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Leandro Medeiros – P3B Farmacocinética Aspectos gerais - definição Parte da farmacologia que estuda os eventos após a administração do fármaco até sua eliminação do organismo Fornece dados sobre o início da resposta do fármaco, tempo para atingir o pico sérico, tempo e magnitude do efeito e seu desaparecimento Terapêutica racional: prevenir, reverter ou atenuar um processo patológico Aspectos gerais - processos farmacocinéticos Principal proteína plasmática albumina Objetivo do metabolismo = transformar o fármaco numa substância mais polar (mais facilmente solúvel na urina, facilitando a excreção) Absorção - definição Passagem do fármaco do seu local de administração para a circulação sistêmica (corrente sanguínea) Membranas biológicas Composição Estômago: absorção de fármacos Intestino delgado: principal local de absorção de fármacos no TGI Única via de administração que não passa por absorção é a via intravenosa ou endovenosa Os fármacos são introduzidos com características apolares, e são metabolizados a fim de transformá-los em substâncias polares Absorção – biodisponibilidade Porcentagem na qual uma dose do fármaco chega ao seu local de ação, ou a um líquido biológico a partir do que o fármaco chega ao seu local de ação Alterações na biodisponibilidade de fármacos Consequências IMAO + alguns alimentos MAO (monoamina-oxidase) Localização: cérebro, TGI, fígado, rins Principal via de degradação da 5-HT MAO-A: degradação de 5-HT, NA, adrenalina, DA, tiramina Drogas que inibem a MAO-A estão relacionadas com o tratamento da depressão MAO-B: degradação de DA, 5-HT, NA, adrenalina, tiramina Drogas que inibem a MAO-B estão relacionadas com o tratamento de Parkinson Antidepressivos: fenelzina, tranilcipropina, moclobemida (inibem a MAO-A) e selegilina (inibem a MAO-B) Depressão: relacionada com a depressão de noradrenalina e serotonina Parkinson: relacionada com a depressão de dopamina Tiramina: amina biologicamente ativa, presente em alimentos, metabolizada no TGI e fígado pela MAO e com ação de vasoconstrição (aumento da PA) Alimentos ricos em tiramina = carnes processadas, peixe, queijos (cheddar, muçarela, requeijão e outros), salsicha, salame, mortadela Paciente que faz uso de IMAO precisa ter uma dieta restrita a alguns alimentos Comprometimento da biodisponibilidade Antibióticos + anticoncepcionais O antibiótico atua eliminando a microbiota intestinal, o que compromete a absorção de anticoncepcionais, favorecendo a gestação Absorção – características Fármacos estáveis no TGI vários Fármacos instáveis no TGI penicilinas G, insulinas Devem ser utilizados pela via parenteral Absorção – pH do meio e grau de ionização do fármaco pH do meio Influencia a ionização de fármacos ácidos e básicos Alteração na lipossolubilidade e hidrossolubilidade de fármacos ácidos e básicos Fármacos ácidos: AAS, AINEs (anti-inflamatório não esteroidais), tiopental, fenobarbital, ácido ascórbico, fenitoína Fármacos básicos: morfina, petidina, papaverina, atropina, diazepam, propranolol Alcalinização da urina Uso do NaHCO3 (EV) Bicarbonato de sódio: utilizado em casos de suicídio por fenobarbital, um medicamento ácido Acelera a eliminação de fármacos ácidos (AAS, fenobarbital) Reduz a quantidade do fármaco no SNC Tecido inflamado Redução do efeito de anestésicos locais Inibe os canais de sódio, impedindo a transmissão do impulso nervoso Atua no canal pelo lado intracelular dele Absorção – anestésico local + vasoconstritor Efeito Redução da absorção devido à contração do vaso sanguíneo Consequências Diminuição da passagem do fármaco administrado no local para o vaso, reduzindo os efeitos indesejáveis (como arritmias, convulsões) Aumento do fármaco no local de administração, aumentando da duração do efeito anestésico no local Aumento da área anestesiada Pacientes hipertenso e extremidades = deve-se evitar anestésicos locais com vasoconstritor Absorção – intoxicação Lavagem gástrica Carvão ativado Se liga a diversos fármacos, não é absorvido e são eliminados pelas fezes Distribuição – definição Distribuição do fármaco pelos diversos compartimentos corporais Distribuição – fração livre e ligada as proteínas Fármacos com alta ligação as proteínas plasmáticas Varfarina (99%) Fenitoína (90%) Distribuição – BHE Barreira entre sangue e cérebro Estabelece troca entre os mesmos Passagem Necessária para ação de drogas sobre o SNC (drogas pequenas e lipossolúveis) Alteração na barreira Inflamação, isquemia, hipertensão, soluções hipertônicas Tratamento de meningite: oxacilina, penicilina G vs aminoglicosídeos, vancomicina (via intratecal) Anti-histamínicos H1: prometazina, dimenidrinato vs fexofenadina, loratadina Anticonvulsivantes, antidepressivos, antipsicóticos, ansiolíticos/hipnóticos, anestésicos gerais, opioides: efeito depende de atravessar a BHE Distribuição – barreira placentária Toxicidade para o feto Talidomida: membros deformados Anticoagulante: hemorragia Tetraciclinas: dentição e crescimento anormal Sulfonamidas: icterícia neonatal Medicamentos só devem ser usados na gravidez se medidas não farmacológicas forem insuficientes Biotransformação – definição Processo que envolve a conversão enzimática de uma entidade química em outra Biotransformação – reações metabólicas Fase 1 (oxidação, redução e hidrólise) Fase 2 (conjungação) Indução enzimática: carbamazepina, fenitoína, fenobarbital, etanol crônico, rifampicina Carbamazepina, fenitoína, fenobarbital = anticonvulsivantes Inibição enzimática: cetoconazol, eritromicina, claritromicina, verapamil, diltiazem, cimetidina, cloranfenicol Indutores/inibidores do citocromo P450 (3A4) + Anticoncepcionais Macrolídeos Benzodiazepínicos BCC Estatinas Biotransformação – intoxicação por paracetamol Glutationa = responsável pela conjugação com o metabólito hepatotóxico, favorecendo a eliminação dele e evitando a hepatotoxicidade Dose terapêutica máxima no Brasil – 4g/dia Qual a dose que desencadeia hepatotoxicidade? Não se sabe ao certo Condições que favorecem intoxicação: consumo exagerado de álcool (indução do CYP), jejum, má nutrição (depleção glutationa) Sinais clínicos: dor subcostal direita, hepatomegalia dolorosa, icterícia, lesão renal Desintoxicação: lavagem gástrica, acetilcisteína (IV/oral) e carvão ativado (até 4h) Acetilcisteina = substância que estimula a produção de glutationa Eliminação – definição Consiste na eliminação do corpo da substância quimicamente inalterada ou de seus metabólitos Eliminação - desintoxicação pH e ionização Alcalinização da urina: aumento da excreção de fármacos ácidos Vias de administração – escolha da via Fatores Efeito local ou sistêmica Idade do paciente Conveniência Obediência do paciente ao regime terapêutico Tempo necessário para início do efeito Duração do tratamento Propriedade da droga Vias de administração – características Efeito de 1ª passagem Após atravessar o epitélio gastrintestinal, os fármacos são transportados pelo sistema porta até o fígado antes de passar para a circulação sistêmica Vias de administração – formas de apresentação Comprimidos Cápsulas Drágeas Soluções Suspensões Xaropes Elixir Vias de administração – características Modalidade mais conveniente, segura, econômica Efeito local ou sistêmico Vias de administração – desvantagens Gosto desagradável na boca Irritação da mucosa gástrica (êmese, dor, diarreia) Precisa contar com a cooperação do paciente Alguns fármacos não podem ser usados pela VO Vias de administração – apresentações orais Apresentações convencionais Apresentações de liberação controlada (liberada em local específico, aumentada, reduzida) Vias de administração – apresentações de liberação controlada Características Liberar o fármaco de forma rápida, lenta ou em região específica do TGI Menor frequência de administração do medicamento que as apresentações convencionais Maior adesão ao tratamento Menos oscilações dos níveis plasmáticos do fármaco Manutenção do efeito terapêutico Menos incidência e/ou intensidade de efeitos indesejáveis Altos níveis plasmáticos dofármaco nas apresentações convencionais Importância do uso Analgesia, epilepsia, hipertensão, diabetes, etc AAS vs AAS tamponado vs AAS revestimento entérico Adalat vs adalat retard vs adalat oros Tegretol vs tegretol CR Glifage vs glifage XR Carbolitium vs carbolitium CR Profenid vs profenid retard Voltaren vs voltarem retard Lado esquerdo = apresentação oral Lado direito = apresentação de liberação controlada Vias de administração – características Via sublingual Absorção rápida Início de ação rápido Fármaco passa para veia cava superior (evita efeito 1ª passagem) Exemplos: mononitrato de isossorbida Via retal Importância em crianças, pacientes com êmese Absorção mais lenta, menos completa e mais imprevisível que a VO Ação local: fleet enema, supositório de glicerina Ação sistêmica: anti-inflamatórios, analgésicos, mucolíticos Via tópica Efeito local (pele ou mucosas) Importância dermatológica Formas = pomadas, cremes, sprays Via transdérmica Usados para promover efeito sistêmico Drogas mais usadas nicotina, estrógenos/progesteronas, fentanil Via respiratória Broncodilatadores Corticoides Antibióticos Anestésicos gerais Via parenteral: utilização de agulha Intravenosa ou endovenosa (EV) Intramuscular (IM) Subcutânea (SC) Intradérmica Intra-arterial Intratecal ou subaraquinóidea (administração LCR) Epidural ou peridural (antes da dura-máter) Intra-articular Intracárdica Intraóssea Intrassinovial Vantagens da via parenteral Administração em pacientes que não cooperam, inconscientes ou com náuseas e vômitos Algumas drogas não podem ser administradas pela VO Administração de medicamentos e alimentos (NPT) Início de ação rápido (emergências) Pode ser titulada Apresentações IV/IM Desvantagens da via parenteral Dor no local Efeitos indesejáveis surgem de forma rápida Riscos de infecção Necessidade de antagonistas Apresentações apenas IM (penicilina G benzatina) Vias de administração – via endovenosa Biodisponibilidade completa Administração do medicamento de forma precisa, rápida e em alta concentração Administração bolus vs infusão contínua Medicamentos EV/IM vitamina K, fenobarbital, difenidrinato, ceftriaxona Bomba de infusão contínua (BIC) = utilizada na administração de fármacos em paciente na velocidade e no tempo necessário (maior precisão) Vias de administração – via intramuscular Volume < 3,0 mL Absorção rápida Início de ação rápido Apresentações de depósito Penicilina G benzatina Anticoncepcionais Glicocorticóides Vias de administração – via subcutânea Volume pequeno (<1,5 mL) Absorção lenta Administração de insulina, anestésicos locais
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