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Hurian Machado – Odontologia UNIG 1 Semiologia e Diagnóstico Bucal Aula 1 Noções e Princípios em Semiologia Diagnóstico É o conjunto de dados obtidos inicialmente através do exame clínico do paciente, que conduz e orienta o cirurgião-dentista à determinação de uma doença. Anamnese Está relacionada aos sintomas relatados pelo paciente através da conversa. Representa manifestações subjetivas: dor, coceira, dormência, hipersensibilidade tátil e sensibilidade gustativa. Exame físico É observado pelo cirurgião-dentista e representa manifestações objetivas que o profissional “percebe” no paciente: sinais. Ex: hematoma, aumento de volume, nódulo etc. Sintomatologia É o conjunto de sinais e sintomas. Sinal patognomônico É exclusivo de uma doença e indica de maneira absoluta a sua existência. Sintopatologia pré-clínica São sinais e sintomas que surgem antes da manifestação clínica da doença. Síndrome Conjunto de sinais e sintomas que apresenta para definir determinada doença. Exames complementares Complementam o exame clínico e estão sempre vinculados a estes. Ex: hematológicos, citopatologia esfoliativa, biópsias e exames de imagem. Prognóstico Pode ser bom, ruim ou duvidoso e para se qualificar corretamente deve ser avaliado o dano anatômico e funcional da doença, os recursos terapêuticos disponíveis e a condição geral do paciente. Hurian Machado – Odontologia UNIG 2 Tratamento É o conjunto de meios de qualquer tipo, cuja finalidade é a cura ou alívio de uma doença ou sintomas, normalmente após a elaboração de um diagnóstico. • O tratamento pode ser: a) Expectante Orientar o paciente e ficar na expectativa de melhora. b) Sintomático (paliativo) Não se trata a doença, apenas os sintomas. c) Etiológico A causa é detectada e removida. Ex: infecção. d) Cirúrgico O tratamento é baseado na remoção cirúrgica da lesão. Proservação (follow up) É o período após o tratamento em que o paciente será acompanhado durante o tempo indicado pela doença, no qual todas as possibilidades são esperadas (cura completa, estado estacionário, piora e morte). Aula 2 Exame Clínico I - Anamnese A anamnese é a fase inicial do exame clínico, onde são pesquisados os sintomas através do relato livre e espontâneo do paciente. Itens da anamnese a) IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE • Nome O nome deve ser completo, sem abreviações; Estabeleça uma relação afetiva e de confiança do paciente para com o examinador; O conhecimento do nome completo do paciente permite o arquivamento no prontuário. • Sexo A determinação do sexo (masculino e feminino) é importante uma vez que certas doenças acometem mais os homens e outras mais as mulheres, o que auxilia muitas vezes na elaboração do diagnóstico. • Idade Data de nascimento; O seu registro é importante devido à ocorrência de certas doenças ser maior em determinadas épocas da vida. • Raça Determina-se raça por negra (melanoderma), branca (leucoderma) ou parda (feoderma). Hurian Machado – Odontologia UNIG 3 • Endereço O registro do lugar onde o paciente possa ser encontrado é fundamental, caso haja necessidade de retorno do mesmo para complementação de um diagnóstico ou tratamento, ou para acompanhamento de um processo de cura ou controle do seu estado local e geral. • Estado civil O estado civil classifica-se como: solteiro, casado, viúvo ou separado e sua definição é importante pois pode definir neuroses por desajustes conjugais. • Profissão É importante a verificação não só da modalidade de trabalho como também das condições locais e jornada. Obs: O único item no qual não é obrigatória a presença do CD é a identificação pessoal. O CD obrigatoriamente atua a partir da queixa do paciente. Figura 1. Modelo de ficha de identificação do paciente. b) QUEIXA PRINCIPAL A queixa principal é a informação do motivo que levou o paciente a consultar o cirurgião- dentista. Em geral, essa queixa é registrada segundo as palavras do paciente, podendo demonstrar, por si só, a natureza da doença. c) HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL A história da doença atual resulta no histórico completo e detalhado da queixa principal apresentando toda a sua evolução e sintomatologia. As perguntas devem ser propostas de forma mais clara e simples possível, procurando orientar o paciente a recordar e ordenar os fatos ocorridos desde o inicio da doença até o momento atual. d) ANTECEDENTES MÓRBIDOS PESSOAIS Os antecedentes mórbidos pessoais constituem uma revisão dos episódios sobre os cuidados com a saúde e condições médicas que foram diagnosticadas. Esta informação geralmente abrange doenças passadas, vacinações, hospitalizações, alergias, tratamentos em curso e medicações em uso. 1ª pergunta: tem algum problema de saúde? Ex: cardiopatia, hemorragia, hipertensão, alergia, diabético, algum medicamento (uso diário/contínuo). • Paciente cardiopatia Ex: infarto. É contraindicado procedimento odontológico em pacientes que tenham infartado em menos de 6 meses. Ex: endocardite bacteriana. Causada por bactérias da boca que se instalam em válvulas cardíacas. Hurian Machado – Odontologia UNIG 4 • Profilaxia - Amoxicilina 2g 1h antes do procedimento - Clindamicina 600mg 1 antes do procedimento (para alérgicos à penicilina) Obs: deve-se evitar anestésicos com adrenalina (pode usar prilocaína + felipressina ou mepivacaína sem vasoconstritor). • Diabéticos Maior chance de infecção pós-operatória. Receitar antibiótico (depois). e) ANTECEDENTES MÓRBIDOS FAMILIARES A história familiar, que é a descrição do estado de saúde dos membros da família, pode revelar a possibilidade de condições com tendência genética, como doença coronariana, diabetes e hemofilia. • Pergunta: tem algum problema de saúde na família? f) HÁBITOS E VÍCIOS - Hábitos: são atitudes rotineiras e repetitivas que não causam necessariamente danos de qualquer natureza ao paciente. • Pergunta: tem algum hábito relacionado a boca? Ex: morder lábio, morder bochecha, roer unha. - Vício: são hábitos nocivos como etilismo, tabagismo, entre outros. • Pergunta: tem algum vício? Fuma ou bebe? Já fumou ou já bebeu? Figura 2. Modelo de questionário para anamnese do paciente. Hurian Machado – Odontologia UNIG 5 Aula 3 Exame Clínico II - Exame Físico O exame físico tem por finalidade a obtenção dos principais sinais presentes na doença. Este exame, diferente da anamnese, fornece dados objetivos. Qualquer que seja o motivo da consulta, o exame físico deve ser completo e feito após a anamnese. Algumas vezes é impossível manter essa relação cronológica, já que ao entrar no consultório, alguns sinais já podem ser percebidos, porém, mesmo assim, deve-se efetuar o exame completo e sequencial do paciente. Condições para realização do exame físico - Segurança; - Conhecimento anatômico; - Biossegurança; - Iluminação adequada; - Afastar e secar estruturas. Manobras de semiotécnica Semiotécnica são as técnicas de pesquisa dos sinais. Pode ser realizada diretamente através do sentido do examinador ou indiretamente através da utilização de instrumentos, que de alguma forma venham a ampliar esses sentidos. 1. INSPEÇÃO Esse é o primeiro passo do exame físico. Nessa manobra utiliza-se a visão que pode ser realizada diretamente “a olho nu” ou através de lentes e espelhos indiretamente, as estruturas devem estar secas e com boa visibilidade. 2. PALPAÇÃO A palpação colhe sinais pelo tato e compressão. Através do tato se tem informações sobre a porção superficial e a compressão se tem informações sobrea porção mais profunda da área que está palpando. - Palpação indireta: é aquela na qual o clínico se utiliza de instrumentos que alcançam locais onde as mãos diretamente não alcançariam. - Palpação direta: pode ser digital, bidigital e digito-palmar. 3. PERCUSSÃO Percussão é o ato de percurtir (bater ou tocar). É amplamente utilizado como auxiliar de diagnóstico da patologia periapical e/ou periodontal através da percussão vertical ou horizontal respectivamente. 4. AUSCULTAÇÃO É o ato de ouvir sons e ruídos produzidos no organismo. Em odontologia seu emprego é restrito, porém importante na avaliação fisiológica da ATM. 5. OLFAÇÃO Esta manobra, em que se utiliza o olfato, é um recurso válido na detecção de certas alterações fisiopatológicas, como odor cetônico no diabético. 6. PUNÇÃO Punção consiste na introdução de uma agulha no interior dos tecidos. Quanto ao líquido puncionado pode-se observar: sangue, saliva, líquido cístico, pus ou pressão negativa do êmbolo. Hurian Machado – Odontologia UNIG 6 7. DIASCOPIA Este termo quer dizer “observar através de”, e significa visualizar uma determinada estrutura comprimida por uma lâmina de vidro. Esta manobra é conhecida também como vitropressão sendo utilizada em lesões escuras, suspeitas de hemangioma ou nevo, fazendo-se compressão com uma lâmina de vidro sobre a área a ser estudada. O exame físico pode ser geral e/ou loco- regional: • Exame físico geral No exame físico geral devem-se observar as estruturas sem se levar em conta, em principio, o motivo da consulta. Observa-se o paciente como um todo: marcha, postura, coerência na fala, estado mental, higiene, alterações nas unhas, pêlos, manchas na pele, etc. Estado geral do paciente (bom, regular, mau ou péssimo). Sinais vitais: frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), pressão sanguínea (PA), temperatura (TAX). • Exame físico loco-regional a) Exame físico extrabucal Deve-se examinar todas as estruturas da cabeça, pescoço e face a procura de alterações, como aumento, depressões e distribuição de vários elementos. Exame geral da face: cadeias ganglionares, articulação têmporomandibular, glândulas salivares maiores, ossos e musculatura. b) Exame físico intrabucal O exame intrabucal deve ser feito de maneira ordenada e completa, examinando-se pausadamente cada estrutura com a certeza de não ter omitido nenhum detalhe. Sequência do exame intrabucal: Obs: deve-se examinar primeiramente a queixa principal, e depois seguir a sequência. 1. Lábios 2. Fundo de sulco/vestíbulo 3. Gengiva inserida 4. Gengiva livre 5. Papila interdental 6. Mucosa jugal 7. Língua 8. Soalho bucal 9. Palato duro 10. Palato mole Periodonto Hurian Machado – Odontologia UNIG 7 Aula 4 Caracterização e Nomenclatura das Lesões Bucais Para descrever uma lesão, o examinador deve ser o mais claro e o mais completo possível, observando e transcrevendo todos os sinais colhidos no exame físico do paciente com riqueza de detalhes. Situações em que há necessidade de descrever as lesões: - Passar para o prontuário o que está sendo visto no paciente; - Em casos de biópsia ou citopatologia para encaminhar para o laboratório de anatomia patológica; - Encaminhamento. 1. Tipo de Lesão As lesões bucais são alterações morfológicas que ocorrem na mucosa oral. a) Mancha X Placa - A mancha é uma alteração da coloração normal da mucosa sem nenhuma elevação. - A placa possui uma ligeira elevação, difusa, emergindo na superfície da mucosa com alteração da coloração. b) Erosão X Úlcera - A erosão é representada pelo rompimento superficial do epitélio da mucosa bucal, sem exposição do tecido conjuntivo. O fundo da lesão é avermelhado. Ex: queimadura na língua. - Na úlcera, existe o rompimento do epitélio com exposição do tecido conjuntivo, e por isso pode sangrar e doer. O fundo da lesão é esbranquiçado. c) Vesícula X Bolha - A vesícula é uma elevação circunscrita contendo líquido no seu interior, de pequenas dimensões, no máximo 5,0mm. Figura 3. Diâmetro de até 5,0mm. - A bolha é uma elevação circunscrita também contendo líquido no interior, porém medindo mais que 5,0 mm. Figura 4. Diâmetro maior que 5,0mm. Hurian Machado – Odontologia UNIG 8 Figura 5. Diâmetro de até 5,0 mm. d) Pápula X Nódulo - A pápula é uma elevação circunscrita de conteúdo sólido de pequenas dimensões, no máximo 5,0 mm. - O nódulo é uma massa de tecido que mede mais de 5,0 mm. Figura 6. Diâmetro maior que 5,0mm. 2. Localização - Deve ser bem completa. - Descrever o local exato. 3. Coloração - Descrever a cor ou cores (se for mais de uma) de acordo com a aparência da lesão. - Se não apresentar alteração de cor: normocromica. 4. Tamanho - Usa-se os sinais +/- ou a palavra aproxidamente. Ex: +/- ou aproximadamente 3cm. 5. Base - Séssil: base maior que o resto da lesão. - Pediculada: base menor que o resto da lesão. 6. Consistência - Amolecida; - Fibrosa ou borrachóide; - Endurecida. 7. Superfície a) Lisa; b) Rugosa (se há textura – pequenas projeções); c) Verrugosa ou papilomatosa (grandes projeções). 8. NÚMERO 1 – única lesão; 2 – duas lesões; 3 – três lesões; 4 – quatro lesões; 5 – cinco lesões; + que 5 ou incontável. Hurian Machado – Odontologia UNIG 9 Aula 5 Sinais Vitais Os sinais vitais fazem parte do exame físico geral do paciente. São eles: - Frequência cardíaca (FC); - Frequência respiratória (FR); - Temperatura (TAX); - Pressão arterial (PA). São sinais pois não dependem do relato do paciente, o cirurgião-dentista pode verificar no exame físico. As frequências cardíaca e respiratória são aplicadas na perda de consciência no consultório. Urgência X Emergência • Urgência: deve-se atuar no paciente, porém existe um tempo para se planejar para isso. • Emergência: deve-se atuar imediatamente. Obs: Em odontologia não existe emergência, somente urgência e eletivo. Durante o procedimento de urgência ou eletivo pode ocorrer uma situação de emergência. Emergência em odontologia O cirurgião-dentista deve estar preparado para intervir de forma adequada se uma situação de emergência ocorrer em seu consultório. • Prevenção - Avaliar o grau de ansiedade do paciente; - Evitar estímulos visuais; - Não utilizar expressões que possam aumentar a ansiedade do paciente; - Utilizar anestésicos locais compatíveis com o procedimento. Frequência cardíaca e respiratória aplicada à odontologia Em caso de perda de consciência: • Verificar se o paciente responde; • Aferir a FC e FR caso não responda. Obs: se houver desmaio, deve-se elevar os membros inferiores para que aumente a circulação sanguínea e consequentemente O2 no cérebro. A) FREQUÊNCIA CARDÍACA • Artéria radial: para verificar, deve-se seguir o polegar para sentir a pulsação. • Artéria carótida: para verificar, tocar a cartilagem tireóidea e escorregar os dedos até o bordo anterior maior do músculo esternocleidomastóideo. A ausência do pulso carotídeo após 10s é um sinal de PCR no adulto. B) FREQUÊNCIA RESPIRATÓRIA • Técnica de VOS: ver, ouvir e sentir a respiração. Suporte básico de vida De maneira geral, a assistência ventilatória e circulatória, proporcionada a uma vítima até que ela receba cuidados médicos avançados, tem sido chamado de suporte básico de vida Hurian Machado – Odontologia UNIG 10 (SBV). Seu objetivo é manter o paciente vivo até o suporte avançado chegar. Suporte avançado Irá entubar o paciente, faz o uso medicamentos, desfibrilador,etc. Exame rápido Caso o paciente tenha uma parada cardiorrespiratória, após ligar para equipe profissional, deve-se executar a RCP – ressuscitação cardiopulmonar. É executado em 3 passos: A) VIAS AÉREAS LIVRES - Deve-se fazer a hiperextenção do pescoço do paciente. A mandíbula vai pra frente e puxa todos os músculos do pescoço (a língua abre um espaço para o ar passar). Não deve fazer o B sem ter feito o A. B) RESPIRAÇÃO 1. Boca-boca: faz a etapa A, tapa-se o nariz, circunda a boca do paciente e joga-se o ar para dentro. 2. Boca-máscara: deve-se encaixar a máscara no paciente e realizar a mesma técnica para jogar o ar para dentro. 3. Ambu: é um balão de ar que não necessita de contato de outra pessoa. C) CIRCULAÇÃO Acha-se o ponto de referência do tórax (nos homens e crianças – linha intermamilar; em mulheres – encontro das 2 costelas e dedos um ao lado do outro) e realiza-se a massagem. • Técnica de compressão 1. Colocar as mãos uma sobre a outra entrelaçando os dedos ou não; 2. Manter os braços esticados; 3. Utilizar o peso do tronco; 4. Deprimir o esterno 5 cm; 5. Ritmo 100/min; Hurian Machado – Odontologia UNIG 11 Obs: - Crianças: 1 mão; - Bebê: 1 cm abaixo da linha intermamilar com o dedo. • Sequência correta de RCP – ABC: 1. C: massagem caríaca; 2. A: liberar vias aéreas; 3. B: fazer a respiração. - 30 massagens para 2 respirações; - Pode usar também o desfibrilador e seguindo as suas instruções. • Sequência 1. Avaliar responsividade; 2. Avaliar respiração; 3. Verificar pulso; 4. PCR diagnosticada; 5. Acionar 193 ou 192. Temperatura (TAX) Auxilia a identificar se a infecção é localizada ou sistêmica. Se tem febre, a infecção é sistêmica. Pressão arterial (PA) É a força que o fluxo sanguíneo exerce nas artérias. Através da sua medição, dois valores são registrados: o maior, quando o coração se contrai bombeando o sangue (pressão sistólica); e o menor, quando o coração relaxa (pressão diastólica). • Hipertensão: considera-se o paciente hipertenso aquele que apresenta pressão sistólica acima de 120 mmHg ou diastólica acima de 80 mmHg. Obs: é estimado que o risco de um acidente vascular encefálico hemorrágico aumenta em 30% para cada 10 mmHG (milímetro de mercúrio) de elevação da pressão arterial. • Fatores de risco - História prévia; - Idosos; - Obesos; - Fumantes. Obs: obrigatoriamente devemos aferir a PA dos pacientes que relatam hipertensão na anamnese. A: Airway B: Breathing C: Circulation Hurian Machado – Odontologia UNIG 12 • Técnica 1º. Preparo do material separando o estetoscópio e o esfignomanômetro; 2º. Envolva o manguito em torno do braço, mantendo-o 2,0 cm de distância da sua margem inferior à fossa entecubital, posicionando o centro da bolsa inflável sobre a artéria braquial; 3º. Palpe a artéria braquial; 4º. Colocar o estetoscópio nos ouvidos e posicionar suavemente sobre a artéria braquial; 5º. Inflar o manguito de 10 em 10 mmHg até o valor estimado da pressão arterial (120-180); após proceder a deflação lentamente; 6º. Determina-se a pressão sistólica no momento do aparecimento do 1º som, que se intensifica com o aumento da deflação e determina-se a pressão diastólica no desaparecimento do som. Aula 6 Exames Complementares Citopatologia e Biópsia • Citopatologia O exame citopatológico é um exame complementar, que consiste no estudo de alterações morfológicas em células isoladas seja obtida por raspagem ou aspiração. Pode- se avaliar por esse método, principalmente lesões tumorais infecciosas que ocorram na mucosa bucal por intermédio de células que se descamam. Quando, por alguma razão, não for possível a realização de uma biópsia. • Biópsia É um procedimento cirúrgico no qual se colhe uma amostra de tecido ou células para posterior estudo no laboratório. Citopatologia por raspagem ou esfoliativa Consiste no estudo de células que são raspadas de uma superfície. • Técnica - Algum instrumental para raspar (ex: espátula nº 24); - Lâminas de vidro para microscópio; - Frasco próprio; - Álcool 95% (material fixador). Hurian Machado – Odontologia UNIG 13 Citopatologia por aspiração (PAAF– punção aspirativa por agulha fina) Indicada para lesões subcutâneas e submucosas, massas intraósseas e principalmente neoplasias de glândulas salivares. • Material necessário - Seringa de 10ml; - Agulha de 22G; - Lâminas de vidro para microscópio; - Frasco próprio; - Álcool a 95%. • Técnica - Introduzir na pele até o local desejado; - Fazer movimentos de “vai e vem” para descamar o local e aspirar o êmbolo da seringa ao mesmo tempo. Punção aspirativa por agulha grossa - É uma manobra de semiotécnica (punção); - Feita com agulha 18 G; - O material geralmente não é enviado para análise laboratorial; - Indicada para toda lesão que contenha fluido em seu interior; - Indicada para toda lesão radiolúcida intraóssea antes da exploração cirúrgica. • Material aspirado - Sangue: lesões vasculares como hemangioma; - Pús: abcesso; - Saliva: rânula; - Citrino com cristais de colesterol: cisto; - Pressão negativa do êmbulo: massa tumoral. Biópsias É o exame anatomopatológico realizado em fragmentos de tecidos retirados do paciente vivo e se baseia no exame microscópico desse material em laboratório. • Indicações - Lesões que não puderem ser diagnosticadas pelo exame clínico. • Contra-indicações - Lesões vascularizadas com o hemangioma; - Lesões pigmentadas como melanoma. • Tipos a) Excisional - Remove-se totalmente a lesão; - Tem objetivo de tratar e diagnosticar. b) Incisional - Remove-se partes da lesão; - Tem objetivo de diagnosticada. • Técnica cirúrgica - Pré-operatório; - Montagem da mesa cirúrgica; - Preparo do paciente; - Anestesia; - Biópsia; - Orientações pós-operatórias. Hurian Machado – Odontologia UNIG 14 Obs: pode ser feita com bisturi ou punch. • Princípios para realizar a biópsia - Incisão em forma de cunha/elipse/casco de navio; - Abrangência de tecido sadio; - Evitar áreas de necrose; - Evitar injetar anestésico dentro da lesão; - Incisão deve seguir o sentido das estruturas anatômicas nobres; - Lesões de até 1,0 cm realizar preferencialmente biópsias excisionais. Obs: na dúvida de onde realizar a biópsia, pode-se usar azul de toluidina. • Material necessário - Formol a 10% (a quantidade do formol deve ser 10x o tamanho da biópsia); - Frasco próprio de boca larga com identificação; - Encaminhar o material para o laboratório com a descrição da lesão. Aula 7 Exames Complementares Exames por imagem Os exames por imagem são aqueles de especial valor no diagnóstico e planejamento odontológico, através de imagens das mais variadas formas, procurando representar ao máximo as estruturas anatômicas não visualizadas a simples inspeção. 1. EXAMES RADIOGRÁFICOS O uso de raios-x para produzir imagens dos dentes do complexo maxilofacial contribui para o diagnóstico de lesões cariosas, periodontais, intra-ósseas e das fraturas faciais. a) INTRA-BUCAIS • Periapical A radiografia periapical registra imagens com boa definição de todo órgão dentário e tecido ósseo circundante. Indicações: - Fraturas radiculares; - Lesões periapicais; - Inclusões dentárias; - Reabsorções ósseas; - Dentes cariados. • Interproximal Registra, em um único filme, imagens da posição, contorno e extensão das coroas, terços radiculares cervicais de grupos dentários e séptos ósseos alveolares. Sendo de inestimável diagnóstico de: cáries interproximaise na observação do nível ósseo alveolar. Hurian Machado – Odontologia UNIG 15 • Oclusal A técnica radiográfica oclusal, na qual utiliza-se filmes maiores do que os usados para as técnicas anteriores, registra imagens oclusais de porções ou de toda arcada dentária superior ou inferior. Indicações: - Inclusões dentárias; - Fraturas maxilofaciais; - Cálculos salivares; - Patologias ósseas. b) EXTRA-BUCAL • Raio-x da face O exame radiográfico da face serve para análise generalizada de estruturas anatômicas, fraturas e processos patológicos da região maxilofacial. Pode ser: a) Perfil (com baixa incidência para ossos nasais); b) Fraturas do complexo zigomático - Hirtz (para arco zigomático); - Waters; - Mento-naso. c) Fraturas mandibulares - PA; - Latera-oblíqua D e E; - Tawne (para fratura de côndilo). • Panorâmica É uma técnica extrabucal especial que registra imagens de todo o complexo maxilofacial e de estruturas adjacentes em um único filme, sendo portanto, de grande aplicação no cotidiano do consultório odontológico. Indicações: - Pesquisa de inclusões dentárias; - Planejamento cirúrgico dos dentes inclusos; - Pesquisa de patologias ósseas; - Pesquisa de fratura de mandíbula; - Planejamento de implantes. 2. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA (TC) É um exame computadorizado que utiliza a radiação (raios-x) para obtenção de imagens diagnósticas. O aparelho realiza fatias milimétricas transversais de diversas partes do corpo humano, com ou sem auxílio de contraste iodado. Indicações: Sua indicação odontológica é quando existe a necessidade de uma avaliação minuciosa da estrutura óssea do paciente. 3. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO (CONE BEAM) Tomografia computadorizada por feixe cônico (Cone Beam) a imagem é adquirida por um feixe de raios-x de forma cônica. Os raios-x são capturadas por um intensificador de imagem e é enviada para o software do aparelho que a fatia. Nos tomógrafos Cone Beam faz-se a aquisição das imagens com o paciente sentado, o que os torna menos estressado. É própria para o dentista. A dose de radiação é menor, o preço é menor e a imagem possui boa nitidez. - O canino superior é o 2º dente incluso mais comum. - O dente extranumerário mais comum é o 3º PMI. - Hematoma em soalho de boca é um sinal de fratura de mandíbula. Hurian Machado – Odontologia UNIG 16 4. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA É um exame computadorizado que utiliza ondas de rádio e campos magnéticos para a obtenção de imagens do corpo humano em vários planos (axial, coronal e axial). Não utiliza radiação ionizante e a sua principal indicação na odontologia é no estudo da ATM. Aula 8 Exames Complementares Exames laboratoriais aplicados à odontologia São exames complementares que nos auxiliam na avaliação do paciente como um todo e no diagnóstico de doenças de ordem sistêmica. Esses exames são realizados em locais especializados par análise desse material previamente colhido, como por exemplo, sangue (hemograma completo e coagulograma completo) e urina (EAS). ➳EXAMES HEMATOLÓGICOS O sangue é um tecido especializado, constituído de elementos figurados (parte sólida) que são os glóbulos vermelhos (hemácias), os glóbulos brancos (leucócitos) e as plaquetas. Essas células estão suspensas num líquido conhecido como plasma (parte líquida). • Glóbulos vermelhos: distribuir oxigênio para os tecidos; • Glóbulos brancos: defesa do corpo. Fazem parte dos glóbulos brancos: linfócitos, monócitos, eosinófilos, basófilos e neutrófilos. • Plaquetas: coagulação sanguínea. 1. Hemograma completo É uma série de dados sobre os elementos figurados do sangue que são estudados isoladamente (ele é completo, pois estuda tudo referente às células do sangue). É indicado toda vez que se suspeitar da existência de envolvimento de células sanguíneos no curso de uma doença. 2. Eritograma Estuda as hemácias, assim como a hemoglobina que está dentro da hemácia e é responsável pelo transporte de oxigênio. • Indicações na odontologia: - Anemias (nome genérico que indica queda de glóbulos vermelhos); - Pré-operatório de cirurgia submetida à anestesia geral (não se deve fazer cirurgia com hematócrito abaixo de 30, se o procedimento for eletivo); - Avaliar a perda sanguínea (hematócrito abaixo de 20 é indicado a transfusão de sangue); - Avaliar a necessidade de transfusão. VALORES NORMAIS: - Hemoglobina: 12 a 16. - Hematócrito: 37 a 47. CASO CLÍNICO • Paciente H.O.M, 19 anos, do sexo masculino, leucoderma, chegou à clínica da UNIG e durante o exame físico, o profissional percebeu que o dorso da língua tinha ausência de papilas, e a língua estava “lisa”. Qual exame pode ser solicitado? E o que pode estar alterado? Qual o diagnóstico? Após o diagnóstico, o que fazer? R: Hemograma completo. Alteração da hemoglobina e hematócrito. Anemia (alteração bucal causada pela anemia). Encaminhar ao médico hematologista. Hurian Machado – Odontologia UNIG 17 3. Leucograma Exame relacionado a pesquisa dos leucócitos e evidencia alterações quantitativas e qualitativas dessas células. • Indicações: - Infecção aguda. • Desvio à esquerda: infecção aguda grave (os bastões estão aumentados). Obs: resumidamente, a leucemia é câncer dos leucócitos. Algum dos leucócitos sofre mutação e começa proliferar de forma exacerbada. O diagnóstico é feito através da contagem global da leucócitos: -Paciente normal: 5 a 8mil leucócitos; -Paciente com leucemia: ex: 90mil, 100mil. Aumento exagerado dos leucócitos. 4. Contagem de plaquetas Avalia o número das plaquetas por microlitro de sangue e esse é um dos indicadores de como uma pessoa responde a um sangramento. As alterações de contagem de plaquetas vão influenciar na hemostasia. O normal da contagem de plaquetas estão entre 150.000 a 400.00, porém acima de 50.000 não alteram a hemostasia se outros fatores não estiverem envolvidos. 5. Coagulograma completo O coagulograma completo deve ser solicitado sempre que houver história sugestiva de sangramento anormal, principalmente no pré-operatório das cirurgias orais. Avalia todos os valores envolvidos na hemostasia como a contagem de plaquetas, o tempo de atividade de protrombina (TAP) e o tempo de tromboplastina parcial (TTP). Indicação: - Cirurgia sob anestesia geral. - Quando na anamnese, for identificado um distúrbio hemostático. • TAP: indica se a via extrínseca de cascata de coagulação está funcionando, a alteração desse valor está relacionada a deficiência de vitamina K. • TTP: indica-se a via intrínseca da coagulação está funcioando. LEUCOGRAMA NORMAL • Neutrófilo: mielóctios: 0 / metamielócitos: 0-1 / bastão: 3-5 / segmentos 51-67%; • Eosinófilos: 2-4; • Basófilos: 0-1; • Linfócitos: 21-35; • Monócitos: 4-8. Obs: durante uma infecção, os bastões são os que aumentam primeiro (10,20,25). Quanto mais bastões, mais grave a infecção. • Contagem de plaquetas: 150.000 – 400.000; • Tempo de atividade de protrombina (TAP): 12 a 14s → 100%; • Tempo de tromboplastina parcial (TTP): 27 a 38s. • TAP alterado: deficiência de vitamina K. • TTP: paciente hemofílico. Alteração do fator 8. COMO SOLICITAR O EXAME? JOSÉ DA SILVA Solicito: Sangue - Hemograma completo; - Coagulograma completo (TAP e TTP) // Hurian Machado – Odontologia UNIG 18 6. Ureia/Creatinina Utilizado na avaliação da função renal. Indicação: - Pré-operatórios de procedimentos sob anestesia geral; - Quando é utilizado antibióticos nefrotóxicos (ex: aminoglicosídeos). 7. Glicose Utilizado para avaliação pré-operatórioem pacientes com história de diabetes, já que esses pacientes tem uma maior chance de desenvolver infecções pós-operatórias e possuem deficiência na cicatrização das feridas. 8. ELISA Exame solicitado para diagnóstico de AIDS. 9. VDRL Exame solicitado para diagnóstico de sífilis (ferida que não cicatriza). 10. Exame de urina EAS (elementos anormais e sedimentosos). Exame realizado para verificar se existe infecção renal. Indicação: - Pré-operatórios de procedimentos sob anestesia geral. CASOS CLÍNICOS 1. Paciente comparece à clínica integrada da UNIG apresentando aumento de volume na região bucomaxilofacial após uma exodontia. Durante a anamnese relatou febre, e no exame físico, a febre foi confirmada. O que fazer? R: Encaminhar o paciente para o hospital, e no hospital solicitar o exame: NOME VALORES NORMAIS • Ureia: 10 a 50 mg/dl; • Creatinina: 0,4 a 1,4 mg/dl. VALORES NORMAIS • 70 a 110. COMO SOLICITAR O EXAME? JOSÉ DA SILVA Solicito: Sangue - VDRL COMO SOLICITAR O EXAME? JOSÉ DA SILVA Solicito: Sangue - ELISA COMO SOLICITAR O EXAME? JOSÉ DA SILVA Solicito: Sangue - EAS Se houver leucócitos ou piócitos (células de defesa) é porque está ocorrendo infecção renal. Hurian Machado – Odontologia UNIG 19 SOLICITO SANGUE - Hemograma completo. 2. Paciente comparece à clínica integrada da UNIG para realizar a extração do elemento 48, e durante anamnese, relata história de hemorragia. Qual exame deve ser solicitado antes de realizar a cirurgia? R: Coagulograma completo. NOME SOLICITO SANGUE - Coagulograma completo. 3. Paciente comparece ao consultório particular com a necessidade de realizar um procedimento cirúrgico, e que seja por anestesia geral. Quais são os exames que devem ser solicitados antes do procedimento? R: Hemograma completo, coagulograma completo, ureia/creatinina, glicose e EAS. Aula 9 Diagnóstico diferencial Das doenças de boca Diagnóstico diferencial é a determinação de qual entre duas ou mais doenças, com sinais e sintomas semelhantes, é a que o paciente apresenta no momento. Deve-se classificar a doença pela característica principal da lesão. Lesões Brancas • LEUCOEDEMA Quando traciona o local da lesão, ela desaparece. • CANDIDÍASE PSEUDOMEMBRANOSA Removido por raspagem. • NEVO BRANCO ESPONJOSO - Inicia-se logo após o nascimento (ocorre devido a produção exacerbada de ceratina). - Descartamos a possibilidade de ser essa patologia durante a anamnese, identificando o início da lesão. Hurian Machado – Odontologia UNIG 20 • LÍQUEN PLANO - Apresenta aspecto de estrias ou ramificações, ou seja, a lesão é irregular. - Pode ser chamado de Estrias de Wickham. • MORDIDA CRÔNICA Deve-se identificar o hábito durante a anamnese. É causada por traumas de baixa intensidade e longa duração, no exame físico deve-se observar se o local da lesão está tendo trauma. • LEUCOPLASIA - O diagnóstico é feito por exclusão (histologicamente apresenta displasia). - Geralmente acomete pacientes que fumam e bebem. Lesões Pigmentadas • PIGMENTAÇÃO RACIAL Alteração comum na raça negra. • TATUAGEM POR AMÁLGAMA Local onde possa haver amálgama. Durante uma exodontia, pode cair resíduos de amálgama no alvéolo dentário, e algum tempo depois a tatuagem aparece. Para fazer o diagnóstico diferencial com o nevo, deve-se fazer raio-x. • NEVO Lesão pigmentada benigna do epitélio. Hurian Machado – Odontologia UNIG 21 • LESÕES VASCULARES Diagnóstico diferencial feito através da diascopia. • MELANOMA Lesão pigmentada do epitélio. A: assimetria; B: bordas irregulares; C: coloração de várias tonalidades; D: diâmetro maior que 6mm. Em lesões pigmentadas suspeitas de melanoma, deve-se dar preferência à biopsia excisional. Lesões Ulceradas • ÚLCERA TRAUMÁTICA Identificar o trauma. • ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE Reposta imunológica localizada do corpo. • ÚLCERA POR INFECÇÃO Síflis. Fazer o exame VDRL para obter o diagnóstico. • ÚLCERA POR CÂNCER Ferida na boca que não cicatriza em mais de 3 semanas. O diagnóstico é feito através da biópsia excisional. Referências - Material de apoio cedido pelos professores da disciplina; - Curso de estomatologia para cirurgiões- dentistas da rede pública de atenção à saúde, 6ª edição.
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