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Programas e políticas públicas voltadas a grupos vulneráveis

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DESCRIÇÃO
Ações, políticas, programas e estratégias para a garantia dos princípios do Sistema Único de Saúde
(SUS) a grupos em situações de vulnerabilidade social, seus desafios e dilemas visando ao direito à
saúde dessas populações.
PROPÓSITO
Compreender a importância da atenção integral à saúde aos grupos vulneráveis proporcionará um olhar
ampliado para as ações de promoção da saúde no âmbito individual e coletivo. O respeito e a atenção
às pluralidades da sociedade contribuirão para uma formação mais humana e abrangente.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever o Programa de Combate às Carências Nutricionais na população, seus princípios, estrutura e
funcionamento
MÓDULO 2
Identificar as diretrizes e os princípios do NutriSUS, dos programas e políticas de estímulo ao
aleitamento materno no Brasil e dos programas voltados ao combate da obesidade
INTRODUÇÃO
A Atenção Primária à Saúde (APS) está relacionada à adoção de práticas cuidadoras, articulando com
as diretrizes, programas e políticas elaboradas pelo Ministério da Saúde, em atenção à promoção,
proteção e assistência à saúde, a fim de garantir a integralidade do cuidado e respeitando as
peculiaridades da população (MOROSONI et al., 2018).
Programas e políticas voltados a grupos vulneráveis são caracterizados como estratégias importantes
que visam assegurar os direitos humanos e universalizar o acesso aos serviços aos grupos vulneráveis
(SIQUEIRA et al., 2017). Conforme Machado (2018), essa prática se dá mediante a concretização do
Sistema Único de Saúde (SUS), que tem os seus princípios pautados na universalidade, equidade e
integralidade, assegurando que todos os brasileiros tivessem o direito à saúde de qualidade durante
todas as fases de sua vida.
Segundo Siqueira e outros colaboradores (2017), a Atenção Primária à Saúde, por ser a principal porta
de entrada no SUS, precisa ser um espaço de fomento à implementação de políticas e ações
intersetoriais de promoção da equidade em saúde, acolhendo e articulando as demandas de grupos em
situação de iniquidade no acesso e na assistência à saúde.
MÓDULO 1
 Descrever o Programa de Combate às Carências Nutricionais na população, seus princípios,
estrutura e funcionamento
PROGRAMA DE COMBATE ÀS CARÊNCIAS
NUTRICIONAIS (PCCN)
Os programas, as políticas e as ações têm por objetivo promover o respeito à diversidade e garantir o
atendimento integral a populações em situação de vulnerabilidade em consonância com o princípio da
equidade. Dessa forma, levando em consideração as desigualdades e as diferenças da população,
reconhecendo a diversidade da condição humana e, com isso, a pluralidade das suas necessidades
(BRASIL, 2013). Considerando tais particularidades, ações, programas e políticas de promoção e
prevenção à saúde mostram-se de grande importância enquanto estratégias para a garantia da
equidade, visando à redução das desigualdades e a atenção integral à saúde da população.
Segundo Bortolin e outros colaboradores (2020), as ações de promoção da saúde vão além da
assistência baseada em patologias e em seus respectivos tratamentos. Programas, políticas e diretrizes
do SUS voltadas à promoção, prevenção e vigilância da saúde são direcionados ao cuidado integral da
saúde da população, abarcando todo o seu processo de crescimento e desenvolvimento, além da
garantia dos direitos à cidadania, considerando os aspectos epidemiológicos, sociais e culturais.
O Ministério da Saúde desenvolveu diversos programas de combate às carências nutricionais na
população, com o objetivo de planejar e coordenar estratégias de prevenção e controle de carências
nutricionais no âmbito do Sistema Único de Saúde. Em 1999, foi instituído o Programa de Combate a
Carências Nutricionais (PCCN), que teve por objetivo reduzir e controlar a desnutrição infantil em geral e
as carências nutricionais específicas — principalmente, a anemia ferropriva e a hipovitaminose A —, e
incentivar a prática do aleitamento materno (BRASIL, 2001).
 SAIBA MAIS
O PCCN destinou-se a crianças de 6 a 23 meses com desnutrição energético-proteica, crianças na faixa
etária de 2 a 5 anos com deficiência de ferro e/ou de vitamina A e gestantes e idosos em risco nutricional. O
programa apresentava ações tímidas e mais direcionadas ao nordeste, tendo sua atividade realizada até o
ano de 2001.
POLÍTICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E
NUTRIÇÃO (PNAN)
Após discussões de autoridades do governo e da sociedade, em 1999, foi aprovada a Política Nacional
de Alimentação e Nutrição (PNAN) . Essa política teve como propósito a melhoria das condições de
alimentação, nutrição e saúde da população brasileira, mediante a promoção de práticas alimentares
adequadas e saudáveis, a vigilância alimentar e nutricional, a prevenção e o cuidado integral dos
agravos relacionados à alimentação e nutrição, por meio de um conjunto de ações de suplementação,
fortificação de alimentos e educação nutricional, de forma universal, participativa, intra e intersetorial
(BRASIL, 2013).
 
Imagem: Stock.adobe
A PNAN compõe um conjunto de políticas públicas desenvolvido pelo Estado brasileiro, que propõe
respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e à alimentação. Nesse sentido, a
PNAN apresenta suas diretrizes consolidas em:
Organização da atenção nutricional
Promoção da alimentação adequada e saudável
Vigilância alimentar e nutricional
Gestão das ações de alimentação e nutrição
Participação e controle social
Qualificação da força de trabalho
Controle e regulação dos alimentos
Pesquisa, inovação e conhecimento em alimentação e nutrição
Cooperação e articulação para a segurança alimentar e nutricional
 ATENÇÃO
Dentre as diretrizes determinadas pela PNAN capazes de modificar os determinantes de saúde e promover a
saúde da população, as ações de prevenção de carências nutricionais por meio da suplementação de
micronutrientes visam melhorar as condições de alimentação, nutrição e saúde. A garantia da segurança
alimentar e nutricional da população brasileira está contemplada na diretriz que trata a gestão de ações de
alimentação e nutrição (BRASIL, 2013).
De acordo com a PNAN, as ações de prevenção das carências nutricionais específicas, por meio da
suplementação de micronutrientes (ferro, vitamina A, dentre outros), serão de responsabilidade dos
serviços de Atenção Básica, em acordo com o disposto nas normas técnicas dos programas de
suplementação. As unidades hospitalares-maternidades devem colaborar na implementação dos
programas de suplementação de micronutrientes, em especial, na suplementação de vitamina A para
puérperas no pós-parto (BRASIL, 2013).
 VOCÊ SABIA
Em 2011, a PNAN passou por uma atualização e manteve o destaque ao enfrentamento das carências
nutricionais específicas do Brasil. Nesse sentido, a atenção nutricional no âmbito do SUS deverá dar
respostas às demandas e necessidades de saúde do seu território, considerando as de maior frequência e
relevância e observando critérios de risco e vulnerabilidade.
A PNAN destaca que, diante do atual quadro epidemiológico do país, são prioritárias as ações
preventivas e de tratamento da obesidade, da desnutrição, das carências nutricionais específicas e de
doenças crônicas não transmissíveis relacionadas à alimentação e à nutrição (BRASIL, 2013). A partir
de então, o Ministério da Saúde regulamenta os Programas Nacionais de Suplementação no Brasil, com
vistas à promoção e à prevenção da saúde da população, e elabora portarias, normas e manuais
técnicos nesse sentido. Abaixo, estão destacados os programas e as estratégias vigentes, objetivando o
controle das deficiências de micronutrientes no Brasil.
PROGRAMA NACIONAL DE SUPLEMENTAÇÃO DE
VITAMINA A
Em 2005, foi publicada a Portaria nº 729, de 13 de maio, que definiu as diretrizes do Programa de
Suplementação de Vitamina A e as responsabilidades dos três níveis de governo. Esse programa tem
por objetivo reduzir e controlar a deficiência nutricional de vitamina A em criançasde 6 a 59 meses de
idade a partir da suplementação de megadoses da vitamina. O programa orienta a administração de
uma dose única de 100.000UI de vitamina A para crianças de seis a 11 meses e o dobro da dose, em
esquema semestral para crianças de 12 a 59 meses. A distribuição é feita associada às campanhas de
vacinação, na rotina das unidades básicas ou ainda por visitas domiciliares feitas pelos agentes
comunitários de saúde (ACS).
Conforme relatam os autores Silva e Jaime (2019), no início do funcionamento, o programa também
atendia às puérperas (mulheres no pós-parto imediato, antes da alta hospitalar), residentes em regiões
consideradas de risco. Porém, a partir da recomendação da Organização Mundial da Saúde, que afirma
não existir fortes evidências para a suplementação de vitamina A para esse grupo como medida de
saúde pública para a prevenção da morbimortalidade materna e infantil, essa estratégia foi interrompida
em 2016, permanecendo apenas a suplementação das crianças de 6 a 59 meses.
PROGRAMA NACIONAL DE SUPLEMENTAÇÃO DE
FERRO (PNSF)
O Programa Nacional de Suplementação de Ferro foi instituído a partir da Portaria nº 730, de 13 de maio
de 2005, destinado a prevenir a anemia ferropriva (deficiência de ferro) a partir da suplementação
universal de crianças de 6 a 18 meses de idade, gestantes a partir da 20ª semana gestacional e
mulheres até o 3º mês pós-parto e/ou pós-aborto. A compra dos suplementos era realizada de forma
centralizada, ou seja, a aquisição era realizada pela esfera federal e depois distribuída aos municípios.
O produto utilizado para o público infantil, xarope de sulfato ferroso, deveria ser oferecido às crianças
semanalmente (SILVA; JAIME, 2019).
Em 2014, a Portaria nº 1.977, de 12 de setembro, atualizou as diretrizes do PNSF e alterou pontos
importantes no programa. A partir de então, a suplementação profilática de ferro deverá ser para as
crianças entre 6 e 24 meses de idade, gestantes ao iniciarem o pré-natal até o 3º mês pós-parto e pós-
aborto e na suplementação de gestantes com ácido fólico.
 SAIBA MAIS
A portaria ainda determina que todas as condutas deverão seguir o Manual de Condutas Gerais do Programa
Nacional de Suplementação de Ferro, elaborado pelo Ministério da Saúde. Esse manual determina que os
suplementos de ferro e ácido fólico deverão estar em todas as farmácias das UBS’s, em todo território
nacional, e ser distribuído de maneira gratuita (BRASIL, 2013).
De acordo com o manual, o esquema de administração de suplementação deverá ser:
Público Conduta Periodicidade
Crianças de seis a
24 meses
1mg de ferro elementar/kg Diariamente até completar 24 meses.
Gestantes
40mg de ferro elementar e
400mcg de ácido fólico
Diariamente até o final da gestação.
Mulheres no pós-
parto e pós-aborto
40mg de ferro elementar
Diariamente até o terceiro mês pós-parto
e até o terceiro mês pós-aborto.
Quadro: Administração da suplementação profilática de sulfato ferroso e ácido fólico. 
Adaptado de Manual de Condutas Gerais do PNSF, BRASIL, 2013.
Além desses programas, o Ministério da Saúde apresenta estratégias complementares para o combate
às carências de micronutrientes em consonância com as recomendações internacionais. A fortificação
mandatória de alimentos é uma estratégia nesse sentido, sendo classificada em dois tipos: fortificação
do sal com iodo e a fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico (SILVA; JAIME,
2019).
FORTIFICAÇÃO DE SAL COM IODO
Essa estratégia é a mais antiga na prevenção das carências de micronutrientes no Brasil. Desde a
década de 50, é obrigatória a iodação do sal para consumo humano em virtude dos casos de bócio em
dadas regiões do país. O bócio é uma doença caracterizada pelo baixo consumo de iodo, tendo atingido
cerca de 20% da população no ano de 1955 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). Desde então, o governo
vem elaborando e atualizando as orientações relacionadas à iodação do sal no Brasil. Em 2005, a partir
da Portaria nº 2.362, de 1º de dezembro de 2005, foi instituído o Programa Nacional para Prevenção e
Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo — pró-iodo, coordenado pelo Ministério da Saúde, com o
objetivo de fortalecer e aperfeiçoar as ações de monitoramento e controle dos distúrbios por deficiência
de iodo.
O programa tem suas atividades pautadas em 4 linhas de ação:

I - Monitoramento do teor de iodo do sal para consumo humano 
Verificar se a iodação do sal está sendo realizada de forma segura e sob rigoroso controle. Além disso,
avaliar se o sal oferecido à população é capaz de fornecer a quantidade necessária de iodo para
prevenir e controlar a deficiência sem risco de ocorrência de doenças associadas ao consumo excessivo
desse micronutriente.
II - Monitoramento do impacto da iodação do sal na saúde da população 
Monitorar, rigorosamente, os indicadores de resultado da iodação do sal, com o intuito de prevenir e
controlar o surgimento de doenças associadas à deficiência ou ao excesso desse micronutriente.


III - Atualização dos parâmetros legais dos teores de iodo do sal destinado ao consumo humano 
A partir das ações de monitoramento periódicos, realizar atualizações nos parâmetros legais dos teores
de iodo no sal.
IV - Implementação contínua de estratégias de informação, educação, comunicação e
mobilização social 
Disponibilizar a toda população acesso às informações sobre as carências nutricionais, suas formas de
intervenção e a evolução do programa; sensibilizar os profissionais de saúde e de outros setores
envolvidos para adequado acompanhamento, avaliação e monitoramento do referido programa.

 ATENÇÃO
Em busca de fortalecer as ações do programa, o governo elaborou um manual com o objetivo de orientar os
profissionais de saúde e de outros setores para a adequada operacionalização e acompanhamento das
ações destinadas à prevenção e ao controle dos distúrbios por deficiência de iodo no Brasil (BRASIL, 2008).
A partir das ações de monitoramento, identificou-se a necessidade de uma nova orientação sobre a
dosagem de iodação no sal. A RDC nº 23, de 24 de abril de 2013, que dispõe sobre o teor de iodo no sal
destinado ao consumo humano, determina que a faixa de iodação seja de 15 a 45mg de iodo por kg de
sal. Essa resolução está vigente e regulamenta as ações do Programa Nacional para Prevenção e
Controle dos Distúrbios por Deficiência de Iodo — pró-iodo.
FORTIFICAÇÃO DAS FARINHAS DE TRIGO E MILHO
COM FERRO E ÁCIDO FÓLICO
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) visando à regulamentação da fortificação de todas
as farinhas de trigo e milho no Brasil, elaborou a RDC nº 344, de 13 de dezembro de 2002, com o
objetivo de tornar obrigatória a fortificação dessas farinhas com, no mínimo, 4,2mg de ferro e 150mcg
de ácido fólico por 100g de farinha. A partir das recomendações da OMS em seu documento
Guidelines on food fortification with micronutrientes, publicado em 2006, identificou-se a
necessidade de realizar uma revisão na RDC acima citada (OMS, 2006). Para a revisão, o governo abriu
uma consulta pública em 2016 e então foi elaborada e publicada a RDC nº 150, de 13 de abril de 2017,
que estabeleceu uma nova faixa de fortificação de ferro (4 a 9mg por 100g de farinha) e ácido fólico (140
a 220mcg por 100g de farinha) no Brasil.
GUIDELINES ON FOOD FORTIFICATION WITH
MICRONUTRIENTES
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Diretrizes para fortificação de alimentos com micronutrientes.
 ATENÇÃO
Essa regulamentação também determinou que é obrigatória a informação que esclarece ao consumidor o
objetivo da fortificação e a faixa de enriquecimento nos rótulos dos alimentos. Ainda, de acordo com a RDC,
não é obrigatório o enriquecimento das farinhas fabricadas pelos agricultores familiares e
microempreendedores rurais, solidários e individuais, tendo em vista a estrutura física e operacional nessas
fabricações (SILVA; JAIME, 2019).
O PAPEL DO NUTRICIONISTA FRENTE AOS
PROGRAMAS DE COMBATE ÀS CARÊNCIAS
NUTRICIONAISA especialista Wanessa Natividade Marinho abordará o papel nutricionista atrelado aos programas de
combate às carências nutricionais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A POLÍTICA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO (PNAN) COMPÕE UM
CONJUNTO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DESENVOLVIDAS PELO ESTADO
BRASILEIRO, QUE PROPÕE RESPEITAR, PROTEGER, PROMOVER E PROVER
OS DIREITOS HUMANOS À SAÚDE E À ALIMENTAÇÃO (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2010). NESSE SENTIDO, A PNAN TEM SUAS DIRETRIZES CONSOLIDADAS EM
NOVE ITENS. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE NÃO CORRESPONDE À DIRETRIZ
DA PNAN.
A) Qualificação da foça de trabalho.
B) Organização da atenção nutricional.
C) Participação e controle social.
D) Controle e regulação dos alimentos.
E) Maior controle de vetores e pragas que ocasionam as doenças transmitidas por alimentos.
2. TENDO EM VISTA AS AÇÕES DETERMINADAS PELA PNAN, O MINISTÉRIO DA
SAÚDE ELABOROU DIVERSOS PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS VISANDO À
PROMOÇÃO E À PREVENÇÃO DA SAÚDE DA POPULAÇÃO EM ATENÇÃO AO
CONTROLE DAS DEFICIÊNCIAS DE MICRONUTRIENTES NO BRASIL. ASSINALE
A ALTERNATIVA QUE CORRESPONDE AOS PROGRAMAS E ESTRATÉGIAS
VIGENTES NO PAÍS.
A) Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; Programa Nacional de Suplementação de
Ferro (PNSF); fortificação de sal com iodo; fortificação das farinhas de trigo e milho com ácido fólico
B) Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; Programa Nacional de Suplementação de
Ferro (PNSF); fortificação de sal com iodo; fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido
fólico
C) Programa Nacional de Suplementação de Vitamina D; Programa Nacional de Suplementação de
Ferro (PNSF); fortificação de sal com iodo; fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido
fólico
D) Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; Programa Nacional de Suplementação de
Ferro (PNSF); fortificação de sal com iodo e potássio; fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro
e ácido fólico
E) Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A; Programa Nacional de Suplementação de
Ferro (PNSF); fortificação de sal com iodo; fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro
GABARITO
1. A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) compõe um conjunto de políticas
públicas desenvolvidas pelo Estado brasileiro, que propõe respeitar, proteger, promover e prover
os direitos humanos à saúde e à alimentação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010). Nesse sentido, a
PNAN tem suas diretrizes consolidadas em nove itens. Assinale a alternativa que não
corresponde à diretriz da PNAN.
A alternativa "E " está correta.
 
Diversas são as diretrizes determinadas pela PNAN visando à modificação dos determinantes de saúde
e promovendo a saúde da população. Contudo, um maior controle de vetores e pragas que ocasionam
as doenças transmitidas por alimentos não é determinado como uma diretriz da PNAN.
2. Tendo em vista as ações determinadas pela PNAN, o Ministério da Saúde elaborou diversos
programas e estratégias visando à promoção e à prevenção da saúde da população em atenção
ao controle das deficiências de micronutrientes no Brasil. Assinale a alternativa que corresponde
aos programas e estratégias vigentes no país.
A alternativa "B " está correta.
 
A PNAN, a partir da sua atualização em 2011, reforça que as ações devem atender às demandas e
necessidades de saúde, considerando as de maior frequência e relevância para a população, tendo
atenção aos critérios de risco e vulnerabilidade. Em consciência com pesquisas e ações de vigilância em
saúde no Brasil, estão vigentes as políticas e estratégias denominadas: Programa Nacional de
Suplementação de Vitamina A; Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF); fortificação de
sal com iodo; fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico.
MÓDULO 2
 Identificar as diretrizes e os princípios do NutriSUS, dos programas e políticas de estímulo ao
aleitamento materno no Brasil e dos programas voltados ao combate da obesidade
ESTRATÉGIA DE FORTIFICAÇÃO DA
ALIMENTAÇÃO INFANTIL COM
MICRONUTRIENTES EM PÓ – NUTRISUS
De acordo com Silva e outros autores (2020), a promoção da atenção integral à saúde da criança
representa um campo prioritário dentre os cuidados à saúde da população. A partir da estruturação do
Sistema Único de Saúde (SUS) e da consolidação da Atenção Primária à Saúde (APS), ocorreu a
ampliação das ações de cuidado para esse grupo da população, impactando positivamente na saúde
das crianças brasileiras.
Em atenção às carências de micronutrientes observado nas crianças, a Organização Mundial da Saúde
(OMS) recomendou o uso de múltiplos micronutrientes em pó para fortificação de alimentos direcionados
às crianças, com o objetivo de melhorar o estado nutricional e prevenir a anemia. Dessa forma,
contribuindo para ingestão adequada de vitaminas e minerais. Essa estratégia destina-se a bebês de 6 a
23 meses e crianças em idade pré-escolar e escolar de 2 a 12 anos (WHO, 2011).
 
Imagem: stock.adobe
No Brasil, a partir da orientação da OMS, o Ministério da Saúde, com base em estudos nacionais e
evidências internacionais, lançou em 2015 a estratégia de fortificação da alimentação infantil com
micronutrientes em pó – NutriSUS, objetivando o cuidado integral à saúde da criança.
 SAIBA MAIS
O NutriSUS visa e consiste na adição de uma mistura de vitaminas e minerais em pó em uma das refeições
oferecidas para as crianças diariamente nas creches brasileiras. Os micronutrientes em pó são embalados
individualmente em forma de sachês (1g) e deverão ser acrescentados e misturados às preparações
alimentares, obrigatoriamente, no momento que a criança for se alimentar (BRASIL, 2015).
De acordo com o caderno de orientações da estratégia, cada sachê é composto pelos 15
micronutrientes descritos na tabela abaixo.
Composição Dose
Vitamina A RE 400μg
Vitamina D 5μg
Vitamina E TE 5mg
Vitamina C 30mg
Vitamina B1 0,5mg
Vitamina B2 0,5mg
Vitamina B6 0,5mg
Vitamina B12 0,9μg
Niacina 6mg
Ácido Fólico 150μg
Ferro 10mg
Zinco 4,1mg
Cobre 0,56mg
Selênio 17μg
Iodo 90μg
Quadro: Composição dos sachês de micronutrientes utilizados no NutriSUS. 
Adaptado de Caderno de orientações do NutriSUS, BRASIL, 2015.
Os sachês são adquiridos de forma centralizada pelo Ministério da Saúde e encaminhados diretamente
aos municípios, embalados em caixa de papel, contendo 30 envelopes de sachê em cada caixa. Cabe
às equipes da Atenção Básica vinculadas às creches realizar a distribuição gradual, conforme a
demanda de uso nas creches partícipes da ação (BRASIL, 2015).
Em busca de bons resultados, o Ministério da Saúde recomenda que a administração dos sachês ocorra
da seguinte forma:
Administração de um sachê por dia (de segunda a sexta feira) em uma das refeições da criança (até
finalizar o ciclo de 60 sachês).

Pausa na administração durante um período de três a quatro meses.

Administração de um sachê por dia (de segunda a sexta feira) em uma das refeições da criança (até
finalizar o ciclo de 60 sachês).
É fundamental que a ação seja adaptada ao calendário escolar da creche, para que não haja
interrupção. Essa estratégia vem sendo implantada em 1.044 municípios brasileiros, contemplando
6.338 creches, 304.606 crianças e 20 distritos sanitários especiais indígenas (DSEI) com 4.290 crianças
indígenas. Dessa forma, mostra-se bastante relevante no sentido de reforçar o conjunto de ações
existentes na prevenção e controle da anemia e das deficiências de micronutrientes na infância (SILVA;
JAIME, 2019).
PROGRAMAS E POLÍTICAS DE ESTÍMULO AO
ALEITAMENTO MATERNO

O estímulo ao aleitamento materno é uma proposta discutida mundialmente desde a década de 1980.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)
recomendaram a criação de normas éticas para a comercialização de substitutos do leite materno. Isso
resultou na aprovação do Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno pela
Assembleia Mundial de Saúdeem 1981 (BRASIL, 2017).


Por conseguinte, em 1989, foi lançado também pela OMS e pela Unicef a Declaração Conjunta sobre o
Papel dos Serviços de Saúde e Maternidades, definindo assim os “Dez Passos para o Sucesso do
Aleitamento Materno”, reforçando a relevância das ações de incentivo ao aleitamento materno (BRASIL,
2017).
Na década de 1990, foi construída a Declaração de Innoccenti, documento internacional que
recomendou um conjunto de metas para a prática da amamentação, de forma exclusiva a todas as
crianças, do nascimento até os 4-6 meses de vida, e a continuidade da amamentação sendo
complementada com alimentação saudável até o 2º ano de vida ou mais (VENÂNCIO, 2019).


Em atenção ao cumprimento dos “Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno” e buscando a
promoção das ações de incentivo à amamentação, no Brasil, foi lançada a Iniciativa Hospital Amigo da
Criança (IHAC), em 1991, com o objetivo de resgatar o direito da mulher de amamentar, tendo em vista
as mudanças nas rotinas das maternidades (BRASIL, 2017).
Para que o hospital tenha o título de “Amigo da Criança”, ele deve cumprir os “Dez Passos para o
Sucesso da Amamentação”, as normas da NBCAL, o Cuidado Amigo da Mulher, os critérios brasileiros
que visam à permanência da mãe ou pai junto ao recém-nascido 24 horas por dia e livre acesso a
ambos ou, na falta destes, ao responsável legal, além de não aceitar doação de substitutos do leite
materno (VENÂNCIO, 2019). Abaixo, seguem os “Dez Passos para o Sucesso da Amamentação”:
1º passo: Ter uma política de aleitamento materno que seja rotineiramente transmitida a toda
equipe de cuidados de saúde.
2º passo: Capacitar toda a equipe de cuidados de saúde nas práticas necessárias para
implementar essa política.
3º passo: Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno.
4º passo: Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o
nascimento, conforme nova interpretação. Além disso, colocar os bebês em contato pele a pele
com suas mães, imediatamente após o parto, por pelo menos uma hora, e orientar a mãe a
identificar se o bebê mostra sinais de que está querendo ser amamentado, oferecendo ajuda, se
necessário.
5º passo: Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser
separadas dos filhos.
6º passo: Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não
ser que haja indicação médica e/ou de nutricionista.
7º passo: Praticar o alojamento conjunto, permitir que mães e recém-nascidos permaneçam
juntos horas por dia.
8º passo: Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda.
9º passo: Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a recém-nascidos e lactentes.
10º passo: Promover a formação de grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a
esses grupos quando da alta da maternidade, conforme nova interpretação, e encaminhar as
mães a grupos ou outros serviços de apoio à amamentação, após a alta.
 
Imagem: Stock.adobe

Tendo em vista as normas éticas para a comercialização de substitutos do leite materno recomendadas
pela OMS e pela Unicef no Brasil em 1992, visando à melhora dos aspectos de rotulagem desses
produtos, instruiu-se a Norma Brasileira para Comercialização de Alimentos para Lactentes (NBCAL).
Essa norma é um instrumento legal para regular a promoção comercial e o uso apropriado dos alimentos
que estão à venda como substitutos ou complementos do leite materno, bem como de bicos, chupetas e
mamadeiras (BRASIL, 2017).
No ano 2000, o Ministério da Saúde constituiu um grupo de trabalho para a revisão da NBCAL, com a
participação de técnicos do Ministério da Saúde, Anvisa, Ministério da Agricultura, Ministério Público,
Assessoria Parlamentar do Senado Federal, Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar
(Rede IBFAN), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), Organização Pan-Americana da
Saúde (OPAS), Sociedade Brasileira de Pediatria, Conselho Nacional de Autorregulação Publicitária
(CONAR), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), representantes de
indústrias de alimentos infantis e de chupetas e mamadeiras e alguns consultores do programa de
aleitamento materno. Esse grupo elaborou um material que tinha como objetivo regulamentar a
rotulagem e a promoção de produtos direcionados para as crianças.


Segundo relatos de Venâncio (2019), dando continuidade ao trabalho realizado no âmbito do
aleitamento materno, em 2002, a OMS e a Unicef publicaram a Estratégia Global para a Alimentação
Infantil, reforçando o compromisso global com a saúde das crianças e bebês, reiterando as iniciativas
existentes e propondo ações para proteger, promover e apoiar a alimentação infantil. Nesse sentido, no
Brasil, foram criadas outras estratégias que, direta ou indiretamente, buscam incentivar o aleitamento
materno, como o Programa de Humanização no Pré-parto e nascimento, o Método Canguru, o Dia
Nacional de Doação de Leite Humano, a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação, a Rede
Cegonha, além das ações comunitárias por grupos não governamentais, como a Pastoral da Criança e
as Amigas do Peito.
Em 2008, o Ministério da Saúde lançou a primeira política voltada à promoção da amamentação na
Atenção Básica denominada Rede Amamenta Brasil, visando ao aumento da prevalência do aleitamento
materno, apoiada nos princípios da educação crítico-reflexiva (BRASIL 2017).


No âmbito da Atenção Básica, a Portaria nº 1.920, de 5 de setembro de 2013, institui a Estratégia
Nacional para Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável no Sistema
Único de Saúde (SUS), a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), com o objetivo de qualificar as
ações de promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar saudável para crianças
menores de 2 anos de idade. E ainda, aprimorar as competências e habilidades dos profissionais de
saúde para a promoção do aleitamento materno e da alimentação complementar como atividade de
rotina das UBS’s.
A Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil resultou da integração das ações da Rede Amamenta Brasil e
da Estratégia Nacional de Promoção da Alimentação Complementar Saudável (Enpacs), lançadas em
2008 e 2009, respectivamente (BRASIL, 2017).

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Em 2015, o Ministério da Saúde, por meio da Portaria nº 1.130, de 5 de agosto de 2015, instituiu a
Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC) no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS), com objetivo de promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno,
mediante atenção e cuidados integrados da gestação aos 9 anos de vida, com especial atenção à
primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade. Tudo isso visando à redução da
morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida, com condições dignas de existência e pleno
desenvolvimento.
Para além dos programas e políticas vigentes no Brasil, o Ministério da Saúde elabora diversos
materiais educativos visando intensificar as ações de promoção da amamentação e da alimentação
saudável para a população brasileira. Abaixo, seguem alguns dos materiais importantes nesse sentido:
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos (2019)
Caderno de Atenção Básica nº 33 - Saúde da criança: crescimento e desenvolvimento (2012)
Caderno de Atenção Básica nº 23 - Saúde da Criança: aleitamento materno e alimentação
complementar (2015)
Todas essas normas, políticas, programas e materiais educativos citados no texto buscam a atenção
integral à saúde desde o início da vida visando à promoção do aleitamento materno e da alimentação
saudável no Brasil. Além disso, essas ações do governo contribuem positivamente para a redução da
mortalidade infantil de acordo com as orientações da OMS e da Unicef (VENÂNCIO, 2019).
PROGRAMAS VOLTADOS AO COMBATE DA
OBESIDADE
No Brasil, os casos de obesidade têm aumentado de maneira exponencial. De acordo com dados do
estudoVigitel - 2019 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico), 20,3% da população encontra-se no quadro de obesidade, ou seja, dois em cada 10
brasileiros estão obesos e 55,4 % da população está classificada com excesso de peso. Esses fatores
estão diretamente envolvidos no aumento dos casos das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT),
sendo esse um dos maiores problemas da saúde pública no Brasil (BRASIL, 2013).
 
Imagem: Stock.adobe
Conforme Rauber e Jaime (2019), o excesso de peso e a obesidade são resultados de diversos fatores
biológicos, comportamentais, ambientais, econômicos, sociais e culturais, influenciando, assim, nas
escolhas alimentares, as quais são condicionadas pelo comportamento individual e pelo sistema
alimentar no qual o indivíduo está inserido. Nesse sentido, a elaboração de políticas, programas e
materiais educativos visando à promoção, prevenção e vigilância da saúde se tornam essenciais no
enfrentamento à obesidade no Brasil, abarcando medidas complexas e articuladas entre governo e
sociedade (RAUBER e JAIME, 2019).
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) destacou a necessidades dos cuidados
relacionados à alimentação saudável e o cuidado integral às doenças ligadas à alimentação e nutrição
na atenção primária à saúde, orientando ações que visem proporcionar ambientes alimentares e estilos
de vida saudáveis (BRASIL, 2013). Em atenção ao cumprimento das orientações da PNAN, em 2014, o
governo lançou a Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade em sintonia com o
Plano de Segurança Alimentar e Nutricional (Plansan 2011-2022). A estratégia tem por objetivo prevenir
e controlar a obesidade na população brasileira por meio de ações intersetoriais, promovendo a
alimentação adequada e saudável, e a prática de atividade física no ambiente que vivemos (BRASIL,
2014). Para tanto, a estratégia é pautada em 6 eixos:
I - Disponibilidade e acesso a alimentos adequados e saudáveis 
Apoiar e favorecer para que a população possa escolher e ter acesso a alimentos adequados e
saudáveis; estimular a autonomia do sujeito para a decisão sobre o consumo, favorecendo a oferta de
alimentos, respeitando as identidades culturais específicas de cada povo, inclusive, povos e
comunidades tradicionais.
II - Ações de educação, comunicação e informação 
Compartilhar conhecimentos e práticas que possam contribuir para a conquista de melhores condições
de vida, saúde e segurança alimentar e nutricional da população. Estimular o autocuidado, além de
realizar estratégias articuladas e contínuas de educação, mobilização da opinião pública, atreladas a
medidas mais estruturantes que oportunizem as escolhas de alimentos saudáveis pela população.
III - Promoção de modos de vida saudáveis em ambientes específicos 
Trata de mudanças estruturais, essencialmente, nos espaços institucionais e urbanos relacionadas à
promoção da alimentação adequada e saudável, atividade física e acesso a espaços públicos de lazer,
incluindo ambiente de trabalho, ambiente escolar, nas redes de atenção à saúde e socioassistenciais.
IV - Vigilância alimentar e nutricional 
Monitoramento das condições de alimentação e nutrição de determinado indivíduo ou população. É um
conjunto de orientações e interpretações que viabilizam desde a identificação de casos de indivíduos
com obesidade e sobrepeso nos serviços de saúde até a realização de inquéritos populacionais
periódicos, visando conhecer o perfil de saúde da população.
V - Atenção integral à saúde do indivíduo com sobrepeso/obesidade na rede de saúde 
Prover um conjunto de cuidados que contemple ações de promoção e proteção da saúde, assim como a
prevenção, o diagnóstico e o tratamento da obesidade e outros agravos à saúde associados a ela,
organizados e ofertados de forma conjunta pelas três esferas de gestão.
VI - Regulação e controle de qualidade e inocuidade de alimentos 
Garantir acesso a alimentos básicos e minimamente processados, em condições ideais de consumo, e
melhorar a qualidade nutricional de alimentos ultraprocessados.
 SAIBA MAIS
Além dessa estratégia, a PNAN orienta a utilização de um sistema de organização da informação para
vigilância do estado nutricional e da situação alimentar da população brasileira, propondo o monitoramento
da situação, de modo a agilizar os seus procedimentos e a estender sua cobertura a todo o país.
O SISVAN (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) , operado a partir da Atenção Básica à
Saúde, tem como objetivo principal monitorar o padrão alimentar e o estado nutricional dos indivíduos
atendidos pelo SUS, em todas as fases do curso da vida (BRASIL, 2013). Esse sistema é um orientador
para a realização de ações em atenção às necessidades, tendo em vista as situações de saúde da
população brasileira e identificando possíveis determinantes e condicionantes da situação alimentar e
nutricional da população. A partir de então, com o objetivo de regulamentar essas ações intersetoriais, o
Decreto nº 8.553, de 3 de novembro de 2015, instituiu o Pacto Nacional para Alimentação Saudável.
Esse decreto tem a finalidade de ampliar as condições de oferta, a disponibilidade e o consumo de
alimentos saudáveis e o combate ao sobrepeso, à obesidade e às doenças decorrentes da má
alimentação da população brasileira, assegurando a assistência integral ao usuário com excesso de
peso e obesidade.
 
Imagem: Stock.adobe
Os autores Rauber e Jaime (2019) ratificam que as ações da AB nesse sentido incluem:
Vigilância alimentar e nutricional
Promoção da saúde
Prevenção do sobrepeso e obesidade
Assistência terapêutica multiprofissional (educador físico, psicólogos, fisioterapeutas, entre outros)
Assistência multiprofissional aos usuários que realizam procedimento cirúrgico para o tratamento
da obesidade
O acolhimento adequado às pessoas com sobrepeso e obesidade
Tendo em vista essas ações, diversos materiais foram elaborados visando apoiar e nortear a
implementação da linha de cuidado e prevenção das pessoas com sobrepeso e obesidade na Atenção
Básica. Destacamos aqui dois materiais de grande importância:
Caderno de Atenção Básica nº 38 - Estratégias para cuidado da pessoa com doença crônica
obesidade, publicado em 2014.
Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014.
A ATUAÇÃO DO NUTRICIONISTA E OS PRINCÍPIOS DO NutriSUS
A especialista Wanessa Natividade Marinho abordará a importância do NutriSUS para atuação do
Nutricionista em Saúde Coletiva.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. O NUTRISUS CONSISTE NA ADIÇÃO DE UM SACHÊ DE 1G CONTENDO 15
MICRONUTRIENTES NA ALIMENTAÇÃO DAS CRIANÇAS NAS CRECHES
BRASILEIRAS. DE ACORDO COM A ESTRATÉGIA, A ADMINISTRAÇÃO DEVE
SER REALIZADA DA SEGUINTE FORMA:
A) 1 sache por dia, durante 60 dias; pausa de 3 a 4 meses; novo ciclo de 2 sachês por dia até completar
30 dias
B) 1 sache por dia, durante 60 dias; pausa de 3 a 4 meses; novo ciclo de 1 sachê por dia até completar
60 dias
C) 1 sache por dia, durante 30 dias; pausa de 3 a 4 meses; novo ciclo de 1 sachê por dia até completar
30 dias
D) 1 sache por dia, durante 60 dias; pausa de 2 meses; novo ciclo de 1 sachê por dia até completar 60
dias
E) 1 sache por dia, durante 60 dias; pausa de 3 a 4 meses; novo ciclo de 1 sachê por dia até completar
30 dias
2. A ESTRATÉGIA INTERSETORIAL DE PREVENÇÃO E CONTROLE DA
OBESIDADE QUE CORROBORA E INCENTIVA AS AÇÕES DE PREVENÇÃO E
CONTROLE DA OBESIDADE NA POPULAÇÃO BRASILEIRA É PAUTADA EM 6
EIXOS, EXCETO:
A) Ações de educação, comunicação e informação.
B) Promoção de modos de vida saudáveis em ambientes específicos.
C) Vigilância alimentar e nutricional.
D) Elaboração de ações que visem à preservação da agricultura familiar.
E) Regulação e controle da qualidade e inocuidade de alimentos.
GABARITO
1. O NutriSUS consiste na adição de um sachê de 1g contendo 15 micronutrientes na alimentação
das crianças nas creches brasileiras. De acordo com a estratégia, a administraçãodeve ser
realizada da seguinte forma:
A alternativa "B " está correta.
 
De acordo com o Ministério da Saúde, para obter uma boa cobertura e alcançar bons resultados com a
estratégia, é necessário que a distribuição dos sachês ocorra em consonância com o calendário escolar
e seja administrado 1 sache por dia durante 60 dias. Em seguida, realiza-se uma pausa de 3 a 4 meses,
e então, inicia-se um novo ciclo de administração de 1 sachê por dia até completar 60 dias.
2. A Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade que corrobora e incentiva as
ações de prevenção e controle da obesidade na população brasileira é pautada em 6 eixos,
exceto:
A alternativa "D " está correta.
 
De acordo com a Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade, não é um eixo a
elaboração de ações que visem à preservação da agricultura familiar, contudo as ações de incentivo à
agricultura familiar estão relatadas no eixo que trata da disponibilidade e acesso a alimentos adequados
e saudáveis.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como vimos, diversas são as estratégias, as políticas e os programas direcionados à população
vulnerável na atenção primária à saúde. As ações nesse sentido são amplas e diversas, e exigem a
participação do governo e da sociedade de maneira conjunta.
Percorremos os principais pontos, identificando os marcos internacionais e nacionais para a criação e
implementação das ações no âmbito do Sistema Único de Saúde do Brasil. Além disso, compreendemos
a importância das ações realizadas pelo Governo Federal, visando à promoção, prevenção e vigilância
da saúde da criança, bem como o controle e a redução dos casos de obesidade e sobrepeso na
população brasileira. Dessa forma, contribuindo para a garantia dos princípios firmados na criação do
SUS.
Todo esse conteúdo abordado será de grande relevância para a sua formação enquanto profissional da
saúde e cidadão brasileiro.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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2017. Dispõe sobre o enriquecimento das farinhas de trigo e de milho com ferro e ácido fólico.
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2013. Dispõe sobre o teor de iodo no sal destinado ao consumo humano e dá outras providências.
Consultado na internet em: 12 mar. 2021.
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. ANVISA. Resolução nº 344 de 13 de dezembro
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Milho com Ferro e Ácido Fólico. Consultado na internet em: 13 mar. 2021.
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WORLD HEALTH ORGANIZATION. WHO. Guideline: Use of multiple micronutrient powders for home
fortification of foods consumed by infants and children 6–23 months of age. Geneva, 2011.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Acesse os materiais elaborados pelo Ministério da Saúde, a partir da biblioteca da Secretaria de
Atenção Primária a Saúde (SAPS).
Busque os protocolos de uso do Guia Alimentar para a População Brasileira e do Guia Alimentar
para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos.
Veja como Raquel Canuto e colaboradores sintetizam a eficácia das estratégias de intervenção
nutricional no artigo Estratégias de intervenção nutricional para o manejo do sobrepeso e
obesidade na atenção primária à saúde: uma revisão sistemática com meta-análise.
Busque cursos sobre os assuntos abordados neste material na Rede de Alimentação e Nutrição do
Sistema Único de Saúde.
Acesse os relatórios de saúde atualizados do Ministério da Saúde (Vigitel/POF).
Observe a análise que Regina Bodstein e Rosana Magalhães trazem sobre os desafios e
aprendizados daspolíticas do SUS no artigo Avaliação de iniciativas e programas intersetoriais em
saúde: desafios e aprendizados.
CONTEUDISTA
Wanessa Natividade Marinho
 CURRÍCULO LATTES
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