento adequado: Sempre na segunda fase da doença, na fase tardia. Na fase inicial devemos fazer um suporte intensivo O tipo de cirurgia mais comum é o desbridamento cirúrgico (necrosectomia), sendo indicada para necrose infectada, na fase mais tardia da doença. O objetivo é evitar complicação séptica e tentar bloquear a produção dos bloqueadores pró-inflamatórios Quais os tipos: Alguns autores defendem deixar a barriga do pct aberta para não ter que ficar abrindo toda hora durante a o processo terapêutico. Pois a pancreatite é uma doença inflamatória e progressiva, necessitando, às vezes, de mais de um processo cirúrgico. Necrosectomia aberta: Para evitar que o doente fique com a barriga aberta, fechamos ele, colocamos um dreno entrando e outro saindo. Empacotamento aberto: Colocamos compressas e deixamos a barriga do pct aberta, depois vamos trocando a compressas e lavando. Barriga fechada: colocamos um dreno e fechamos O pâncreas é retroperitoneal, e uma das abordagens é entrar pelo retroperitônio e evitamos contaminar a parede anterior. Abordagem por endoscopia: é menos invasiva. Tratamento cirúrgico: Lava som soluções fisiológicas, tira a necrose, faz uma drenagem ampla, fecha ou deixa aberto. A necrosectomia pancreática pode ser feita por videolaparoscopia. Alguns pcts vão evoluir bem e outros mal. Não pedimos TC de imediato Atb não se faz, mas é controverso. Temos que avaliar caso a caso Avaliar os critérios de Ranson Sempre pedir PTC C Acompanhamento sempre interdisciplinar, com clinico e cirurgião, nutricionista. A cirurgia é indicada em necrose infectada, necrose estéril que o pct não esta melhorando e necrose hemorrágica. Sempre na fase tardia da doença. A sobrevida com PAG a mortalidade é muito alta.
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