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2016 AssessoriA e ConsultoriA nAs instituições e Projetos soCiAis Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Copyright © UNIASSELVI 2016 Elaboração: Prof.ª Vera Lúcia Hoffmann Pieritz Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 361.3 P615 a Pieritz; Vera Lúcia Hoffmann Assessoria e consultoria nas instituições e projetos sociais/ Vera Lúcia Hoffmann Pieritz : UNIASSELVI, 2016. 279 p. : il. ISBN 978-85-7830-987-9 1.Serviço social. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III APresentAção Caro(a) acadêmico(a)! Tudo bem com você? Esperamos que sim. Eu sou a professora Vera Lúcia Hoffmann Pieritz, possuo Mestrado em Desenvolvimento Regional, Especialização em Educação a Distância: Gestão e Tutoria e MBA Profissional em Gestão Administrativa e Marketing. Sou graduada em Serviço Social e em Direito. Tenho experiência profissional em coordenação do Curso de Serviço Social e de estágios curriculares obrigatórios, além de docência no ensino superior e como orientadora de Trabalho de Conclusão de Curso. Assistente Social do artigo 170/Uniasselvi. Conselheira Municipal dos Direitos do Idoso e dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Indaial/SC, integrante do Núcleo de Educação Permanente do SUAS/SC. Consultora Empresarial na área de gestão. Possuo experiência na área de Serviço Social, Estágio, consultoria e assessoria técnica de gestão, atuando principalmente nos seguintes temas: economia solidária, redes, políticas públicas, gestão, autogestão, Planejamento Estratégico, organização empresarial e serviço social. Iniciaremos os estudos de Assessoria e Consultoria nas Instituições e Projetos Sociais, no qual trabalharemos primeiramente os conceitos, características e as diferentes formas de Organizações e Instituições, para assim compreender como se dá a práxis profissional do assistente social nos processos organizacionais e também como assessores e consultores sociais. Outros aspectos a serem trabalhados nesta disciplina são a questão da assessoria e consultoria social e do papel do assessor e consultor na administração pública, privada e do terceiro setor, além da participação do Serviço Social nos projetos sociais. Também trabalhar-se-á o Monitoramento e a avaliação de planos, programas e projetos sociais, além do Controle Social, para assim compreendermos a importância destes conceitos na vida profissional do assistente social. Na primeira unidade você conhecerá as diferentes formas de organização, promovendo a reflexão e discussão sobre os conhecimentos acerca das características principais das diversas formas de organizações, além de possibilitar a identificação de suas questões gerenciais e estruturais, tanto nas organizações públicas, privadas e não governamentais além da cogestão, autogestão, cooperativismo e associativismo. Na segunda unidade, discutiremos questões em torno do universo da assessoria e consultoria institucional, em que buscaremos compreender as nuances relativas à assessoria e consultoria institucional, que trabalharemos IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA seus conceitos e características, além de apresentar para você, prezado(a) acadêmico(a), como é realizado o assessoramento e a prestação de consultoria tanto nos projetos sociais, como nas instituições públicas e privadas e no Terceiro Setor. Na terceira e última unidade, você estudará a questão da avaliação, monitoramento e o controle social, para assim compreender a Relevância, significado, tipos e ferramentas da avaliação e monitoramento, seja de planos, programas ou projetos sociais, além de desvelar as nuances do Controle social e sua importância para as políticas sociais brasileiras. Pronto(a) para começar a compreender o significado da assessoria e consultoria nas instituições e projetos sociais? Então vamos à luta, e bons estudos! Prof.a Vera Lúcia Hoffmann Pieritz V VI VII UNIDADE 1: AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO ................................................. 1 TÓPICO 1 : AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES ............................................................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES ................................................................................................ 3 3 PRINCIPAIS TIPOS DE ORGANIZAÇÕES ................................................................................... 9 RESUMO DO TÓPICO 1 ....................................................................................................................... 18 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 19 TÓPICO 2: COGESTÃO E AUTOGESTÃO ....................................................................................... 21 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 21 2 COGESTÃO ........................................................................................................................................... 21 3 AUTOGESTÃO ..................................................................................................................................... 23 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 30 RESUMO DO TÓPICO 2 ....................................................................................................................... 32 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 34 TÓPICO 3: COOPERATIVISMO .......................................................................................................... 35 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 35 2 HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO: BREVES CONSIDERAÇÕES .................................... 36 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 37 3 O SIGNIFICADO DO COOPERATIVISMO.................................................................................. 41 4 PRINCÍPIOS COOPERATIVISTAS .................................................................................................. 43 5 OS RAMOS DO COOPERATIVISMO ............................................................................................. 44 RESUMO DO TÓPICO 3 ....................................................................................................................... 47 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 48 TÓPICO 4: ASSOCIATIVISMO ........................................................................................................... 51 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 51 2 ASSOCIATIVISMO ............................................................................................................................. 51 3 DIFERENÇAS ENTRE COOPERATIVAS E ASSOCIAÇÕES ..................................................... 57 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 62 RESUMO DO TÓPICO 4 ....................................................................................................................... 69 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 70 UNIDADE 2: O UNIVERSO DA ASSESSORIA E CONSULTORIA INSTITUCIONAL ......... 73 TÓPICO 1: A ASSESSORIA .................................................................................................................. 75 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75 2 CONCEITOS BÁSICOS DE ASSESSORIA .................................................................................... 76 3 ASSESSORANDO INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS ................................................. 86 4 ASSESSORANDO ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS (ONGS) E O TERCEIRO SETOR .............................................................................................................................. 92 sumário VIII RESUMO DO TÓPICO 1 .....................................................................................................................97 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................99 TÓPICO2: A CONSULTORIA ............................................................................................................101 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................101 2 CONCEITOS BÁSICOS DE CONSULTORIA ..............................................................................102 3 CARACTERÍSTICAS DO CONSULTOR ......................................................................................110 4 OBJETIVOS DA CONSULTORIA ..................................................................................................117 5 A PRESTAÇÃO DE CONSULTORIA EM INSTITUIÇÕES PÚBLICAS, PRIVADAS E DO TERCEIRO SETOR .............................................................................................................................125 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................127 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................128 TÓPICO 3: A ASSESSORIA E CONSULTORIA NOS PROJETOS SOCIAIS ...........................129 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129 2 ASSESSORIA VERSUS CONSULTORIA: SUAS DIFERENÇAS .............................................130 3 A FUNÇÃO SOCIAL DAS INSTITUIÇÕES E ORGANIZAÇÕES ..........................................132 4 ASSESSORIA E CONSULTORIA SOCIAL ..................................................................................151 RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................158 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................162 TÓPICO 4: O PAPEL DO ASSISTENTE SOCIAL COMO ASSESSOR E CONSULTOR .......165 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................165 2 DAS COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES DO ASSISTENTE SOCIAL ..................................166 3 AS TRÊS DIMENSÕES DA PRÁXIS PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ...........170 4 AS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NA ÁREA DA ASSESSORIA E CONSULTORIA ..............................................................................176 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................184 RESUMO DO TÓPICO 4......................................................................................................................186 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................188 UNIDADE 3: AVALIAÇÃO, MONITORAMENTO E CONTROLE SOCIAL ...........................193 TÓPICO 1: AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS SOCIAIS .....................................................................195 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................195 2 RELEVÂNCIA E SIGNIFICADO DA AVALIAÇÃO ...................................................................196 3 MODOS DE AVALIAÇÃO................................................................................................................200 4 AVALIAÇÃO DE RESULTADOS DAS POLÍTICAS SOCIAIS E SUA IMPORTÂNCIA ...............................................................................................................................206 LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................210 RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................214 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................216 TÓPICO 2: MONITORAMENTO DAS POLÍTICAS SOCIAIS ...................................................217 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................217 2 O MONITORAMENTO ....................................................................................................................218 3 O MONITORAMENTO ENQUANTO PROCESSO ...................................................................223 4 A CONSTRUÇÃO DE INDICADORES DE MONITORAMENTO .........................................229 RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................240 AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................242 IX TÓPICO 3: CONTROLE SOCIAL ..................................................................................................... 245 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................245 2 CONTROLE SOCIAL: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS ................................................... 247 3 MODALIDADES E POSSIBILIDADES DO EXERCÍCIO DO CONTROLE SOCIAL ........ 255 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 261 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 264 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 266 REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 269 X 1 UNIDADE 1 AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você será capaz de: • compreender as características conceituais das organizações; • aprofundar os conhecimentos acerca das características principais das di- versas formas de organizações; • identificar as diversas questões gerenciais e estruturais das organizações públicas, privadas e não governamentais, além da cogestão, autogestão, cooperativismo e associativismo. A Unidade 1 está dividida em quatro tópicos e, ao final de cada um deles, você terá a oportunidade de fixar seus conhecimentos realizando as atividades propostas. TÓPICO 1 – AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES TÓPICO 2 – COGESTÃO E AUTOGESTÃO TÓPICO 3 – COOPERATIVISMO TÓPICO 4 – ASSOCIATIVISMO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), sabemos que não existe apenas um tipo de organização ou entidade, e que esta pode ser de cunho público, privado ou uma organização não governamental. Deste modo, neste tópico pretendemos trabalhar o significado das organizações e entidades, ou seja, realizaremos um estudo das organizações para compreendermos tanto as empresas privadas, como as organizações públicas e sociais. E este estudo se faz necessário pela própria evolução da sociedade e do conhecimento, tanto por seus aspectos econômicos, políticos e sociais. Além do mais, a compreensão destes conceitos lhe proporcionará maior entendimento dos tipos de organizações e entidades nos quais os assistentes sociais poderão prestar assessoria e consultoria. 2 AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES Prezado(a) acadêmico(a), você conhece o que é uma organização? Uma entidade? Uma instituição? Independentemente de ser pública, privada ou do terceiro setor, podemos observar que existem organizações, entidades e instituições em todos os campos do mundo, e em todas as etnias e culturas, pois devemos partir do princípio de que onde se aglomeram pessoas em prol de determinados objetivos comuns, UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 4 estas acabam formando uma organização, pois compreende-se que o princípio fundamental de qualquer organização “é uma divisão de trabalho, permitindo uma multiplicação das capacidades individuais.” (DIAS, 2008, p. 16). Estas capacidades humanas articuladas em um arranjo estrutural e organizacional, na perspectiva da concretização de um objetivo comum, podem ser compreendidas como uma organização ou entidade. Vale ressaltar que compreende-se por “entidade” “a organização ou corporação social, ainda que não personalizada.” (CUNHA, 2011, p. 135). NOTA Prezado(a) acadêmico(a), uma “corporação” nada mais é do que uma “entidade coletiva. O gênero de que são espécies a sociedade e a associação”. (CUNHA, 2011, p. 90). Em outros termos, uma corporação é uma instituição, uma organização, uma entidade. Cunha (2011, p. 135) complementa ainda que a Entidade é uma “unidade de atuação da administração dotada de personalidade jurídica”, ou seja, uma entidade é uma organização, é uma instituição, é uma empresa, independentemente de ser pública, privada ou do terceiro setor. Podemos encontrar organizações tanto no setor público, quanto no privado. Mas, também podemos encontrar organizações no terceiro setor como as ONGs, as OCIPs, associações, institutos entre outros. Além de que podemos considerar que a estrutura familiar também é uma organização, pois possui objetivos em comum. UNI Pois, “as organizações, enfim, podem ser estudadas por vários ângulos, podendo ser consideradas como máquinas, organismos vivos, culturas, sistemas políticos, instrumentos de dominação entre outras metáforas que têm utilidade em contextos e disciplinas distintas.” (DIAS, 2008, p.16-17). TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 5 Generalizando, prezado(a) acadêmico(a), as organizações são encontradas em todos os âmbitos da sociedade em que vivemos e em todo o mundo, como por exemplo: No setor público: que compreende todas as organizações de competência do Estado, como as prefeituras, empresas públicas, autarquias entre outras. O qual é caracterizado por compreender todos os aspectos da gestão/administração pública, que possui por intuito suprir as necessidades da coletividade social e o bem público. No setor privado: onde se encontram as empresas denominadas de organizações de cunho industrial, comercial, financeiro, de lazer e entretenimento, de prestação de serviços entre outras. Que por intermédio da gestão empresarial particular possui por norte os fatores econômicos subjetivos da própria organização, em que busca única e exclusivamente suprir suas próprias necessidades e as necessidades de seus consumidores. No terceiro setor: que são as organizações não governamentais, como as fundações, organizações filantrópicas entre outras. São denominadas de organizações de caráter social, de puro interesse privado, mas não econômico, pois buscam desenvolver suas atividades em prol de necessidades sociais e não organizacionais. Independentemente do setor de atividade de uma organização, devemos compreender que esta, segundo Drucker (1999, p. 33), “é sempre especializada. Ela é definida por sua tarefa.” Ou seja, uma organização é determinada por seu objetivo, missão e negócio, os quais determinam a sua própria existência. Então, prezado(a) acadêmico(a), quais são as semelhanças e diferenças mais importantes entre estes três grandes tipos de organização? Pois bem, vejamos no quadro a seguir: QUADRO 1 – CARACTERÍSTICAS DOS TRÊS GRANDES TIPOS DE ORGANIZAÇÕES ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (setor público) EMPRESAS (setor privado) ORGANIZAÇÕES SOCIAIS (terceito setor) Modo primário de filiação Obrigatório Voluntário Voluntário Fundamento da filiação primária Cidadania Propriedade Inscrição Fundamento da filiação secundária Emprego Emprego Emprego Tipos de tarefas Geral Específica Específica Estrutura primária de poder Estrutura política Propriedade Estrutura participativa FONTE: Infestas Gil (apud DIAS, Reinaldo. Sociologia das organizações. São Paulo: Atlas, 2008. p. 31) UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 6 Então, prezado(a) acadêmico(a), o que é realmente uma organização? Vejamos: Pelas premissas de Maximiano (1992), uma organização é uma combinação de esforços individuais e subjetivos dos seres humanos, que tem por intenção primária realizar propósitos e objetivos coletivos e comuns ao grupo de interesse. Neste sentido, podemos expor que por intermédio de uma organização é possível perseguir e alcançar objetivos que seriam inatingíveis para uma única pessoa. Como exemplos de organizações podemos citar: • as creches; • as associações de moradores; • o corpo de bombeiros; • as escolas; • a igreja; • as empresas ou indústrias; • os clubes de mães; • uma clínica médica ou veterinária; • uma clínica de recuperação de viciados em drogas; • entre outros. Sendo que a origem da palavra organização, segundo Dias (2008, p. 21), “deriva do grego ‘organon’ e significa uma ferramenta ou instrumento. Nesse sentido, as organizações podem ser entendidas como instrumentos utilizados pelo homem para desenvolver determinadas tarefas que não seriam possíveis deserem realizadas por um indivíduo em particular.” Então, uma organização nada mais é do que uma entidade social, que está coordenada conscientemente pelos seus integrantes, na qual existem fronteiras delimitadas que funcionam numa base relativamente contínua, tendo em vista a realização de objetivos comuns. (BILHIM, 2006). Então, prezado(a) acadêmico(a), podemos dizer que uma organização só existirá se um determinado grupo de pessoas obtiver um objetivo comum e se organizar para atingir os mesmos. Pois, o ato de se organizar, segundo Montana (2003, p. 170), “é o processo de reunir recursos físicos e humanos essenciais à consecução dos objetivos de uma empresa.” Para uma organização (enquanto instituição) o fator organização (como forma e ato de organizar) é fundamental para a sobrevivência da mesma, pois se uma instituição não for bem organizada esta não atingirá seus objetivos e metas comuns, acarretando a ineficácia e ineficiência organizacional. Assim, devemos compreender que uma organização: TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 7 • Deve haver a combinação dos esforços subjetivos dos seus integrantes em prol dos objetivos coletivos. • É formada por sua estrutura física, tecnológica e pessoal. • Existe a divisão de tarefas, conforme habilidade e competência dos seus integrantes. • A gestão deve ser coletiva em todo o processo de planejamento organizacional. • Que existe uma estrutura representada por um organograma. Então, prezado(a) acadêmico(a), qual a função das organizações? Sabe-se que para se ter uma organização deve haver um objetivo comum entre algumas pessoas, pois estas desejam, por meio de seus esforços, produzir um bem ou prestar algum tipo de serviço, e para que isto seja possível os integrantes da organização necessitam colocar em ação suas habilidades e conhecimentos referentes ao bem ou serviço a ser produzido, ou seja, tornar seus conhecimentos e habilidades produtivas. Pois, segundo Drucker (1999, p.34, grifo nosso), “a função das organizações é tornar produtivos os conhecimentos”. UNI “Quanto mais especializados forem os conhecimentos, mais eficazes eles serão. Os melhores radiologistas não são aqueles que mais conhecem a respeito de medicina; são os especialistas que sabem como obter imagens do interior do corpo por meio de raios X, ultrassom, tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Os melhores pesquisadores de mercado não são aqueles que mais conhecem a respeito de pesquisa de mercado. Entretanto, nem os radiologistas nem os pesquisadores de mercado obtêm resultados sozinhos; seu trabalho é somente um ‘insumo’, que não se transforma em resultado a menos que seja juntado ao trabalho dos outros especialistas”. “Os conhecimentos por si mesmos são estéreis. Eles somente se tornam produtivos se forem soldados em um só conhecimento unificado. Tornar isso possível é a tarefa da organização, a razão para a sua existência, sua função”. (DRUCKER, 1999, p. 35). E quais são as características fundamentais das organizações? Vejamos: Uma organização apresenta sete características gerais, que são: UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 8 FIGURA 1 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS ORGANIZAÇÕES ORGANIZAÇÕES SÃO SISTEMAS SOCIAIS PESSOAS ASSOCIADAS PERDURAM NO TEMPO SÃO UNIVERSAIS TÊM IDENTIDADE PRÓPRIA DIVISÃO DO TRABALHO TÊM SISTEMA DE COMUNICAÇÃO FONTE: Adaptado de Dias (2008, p. 25-26) São sistemas sociais: pois são compostas por meio do convívio dos seres humanos em sociedade e reguladas por seus princípios éticos e morais. Pessoas associadas: que compreende o agrupamento de pessoas em prol de objetivos comuns. Perduram no tempo: depois de constituídas, as organizações podem vir a perdurar por muito tempo, constituindo sua história perante a sociedade em que estão instituídas. Passa de geração para geração. São universais: uma organização pode ser formada em qualquer lugar do mundo, sob qualquer pretexto e objetivo, desde que haja objetivos comuns. Têm identidade própria: cada organização possui características próprias a sua existência, ou seja, cada organização possui uma cultura organizacional diferenciada conforme os objetivos e as pessoas que a formaram. Têm sistema de comunicação: existe um sistema de informações entre os departamentos da organização, para que possibilite maior integração das informações pertinentes à gestão da organização. Divisão do trabalho: existe a divisão de tarefas para que se possa atingir o objetivo almejado com maior eficiência e eficácia. TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 9 NOTA “A organização constitui-se numa rede de relações entre pessoas que a compõem. Mas ela, também, se apresenta do ponto de vista material, por exemplo, como um conjunto de máquinas, equipamentos, imóveis, instalações e outros materiais imóveis, que no entanto não funcionam sem as pessoas. Assim, podemos compreender a organização como sendo formadAa por um sistema técnico e um social, em que ambos estão estreitamente inter-relacionados, formando um sistema aberto em interação constante com o ambiente externo.” (DIAS, 2008, p. 28). 3 PRINCIPAIS TIPOS DE ORGANIZAÇÕES Prezado(a) acadêmico(a), conforme os objetivos que fundamentam cada tipo de organização, as mesmas são tipificadas de acordo com sua natureza e funcionalidade, onde existem quatro critérios fundamentais que sincronizados com a funcionalidade almejada pela organização, as definem. São eles: FIGURA 2 – CRITÉRIOS QUE DEFINEM UMA ORGANIZAÇÃO FONTE: Adaptado de Castro (2008, p.153-154) Então, acadêmico(a), de acordo com este organograma, vejamos as características de cada critério que define uma organização: UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 10 Primeiro critério: necessidades básicas: para que haja a formação e estruturação de uma organização, a mesma deve ser pautada ou edificada sob algumas necessidades internas e externas, ou seja, a organização é formada para responder a alguns problemas internos, e os mesmos devem estar conectados com o ambiente externo da organização. No que tange às questões dos problemas internos à organização, estas são: a) A falta de integração dos setores no estabelecimento dos objetivos e metas a serem traçados e na ação para alcançar os mesmos. Então, a organização deve cultivar uma visão holística de todo o processo organizacional, promovendo a integração de todos os setores e o processo de tomada de decisão coletiva. b) A falta de concepção da latência, na qual a organização ao longo de sua história deve perpetuar os seus padrões culturais e motivacionais, ou seja, a sua cultura organizacional. Com relação às necessidades organizacionais que estão voltadas para os problemas externos à organização, podemos identificar que existe: a) A falta de adaptação da organização com relação às transformações constantes do mercado e da sociedade (os consumidores), pois muitas organizações acabam paradas no tempo e no espaço, com apenas as suas primeiras estruturas organizacionais, desde a forma de gestão como a de atuação no mercado, assim elas perdem a competitividade e podem se extinguir. Então, uma organização deve estar sempre conectada com as mudanças externas a ela, principalmente com as novas necessidades do consumidor para que possa se adaptar às mesmas e continuar competitiva. b) A falta de foco na consecução de metas organizacionais, em que os gestores muitas vezes não realizam um planejamento completo de suas ações, deixando de lado o levantamento financeiro de investimento para atingir os objetivos e metas propostas. Então, toda organização deve fazer um planejamento estratégico que englobe tudo, desde as metas e a alocação de recursos para as mesmas. Segundo critério: conformidade: aqui o que devemos entender é que em todas as organizações existe a correlação de poder entre seus integrantes. E, em se tratando do poder, observa-se que conforme a estrutura organizacional que a organização possa ter, é que se determina a correlaçãode poder da mesma. Ou seja, conforme o organograma funcional e a cultura organizacional de uma instituição, são formados os padrões de poder dentro da organização. E estes possuem três formas de acontecer: a) O poder coercitivo: que advém por meio da coerção, ou seja, por meio de autoridade e força imposta sobre os colaboradores de nível inferior no organograma estrutural, gerando aos mesmos a alienação ao processo. TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 11 b) O poder remunerativo: é aquele tipo de poder sobre os outros em que existe um envolvimento calculista, ou seja, por força de algum tipo de benefício o colaborador exerce alguma função ordenada pelo seu superior. c) O poder normativo: este poder é aquele que os gestores empregam sobre suas determinações organizacionais os valores éticos e morais na determinação de uma tarefa, ou seja, ligam ao ato da tarefa às consequências ético-morais sobre a não execução da mesma. Terceiro critério: organicidade: não importa o tipo de organização, as pessoas que a integram e sua cultura organizacional, se ela é pequena, média ou grande, se é pública, privada ou do terceiro setor. O que impera é que em uma organização (enquanto instituição) o fator organização (como forma e ato de organizar) é fundamental para a sobrevivência da mesma, pois se uma instituição não for bem organizada, esta não atingirá seus objetivos e metas comuns, acarretando a ineficácia e ineficiência organizacional. Então, a instituição deve ter bem claro qual o seu negócio para assim estabelecer suas metas e objetivos. Pois sem eles a instituição não saberá concretamente como agir, para que mercado trabalhar e assim por diante. É de fundamental importância o estabelecimento de metas e objetivos organizacionais, para que a instituição possa ser competitiva e gerar lucratividade. Quarto critério: objetivo do benefício: toda e qualquer organização deve ter bem claro qual o benefício desejado ao constituir uma organização, ou seja, qual o real objetivo de sua existência, por que ela existe. Então, podemos expor que existem quatro grandes objetivos/benefício (tipo) para a constituição de uma organização, que são: - Organização de negócios: em que o objetivo deste tipo de organização é de obter o maior lucro possível com o menor custo, onde seus principais beneficiários são os donos do empreendimento. - Organização de serviços: em que o objetivo deste tipo de organização é de prestar serviços profissionais especializados, independente do tipo de prestação de serviço. E seus beneficiários são os consumidores. - Organização de benefício mútuo: em que o objetivo deste tipo de organização é de conservar o domínio sobre o negócio e seus integrantes, onde os beneficiários deste tipo de organização são seus próprios participantes. - Organização de natureza comunitária: em que o objetivo deste tipo de organização é de promover o bem-estar social de algum tipo de estrutura comunitária, onde o principal beneficiário é a sociedade em si. Mas, então, quais os tipos de organização? UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 12 As organizações são classificadas em três grandes tipos de especificidades setoriais, tais como organizações públicas, as organizações privadas e as organizações do terceiro setor (ONGs, fundações filantrópicas etc.). NOTA Pessoa Física: em Direito, uma pessoa física (ou pessoa natural) é um ser humano percebido através dos sentidos e sujeito às leis físicas. Todo indivíduo (isto é, a pessoa), desde seu nascimento até a morte, com direitos garantidos por sua própria existência e por pertencer a um grupo social: de vida, liberdade, associação, apropriação, consumo, produção e lazer. Contrasta com a pessoa jurídica, que é uma organização que a lei trata, para alguns propósitos, como se fosse uma pessoa distinta de seus membros, responsáveis ou donos. FONTE: Sebrae. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/pesquisa2009/glossario.html>. Acesso em: 26 jan. 2016. NOTA Pessoa Jurídica: é a entidade abstrata com existência e responsabilidade jurídicas como, por exemplo, uma associação, empresa, companhia, legalmente autorizadas. Podem ser de direito público (União, Unidades Federativas, Autarquias etc.), ou de direito privado (empresas, sociedades simples, associações etc.). Vale dizer ainda que as empresas individuais, para os efeitos do imposto de renda, são equiparadas às pessoas jurídicas. FONTE: Sebrae. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/pesquisa2009/glossario.html>. Acesso em: 26 jan. 2016. No que tange à organização pública, podemos citar que a finalidade principal da administração pública, segundo Dias (2008, p. 32), “é a prestação de serviços básicos aos cidadãos ou a cobertura de setores estratégicos definidos a partir do bem comum” de um grupo social ou de toda sociedade. NOTA Organização Pública Nacional: trata-se de uma Organização (Empresa) Brasileira, pois foi criada pelo Estado Brasileiro (Governos Federal, Estadual ou Municipal), com capitais próprios ou fornecidos por outras Empresas Públicas Brasileiras para a exploração de atividades de natureza econômica ou social no Brasil. FONTE: INPE. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/pesquisa2009/glossario.html>. Acesso em: 26 jan. 2016. TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 13 O objetivo principal deste tipo de organização é simplesmente a prestação de serviço em prol do bem-estar social público, ou seja, uma organização pública desenvolve suas atividades organizacionais sempre em prol da sociedade e de suas necessidades e nunca busca em suas ações benefícios econômicos para a organização, mas sim para a população. E é nestas organizações públicas que por meio das políticas públicas os assistentes sociais desenvolvem sua prática profissional. Neste tipo de organização permeia também uma organização hierarquizada com distribuição de poderes, em que suas diretrizes são mais rígidas do que em uma organização privada, onde são determinadas sua forma de gestão e instrumentalidade. Assim, no âmbito da gestão pública são desenvolvidos os planos, programas e projetos sociais por intermédio das políticas públicas, na qual o assistente social se faz necessário, pois é um profissional gabaritado para desenvolver estratégias de enfrentamento das questões sociais, objetos estes de intervenção do Serviço Social. Já com relação às organizações sociais (terceiro setor), podemos observar que esse tipo de organização procura constantemente permear em seu âmbito a solidariedade, procurando assim beneficiar o máximo de pessoas possível. Neste sentido, podemos expor que as organizações sociais do terceiro setor buscam constantemente desenvolver programas e projetos sociais que possam proporcionar à população melhores condições de vida e superação dos problemas sociais ali postos. Diferente da administração pública, as organizações sociais do terceiro setor possuem um caráter voluntário, que segundo Dias (2008, p. 32), possui por norte uma “orientação altruísta, [que] impõe relações mais horizontalizadas entre seus membros, com uma estrutura menos hierarquizada e mais flexível.” Que proporciona um processo de tomada de decisão mais coletivo e democrático na resolução dos problemas sociais que desenvolvem suas atividades organizacionais. Dias (2008, p. 257) complementa expondo que “o espaço ocupado na sociedade por essas organizações constitui-se como um terceiro setor, público não estatal, onde tomam relevância novos valores, particularmente a solidariedade, em contraposição aos valores predominantes do setor privado – o lucro – e no setor público – o poder.” Ou seja, a cooperação e solidariedade são os valores principais das ações pertinentes das instituições do terceiro setor. Mas, prezado(a) acadêmico(a), quais as características principais das organizações do terceiro setor? Vejamos: As organizações do terceiro setor são assim caracterizadas: UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 14 QUADRO 2 – CARACTERÍSTICASPRINCIPAIS DAS ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR CARACTERÍSTICAS FORMAIS São organizações formalmente constituídas, ou seja, possuem registro e regulamentações. NÃO GOVERNAMENTAIS São organizações que não se enquadram na administração pública e nem privada. AUTOGOVERNADAS Possuem um sistema de gestão participativa, que se autoadministra. SEM FINS LUCRATIVOS Não possuem caráter econômico, ou seja, não possuem o intuito de lucrar com suas ações por meios econômicos e sim apenas os lucros sociais. TRABALHO VOLUNTÁRIO Geralmente seus colaboradores (em sua grande maioria), possuem um caráter filantrópico/voluntário. FONTE: A autora Milani Filho (2004) complementa expondo que além destas características, existem outras, tais como: • não há proprietários; • possuem autonomia para conduzirem suas atividades e administração; • suprem parte do papel do Estado atendendo necessidades sociais; • possuem estrutura e presença institucional; • são dotadas de interesse social e visam proporcionar benefícios à sociedade na qual atuam; • são unidades econômicas; • necessitam de recursos para manter suas atividades, podendo a fonte ser pública ou privada; • não distribuem resultados aos seus membros, reinvestindo os superávits obtidos; • podem gozar de privilégios fiscais conforme a legislação vigente. ESTUDOS FU TUROS Você verá no caderno “Terceiro Setor, Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável” mais detalhes com relação ao terceiro setor. Por fim, como poderemos compreender a organização privada (as empresas)? Vejamos: TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 15 Empresa? Indústria? Comércio? Fábrica? Todas estas denominações são expressões das organizações privadas, que podem ser definidas como “uma organização econômica, individual ou coletiva, que produz e oferece bens e/ou serviços com o objetivo de obter renda e lucros.” (KONZEN, 2006, p. 36). Mas, também podem ser compreendidas como sendo os grupos estáveis, organizados, recebem diversas denominações de acordo com a ciência ou ramo de conhecimento que delas trata e também conforme a tendência, especificação, interesse ou moda imperante. Observando as peculiaridades, encontramos: organizações, corporações, sociedades, entidades, firmas, empresas, seguidas ou não de qualificativo (CASTRO, 2008, p.160). Mas, todas partem de um único princípio, satisfazer seus clientes e gerar lucratividade para a organização com seu negócio. NOTA Organização Privada Nacional: trata-se de uma Organização (Empresa) controlada por pessoa física ou jurídica, criada com Capital Brasileiro, de natureza privada, com fins lucrativos no Brasil. Organização Privada Estrangeira: trata-se de uma Organização (Empresa) criada em outro país que não o Brasil, de natureza privada, com fins lucrativos naquele país. FONTE: INPE. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/pesquisa2009/glossario.html>. Acesso em: 26 jan. 2015. Mas, acadêmico(a), qual é o objetivo principal de uma organização privada? Pois bem, como já exposto, é o lucro ou o fator econômico que as empresas privadas procuram garantir no desenvolvimento de suas atividades. Neste sentido, Dias (2008, p. 32) expõe que o objetivo principal de uma empresa “é o benefício econômico, a partir do qual se desenvolve sua estrutura, que se adapta às situações novas de acordo com a necessidade de otimizar os recursos disponíveis”. E é nesse sentido que as ações em prol do negócio da empresa são tomadas, sempre buscando realizar um planejamento e tomadas de decisões no sentido de aprimorar o negócio e ampliar a lucratividade organizacional. Já Castro (2008, p. 160) expõe que a “empresa é um grupo organizado, contando com recursos materiais e humanos, visando à consecução de objetivos determinados e definidos.” Grupos organizados? UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 16 Segundo Castro (2008, p.160), um grupo organizado nada mais é do que um conjunto de indivíduos cujas inter-relações baseiam-se na expectativa de se processarem de acordo com uma estrutura que prevê valores, padrões, modelos e normas, ou seja, relações sociais padronizadas. Portanto, empresa é uma entidade autônoma que reúne os diversos fatores que têm em vista a produção de bens ou de serviços, sob a direção de uma pessoa ou de um grupo que se encarrega de organizá-la e se responsabilizar pelo bom êxito – ou pelos insucessos – de suas atividades. Estas relações sociais devem estar conectadas com a visão, missão e negócio da organização, para que assim possam desenvolver sua atividade coerentemente com seus objetivos organizacionais. Outro aspecto fundamental em uma organização é a questão da autonomia, pois esta autonomia propicia aos integrantes da organização maior liberdade e produtividade. Uma empresa é classificada conforme o objetivo de sua existência, pois cada organização precisa ter objetivos determinados e definidos, para assim desenvolver suas atividades com maior foco no mercado e em seu público-alvo, e assim é reconhecida pelo próprio mercado, que de acordo com Castro (2008, p. 160), “podem ser econômicos, sociais, culturais, assistenciais ou outros.” E isto está representado no quadro a seguir: QUADRO 3 – OBJETIVOS EMPRESARIAIS TIPOS SETOR DE ATIVIDADE Econômicos Indústria, comércio, serviços. Sociais Seguridade: previdência privada, planos de saúde. Culturais Educação, profissionalização, teatro, museu, TV, cinema. Assistenciais Assistência social, hospital, casa de repouso, orfanato. FONTE: Dias (2008, p. 161) Então, prezado(a) acadêmico(a), podemos expor que conforme o objetivo existencial de cada organização, a mesma elabora instrumentos e estratégias gerenciais de toda a sua estrutura, para assim ser competitiva no mercado. Mas, dentro de cada organização também temos objetivos concretos das ações a serem desenvolvidas pela organização, e estes objetivos partem das diretrizes da organização e devem estar atrelados em todas as ações desta, principalmente no planejamento estratégico, operacional e tático, para assim poder atingir sua eficiência, eficácia e efetividade. TÓPICO 1 | AS ORGANIZAÇÕES/ENTIDADES 17 NOTA Porte da Empresa – Segundo o SEBRAE, o critério de classificação é: Microempresa Indústria com até 19 empregados.Comércio ou Serviço com até 09 empregados. Pequena Empresa Indústria de 20 até 99 empregados.Comércio ou Serviço de 10 a 49 empregados. Média Empresa Indústria de 100 até 499 empregados.Comércio ou Serviço de 50 a 99 empregados. Grande Empresa Indústria com acima de 499 empregados.Comércio ou Serviço com acima de 99 empregados. FONTE: Sebrae. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/pesquisa2009/glossario.html>. Acesso em: 27 jan. 2016. DICAS Para um aprofundamento dos temas desse tópico, sugerimos que você leia os seguintes livros: CASTRO, Celso Antonio Pinheiro de. Sociologia aplicada à administração. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. DIAS, Reinaldo. Sociologia das organizações. São Paulo: Atlas, 2008. 18 Neste tópico pudemos observar uma discussão acerca do significado das Organizações, no qual foram abordados os seguintes itens: • O princípio fundamental de qualquer organização é uma divisão de trabalho. • Uma organização pode ser compreendida como um grupo humano composto por especialistas que trabalham em conjunto em uma tarefa comum. • As organizações existem em todos os setores da atividade humana. • Uma organização é sempre especializada e definida por sua tarefa. • As organizações podem ser entendidas como instrumentos utilizados pelo homem para desenvolver determinadas tarefas que não seriam possíveis de serem realizadas por um indivíduo em particular. • A função das organizações é tornar produtivos os conhecimentos. • Quanto mais especializados forem os conhecimentos, mais eficazes eles serão. • Uma organização apresenta sete características gerais, que são: são sistemas sociais; compreendem grupos de pessoas associadas; perduram ao longo do tempo; são universais; apresentam identidadeprópria; apresentam um sistema de comunicação; e multiplicam a capacidade individual através da divisão do trabalho. • As organizações são classificadas em três grandes tipos de especificidades setoriais, tais como organizações públicas, as organizações privadas e as organizações do terceiro setor (ONGs, fundações filantrópicas etc.) RESUMO DO TÓPICO 1 19 A palavra “organizar” deriva do termo “órgão”, e é aparentada com o termo “organismo”. Organizar é, pois, fazer de qualquer coisa uma entidade que se assemelhe a um organismo, e como ele funciona. Temos, pois, que definir, primeiro, em que consiste um organismo. O termo é biológico, e aplica-se àqueles entes vivos em que se dá determinada complexidade de estrutura, e uma concomitante complexidade de funções. Um organismo vital complexo formou- se no decurso do que se chama “evolução”, pelo que os biólogos denominam “diferenciação”, isto é, a formação – lenta e confusa no tempo, definida nos seus resultados últimos – de órgãos especiais, cada um para uma função especial, e concorrendo todos, cada um dentro de sua função, para a manutenção da vida do organismo em seu conjunto. AUTOATIVIDADE Quanto mais alto o organismo na escala evolutiva, mais complexos os seus órgãos, mais diferenciados; e, quanto mais diferenciados esses órgãos, menos capaz é cada um deles de exercer a função que compete ao outro. O fígado, órgão definido do organismo, não pode substituir o baço nas suas funções. O pulmão não pode substituir o estômago, nem o estômago o pulmão. Nos entes vivos inferiores, e identificados, a mesma estrutura faz as funções do estomago e do pulmão; ou, em melhores palavras, por não haver ainda estômago, nem pulmão, as funções, que mais tarde competirão a estes, encontram-se, naquele estado rudimentar da vida, concentradas indefinidamente numa só substância. Um organismo é, pois, uma entidade viva em que diferentes tipos de funções são desempenhadas por órgãos diferentes, incapazes de se substituírem entre si, e concorrendo todos, na sua interação a ação conjunta, para a manutenção e defesa da vida do conjunto do organismo, ou do organismo como conjunto. Há, pois, que ter presente, em toda organização, três princípios fundamentais: a) o conjunto deve ser dividido no número de elementos, ou órgãos, que é preciso, nem mais nem menos, que esses; b) cada elemento, ou órgão, do conjunto tem que ter uma função absolutamente distinta da de qualquer outro elemento, e relacionada com a função desse outro apenas pela circunstância do comum concurso para o fundamento do conjunto; c) dentro de cada elemento ou órgão do conjunto se observará a mesma distinção de funções que se estabeleceu para o próprio conjunto, visto que cada elemento ou órgão, por distinto e diferenciado, é o conjunto em si mesmo. FONTE: Pessoa (apud DIAS, Reinaldo. Sociologia das organizações. São Paulo: Atlas, 2008. p. 38-39) O R G A N I Z A Ç Ã O 20 A partir destas informações, redija um texto dissertativo de no mínimo 20 linhas, sobre as organizações. Em seu texto, aborde os seguintes aspectos: a) As organizações, suas principais características; b) Os principais tipos de organizações. 21 TÓPICO 2 COGESTÃO E AUTOGESTÃO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), a Autogestão e a Cogestão advêm da necessidade e importância do remanejamento e ajuste de custos e das formas de administração de uma organização, bem como a ampliação dos processos decisórios e democráticos, em que todos os integrantes da organização em si possam participar de uma forma mais efetiva e ativa em todos os processos de tomada de decisão. Pois sabemos que estamos vivendo em um mundo de constantes transformações e globalizado, no qual se faz necessário que os processos administrativos sejam desenvolvidos sob novas formas de pensar e agir, adequando-se a cada realidade organizacional, gerando a necessidade de adequação às formas de gerir um empreendimento ou organização. 2 COGESTÃO Ao se falar de uma cogestão, gestão compartilhada ou gestão participativa, estamos nos referindo ao mesmo modo/modelo de gestão. Apenas são terminologias diferentes para a mesma coisa. Trata-se de um processo gerencial no qual todos os integrantes de uma organização ou instituição fazem parte dos processos de tomada de decisões, ou seja, a decisão é coletiva e não individual, por segmento, setor ou direção. Mas, prezado(a) acadêmico(a), qual o significado de gestão? Vejamos: UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 22 FIGURA 3 – CONCEITO DE GESTÃO FONTE: A autora Gestão nada mais é do que um processo sistemático de trabalho intelectual e análise dos fatores ambientais de uma organização (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças), ou seja, é o campo de ação, no qual o gestor ou a equipe gestora procuram constantemente obter as informações de pessoas, recursos e da organização (de dentro e fora dela), para que assim possa tomar decisões em prol de seus objetivos e atingir os resultados almejados. Então, prezado(a) acadêmico(a), o que é a cogestão? Podemos dizer que a “cogestão é um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo, sendo, portanto, uma diretriz ético-política que visa democratizar as relações no campo [na organização]” (BRASIL, 2009, p. 10, grifo nosso) e “a gestão participativa reconhece que não há combinação ideal prefixada desses três pontos, mas acredita que é no exercício do próprio fazer da cogestão que os contratos e compromissos entre os sujeitos envolvidos com o sistema [...] vão sendo construídos”. (BRASIL, 2009, p. 11-12). Os gestores de uma organização delineada pelos princípios da cogestão “ao desempenharem seus papéis, os gestores orientam-se por metas que são apresentadas como propostas para os colegiados. [...] Espaços em que há discussão e tomada de decisões no seu campo de ação de acordo com as diretrizes e contratos definidos.” (BRASIL, 2009, p. 12). Neste sentido, Gehring Júnior, Soares e Corrêa Filho (2003, p. 99-100) nos colocam que a cogestão é um modelo que pode se ajustar às transformações sociais, por envolver a participação de mais de um elemento [...], no qual as decisões são democráticas. TÓPICO 2 | COGESTÃO E AUTOGESTÃO 23 A palavra cogestão significa "gestão em comum; administração ou gerência em sociedade" (FERREIRA, 1999). Como também demonstra Silva (1991), o "prefixo co, que entra na formação da palavra cogestão, designa exatamente que se trata de decisão que não se toma isoladamente, mas com a participação de outra vontade". Embora mostre a cogestão no âmbito do estabelecimento e da empresa, Silva (1991) diz que esse princípio está vinculado à participação e não envolve somente os interesses do empregado e do empregador, mas transcende essa relação ganhando presença "em todas as comunidades organizadas de prestígio e representatividade da sociedade" (grifo nosso). Esta sociedade não precisa ser necessariamente e somente dos integrantes internos da organização, podem participar desta cogestão outras organizações afins, isto de acordo com os interesses e projetos a serem desenvolvidos pela organização. Como assim expressa Haertel (apud SANTOS et al., 2008, p. 25) quando expõe que a cogestão “[...] se faz eficiente, por agregar opiniões dos diversos níveis hierárquicos na discussão até o momento da aprovação de novos projetos”. Ou seja, no processo de tomada de decisão coletiva todos os integrantes da organização são envolvidos ativamente nos procedimentos decisórios. UNI Então, podemos dizer que a Cogestão é a gestão de uma organização, por parceiros diferenciados: os trabalhadores, os empresários e outros. E todos juntos participam dos processos de tomada de decisão. 3 AUTOGESTÃO Autogestão? O que significa esta terminologia? Ou seja, o que é autogestão? Será que não é a mesma coisa que cogestão, gestão participativa ou gestão compartilhada? Pois bem, caro(a) acadêmico(a), primeiramente devemos analisar o significadoda palavra “autogestão”, neste sentido, Castro (2004, p. 33) expõe que “a palavra ‘auto’ provém do grego ‘autos’, que significa ‘por si próprio’; e ‘gestão’ origina-se do latim ‘gestione’, ou seja, ato de gerir, gerência, administração” (grifos nossos). No que tange às questões relativas à autogestão, Konzen (2006, p. 10) expõe que nos empreendimentos autogestionários “não existe empregado e patrão, ninguém manda mais do que o outro e todos têm espaço e oportunidade de dizer o que pensam e o que querem”. Ou seja, todos são sócios do empreendimento, não existindo exploração da mão de obra e hierarquia. UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 24 A Anteag (2005, p. 48) definine os empreendimentos e empresas de autogestão como sociedades que desempenham atividades econômicas cuja gestão é exercida democraticamente pelos trabalhadores que dela participam. Seus atos constitutivos devem prever a existência de mecanismos democráticos de gestão e definição em assembleia de questões como: política de remuneração, política disciplinar, política de saúde e previdência, formas de organização da produção e destinação solidária dos resultados. Os princípios autogestionários, tais como: tomadas de decisão democráticas e coletivas, transparência administrativa, solidariedade e fraternidade, trabalho mútuo, valorização das pessoas e cidadania, também devem constar nos atos constitutivos dos empreendimentos e empresas autogestionários, e não podem ser alterados ou retirados em mudanças estatutárias posteriores. E este é o conceito disseminando em todo o mundo, pois procura expor que todos os integrantes do grupo têm voz e vez ativa em todos os processos da organização. Pois, de acordo com o Atlas da Economia Solidária no Brasil 2005 (2006, p. 12), por autogestão pode-se entender que se trata do “exercício de práticas participativas de autogestão nos processos de trabalho, nas definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, na direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses”. E estas ações são bem diferentes nas organizações privadas tradicionais, em que não há muita ação em que todos os integrantes da organização possam participar ativamente. DICAS Visite o site da ANTEAG (Associação Nacional dos Trabalhadores e Empresas de Autogestão e Participação Acionária) para ver publicações, artigos e exemplos de empreendimentos autogestionários, o site é: <www.anteag.org.br>. Prezado(a) acadêmico(a), vejamos agora alguns conceitos de autogestão: Figueiredo (2000, p. 35) define a autogestão como sendo uma modalidade de gestão multidimensional (social/econômica/ política/técnica), através da qual os parceiros do processo de trabalho se organizam com o fito de alcançar resultados. Esta associação entre as partes, ao privilegiar o fator trabalho, implica a discussão do poder de decisão pelo grupo governado, que assume a direção de seus destinos. Detalhando as bases deste conceito, Figueiredo (2000, p. 35) acrescenta ao seu conceito de autogestão, que TÓPICO 2 | COGESTÃO E AUTOGESTÃO 25 É uma modalidade de gestão multidimensional, porque remete às seguintes dimensões. A primeira, humana, porque existe a preocupação com a estabilidade e o crescimento da organização. Estes objetivos implicam a proteção dos recursos humanos e a busca de sua qualificação. A segunda concerne à racionalidade das organizações; a lógica do funcionamento da organização é da eficiência econômica, onde se busca maximizar os esforços e reduzir os custos, melhorando a qualidade do produto (bens ou serviços). A terceira dimensão diz respeito à legitimidade junto aos grupos de comunidade, em particular junto aos investidores, associados e consumidores. Esta exigência constitui-se em uma limitação que pesa sobre a eficiência da organização, pois é preciso compor com estas exigências que são, potencialmente, antagonistas e até contraditórias. A quarta dimensão, enfim, diz respeito à continuidade/perenidade, pois, para alcançar a eficiência, é necessário desenvolver, manter e promover um "saber tecnológico" de forma que este know how satisfaça da melhor maneira possível os interesses dos empregados, clientes, e que permita, ao mesmo tempo, o crescimento da organização. Através destes conceitos, pode-se identificar que os empreendimentos optam por esta modalidade de gestão participativa para que não haja exploração da mão de obra trabalhadora e preferivelmente alcançar os resultados estipulados pelos empreendimentos. Constata-se que por meio da autogestão, os trabalhadores organizam-se coletivamente tanto nos momentos de tomada de decisão, na divisão das sobras ou despesas, como no desenvolvimento geral de seu empreendimento. Autogestão é um termo que caracteriza as relações de trabalho do tipo democráticas, participativas e igualitárias, denotando a combinação da propriedade dos meios de produção com a democracia da gestão. Albuquerque (2003, p. 20) define a autogestão, como um conjunto de práticas sociais que se caracterizam por sua natureza democrática nas tomadas de decisões coletivas, proporcionando autonomia a um coletivo. Qualificando assim as relações sociais de cooperação entre os atores, independentemente de sua estrutura e de seu ramo de atividade. Pode-se assim compreender, que, a autogestão está relacionada a determinados métodos ou técnicas de gestão que busca o desenvolvimento gerencial do processo de trabalho organizacional, reproduzindo ações coletivas como resultado de uma construção grupal que passa pelo poder compartilhado (de opinar e decidir), garantindo o equilíbrio, respeito entre os diferentes atores do empreendimento. Ou seja, segundo Mantovaneli Jr. (2006, p. 66), na autogestão se dá o “exercício coletivo do poder... para decidir sobre os destinos, os processos e os resultados do trabalho na aquisição e distribuição de renda”. UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 26 A história do capitalismo tem registrado sucessivas e cíclicas crises, representadas pelos períodos de recessão e desemprego. Nesses momentos, os empreendimentos associativistas, cooperativistas e empresas autogestionárias têm vindo à tona como uma alternativa de destaque na geração de trabalho e renda. Foi assim na metade do século passado e está acontecendo o mesmo na atual conjuntura econômica mundial. Atualmente, porém, essa crise está acompanhada de algumas características que são as novas exigências do mercado, que apontam o trabalho associativo e cooperado como base primordial e um importante elemento que possibilita a ampliação de ganho de competitividade perante essas exigências, particularmente aquele trabalho que possui como doutrina a autogestão. A autogestão se apresenta não só como pré-requisito para garantir a efetiva implementação dos princípios cooperativistas, como pode tornar-se uma ferramenta estratégica no ganho de competitividade em relação a empresas com uma estrutura convencional de gestão. A autogestão possibilita a criação de um espaço adequado dentro do empreendimento para processos de decisões coletivas. Sua situação contemporânea está no fato de que, a combinação da propriedade dos meios de produção de uma empresa, com a participação democrática de sua gestão vem ao encontro das novas exigências de maior envolvimento e participação democrática por parte dos trabalhadores, dentro dos objetivos pretendidos pelo empreendimento. A autogestão se mostra em sintonia com os novos paradigmas da organização do trabalho, apresentando resultados positivos quando comparados a empresas semelhantes do setor tradicional, quando administradas da forma convencional. No que diz respeito às empresas autogestionárias, a democracia é fundamental e a participação entra como seu principal instrumento. A participação consegue resolver problemas que ao indivíduo parecem insolúveis se contar exclusivamente com suas próprias forças. A análise que o indivíduo precisa tomar no processo de participaçãonão é a quantidade de vezes que se toma parte, mas como se toma parte. Prezado(a) acadêmico(a), autogestão é um modelo administrativo no qual as decisões e o controle dos empreendimentos é exercido pelos trabalhadores que diretamente a integram. Eles decidem tudo: metas de produção, salário, políticas de investimento e modernização, política de pessoal e mercado. TÓPICO 2 | COGESTÃO E AUTOGESTÃO 27 Assim sendo, a autogestão é a busca de soluções coletivas para problemas sociais, sendo que a melhor solução é o controle coletivo das empresas. É a participação direta, inteligente e criativa do grupo na tomada de decisões na empresa. Assim, as empresas de autogestão valorizam e incentivam a inventividade coletiva como a democratização das tarefas, dando oportunidades para que o conhecimento chegue ao conjunto dos trabalhadores, tornando-se propriedade coletiva; socializam o conhecimento e promovem a educação; buscam envolver o conjunto dos trabalhadores nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, aproveitando os talentos individuais; transformam a inteligência e a criatividade coletiva no principal patrimônio do empreendimento cultivando-as no contexto da ação. Em suma a autogestão surgiu da necessidade da adequação de custos, bem como meio de que as pessoas possam participar de uma forma mais efetiva desempenhando papéis de interesse de sua comunidade de trabalho, exigindo a maior participação da equipe para gerar respostas mais rápidas e intensas mudanças que caracterizam a nova forma de pensar e agir neste mundo que aí está posto com a globalização, competitividade, rapidez de informações e transformações em geral. A autogestão preconiza categoricamente uma estrutura organizacional participativa e democrática, com igualdade de direitos e obrigações, apresentando- se como um conjunto de práticas institucionais que se caracterizam por sua natureza democrática nas tomadas de decisões coletivas, qualificando assim as relações sociais de cooperação entre os atores, independentemente de sua estrutura organizacional e de seu ramo de atividade. Compreende-se então que a autogestão está relacionada a determinados métodos e técnicas administrativas para o desenvolvimento gerencial do processo de trabalho organizacional, produzindo tomadas de decisões e ações coletivas, resultado de uma construção grupal que trabalha o poder compartilhado (de opinar e decidir), garantindo o equilíbrio, respeito entre os diferentes atores e papéis dentro dos empreendimentos. Assim, o quadro sinóptico apresentado é inédito, desenvolvido para organizar e interpretar os meandros gestionários dos empreendimentos que trabalham o processo de gestão pela autogestão, não importando o tipo de organização. Vejamos uma síntese destes conceitos no diagrama esquemático a seguir: UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 28 QUADRO 4 – DIAGRAMA ESQUEMÁTICO DOS PRINCIPAIS FATORES QUE CARACTERIZAM UM PROCESSO DE GESTÃO, ATRAVÉS DA AUTOGESTÃO FONTE: Pieritz (2008, p. 93) DICAS Com relação à legislação pertinente à autogestão, procure e leia o Projeto de Lei nº 5.848, de 2001, que institui e conceitua as empresas de Autogestão e dá outras providências. TÓPICO 2 | COGESTÃO E AUTOGESTÃO 29 DICAS Para um aprofundamento sobre os temas tratados no tópico, sugerimos que leia o seguinte livro: Autogestão: o nascimento das ONGs, de Nanci Valadares Carvalho. Editora Brasiliense. Após estas considerações relativas à autogestão, convido você, prezado(a) acadêmico(a), a ler o texto a seguir para assim poder compreender um pouco mais deste universo. Boa leitura! UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO 30 O QUE É AUTOGESTÃO? Nildo Viana A autogestão, para uns, é um “método de gestão de empresas” e, para outros, é uma “forma política” que assume o comunismo, ou seja, a “democracia direta”. A primeira concepção deixa entrever a possibilidade de existir autogestão no interior da sociedade capitalista e a segunda apresenta a ideia de que é possível haver comunismo sem autogestão, já que esta é reduzida a uma mera “forma política” e, sendo assim, não é a essência do comunismo e por isto este poderia utilizar outras “formas políticas”. Entretanto, tal como pretendemos demonstrar no decorrer deste trabalho, estas concepções são equivocadas, pois não conseguem expressar o verdadeiro sentido da autogestão. Antes de mais nada, tal como fizeram A. Guillerm e Y. Bourdet, é útil distinguir o conceito de autogestão de outras palavras que muitos pensam ter o mesmo significado. Autogestão não possui o mesmo significado que “participação”, “cogestão”, “controle operário” ou “cooperativismo”. Vejamos o significado destas palavras: a) Participação: participação não significa autogestão, pois ela significa participar de algo já existente, ou seja, de uma atividade que possui estrutura e finalidade próprias. Segundo Guillerm e Bourdet, o participante é como um flautista numa orquestra: participa se misturando individualmente a um grupo que lhe é preexistente. b) Cogestão: a cogestão é uma tentativa de integrar a criatividade e a iniciativa operária no processo produtivo capitalista (com o objetivo de aumentar a produtividade e, consequentemente, a extração de mais-valor relativo - ou mais-valia relativa) e que permite a participação dos trabalhadores apenas no processo de produção, nos meios e não nos fins. Mas mesmo essa cogestão nos meios é limitada, pois a definição por outros sobre os fins leva a uma predeterminação no que se refere aos meios. c) Controle operário: segundo Guillerm e Bourdet, o controle operário significa um passo adiante em relação à cogestão, mas ainda não é autogestão, pois o controle operário surge como produto de uma intervenção conflitual que arranca concessões para os trabalhadores, embora se limite a exercer-se sob pontos específicos que não questionam o salariato. Para M. Brinton, a proposta de “controle operário” apresentada por diversos grupos políticos (principalmente leninistas e trotskistas) expressa a vontade de apresentarem- se como mais democráticos e fazem isto buscando nos iludir com a afirmação LEITURA COMPLEMENTAR TÓPICO 2 | COGESTÃO E AUTOGESTÃO 31 de que o leninismo sempre defendeu tal proposta. Para ele, o controle operário, ao contrário da autogestão, não significa que a classe operária irá gerir a produção e sim que ela irá “supervisionar”, “inspecionar” ou verificar as decisões tomadas por “instâncias exteriores” ao processo produtivo, tal como o estado ou o partido. d) A cooperativa: segundo Guillerm e Bourdet, “esquematicamente, pode-se, com efeito, convir que (...), as cooperativas têm ‘vegetado’ sempre sob formas locais, a tal ponto que esta limitação se tornou seu sinal distintivo. Por isso, para designar a generalização dos sistemas de cooperativas, far-se-á mister uma palavra nova. O termo autogestão deve assumir o papel”. Acontece que, no interior da sociedade capitalista, as cooperativas não determinam seus fins, pois o mercado e o estado sempre interferem nas finalidades de uma cooperativa e não só nos fins como, em menor grau, também nos meios. Em síntese, a participação, o controle operário, a cogestão e as cooperativas podem existir no interior do modo de produção capitalista e são assimiláveis por ele. O capitalismo envolve todas estas manifestações e as coloca sob sua direção, direta ou indiretamente. Não existem nem podem existir “ilhas de autogestão” cercadas pelo mar do capitalismo. A autogestão só pode existir em locais isolados por um curto período de tempo e em confronto com o capital e desta luta um dos dois vencerá, ocorrendo a destruição da experiência autogestionária ou a generalização da autogestão a nível nacional e posteriormente mundial. Podemos dizer também que as definições acima deixam entrever que não existe muita diferença entre todos estes termos, pois todos eles possuem algo em comum: em todas essas formas de “participacionismo” permaneceexterior aos trabalhadores a determinação dos fins e uma “codeterminação” no que se refere aos meios. Por conseguinte, o termo cogestão engloba todos os outros termos e, sendo assim, ele é suficiente para marcar a diferença entre a autogestão e as outras formas de gestão que se dizem “democráticas”. Mas o que é a autogestão? Como ela pode surgir e se expandir mundialmente? Em primeiro lugar, devemos reconhecer que é impossível compreender a autogestão e a possibilidade histórica de sua concretização sem compreendermos o solo onde ela pode brotar, ou seja, o modo de produção capitalista. FONTE: VIANA, Nildo. O que é autogestão? 09/03/2003. Disponível em: <http://www. midiaindependente.org/pt/red/2003/03/249340.shtml>. Acesso em: 26 jan. 2016. 32 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, versamos sobre o significado da autogestão e cogestão, onde foram abordados os seguintes itens: • Quando falamos em cogestão, gestão compartilhada ou gestão participativa, estamos nos referindo ao mesmo modo/modelo de gestão. • A gestão é um processo sistemático de trabalho intelectual e análise dos fatores ambientais de uma organização (pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças). • Vimos que a cogestão é um modo de administrar que inclui o pensar e o fazer coletivo, sendo, portanto, uma diretriz ético-política que visa democratizar as relações no campo na organização. • Observamos que os colegiados são espaços de discussão e tomada de decisões. • A palavra cogestão significa “gestão em comum; administração ou gerência em sociedade”. • Esta sociedade não precisa ser necessariamente e somente dos integrantes internos da organização, podem participar desta cogestão outras organizações afins. • Vimos que no processo de tomada de decisão coletiva todos os integrantes da organização são envolvidos ativamente nos procedimentos decisórios. • Nos empreendimentos autogestionários, não existe empregado e patrão, ninguém manda mais do que o outro e todos têm espaço e oportunidade de dizer o que pensam e o que querem. • Todos são sócios cooperados do empreendimento, são donos dos equipamentos e das ferramentas que utilizam em seu trabalho. • Na autogestão não existe exploração da mão de obra e hierarquia. • Enfim, por autogestão entendemos que se trata do exercício de práticas participativas nos processos de trabalho, nas definições estratégicas e cotidianas dos empreendimentos, na direção e coordenação das ações nos seus diversos graus e interesses. 33 • Constata-se que por meio da autogestão, os trabalhadores organizam-se coletivamente tanto nos momentos de tomada de decisão, na divisão das sobras ou despesas, como no desenvolvimento geral de seu empreendimento. • Autogestão é um termo que caracteriza as relações de trabalho do tipo democráticas, participativas e igualitárias, denotando a combinação da propriedade dos meios de produção com a democracia da gestão. 34 1 Prezado(a) acadêmico(a), após a leitura e estudo deste tópico, elenque na tabela a seguir, as principais características de cada modo de gestão, principalmente seus pontos positivos. AUTOATIVIDADE MODO DE GESTÃO CARACTERÍSTICAS PONTOS POSITIVOS COGESTÃO AUTOGESTÃO 35 TÓPICO 3 COOPERATIVISMO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Prezado(a) acadêmico(a), devemos observar que existem algumas diferenças primordiais nos processos organizacionais de uma cooperativa, pois possuem princípios e conceitos diferenciados, neste tópico iremos trabalhar cada princípio e formas de cooperativa. Estes conceitos devem estar bem desmistificados pelos seus integrantes, como por exemplo, os cooperados devem compreender o significado dos termos a seguir: QUADRO 5 – CONCEITOS DO COOPERATIVISMO COOPERAR É a capacidade de integração, colaboração e participação com outras pessoas que apresentam propósitos e objetivos comuns, para a construção de um projeto econômico único. COOPERAÇÃO É um método de ação pelo qual os indivíduos com interesses comuns constituem um empreendimento. Neste caso, todos têm direitos iguais e os resultados alcançados são repartidos entre os participantes. COOPERATIVISMO É uma doutrina (sistema, movimento) que considera as cooperativas como uma forma ideal de organização das atividades socioeconômicas da população. COOPERATIVA É uma empresa de propriedade coletiva, gerida democraticamente por no mínimo 20 pessoas que se associam, voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais, culturais comuns. COOPERADO É o produtor rural, o trabalhador urbano ou outro profissional de qualquer atividade socioeconômica, o consumidor, o associado, que participam ativamente de uma cooperativa, cumprindo com os seus deveres e exercendo os seus direitos. FONTE: Adaptado de MC INTYRE, Jimmy Paixe; SILVA, Emanuel Sampaio. Como formar e gerir um empreendimento cooperativo. Recife: SEBRAE/PE, 2002. p. 19-20. 36 UNIDADE 1 | AS DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO Valores do cooperativismo: QUADRO 6 – VALORES DO COOPERATIVISMO www.volensamerica.org AJUDA MÚTUA HONESTIDADE TRANSPARÊNCIA RESPONSABILIDADE SOCIAL PREOCUPAÇÃO PELO SEU SEMELHANTE DEMOCRACIA IGUALDADE EQUIDADE www.irmaosseajudandomutu.com www.talefe.wordpress.com www.terraespiritual.org www.joseaguiar.com.br www.planobconsultoria.. www.allegrobgblog... www.itodas.uol.com.br www.guianet.com.br www.pesquisadormoderno.com FONTE: Adaptado de MC INTYRE, Jimmy Paixe; SILVA, Emanuel Sampaio. Como formar e gerir um empreendimento cooperativo. Recife: SEBRAE/PE, 2002. p. 20. 2 HISTÓRICO DO COOPERATIVISMO: BREVES CONSIDERAÇÕES Prezado(a) acadêmico(a), passaremos agora por um breve histórico sobre o cooperativismo, para depois compreender melhor a sua trajetória e princípios. Para isto buscamos a síntese elaborada por Jimmy Peixe MC Intyre e Emanuel Sampaio Silva (2002), que elaboraram a “Série Cooperativismo” do SEBRAE de Pernambuco, e sintetizaram em poucas palavras esta trajetória histórica. Vejamos: • Quando surgiu o cooperativismo? O movimento do cooperativismo apareceu pela primeira vez por volta do Século XIX. • Em que localidade? O cooperativismo iniciou na cidade de Rochedale (Inglaterra). TÓPICO 3 | COOPERATIVISMO 37 • Por que surgiu? Surgiu como uma resposta socioeconômica de oposição ao capitalismo selvagem praticado nas relações trabalhistas da época. • E quando surgiu o cooperativismo no Brasil? O movimento cooperativista brasileiro começou a ter maior visibilidade somente após a Proclamação da República, em 1891, mas, foi só a partir da Constituição Federal que o cooperativismo brasileiro obteve bases legais para o seu funcionamento. • Foi em 1891 que apareceu em São Paulo a primeira cooperativa urbana brasileira – a Cooperativa de Consumo dos funcionários da Companhia Telefônica em Limeira (SP). • Após esta data, começaram a surgir diversas outras cooperativas, de diversos setores da economia. • Mas, só depois de 1932, que o cooperativismo brasileiro obteve um aumento significativo no setor econômico nacional, principalmente no setor agrícola. E essa expansão durou aproximadamente até o início da década de 60. • Na década de 60 iniciou um novo ciclo de expansão do cooperativismo – desta vez com as cooperativas de produção de bens de consumo, provocado pela política de industrialização brasileira. • Finalmente, a partir de 1988, com a promulgação da nova constituição, surgiu com toda força no início da década de 90 o cooperativismo de trabalho, desta vez em resposta à exclusão de trabalhadores do mercado. Após estas considerações relativas aos aspectos históricos do cooperativismo, convido você, prezado(a) acadêmico(a), a ler o texto a seguir para assim poder compreender um pouco mais deste universo histórico. Boa leitura! LEITURA COMPLEMENTAR ESPÍRITO COOPERATIVISTA REQUISITO ESSENCIAL DO COOPERATIVISMO Por Mariangela Monezi HISTÓRIA DO COOPERATIVISMO Desde a pré-história até o início de nosso século encontramos diversas formas de associações de
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