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DROGAS VASOATIVAS Profª Carolina Nóvoa Fernandes DROGAS VASOATIVAS (DVA) • São substâncias que apresentam efeitos diretos ou indiretos no sistema vascular periférico, no sistema pulmonar ou cardíaco, atuando com respostas dose dependente de efeito rápido ou curto, através de receptores situados no endotélio vascular. • visam corrigir as alterações cardiovasculares, no intuito de restaurar a oferta de oxigênio (DO2) e de nutrientes aos tecidos, reequilibrando essa oferta ao consumo de oxigênio (VO2) e às demandas metabólicas. Fármaco Dose e efeito Indicações Adrenalina Apresentação: ampola de 1 ml com 1 mg Diluição: SF 0,9%, SG 5% e SG 10% • Até 0,3 mcg/Kg/min: ação predominantemente β (↑DC e vasodilatação periférica) • > 0,3 mcg/Kg/min: ação β e α –adrenérgica (↑ RVS e a PA, com efeitos variáveis sobre o DC). RCP, choque cardiogênico e distributivo, estados de mal asmático e crises de asma intensa, casos graves de reação anafilática com edema de glote e de VAS e Broncoespasmo. Noradrenalina Apresentação: 1 amp 4mg/4ml Diluição: SF0,9%, SG5% e SG 10%. • Age em receptores α-1 e β-1. • Aumento da PAM, ITSVD e da contratilidade cardíaca sem deteriorar o DC e aumentar a FC. Sepse hiperdinâmica, choque séptico,↑ resistência vascular sistêmica e choque cardiogênico por IAM. Dobutamina Apresentação: ampola 250 mg/20ml Diluição: SF0,45%, SF0,9%, SG5%, SG10%, RS e RL • 2 – 10 mcg/Kg/min= inotropismo +↑ do índice cardíaco. • > 10 mcg/Kg/min = cronotropismo, continua o ↑ do índice cardíaco podendo ocasionar ↑ do consumo de O2 e ↓ da oferta de O2. Choque cardiogênico ou quando há comprometimento cardiogênico, ICC e condições na qual há baixo débito cardíaco. Fármaco Dose e efeito Indicações Levosimedan Apresentação: ampolas de 5 a 10 ml – 2,5 mg/ml Diluição: SG 5% • Agente inotrópico positivo = ↑ DC. • Possui propriedades vasodilatadoras sem atuação adrenérgica = ↓ pressões de enchimento (PVC e PAPO). • Otimização do seu efeito com o uso de beta- bloqueadores. • ↑ Fluxo coronariano. • Dose de ataque: 12 – 24 mcg/Kg em bolus em 10 min. • Dose de manutenção: 0,1 a 0,2 mcg/Kg/mi. podendo ser reduzida para 0,05 mcg/Kg/min. Insuficiência cardíaca aguda (ou crônica agudizada) grave. NÃO é indicado no tratamento do choque. NÃO utilizar por mais de 24h. Dopamina Apresentação: ampolas de 50mg/2ml ou 50mg/10ml Diluição: SG 5% e SF 0,9% • 0,5 a 3 mcg/Kg/min= efeito dopa (vasodilatação das artérias renais, mesentérica, coronária e cerebral. ↑ do débito urinário); • 3 a 10 mcg/Kg/min = efeito β ( ↑ contratilidade e o DC com discreto ↑ na RVS. Moderada elevação na FC e na PA); • > 10 mcg/Kg/min = efeito α (vasoconstrição sistêmica, ↑ RVP, FC e PA. Pode ocasionar isquemia miocárdica pelo ↑ da demanda de O2). choque séptico, cardiogênico e de baixo fluxo renal, disfunção miocárdica e baixo fluxo, após PCR: indicado para ocasionar hipertensão transitória, melhorando o fluxo cerebral. Fármaco Dose e efeito Indicações Nitroglicerina Apresentação: ampola de 25mg ou 50 mg e transdérmico de 5mg, 15 mg e 25 mg. Diluição: SF 0,9%, SG5% e SG10% • Seu mecanismo de ação tem como base a conversão de nitroglicerina em óxido nítrico, provocando vasodilatação, ↓ PAD final, alterando pouco a RVS. A PA sistêmica cai discretamente e FC permanece normal ou pouco ↓. • Melhora perfusão coronariana. • Não altera diretamente o estado inotrópico e cronotrópico do coração. IAM, angina instável (AI), controle de ICC e tratamento de hipertensão. Fármaco Dose e efeito Indicações Nitroprussiato de sódio Apresentação: frasco-ampola com 50mg e 2ml de diluente. Diluição: SG5% ou SF0,9% (estabilidade de 4h).Utilizar equipo fotossensível • Dilata arteríolas e vênulas causando hipotensão. Causa discreto aumento na FC e uma redução global na demanda de O2 miocárdica. • Provoca vasodilatação pulmonar. • O desmame deve ser lento para não causar hipertensão. • Dose: 0,25 – 1,5 mcg/Kg/min = ação hipotensora. • Dose: > 5 mcg/Kg/min por tempo prolongado pode causar intoxicação. Atentar para intoxicação por tiocianato = fraqueza, hipóxia, náuseas, psicoses, espasmos musculares e confusão mental. Crises hipertensivas, insuficiência cardíaca descompensada, falência aguda de ventrículo esquerdo, dissecção de aorta, ICC e em situações que a hipotensão seja desejável. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM- DVA Quanto às drogas • Estabelecer critérios para diluição das drogas por meio de protocolos institucionais. • Observar o aspecto da solução antes e durante a administração. • Conhecer a ação, estabilidade e a interação medicamentosa das drogas. • Administrar as drogas em bomba de infusão. Cuidados gerais • Atentar para sinais de desidratação antes de iniciar a infusão da droga. • Atentar para incompatibilidades medicamentosas. • Realizar previamente o preparo da droga, antes do término da infusão atual. • Calcular a dosagem das drogas em mcg/Kg/min. • Controlar a velocidade de infusão das drogas. • Conhecer quais as drogas fotossensíveis. • Ter o peso do paciente atualizado. • Conhecer quais drogas aderem ou são absorvidas pelo plástico. Quanto aos sinais vitais • Monitorizar variações dos SSVV do paciente por meio da aferição e monitorização contínua. • Monitorizar alterações do traçado eletrocardiográfico. • Realizar leitura da PVC a cada hora ou conforme a prescrição. Quanto ao débito urinário • Controlar volume urinário a cada hora ou conforme a prescrição de Enfermagem. • Monitorizar variações da função renal como: ↓ ou ↑ do débito urinário, acompanhando valores de U, Cr e Clearence de Creatinina. • Realizar controle hídrico e balanço hídrico. Quanto à perfusão • Acompanhar variações de pulso e perfusão periférica. • Manter extremidades protegidas das perdas de calor. • Cuidado para não garrotear os membros. • Realizar rodízio do manguito de pressão arterial. • Avaliar enchimento capilar. Quanto ao dispositivo venoso • Administrar a droga de preferência por cateter venoso central, se possível, em via exclusiva ou menos manipulada. • Lavar a via do cateter com < volume possível. • Restringir números de extensões e dispositivos na via da droga. • Manter dispositivo venoso pérvio. • Dar preferência para punções de veias calibrosas como veia cefálica ou basílica, se acesso periférico. • Não administrar outras medicações em bolus pela via utilizada para a infusão da droga. • Observar presença de infiltração e sinais de hiperemia local. CHOQUE Profª Carolina Nóvoa Fernandes CHOQUE CIRCULATÓRIO • Síndrome caracterizada por desequilíbrio entre a oferta e a demanda de O2 e nutrientes associado a acúmulo de produtos metabólicos de excreção celular (CO2) pela insuficiência na sua remoção. • Redução da pressão de enchimento capilar (PEC) • Resultado final = deterioração tecidual → DMO • Alta taxa de mortalidade. • Responsável por 1/3 das internações em UTI. BASES FISIOLÓGICAS Componentes principais da circulação sistêmica: • Bomba cardíaca = inotropismo, pré e pós-carga. • Sistema arterial de resistência = 30% de todo o volume sanguíneo. • Sistema venoso = sistema de capacitância = 70% do volume de sangue. • Rede capilar = responsável pela perfusão tissular. Sangue deve chegar sob baixa pressão (hidrostática ou PEC) e baixa velocidade. MECANISMOS COMPENSATÓRIOS • Ativação do SNS → liberação de catecolaminas → vasoconstrição arteriolar e venosa + ↑ da contratilidade e ↑ da FC → ↑ da PA eo do DC. • Resposta endócrina com a diminuição da PA → estimula a hipófise a secretar ADH → vasoconstrição, ↑ PA e ↑ RVS → ↑ do DC e do retorno venoso. • Ativação do SRAA → vasoconstrição arteriolar → retenção de sódio e água → ↑ pré-carga. • ↑ da perfusão para os órgãos nobres. CLASSIFICAÇÃO DO CHOQUE • Choque hipovolêmico: mais comum - redução do volumesanguíneo. • Choque cardiogênico: falência da bomba cardíaca. • Choque distributivo: Vasodilatação periférica global = redução da PEC. • Choque obstrutivo: compressão dos grandes vasos ou do próprio coração. CHOQUE HIPOVOLÊMICO • Perdas exógenas: diarréias e vômitos, sangramentos e hemorragias. • Perdas endógenas: sangramentos ou inflamação. Perda volêmica ↓ do volume sanguíneo Morte celular tecidual ↓ oxigenação tecidualMC renal ↓ perfusão tecidual Insuficiência cardíaca Inflamação celular e acidose ↓ do retorno venoso e DC FISIOPATOLOGIA Ativação do SNS CLASSIFICAÇÃO Classe I Classe II Classe III Classe IV Quantidade de sangue perdido (ml/%) < 750 ml / <15% 750 – 1500 ml/ 15% - 30% 1500- 2000 ml/ 30% - 40% > 2000ml / >40% FC (bpm) Normal ou pouco aumentada > 100 > 120 > 140 FR (vpm) Normal 20 - 30 30 – 40 > 35 PAS (mmHg) Normal Normal Diminuída Muito diminuída Débito urinário (ml/hora) Normal 20 - 30 5 – 15 Mínimo Committee on Trauma,Advanced Trauma Life Support® for Doctors, Student Course Manual, 6ºed, Chicago, 1997, American College of Surgeons, p.98. CHOQUE CARDIOGÊNICO • Causas: o IAM = mais comum oDoenças valvares oMiocardiopatias • Mecanismos compensatórios agravam a função cardíaca Lesão miocárdica ↓ do volume sistólico Dilatação ventricular e piora DC ↑ pré-carga, FC, FR e RVS MC renal Ativação do SNS ↑ Isquemia miocárdica ↓ perfusão das coronárias ↓ do retorno venoso e DC FISIOPATOLOGIA Tratamento farmacológico • 1º Dobutamina até 15 mcg/Kg/min • Após a dobutamina: - Se PA normal (PAM > 60 mmHg) = vasodilatador (nitroglicerina) para melhorar a perfusão das coronárias - Se PA < 60 mmHg = noradrenalina para aumentar a RVS e melhorar o DC. • Betabloqueadores = Para diminuir o consumo de O2 pelo miocárdio. • IECA = Para diminuir o remodelamento (dilatação) ventricular. • Diuréticos. • Suplemento de O2 se necessário. • Se Arritmias: antiarrítmico + anticoagulantes. TRATAMENTO COMPLEMENTAR – BIA – Balão intra-aórtico • Mecanismos de funcionamento: oContrapulsção = insuflação do balão no início da diástole = melhora da perfusão das artérias coronárias. oCriação do vácuo = balão desinsufla imediatamente antes da sístole = redução do trabalho cardíaco e melhora da perfusão cerebral, renal, mesentérica e periférica. Complicações vasculares: isquemia periférica, laceração vascular e hemorragias. Outras complicações: ateroembolismo, acidente vascular encefálico, infecção, ruptura do balão, plaquetopenia e hemólise. CHOQUE DISTRIBUTIVO • Tipos: oChoque séptico oChoque anafilático oChoque neurogênico CHOQUE SÉPTICO • Conceitos: o SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica): é caracterizada pela presença de 2 ou mais dos seguintes critérios: temperatura > 38ºC ou < 36ºC; FR> 24 rpm; FC> 90 bpm; leucócitos > 12.000 ou < 4.000/ mm3 ou bastões > 10%. o Sepse: disfunção orgânica ameaçadora à vida, secundária à resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. Não necessariamente SIRS está presente. o Choque séptico: Sepse associada à persistência de hipotensão, necessitando de vasopressores para manter PAM ≥ 65mmHg e com um nível de lactato sérico >2mmol/L apesar da reposição volêmica adequada. Invasão de MOO Liberação de endotoxinas Fase hiperdinâmica ↑ DC, vasodilatação, ↑ permeabilidade Lib. de endotelina, vasoconstrição, perda de volume, trombose e ↓ PA Lesão endotelial + liberação NO ↑ da permeabilidade ↑ resposta inflamatória Liberação de mediadores inflamatórios Fase hipodinâmica FISIOPATOLOGIA Sequential Sepsis-related Organ Failure Assessment (SOFA), Considera-se como alterado um qSOFA ≥ 2: •FR >= 22 ipm •PAS <= 100 mmHg •Alteração do nível de consciência TRATAMENTO CHOQUE NEUROGÊNICO • Caracterizado por um quadro de hipotensão associada à bradicardia decorrente da interrupção da eferência simpática. • Causas: injúria no centro vasomotor no SNC = anestesia geral profunda, anestesia espinhal, drogas ou fármacos depressores do SNC lesão medular. Injúria no centro vasomotor do SNC ↓ do tônus venosos ↓ da pressão venosa ↓ das pressões de enchimento do coração interrupção da inervação simpática das vias eferentes ↓ DC CHOQUE ANAFILÁTICO • Interação antígeno- anticorpo (IgE) • Degranulação de mastócitos Liberação de Histamina • Venodilatação • ↓ retorno venoso • ↓ RVP Lesão endotelial • Aumento da permeabilidade • Edema de glote Choque e/ou morte CHOQUE OBSTRUTIVO • Definição: redução do débito cardíaco secundário a um inadequado enchimento ventricular. • Principais causas : o Tamponamento cardíaco oEmbolia pulmonar maciça oPneumotórax hipertensivo CHOQUE OBSTRUTIVO *http://www.mountsinai.org/patient-care/health-library/diseases-and-conditions/cardiac-tamponade **http://www.uff.br/fisio6/aulas/aula_19/topico_08.htm Tamponamento cardíaco* Pneumotórax hipertensivo** TEP*** *http://www.mountsinai.org/patient-care/health-library/diseases-and-conditions/cardiac-tamponade **http://www.uff.br/fisio6/aulas/aula_19/topico_08.htm ***http://claudiosouza.org/portal/wp-content/uploads/2015/10/PROTOCOLO-PARA-AVALIA%C3%87%C3%83O-DE-TEP.-PROF.-KLEBER-PORFIRIO.pdf ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM Oxigenação/Ventilação Circulação / Perfusão Líquidos / Eletrólitos o Realizar ausculta pulmonar a cada 2 – 4 horas. o Determinar a frequência da aspiração de vias aéreas (hiperoxigenar pré e pós procedimento de aspiração). o Monitorar oximetria de pulso, resultados gasométricos e Raio X de tórax. o Mudar a decúbito a cada 2 horas se possível. o Avaliar os sinais vitais a cada hora e as pressões hemodinâmicas quando em vigência do cateter de artéria pulmonar. o Avaliar perfusão periférica a cada 6 – 12 horas. o Administrar vasopressores e volume intravascular conforme prescrição médica e avaliar sua repercussão sistêmica. o Monitorar o lactato sérico diariamente até atingir valores de normalidade. o Monitorar balanço hídrico a cada hora. o Administrar líquidos e diuréticos conforme prescrição médica e avaliar sua repercussão. o Monitorar níveis de eletrólitos, uréia, creatinina e osmolalidade sérica. Mobilidade/Segurança Integridade da pele Nutrição o Iniciar a profilaxia TVP. o Realizar exercícios passivos nos membros superiores e inferiores o Trabalhar em conjunto com a fisioterapia. o Acompanhar os resultados de leucograma e culturas. o Usar técnica asséptica rigorosa durante os procedimentos e manter esterilidade de cateteres e tubos invasivos. o Identificar precocemente sinais de SIRS leucocitose, taquicardia, taquipnéia e hipertermia. o Avaliar a pele a cada 4 horas e quando for reposicionado. o Mudar de decúbito a cada 2 horas se possível o Considerar o uso de colchões de alívio de pressão. o Usar escalas específicas para avaliar o risco em desenvolver úlceras por pressão. o Garantir que o aporte nutricional prescrito esteja sendo administrado. o Monitorar resultados de albumina, colesterol, triglicérides, pré-albumina, glicose e transferrina. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS • Hudak CM, Gallo BM. Cuidados intensivos de enfermagem: uma visão holística. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, c1997. • Knobel E. Condutas no paciente grave. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2006. • Mourão CA, Souza LS. Fisiopatologia do Choque. HU Revista, Juiz de Fora, v.40,n.1e 2,p.75-0,jan/jun.2014.
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