AULA 08 - DIR E TEC

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AULA 08 – BLOCKCHAIN
1. A tecnologia Blockchain:
A tecnologia Blockchain é muito focada na produção de registros.
A Blockchain é uma tecnologia que permite registros de forma descentralizada. De um modo geral, para viabilizar uma maior segurança no sistema de registros, a estratégia que sempre adotamos foi centralizar a responsabilidade por fazer os registros (competência central de uma autoridade central). 
Se pensarmos na propriedade imobiliária, existem entidades responsáveis por fazer o registro sobre propriedade de imóveis (o Cartório de Registro de Imóveis – entidade centralizadora de fazer os registros de quem são os proprietários dos imóveis e as transações imobiliárias). 
Nós dependemos de tais entidades para acessar determinadas informações. Se essas informações forem adulteradas, fraudadas ou perdidas (como, por exemplo, no caso de um incêndio no cartório), não temos como acessar e, portanto, corrigir essas informações. 
Ademais, em outra hipótese, dados de processos eletrônicos podem ser perdidos caso a centralização do acervo sofra um perigo. Em síntese, o fato do processamento de dados ser centralizado é um risco.
A Blockchain é interessante por optar a descentralização dos registros (sobre transições, fatos, etc).
A Blockchain se apresenta como uma tecnologia muito segura (alta confiabilidade e segurança). Existem diversos protocolos de segurança que estão inseridos (embebidos) na Blockchain para que esta seja protegida contra invasões ou contra ataques maliciosos que, porventura, tentem adulterar as informações armazenadas. 
Para pessoas transacionarem entre si, é necessário, pelo modelo centralizador de informações, consultar o intermediador (um banco, por exemplo). No modelo descentralizado (que é o caso da Blockchain), não há um intermediador (independente de autoridades centrais). Tem-se um peer-to-peer (P2P), isto é, um conjunto de nós interconectados (todos têm, desse modo, acesso ao universo de todas as informações lançadas na rede). Destarte, outra característica da Blockchain é a transparência. 
Essa tecnologia ascendeu após a crise imobiliária de 2008 em virtude de uma motivação anárquica (não dependência do sistema bancário em prol de uma maior descentralização, confiabilidade e transparência).
2. Conceitos importantes: 
· Blockchain = Bloco + corrente (“corrente de blocos”): as informações são organizadas em cadeias (possibilitando a observância da ordem cronológica das transações da cadeia); 
· Hash: Resultado pela tecnologia Blockchain do uso de uma função criptográfica. Esse conteúdo criptografado é gerado através do conteúdo original. O Hash é um conjunto de letras e números construído a partir do conteúdo do bloco. Nunca dois conteúdos diferentes apresentarão o mesmo Hash. A posição do bloco também interfere no seu Hash para permitir compreender se os conteúdos ali inseridos são originais ou adulterados. Ademais, o nonce também interfere no cálculo do Hash;
OBS: Caso se altere um dos fatores citados anteriormente, o Hash será alterado. 
· Nonce: Quando queremos colocar um bloco dentro da cadeia de Blockchain, precisamos minerar esse bloco, ou seja, identificar o nonce tal que, em conjunto com a posição do bloco e com o conteúdo do bloco, vai produzir um Hash que atenda a certas características. A Blockchain vai estabelecer quais seriam essas características necessárias;
· Mineração: Processo de alocar um computador para tentar adivinhar qual é o nonce tal que, em conjunto com o número do bloco e o conteúdo do bloco, atenda ao critério de complexidade escolhido para minerar o bloco (como, por exemplo, começar com quatro zeros). Na vida real, geralmente, esse processo de mineração não é instantâneo, durando, aproximadamente, 10 (dez) minutos;
3. Cadeias de Blockchain:
O Hash prévio é o que permite saber a ordem dos blocos de determinada cadeia. 
O Hash atual, portanto, é resultado da (o):
· Conteúdo do bloco;
· Posição do bloco;
· Nonce;
· Hash prévio; 
4. Blockchain distribuído: 
A Blockchain é uma tecnologia distribuída e descentralizada. Todos têm acesso às informações. Se alguém acrescentar, por exemplo, mais um bloco, todos receberão a cópia desse bloco em sua cadeia. 
Quando A quebra um bloco e passa minutos reminerando os seguintes e, ao mesmo tempo, B e C acrescentam mais dois blocos, o sistema percebe que há cadeias de tamanhos incompatíveis – maiores e menores. Daí, as alterações feitas por A serão invalidades e será copiada a cadeia de B para que todos fiquem com a mesma cadeia. 
 
5. Como são feitas as transações na Blockchain? 
A partir de uma chave privada vai ser criada uma chave pública – que também contém número e letras. 
Essa chave privada não deve ser compartilhada com ninguém (pois é feita para assinar transações – a assinatura é individual e, portanto, privada), entretanto, a chave pública pode, uma vez que esta precisa ser utilizada para a realização de transações. 
Verifica-se a chave pública de um indivíduo para verificar se tal indivíduo foi o responsável pela assinatura. 
As pessoas só se identificam pelo número das chaves públicas, logo, há uma anonimização (as pessoas não se apresentam – “Eu sou Marcus e tu?”). 
(A partir desses dados é possível constatar a autenticidade da transação) 
6. Versão mais completa da Blockchain:
Contém:
· O número do bloco;
· O nonce;
· A quantidade total de dinheiro envolvida no bloco;
· A quantidade de transações envolvidas;
· Os remetentes e os destinatários de cada uma dessas transações (identificados pelas suas respectivas chaves públicas);
· A assinatura resultante do uso da chave privada para assinar aquele bloco;
· O Hash do bloco prévio;
· O Hash do bloco atual;
Supondo que a primeira transação de $ 10,00 seja alterada para $ 20,00. Minerar novamente não valida uma assinatura, uma vez que tal assinatura só era válida para aquele conteúdo anterior ($ 10,00). A única forma de manter a assinatura e o Hash é não mexendo no conteúdo – daí as já mencionadas segurança e confiabilidade da Blockchain. 
A Blockchain pode abranger diversas funcionalidades: no mercado imobiliário; determinar heranças (locação de recursos sucessórios); no mercado de finanças (transferências interbancárias – inclusive entre países diferentes); finalidades eleitorais (registrar voto das pessoas, por exemplo); fazer registros públicos; na criação de leis no Congresso; na ampliação das participações democráticas; no registro de substâncias controladas (como armas), etc. 
Algumas dessas aplicações práticas são dependentes de novas funcionalidades que vêm sendo colocadas na Blockchain. No início, a Blockchain foi pensada só para registrar informações, mas, na verdade, abrange, atualmente, diversas finalidades. 
7. A Blockchain 2.0: 
Podemos falar, partindo desse pressuposto, em uma 2ª onda/geração da Blockchain (“Blockchain 2.0”), a qual incorpora funcionalidades e a aplicabilidades novas. Essas funcionalidades e aplicações podem ser exemplificadas pela incorporação de programações (softwares/algoritmos que vão interagir com o conteúdo daquelas Blockchains, originando os smart contracts). Esses “contratos inteligentes” permitem uma grande flexibilidade e segurança nos ajustes contratuais que serão programados dentro da rede, isto é, dentro da Blockchain. Um contrato, por exemplo, não precisaria mais ser direcionado ao Poder Judiciário (salvo no caso de descumprimento de disposições contratuais) – há, dessa forma, a aproximação das figuras do advogado e do programador. O programador passa a “contratualizar dentro do código” uma relação jurídica contratual. 
 
“A máquina de refrigerante” (seleciona o produto pagamento recebe o produto) seria um exemplo que ilustra a noção do smart contract (um contrato que se autoexecuta sozinho). 
 
8. 3ª onda da Blockchain:
Estender a tecnologia para novos ambientes. 
Até os governos e o setor financeiro têm confiado na Blockchain – o que demonstra como a tecnologia tem se tornado habitual e relevante. 
9. A Blockchain 4.0:
Ainda não chegou, mas é pensada para o futuro.Inteligência artificial + massificação/simplificação da interface (sem a necessidade conhecimentos técnicos) + disponibilizada como um serviço para as pessoas. 
OBS: A Blockchain e o bitcoin são interdependentes, já que a atividade de mineração do bloco é remunerada. As pessoas são remuneradas através de bitcoin para fornecer suas máquinas para a mineração na Blockchain (tendo em vista os custos para tal operação – eletricidade, etc). O bitcoin existe para remunerar a Blockchain ao mesmo tempo que a tecnologia de bitcoin roda dentro da Blockchain. 
10. Exemplo prático de smartcontract: 
Contrato de seguro de higiene bucal dos indivíduos – uso de uma escova com sensores para monitorar a qualidade da escovação dos indivíduos e fazer com que estes paguem um valor menor. Desse modo, ambos saem ganhando – clientes e a empresa, uma vez que aqueles passam a pagar menos e esta passa a gastar menos com eventuais procedimentos necessários.