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Unidade 3 Estatuto da Criança e Adolescente

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Estatuto da Criança 
e do Adolescente
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes
Prof. Me. Alexandre Irigiyen Vander Velden
Revisão Textual:
Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento
As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de 
Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
• O Conselho Tutelar;
• Acesso à Justiça;
• Prevenção;
• Política de Atendimento;
• Medidas de Proteção.
• Estudar as estruturas utilizadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente para tornar 
realidade os seus diversos preceitos, ou seja, quais são as pessoas e os Órgãos Públicos 
responsáveis por fazer valer o ECA, tais como os Conselhos Tutelares e os Juizados da 
Infância e da Juventude;
• Conhecer quais são as medidas preventivas presentes no ECA, bem como qual a política 
de atendimento e as medidas de proteção à criança e ao adolescente quando os seus 
direitos são lesados.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
As Responsabilidades Institucionais e a 
Rede Preventiva de Atendimento e de 
Proteção às Crianças e aos Adolescentes
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de 
Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
O Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar é um órgão criado pelo Estatuto da Criança e do Adoles-
cente como parte do sistema de proteção integral, apresentando-se no Estatuto 
da seguinte forma:
ECA
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não 
jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos 
direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei.
Importante!
Entenda as características desse artigo:
• Órgão permanente: significa que o conselho possui existência formal e atuação contínua.
• Órgão autônomo: apesar de ligado ao Poder Público Municipal e à Vara da Infância 
e da Juventude da Comarca, não está subordinado a estes.
• Órgão não jurisdicional: não está na estrutura do Poder Judiciárias e suas deci-
sões não possuem características de decisões judiciais. Dessa forma, não cabe ao 
Conselho estabelecer sanções para fazer cumprir suas decisões, devendo, se neces-
sário, representar junto ao Poder Judiciário para isso.
Importante!
Dessa forma, os Conselhos Tutelares são responsáveis por zelar pelo respeito 
dos direitos das crianças e dos adolescentes, sendo que incumbe à lei municipal 
ou distrital dispor sobre seu local, dias e horário de funcionamento, bem como a 
remuneração de seus membros (Artigo 134).
Constituição dos Conselhos Tutelares
O artigo 132 legisla que em cada município e cada região administrativo do Distrito 
Federal deve ter, pelo menos, um Conselho Tutelar, composto por cinco membros 
escolhidos pela população com mandato de 4 anos, sendo permitida uma recon-
dução mediante novo processo. Já o artigo 133 dispõem os seguintes requisitos 
para que alguém concorra a uma das vagas no Conselho: reconhecida idoneidade 
moral; possuir mais de 21 anos; residir no município do conselho. O artigo 140 
aponta ainda as situações de impedimentos ao exercício de conselheiro:
ECA
Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, 
ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, 
durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado.
Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste 
artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério 
Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na 
comarca, foro regional ou distrital.
8
9
Já o processo de escolha dos conselheiros é dado pelo artigo 139 que prevê que 
ele deve ser estabelecido por lei municipal, realizado pelo Conselho Municipal 
dos Direitos da Criança e do Adolescente e fiscalizado pelo Ministério Público. 
Além disso, deve ocorrer em data unificada em todo o território nacional a cada 
4 anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição 
presidencial. No processo de escolha dos membros, os candidatos não podem doar, 
oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer na-
tureza, inclusive brindes de pequeno valor.
Atribuições do Conselho Tutelar
As principais atribuições do Conselho estão descritas no artigo 136 do ECA:
ECA
Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar:
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 
98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII;
II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas 
previstas no art. 129, I a VII;
III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto:
a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço 
social, previdência, trabalho e segurança;
b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento 
injustificado de suas deliberações.
IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração 
administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente;
V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência;
VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as 
previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional;
VII - expedir notificações;
VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adoles-
cente quando necessário;
IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orça-
mentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança 
e do adolescente;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos 
direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou 
suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manu-
tenção da criança ou do adolescente junto à família natural.
9
UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de 
Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, 
ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de 
maus-tratos em criançase adolescentes.
Além disso, o artigo 137 prevê ainda que as decisões do Conselho Tutelar 
podem ser revistas pela autoridade judiciária somente a pedido de quem tenha 
legítimo interesse.
Acesso à Justiça
Para garantir os direitos da criança e do adolescente, o ECA prevê o acesso destas 
à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, assim como 
a assistência de um defensor público ou advogado e a isenção de custos e emolu-
mentos (taxas), como nos traz o artigo 141:
ECA
Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defen-
soria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer 
de seus órgãos.
§ 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, 
através de defensor público ou advogado nomeado.
§ 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da 
Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese 
de litigância de má-fé.
Litigância de má-fé: trata-se de uma contestação judicial em que uma das partes utiliza 
o processo para alcançar objetivos ilícitos ou perturbar o exercício de um direito por meio 
do processo, particularmente, postergando-o sem qualquer fundamento (artigo 80 do 
Código de Processo Civil).
Ex
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or
Já o artigo 142 determina que o acesso da criança ou do adolescente à justiça se dê 
mediante a participação de um adulto, estabelecendo que menores de 16 anos serão 
representados por seus pais, tutor ou curador, e os maiores de 16 anos e menores 
de 21 serão assistidos por estas mesmas pessoas. A diferença é que na represen-
tação o menor de 16 anos não participa do ato, sendo que seus responsáveis, na 
constituição de um advogado, assinarão os atos. Já na assistência, o ato é valido 
somente com a procuração assinada pelo adolescente e seus responsáveis.
Atenta-se ainda que este artigo prevê a assistência de um curador especial 
para auxiliar a criança ou o adolescente em seu processo, caso constado que o 
interesse deste colide com o de seus responsáveis ou quando carecer de repre-
sentação ou assistência.
10
11
ECA
Art. 142. 
[...]
Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança 
ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus 
pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência 
legal ainda que eventual. 
Advocacia e Defensoria Pública
O Estatuto (artigo 206) estabelece que a criança, adolescente, seus pais ou 
responsáveis, bem como qualquer pessoa que tenha legítimo interesse, poderão 
intervir nos processos disciplinados por esta lei, contudo, isso sempre deverá 
ocorrer por intermédio de um advogado. Além disso, garante que será prestada 
assistência judicial integral e gratuita a todos que necessitarem. Este artigo 
se encontra em conformidade com o inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição 
Federal que garante que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita 
aos que comprovarem insuficiência de recursos”.
Essa assistência é realizada por defensores públicos (com vínculo empregatício 
com o Estado) ou por advogados nomeados pelo juiz (chamados advogados dativos), 
com o pagamento de honorários pelo Estado, mas sem vínculo de emprego como 
servidor público.
Importante!
A assistência do advogado é particularmente importante nos casos em que o adoles-
cente é acusado da prática de atos infracionais, razão pela qual o Estatuto estabelece, 
especifi camente, a impossibilidade de que esse tipo de processo ocorra sem que haja 
essa representação, mesmo que o adolescente esteja foragido (artigo 207).
Importante!
ECA
Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infra-
cional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor.
§ 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, 
ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência.
§ 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato 
do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, 
ou para o só efeito do ato.
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UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de 
Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
Vedação de divulgação de atos infracionais
É importante ainda lembrar que o ECA veda a divulgação de atos que atribua 
autoria de ato infracional que digam respeito às crianças e aos adolescentes, assim 
como a identificação do nome, visual, de residência e de parentesco. A divulgação 
dessa vedação pode ocorrer apenas por decisão judicial se demonstrado interesse 
e justificado a finalidade. 
ECA
Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e adminis-
trativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua 
autoria de ato infracional.
Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá iden-
tificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência ao 
nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do 
nome e sobrenome.
Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o 
artigo anterior somente será deferida pela autoridade judiciária compe-
tente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade.
Justiça da Infância e da Juventude
Com a instituição do ECA, foi necessário a criação de Órgãos Judiciais especia-
lizados, cabendo aos estados e ao Distrito Federal criar varas especializadas 
e exclusivas, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade 
por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o aten-
dimento (artigo 145). Já as competências da Justiça da Infância e da Juventude 
estão dispostas no artigo 148.
ECA
Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:
I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, 
para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as 
medidas cabíveis;
II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;
III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;
IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos 
ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no 
art. 209;
V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de 
atendimento, aplicando as medidas cabíveis;
VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma 
de proteção à criança ou adolescente;
VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando 
as medidas cabíveis.
12
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Caso os direitos da criação e do adolescente seja violado por ação ou omissão 
da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável ou 
em razão de sua conduta (artigo 98), competente também a Justiça da Infância e 
da Juventude para o fim de:
ECA
Art. 148
[...]
a) conhecer de pedidos de guarda e tutela;
b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação 
da tutela ou guarda;
c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento;
d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, 
em relação ao exercício do poder familiar;
e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem 
os pais;
f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou repre-
sentação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que 
haja interesses de criança ou adolescente;
g) conhecer de ações de alimentos;
h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros 
de nascimento e óbito.
Juiz
O juiz destaca-se na estrutura das Varas da Infância e Juventude, sendo ele 
quem exerce a autoridade referente ao Estatuto da Criança e do Adolescente 
(artigo 146). Na Justiça Estadual, a atuação territorial dos juízes é circuns-
crita a uma determinada área territorial, denominada Comarca. Em cada Co-
marca há, ao menos, um juiz para decidir as questões que afetem os direitos 
da crianças e adolescente. O artigo 147 estipula o local no qual o processo 
deve ser proposto(a competência), sendo ele: a comarca de domicílio dos pais 
ou responsáveis; no caso da falta destes, na Comarca na qual a criança ou o 
adolescente se encontra; no caso de prática de atos infracionais, o processo 
deve ser proposto onde ocorreu a conduta a ser apurada; no caso de infração 
praticada por meio de transmissão simultânea de Rádio ou Televisão que tenha 
atingido mais de uma comarca, o processo será proposto na sede estadual da 
Emissora ou Rede, sendo que a decisão tem eficácia em todas as transmissoras 
ou retransmissoras situadas no Estado em que o processo tramitou.
Atos infracionais : são condutas, praticadas por adolescentes, previstas na legislação 
penal como crimes ou contravenções penais. É o caso de um adolescente que pratica, 
mediante violência ou grave ameaça, a subtração de coisa alheia móvel. Essa conduta é 
descrita no Código Penal (art. 157) como sendo o crime de roubo. Como foi praticada por 
um adolescente, a questão será regida conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, 
denominando-se ato infracional a conduta, e não crime ou contravenção. 
Ex
pl
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UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de 
Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
Já o artigo 149 atribui ao Juiz da Infância e Juventude o poder de disciplinar 
(através de portaria) e o poder de autorizar (mediante alvará) a entrada e a 
permanência de crianças e adolescentes desacompanhadas de seus pais e 
responsáveis em diversos locais, tais como, estádios, ginásios, campos despor-
tivos, bailes, boates ou congêneres, casa que explore comercialmente diversões 
eletrônicas, estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. Segundo este 
artigo, cabe ainda ao Juiz disciplinar ou autorizar a participação de crianças e 
adolescentes em espetáculos públicos e seus ensaios, bem como em concursos 
de beleza. Para isso o juiz deve levar em conta: os princípios do ECA, as pecu-
liaridades locais, a existência de instalações adequadas, o tipo de frequência ha-
bitual ao local, a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência 
de crianças e adolescentes e a natureza do espetáculo.
Serviços auxiliares
O ECA prevê ainda, em seus artigos 150 e 151, a criação de Equipes Interpro-
fissionais para assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. Essas equipes 
são compostas, em geral, por psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e outros 
profissionais que, por meio de laudos e pareceres, apresentam elementos ao longo 
do processo. Esse mecanismo busca contribuir de maneira substancial para que 
haja a melhor qualidade na decisão do juiz.
Ministério Público e Defensoria Pública
O Estatuto da Criança e do Adolescente reserva ao Ministério Público (represen-
tados pelos Promotores de Justiça, em primeira instância) importantes atribuições, 
sendo as principais:
ECA
Art. 201. Compete ao Ministério Público:
I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo;
II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações 
atribuídas a adolescentes;
III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos 
de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação e remoção de 
tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais 
procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; 
IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especiali-
zação e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, 
curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes 
nas hipóteses do art. 98;
V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos in-
teresses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, 
inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal;
14
15
VI - instaurar procedimentos administrativos [...]
VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar 
a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às 
normas de proteção à infância e à juventude;
VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegu-
rados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e 
extrajudiciais cabíveis;
IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em 
qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente;
X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infra-
ções cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, 
sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, 
quando cabível;
XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento 
e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas 
administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades 
porventura verificadas;
XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços mé-
dicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou pri-
vados, para o desempenho de suas atribuições.
Além disso, o artigo 201 prevê que o representante do Ministério Público terá 
livre acesso a todo local em que se encontra criança ou adolescente (§ 3º), assim 
como a falta de participação desse Ministério nos processos em que deva atuar 
acarreta nulidade do feito no qual essa omissão se deu:
ECA
Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade 
do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qual-
quer interessado.
Prevenção
Dentro do Sistema de Proteção Total, previsto no Estatuto, a todos cabe prevenir 
a ocorrência de ameaça ou de violação aos direitos da criança e do adolescente, que 
têm direito à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões, aos espetá-
culos e aos produtos e serviços. Contudo, sempre deve ser observada a necessidade 
de pleno respeito à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. A pessoa 
física ou jurídica, que não respeita as normas de prevenção a serem estudas a seguir, 
receberá as sanções estabelecidas pelo Estatuto em razão de sua ação ou omissão. 
Abaixo veremos como isso é regido.
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UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de 
Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
Prevenção especial
Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos
O poder público deve regular as diversões e espetáculos públicos, obrigatoria-
mente informando a natureza deles, as faixas etárias a que se recomenda e os 
locais e os horários nos quais sua apresentação se mostre inadequada, seguindo-se 
as recomendações:
• Tratando-se de diversões e espetáculos públicos, esse certificado de classifi-
cação deve ser afixado em lugar visível e de fácil acesso, na entrada do local 
de exibição, sendo destacado nele a natureza do espetáculo e a faixa etária 
recomendada (artigo 74).
• A criança ou o adolescente deve ter acesso às diversões e aos espetáculos públicos 
classificados como adequados à sua faixa etária, sendo que as crianças menores 
de dez anos somente podem ingressar e permanecer nos locais de apresentação 
ou em exibição, quando acompanhadas dos pais ou do responsável (artigo 75). 
• Nas emissoras de rádio e de televisão, nenhum espetáculo será apresentado 
ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, 
apresentação ou exibição (artigo 76). 
• As empresas que se dedicam à venda ou ao aluguel de fitas (ou qualquer outro tipo 
de mídia) de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação 
em desacordo com o certificado de classificação. Essas fitas (ou mídias) devem 
exibir, na embalagem ou em qualquer outra forma de apresentação utilizada, in-
formação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam (artigo 77).
• As revistas e as publicações que possuem material impróprio ou inadequado a 
crianças e adolescentes devem ser comercializadas em embalagemlacrada, com 
a advertência de seu conteúdo. Se as capas possuírem mensagens pornográficas 
ou obscenas, devem ser protegidas com uma embalagem opaca (artigo 78).
• As revistas e as publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão 
conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alco-
ólicas, de tabaco ou armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e 
sociais da pessoa e da família (artigo 79).
• Estabelecimentos que exploram comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou 
por casas de jogos, ou seja, aquelas onde são realizadas apostas, não podem per-
mitir a entrada e a permanência de crianças e de adolescentes no local, devendo 
ainda afixar aviso para orientação ao público (artigo 80).
Dos produtos e dos serviços
Em razão de sua particular situação de pessoa em desenvolvimento, o Estatuto 
vetou a venda de certos produtos a crianças e adolescentes que, de alguma forma, 
podem colocá-los em risco físico ou moral. Enquadra-se aqui também a venda de pro-
dutos que se utilizados de forma indevida podem causar dependência ou acidentes, 
como solventes, tintas, “cola de sapateiro” e a venda de “fogos de artifício”, assim, é 
proibida a hospedagem em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere sem 
autorização ou não estando acompanhado dos pais.
16
17
ECA
Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de:
I - armas, munições e explosivos;
II - bebidas alcoólicas;
III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou 
psíquica ainda que por utilização indevida;
IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu redu-
zido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso 
de utilização indevida;
V - revistas e publicações a que alude o art. 78 1;
VI - bilhetes lotéricos e equivalentes.
Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, 
motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acom-
panhado pelos pais ou responsável.
Da autorização para viajar
Por causar importante risco, estabelece o Estatuto uma série de regras para 
a viagem de crianças e adolescentes para locais fora da comarca onde residem. 
A regra geral e suas exceções são dadas pelo artigo 83.
ECA
Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, 
desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial.
§ 1º A autorização não será exigida quando:
a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma 
unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana;
b) a criança estiver acompanhada:
1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado 
documentalmente o parentesco;
2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável.
Essa autorização expedida pelo juiz poderá, a pedido dos pais ou do respon-
sável, ser expedida com validade de até dois anos. No caso de viagem para o 
exterior, a autorização judicial é dispensável se a criança ou adolescente estiver 
acompanhado de ambos os pais ou o responsável ou viajar na companhia de um 
dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma 
reconhecida. Por fim, estabelece o Estatuto que nenhuma criança ou adolescente 
nascido em território nacional poderá sair do país em companhia de estrangeiro 
residente ou domiciliado no exterior, sem expressa autorização judicial.
1 O artigo 78 diz respeito a revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes.
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Política de Atendimento
A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente se faz por um 
conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos 
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
Sobre as entidades de atendimento
As entidades de atendimento são responsáveis pelo planejamento e pela exe-
cução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças e ado-
lescentes. Elas podem ser governamentais ou não governamentais, sendo que 
esta última somente pode funcionar depois de registrada no Conselho Municipal 
dos Direitos da Criança e do Adolescente. Esse registro tem prazo de validade 
máximo de quatro anos. Essas entidades (governamentais ou não) devem receber 
recursos públicos destinados à implementação e à manutenção desses programas, 
sem prejuízo do recebimento de recursos privados. Tanto as entidades governamen-
tais como as não governamentais devem inscrever seus programas (especificando 
os regimes de atendimento) no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente, tendo esse órgão a incumbência de comunicar essas informações ao 
Conselho Tutelar e à Vara da Infância e da Juventude. Os programas em execução 
devem ser reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do 
Adolescente, no máximo, a cada dois anos, particularmente, para que sejam ve-
rificadas questões como o pleno respeito dos direitos das crianças e dos adolescen-
tes e a qualidade do serviço prestado. Havendo irregularidades, não poderá ocorrer 
a renovação da autorização de manutenção do programa.
O artigo 90 do ECA admite os seguintes regimes de atendimento à criança e ao 
adolescente nas instituições:
• orientação e apoio sócio familiar;
• apoio socioeducativo em meio aberto;
• colocação familiar;
• acolhimento institucional;
• prestação de serviços à comunidade;
• liberdade assistida;
• semiliberdade; e
• internação.
Entidades de acolhimento
Em razão de sua importância, a lei dedica especial atenção às entidades que 
desenvolvem esse programa, seja na modalidade de acolhimento familiar ou ins-
titucional. O artigo 92 aponta que o importante é que elas busquem preservar ou 
reatar os vínculos familiares (na família natural ou extensa) e, na impossibilidade, 
devem buscar a colocação em uma família substituta. Além disso, o dirigente de 
entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao 
guardião para todos os efeitos de direito. Por fim, cabe ressaltar que as entidades 
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tem a obrigação de reavaliar periodicamente cada caso, no máximo a cada 
seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente (inciso XIV, 
artigo 94). As entidades que desenvolvem programa de acolhimento institucional 
poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescen-
tes sem prévia determinação do Juiz da Infância e da Juventude, contudo, devem 
comunicar no prazo de 24 horas, à Vara da Infância e da Juventude (artigo 93).
Entidades de internação
A internação é aplicada no caso de atos infracionais mais graves praticados por 
adolescentes, sendo a medida socioeducativa de maior gravidade, razão pela qual 
o Estatuto estipulou que as entidades que realizam esse programa devem seguir uma 
série de obrigações e cuidados dado pelo artigo a seguir:
ECA
Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as 
seguintes obrigações, entre outras:
I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes;
II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição 
na decisão de internação;
III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e 
grupos reduzidos;
IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade 
ao adolescente;
V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos 
vínculos familiares;
VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que 
se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares;
VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, 
higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal;
VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa 
etária dos adolescentes atendidos;
IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;X - propiciar escolarização e profissionalização;
XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer;
XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com 
suas crenças;
XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso;
XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis 
meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente;
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Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situ-
ação processual;
XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes 
portadores de moléstias infecto-contagiosas;
XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes;
XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento 
de egressos;
XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania 
àqueles que não os tiverem;
XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do 
atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, 
endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de 
seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a indi-
vidualização do atendimento.
Fiscalização das entidades
A fiscalização das entidades que desenvolvem esses programas voltados para 
as crianças e os adolescentes deve ser realizada pelo Judiciário, pelo Ministério 
Público e pelos Conselhos Tutelares. As entidades de internação que descum-
prirem as obrigações estipuladas no artigo 94, anteriormente citado, poderão 
sofrer as seguintes medidas:
• Entidades governamentais: advertência; afastamento provisório de seus 
dirigentes; afastamento definitivo de seus dirigentes; fechamento de unidade 
ou interdição de programa.
• Entidades não-governamentais: advertência; suspensão total ou parcial do 
repasse de verbas públicas; interdição de unidades ou suspensão de programa; 
cassação do registro. 
Medidas de Proteção
As medidas de proteção são uma série de providências criadas pelo Estatuto 
para situações em que os direitos da criança ou do adolescente estejam sendo 
ameaçados ou violados, regulada pelo artigo 98.
ECA
Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis 
sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados:
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado;
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável;
III - em razão de sua conduta.
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Medidas específi cas
Em cada caso concreto deve ser verificada qual ou quais dessas medidas devem 
ser aplicadas, visto que elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem 
como substituídas a qualquer tempo (artigo 99). Contudo, sempre deve ser dada 
preferência para aquelas que fortaleçam os vínculos familiares e comunitários (artigo 
100), podendo ser aplicadas conjuntas a outras se houver necessidade e desde que 
sejam respeitados os princípios firmados por esta norma. As medidas específicas de 
proteção são estabelecidas pelo artigo 101, sendo elas:
• Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsa-
bilidade: essa medida, apesar de ser a mais simples, pode resolver uma série 
de situações, tais como aquelas em que uma criança de pouca idade é encon-
trada perdida de seus pais. Não podemos esquecer que essa medida de prote-
ção, tal como as demais, pode ser aplicada de forma cumulativa com outras.
• Orientação, apoio e acompanhamento temporários: em alguns casos, parti-
cularmente quando a família natural se mostra mal estruturada, pode ser impor-
tante essa medida, sobretudo para se evitar que haja uma agravação na situação 
da criança ou do adolescente. Ela, apesar de ser temporária, não comporta 
prazo certo, devendo subsistir até que seja verificada a cessação das causas que 
lesem ou ameacem os direitos da criança ou do adolescente.
• Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino 
fundamental: como vimos anteriormente, o Estado deve proporcionar o aces-
so das crianças e dos adolescentes ao ensino fundamental (artigo 54 do ECA). 
Por outro lado, decorre do poder familiar o dever dos pais de criar condições 
para que seus filhos frequentem o ensino fundamental (artigo 22 do ECA). 
Caso essa frequência não ocorra, seja em razão do Estado não proporcionar 
o seu acesso, seja em razão da omissão dos pais em matricular seus filhos ou 
garantir-lhes condições para que frequentem a escola, poderá ser aplicada essa 
medida protetiva. É o caso, por exemplo, da inexistência de vagas no ensino 
fundamental público disponibilizado próximo da residência da criança. Nesse 
caso, poderá o Juiz da Infância e da Juventude determinar que os dirigentes 
públicos resolvam esse problema, pois isso afeta, de forma contundente, os 
direitos dessa criança.
• Inclusão em serviços e em programas oficiais ou comunitários de pro-
teção, de apoio e de promoção da família, da criança e do adolescente: 
essa medida protetiva é especialmente importante naquelas situações em que a 
família natural se encontra em situação de miséria. Como vimos anteriormente, 
decorre do poder familiar uma série de deveres, os quais, quando não cumpri-
dos, podem acarretar a suspensão ou a perda desse poder. Contudo, no caso 
de miserabilidade, essa consequência não pode ocorrer, devendo a família ser 
inserida em um programa oficial de auxílio (artigo 23 do ECA).
• Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial: o direito da criança e do adolescente a um atendi-
mento integral à sua saúde está assegurado no artigo 11 do Estatuto. Caso haja 
necessidade, pode-se valer desse tratamento através de uma medida protetiva. 
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Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
• Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, de orientação e 
de tratamento a alcoólatras e toxicômanos: esta medida protetiva decorre 
da anterior, havendo, na verdade, uma verdadeira demonstração do legislador 
da sua preocupação com o alcoolismo e outras toxicomanias e as consequên-
cias que elas têm em crianças e em adolescentes.
• Acolhimento institucional: acolhimento institucional ou familiar é normal-
mente uma medida protetiva aplicada para resolver diversas situações, tais 
como: casos emergenciais em que adolescentes ou crianças são encontradas 
em situação de abandono; dar atendimento para crianças e para adolescentes 
que, em razão de maus tratos ou mesmo crimes contra eles praticados por 
seus pais ou responsável, não podem continuar a conviver com os autores 
dessas condutas; dar atendimento para criança ou para adolescente que, por 
qualquer razão, esteja afastado de sua família natural ou extensa, enquanto 
essa situação não é resolvida; dar atendimento para criança ou para adolescen-
te que se encontra em processo de colocação em família substituta.
Assim, o acolhimento se destina sempre a ser uma medida provisória e excep-
cional, não podendo ser confundido com qualquer forma de privação de liberda-
de. O encaminhamento de criança ou de adolescente para o acolhimento institu-
cional (exceto em situações emergenciais) somente pode se dar por atuação do 
Juiz da Infância e da Juventude. Imediatamente, após o acolhimento da criança 
ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento insti-
tucional ou familiar deve elaborar um plano individual de atendimento, visando à 
reintegração familiar, salvo em situações excepcionais determinadas pelo Juiz da 
Infância e da Juventude.
O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à 
residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração 
familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída 
em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facili-
tado e estimulado o contatocom a criança ou com o adolescente acolhido. Sendo 
constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à fa-
mília de origem, a entidade que desenvolve o programa deve enviar relatório ao 
Ministério Público, propondo a destituição do poder familiar, ou a destituição de 
tutela ou de guarda. Após o recebimento desse relatório, o Ministério Público deve 
ingressar com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessá-
ria a realização de estudos complementares ou outras providências que entender 
indispensáveis ao ajuizamento da demanda. Ao final dessa ação, as crianças ou os 
adolescentes deverão ser incluídos no cadastro de crianças e de adolescente que 
podem ser colocadas em famílias substitutas.
• Inclusão em programa de acolhimento familiar: o acolhimento familiar é 
sempre preferível ao institucional, pois possibilita uma maior atenção à criança 
ou ao adolescente, razão pela qual essa modalidade deve ser empregada, sem-
pre que for possível e houver famílias dispostas a participar dessa medida.
• Colocação em família substituta: é uma medida de proteção para as diversas 
situações que foram tratadas em nossa aula específica sobre esse tema.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
L8069
Estatuto da Criança e do Adolescente (lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990).
https://goo.gl/UdwKV
Constituição
Constituição Federal de 1988.
https://goo.gl/HwJ1Q
L10406
Código Civil (lei n˚10.406, de 10 de janeiro de 2002).
https://goo.gl/81GpC
L13105
Código de Processo Civil (lei n˚13.105, de 16 de março de 2015).
https://goo.gl/6b0EbE
 Leitura
Políticas sociais de atendimento às crianças e aos adolescentes no Brasil
PEREZ, José Roberto Rus. PASSONE, Eric Ferdinando. Políticas sociais de atendi-
mento às crianças e aos adolescentes no Brasil. Cadernos de Pesquisa. [online]. 
2010, vol.40, n.140, pp.649-673.
https://goo.gl/zRPcSw
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Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes
Referências
ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino. Comentários ao Estatuto da Criança e do 
Adolescente. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; WALDIR MACIEIRA 
DA, Costa Filho. Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência. São 
Paulo: Saraiva, 2016.
MACHADO, Costa (org.). Constituição Federal interpretada: artigo por artigo, 
parágrafo por parágrafo. 9. ed. Barueri, SP: Manole, 2018.
MAURO, Renata Giovanoni Di. Procedimentos civis no Estatuto da Criança e 
do Adolescente. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 
17. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
TAVARES, José de Farias. Prática no Estatuto da Criança e do Adolescente. 2. Ed. 
São Paulo: Atlas, 2017.
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