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Estatuto da Criança e do Adolescente Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. Reinaldo Zychan de Moraes Prof. Me. Alexandre Irigiyen Vander Velden Revisão Textual: Prof. Esp. Claudio Pereira do Nascimento As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes • O Conselho Tutelar; • Acesso à Justiça; • Prevenção; • Política de Atendimento; • Medidas de Proteção. • Estudar as estruturas utilizadas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente para tornar realidade os seus diversos preceitos, ou seja, quais são as pessoas e os Órgãos Públicos responsáveis por fazer valer o ECA, tais como os Conselhos Tutelares e os Juizados da Infância e da Juventude; • Conhecer quais são as medidas preventivas presentes no ECA, bem como qual a política de atendimento e as medidas de proteção à criança e ao adolescente quando os seus direitos são lesados. OBJETIVO DE APRENDIZADO As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes O Conselho Tutelar O Conselho Tutelar é um órgão criado pelo Estatuto da Criança e do Adoles- cente como parte do sistema de proteção integral, apresentando-se no Estatuto da seguinte forma: ECA Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. Importante! Entenda as características desse artigo: • Órgão permanente: significa que o conselho possui existência formal e atuação contínua. • Órgão autônomo: apesar de ligado ao Poder Público Municipal e à Vara da Infância e da Juventude da Comarca, não está subordinado a estes. • Órgão não jurisdicional: não está na estrutura do Poder Judiciárias e suas deci- sões não possuem características de decisões judiciais. Dessa forma, não cabe ao Conselho estabelecer sanções para fazer cumprir suas decisões, devendo, se neces- sário, representar junto ao Poder Judiciário para isso. Importante! Dessa forma, os Conselhos Tutelares são responsáveis por zelar pelo respeito dos direitos das crianças e dos adolescentes, sendo que incumbe à lei municipal ou distrital dispor sobre seu local, dias e horário de funcionamento, bem como a remuneração de seus membros (Artigo 134). Constituição dos Conselhos Tutelares O artigo 132 legisla que em cada município e cada região administrativo do Distrito Federal deve ter, pelo menos, um Conselho Tutelar, composto por cinco membros escolhidos pela população com mandato de 4 anos, sendo permitida uma recon- dução mediante novo processo. Já o artigo 133 dispõem os seguintes requisitos para que alguém concorra a uma das vagas no Conselho: reconhecida idoneidade moral; possuir mais de 21 anos; residir no município do conselho. O artigo 140 aponta ainda as situações de impedimentos ao exercício de conselheiro: ECA Art. 140. São impedidos de servir no mesmo Conselho marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhados, durante o cunhadio, tio e sobrinho, padrasto ou madrasta e enteado. Parágrafo único. Estende-se o impedimento do conselheiro, na forma deste artigo, em relação à autoridade judiciária e ao representante do Ministério Público com atuação na Justiça da Infância e da Juventude, em exercício na comarca, foro regional ou distrital. 8 9 Já o processo de escolha dos conselheiros é dado pelo artigo 139 que prevê que ele deve ser estabelecido por lei municipal, realizado pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e fiscalizado pelo Ministério Público. Além disso, deve ocorrer em data unificada em todo o território nacional a cada 4 anos, no primeiro domingo do mês de outubro do ano subsequente ao da eleição presidencial. No processo de escolha dos membros, os candidatos não podem doar, oferecer, prometer ou entregar ao eleitor bem ou vantagem pessoal de qualquer na- tureza, inclusive brindes de pequeno valor. Atribuições do Conselho Tutelar As principais atribuições do Conselho estão descritas no artigo 136 do ECA: ECA Art. 136. São atribuições do Conselho Tutelar: I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses previstas nos arts. 98 e 105, aplicando as medidas previstas no art. 101, I a VII; II - atender e aconselhar os pais ou responsável, aplicando as medidas previstas no art. 129, I a VII; III - promover a execução de suas decisões, podendo para tanto: a) requisitar serviços públicos nas áreas de saúde, educação, serviço social, previdência, trabalho e segurança; b) representar junto à autoridade judiciária nos casos de descumprimento injustificado de suas deliberações. IV - encaminhar ao Ministério Público notícia de fato que constitua infração administrativa ou penal contra os direitos da criança ou adolescente; V - encaminhar à autoridade judiciária os casos de sua competência; VI - providenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as previstas no art. 101, de I a VI, para o adolescente autor de ato infracional; VII - expedir notificações; VIII - requisitar certidões de nascimento e de óbito de criança ou adoles- cente quando necessário; IX - assessorar o Poder Executivo local na elaboração da proposta orça- mentária para planos e programas de atendimento dos direitos da criança e do adolescente; X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a violação dos direitos previstos no art. 220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal; XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder familiar, após esgotadas as possibilidades de manu- tenção da criança ou do adolescente junto à família natural. 9 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes XII - promover e incentivar, na comunidade e nos grupos profissionais, ações de divulgação e treinamento para o reconhecimento de sintomas de maus-tratos em criançase adolescentes. Além disso, o artigo 137 prevê ainda que as decisões do Conselho Tutelar podem ser revistas pela autoridade judiciária somente a pedido de quem tenha legítimo interesse. Acesso à Justiça Para garantir os direitos da criança e do adolescente, o ECA prevê o acesso destas à Defensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, assim como a assistência de um defensor público ou advogado e a isenção de custos e emolu- mentos (taxas), como nos traz o artigo 141: ECA Art. 141. É garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defen- soria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos. § 1º. A assistência judiciária gratuita será prestada aos que dela necessitarem, através de defensor público ou advogado nomeado. § 2º As ações judiciais da competência da Justiça da Infância e da Juventude são isentas de custas e emolumentos, ressalvada a hipótese de litigância de má-fé. Litigância de má-fé: trata-se de uma contestação judicial em que uma das partes utiliza o processo para alcançar objetivos ilícitos ou perturbar o exercício de um direito por meio do processo, particularmente, postergando-o sem qualquer fundamento (artigo 80 do Código de Processo Civil). Ex pl or Já o artigo 142 determina que o acesso da criança ou do adolescente à justiça se dê mediante a participação de um adulto, estabelecendo que menores de 16 anos serão representados por seus pais, tutor ou curador, e os maiores de 16 anos e menores de 21 serão assistidos por estas mesmas pessoas. A diferença é que na represen- tação o menor de 16 anos não participa do ato, sendo que seus responsáveis, na constituição de um advogado, assinarão os atos. Já na assistência, o ato é valido somente com a procuração assinada pelo adolescente e seus responsáveis. Atenta-se ainda que este artigo prevê a assistência de um curador especial para auxiliar a criança ou o adolescente em seu processo, caso constado que o interesse deste colide com o de seus responsáveis ou quando carecer de repre- sentação ou assistência. 10 11 ECA Art. 142. [...] Parágrafo único. A autoridade judiciária dará curador especial à criança ou adolescente, sempre que os interesses destes colidirem com os de seus pais ou responsável, ou quando carecer de representação ou assistência legal ainda que eventual. Advocacia e Defensoria Pública O Estatuto (artigo 206) estabelece que a criança, adolescente, seus pais ou responsáveis, bem como qualquer pessoa que tenha legítimo interesse, poderão intervir nos processos disciplinados por esta lei, contudo, isso sempre deverá ocorrer por intermédio de um advogado. Além disso, garante que será prestada assistência judicial integral e gratuita a todos que necessitarem. Este artigo se encontra em conformidade com o inciso LXXIV do artigo 5º da Constituição Federal que garante que “o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos”. Essa assistência é realizada por defensores públicos (com vínculo empregatício com o Estado) ou por advogados nomeados pelo juiz (chamados advogados dativos), com o pagamento de honorários pelo Estado, mas sem vínculo de emprego como servidor público. Importante! A assistência do advogado é particularmente importante nos casos em que o adoles- cente é acusado da prática de atos infracionais, razão pela qual o Estatuto estabelece, especifi camente, a impossibilidade de que esse tipo de processo ocorra sem que haja essa representação, mesmo que o adolescente esteja foragido (artigo 207). Importante! ECA Art. 207. Nenhum adolescente a quem se atribua a prática de ato infra- cional, ainda que ausente ou foragido, será processado sem defensor. § 1º Se o adolescente não tiver defensor, ser-lhe-á nomeado pelo juiz, ressalvado o direito de, a todo tempo, constituir outro de sua preferência. § 2º A ausência do defensor não determinará o adiamento de nenhum ato do processo, devendo o juiz nomear substituto, ainda que provisoriamente, ou para o só efeito do ato. 11 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Vedação de divulgação de atos infracionais É importante ainda lembrar que o ECA veda a divulgação de atos que atribua autoria de ato infracional que digam respeito às crianças e aos adolescentes, assim como a identificação do nome, visual, de residência e de parentesco. A divulgação dessa vedação pode ocorrer apenas por decisão judicial se demonstrado interesse e justificado a finalidade. ECA Art. 143. É vedada a divulgação de atos judiciais, policiais e adminis- trativos que digam respeito a crianças e adolescentes a que se atribua autoria de ato infracional. Parágrafo único. Qualquer notícia a respeito do fato não poderá iden- tificar a criança ou adolescente, vedando-se fotografia, referência ao nome, apelido, filiação, parentesco, residência e, inclusive, iniciais do nome e sobrenome. Art. 144. A expedição de cópia ou certidão de atos a que se refere o artigo anterior somente será deferida pela autoridade judiciária compe- tente, se demonstrado o interesse e justificada a finalidade. Justiça da Infância e da Juventude Com a instituição do ECA, foi necessário a criação de Órgãos Judiciais especia- lizados, cabendo aos estados e ao Distrito Federal criar varas especializadas e exclusivas, cabendo ao Poder Judiciário estabelecer sua proporcionalidade por número de habitantes, dotá-las de infraestrutura e dispor sobre o aten- dimento (artigo 145). Já as competências da Justiça da Infância e da Juventude estão dispostas no artigo 148. ECA Art. 148. A Justiça da Infância e da Juventude é competente para: I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis; II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo; III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes; IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art. 209; V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis; VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente; VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis. 12 13 Caso os direitos da criação e do adolescente seja violado por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável ou em razão de sua conduta (artigo 98), competente também a Justiça da Infância e da Juventude para o fim de: ECA Art. 148 [...] a) conhecer de pedidos de guarda e tutela; b) conhecer de ações de destituição do poder familiar, perda ou modificação da tutela ou guarda; c) suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; d) conhecer de pedidos baseados em discordância paterna ou materna, em relação ao exercício do poder familiar; e) conceder a emancipação, nos termos da lei civil, quando faltarem os pais; f) designar curador especial em casos de apresentação de queixa ou repre- sentação, ou de outros procedimentos judiciais ou extrajudiciais em que haja interesses de criança ou adolescente; g) conhecer de ações de alimentos; h) determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento dos registros de nascimento e óbito. Juiz O juiz destaca-se na estrutura das Varas da Infância e Juventude, sendo ele quem exerce a autoridade referente ao Estatuto da Criança e do Adolescente (artigo 146). Na Justiça Estadual, a atuação territorial dos juízes é circuns- crita a uma determinada área territorial, denominada Comarca. Em cada Co- marca há, ao menos, um juiz para decidir as questões que afetem os direitos da crianças e adolescente. O artigo 147 estipula o local no qual o processo deve ser proposto(a competência), sendo ele: a comarca de domicílio dos pais ou responsáveis; no caso da falta destes, na Comarca na qual a criança ou o adolescente se encontra; no caso de prática de atos infracionais, o processo deve ser proposto onde ocorreu a conduta a ser apurada; no caso de infração praticada por meio de transmissão simultânea de Rádio ou Televisão que tenha atingido mais de uma comarca, o processo será proposto na sede estadual da Emissora ou Rede, sendo que a decisão tem eficácia em todas as transmissoras ou retransmissoras situadas no Estado em que o processo tramitou. Atos infracionais : são condutas, praticadas por adolescentes, previstas na legislação penal como crimes ou contravenções penais. É o caso de um adolescente que pratica, mediante violência ou grave ameaça, a subtração de coisa alheia móvel. Essa conduta é descrita no Código Penal (art. 157) como sendo o crime de roubo. Como foi praticada por um adolescente, a questão será regida conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente, denominando-se ato infracional a conduta, e não crime ou contravenção. Ex pl or 13 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Já o artigo 149 atribui ao Juiz da Infância e Juventude o poder de disciplinar (através de portaria) e o poder de autorizar (mediante alvará) a entrada e a permanência de crianças e adolescentes desacompanhadas de seus pais e responsáveis em diversos locais, tais como, estádios, ginásios, campos despor- tivos, bailes, boates ou congêneres, casa que explore comercialmente diversões eletrônicas, estúdios cinematográficos, de teatro, rádio e televisão. Segundo este artigo, cabe ainda ao Juiz disciplinar ou autorizar a participação de crianças e adolescentes em espetáculos públicos e seus ensaios, bem como em concursos de beleza. Para isso o juiz deve levar em conta: os princípios do ECA, as pecu- liaridades locais, a existência de instalações adequadas, o tipo de frequência ha- bitual ao local, a adequação do ambiente a eventual participação ou frequência de crianças e adolescentes e a natureza do espetáculo. Serviços auxiliares O ECA prevê ainda, em seus artigos 150 e 151, a criação de Equipes Interpro- fissionais para assessorar a Justiça da Infância e da Juventude. Essas equipes são compostas, em geral, por psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e outros profissionais que, por meio de laudos e pareceres, apresentam elementos ao longo do processo. Esse mecanismo busca contribuir de maneira substancial para que haja a melhor qualidade na decisão do juiz. Ministério Público e Defensoria Pública O Estatuto da Criança e do Adolescente reserva ao Ministério Público (represen- tados pelos Promotores de Justiça, em primeira instância) importantes atribuições, sendo as principais: ECA Art. 201. Compete ao Ministério Público: I - conceder a remissão como forma de exclusão do processo; II - promover e acompanhar os procedimentos relativos às infrações atribuídas a adolescentes; III - promover e acompanhar as ações de alimentos e os procedimentos de suspensão e destituição do poder familiar, nomeação e remoção de tutores, curadores e guardiães, bem como oficiar em todos os demais procedimentos da competência da Justiça da Infância e da Juventude; IV - promover, de ofício ou por solicitação dos interessados, a especiali- zação e a inscrição de hipoteca legal e a prestação de contas dos tutores, curadores e quaisquer administradores de bens de crianças e adolescentes nas hipóteses do art. 98; V - promover o inquérito civil e a ação civil pública para a proteção dos in- teresses individuais, difusos ou coletivos relativos à infância e à adolescência, inclusive os definidos no art. 220, § 3º inciso II, da Constituição Federal; 14 15 VI - instaurar procedimentos administrativos [...] VII - instaurar sindicâncias, requisitar diligências investigatórias e determinar a instauração de inquérito policial, para apuração de ilícitos ou infrações às normas de proteção à infância e à juventude; VIII - zelar pelo efetivo respeito aos direitos e garantias legais assegu- rados às crianças e adolescentes, promovendo as medidas judiciais e extrajudiciais cabíveis; IX - impetrar mandado de segurança, de injunção e habeas corpus, em qualquer juízo, instância ou tribunal, na defesa dos interesses sociais e individuais indisponíveis afetos à criança e ao adolescente; X - representar ao juízo visando à aplicação de penalidade por infra- ções cometidas contra as normas de proteção à infância e à juventude, sem prejuízo da promoção da responsabilidade civil e penal do infrator, quando cabível; XI - inspecionar as entidades públicas e particulares de atendimento e os programas de que trata esta Lei, adotando de pronto as medidas administrativas ou judiciais necessárias à remoção de irregularidades porventura verificadas; XII - requisitar força policial, bem como a colaboração dos serviços mé- dicos, hospitalares, educacionais e de assistência social, públicos ou pri- vados, para o desempenho de suas atribuições. Além disso, o artigo 201 prevê que o representante do Ministério Público terá livre acesso a todo local em que se encontra criança ou adolescente (§ 3º), assim como a falta de participação desse Ministério nos processos em que deva atuar acarreta nulidade do feito no qual essa omissão se deu: ECA Art. 204. A falta de intervenção do Ministério Público acarreta a nulidade do feito, que será declarada de ofício pelo juiz ou a requerimento de qual- quer interessado. Prevenção Dentro do Sistema de Proteção Total, previsto no Estatuto, a todos cabe prevenir a ocorrência de ameaça ou de violação aos direitos da criança e do adolescente, que têm direito à informação, à cultura, ao lazer, aos esportes, às diversões, aos espetá- culos e aos produtos e serviços. Contudo, sempre deve ser observada a necessidade de pleno respeito à sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento. A pessoa física ou jurídica, que não respeita as normas de prevenção a serem estudas a seguir, receberá as sanções estabelecidas pelo Estatuto em razão de sua ação ou omissão. Abaixo veremos como isso é regido. 15 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Prevenção especial Da informação, Cultura, Lazer, Esportes, Diversões e Espetáculos O poder público deve regular as diversões e espetáculos públicos, obrigatoria- mente informando a natureza deles, as faixas etárias a que se recomenda e os locais e os horários nos quais sua apresentação se mostre inadequada, seguindo-se as recomendações: • Tratando-se de diversões e espetáculos públicos, esse certificado de classifi- cação deve ser afixado em lugar visível e de fácil acesso, na entrada do local de exibição, sendo destacado nele a natureza do espetáculo e a faixa etária recomendada (artigo 74). • A criança ou o adolescente deve ter acesso às diversões e aos espetáculos públicos classificados como adequados à sua faixa etária, sendo que as crianças menores de dez anos somente podem ingressar e permanecer nos locais de apresentação ou em exibição, quando acompanhadas dos pais ou do responsável (artigo 75). • Nas emissoras de rádio e de televisão, nenhum espetáculo será apresentado ou anunciado sem aviso de sua classificação, antes de sua transmissão, apresentação ou exibição (artigo 76). • As empresas que se dedicam à venda ou ao aluguel de fitas (ou qualquer outro tipo de mídia) de programação em vídeo cuidarão para que não haja venda ou locação em desacordo com o certificado de classificação. Essas fitas (ou mídias) devem exibir, na embalagem ou em qualquer outra forma de apresentação utilizada, in- formação sobre a natureza da obra e a faixa etária a que se destinam (artigo 77). • As revistas e as publicações que possuem material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes devem ser comercializadas em embalagemlacrada, com a advertência de seu conteúdo. Se as capas possuírem mensagens pornográficas ou obscenas, devem ser protegidas com uma embalagem opaca (artigo 78). • As revistas e as publicações destinadas ao público infanto-juvenil não poderão conter ilustrações, fotografias, legendas, crônicas ou anúncios de bebidas alco- ólicas, de tabaco ou armas e munições, e deverão respeitar os valores éticos e sociais da pessoa e da família (artigo 79). • Estabelecimentos que exploram comercialmente bilhar, sinuca ou congênere ou por casas de jogos, ou seja, aquelas onde são realizadas apostas, não podem per- mitir a entrada e a permanência de crianças e de adolescentes no local, devendo ainda afixar aviso para orientação ao público (artigo 80). Dos produtos e dos serviços Em razão de sua particular situação de pessoa em desenvolvimento, o Estatuto vetou a venda de certos produtos a crianças e adolescentes que, de alguma forma, podem colocá-los em risco físico ou moral. Enquadra-se aqui também a venda de pro- dutos que se utilizados de forma indevida podem causar dependência ou acidentes, como solventes, tintas, “cola de sapateiro” e a venda de “fogos de artifício”, assim, é proibida a hospedagem em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere sem autorização ou não estando acompanhado dos pais. 16 17 ECA Art. 81. É proibida a venda à criança ou ao adolescente de: I - armas, munições e explosivos; II - bebidas alcoólicas; III - produtos cujos componentes possam causar dependência física ou psíquica ainda que por utilização indevida; IV - fogos de estampido e de artifício, exceto aqueles que pelo seu redu- zido potencial sejam incapazes de provocar qualquer dano físico em caso de utilização indevida; V - revistas e publicações a que alude o art. 78 1; VI - bilhetes lotéricos e equivalentes. Art. 82. É proibida a hospedagem de criança ou adolescente em hotel, motel, pensão ou estabelecimento congênere, salvo se autorizado ou acom- panhado pelos pais ou responsável. Da autorização para viajar Por causar importante risco, estabelece o Estatuto uma série de regras para a viagem de crianças e adolescentes para locais fora da comarca onde residem. A regra geral e suas exceções são dadas pelo artigo 83. ECA Art. 83. Nenhuma criança poderá viajar para fora da comarca onde reside, desacompanhada dos pais ou responsável, sem expressa autorização judicial. § 1º A autorização não será exigida quando: a) tratar-se de comarca contígua à da residência da criança, se na mesma unidade da Federação, ou incluída na mesma região metropolitana; b) a criança estiver acompanhada: 1) de ascendente ou colateral maior, até o terceiro grau, comprovado documentalmente o parentesco; 2) de pessoa maior, expressamente autorizada pelo pai, mãe ou responsável. Essa autorização expedida pelo juiz poderá, a pedido dos pais ou do respon- sável, ser expedida com validade de até dois anos. No caso de viagem para o exterior, a autorização judicial é dispensável se a criança ou adolescente estiver acompanhado de ambos os pais ou o responsável ou viajar na companhia de um dos pais, autorizado expressamente pelo outro através de documento com firma reconhecida. Por fim, estabelece o Estatuto que nenhuma criança ou adolescente nascido em território nacional poderá sair do país em companhia de estrangeiro residente ou domiciliado no exterior, sem expressa autorização judicial. 1 O artigo 78 diz respeito a revistas e publicações contendo material impróprio ou inadequado a crianças e adolescentes. 17 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Política de Atendimento A política de atendimento dos direitos da criança e do adolescente se faz por um conjunto articulado de ações governamentais e não governamentais, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Sobre as entidades de atendimento As entidades de atendimento são responsáveis pelo planejamento e pela exe- cução de programas de proteção e socioeducativos destinados a crianças e ado- lescentes. Elas podem ser governamentais ou não governamentais, sendo que esta última somente pode funcionar depois de registrada no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente. Esse registro tem prazo de validade máximo de quatro anos. Essas entidades (governamentais ou não) devem receber recursos públicos destinados à implementação e à manutenção desses programas, sem prejuízo do recebimento de recursos privados. Tanto as entidades governamen- tais como as não governamentais devem inscrever seus programas (especificando os regimes de atendimento) no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, tendo esse órgão a incumbência de comunicar essas informações ao Conselho Tutelar e à Vara da Infância e da Juventude. Os programas em execução devem ser reavaliados pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no máximo, a cada dois anos, particularmente, para que sejam ve- rificadas questões como o pleno respeito dos direitos das crianças e dos adolescen- tes e a qualidade do serviço prestado. Havendo irregularidades, não poderá ocorrer a renovação da autorização de manutenção do programa. O artigo 90 do ECA admite os seguintes regimes de atendimento à criança e ao adolescente nas instituições: • orientação e apoio sócio familiar; • apoio socioeducativo em meio aberto; • colocação familiar; • acolhimento institucional; • prestação de serviços à comunidade; • liberdade assistida; • semiliberdade; e • internação. Entidades de acolhimento Em razão de sua importância, a lei dedica especial atenção às entidades que desenvolvem esse programa, seja na modalidade de acolhimento familiar ou ins- titucional. O artigo 92 aponta que o importante é que elas busquem preservar ou reatar os vínculos familiares (na família natural ou extensa) e, na impossibilidade, devem buscar a colocação em uma família substituta. Além disso, o dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião para todos os efeitos de direito. Por fim, cabe ressaltar que as entidades 18 19 tem a obrigação de reavaliar periodicamente cada caso, no máximo a cada seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente (inciso XIV, artigo 94). As entidades que desenvolvem programa de acolhimento institucional poderão, em caráter excepcional e de urgência, acolher crianças e adolescen- tes sem prévia determinação do Juiz da Infância e da Juventude, contudo, devem comunicar no prazo de 24 horas, à Vara da Infância e da Juventude (artigo 93). Entidades de internação A internação é aplicada no caso de atos infracionais mais graves praticados por adolescentes, sendo a medida socioeducativa de maior gravidade, razão pela qual o Estatuto estipulou que as entidades que realizam esse programa devem seguir uma série de obrigações e cuidados dado pelo artigo a seguir: ECA Art. 94. As entidades que desenvolvem programas de internação têm as seguintes obrigações, entre outras: I - observar os direitos e garantias de que são titulares os adolescentes; II - não restringir nenhum direito que não tenha sido objeto de restrição na decisão de internação; III - oferecer atendimento personalizado, em pequenas unidades e grupos reduzidos; IV - preservar a identidade e oferecer ambiente de respeito e dignidade ao adolescente; V - diligenciar no sentido do restabelecimento e da preservação dos vínculos familiares; VI - comunicar à autoridade judiciária, periodicamente, os casos em que se mostre inviável ou impossível o reatamento dos vínculos familiares; VII - oferecer instalações físicas em condições adequadas de habitabilidade, higiene, salubridade e segurança e os objetos necessários à higiene pessoal; VIII - oferecer vestuário e alimentação suficientes e adequados à faixa etária dos adolescentes atendidos; IX - oferecer cuidados médicos, psicológicos, odontológicos e farmacêuticos;X - propiciar escolarização e profissionalização; XI - propiciar atividades culturais, esportivas e de lazer; XII - propiciar assistência religiosa àqueles que desejarem, de acordo com suas crenças; XIII - proceder a estudo social e pessoal de cada caso; XIV - reavaliar periodicamente cada caso, com intervalo máximo de seis meses, dando ciência dos resultados à autoridade competente; 19 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes XV - informar, periodicamente, o adolescente internado sobre sua situ- ação processual; XVI - comunicar às autoridades competentes todos os casos de adolescentes portadores de moléstias infecto-contagiosas; XVII - fornecer comprovante de depósito dos pertences dos adolescentes; XVIII - manter programas destinados ao apoio e acompanhamento de egressos; XIX - providenciar os documentos necessários ao exercício da cidadania àqueles que não os tiverem; XX - manter arquivo de anotações onde constem data e circunstâncias do atendimento, nome do adolescente, seus pais ou responsável, parentes, endereços, sexo, idade, acompanhamento da sua formação, relação de seus pertences e demais dados que possibilitem sua identificação e a indi- vidualização do atendimento. Fiscalização das entidades A fiscalização das entidades que desenvolvem esses programas voltados para as crianças e os adolescentes deve ser realizada pelo Judiciário, pelo Ministério Público e pelos Conselhos Tutelares. As entidades de internação que descum- prirem as obrigações estipuladas no artigo 94, anteriormente citado, poderão sofrer as seguintes medidas: • Entidades governamentais: advertência; afastamento provisório de seus dirigentes; afastamento definitivo de seus dirigentes; fechamento de unidade ou interdição de programa. • Entidades não-governamentais: advertência; suspensão total ou parcial do repasse de verbas públicas; interdição de unidades ou suspensão de programa; cassação do registro. Medidas de Proteção As medidas de proteção são uma série de providências criadas pelo Estatuto para situações em que os direitos da criança ou do adolescente estejam sendo ameaçados ou violados, regulada pelo artigo 98. ECA Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; III - em razão de sua conduta. 20 21 Medidas específi cas Em cada caso concreto deve ser verificada qual ou quais dessas medidas devem ser aplicadas, visto que elas podem ser aplicadas isolada ou cumulativamente, bem como substituídas a qualquer tempo (artigo 99). Contudo, sempre deve ser dada preferência para aquelas que fortaleçam os vínculos familiares e comunitários (artigo 100), podendo ser aplicadas conjuntas a outras se houver necessidade e desde que sejam respeitados os princípios firmados por esta norma. As medidas específicas de proteção são estabelecidas pelo artigo 101, sendo elas: • Encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsa- bilidade: essa medida, apesar de ser a mais simples, pode resolver uma série de situações, tais como aquelas em que uma criança de pouca idade é encon- trada perdida de seus pais. Não podemos esquecer que essa medida de prote- ção, tal como as demais, pode ser aplicada de forma cumulativa com outras. • Orientação, apoio e acompanhamento temporários: em alguns casos, parti- cularmente quando a família natural se mostra mal estruturada, pode ser impor- tante essa medida, sobretudo para se evitar que haja uma agravação na situação da criança ou do adolescente. Ela, apesar de ser temporária, não comporta prazo certo, devendo subsistir até que seja verificada a cessação das causas que lesem ou ameacem os direitos da criança ou do adolescente. • Matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento oficial de ensino fundamental: como vimos anteriormente, o Estado deve proporcionar o aces- so das crianças e dos adolescentes ao ensino fundamental (artigo 54 do ECA). Por outro lado, decorre do poder familiar o dever dos pais de criar condições para que seus filhos frequentem o ensino fundamental (artigo 22 do ECA). Caso essa frequência não ocorra, seja em razão do Estado não proporcionar o seu acesso, seja em razão da omissão dos pais em matricular seus filhos ou garantir-lhes condições para que frequentem a escola, poderá ser aplicada essa medida protetiva. É o caso, por exemplo, da inexistência de vagas no ensino fundamental público disponibilizado próximo da residência da criança. Nesse caso, poderá o Juiz da Infância e da Juventude determinar que os dirigentes públicos resolvam esse problema, pois isso afeta, de forma contundente, os direitos dessa criança. • Inclusão em serviços e em programas oficiais ou comunitários de pro- teção, de apoio e de promoção da família, da criança e do adolescente: essa medida protetiva é especialmente importante naquelas situações em que a família natural se encontra em situação de miséria. Como vimos anteriormente, decorre do poder familiar uma série de deveres, os quais, quando não cumpri- dos, podem acarretar a suspensão ou a perda desse poder. Contudo, no caso de miserabilidade, essa consequência não pode ocorrer, devendo a família ser inserida em um programa oficial de auxílio (artigo 23 do ECA). • Requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime hospitalar ou ambulatorial: o direito da criança e do adolescente a um atendi- mento integral à sua saúde está assegurado no artigo 11 do Estatuto. Caso haja necessidade, pode-se valer desse tratamento através de uma medida protetiva. 21 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes • Inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, de orientação e de tratamento a alcoólatras e toxicômanos: esta medida protetiva decorre da anterior, havendo, na verdade, uma verdadeira demonstração do legislador da sua preocupação com o alcoolismo e outras toxicomanias e as consequên- cias que elas têm em crianças e em adolescentes. • Acolhimento institucional: acolhimento institucional ou familiar é normal- mente uma medida protetiva aplicada para resolver diversas situações, tais como: casos emergenciais em que adolescentes ou crianças são encontradas em situação de abandono; dar atendimento para crianças e para adolescentes que, em razão de maus tratos ou mesmo crimes contra eles praticados por seus pais ou responsável, não podem continuar a conviver com os autores dessas condutas; dar atendimento para criança ou para adolescente que, por qualquer razão, esteja afastado de sua família natural ou extensa, enquanto essa situação não é resolvida; dar atendimento para criança ou para adolescen- te que se encontra em processo de colocação em família substituta. Assim, o acolhimento se destina sempre a ser uma medida provisória e excep- cional, não podendo ser confundido com qualquer forma de privação de liberda- de. O encaminhamento de criança ou de adolescente para o acolhimento institu- cional (exceto em situações emergenciais) somente pode se dar por atuação do Juiz da Infância e da Juventude. Imediatamente, após o acolhimento da criança ou do adolescente, a entidade responsável pelo programa de acolhimento insti- tucional ou familiar deve elaborar um plano individual de atendimento, visando à reintegração familiar, salvo em situações excepcionais determinadas pelo Juiz da Infância e da Juventude. O acolhimento familiar ou institucional deve ocorrer no local mais próximo à residência dos pais ou do responsável e, como parte do processo de reintegração familiar, sempre que identificada a necessidade, a família de origem será incluída em programas oficiais de orientação, de apoio e de promoção social, sendo facili- tado e estimulado o contatocom a criança ou com o adolescente acolhido. Sendo constatada a impossibilidade de reintegração da criança ou do adolescente à fa- mília de origem, a entidade que desenvolve o programa deve enviar relatório ao Ministério Público, propondo a destituição do poder familiar, ou a destituição de tutela ou de guarda. Após o recebimento desse relatório, o Ministério Público deve ingressar com a ação de destituição do poder familiar, salvo se entender necessá- ria a realização de estudos complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da demanda. Ao final dessa ação, as crianças ou os adolescentes deverão ser incluídos no cadastro de crianças e de adolescente que podem ser colocadas em famílias substitutas. • Inclusão em programa de acolhimento familiar: o acolhimento familiar é sempre preferível ao institucional, pois possibilita uma maior atenção à criança ou ao adolescente, razão pela qual essa modalidade deve ser empregada, sem- pre que for possível e houver famílias dispostas a participar dessa medida. • Colocação em família substituta: é uma medida de proteção para as diversas situações que foram tratadas em nossa aula específica sobre esse tema. 22 23 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites L8069 Estatuto da Criança e do Adolescente (lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990). https://goo.gl/UdwKV Constituição Constituição Federal de 1988. https://goo.gl/HwJ1Q L10406 Código Civil (lei n˚10.406, de 10 de janeiro de 2002). https://goo.gl/81GpC L13105 Código de Processo Civil (lei n˚13.105, de 16 de março de 2015). https://goo.gl/6b0EbE Leitura Políticas sociais de atendimento às crianças e aos adolescentes no Brasil PEREZ, José Roberto Rus. PASSONE, Eric Ferdinando. Políticas sociais de atendi- mento às crianças e aos adolescentes no Brasil. Cadernos de Pesquisa. [online]. 2010, vol.40, n.140, pp.649-673. https://goo.gl/zRPcSw 23 UNIDADE As Responsabilidades Institucionais e a Rede Preventiva de Atendimento e de Proteção às Crianças e aos Adolescentes Referências ARAUJO JÚNIOR, Gediel Claudino. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. LEITE, Flávia Piva Almeida; RIBEIRO, Lauro Luiz Gomes; WALDIR MACIEIRA DA, Costa Filho. Comentários ao Estatuto da Pessoa com Deficiência. São Paulo: Saraiva, 2016. MACHADO, Costa (org.). Constituição Federal interpretada: artigo por artigo, parágrafo por parágrafo. 9. ed. Barueri, SP: Manole, 2018. MAURO, Renata Giovanoni Di. Procedimentos civis no Estatuto da Criança e do Adolescente. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. TAVARES, José de Farias. Prática no Estatuto da Criança e do Adolescente. 2. Ed. São Paulo: Atlas, 2017. 24