Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aula 22 – Fisiologia (Zonzim) Generalidades: Estômago: órgão armazenador (minutos/horas) dependendo do volume e natureza química da dieta. Alimento + secreção gástrica = quimo (mistura mecânica). COMPONENTES DO SUCO GÁSTRICO: • Muco e bicarbonato que ficam principalmente revestindo a mucosa estomacal (superfície), produzidos por células mucosas que revestem todo o epitélio do estômago, liberados em resposta a irritação da mucosa, presença de alimento ou acidez maior – mantidos sempre em certo grau de secreção -> barreira físico-química da mucosa. O bicarbonato serve como um tampão (alcalino) que neutraliza o ácido; • Célula parietal: produz e libera HCL – estimulada por vias neurais, hormonais e local por liberação de histamina – esse tipo de processo tem importantes fatores fisiológicos (pepsina e ação bactericida); • Células principais: enzimáticas – produzem pepsinogênio (principal enzima) e uma lipase gástrica – estímulos baseados no SNS local ou via vago liberando acetilcolina; • Células enterocromafins: liberam histamina – capaz de aumentar a secreção ácida – é estimulada pela acetilcolina e gastrina; • Células produtoras de somatostatina: função amortecedora – evita excesso de acidez; • Células G: produzem gastrina (aumenta secreção de HCl). GLÂNDULAS DO ESTÔMAGO Células secretoras de muco (revestem toda superfície do estômago – distribuição própria). 2 glândulas tubulares: Glândulas Gástricas (oxínticas) – corpo e fundo: • Ácido clorídrico, pepsinogênio, fator intrínseco (vit. B12) e muco -> produz a secreção gástrica; • Células cervicais mucosas: muco + pepsinogênio (pouco); • Células pépticas (principais): pepsinogênio; • Células parietais (oxínticas): HCl + fator intrínseco. Glândulas Pilóricas – antro: • Muco, gastrina e pepsinogênio (pouco); • Células enteroendócrinas (células G): secretoras de gastrina. ELEMENTOS CONSTITUINTES DO SUCO GÁSTRICO PEPSINA • Capaz de digerir até 20% da proteína de uma refeição; • Estímulos: presença de ácido na mucosa gástrica; • Enzima proteolítica – é liberada em sua forma inativa (para não digerir a própria parede do estômago): pepsinogênio; • Células pépticas: pepsinogênio -> restos de pepsina + HCl -> ativado em pepsina (enzima com pH ideal entre 1,8-3,5 -> pH acima de 5 ou muito baixo bloqueia a atividade); • Pepsinogênio – regulação da secreção: nervos vagos + plexo entérico (liberando Acetilcolina), ácido no estômago (reflexos entéricos). Secreção de pepsinogênio pelas células principais: acetilcolina se liga a um receptor muscarínico que ativa enzimas do tipo proteínas quinases, proteína G ligada a quebra de fosfolipídios. A função dessa proteína G seria quebrar fosfolipídios em DAG e IP3. A ativação das proteínas altera as vesículas que armazenam o pepsinogênio, estimulando a liberação dessas vesículas na luz. O IP3 aumenta a quantidade de cálcio intracelular, que ajudaria na reorganização das vesículas e facilita a exocitose. OUTRAS ENZIMAS NO SUCO GÁSTRICO • Lipase gástrica (tributirase – degrada a tributirina, gordura presente na manteiga – derivados do leite) - > não tem relevância clínica. • Amilase gástrica. • Gelatinases (proteoglicanos da carne). FATOR INTRÍNSECO ❖ Fundamental na absorção da vitamina B12 a nível de íleo; ❖ Secretado pelas células parietais; ❖ Glicoproteína, forma complexo com B12 no ID; ❖ Complexo resistente à digestão permite a absorção da B12; ❖ Liberado em resposta aos mesmos estímulos que provocam secreção de HCl; ❖ Somente ligada ao FI que é a vitamina B12, poderá ser absorvido no íleo terminal; ❖ De todas as secreções gástricas, somente o FI é essencial à vida; ❖ Vitamina B12: • Importante para a maturação das células vermelhas sanguíneas e síntese de DNA; • É um cofator da síntese de metionina a partir da homocisteína e da conversão de propionil em succinil coenzima A, a partir de metilmalonato; • Deficiência nutricional: anemia perniciosa; • Deficiência por fatores genéticos: anemia megaloblástica. ÁCIDO CLORÍDRICO • Auxilia na digestão de proteínas; • Converte pepsinogênio em pepsina; • Ação bactericida; • Auxilia na absorção de ferro; • Células parietais: secreção ácida com pH 0,8; • [H+] cerca de 3000000x a do sangue arterial; • Elevado gasto energético no processo (1500 calorias por litro de suco gástrico); • Estrutura da célula parietal apresenta canalículos intracelulares que desembocam no lúmen; • Formado nos vilos dos canalículos. Processo de secreção do ácido clorídrico: • Principal força motriz = bomba hidrogênio-potássio ATPase; • Água dissocia-se em H+ e OH- dentro das células parietais (catalisada pela H+ k+ ATPase0; • íons potássio transportados para a célula pela bomba Na+ K+ ATPase, na porção basolateral tendem a vazar para o lúmen, mas são reciclados de volta; • Transporte ativo de Cl- para luz e transporte ativo de Na+ para a célula: ddp de -40/-70 mV no canalículo; • Atividade da Na+/K+ ATPase na membrana basolateral (sódio para fora e potássio para fora); • Difusão passiva de K+ e Na+ - penetram no canalículo KCl e NaCl; • Bombeamento de H+ para fora da célula -> OH- acumulado -> forma bicarbonato a partir do CO2 do metabolismo; • HCO3- é transportado para o líquido extracelular, em troca de íons cloreto -> solução concentrada de ácido hidroclorídrico nos canalículos; • H+ é trocado ativamente por K+ (H+/K+ ATPase) -> H+ + CL- = HCl (mecanismo limitante do processo); • Obs.: água é atraída do lúmen por osmose -> secreção final nos canalículos = água, ácido clorídrico, cloreto de potássio e pequena quantidade de cloreto de sódio. A H+/K+ ATPase está presente em túbulo vesículas que podem se encontrar internamente, sem estar em contato com os canalículos. Na célula parietal em repouso, sem estímulo, essas túbulo vesículas que contém H+/K+ ATPase fica no citoplasma e a produção de ácido clorídrico fica limitada. Quando há estímulo, as vesículas se fundem com os canalículos da superfície, o que aumenta a área dos canalículos, e a bomba fica de frente para o lúmen, para fazer a troca e jogar H+ para fora e K+ para dentro. GASTRINA • Produzida pelas células G – glândulas pilóricas; • Estimula: ✓ Secreção de ácido; ✓ Crescimento celular; ✓ Aumento da motilidade GI; ✓ Aumento da contração do esfíncter pilórico (reduz passagem do estômago para o intestino); ✓ Atua nas células enterocromafins para liberar histamina. • Tumores raros de células secretoras de gastrina -> gastrinomas; • Atua diretamente na célula parietal para produção de ácido clorídrico e nas células enterocromafins para liberar histamina que atua na célula parietal. Ou seja, aumenta a secreção ácida da célula parietal de forma direta e indireta; • Níveis elevados de gastrina levam a liberação de somatostatina -> regular a acidez. DEFESAS DA MUCOSA 1) Muco: produzido pelas células foveolares; 2) Bicarbonato: secretado pelas células epiteliais do estômago e duodeno; 3) Renovação celular: rápida renovação da mucosa do TGI é importante fator protetor da mucosa, reparando as células comprometidas e evitando a progressão da lesão. A região regeneradora é o colo da glândula oxíntica; 4) Fluxo sanguíneo da mucosa: rica vascularização do estômago e duodeno e nutre o epitélio regenerador e remove o ácido que poderia se difundir através da mucosa; 5) Prostaglandinas: são mediadoras de todas as ações citadas acima. MUCO • Reveste toda superfície da mucosa glandular; • Células mucosas (presentes em toda a superfície gástrica): secretam muco viscoso e alcalino (camada gelatinosa de +/- 1mm para proteção e lubrificação); • Secreção de líquido com bicarbonato (HCO3-) pelas células da superfície epitelial (barreira química – alcalino);• Formação de uma barreira mucosa alcalina sobre a superfície luminal gástrica; • Secreção estimulada por acetilcolina (atividade colinérgica), estímulo mecânico. REGULAÇÃO DA SECREÇÃO GÁSTRICA Estimulada por acetilcolina, gastrina e histaminas (mais potente), que se ligam a receptores -> processos secretores). Hormonal: gastrina (produzida pelas células G do antro gástrico) em resposta a diversos estímulos (aumento do pH e presença de proteínas do alimento). Sinais neurais via vago + reflexos locais -> células G (glândulas pilóricas) -> gastrina (sangue) -> glândulas oxínticas (células parietais) -> aumentam a secreção de HCl (8x) -> reflexo entérico (ativa células parietais). *Estimulação neural: • Neural: acetilcolina liberada por estimulação do vago e SN entérico da parede gástrica (neurotransmissores: acetilcolina e bombesina); • Cérebro (sistema límbico): via vagal; • Estômago (reflexos longos e curtos): via vagal e plexo mioentérico; • Estimulação nervosa central (sistema límbico) ou periférica (reflexos vagovagais, longos e curtos); • Estímulos de distensão, táteis e químicos (aminoácidos, peptídeos); • Papel do vago e plexo mioentérico: 50% cada; • Liberação de acetilcolina: aumenta pepsinogênio, HCl, muco e gastrina; • Peptídeo liberador de gastrina: células secretoras de gastrina -> aumento de HCl. HISTAMINA • Papel: produzida pelas células enterocromafins (células ECL) localizadas na mucosa do estômago, próximas às células parietais, intermedia as 2 anteriores. Células parietais são estimuladas pela histamina que atua sobre receptores H2; • Estes receptores respondem a quantidades inferiores à concentração limiar que atua sobre os receptores H nos vasos; • Tem maior potência em estimular a secreção das células parietais; • Co-fator para a atuação da ACh e Gastrina no aumento da secreção de HCl. Sintetizada e armazenada nas células ECL (lâmina própria das glândulas gástricas); • Secreção estimulada por: gastrina, acetilcolina; Obs.: a secreção de grandes volumes de suco gástrico só é possível na presença de todos os fatores juntos. SOMATOSTATINA • O maior peptídeo inibidor do tudo digestivo -> inibe gastrina (produzida pelas células G – antro); • HCl estimula sua liberação; • Reduzida na úlcera péptica; • A eliminação do H.Pylori eleva os seus níveis. FASES DA SECREÇÃO GÁSTRICA Regulação da secreção gástrica – mecanismos neurais e hormonais – eventos estimulatórios e inibitórios ocorrem em 3 fases: Fase cefálica (antes da ingesta): 20% da secreção – visão, olfato, pensamento, paladar, aumento do apetite -> estímulo vagal (1/5); • Eventos excitatórios: pensar em um alimento, estimulação por receptores de paladar ou olfato; • Eventos inibitórios: perda de apetite ou depressão, redução na estimulação parassimpática; • Prioritariamente depende da inervação vagal. Fase gástrica (no estômago): 70% da secreção – reflexos vaso- vagais longos e entéricos locais + gastrina (2/3); • Eventos excitatórios: distensão gástrica, ativação de quimiorreceptores por peptídeos, cafeína e aumento do pH, liberação de gastrina para o sangue; • Eventos inibitórios: pH < 2; • Inibição da secreção gástrica pelo excesso de ácido (feedback): pH=3 – bloqueio do mecanismo da gastrina (proteção contra acidez excessiva + manutenção de pH ótimo). Fase intestinal (porção superior do ID): 10% da secreção – estimula produção de gastrina e outros mecanismos, inibição da secreção gástrica por fatores intestinais: • Presença de alimento, ácido, gordura, produtos de degradação proteica no intestino que levam a liberação de secretina, peptídeo inibidor gástrico, polipeptídio intestinal vasoativo e somatostatina; • Obs.: há secreção durante o período interdigestivo composta quase exclusivamente por muco. Estímulos emocionais aumentam e alteram esta secreção; • Eventos excitatórios: redução pH, distensão do duodeno, presença de gordura, ácido ou quimo hipertônico e/ou irritantes no duodeno; • Inibição: alimento no intestino delgado, reflexo enterogástrico + hormônios intestinais (secretina, colecistocinina): reduz secreção ácida -> reduz digestão gástrica -> retarda liberação de alimento do estômago.
Compartilhar