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PRINCIPAIS PATOLOGIAS DO APARELHO GINECOLÓGICO Prof. Ian Rigon Nicolau VAGINOSE BACTERIANA ❖ A vagina é um órgão naturalmente habitado por diversas bactérias. ❖ Os lactobacilos são bactérias “boas” e que encontram-se normalmente em maior quantidade (cerca de 95% da população), impedindo o crescimento de bactérias potencialmente causadoras de doenças através do controle do pH vaginal e da competição por alimentos. VAGINOSE BACTERIANA ❖ A vaginose bacteriana ocorre quando há uma ruptura deste equilíbrio, acarretando em uma diminuição dos lactobacilos e um crescimento da flora “ruim” que pode ser composta por diversas bactérias. ❖ Principal causa de corrimento vaginal em mulheres em idade fértil. GARDNERELLA VAGINALIS ❖ De todas as bactérias causadoras de vaginose bacteriana, a Gardnerella vaginalis parece ser o micro-organismo mais característico, estando presente em mais de 96% dos casos. FATORES DE RISCO ❖ Múltiplos parceiros sexuais. ❖ Realizar ducha vaginal com frequência. ❖ Uso recente de antibióticos. ❖ Tabagismo ❖ Uso de DIU. GARDNERELLA VAGINALIS SINTOMAS ❖ 2 em cada 3 mulheres com vaginose bacteriana não apresentam nenhum tipo de sintoma. ❖ Naquelas com sintomas, o mais comum é: ❖ Corrimento acinzentado, oleoso, bolhoso, com forte odor (cheiro de peixe podre), que costuma piorar após relação sexual ou durante a menstruação, devido a alteração do Ph vaginal. GARDNERELLA VAGINALIS DIAGNÓSTICO ❖ Clínico – sinais e sintomas ❖ Análise da secreção pelo exame especular ❖ Teste do Ph (feito no próprio consultório): adição de hidróxido de potássio 10% na secreção vaginal para aumentar a liberação do característico cheiro forte de peixe. ❖ No microscópio é possível identificar as chamadas clue-cells, células típicas da vaginose bacteriana. GARDNERELLA VAGINALIS GARDNERELLA VAGINALIS COMPLICAÇÕES ❖ Maior risco de contaminação por outras IST caso haja relação com parceiro contaminado. ❖ Maior risco de doença inflamatória pélvica, principalmente após cirurgias ginecológicas. ❖ Maior risco de parto prematuro em grávidas. GARDNERELLA VAGINALIS TRATAMENTO ❖ Cerca de 1/3 dos casos a vaginose desaparece espontaneamente, devido à recuperação da população de lactobacilos. ❖ O tratamento, quando indicado, é feito com antibióticos por via oral ou intravaginal. ❖ Os mais prescritos são o metronidazol ou a clindamicina por 7 dias. ❖ OBS: Clindamicina via intravaginal enfraquece o látex, então deve-se orientar sobre evitar relações sexuais com preservativos por até 5 dias após o término do tratamento. TRICOMONÍASE ❖ Infecção sexualmente transmissível (IST) causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. ❖ IST não-viral mais comum em todo o mundo, acometendo cerca de 170 milhões de pessoas. ❖ Uma das principais causas de vaginite (infecção da vagina). VAGINOSE: ❖ Não inflama as paredes vaginais, ou ocorre muito discretamente. VAGINITE: ❖ Há inflamação das paredes vaginais, com irritação, ardência, prurido e dor. Mulher Homem Mulher Mulher TRICOMONÍASE ❖ Transmissão: via sexual. ❖ O protozoário causa lesão do epitélio vaginal, levando à formação de úlceras microscópicas que aumentam o risco de contaminação por outras ISTs, (HIV, HPV, herpes genital, gonorreia e clamídia). ❖ Incubação: 4 a 28 dias. ❖ Porém há carreadores assintomáticos por meses antes de surgirem sintomas, tornando muito difícil definir a data em que ocorreu a contaminação. TRICOMONÍASE SINTOMAS NO HOMEM ❖ Costuma ser assintomática e transitória, melhorando espontaneamente em muitos casos. ❖ Assintomáticos servem de fonte de contágio. ❖ Menos comuns: uretrite, disúria e corrimento uretral purulento, podendo levar à prostatite. TRICOMONÍASE SINTOMAS NA MULHER ❖ Pelo menos 2/3 das mulheres infectadas apresentam sintomas: ❖ Corrimento amarelo-esverdeado de odor forte (peixe podre). ❖ Vaginite ❖ Disúria ❖ Dispareunia ❖ Prurido vaginal. TRICOMONÍASE COMPLICAÇÕES ❖ Sem tratamento, a infecção pode durar meses ou mesmo anos, tornando-se um fator de risco para: Infertilidade Câncer do colo do útero Parto prematuro RN PIG TRICOMONÍASE DIAGNÓSTICO ❖ O exame citopatológico possui baixa sensibilidade, deixando passar cerca de 50% dos casos, além de ter uma alta taxa de falso negativo. ❖ Exame especular: vagina inflamada com pequenas úlceras e corrimento. ❖ Análise da secreção em microscópio - em até 70% dos casos é possível identificar o protozoário se movendo nas secreções. ❖ O exame de PCR (pesquisa de DNA do protozoário) também pode ser usado. TRICOMONÍASE TRATAMENTO ❖ Metronidazol ou Tinidazol ❖ 2 gramas por via oral (4 comprimidos de 500 mg) em dose única. ❖ O parceiro (a) também precisa ser tratado. ❖ Estritamente proibido o consumo de álcool e energéticos em até 3 dias pós o tratamento - risco de reação grave. ❖ Importante evitar relações sexuais durante 1 semana após o tratamento. CANDIDÍASE VAGINAL ❖ É uma vulvovaginite causada mais comumente pelo fungo Candida albicans. ❖ A Candida albicans é um fungo comum da microbiota vaginal, estando naturalmente presente em 20% mulheres. ❖ A candidíase só surge quando a população de fungos colonizando a pele aumenta demasiadamente. CANDIDÍASE VAGINAL CAUSAS Antibióticos Anticoncepcionais com elevadas doses de hormônio Diabetes Baixa imunidade Estresse Corticoides Dieta rica em açúcar e carboidratos CANDIDÍASE VAGINAL SINTOMAS ❖ Corrimento esbranquiçado com grumos, semelhante a leite talhado ❖ Coceira intensa na região genital ❖ Vermelhidão e inchaço na região genital ❖ Placas esbranquiçadas na vagina ou na cabeça do pênis ❖ Disúria ❖ Desconforto durante a relação sexual CANDIDÍASE VAGINAL DIAGNÓSTICO ❖ Clínico ❖ Exame especular CANDIDÍASE VAGINAL CANDIDÍASE NÃO-COMPLICADA ❖ Ser esporádica, ocorrendo no máximo 3 episódios por ano. ❖ Sintomas mais brandos. ❖ Ser provocada pela Candida albicans. ❖ Surgir em mulheres saudáveis e não grávidas. CANDIDÍASE VAGINAL CANDIDÍASE COMPLICADA ❖ Ser recorrente, com mais de 4 episódios por ano. ❖ Provocar sintomas muito intensos. ❖ Ser provocada pela Candida glabrata e Candida krusei. ❖ Acometer grávidas, pacientes com diabetes mal controlado ou qualquer doença que provoque imunossupressão. OPÇÕES DE TRATAMENTO VIA ORAL ❖ Fluconazol VO: 150 mg em dose única ❖ Itraconazol VO: 200 mg por dia, por 3 dias. VIA VAGINAL ❖ Clotrimazol creme 1% – 1 aplicação (5 g) à noite por 7 a 14 dias. ❖ Clotrimazol comprimido vaginal 500 mg – 1 comprimido intravaginal à noite em dose única. ❖ Miconazol creme 2% – 1 aplicação (5 g) à noite por 7 a 14 dias. ❖ Miconazol óvulo 200 mg – 1 óvulo intravaginal à noite por 3 dias. ❖ Nistatina creme 100.000 UI – 1 aplicação (4 g) à noite por 14 dias. GONORREIA ❖ É uma IST que acomete homens e mulheres, causada por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae, também conhecida como gonococo. ❖ Uma das ISTs mais comuns em todo mundo, havendo cerca de 200 milhões de novos casos anualmente. ❖ Maior incidência entre 15 e 24 anos, devida a intensa atividade sexual sem a proteção. GONORREIA ❖ Transmissão: pela via sexual (oral, vaginal e anal) ou vertical. ❖ Chance de transmissão: ❖ Após uma única relação sexual desprotegida com parceiro(a) infectado(a) - entre 50 e 70%. ❖ Quando a relação ocorre mais de uma vez, o risco de contaminação sobe para mais de 90%. Incubação: 2 a 8 dias. SINTOMAS ❖ HOMENS ❖ Mais de 90% dos homens infectados apresentam sintomas: ❖ Uretrite: secreção espontânea de pus pela uretra. ❖ Disúria. ❖ Infecção do epidídimo provocando dor e edema unilateral na bolsa escrotal. SINTOMAS ❖ MULHERES ❖ Apenas 50% das mulheres apresentam sintomas, o que dificulta o diagnóstico: ❖ Prurido❖ Dispareunia ❖ Disúria ❖ Corrimento vaginal purulento Pode ser confundida com ITU. Escapes de sangue pela vagina (se houver grande inflamação do útero) COMPLICAÇÕES ❖ Homens: infecção dos testículos e da próstata. ❖ Mulheres: a pior complicação é a doença inflamatória pélvica. ❖ Em ambos sexos pode ocorrer estreitamento da uretra e infertilidade. ❖ O Gonococo não tratado pode levar à disseminação da doença: ❖ Artrites infecciosas em joelho, tornozelos e cotovelos. ❖ Lesões de peles (pequenos pontos purulentos principalmente em mãos e pés). ❖ Hepatites ❖ Endocardite (infecção das válvulas do coração) ❖ Meningite ❖ Osteomielite (infecção dos ossos). ❖ Gestação: parto prematuro e lesões oculares graves no RN. TRATAMENTO ❖ Diagnóstico: análise do corrimento purulento. ❖ Ceftriaxona IM na dose de 250 mg (cura de 99%). ❖ O parceiro deve ser sempre investigado e tratado. ❖ Indica-se abstinência sexual até que todos os sintomas desapareçam. ❖ Nos casos assintomáticos, deve-se evitar relações por pelo menos 1 semana após o tratamento. CLAMÍDIA ❖ A clamídia é a IST mais comum no mundo. ❖ A maioria dos pacientes infectados por essa bactéria não costuma desenvolver sintomas, mas quando isso ocorre, o quadro clínico é muito parecido com o da gonorreia, sendo impossível distingui-las apenas pelos sintomas. ❖ Causada por uma bactéria chamada Chlamydia trachomatis. CLAMÍDIA ❖ Transmissão: pela via sexual (oral, vaginal e anal) ou vertical. ❖ A infecção pode passar despercebida por muitos anos. ❖ Os pacientes com clamídia assintomática tornam-se fontes de contaminação permanentes, motivo pelo qual a clamídia é a DST mais comum no mundo SINTOMAS ❖ Apenas 10% das mulheres desenvolvem sintomas ❖ Nos homens, o número é um pouco maior, ao redor dos 30%. ❖ Nos pacientes que desenvolvem sintomas, os mesmos costumam surgir entre 1 e 3 semanas após a contaminação. ❖ Os sintomas são exatamente os mesmo de Gonorreia, tanto para homens, quanto para mulheres. COMPLICAÇÕES ❖ Homens: prostatite ❖ Mulheres: ❖ Cerca de 10 a 15% das mulheres infectadas desenvolvem doença inflamatória pélvica. ❖ Infecção prolongada – infertilidade. ❖ Mulheres infectadas pelo sorotipo G apresentam 6 vezes mais riscos para o desenvolvimento de câncer do colo do útero. ❖ Gestantes: parto prematuro, principais causas de pneumonia e conjuntivite em recém-nascidos. COMPLICAÇÕES ❖ Alguns sorotipos da Chlamydia, chamados de L1, L2 e L3, são capazes de apresentar uma doença chamada linfogranuloma venéreo. LINFOGRANULOMA VENÉREO ❖ A infecção inicial é caracterizada por um pequeno nódulo, que se rompe e forma uma úlcera genital. ❖ 2 a 6 semanas mais tarde a infecção estende-se para os nódulos linfáticos regionais, ou seja, para os gânglios da virilha. ❖ O paciente apresenta um ou mais gânglios inflamados e aumentados, chamados de bubões. ❖ Estes bubões podem romper-se, drenando grande quantidade de pus. LINFOGRANULOMA VENÉREO DIAGNÓSTICO ❖ Diagnóstico: através da urina ou por amostra de material colhido com swab vaginal, colo do útero ou na uretra (resultados em 24-48 horas). ❖ PCR (pesquisa de DNA do protozoário) TRATAMENTO ❖ Azitromicina em dose única de 1 grama. ❖ Doxiciclina por 7 dias. ❖ O paciente infectado deve ficar por pelo menos 7 dias sem atividade sexual após o início do tratamento. DIP: DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA ❖ Infecção dos órgãos reprodutores femininos internos, útero, tubas, e ovários, com possível extensão para outras estruturas pélvicas e até abdominais. ❖ Surge como complicação de uma doença sexualmente transmissível, principalmente da clamídia ou gonorreia. DIP: DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA ❖ Bactérias como Mycoplasma genitalium, Escherichia coli, Bacteroides fragilis, estreptococos do grupo B e Campylobacter spp, também podem provocar DIP, mas elas são responsáveis por menos de 15% de todos os casos. ❖ A DIP ocasionada por clamídia é a mais comum. ❖ Mas a provocada pela gonorreia costuma ser mais grave. SINTOMAS DIP AGUDA E SINTOMÁTICA ❖ Dor abdominal ou pélvica de início súbito, com intensidade variável. ❖ Piora da dor durante as relações sexuais. ❖ Piora da dor durante ou logo após a menstruação. ❖ Corrimento vaginal amarelado ou esverdeado e com forte odor. ❖ Sangramento vaginal fora do período menstrual. ❖ Sangramento vaginal após coito. ❖ Disúria ❖ Febre acima de 38ºC. Intensa dor ao exame ginecológico. SINTOMAS DIP SUBCLÍNICA OU CRÔNICA ❖ Estima-se que até 60% dos casos de DIP sejam subclínicas. ❖ Sintomas sutis, com pouca dor, sem febre e corrimento discreto. ❖ Uma das principais complicações é a lesão das trompas e do útero, com consequente desenvolvimento de infertilidade. ❖ Muitas vezes o diagnóstico da DIP acabe sendo feito muito tempo depois, quando a mulher procura ajuda médica por ter dificuldade de engravidar. ❖ 1/3 das mulheres com infertilidade apresentam lesões das trompas ou do útero provocadas por um quadro de DIP não diagnosticado. DIAGNÓSTICO ❖ História clínica ❖ Exame especular ginecológico ❖ Avaliação laboratorial do corrimento vaginal ❖ Exame de urina e PCR para diagnóstico de clamídia e gonorreia. ❖ USG pélvica para avaliar a presença de inflamação ou abscessos nas trompas. TRATAMENTO ❖ De preferência com antibióticos que sejam efetivos tanto contra gonorreia quanto clamídia. OBRIGADO!! @nicolauian
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