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Sumário 1 – INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 2 2 – FONOLOGIA ............................................................................................................................ 2 2.1. Fonemas e Letras ...................................................................................................................... 2 2.2. Encontros vocálicos .................................................................................................................. 3 2.3. Encontros consonantais e dígrafos ........................................................................................... 4 2.4. Sílaba ........................................................................................................................................ 5 2.5. Acentuação gráfica ................................................................................................................... 7 2.6. Ortografia ................................................................................................................................. 8 3 – MORFOLOGIA ...................................................................................................................... 13 3.1. Estrutura e formação das palavras .......................................................................................... 13 3.2. Classes de palavras ................................................................................................................. 19 3.2.1. Substantivo .......................................................................................................................... 19 3.2.2. Artigo ................................................................................................................................... 26 3.2.3. Adjetivo ............................................................................................................................... 27 3.2.4. Numeral ............................................................................................................................... 33 3.2.5. Pronome ............................................................................................................................... 37 3.2.6. Advérbio .............................................................................................................................. 48 3.2.7. Preposição ............................................................................................................................ 50 3.2.8. Conjunção ............................................................................................................................ 53 3.2.9. Interjeição ............................................................................................................................ 56 3.2.10. Verbo ................................................................................................................................. 57 4 – A RELAÇÃO DETERMINANTE X DETERMINADO ........................................................ 76 5 – SINTAXE ................................................................................................................................ 78 5.1. Síntese do estudo dos termos e classificação das orações ...................................................... 78 5.2. Sinais de pontuação ................................................................................................................ 87 6. CONCORDÂNCIA NOMINAL ............................................................................................... 91 7. CONCORDÂNCIA VERBAL .................................................................................................. 93 8. EMPREGO DO INFINITIVO PESSOAL E IMPESSOAL .................................................... 107 9. CRASE .................................................................................................................................... 111 10. REGÊNCIAS VERBAL E NOMINAL ................................................................................ 113 11– REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 120 2 1 – INTRODUÇÃO Gramática Palavra de origem grega formada a partir de grámma, que significa “letra”. É o conjunto de regras {orais ou escritas} que auxiliam a sistematização de uma língua. Gramática normativa “(...) estabelece a norma culta, ou seja, o padrão linguístico que socialmente é considerado modelar e é adotado para ensino nas escolas e para a redação dos documentos oficiais” (PASQUALE & ULISSES, 1998, p. 16) Divisão da Gramática Normativa Fonologia = estuda os fonemas ou os sons da língua e a forma como esses fonemas dão origem às sílabas. Morfologia = estuda as palavras e os elementos que as constituem. Sintaxe = estuda as formas de relacionamento entre palavras e entre orações. É importante lembrar que essa divisão é a principal; existem, entretanto, divisões que, além das categorias acima, incluem outras, tais como: a semântica {estudo da significação das palavras} e a estilística {estudo do estilo, ou seja, dos diversos processos expressivos próprios para sugestionar, despertar o sentimento estético e a emoção}. 2 – FONOLOGIA 2.1. Fonemas e Letras Fonemas = são a menor unidade sonora de uma palavra falada. São sons elementares e distintivos que, articulados e combinados, formam as sílabas, os vocábulos e a teia da frase, na combinação oral. Ex.: os fonemas da palavra beleza são /b/, /e/, /l/, /e/, /z/, /a/. 3 Classificação dos fonemas a) Vogal: é o fonema produzido por uma corrente de ar vinda dos pulmões que passa livremente pela boca. As vogais funcionam como base da sílaba. b) Semivogal: é o fonema produzido como vogal, mas pronunciado mais fraco, com baixa intensidade. Não constitui sílaba sozinho e sempre acompanha uma vogal. c) Consoante: é o fonema que encontra obstáculos (língua, dentes, lábios) na corrente de ar vinda dos pulmões quando é produzido. Letras = são a representação gráfica dos sons da fala, dos fonemas. Não se deve confundir letra com fonema. Fonema é som {fala}, letra é o sinal gráfico que representa o som {escrita}. É por isso que nem sempre cada fonema corresponde a uma letra. Isso acontece porque nossa língua está presa à origem das palavras, à etimologia. Ex.: Exame, escreve-se com X e não com Z (*ezame) como se pronuncia {razão etimológica: substantivo de origem latina que era grafado “examen”.} Atenção: “1. A mesma letra pode representar fonemas diferentes: exame, xale, sexo, cera, cola. 2. O mesmo fonema pode ser figurado por letras diferentes: casa, exílio, cozinha. 3. Um fonema pode ser representado por um grupo de duas letras (dígrafos): machado, passado. 4. A letra X pode representar, simultaneamente, dois fonemas diferentes. Ex.: táxi/tácsi/; hexacampeão/egzacãpeãu/ 5. Há letras que, às vezes, não representam fonemas. Ex.: campo=/cãpu/; renda = /rẽda/ O “m” e o “n” nasalizam a vogal anterior. 6. Há letras simplesmente decorativas. Ex.: hotel, discípulo. 7. Há fonemas que, em certos casos, não se representam graficamente. Ex.: bem/bẽi/” (Fonte: VERDE, 2004, p.1) 2.2. Encontros vocálicos 4 É a união de fonemas vocálicos (vogais ou semivogais) em uma mesma sílaba ou em sílabas diferentes. Há três tipos de encontro vocálico: hiato, ditongo e tritongo. Hiato: é a sequência imediata de vogal + vogal. Ex.: baú Ditongo: é a sequência vogal + semivogal, ou vice-versa. - semivogal + vogal = ditongo crescente. Ex.: memória - vogal + semivogal = ditongo decrescente. Ex.: caixa Tritongo: é a sequência semivogal + vogal + semivogal (é indivisível porque contém uma única vogal). Ex.: Paraguai.Observação: Glaide (inglês Glide): fenômeno linguístico, somente assinalado na fala, em que se registra um embrião semivocálico na sílaba posterior ao primeiro ditongo de palavras como: baia (bai-ia), feio (fei-io), maio (mai-io), teia (tei-ia). Sacconi, Luiz. Nossa Gramática Contemporânea- teoria e prática. 1ª ed. São Paulo: Escala, s/d. 2.3. Encontros consonantais e dígrafos Encontro consonantal é a sequência de dois ou mais fonemas consonânticos numa palavra. Ex.: placa, creme, pneumático. Dígrafo é o grupo de duas legras representando um só fonema. lh: trilho am-an: lambada-cantar nh: manhã em-en: tempo, referendar qu: quebrar im-in: simpático, incêndio rr: terremoto om-on: bom, odontologia ss, sc, sç, xc: pressa, crescer, nasça, exceder um-un: atum, assunto EXERCÍCIOS 1) Classifique os encontros vocálicos: inauguração: cartório: 5 minguam: saguão: riacho: 2) Sublinhe os dígrafos e circule os encontros consonantais: chuchu obstruir exceção flagrante destaque público resenha aproximação compreender asseio pneumático atentado algazarra crescente quádruplo 2.4. Sílaba É uma vogal ou grupo de fonemas pronunciados numa só emissão de voz. A base da sílaba é a vogal; sem ela não há sílaba. 2.4.1. Classificação das palavras quanto ao número de sílabas: . monossílabas: uma sílaba . dissílabas: duas sílabas . trissílabas: três sílabas . polissílabas: mais de três sílabas 2.4.2. Sílaba átona, tônica e subtônica: . átona: não recebe acento gráfico ou prosódico (fraca). . tônica: recebe acento gráfico ou prosódico (forte). . subtônica: somente se apresenta em palavra derivada e é a sílaba que era tônica na palavra primitiva. Exemplos: mesa (tônica), tipo (átona), dedinho (subtônica) 2.4.3. Classificação quanto ao acento tônico: . oxítonas: a sílaba tônica é a última. Ex.: jogador. . paroxítonas: a sílaba tônica é a penúltima. Ex.: régua. . proparoxítonas: a sílaba tônica é a antepenúltima. Ex.: dólares. 6 EXERCÍCIOS 1) De acordo com o código, classifique as palavras quanto à tonicidade: a) oxítona b) paroxítona c) proparoxítona ( ) político ( ) revisão ( ) administrativo ( ) mandado ( ) egrégio ( ) desembargador ( ) alegação ( ) consoante ( ) público 2.4.4. Divisão silábica Atenção: não existe sílaba sem vogal explícita. 2.4.4.1. Não se separam: a) os ditongos crescentes* e decrescentes. Ex.: trégua, beijo. *os ditongos crescentes finais podem ser separados porque existem as duas pronúncias no Brasil. Ex.: secretaria (se-cre-ta-ria ou se-cre-ta-ri-a) b) os tritongos. Ex.: Uruguai (U-ru-guai) c) os dígrafos: ch, lh, nh, gu, qu. Ex.: querido (que-ri-do) d) os encontros consonantais constituídos de consoante + r e consoante + l. Ex.: reclamar (re-cla-mar), Brasil (Bra-sil). *Entretanto, quando o r e o l dos grupos consonantais br e bl forem pronunciados separadamente, deverão ocupar sílabas diferentes: sublinhar (sub-li-nhar). e) as consoantes não seguidas de vogal: ad-mi-rar. *No entanto, se a consoante não seguida de vogal iniciar a palavra, ficará junto da primeira sílaba: psicóloga (psi-có-lo-ga). 2.4.4.2. Separam-se: a) os hiatos. Ex.: ruim (ru-im), saída (sa-í-da); b) os encontros consonantais separáveis, obedecendo ao princípio da silabação. Ex.: confecção (con-fec-ção), subtrair (sub-tra-ir), occipital (oc-ci-pi-tal); c) os dígrafos: rr, ss, sc, sç, xc. Ex.: carro (car-ro), desça (des-ça). 7 *Na divisão silábica, não se levam em contra os elementos mórficos das palavras (prefixos, radicais, sufixos). Em razão disso, atente-se: bisavô (bi-sa- vô), desatento (de-sa-ten-to), transatlântico (tran-sa-tlân-ti-co), bisneto (bis-ne- to), transportar (trans-por-tar). EXERCÍCIO 1) Separe as sílabas dos vocábulos abaixo: previsto: feldspato: feérico: perspicaz: infecção: amnésia: eclipse: subalimentado: subentendido: desmaiado: entrância: gaiola: 2.5. Acentuação gráfica Acentuam-se: 1- todas as palavras proparoxítonas. Ex.: lâmpada. 2- todas as palavras paroxítonas. Ex.: amável, tórax, órfã, revólver. Exceto as terminadas em a(s), e(s), o(s), em, ens. Ex.:casa(s),abacate(s),sapato(s). Pela nova regra ortográfica, não se acentuam também os ditongos abertos “ei”, “oi” das paroxítonas. Ex.: assembleia, heroico 3- palavras oxítonas terminadas em a, e, o(s) (em, ens) Ex.: cipó, parabéns. 4- Vocábulos monossílabos tônicos terminados em a, e, o, (s) Ex.: pá, pé, pó. 5- Ditongos abertos em palavras oxítonas e nos monossílabos tônicos : éi, éu, ói. Ex .: herói, véu, dói. 6- O u e o i tônico dos hiatos, formando sílaba sozinhos ou com s. Ex.: viúva, faísca. Pela nova regra ortográfica, não se acentuam os hiatos: “oo”(Ex.:voo) e “ ee” (Ex.:creem) bem como o "i" e "u" tônicos que formam hiato em paroxítonas quando precedidos de ditongo. Ex.:baiuca, boiuna, cheiinho, saiinha, feiura, feiume 8 Obs.: Se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou seguidos de s), o acento permanece. Exemplos: tuiuiú, tuiuiús, Piauí 7- As palavras homógrafas. Ex.: para (verbo) para (preposição) Pela nova regra, não se usa o acento diferencial para distinguir palavras homógrafas. Exceto: pôde (pretérito perfeito) para distinguir de pode (presente) e pôr (verbo) para distinguir de por (preposição). EXERCÍCIOS 1) Acentue as palavras oxítonas , quando necessário: Sofa, ate, cipo, urubu,juriti, file, bogari, urutus, mocoto, coite, jilo,picoles,vintem,parabens. 2) Acentue as palavras paroxítonas, quando necessário: Orfã, imãs, facil, hifen, album, carater, torax, Queops, juri, lapis,textil,polen,dificil,albuns, Cama,abacate,limo,polens, hífens, itens,sambas,noite,naves,sapatos, camareira, retoques. 3) Acentue as palavras , quando necessário: orçamentaria, alcoolica, bonus, carcere, pratica (substantivo), lider, municipio, orfã, trafico (substantivo), trafico (verbo), sobrevoo, mantem (3ª p.s.), porem, mes, papeis, reu, egoismo, prejuizo, vitima, viuva, propos, averigue (3ª p.s. presente subjuntivo), creem, sair, intervem (3ª p.p.), moinho, xiita. 2.6. Ortografia ORTO = CORRETO GRAFIA = ESCRITA Parte da gramática que se preocupa com a correta representação escrita das palavras. Sendo fruto de uma convenção – acordos entre diversos países em que a língua portuguesa é oficial – segue, normalmente, um padrão estabelecido por lei, por isso a consulta a dicionários e a publicações oficiais ou especializadas deve ser uma constante para quem procura esclarecer dúvidas quanto à grafia de uma palavra. No Brasil, o sistema ortográfico obedece a critérios etimológicos [origem das palavras] e fonológicos. 9 Complete as palavras observando o processo de formação de cada grupo e a regra correspondente. 1) C OU Ç mu ___ulmano ___inema infra___ão mar___iano a___úcar cani___o isen___ão a___ude ado___ão anoite___ er dila___ão per___entual Regra: grafa-se Ç antes de a, o, u e C antes de e, i. 2) S ou SS preten___ão expan___ão ascen___ão asper___ao submer___ão Regra: os substantivos formados a partir de verbos cujos radicais terminem em nd ou rg são escritos com S. agre___ão ce___ão impre___ao admi___ao submi___ao regre___ão exce___o pre___ao percu___ão compromi___o Regra: os substantivos formados a partir de verbos cujos radicais terminem em: gred, ced, prim ou de verbos terminados em tir ou meter, são escritos com SS. 3) X ou CH en___oval en___aqueca en___ada en___ame en___ugar en___urrada en___otar en___erto en___er en___ente preen___eren___arcar en___apelar en___umaçar en___iqueirar Regra: depois da sílaba en-, escreve-se X, com exceção de encher (seus derivados) e de palavras em que a primitiva grafa-se com CH. amei___a cai___a fai___a frou___o ei___o dei___ar bai___o recau___utar Regra: depois de ditongo, grafa-se X, exceto _________________. me___er (verbo) me___erica me___erico me___a (substantivo) Regra: depois da sílaba me-, escreve-se X, exceto ________________________ . 10 4) S ou Ç lou__a elei___ão trai___ao mea___ão Regra: depois de ditongo, quando houver som de S, grafa-se a palavra com Ç. ou___adia cláu___ula pau___a mai___ena Regra: depois de ditongo, quando houver som de Z, grafa-se a palavra com S. 5) S ou Z amoro___o mafio___o gracio___o engenho___a teimo___a gaso___a pasto___a gosto___a Regra: os sufixos –OSO e –OSA são formadores de adjetivos. timide___ viuve___ frie___a triste___a sutile___a grande___a rigide___ macie___ Regra: os sufixos –EZ e EZA são formadores de substantivos abstratos. burgue___a duque___a barone___a francê___ polonê___ portuguê___ escoce___a chine___a Regra: os sufixos –ÊS e –ESA são usados para indicação de nacionalidade, título, origem. poeti___a profeti___a papi___a sacerdoti___a Regra: o sufixo – ISA é indicador de ocupação feminina. coloni___ar ameni___ar profeti___ar catequi___ar Regra: o sufixo – IZAR é formador de verbos. pu___ pu___emos pu___eram compô___ impu___er qui___er qui___éssemos qui___ Regra: as formas dos verbos pôr (+ derivados) e querer só se grafam com S. 11 Emprego de algumas palavras e expressões: 1) Acerca de/ a cerca de/ há cerca de -Acerca de = a respeito de. Ex.: Falei muito tempo acerca da viagem do ano passado. -A cerca de = distância aproximada. Ex.: Ela mora a cerca de cinco quarteirões da rodoviária. -Há cerca de = tempo aproximado. Ex.: Há cerca de vinte anos comprei um fusca. 2) Anexo/em anexo -Anexo = adjetivo, concorda com o substantivo a que se refere em gênero e número. Ex.: Vão anexos os documentos de todos os candidatos. -Em anexo = locução adverbial, fica invariável. (Obs.: condenada por alguns gramáticos) Ex.: Vão em anexo as procurações. 3) Ao nível de/a nível de Ao nível de = na mesma altura. Ex.: Várias casas foram construídas ao nível do mar. *agramatical = a nível de 4) A meu ver (em meu ver) = a meu modo de ver. Ex.: A meu ver, a decisão colegiada está correta. *agramatical = ao meu ver, ao meu modo de ver 5) Em face de/ face a -Em face de = diante de, ante. Ex.: Em face do exposto, peço a todos que se sentem. - Face a = locução considerada variação moderna de “em face de”. Não é admitida por alguns gramáticos [Domingos Paschoal Cegalla, por exemplo]; contudo, é abonada por outros estudiosos da língua, como o professor Celso Pedro Luft. Ex.: Face ao acontecido, não nos resta outra saída senão aceitar o caso. 6) Haja vista = o verbo fica invariável ou concorda com o substantivo que se segue à palavra vista. 12 Ex.: Não concordo com a decisão de primeiro grau, haja (ou hajam) vista os últimos entendimentos do STF. 7) Mal/mau -Mal = advérbio (contrário de bem). Ex.: Sabíamos que isso acabaria mal. -Mau = adjetivo (contrário de bom). Ex.: Ele é um garoto muito mau. -Mal = substantivo (doença). Ex.: O grande mal que a acometia era a enxaqueca. -Mal = conjunção (tempo). Ex.: Mal entrou, já tinha de sair. 8) Onde/aonde -Onde = lugar em que se está ou em que se passa algum fato. Ex.: Onde moro não tem praças como esta. -Onde = precedido de preposição + verbo de movimento. Exs.: Para onde irei? // De onde saíram tantas crianças? -Aonde = movimento ou aproximação. Ex.:Não consegui saber aonde ele foi. 9) Por que / por quê / porque / porquê -Por que = por qual razão, por qual motivo. Ex.: Por que o uso de algumas expressões é complicado? -Por que = preposição + pronome relativo. Ex.: A ponte por que vamos passar fica a dois quarteirões. -Por quê = final de frase, antes do ponto de exclamação ou interrogação. Ex.: Confirmado, por quê? -Porque = conjunção que equivale a “como”, “já que”, “pois”. Ex.: As mulheres sempre confundem o amor porque são mulheres. -Porquê = substantivo. Ex.: Tudo fica mais simples quando se entendem os porquês da história do Brasil. 10) Senão/se não -Senão = caso contrário, a não ser. 13 Ex.: Não fazia nada senão treinar. -Se não = orações condicionais, “caso não”. Ex.: Se não estudar bastante, as provas serão difíceis. 11) Vir ao encontro de/vir de encontro a -Ao encontro de: para junto de, favorável a. Ex.: A decisão de primeira instância veio ao encontro do que todos achavam ser o mais correto possível. (favorecimento) -De encontro a: contra, em prejuízo de. Ex.: A decisão de primeira instância veio de encontro ao que imaginava o réu. (contrariedade) 12) Sessão / seção / cessão -Sessão = espaço de tempo, reunião ou assembleia. Ex.: Os deputados mineiros precisaram de várias sessões para aprovarem o orçamento do próximo ano. -Seção = divisão, corte. Ex.: A requisição de materiais pode ser feita na seção de almoxarifado. -Cessão = ato de ceder (renúncia, desistência, empréstimo). Ex.: A biblioteca informou que a cessão de livros será interrompida durante as férias forenses. 3 – MORFOLOGIA 3.1. Estrutura e formação das palavras 3.1.1. Estrutura das palavras Morfemas = são as unidades de significação mínimas, ou seja, elementos significativos indecomponíveis. *Conhecer os morfemas é o mesmo que estudar a estrutura das palavras. Quando estudamos o modo como os morfemas se organizam e formam palavras, passamos a conhecer os processos de formação de palavras. Classificação dos morfemas (isto é, uma palavra pode apresentar estes elementos estruturais): radical, afixos, vogal temática, tema, vogal de ligação e consoante de ligação. 14 1) Radical (Lexema ou semantema) = morfema comum às palavras que pertencem a uma mesma família de significado. Nele se concentra a significação básica dessas palavras. Exemplo: fabric – ar // filh – i – nh – o – s A partir de um radical podemos formar várias palavras: fabricante filho fabricado filhinho fabricação filhote fabriqueta filharada fabril filial Observe que nessas palavras o radical, embora seja o mesmo, pode apresentar pequenas variações. Apesar disso, todas elas pertencem à mesma família de palavras (de significados). O conjunto de palavras que se agrupam em torno de um radical denomina-se família de palavras ou palavras cognatas. 1. Se a palavra terminar em consoante ou vogal tônica, ela toda é o radical. 2. Se a palavra terminar em vogal átona, esta vogal não entra no radical. Ex.: abacate, preto. 3. Se a palavra for derivada, encontre o radical da palavra primitiva. Ex.: pedreira, pedra Sacconi, Luiz. Nossa Gramática Contemporânea - teoria e prática. 1ª ed. São Paulo: Escala, s/d. 2) Afixos = são elementos que se juntam ao radical, modificando seu sentido básico. Podem ser derivacionais e gramaticais. Os afixos derivacionais formam palavras novas. Quando colocados antes do radical, são chamados prefixos; quando colocados depois do radical, são chamados sufixos. Veja: 15 Im produt ivo prefixo negação radical sufixo estado Os afixos gramaticais, também chamados desinências, são sempre colocados depois dos radicais. Há dois tipos de desinências: as desinências nominais informam o gênero e o número dos nomes. filh o s gênero (masculino) número (plural) filh a s gênero (feminino) número (plural) desinências verbais informam o modo, o tempo, o número e a pessoa dos verbos: vendê sse mos modo e tempo (imperfeito do subjuntivo) pessoa e número (1ª pessoa do plural) EXERCÍCIO Identifique os prefixos e os sufixos nas palavras a seguir: Inconstitucional: Governável: Alienação: Incompetente: Fundamentalmente: 3) Vogal temática = é a vogal que vem logo após o radical. Quando for o caso, serve também de elemento de ligação entre o radical e as desinências. 16 a) vogais temáticas nominais: são -a, -e e –o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca, perda, escola; triste, base, combate, destaque, sorte; livro, tribo, amparo, auxílio, resumo. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são desinências indicadoras de gênero, pois livro, escola e sorte, por exemplo, não sofrem flexão de gênero. É a essas vogais que se liga a desinência indicadora de plural: carro-s, mesa-s, dente-s. b) vogais temáticais verbais: são -a, -e e –i, criando três grupos de verbos a que se dá o nome de conjugações. primeira conjugação: (a) govern – a – va segunda conjugação: (e) mex – e – rá terceira conjugação: (i) ag – i - mos OBS.: a vogal átona final a não será vogal temática quando opuser o masculino ao feminino, pois, neste caso, o a será desinência de gênero. Ex.: gato, gata – moço, moça. Atenção: O verbo pôr e seus compostos pertencem à 2ª conjugação. Observe, por exemplo, que na forma verbal pusemos, a vogal temática é e. 4) Tema = é o radical acrescido da vogal temática. Ex.: canta (cant + a) 5) Vogal de ligação e consoante de ligação = são vogais e consoantes que, sem trazerem nenhuma informação gramatical ou modificação de sentido, vêm entre dois morfemas para facilitar a pronúncia. Ex.: 1) paulada (pau=radical, l=consoante de ligação, ada=sufixo) 2) gasômetro (gas=radical, ô=vogal de ligação, metro=radical) 3.1.2. Formação das palavras Nós, falantes da língua, podemos criar uma palavra sempre que seja necessário um nome para designar uma ideia ou um objeto novo. 17 Para isso, podemos formar uma palavra a partir de elementos já existentes na língua, adotar um termo de origem estrangeira ou alterar o significado de uma palavra antiga. As palavras assim criadas recebem o nome de neologismos. Existem, na língua portuguesa, muitos processos pelos quais se formam palavras. Os mais comuns são: a derivação e a composição. A) Derivação Ocorre quando, a partir de uma palavra primitiva, obtemos novas palavras (chamadas derivadas) por meio do acréscimo de afixos: 1 – prefixal (acréscimo de prefixo a um radical): reescrever 2 – sufixal (acréscimo de sufixo a um radical): felizmente 3 – prefixal e sufixal (acréscimo não simultâneo de um prefixo e de um sufixo a um radical): desamorosa 4 – parassintética (acréscimo simultâneo, ao mesmo tempo, de um prefixo e de um sufixo a um radical): empacotar OBS: Na derivação prefixal e sufixal, a palavra pode existir só com o prefixo ou só com o sufixo. Ex.: (in)felizmente – felizmente = forma existente Infeliz(mente) – infeliz = forma existente Diferentemente do que ocorre na derivação parassintética, a palavra só existe com a presença simultânea do prefixo e do sufixo. Ex.: (en)tardecer – “tardecer” = forma inexistente Entard(ecer) – “entard” = forma inexistente 5 – Regressiva: ocorre quando se retira a parte final de uma palavra primitiva, obtendo por essa redução uma palavra derivada. É um processo particularmente produtivo para a formação de substantivos a partir de verbos, principalmente da primeira e da segunda conjugações. Esses substantivos, chamados por isso deverbais, indicam sempre o nome de uma ação. O mecanismo para sua obtenção é simples: substitui-se a terminação verbal formada pela vogal temática + desinência de infinitivo (-ar ou -er) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e ou -o): buscar busca cortar corte recuar recuo 18 6 – Imprópria: ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma, muda de classe gramatical. Isso acontece, por exemplo, quando um substantivo é usado como adjetivo (homem morcego) ou quando um verbo é usado como substantivo (o jantar estava divino). EXERCÍCIO Indique o processo de derivação das palavras, conforme o código: 1 – prefixal 2 – sufixal 3 – prefixal e sufixal 4–parassintética 5–regressiva ( ) expropriar ( ) desvalorizar ( ) satisfação ( ) a venda ( ) descrença B) Composição Consiste em formar palavras com a união de dois ou mais radicais. Para que ocorra o processo de composição, é necessário estabelecer entre as palavras um vínculo permanente, que faz com que surja um novo significado: é o que ocorre quando formamos o composto amor-perfeito, que dá nome a uma flor. O significado não é o mesmo da expressão “amor perfeito”, na qual cada palavra mantém seu significado original: trata-se do sentimento amoroso manifestado de forma perfeita. Em amor-feito há uma única palavra que dá nome a um organismo vegetal. A composição pode ser de dois tipos: 1 – por justaposição: quando há junção sem que os radicais ou palavras sofram alteração fonética ou gráfica. Ex.: guarda-noturno, passatempo. 2 – por aglutinação: quando há junção com perda de elemento fonético. Ex.: planalto (plano + alto), embora (em+boa+hora) EXERCÍCIO Indique o processo de formação das palavras compostas a seguir: a) segunda-feira 19 b) arco-íris c) petróleo d) papel-moeda e) vinagre f) guarda-roupa 3.2. Classes de palavras Tradicionalmente, as palavras são divididas em dez classes gramaticais, segundo o critério mórfico: Variáveis Substantivo Invariáveis Advérbio Artigo Preposição Adjetivo Conjunção Numeral Interjeição Pronome Verbo 3.2.1. Substantivo É uma palavra variável (aceita flexão de gênero e de número) que é usada para dar nome a seres (pessoas, animais, lugares, instituições, grupos de indivíduos, de entes de natureza espiritual ou mitológica) e a objetos em geral. Serve ainda para indicar ações, estados, qualidades, sensações e sentimentos. Exemplos: Helena, sapo, sociedade, cidadania, espírito, acontecimento. A) Classificação: Simples = são formados de um só radical. Ex.: chuva, livro, flor. Compostos = são formados por mais de um radical. Ex.: guarda-chuva, guarda-livros, couve-flor. Primitivos = os que não derivam de outra palavra. Ex.: dente, pedra, carta. Derivados = formados a partir de outras palavras da língua (processo de derivação). Ex.: carteiro, dentista, pedreira. Comuns = designam seres da mesma espécie. Próprios = aplicam-se a um ser um particular. 20 Ex.: escrevente, animal, montanha. Ex.: José, Brasil, Marte. Substantivos Coletivos = são um tipo de substantivo comum que designam um conjunto de seres da mesma espécie: Coletivo Conjunto de Acervo Obras Alcatéia Lobos Antologia Trechos literários selecionados Assembleia Pessoas reunidas Banca examinadores Biblioteca Livros catalogados Cacho Frutas Choldra Assassinos ou malfeitores Chusma Pessoas em geral Cinemateca Filmes Corpo Eleitores, alunos, jurados Fauna Animais de uma região Falange Tropas, anjos, heróis Flora Vegetais de um região Hemeroteca Jornais e revistas Junta Médicos, examinadores, credores, bois Júri Jurados Molho Verduras, chaves Nuvem Insetos Orquestra Músicos B) Flexões: 1. Quanto ao gênero Concretos = designam seres que existem no plano real ou da fantasia. Ex.: Deus, armário,vento, homem, abacateiro. Abstratos = o que dão nome a estados, qualidades, sentimentos e ações. Ex.: tristeza, beleza, casamento, sede, beijo, abraço. 21 São dois os gêneros dos substantivos: masculino e feminino. A oposição masculino/feminino se realiza normalmente mediante o uso de desinências (a, essa, isa, etc.) e também : quando se pode antepor o artigo a, para substantivos femininos: a mulher, a gata, a semana, a menina, a terra, a mesa quando se pode antepor o artigo o, para substantivos masculinos: o homem, o gato, o dia, o menino, o mar, o pó. *OBS.: Se a oposição se realizar com palavras de radicais diferentes, não há flexão, mas heteronímia. Ex.: homem/mulher. 1.1. Quanto à formação do feminino: são biformes e uniformes Substantivos biformes: designam seres humanos ou animais que podem apresentar uma forma para o masculino e outra para o feminino: menino/menina, gato/gata, juiz/juíza, réu/ré. Heterônimos: apresentam radicais diferentes: cavaleiro/amazona pai/mãe boi ou touro/vaca bode/cabra Substantivos uniformes: apresentam uma única forma para os dois gêneros. Dividem-se em três tipos: comuns-de-dois, epicenos e sobrecomuns. “O uso das palavras masculino e feminino costuma provocar confusão entre a categoria gramatical de gênero e a característica biológica dos sexos. Para evitar essa confusão, observe que definimos gênero como um fato ligado à concordância das palavras em seu relacionamento linguístico: pó, por exemplo, é um substantivo masculino pela concordância que estabelece com o artigo o, e não porque se possa pensar num possível comportamento sexual das partículas de poeira. Só faz sentido relacionar o gênero ao sexo quando se trata de palavras que designam pessoas e animais, como, por exemplo, os pares professor/professora ou gato/gata. Ainda assim, essa relação não é obrigatória, pois há palavras que, mesmo pertencendo exclusivamente a um único gênero, podem indicar seres do sexo masculino ou feminino. É o caso de ‘criança’, palavra do gênero feminino que pode designar seres dos dois sexos.” (grifo nosso) (Gramática da Língua Portuguesa, Pasquale & Ulisses, 2002, p. 218) 22 Comuns-de-dois: usa-se o artigo para distinguir o sexo. Exemplos: o/a agente o/a colega o/a jornalista Epicenos: a especificação do sexo é feita mediante o uso das palavras: macho e fêmea. {*designam animais e algumas plantas} Exemplos: jacaré, onça, mamoeiro. Sobrecomuns: não há alteração nos substantivos nem nos artigos. Exemplos: o cônjuge, a testemunha, a vítima, o indivíduo. 2. Quanto ao número: Os substantivos flexionam-se também em número: - singular (um único ser ou um único conjunto de seres) ou - plural (há mais de um ser ou conjunto de seres). Na língua portuguesa a desinência que indica o plural é –s. 2.1. Formação do plural dos substantivos simples Quando a palavra terminar em Procedimento Complete o exemplo: - s - acrescentar –es - se paroxítona ou proparoxítona fica invariável - país: - o atlas: - algum ônibus: - vogal - ditongo oral - ditongo nasal -ãe - acrescentar –s - casa: - lei: - mãe: - al, el, ol, ul - trocar –l por –is - abdominal: - papel: - metanol: 23 - il - se oxítona trocar o –l pelo –s - se paroxítona trocar o –il por –eis - funil: - projétil: - m - substituir o -m por -n e acrescentar –s - aterrissagem: - som: - r - z - acrescentar –es - mar: - matiz: - x -são invariáveis. A indicação de número depende da concordância com algum determinante. *Alguns substantivos terminados em –x apresentam formas variantes terminados em –ce, nesses casos, utiliza-se a forma plural da variante) - o tórax: - um clímax: * - o cálix ou cálice = os cálices - o códex ou códice = os códices EXERCÍCIO Faça o plural dos substantivos a seguir, conforme o modelo: Balãozinho = balões + zinhos = balõezinhos a) algodãozinho ______________________________ b) aviãozinho ________________________________ c) gaviãozinho _______________________________ d) limãozinho ________________________________ e) papelzinho _________________________________ Quando a palavra termina em –ão: não há regras fixas, é necessário, portanto, maior treinamento dessas palavras. Balão = balões Eleição = eleições Figurão = figurões Botão = botões Leão = leões Sabichão = sabichões Coração = corações Opinião = opiniões Vozeirão = vozeirões Sótão = sótãos Cidadão = cidadãos Chão = chãos Bênção = bênçãos Cristão = cristãos Grão = grãos Órfão = órfãos Irmão = irmãos Vão = vãos 24 Órgão = órgãos Mão = mãos Alemão = alemães Cão = cães Capelão = capelães Capitão = capitães Charlatão = charlatães Escrivão = escrivães Pão = pães Sacristão = sacristães Tabelião = tabeliães Ancião = anciões, anciães, anciãos Guardião = guardiões, guardiães Ermitão = ermitões, ermitães, ermitãos. Verão = verões, verãos Anão = anões, anãos Vilão = vilões, vilãos. 2.2. Formação do plural dos substantivos compostos Regra geral: se a classe gramatical for variável (substantivo, adjetivo, numeral, artigo), há flexão. Caso contrário, se a classe gramatical não for variável (advérbio, verbo, prefixo), não há flexão. EXERCÍCIO Flexione os substantivos abaixo quanto ao número, levando em consideração a regra geral. Beija-flor = Alto-falante = Bate-boca = Grão-duque = Sempre-viva = Abaixo-assinado = Vice-presidente = Autoelogio = Recém-nascido = Ex-namorado = Guarda-civil = Bóia-fria = Cota-parte = Sexta-feira = Mão-boba = Peso-mosca = Casos em que o segundo elemento dá ideia de finalidade, semelhança ou limita o primeiro, há posições gramaticais diferentes. O professor Pasquale Cipro Neto, por exemplo, pluraliza somente o primeiro elemento: pombo-correio/pombos-correio. Contrariamente, o professor Sacconi acredita ser regra a pluralização dos dois elementos: escola-modelo/escolas-modelos. 25 Atenção: substantivos compostos que são grafados sem hífen são pluralizados conforme as regras dos substantivos simples: Aguardente = aguardentes Girassol = girassóis Malmequer = malmequeres Unidos por preposição: apenas o primeiro elemento vai para o plural: Palma-de-santa-rita = palmas-de-santa-rita Mula-sem-cabeça = mulas-sem-cabeça Pé-de-moleque = pés-de-moleque Pão-de-ló = pães-de-ló Ainda merecem destaque os seguintes substantivos compostos: - Palavras repetidas ou onomatopaicas: tico-tico = tico-ticos tique-taque = tique-taques reco-reco = reco-recos pingue-pongue = pingue-pongues - Palavras repetidas (verbo+verbo) bule-bule = bule-bules ou bules-bules corre-corre= corre-corres ou corres-corres pega-pega= pega-pegas ou pegas-pegas O bota-fora: os bota-fora o faz-de-conta: os faz-de-conta O topa-tudo: os topa-tudo o arco-íris: os arco-íris O paraquedas: os paraquedas o louva-a-deus: os louva-a-deus O salva-vidas: os salva-vidas o pisa-mansinho: os pisa-mansinho O diz-que-diz: os diz-que-diz o bem-te-vi: os bem-te-vis O bem-me-quer: os bem-me-queres EXERCÍCIO Flexione os substantivos abaixo quanto ao número, levando em consideração a regra geral e especiais. Ruge- ruge Ponta de estoque Couve-flor Guarda- florestal Guarda-roupa 26 3. Grau dos substantivos: “Os substantivos podem ser modificados a fim de exprimir intensificação, exagero, atenuação, diminuição ou mesmo deformação de seu significado. Essas modificações, que constituem as variações de grau do substantivo, são tradicionalmente consideradas um mecanismo de flexão. Você perceberá, no entanto, que não se trata de mecanismos de flexão – obrigatórios para a manutenção da concordância nas frases-, mas sim de processo de derivação e de caracterização sintática.” (grifo nosso – Pasquale & Ulisses, Gramática da Língua Portuguesa, p. 231) Graus aumentativo e diminutivo são formados por meio de dois processos: 1) sintético: acréscimo de sufixos. Na verdade, é um caso de derivação sufixal. gato: gatão (aumentativo sintético) gatinho (diminutivo sintético) 2) analítico: modificação feita por meio de um adjetivo. É um caso de determinação sintática. Gato: gato grande (aumentativo analítico) Gato pequeno (diminutivo analítico). 3.2.2. Artigo É a palavra que se usa antes de um substantivo para lhe dar um sentido definido ou indefinido. Observe o contraste: um cidadão/ o cidadão um aluno/o aluno uma flor/ a flor um cachorro/ o cachorro O artigo também indica o gênero e o número do substantivo: O desembargador entendeu ser o réu culpado pelo roubo dos automóveis. A jornalista recusou o convite da apresentadora Hebe Camargo. A empresa colocou em circulação o ônibus de dois andares. A empresa colocou em circulação os ônibus de dois andares. 27 Quando se antepõem os artigos a qualquer classe de palavras, elas adquirem o valor de substantivo. É a chamada derivação imprópria: É um falar que não termina nunca. // O aqui e o agora nem sempre dão certo. Classificação: - Indefinido: indica seres quaisquer dentro de uma mesma espécie, seu sentido é genérico. São: um, uns, uma, umas. Ex.: Pode dizer a ele para comprar o seguinte: dois limões, uns abacates, umas laranjas e algumas cebolas. -Definido: indica seres determinados dentro de uma espécie, seu sentido é particularizante. São: o(s), a(s). Ex.: Diga a ele para trazer a tesoura, o carretel de linha e a calça que estão em cima do criado. Combinação e contração dos artigos É muito frequente a combinação dos artigos definidos e indefinidos com preposições. O quadro seguinte apresenta a forma assumida por essas combinações. Preposição Artigo o,os a, as um, uns uma, umas A ao, aos à, às ____ ___ De do, dos da, das dum, duns duma, dumas Em no, nos na, nas num, nuns numa, numas por (per) pelo, pelos pela, pelas ____ ____ No emprego da norma-padrão, os artigos têm grande importância nas relações morfossintáticas, uma vez que determinam tanto a concordância nominal quanto a concordância verbal. Exemplos: As Minas Gerais são o berço de grandes juristas e políticos. (CV) A liberdade é necessária. (CN) 3.2.3. Adjetivo 28 É a palavra que caracteriza os seres, isto é, atribui-lhes qualidades (ou defeitos) e modos de ser, ou indica-lhes o aspecto ou o estado. Exemplo: Curso complexo, demorado, difícil, fácil. * Refere-se sempre a um substantivo explícito ou subentendido na frase, com o qual concorda em gênero e número. Exemplo: É meio dia e meia. (meio está concordando com o substantivo explícito “dia”, e meia com o substantivo implícito “hora”). * Atenção: ser adjetivo ou ser substantivo não depende de características morfológicas da palavra, mas sim da atuação do vocábulo dentro de uma frase. Exemplo: A jovem mãe desesperou-se ao ver o filho doente. {jovem é substantivo e mãe é adjetivo} A mãe jovem desesperou-se ao ver o filho doente. {mãe é substantivo e jovem é adjetivo} A) Classificação: Os adjetivos têm classificação idêntica à dos substantivos no que diz respeito à sua estrutura e formação: primitivos ou derivados, simples ou compostos. 1) Primitivos = não derivam de nenhuma outra palavra. Ex.: azul, brando, claro, alegre, verde, amarelo. 2) Derivados = formados por derivação de outras palavras. Ex.: cheiroso, invisível, esverdeado, entristecido. 3) Simples = um único radical em sua estrutura. Ex.: todos os exemplos dos itens 1 e 2. 4) Compostos = pelo menos dois radicais em sua estrutura. Exemplo: ítalo-brasileiro, sino-japonês, socioeconômico, sul-rio-grandense. 29 Adjetivos Pátrios: são aqueles referentes a países, estados, regiões, cidades ou localidades. Exemplos: Acre = acreano; Belo Horizonte = belo-horizontino; Ceará = cearense; Sergipe = sergipano; São Paulo (estado) = paulista; São Paulo (cidade) = paulistano. Adjetivos pátrios compostos: exigem, geralmente, que o primeiro elemento apresente uma forma reduzida, de origem normalmente erudita. Note, no quadro a seguir, que nem todos os adjetivos pátrios possuem formas reduzidas: África = afro- Europa = euro- Alemanha = germano- ou teuto- Finlândia = fino- América = américo- França = franco- Ásia = ásio- Galiza = galaico- ou galego- Austrália = australo- Grécia = greco- Áustria = austro- Índia = indo- Bélgica = belgo- Inglaterra = anglo China = sino- Itália = ítalo- Dinamarca = dano- Japão = nipo- Espanha = hispano- Portugal = luso- OBS.: Brasil – brasílico (não é erudito). EXERCÍCIO Forme adjetivos compostos para os substantivos a seguir. a) império chinês e japonês: b) conflitos alemães e brasileiros: c) literatura inglesa, francesa e provençal: d) línguas indianas e europeias: e) relações portuguesas e brasileiras: Locução adjetiva é uma expressão que equivale a um adjetivo. “Há muitos adjetivos que mantêm certa correspondência de significado com locuções adjetivas, e vice-versa. É o caso dos exemplos já citados paterno/de pai e bucal/da boca. A correspondência de significado nesses casos não significa que a substituição da locução pelo adjetivo correspondente seja sempre possível. Tampouco a substituição contrária é sempre admissível. Colar de marfim, por exemplo, é uma expressão cotidiana: seria pouco recomendável passar a dizer colar ebúrneo ou ebóreo, pois esses adjetivos têm uso restrito à 30 linguagem literária. Contrato leonino é uma expressão usada na linguagem jurídica: é muito pouco provável que os advogados passem a dizer contrato de leão. Em outros casos, a substituição é perfeitamente possível, transformando a equivalência entre adjetivos e locuções adjetivas em mais uma ferramenta para o aprimoramento dos textos, pois oferece possibilidades de variação vocabular.” (Pasquale & Ulisses, 2001, p. 252). EXERCÍCIO Transforme as locuções adjetivas em seus adjetivoscorrespondentes: a) mudança de jurisprudência: b) plano do sonho: c) decisão da maioria: d) caráter de homem: e) metodologia da cidade: f) crime de paixão: g) corrida da manhã: h) valor do dinheiro: i) preocupação de filho: j) alteração da constituição: B) Flexão: gênero, número e grau 1. Quanto ao gênero e ao número, o adjetivo concorda com o substantivo a que se refere. Exemplos: Um raciocínio estranho. // Uma mulher estranha. Governador audaz. // Governadores audazes. 2. Quanto ao gênero, os adjetivos fazem o feminino de duas formas: biformes e uniformes. - biformes, quando se troca a desinência de masculino para feminino Ex.: menino lindo/menina linda, rapaz mau/moça má - uniformes quando não há alteração Ex.: menino triste/menina triste, pássaro frágil/ave frágil 31 * Atenção, ficam invariáveis: hindu, cortês, pedrês, incolor, multicor, bicolor, tricolor e as formas comparativas maior, melhor, menor, pior, superior, inferior, anterior, posterior. 3. Quanto ao número, os adjetivos simples formam o plural do mesmo modo que os substantivos. - Ex.: Carlos lavrou campos intermináveis. *substantivo no papel de adjetivo, não varia: - Ex.: Os quadros tinham tons pastel // Vestidos balão. Nos adjetivos compostos, observa-se a seguinte regra: varia em gênero e número somente o último adjetivo. Exemplo: Cabelos castanho-escuros. // moça moreno-clara Tratado luso-brasileiro // Tratados luso-brasileiros Intervenção médico-cirúrgica // Intervenções médico-cirúrgicas Exceção: surdo-mudo e novo-rico variam os dois elementos: Surdo-mudo, surda-muda, surdos-mudos, surdas-mudas, novo-rio, nova-rica, novos-ricos, novas-ricas - quando a última palavra usada na formação do adjetivo composto for um substantivo, este fica invariável. Exemplo: blusa amarelo-ouro, blusas amarelo-ouro recipiente verde-mar // recipientes verde-mar Observação: os adjetivos compostos com as cores azul e verde só variam os que tiverem composição com claro e escuro. EXERCÍCIO Flexione os adjetivos abaixo: a) bermudas (verde-abacate): b) vestidos (gelo): c) olhos (azul-claro): d) tapetes (azul-marinho): 32 e) bolsas (azul-pavão): f) abordagens (socio-político-econômico): g) crianças (surdo-mudo): 4. Quanto ao grau, os adjetivos variam quando se deseja comparar ou intensificar as características que atribuem aos substantivos. Existem dois graus do adjetivo: o comparativo e o superlativo. a) Comparativo: compara-se a mesma característica atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais características atribuídas a um mesmo ser. -de igualdade: tão + adj. + quanto (ou como) Ex.: Ele é tão exigente quanto (ou como) seu pai. -de superioridade: - analítico: mais + adj. + (do) que Ex.: Estamos mais atentos (do) que eles. - sintético: maior, menor, melhor, pior + (do) que Ex.: Minha voz é pior (do) que a sua. -de inferioridade: menos + adj. + (do) que Ex.: Somos menos passivos (do) que eles. * As formas analíticas correspondentes (mais bom, mais mau, mais grande, mais pequeno) só devem ser usadas quando se comparam duas características de um mesmo ser: Ex.: Todo corrupto é mais mau (do) que esperto. Formas sintéticas para o grau comparativo de superioridade dos adjetivos: bom, mau, grande e pequeno são, respectivamente, melhor, pior, maior e menor. b) Superlativo: a característica atribuída pelo adjetivo é intensificada de forma relativa ou absoluta. - relativo: essa intensificação é feita em relação a todos os demais seres de um conjunto que a possuem. O superlativo relativo pode exprimir superioridade ou inferioridade e é sempre expresso de forma analítica: Exemplos: Ele é o mais atento de todos. (superioridade) Ele é o menos crítico de todos. (inferioridade) - absoluto: essa intensificação é feita em relação a um determinado ser, transmitindo ideia de excesso. O superlativo absoluto pode ser analítico ou sintético. Exemplos: Você é muito crítico (analítico) 33 Você é exigentíssimo (sintético) “Muitos adjetivos possuem formas irregulares para exprimir o grau superlativo absoluto sintético. Muitas dessas irregularidades ocorrem porque o adjetivo, ao receber o sufixo, reassume a forma latina. É o caso dos terminados em –vel, que assumem a terminação -bilíssimo (volúvel – volubilíssimo, indelével - indelebilíssimo)” (Pasquale & Ulisses) Adjetivos terminados em –io não precedidos de e formam o superlativo absoluto sintético em: –iíssimo: sério-seriísimo // necessário-necessariíssimo // frio-friíssimo Exceção: feio-feísimo e cheio-cheíssimo. 3.2.4. Numeral Classe de palavras que indica um número exato de coisas e de seres, ou mostra a posição que ocupam numa determinada ordem. A) Tipos: 1) cardinais: indicam quantidade (um, dois, três, etc.); 2) ordinais: indicam ordem (primeiro, segundo, terceiro, etc.); 3) multiplicativos: indicam aumentos proporcionais de quantidade (dobro, triplo, quádruplo, etc.); 4) fracionários: indicam diminuição proporcional da quantidade (metade, um terço, um décimo, etc.) Quadro de numerais: Numerais cardinais e ordinais Algarismos Cardinais Ordinais Arábicos Romanos 1 I Um Primeiro 2 II Dois Segundo 3 III Três Terceiro 4 IV Quarto Quarto 5 V Cinco Quinto 34 6 VI Seis Sexto 7 VII Sete Sétimo 8 VIII Oito Oitavo 9 IX Nove Nono 10 X Dez Décimo 11 XI Onze Décimo primeiro, undécimo ou onzeno 12 XII Doze Décimo segundo, duodécimo ou dozeno 13 XIII Treze Décimo terceiro, tércio-décimo ou trezeno 14 XIV Catorze ou Quatorze Décimo quarto 15 XV Quinze Décimo quinto 16 XVI Dezesseis Décimo sexto 17 XVII Dezessete Décimo sétimo 18 XVIII Dezoito Décimo oitavo 19 XIX Dezenove Décimo nono 20 XX Vinte Vigésimo 21 XXI Vinte e um Vigésimo primeiro 30 XXX Trinta Trigésimo 40 XL Quarenta Quadragésimo 50 L Cinquenta Quinquagésimo 60 LX Sessenta Sexagésimo 70 LXX Setenta Setuagésimo ou septuagésimo 80 LXXX Oitenta Octogésimo 90 XC Noventa Nonagésimo 100 C Cem Centésimo 200 CC Duzentos Ducentésimo 300 CCC Trezentos Trecentésimo 400 CD Quatrocentos Quadringentésimo 500 D Quinhentos Quingentésimo 600 DC Seiscentos Seiscentésimo ou sexcentésimo 700 DCC Setecentos Setingentésimo ou septingentésimo 800 DCCC Oitocentos Octingentésimo 900 CM Novecentos Nongentésimo ou noningentésimo 1.000 M Mil Milésimo 10.000 X Dez mil Décimo milésimo 100.000 C Cem mil Centésimo milésimo 1.000.000 M Um milhão Milionésimo 1.000.000.000 M Um bilhão ou bilião Bilionésimo 35 Numerais multiplicativos Duplo, dobro ou dúplice (2 vezes) Óctuplo (8 vezes) Triplo ou tríplice (3 vezes) Nônuplo (9 vezes) Quádruplo (4 vezes) Décuplo (10 vezes) Quíntuplo (5 vezes) Duodécuplo (12 vezes) Sêxtuplo (6 vezes) Cêntuplo (100 vezes) Séptuplo (7 vezes) Numerais fracionários Meio ou metade Oitavo Terço Nono Quarto Décimo Quinto Onze avos Sexto Doze avos Sétimo Centésimo B) Flexões: cardinais: variam em gênero um/uma; dois/duas; aqueles que indicam centenas (cento e dois dálmatas / cento e duas rosas); os números de duzentos em diante (duzentos/duzentas). Em número, variam os cardinais como milhão, bilhão, trilhão (milhões, bilhões, trilhões, etc.). Os demais cardinais são invariáveis. ordinais: variam em gênero e número (primeiro/primeira, segundos/segundas). multiplicativos: invariáveis quando têm função substantiva. {A garotinha imprimiu o dobro de força nas duas mãozinhas} . variáveis em gênero e número, quando têm função adjetiva. {O jacaré deu duplas rabanadas na água} fracionários: variáveis em gênero e número: um terço, uma terça parte, dois terços, duas terças partes. C) Emprego: 36 1) Para sefazer a leitura dos numerais romanos, conforme preceitua a língua culta, são necessárias as seguintes construções: usam-se ordinais até décimo e, após, os cardinais. João Paulo II (__________ ) Ato II (_____________ Canto IX (__________) Século VIII (___________) João XXIII (____________) Capítulo XX (___________) Tomo XV (_____________) Século XX (____________) 2) Para leitura e escrita de leis, decretos e portarias: usam-se ordinais até nono e cardinais de dez em diante: Artigo 1º (primeiro) Artigo 9º (nono) Artigo 10 (dez) Artigo 21 (vinte e um) 3) Dias do mês utilizam-se cardinais, exceto o primeiro dia. Dois de agosto. Primeiro de novembro. 4) Numeral anteposto ao substantivo: ordinal. O décimo terceiro capítulo. O vigésimo primeiro canto. O décimo terceiro artigo do código. O vigésimo segundo dia do mês de janeiro. 5) Ambos/ambas são numerais: Newton e Rubens perceberam que trabalhar em conjunto é uma questão de solidariedade. Ambos participam neste momento de comissões em plenários diversos da Câmara dos Deputados. É lícito o uso de: ambos os dois, ambos a dois, ambos de dois, ambos dois. Não usar um antes de mil: O quadro custou mil reais. Milhão e milhar são palavras masculinas: os cinco milhões de garrafas. 37 Um é numeral cardinal quando indica quantidade exata e artigo definido quando indica um ser indeterminado. Exemplos: Um botão-de-rosa foi o suficiente para quebrar o clima. (numeral) Ela só precisava de um cão para proteger a casa. (artigo indefinido) 3.2.5. Pronome Palavra que representa os seres ou se refere a eles. Quando o pronome substitui um substantivo é chamado de pronome substantivo e quando acompanha o substantivo para caracterizá-lo ou determiná-lo é chamado de pronome adjetivo. Ex.: “Escolas de órgãos ligados à administração pública em Minas Gerais buscam o seu fortalecimento. Para isso, elas se uniram e fundaram a Rede de Escolas de Formação de Agentes Públicos de Minas Gerais (Reap-MG)”. (Fonte: www.tjmg.gov.br, notícias, 28/1/2005) Pronome substantivo: “elas” substitui o substantivo “escolas”. Pronome adjetivo: “seu” acompanha o substantivo “fortalecimento”. EXERCÍCIO Indique o valor dos pronomes destacados nos trechos abaixo, conforme o código: 1 – substantivo 2 – adjetivo “Ele ( ) ficou vermelho de raiva. Maria ficou branca de susto. Fábio nasceu com icterícia (amarelo). João ficou cianótico (roxo). Essas ( ) expressões usuais no dia a dia demonstram como as cores estão relacionadas com os processos mais básicos e vitais do ser humano.” (Jornal Pampulha, 27/11/2004). “Efetivamente todos ( ) reclamam, inclusive os magistrados, da lentidão do Judiciário em nosso ( ) país. Pouco tem sido feito para irradicá-la ( ).” (Jornal o Tempo, 22/6/2004) http://www.tjmg.gov.br/ 38 CLASSIFICAÇÃO: A) Pronomes pessoais = indicam diretamente as pessoas do discurso. Número Pessoa Caso Reto Caso Oblíquo Átono Tônico (são regidos por preposição) Singular 1ª 2ª 3ª eu tu ele, ela me te se, o, a, lhe mim, comigo ti, contigo si, ele, consigo Plural 1ª 2ª 3ª nós vós eles, elas nos vos se, os, as, lhes nós, conosco vós, convosco si, eles, consigo Emprego dos pronomes pessoais Caso Exemplo: 1. Os pronomes retos devem ser usados como sujeito ou predicativo do sujeito e os oblíquos como objeto. - O funcionário registrou o ponto de saída ontem, mas hoje parece que ele se esqueceu de fazer o mesmo. - Não lhe obedecerei por muito tempo. 2. Quando os pronomes retos (exceto eu e tu) vierem precedidos de preposição, passam a funcionar como pronomes oblíquos. - Dei a eles todos os papéis de que necessitavam. 3. Os pronomes eu e tu, quando forem sujeitos de um verbo no infinitivo, podem vir precedidos de preposição. Caso contrário, devem ser substituídos pelas formas oblíquas correspondentes mim e ti. - Há uma grande diferença entre eu pagar à vista ou a prazo. -Não direi mais nada sobre eu e ela (ERRADO) -Não direi mais nada sobre mim e ela (CERTO) 4. Os pronomes oblíquos funcionaram como sujeito quando forem empregados com os verbos causativos e sensitivos (deixar, fazer, ouvir, mandar, sentir, escutar) seguidos de infinitivo. - Deixe-o ir. - Mande-a calar senão farei uma loucura. 39 5. Os pronomes si e consigo somente devem ser usados com valor reflexivo. - O rapaz atribuiu a si a produção daquela publicação polêmica. - Trazia consigo a lembrança daquela tarde tempestuosa. 6. Os pronomes conosco e convosco são utilizados em sua forma sintética quando não há determinantes (ambos, mesmos, outros, todos e numeral). Se aparecerem esses determinantes, usam-se, respectivamente, “com nós” e “com vós” - Eles gostariam de ir conosco ao cartório. - Eles gostariam de ir com nós todos ao cartório. 7. Os pronomes de tratamento, apesar de indicarem a segunda pessoa ou o interlocutor, exigem que o verbo seja empregado na terceira pessoa. - Você está com todas as peças processuais de que precisa? - Informamos a V.S.ª que poderá sair de férias no mês em que lhe for conveniente. 8. Objetos diretos = o, a, os, as Objetivos indiretos = lhe, lhes, a ele, a ela Objetos diretos ou indiretos=me, te, se, nos, vos - Ela o ama. - Entreguei-lhe todos os documentos. - Sorte sempre me escolheu. 9. Os pronomes “o” e “a” sofrem adaptações fonológicas depois das seguintes terminações verbais: a) “R”, “S”, “Z” cortam-se essas letras e acrescenta-se “L” ao pronome. b) “M” ou som nasal acrescenta-se “n” ao pronome. - Fiz a última tentativa de reconciliação. Fi-la. - Consertaram o computador. consertaram-no. EXERCÍCIOS 1) a) Chegaram vários ofícios, mas não havia nenhum para ___________ . b) Não é tarefa para ___________ desenvolver este tema. c) Este tema não é tarefa para ___________ desenvolver por enquanto. d) É mais fácil para ___________ acreditar nesse escândalo do que para ele. A opção que completa, corretamente, as lacunas acima é: a) mim – eu – mim – eu b) mim – mim – eu – mim c) eu – eu – mim – mim 40 2) Reescreva as frases, trocando os termos destacados pelos pronomes oblíquos correspondentes, de acordo com a língua culta: a) Eu vi Marcos no centro de Belo Horizonte ontem à tarde. b) Assisti à palestra hoje pela manhã. c) Os médicos disseram que iriam amenizar o sofrimento com notícias breves. d) Ofereceram guloseimas a todos. e) Deram a Judite uma casa nova. f) Entreguei aos alunos todas as provas corrigidas. g) Comprei o livro. h) Refiz os exercícios. * Pronomes pessoais de tratamento Para se dirigir a Pronome de tratamento/abreviatura Vocativo Particulares e demais autoridades (diretores, chefes de seção, superintendentes e militares até coronel) Vossa Senhoria = V.S.ª Senhor Reitores de universidades Vossa Magnificência = V.Mag.ª Magnífico Reitor Papa Vossa Santidade = V.S. Santíssimo Padre Cardeais ou cardeais- arcebispos Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima = V. Em.ª Eminentíssimo Senhor Cardeal ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal Altas autoridades Vossa Excelência = V.Ex.ª Excelentíssimo Senhor Sacerdotes Vossa Reverendíssima ou Vossa Reverência = V.Rev.ma / V.Rev.ª Reverendíssimo Sacerdote ou Reverendo Reis, imperadores Vossa Majestade = V.M. Majestade Príncipes, duques e arquiduques Vossa Alteza = V.A. Alteza São pronomes de tratamento: Senhor, Senhora (tratamento cerimonioso), você e vocês (tratamento familiar). 41 B) Pronomes possessivos = atribuem a posse de algo a alguma pessoa do discurso. Número Pessoa PronomesSingular 1ª 2ª 3ª meu, minha, meus, minhas teu, tua, teus, tuas seu, sua, seus, suas Plural 1ª 2ª 3ª nosso, nossa, nossos, nossas vosso, vossa, vossos, vossas seu, sua, seus, suas Emprego dos pronomes possessivos Caso Exemplo 1. Os pronomes me, te, nos, vos, lhe (e variações) podem aparecer no lugar dos possessivos, embelezando o estilo. - Suprimiram-nos o direito de recorrer da decisão = Suprimiram nosso direito de recorrer da decisão. 2. O pronome seu (e variações) pode causar ambiguidade. Para evitá-la, usam-se as formas: dele, de você, do senhor. - Madalena subiu ao quarto andar com sua coordenadora. - Madalena subiu ao quarto andar com a coordenadora dela. 3. É facultativo o uso do artigo antes do possessivo. - Meu filho / o meu filho 4. O possessivo pode não indicar posse, mas afeto, cortesia, respeito. - Minha cara colega, conforme-se! - Fique à vontade, minha Senhora. - Minhas Senhoras e meus Senhores. EXERCÍCIO 1) Sublinhe nas frases os pronomes que foram usados com valor possessivo: a) O filho beijou-lhe as mãos em sinal de respeito. b) Deram-lhe alguns trocados. c) Em meus sonhos, as águas do mar vinham acariciar-me os pés. d) Encontraram-no bem animado para o carnaval. e) Calar-nos a voz será a última coisa que conseguirão. 42 C) Pronomes demonstrativos = indicam a localização, a posição dos seres, colocando-os no espaço, no tempo ou no próprio discurso. Pessoa Pronomes 1ª este, esta, estes, estas, isto (deste, neste, disto ...) 2ª esse, essa, esses, essas, isso (dessa, nessa, nisso, disso ...) 3ª aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo (daquele, naquele, naquilo ...) Emprego dos pronomes demonstrativos: este(s);esta(s);isto;esse(s);essa(s);isso;aquele(s);aquela(s);aquilo. P A Ç O Perto de quem fala (1ª pessoa) Ex.: Gostei deste livro aqui. Perto de quem ouve (2ª pessoa) Ex.: Adorei esse livro que está com você. Perto da 3ª pessoa, distante dos interlocutores. Ex. Aquele rapaz morava perto da sua casa. T E M P O Presente Ex. Nesta semana, organizarei todo o armário de materiais. Passado próximo. Ex.: Nesse último ano, trabalhei muito e realizei bons negócios. Passado distante. Ex.: Temos muitas recordações de 1980, naquele ano realizamos o sonho da casa própria. D IS C U R S O -Referente ao que ainda vai ser dito. Ex.: Esta notícia nos deixou surpresos: Amélia chega hoje. -Referente ao lugar de onde se escreve. Ex.: Nesta sala cabem dois quadros. - Referente ao último elemento citado em uma enumeração. Ex.: Chegaram processos criminais e cíveis, estes serão cadastrados antes daqueles. -Referente ao que já foi dito. Ex.: Os governos federal, estadual e municipal são os principais figurantes de processos judiciais. Esses governos desmerecem qualquer crédito dos cidadãos. * -Referente ao lugar para onde se escreve. Ex.: Informo a V.Ex.ª que todos os processos dessa Vara já foram cadastrados. -Referente ao que está afastado do remetente e do destinatário. Ex.: Convido sua equipe a participar dos jogos de verão que serão realizados em Contagem. Os prêmios e certificados serão entregues naquela cidade. - Referente ao primeiro elemento citado em uma enumeração. Ex.: Chegaram processos criminais e cíveis, estes serão cadastrados antes daqueles. * Se o termo a que se referem estiver muito próximo aos pronomes, também é lícito usarem-se os pronomes: este, esta, isto. Ex.: Flores do campo, estas são as minhas preferidas. 43 EXERCÍCIO 1) Complete as frases, usando os pronomes demonstrativos este, esse, isto, isso, aquele (ou flexões), conforme preceitua a norma culta. a) ________ documento que tens à mão, caro amigo, é importante. b) Guarde bem _________ palavras que estou lhe dizendo. c) Esta caneta é _________ que ganhei de presente. d) Sua participação mais efetiva no sindicato, _________ é o que mais desejamos agora. e) Os consumidores lesados com multas estão sendo orientados pelo Juizado Especial das Relações de Consumo e pelo Procon. _________ deve ser procurado primeiro pelos consumidores, _________ só depois de esgotadas todas as alternativas de negociação com os bancos. D) Pronomes relativos = referem-se a um termo anterior. Invariáveis Variáveis que, quem, onde (quando equivale a no qual) o qual, os quais, a qual, as quais cujo, cujos, cuja, cujas quanto, quantos, quantas Emprego dos pronomes relativos Caso Exemplo 1. “Que” refere-se à pessoa ou coisa (não se usa com as preposições sem e sob). - Os despachos que digitei estão excelentes. - Já li a notícia a que você se referiu. 2. “Quem” refere-se à pessoa ou coisa personificada. - Clara, esta é a secretaria de quem lhe falei. 3. “O qual” (e flexões) refere-se à pessoa ou coisa (usado no lugar de “que”). - Este é o dicionário eletrônico sem o qual não poderia desempenhar a função de revisor. 4. “Cujo” (e flexões) estabelece uma relação de posse entre o antecedente e o termo que especifica. Atenção: não se pode usar artigo depois desse pronome. - Simplesmente, ela é uma mulher de cujas opiniões ninguém gosta. 5. “Onde” = lugar (equivale a em que, no qual) “Aonde” = somente usado com verbos dinâmicos. - Onde estarás o amor de minha infância. - O advogado quer saber o lugar aonde pode ir amanhã. 44 EXERCÍCIO 1) Complete as frases empregando os pronomes relativos adequados, precedidos ou não de preposição: a) Nesta semana, o forte furacão __________ passou pela Flórida deixou centenas de pessoas desabrigadas. b) Não são estes projetos os __________ têm prioridade na empresa. c) Foram muitos os governos __________ gastos resultaram numa vultuosa dívida pública. d) Todas as agências __________ nos dirigimos estavam com o sistema fora do ar. e) Alguns fumantes, __________ entrada no salão foi proibida, queixaram-se à gerência. f) Sempre admirei o jeito __________ me falava quando queria minha atenção. g) O chofer __________ paguei a corrida era espanhol. h) O empresário para __________ trabalhamos reconhece nosso valor. i) O salão do clube __________ passamos o réveillon estava repleto. j) A foto __________ negativos lhe enviei ficaram ótimas. k) O apartamento __________ residia o síndico esta à venda. l) Tantos __________ viram o filme gostaram. m) Sua compreensão foi tudo __________ desejei naquela hora. n) A recepcionista __________ eu me informei foi atenciosa. o) O garçom, __________ você pagou a conta, não recebeu gorjeta. p) Este é o projeto _________ ele participou desde o início. q) Minha família, __________ separação pareceu difícil, apoiou a viagem. r) Todas __________ desfilaram esta noite vestiam modelos da linha Versage. s) Não li o livro __________ resumo foi pedido pelo professor. t) Venceram aqueles jovens __________ honestidade acreditamos. u) Conheci o poeta mineiro __________ poemas foram publicados na edição de ontem do jornal. v) Fez o anúncio __________ todos ansiavam. w) Avise-me __________ consistirá o curso. x) Existe um decreto __________ devemos obedecer. y) Foi bom o jogo __________ assisti. z) Era nobre o objeto __________ visava. aa) Nem todos aceitam a ideia __________ eu concordo. bb) “O controle biológico de pragas, __________ o texto faz referência, é certamente o mais eficiente e adequado recurso __________ os lavradores dispõem para proteger a lavoura sem prejudicar o solo.” cc) “A linguagem especial, __________ emprego se opõe o uso da comunidade, constitui um meio __________ os indivíduos de determinado grupo dispõem para satisfazer o desejo de autoafirmação.” dd) “Veja bem esses olhos __________ se tem ouvido falar.” ee) “Veja bem esses olhos __________ se dedicaram muitos versos.” ff) “Veja bem esses olhos__________ brilho fala o poeta.” gg) “Veja bem esses olhos __________ se extraem confissões e promessas.” 45 hh) “Paisagens da minha terra __________ o rouxinol não canta.” ii) “Quem sou eu senão a imponderável árvore dentro de uma noite imóvel E __________ presas remontam ao mais triste fundo da terra?” jj) A casa __________ você esteve foi reformada. kk) Aquela é a caneta __________ fiz o exame. ll) Sejamos gratos a Deus, __________ tudo devemos. mm) Traga tudo __________ lhe pertence. nn) Leve tantos ingressos __________ quiser. oo) Levarei alguns livros na viagem, __________ pretendo encher o tempo. pp) “Por fim, entrou, numa rua larga, com muitas árvores, através __________ se avistava o rio.” qq) “... uma catedral imensa, __________ torres tocavam o céu.” rr) O futebol é um esporte __________ o povo gosta muito. ss) É perigoso o local __________ você se dirige. tt) “Minha terra tem palmeiras ________ canta o sabiá.” E) Pronomes indefinidos = referem-se à 3ª pessoa do discurso de forma vaga, imprecisa. Invariáveis Variáveis Quem, alguém, cada, outrem, ninguém, outrem, algo, tudo, nada, onde, alhures, algures, nenhures, mais, menos, demais. Algum, nenhum, todo, vário, certo, outro, muito, pouco, quanto, tanto, qual, qualquer, um, bastante. Locuções pronominais indefinidas Cada qual, qualquer um, tal e qual, seja qual for, seja quem for, todo o mundo, todo aquele que, quem quer que, um ou outro, todo o mundo, tais e tais, tal qual. Emprego dos pronomes indefinidos Caso Exemplo 1. “Todo, vário, certo, qualquer” são pronomes adjetivos indefinidos quando antepostos a um substantivo; mas, se pospostos a ele, são adjetivos. - Qualquer homem merece respeito (pronome indefinido) - O sindicalista falou como um homem qualquer. (adjetivo) 2. “Todo” = inteiro (no singular + artigo) “Todo” = qualquer (sem artigo) - Todo o prédio do Tribunal de Justiça passou por uma longa reforma. (o prédio do TJ) - Todo prédio do Tribunal de Justiça passou por uma longa reforma. (qualquer prédio que pertença ao TJ) 46 3. “Muito, tanto, pouco, bastante, menos, mais” serão pronomes indefinidos quando estiverem em função substantiva ou adjetiva. Se determinarem verbos, adjetivos ou outros advérbios serão advérbios. - Comeu muito pão. (pronome indefinido) - Comeu muito rápido. (advérbio) 4. O pronome “algum” anteposto ao substantivo tem sentido positivo. Quando vier posposto ao substantivo, terá sentido negativo e de conotação mais forte que “nenhum”. - Alguma coisa muito importante está acontecendo no Congresso Nacional. (positivo) - Não precisaremos de homem algum para levar esta cama pesada. (depreciação) F) Pronomes interrogativos = empregados para formular interrogações diretas ou indiretas. Invariáveis Variáveis que, quem qual, quanto Emprego dos pronomes interrogativos Quem veio com você? (interrogativa direta) Conte-me quem veio com você. (interrogativa indireta) G) COLOCAÇÃO PRONOMINAL PRÓCLISE (pronome antes do verbo) No Brasil, há prioridade pela próclise. Portanto, se houver fator de próclise, não se usa mesóclise nem ênclise. Usa-se a próclise quando houver: a). advérbio . Ex.: Sempre o vi na escola. b). palavra de sentido negativo. Ex.: Não me engane. c). pronomes relativos. Ex.: Há pessoas que nos querem bem. d). conjunções subordinativas. Ex.: Quando me viu, assustou-se. e). pronomes indefinidos . Ex.: Tudo me alegra. f). orações optativas. Ex.: Deus o guarde! g). orações exclamativas. Ex.: Como te iludes! h). orações interrogativas. Ex.: Quando nos visitará? 47 MESÓCLISE. (pronome no meio do verbo) Usa-se a mesóclise quando o verbo estiver no futuro do presente ou do pretérito. Ex.: Realizar-se-á uma grande obra aqui. Falar-lhe-ia a teu respeito. Atenção: se o sujeito vier expresso na oração ou houver palavra atrativa, usa-se a próclise. Ex.: Eu lhe falarei a teu respeito. Não lhe falaria a teu respeito. ÊNCLISE (pronome depois do verbo). Usa-se a ênclise quando houver: a). períodos iniciados pelo verbo (que não seja o futuro), pois, na língua culta, não se abre frase com pronome oblíquo átono. Ex.: “Diga-me com quem você anda”. b). orações reduzidas de gerúndio. Ex.: “O anão chegara-se a Inocência, tomando-lhe uma das mãos.” Exceto em expressões tais como: em se tratando, em se pensando. c). orações imperativas afirmativas. Ex.: “Romano, escuta-me”. d). depois de vírgula. ( Essa regra é bem flexível, pois depende do contexto.) Ex.: “Como ela não o viu , pediu-me que lhe desse o recado”. Colocação dos Pronomes nos tempos compostos. Nos tempos compostos,os pronomes átonos se juntam ao verbo auxiliar, jamais ao particípio. Ex.: Os amigos o tinham prevenido. Os amigos tinham-no prevenido. Colocação dos pronomes nas locuções verbais . Nas locuções verbais, os pronomes átonos se juntam ao verbo auxiliar ou à forma nominal. Ex.: Verbo auxiliar + infinitivo. Devo calar-me, ou devo-me calar, devo me calar. Verbo auxiliar + gerúndio. Vou-me arrastando, ou vou me arrastando , ou vou arrastando-me. Em síntese, nas locuções verbais e nos tempos compostos , os pronomes podem vir em qualquer posição, exceto depois do particípio.( Essa é a posição da maioria dos gramáticos.) Alguns, no entanto, postulam que o fator de próclise deve prevalecer.) 48 3.2.6. Advérbio Palavra invariável que modifica essencialmente um verbo, um adjetivo, um outro advérbio ou toda uma oração. Essa modificação exprime circunstâncias que caracterizam o processo verbal que será desenvolvido no texto, por isso, ele é um importante elemento revelador de sentido no texto. Exemplos: a) Acordei tarde. (advérbio modificando verbo – circunstância de tempo) b) Helena ficou muito triste. (advérbio modificando o adjetivo “triste” – circunstância de intensidade) c) Não o esperávamos tão cedo. (advérbio modificando outro advérbio “cedo” – circunstância de intensidade) d) Infelizmente, ele teve o que merecia. (advérbio modificando toda uma oração – circunstância de modo que indica lamentar o falante sobre o que aconteceu). Locuções adverbiais: conjunto de duas ou mais palavras com valor de advérbio. Ex.: de repente, às cegas, pela manhã, a esmo, dia a dia (diariamente), às pressas, às vezes, a pé, etc. Classificação: Existem inúmeros sentidos/circunstâncias na língua portuguesa, sendo que a maior parte se liga ao verbo. Veja a seguir as principais circunstâncias adverbiais e alguns advérbios e locuções que podem exprimi-las: “1) lugar – aqui, aí, ali, cá, lá, acolá, além, longe, perto, dentro, adiante, defronte, onde, acima, abaixo, atrás, algures (= em algum lugar), alhures (= em outro lugar), nenhures (= em nenhum lugar); em cima, de cima, à direita, à esquerda, ao lado, de fora, por fora, etc. 2) tempo – hoje, ontem, onteontem, amanhã, atualmente, brevemente, sempre, nunca, jamais, cedo, tarde, antes, depois, logo, já, agora, ora, então, outrora, aí, quando; à noite, à tarde, de manhã, de vez em quando, às vezes, de repente, hoje em dia, etc. 3) modo – bem, mal, assim, depressa, devagar, rapidamente, lentamente, facilmente (e a maioria dos terminados em – mente); às claras, às pressas, à vontade, à toa, de cor, de mansinho, de cócoras, em silêncio, com rancor, sem medo, frente a frente, face a face, etc. 49 4) afirmação – sim, decerto, certamente, efetivamente, seguramente, realmente; sem dúvida, por certo, com certeza, etc. 5) negação – não, absolutamente, tampouco; de modo algum, de jeito nenhum, etc. 6) intensidade – muito, pouco, mais, menos, ainda, bastante, assaz, demais, bem, tanto, deveras, quanto, quase, apenas, mal, tão; de pouco, de todo, etc. 7) dúvida – talvez, guiçá,
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