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Maceió - Alagoas 2021 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS ENGENHARIA QUÍMICA LABORATÓRIO DE QUÍMICA II PROFª DRª CARMEM LUCIA Beatriz Seixas Alves Nathália Ketilly dos Santos Moraes CINÉTICA DA HIDRÓLISE DE UM ÉSTER - INVESTIGAÇÃO DA CINÉTICA DE HIDRÓLISE DO ACETATO DE ETILA 1 1. INTRODUÇÃO A velocidade com que um sistema de reações se aproxima de seu estado de equilíbrio é conhecida como velocidade de reação. A velocidade média de uma reação é determinada pela razão da variação das concentrações no tempo, como mostra a Equação I. 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑎 = − ∆[𝐴] ∆𝑡 = − [𝐴]2−[𝐴]1 𝑡2−𝑡1 (Equação I) Com essa fórmula, também é possível determinar a ordem de reação (que determina a relação entre a velocidade da reação e a concentração em quantidade de matéria dos reagentes). Entretanto, alguns fatores podem influenciar na rapidez do processamento da reação (positiva ou negativamente), como: a concentração, pressão, temperatura e o uso de catalisadores (substâncias que aceleram uma reação química através de caminho reacional de energia de ativação mais baixo). Em reações de hidrólises de ésteres é comum o uso de ácidos como catalisadores, esses têm o objetivo de diminuir a energia de ativação da reação, aumentando a velocidade reacional. A hidrólise corresponde a um processo químico que envolve a quebra de uma molécula em presença de água. Essa reação, em ésteres, pode ocorrer em meio ácido (formando ácido e álcool) ou básico (formando sal e ácido). No acetato de etila (éster), a hidrólise ocorre lentamente, por isso, é comum o uso de catalisadores ácidos (como o HCl). A reação de hidrólise do acetato de etila, conforme a Equação II, será considerada de pseudo-primeira ordem, já que a lei da velocidade só depende do reagente principal. 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 + 𝐻2𝑂 🡪 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 + 𝐶𝐻3𝐶𝐻2𝑂𝐻 (Equação II) A solução da integral correspondente, para cinética de primeira ordem, segundo a Equação III é: ktaxa −=−− )ln()ln( (Equação III) Onde, a = concentração original do reagente; (a-x) = concentração em qualquer tempo. 2 Assim, a constante cinética de primeira ordem, k, pode ser obtida pelo gráfico de − xa a ln versus t, enquanto o tempo de meia vida pode ser obtido pela mesma relação, considerando-se que (a-x) = ½ (a), ou seja (Equação IV): 𝑡1/2 = − 𝑙𝑛 ( 1 2 ) 𝑘 (Equação IV) 2. OBJETIVOS A prática experimental teve como principal objetivo a análise da cinética de hidrólise do acetato de etila em temperatura ambiente (aproximadamente 25°C). E, também, como objetivos específicos, tem-se: Observar a relação gráfica entre a constante cinética de primeira ordem versus o tempo e determinar o tempo de meia vida da reação. 3. MATERIAIS E REAGENTES Segue a lista de materiais e reagentes utilizados durante o procedimento experimental de cinética da hidrólise de um éster: Materiais: ● Erlenmeyers 250 mL, ● Proveta(100 mL), ● Bureta (50 mL), ● Pipeta(5,0 mL volumétrica), ● Suporte e garra para bureta, ● Becker, ● Pisseta, Reagentes: ● HCl (1,00 mol.L-1); ● NaOH (0,400 mol.L-1); ● Acetato de etila; ● Solução de fenolftaleína; ● Gelo moído ou em pequenos cubos (de água destilada ou pH neutro). 3 4. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ● Com o auxílio de uma proveta, foi medido 100 mL de HCl 1,0 mol.L-1 e transferido para um Erlenmeyer rotulado “A”. O erlenmeyer foi tampado e aguardou-se até entrar em equilíbrio térmico com o ambiente; ● Em outro Erlenmeyer rotulado “B” foi medido com o auxílio de uma pipeta volumétrica, 10,0 mL de acetato de etila. Aguardou-se alguns minutos para que o equilíbrio térmico fosse alcançado; ● Com o auxílio de um béquer, uma bureta foi preenchida com solução de NaOH 0,400 mol.L-1; ● Em um terceiro Erlenmeyer rotulado “C”, foi colocado cerca de 20 mL de gelo moído, e adicionado 4 gotas de fenolftaleína; ● O conteúdo de “A” foi misturado ao Erlenmeyer “B” ao mesmo tempo que dispara o cronômetro. O Erlenmeyer com a solução final foi tampado; ● Foi pipetado 5,0 mL da solução resultante de (A + B) e foi transferido para o Erlenmeyer contendo gelo e fenolftaleína. A solução foi titulada e o volume de NaOH gasto foi anotado; ● Dez minutos após a primeira titulação, as operações do item anterior foram repetidas, titulando outros 5,0 mL da solução. Sem esquecer de anotar o instante t da transferência, sempre contato em relação ao tempo zero (tempo que houve a mistura do conteúdo “A” em “B”); ● As operações anteriores foram repetidas por mais 5 vezes. Para o cálculo de a, anotar a densidade e título (%) do acetato de etila usado (vide no rótulo do frasco). 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES De início, transferiu-se as soluções de HCL (Erlenmeyer rotulado como “A”) e acetato de etila (Erlenmeyer rotulado como “B”). Após as transferências, esperou-se até que ambas atingissem a temperatura ambiente (aproximadamente 25°C). O controle da temperatura é um fator importante, visto que tem influência na cinética de reação. Misturou-se as duas soluções, formando a solução rotulada como “C”, obtendo, então, uma solução diluída contendo acetato de etila (concentração inicial desconhecida) e ácido 4 clorídrico (1 mol/L). 100 mL de HCL (1 mol/L) foram utilizados como catalisador da reação. Um catalisador acelera uma reação química através de caminho reacional de energia de ativação mais baixo. A bureta foi preenchida com uma solução de NaOH a 0,400 mol.L-1, o cronômetro foi acionado e retirou-se uma alíquota de 5 mL de “C”. Realizou-se outras titulações até o tempo final de 47min 12s. Nesse tempo, pôde-se observar o volume gasto em cada titulação e o tempo para atingir o ponto de viragem. Os valores de tempo e volume gastos em cada titulação até atingir o ponto de viragem estão expressos na Tabela 1: Tabela 1. Valores de tempo e volume do titulante gastos. Fonte: Autores, 2021. Obtidos os dados presentes no rótulo do frasco do acetato de etila, foi possível a realização dos cálculos, como na Tabela 2: Tabela 2. Valores obtidos experimentalmente e valores obtidos através de cálculos. Fonte: Autores, 2021. Dados sobre o Acetato de Etila: PM - 88,11 g mol-1; Densidade - 0,902 kg L-1 e Título - 99,5 %. Cálculo da massa e concentração do acetato de etila: 0,902 g – 1 mL X – 10 mL X = 9,02 g 5 9,02 g – 100% X – 99,5% X = 8,9749 g de acetato de etila n° = m/MM n° = 8,9749g/81,11g/mol n° = 0,1019 mol de acetato de etila Misturou-se 100 mL de HCl 1 mol/L com 10 mL de acetato de etila (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3), então o volume final é 110 mL: [𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3] = n°/V [𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3] = 0,101860174 mol/0,110L [𝑪𝑯𝟑𝑪𝑶𝑶𝑪𝑯𝟐𝑪𝑯𝟑] = a = 0,9260 mol/L No início, misturou-se 100 mL de HCL 1 mol/L com 10 mL de acetato de etila (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3), precisa-se calcular a nova concentração de HCl com o volume de 5mL: n° = C*V n° = 1 mol/L * 0,1 L n° = 0,1 mol/L de HCL 110 mL de solução – 0,1 mol de HCl 5 mL de solução – X X = 4,545*10-3 mol de HCl em 5mL CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 1 MIN 10 n(NaOH) = C*V n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0138 L 6 n(NaOH) = 5,52*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 5,52*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 9,75*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 9,75*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,195mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,731) = 0,236 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 6 MIN 22 n(NaOH) = C*V n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0139L n(NaOH) = 5,56*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 5,56*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 10,15*10-4mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 10,15*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,203 mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,723) = 0,247 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 14 MIN 37 7 n(NaOH) = C*V n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0145L n(NaOH) = 5,8*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 5,8*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 12,55*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 12,55*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,251 mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,675) = 0,316 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 23 MIN 14 n(NaOH) = C*V n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0153L n(NaOH) = 6,12*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 6,12*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 15,75*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 15,75*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,315mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,611) = 0,416 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 34MIN18 n(NaOH) = C*V 8 n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0159L n(NaOH) = 6,36*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 6,36*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 18,15*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 18,15*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,363mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,563) = 0,497 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 39 MIN 38 n(NaOH) = C*V n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0163L n(NaOH) = 6,52*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 6,52*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 19,75*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 19,75*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,395mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,531) = 0,556 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 43MIN15 n(NaOH) = C*V 9 n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0164L n(NaOH) = 6,56*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 6,56*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 20,15*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 20,15*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,403mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,523) = 0,571 CONCENTRAÇÃO DE ÁCIDO ACÉTICO EM T = 47 MIN 12 n(NaOH) = C*V n(NaOH) = 0,4 mol/L * 0,0166L n(NaOH) = 6,64*10-3 mol de NaOH n(HAc) = n(NaOH) – n(HCl) n(HAc) = 6,64*10-3 - 4,545*10-3 n(HAc) = 20,95*10-4 mols de HAc [HAc] = n°/V [HAc] = 20,95*10-4 mols de HAc/0,005L [HAc] = 0,419 mol/L ln (𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3/𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐶𝐻2𝐶𝐻3 – [HAc]) ln (0,926001588/0,507) = 0,602 A partir dos dados obtidos através dos cálculos, foi possível expressar a relação tempo versus ln[a/(a-x)], como expressa na Figura 1. 10 Figura 1. Tempo versus ln[a/(a-x)]. Fonte: Autores, 2021. Tem-se que 𝑦 = 𝑎 ∗ 𝑥 + 𝑏, onde o coeficiente angular α é a constante de velocidade da reação, pois: 𝑙𝑛 ( 𝑎 𝑎 − 𝑥 ) = 𝐾 ∗ 𝑡 Através do gráfico, obtém-se a equação da reta para a cinética de pseudo-primeira ordem 𝑦 = 0,0001𝑥 + 0,2084, ou seja, a constante de velocidade é 𝑘 = 1 𝑥 10−4 𝑠−1. Com isso, após determinar a constante, podemos calcular o tempo de meia vida que é dado por: 𝑡1 2 = 𝑙𝑛 (2) 𝑘 𝑡1 2 = 0,69314718 1 𝑥 10−4 𝑠−1 𝑡1 2 = 6931,4718 𝑠 11 6. CONCLUSÃO Sendo assim, a partir de dados obtidos, foi possível fazer o esboço do gráfico de 𝑙𝑛 ( 𝑎 𝑎−𝑥 ) em função do tempo (em segundos), encontrar a equação da reta que foi 𝑦 = 0,0001𝑥 + 0,2084, a constante de velocidade 𝑘 = 1 𝑥 10−4 𝑠−1 e o tempo de meia vida 𝑡1 2 = 6931,4718 𝑠, verificando a aplicabilidade do estudo da cinética na prática realizada no experimento. Além disso, para a realização do relatório foi exigido o conhecimento de conceitos básicos de equilíbrio químico, cinética química, titulação e cálculos básicos de concentração, sendo necessária uma breve revisão dos mesmos. No mais, a prática se deu de maneira satisfatória, visto que todas as etapas foram executadas e concluídas com sucesso alcançando os objetivos almejados. 12 REFERÊNCIAS ALMEIDA, G. Z; DEMITO, M. L., “Development of chemical process for the recovery of hexanes in mixture with ethyl acetate, via alkaline hydrolysis”, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, 19-Jun-2019. ANDRADE, C. H.; MIYAGAWA, H. K.; FERREIRA, L da S. “Cinética experimental - Hidrólise Éster”. EBAH. 2009. Disponível em: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAwrEAL/cinetica-exp-relatorio-hidrolise-ester>. Acesso em 18 de março de 2021. EDUCAÇÃO UOL. “Cinética química - Reações químicas: rapidez e influências”. Disponível em: <https://educacao.uol.com.br/disciplinas/quimica/cinetica-quimica-reacoes- quimicas-rapidez-e-influencias.htm>. Acesso em 18 de março de 2021. MANUAL DA QUÍMICA. “Introdução à Cinética Química”. Disponível em: <https://www.manualdaquimica.com/fisico-quimica/introducao-cinetica-quimica.htm>. Acesso em 18 de março de 2021. TODA MATÉRIA. “Cinética Química: velocidade, influência de fatores”. 2011. Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/cinetica-quimica/>. Acesso em 18 de março de 2021. http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAwrEAL/cinetica-exp-relatorio-hidrolise-ester https://www.todamateria.com.br/cinetica-quimica/
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