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/ Livro Didático 1 - Avaliação do Ensino e Aprendizagem Site: Moodle EaD IFSC Curso: 2020.2B - Formação Continuada em Avaliação do Ensino e Aprendizagem Livro: Livro Didático 1 - Avaliação do Ensino e Aprendizagem Impresso por: Cristiane Alves Cardoso Data: Saturday, 14 de November de 2020, 21:33 https://moodle.ead.ifsc.edu.br/ / Sumário 1 Teoria e prática da avaliação: desafios e perspectivas 1.1 Problematizando o tema 1.1.1 O planejamento de atividades 1.1.2 Os Objetivos cognitivos, afetivos e procedimentais. 1.2 Contextualizando a avaliação 1.3 Autoavaliação e avaliação discente como parte do processo avaliativo. O aluno e a avaliação. O professor e a avaliação 1.4 Funções e tipos de avaliação 1.4.1. Avaliação Diagnóstica 1.4.2. Avaliação Formativa 1.4.3. Avaliação Somativa 1.5 Tipos de avaliação Encerramento Ficha técnica / 1 Teoria e prática da avaliação: desafios e perspectivas Este primeiro momento será destinado à problematização e contextualização do tema Avaliação, passando pelo levantamento das experiências e representações vivenciadas por vocês, trazendo- nos “retratos da avaliação”. Com esta problematização pretende-se uma aproximação com conhecimentos prévios dos participantes do curso. Feito este exercício buscaremos estabelecer os nexos entre objetivos do ensino e objetivos da aprendizagem, sinalizando a potencial articulação entre ensino e avaliação. Como coloca Demo (2014, p.8) a avaliação precisa ser feita de maneira mais adequada possível para se “constituir em expediente inteligente do professor para aprimorar seu ofício de fazer o aluno aprender”. Avalia-se o ensino e também a aprendizagem. Anastasiou (s.d, p.4) coloca que “ensino e avaliação devem, necessariamente, caminhar juntos, sendo a avaliação parte intrínseca do próprio ensino”[...]. O processo avaliativo é reflexo do processo de ensino e de aprendizagem, uma vez que é apenas uma parte dele, sustentando-se sempre num processo de avaliação e autoavaliação, tanto do avaliador quanto de quem é avaliado. Nesta direção cabe aprofundar o conhecimento das funções e tipos de avaliação com vistas a iluminar o caminho da prática. / 1.1 Problematizando o tema Leia a fábula do currículo: Fonte da imagem: http://1.bp.blogspot.com. Conta-se que os bichos resolveram criar uma escola, porque o meio em que estavam vivendo começava a se tornar cada vez mais complexo, e já não podiam viver, socialmente, apenas com seus equipamentos inatos. Precisavam de uma escola para habilitá-los e prepará-los convenientemente para as novas exigências do ambiente. Foi escolhido um corpo docente da melhor qualidade. Todo ele com grandes títulos universitários e experiência. Isto envaideceu a todos. Para esta escola escolheram o seguinte currículo: nadar, correr, voar, galgar morros e superar obstáculos. Os primeiros alunos foram: o cisne, o pato, o coelho e o gato. Começando o curso, cada mestre, preocupado apenas com sua disciplina, dava matéria a torto e a direito. Era assim que julgavam que estava certo e que faziam jus a seus títulos acadêmicos. Os alunos, contudo, ao contrário, iam se desencantando com a tão almejada escola. Vejamos o caso particular de cada aluno. O cisne, nas aulas de correr, de voar, de subir morro, apesar de todo o esforço, era mau aluno. Tirava notas péssimas. E mostrava os pés ensanguentados nas corridas e as asas com calos na ânsia de voar alto e veloz. O pior, era que, com o esforço nessas disciplinas começara até a nadar pior do que antes, coisa em que era exímio. O coelho, por sua vez, padecia nas matérias de nadar e voar. Como poderia voar, se não tinha asas? Em se tratando de nadar, a coisa era igualmente difícil, se bem que um pouco menos que a anterior. O que o salvava eram as outras duas matérias: correr e galgar obstáculos, pois suas notas em nadar e voar eram vermelhas. Mas ninguém era dispensado de nenhuma matéria. http://1.bp.blogspot.com/-pz16SH0O-_I/VTDcbujmWQI/AAAAAAAAEsQ/SwmfbiXOsk4/s1600/avaliac%CC%A7a%CC%83o.png / Fonte: http://3.bp.blogspot.com O gato tinha o mesmo problema do coelho em se tratando de nadar e voar. Com respeito a voar, ele insistia que se fosse o caso de voar de cima para baixo, ele poderia ter relativo êxito. O professor contudo, não podia aceitar esta condição, porque não estava de acordo com o programa oficial que devia ser cumprido rigorosamente. O pato finalmente, era um aluno medíocre em tudo: voava um pouco, corria mais ou menos, nadava até bem, muito menos que o cisne, é claro, subia até com certo desembaraço. Sua média geral era a melhor. Não tinha notas vermelhas, como o coelho e o gato. Por isso, sua mediocridade em tudo, o fazia sumamente brilhante na estatística final. Foi assim que o pato foi escolhido como o orador da turma, apesar da reclamação geral. O coelho se queixava de correr e galgar muito melhor do que ele. O cisne de ser melhor nadador. Cada um tinha queixas... Um único fato deixou a todos calados: Ninguém tinha a média superior à dele e, por isso, estatisticamente, era superior a todos. Fonte da fábula: http://www.muraljoia.com.br/02hiescolabichos.htm. http://3.bp.blogspot.com/-n_z36Em56RY/U9pwRro1MwI/AAAAAAABNas/B3G7ht0PZvc/s1600/IMAGEM-PATO+ENGRAVATADO-AZULeditededited1.jpg http://www.muraljoia.com.br/02hiescolabichos.htm / Esta fábula nos remete, de alguma forma, a várias reflexões sobre a escola, o currículo e a avaliação. Afinal, ela nos ajuda a situar alguns aspectos da prática pedagógica, especialmente a necessidade de considerar e atender às diversidades na sala de aula, visando a aprendizagem. Para Demo (2014, p. 5) “ o único sentido da avaliação é cuidar da aprendizagem”. Que caminho seguir? A fábula nos ensina que o aluno ao chegar à escola já domina alguns conhecimentos, já possui algumas habilidades. É necessário considerar os conhecimentos prévios dos alunos. As ideias prévias dos estudantes desempenham um papel importante no processo de aprendizagem. Para Saviani (1982) apud Anastasiou (s.d, p. 10) há momentos a serem considerados no trabalho de construção dos conhecimentos com os alunos e que não ocorrem de modo estanque. São eles: o ponto de partida e de chegada é a prática social do aluno, iniciando- se da percepção que o aluno traga do objeto de estudo, em sua realidade, e revisando-o, nos momentos que se seguem: problematização, submeter a percepção inicial a um processo crítico de questionamento, através da instrumentalização. Nela, as sínteses já existentes na ciência dão suporte para as buscas realizadas, visando à interiorização dos novos elementos ou conteúdos, pela catarse, para finalmente se chegar à prática social reelaborada, para a qual o aluno já poderá ter construído novos elementos perceptivos, nos conteúdos apreendidos das situações organizadas pelo professor. Dica de Leitura Nas primeiras páginas da obra "Uma didática para a pedagogia histórico-crítica" de João Luiz Gasparin, o autor define as questões que encaminharam a construção do trabalho: qual a finalidade social dos conteúdos escolares? A escola tem acompanhado as transformações promovidas pela sociedade? Ela responde às necessidades sociais da atualidade? O que hoje a escola faz e para quê? Daí a importância do “planejamento de atividades que promovam um processo coletivo, cooperativo e interacionista de ensino e aprendizagem, reforçando o papel do outro na formação mais ampla dos alunos e contribuindo para uma melhor significação dos conceitos científicos”, conforme reforçam Nascimento e Amaral (2012, p. 575). / 1.1.1 O planejamento de atividades As autoras Nascimento e Amaral (2012, p. 575) mencionadas no tópico anterior fazem a discussão da importância das interações aluno-aluno que são estabelecidas no processo de ensino- aprendizagem, considerando aspectos tais como: a formação de grupos de trabalho, o papel das atividades propostas para a construção do conhecimento e fatores que influenciam a aprendizagem e o desenvolvimento individual no contexto da discussãocoletiva. As parcerias aluno-aluno e professor-aluno permitem a ampliação do universo social educacional do aluno, facilitando a aprendizagem dos conceitos. A perspectiva sociointeracionista, com base em Vygotski, focaliza as relações sociais como elemento fundamental do desenvolvimento, possibilitando trocas significativas de conhecimentos e experiências. Fonte: educacaonaculturadigital.mec.gov.br A prática coletiva das atividades didáticas tende a suprir algumas das necessidades associadas à aprendizagem, resultando em um processo mais dinâmico. Ao professor, cabe promover ações facilitadoras do desenvolvimento cognitivo de cada aluno no contexto da coletividade, cultivando o trabalho em grupo.Seguindo nesta direção de análise com as autoras, cabe destacar a importância de atividades variadas para os alunos, pois segundo Leontiev (1983) apud Nascimento e Amaral (2012, p. 578), “cada tipo de atividade possui um conteúdo perfeitamente definido de necessidades, motivos, tarefas e ações. Por exemplo, o conteúdo objetal da atividade do jogo é substancialmente diferente da atividade de estudo ou da atividade profissional”. A diversificação das atividades pelo professor pode mobilizar diferentes operações de pensamento, por isso é tão importante ter clareza dos objetivos que se pretende atingir. O papel do professor é desafiar, estimular os alunos rumo a uma relação com o objeto de aprendizagem. Daí a urgência de melhor articular os momentos de ensinar e aprender tendo no planejamento um elemento fundamental desta articulação. A articulação entre os objetivos do ensino e objetivos da aprendizagem supõe desenvolver no aluno a iniciativa de buscar por si mesmo novos conhecimentos, a autonomia intelectual, a liberdade de pensamento e de expressão, mas, com o devido cuidado de não se resvalar para as pedagogias do “aprender a aprender”, minimizando o papel dos sujeitos protagonistas deste processo: os professores e alunos. Conforme sinaliza Duarte (2001, p. 36) é uma ilusão estabelecer “uma hierarquia valorativa na qual aprender sozinho situa-se num nível mais elevado do que a aprendizagem resultante da transmissão de conhecimentos por alguém”. A docência implica relação, cujo ponto de partida é o conhecimento da realidade. Para Sacristán e Gómez (1998, p.295), http://catalogo.educacaonaculturadigital.mec.gov.br/hypermedia_files/live/nucleo_de_base1/topico-vii.html / A avaliação incide sobre todos os demais elementos envolvidos na escolarização: transmissão do conhecimento, relações entre professores/as e alunos/as, interações no grupo, métodos que se praticam, disciplina, expectativas de alunos/as, professores/as, pais, valorização do ambiente educativo (Fernández Pérez, 1986). Estudar a avaliação é entrar na análise de toda a pedagogia que se pratica. Figura 1 – Fluxograma representativo das partes que compõem o planejamento / Fonte: Sant’Anna et. al. (1989, p.26). O Fluxograma da Figura 1 aponta a importância de se conhecer a realidade (o aluno, a turma, a instituição e demais servidores que nela atuam) como ponto de partida para projetar o caminho a seguir. A avaliação é apenas uma parte deste amplo processo ilustrado no fluxograma. Ela incide sobre todos os demais elementos envolvidos / na prática pedagógica desde a determinação dos objetivos, a seleção e organização dos conteúdos, dos procedimentos de ensino e dos recursos. A avaliação precisa dialogar com todos esses elementos, ela precisa contemplar o que foi tratado neste percurso. Realizada a avaliação, o aluno precisa de retorno sobre seu desempenho para que se possa, na caminhada, ir aperfeiçoando todo este fluxo. / 1.1.2 Os Objetivos cognitivos, afetivos e procedimentais. Em relação aos objetivos é bom lembrar dos objetivos cognitivos (relacionados ao conhecimento e habilidades intelectuais dos alunos); objetivos afetivos (relacionados aos interesses, atitudes e apreciação) e os objetivos procedimentais ou psicomotores (relacionados às habilidades motoras) e no momento da avaliação definir que tipos de domínios as propostas das questões, dos trabalhos e atividades estão sendo solicitados aos alunos. O que é esperado dos alunos? O que pode ser aceitável em termos de desempenho? (estabelecimento de critérios). Os conteúdos precisam ser selecionados em função dos objetivos propostos e ao organizar os procedimentos de ensino é preciso prever que experiências de aprendizagem estimulará o aluno a formular conceitos, buscar solução dos problemas, isto é, que movimento do pensamento, tal procedimento permite ou impulsiona? Quando se pensa em recursos não podemos pensar apenas nos recursos materiais para a aula, mas também nos recursos humanos (o professor e sua atuação, os alunos nos trabalhos individuais ou em grupo, outros servidores da escola, da comunidade para realização de palestras, entrevistas etc.). Enfim, é preciso pensar numa infinidade de recursos que mobilizem o aluno para o conhecimento. Assim, o percurso do planejamento chega na seleção dos procedimentos de avaliação que precisam estar em íntima conexão com os demais elementos do processo de planejamento. Sant’Anna et al. (1989, p. 28) nos adverte sobre a necessidade do professor considerar, entre outros aspectos “as reais possibilidades do seu grupo de alunos, a fim de melhor orientar suas realizações”. Ao buscar compreender e traçar o perfil dos alunos com os quais trabalha, o professor estará fazendo um diagnóstico. “Avaliar é a fase final de um ciclo completo de atividade didática racionalmente planejado, desenvolvido e analisado[...]. A avaliação deve servir para pensar e planejar a prática didática” (SACRISTÁN e GÓMEZ, 1998, p.297). E como afirma Sordi (2010, p. 176) “inaugurar uma nova cultura no campo da avaliação não é algo que se obtém por decreto. É conquista pessoal, posto que expressa a disposição individual de se manter em campo produzindo as condições objetivas e subjetivas necessárias à mudança coletiva”. A avaliação não acontece separada dos demais elementos do processo de ensinar e aprender, conforme ilustrado no fluxograma: conhecimento da realidade, objetivos, conteúdos, procedimentos (formas de ensinar e se apropriar deste ensino) e recursos. Algumas experiências vividas com a avaliação poderão ser um bom começo para se refletir sobre o tema de forma a incentivar, ampliar e desbravar outros caminhos para uma avaliação criadora e educativa e que de fato esteja articulada aos demais momentos da prática docente. / Fonte: http://posgraduando.com Hofmann (2010, p. 12), em suas investigações sobre avaliação, afirma que a “prática avaliativa do professor reproduz e (assim) revela fortemente suas vivências como estudante e como educador”. Nos cursos de formação que ministra, a autora, solicita aos professores cursistas, no início dos encontros, que relacionem a palavra “avaliação” a algum personagem, a alguma coisa, objeto. Dos dados produzidos com esta atividade, a autora tece reflexões muito pertinentes sobre a forma como a avaliação tem acontecido na prática, através das imagens representativas da avaliação vindas de alunos e docentes de escolas , públicas e particulares. Fonte: https://petpedufba.files.wordpress.com http://posgraduando.com/wp-content/uploads/2013/05/tens%C3%A3o-avalia%C3%A7%C3%A3o-2-1.jpg?x27329 https://petpedufba.files.wordpress.com/2015/11/216.jpg / 1.2 Contextualizando a avaliação A avaliação precisa ser vista inserida no sistema de política educacional e social, compreendendo os pressupostos que embasam a proposta educacional da qual ela é parte. A feição que a forma de avaliar o ensino e a aprendizagem foram adquirindo no decorrer da história aponta-nos caminhos para superar as práticas de avaliação que se encontram enraizadas nas escolas. O processo de avaliação tem uma história. A nossa forma de avaliar foi muito influenciada pelas propostas de Ralph Tyler e de Benjamim Bloom, ambos norte-americanos. A proposta de Tyler é conhecidacomo avaliação por objetivos. A partir de 1960 foi muito ampla a divulgação de sua proposta tendo grande repercussão nos meios educacionais. A avaliação nessa perspectiva pretende verificar as mudanças de comportamento ocorridas rumo a um modelo desejado, entretanto nem todos os comportamentos podem ser observados. Há comportamentos manifestos e os latentes. Anastasiou (s.d, p.5) afirma: Tradicionalmente, a avaliação da aprendizagem vem sendo feita pela comparação do trabalho do aluno com um modelo “padrão”, a partir do qual o aluno é classificado, como se a finalidade da avaliação fosse “medir” a distância que separa o aluno desse “padrão”. Este, via de regra, corresponde a um “ideal” distante e alheio à própria realidade avaliada, isto é, à forma de construção do conhecimento efetivada entre alunos e professores, seres concretos e históricos, na situação de ensino. Castanheira e Ceroni (2008, p.119) realizando uma revisão teórica dos conceitos de avaliação trazem, através de Stuffebeam e Shinkfield (1987), cinco períodos na história da avaliação, considerando Ralph Tyler como o pai da avaliação educativa. / E neste contexto histórico, as autoras sintetizam o conceito de avaliação: / A avaliação de caráter educativo é uma prática social, voltada para obtenção de informações que gerem reflexões sobre a melhoria real da qualidade e da quantidade das atividades pedagógicas, científicas, administrativas e até sociais e profissionais. A avaliação não deve ser um processo de simples controle, pois deve haver sempre reais questionamentos e análises que facilitem o cumprimento dos compromissos institucionais. A avaliação é formativa, sem deixar de utilizar certos instrumentos e procedimentos de controle.A avaliação deve ser, além de somativa sob certo aspecto, prioritariamente formativa, interferindo continuamente nos processos desenvolvidos[...]. (p.121) Outra influência na forma de conceber avaliação foi a de Benjamin Bloom que criou uma taxonomia (classificação dos operações intelectuais) que representa os resultados esperados do processo educacional. Cabe destacar a contribuição de Bloom nos estudos sobre avaliação, porém é necessário avançar rumo a uma concepção dialógica e mediadora da avaliação, com foco no processo e não apenas nos instrumentos e resultados. / Ralph W. Tyler (1902-1994) Considerado o pai da avaliação educacional “Os princípios de Tyler giram em torno de quatro perguntas centrais [...]1. Que objetivos educacionais deve a escola procurar atingir? 2. Que experiências educacionais podem ser oferecidas que possibilitem a consecução desses objetivos? 3. Como podem essas experiências educacionais ser organizadas de modo eficiente? 4. Como podemos determinar se esses objetivos estão sendo alcançados? Essas perguntas podem ser formuladas no processo de quatro fases através do qual o currículo é elaborado: enunciar objetivos, selecionar ―experiências, organizar ―experiência e avaliar. (KLIEBARD, 2011, p.23) / Benjamin Bloom (1913-1999) Benjamin Bloom e seus colegas criaram uma divisão de objetivos educacionais em 3 partes:- cognitiva: objetivos que enfatizam relembrar ou reproduzir algo que foi aprendido, ou que envolvem a resolução de alguma atividade intelectual para a qual o indivíduo tem que determinar o problema essencial, então reorganizar o material ou combinar ideias, métodos ou ou procedimentos previamente aprendidos. - afetiva: objetivos que enfatizam o sentimento, emoção ou grau de aceitação ou rejeição. Tais objetivos são expressos como interesses, atitudes ou valores.- psicomotora: objetivos que enfatizam alguma habilidade muscular ou motora. Romão (1998) apud Viella (2009, p.115) quando se refere à taxonomia dos objetivos proposta por Bloom e outros, afirma que não entende “o desprezo que alguns educadores devotam a essa obra, que durante muitos anos, esteve em moda nas discussões sobre avaliação no país”. E continua Viella (2009, p.115) “diferentes autores […] utilizando-se de categorias como conteúdos conceituais, factuais, conceitos e princípios, conteúdos procedimentais e atitudinais como elementos necessários no momento de planejar e desenvolver o currículo” tem se aproximado da taxonomia de Bloom ou mesmo utilizado este referencial para se refletir sobre a avaliação educacional. / 1.3 Autoavaliação e avaliação discente como parte do processo avaliativo. O aluno e a avaliação. O professor e a avaliação Os objetivos delineiam o horizonte possível que se pretende alcançar, representam as nossas intenções em termos de aprendizagem dos alunos. Acontece que “avaliamos o que deve ser o desempenho dos estudantes, não o que ele é” (WACHOWICZ, 2000, p.96: grifos nossos) . Estabelecemos um ideal de aprendizagem que se distancia do real. E como vai enfatizando a autora (p.103) “avaliamos mediante objetivos que se referem ao futuro. Mas trabalhamos, e assim terá que ser, com o presente. O paradoxo está em que não podemos encarar o presente tal como ele é, se estivermos voltados para o futuro, ainda não real, mas apenas idealizado”, configurados naquilo que nós desejamos. Temos que trabalhar com o aluno real, com suas dificuldades e possibilidades, sabendo que cada um tem um “jeito” de aprender e que selecionar as atividades para se aproximar o mais possível desse “jeito de ser aprender” supõe transitar pelos estilos de aprendizagem de cada um, oferecendo atividades que os impulsionem. O Quadro 1 a seguir pode esclarecer um pouco sobre este tema. Quadro 1 – Estilos de Aprendizagem de Kolb e aplicação em atividades de ensino e avaliação. Estilo de aprendizagem segundo Kolb (1984) Exemplos de verbos de objetivos / habilidades a serem desenvolvidos baseados Taxionomia de Bloom – (1956) Sugestões de atividades de aprendizagem Sugestões de avaliação da aprendizagem (formativa ou somativa) Assimiladores: Preferem criar modelos teóricos e com raciocínio indutivo, ou seja, integrar observações distintas reunindo-as em explanações integradas. Como o convergente, o integrador é menos interessado nas pessoas e mais voltado para idéias e conceitos abstratos. Conhecimento: enumerar, definir, descrever, identificar, denominar, listar, nomear, combinar, realçar, apontar, relembrar, recordar, relacionar, reproduzir, solucionar, declarar, distinguir, rotular, memorizar, ordenar e reconhecer. Preferem atividades individuais e feedback professor/aluno. Atividades de observação e pesquisa voltadas a conceitos abstratos e que tenham como comprovar a resolução. Exemplos: leitura e interpretação de textos teóricos. Resenhas, resumos, artigos. Projetos que propiciem a organização e classificação de coisas. Interpretação de mapas e diagramas, etc. A avaliação pode ser escrita, teórica, objetiva e individual, ou seja, as que usualmente são aplicadas favorecem este tipo de aluno. / Convergentes: Sua maior capacidade está na solução de problemas, na tomada de decisão e na aplicação prática de ideias. O conhecimento do convergente é organizado de tal modo que, através do raciocínio hipotético-dedutivo, ele consegue manter o foco em problemas específicos. Análise: Analisar, reduzir, classificar, comparar, contrastar, determinar, deduzir, diagramar, distinguir, diferenciar, identificar, ilustrar, apontar, inferir, relacionar, selecionar, separar, subdividir, calcular, discriminar, examinar, experimentar, testar, esquematizar e questionar. Atividades individuais e feedback professor/aluno que favoreçam a solução de problemas, tomada de decisão e aplicação prática das idéias. Aprendem melhor com pesquisas que tenham relação com a prática. Exemplos: Projetos práticos e de pesquisas que tenham relação com a prática e resolução de problemas. Debates de temas polêmicos. Apresentação de seminários. Estudos de caso. A avaliação pode ser resolução de um caso prático, simulações, estudos de caso. Acomodadores: Seu maior potencial (força) éfazer coisas, realizar planos e experiências, e envolver-se em novas experiências. Eles tendem a aceitar mais os riscos das decisões, que as pessoas dos outros três estilos, por sua característica adaptativa. Aplicação: Aplicar, alterar, programar, demonstrar, desenvolver, descobrir, dramatizar, empregar, ilustrar, interpretar, manipular, modificar, organizar, prever, preparar, produzir, relatar, resolver, transferir, usar, construir, esboçar, escolher, escrever, operar e praticar. Preferem atividades em grupo. Aprendem mais com as informações fornecidas por outras pessoas que na sua própria habilidade analítica. Preferem atividades práticas de vivência e que possam lidar com pessoas. Em sala de aula alternar momentos teóricos e práticos. Exemplo: Projetos em grupo. Realização de debates e entrevistas. Aulas práticas de montagem e construções de objetos e simulações, etc. Avaliação em equipe. Avaliação com consulta sobre problema específico e aplicação da teoria em situações práticas. Relato escrito sobre casos práticos. / Divergentes: Possui habilidade imaginativa, criativa e consciência dos significados e dos valores. O divergente tem grande habilidade para ver situações concretas de muitas perspectivas diferentes e de organizar muitas relações de um modo sistemicamente significativo. Síntese: categorizar, combinar, compilar, compor, conceber, construir, criar, desenhar, elaborar, estabelecer, explicar, formular, generalizar, inventar, modificar, organizar, planejar, propor, reorganizar, relacionar, revisar, reescrever, resumir, sistematizar, montar e projetar. Estão mais voltados aos sentimentos. Preferem atividades que estejam voltadas ao sentir e observar, que requeiram criatividade. Exemplos: Trabalhos feitos em grupo de maneira colaborativa. Criação de peças teatrais, musicais. Sessões de brainstorming. Grupos de discussão, debates de questões críticas. Estudos de caso, etc. Avaliação poderia ser feita em equipe, utilizando a técnica de brainstorming com casos que exijam criatividade e imaginação e não somente a reprodução teórica de conceitos. Fonte: Trevelin e Neiva (2011, p.7). De acordo com Méndez (2013, p.299), Uma questão central e básica para conhecer e entender a avaliação em sua complexidade e como proceder com ela é saber qual o conhecimento que vale a pena aprender e, por conseguinte, qual o conhecimento vale a pena ser ensinado.[...]. A pergunta inevitável é: o que e com que finalidade ensinamos? A pergunta remete ao que entendemos como conhecimento valioso e, portanto, merecedor de ser ensinado [...] o que significa, como corolário, que seja a parte da cultura que vale a pena ser aprendida. Méndez (2013, p.300) sinaliza alguns caminhos para a reflexão sobre avaliação: Ele enfatiza que “A avaliação deve agir a serviço de quem aprende e de quem ensina, e a serviço da ação didática, porque ela mesma é um recurso valioso de aprendizagem que garante a aprendizagem.” A avaliação nesta direção tem caráter formativo e a resposta para a necessidade de sua presença nos processos de ensino e de aprendizagem é a seguinte: “necessitamos avaliar porque queremos conhecer quem ensina e quem aprende” (MÉNDEZ, 2013, p.301). Ao perguntar “qual o conhecimento que vale a pena aprender [....], qual o conhecimento vale a pena ser ensinado. [...] e[...] com que finalidade ensinamos?”, Méndez (2013, p.299) também já nos sugere a necessidade de reflexão sobre o “como” ensinar e o “como” aprender. Estas indagações também colocam em pauta a necessidade de conhecer os estilos de aprendizagem de cada um, oferecendo atividades que os impulsionem. / Fonte: http://criancas.ig.com.br/index.php/author/guss/page/7 http://criancas.ig.com.br/index.php/author/guss/page/7/ / 1.4 Funções e tipos de avaliação Quais as funções da avaliação? A avaliação cumpre uma função social através da “certificação do saber” do qual ela é portadora. Como afirmam Sacristán e Gómez (1998, p.325), “a avaliação cumpre sua função seletiva e hierarquizadora em todos os níveis escolares, ainda que em alguns deles, como a educação infantil ou a fundamental, não tenham atribuído explicitamente tal encargo.” Direcionando o foco para o que mais explicitamente nos interessa, passamos a elencar as funções pedagógicas da avaliação, com o devido cuidado de que o exercício de avaliar seja recuperado na direção de um Diagnóstico, isto é, como “recurso para conhecer o progresso dos alunos/as e o funcionamento dos processos de aprendizagem. É a avaliação inicial no começo de uma unidade de ensino ou de um curso. A avaliação apresenta, basicamente, segundo Haydt (2008), três funções: diagnosticar, controlar e classificar. Relacionadas a essas três funções, existem três modalidades de avaliação: diagnóstica, formativa e somativa. Sobre os tipos de avaliação que podem ser selecionados, Rodrigues e Borges (2012, p.30) afirmam que o tipo de avaliação será escolhido de acordo com os objetivos do curso, seu conteúdo, proposta pedagógica, referencial teórico e grau de dificuldade, além disso, analisam-se, também, os diferentes níveis de conhecimento, as experiências já vivenciadas, a capacidade de compreensão, articulação e análise entre tantos outros aspectos. A seguir, na Figura 2, temos uma representação de como ocorre o processo de avaliação durante o percurso formativo: Legenda: Figura 2 – Processo de avaliação Fonte: Adaptado de Polak (2009, p.154) Cada uma dessas funções será abordada a seguir. / 1.4.1. Avaliação Diagnóstica A avaliação diagnóstica tem por objetivo obter informações sobre os conhecimentos prévios dos alunos, seus gostos, interesses, atitudes. Geralmente é usada no início de um conteúdo novo, de um período letivo ou de um projeto. Sobre a avaliação diagnóstica, Sanmartí (2009, p.31) declara que tem como objetivo fundamental analisar a situação de cada aluno antes de iniciar um determinado processo de ensino-aprendizagem, para tomar consciência (professores e alunos) dos pontos de partida, e assim poder adaptar tal processo às necessidades detectadas. Em conseqüência, as atividades iniciais de todo processo de ensino deveriam ter, entre outras coisas, um componente de avaliação inicial. Em outras palavras, a avaliação diagnóstica é aquela realizada no início de uma série ou conteúdo, para verificar os conhecimentos de cada aluno e se ele possui ou não conhecimentos e habilidades imprescindíveis para as novas aprendizagens. Ela subsidia o (re)planejamento e a organização de sequências didáticas e de ações e permite estabelecer o nível de necessidades iniciais para a realização de um planejamento adequado, que deverá ser discutido e constantemente analisado. Com isso, queremos dizer que a primeira coisa a ser feita, para que a avaliação sirva para a democratização de ensino, é modificar a sua utilização de classificatória para diagnóstica. Ou seja, avaliação deverá ser assumida como instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem do aluno, tento em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que ele possa avançar no seu processo de aprendizagem. Desse modo avaliação não seria somente um instrumento para a aprovação ou reprovação do aluno mais sim um instrumento de diagnóstico de sua situação, tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para sua aprendizagem (LUCKESI, 2005, p.52). Nesse sentido, a avaliação deve contribuir para a democratização do ensino, ou seja, a avaliação deverá ser assumida como instrumento de compreensão do estágio de aprendizagem do aluno, tendo em vista tomar decisões suficientes e satisfatórias para que ele possa avançar no seu processo de aprendizagem. A avaliação diagnóstica pode ser realizada por meio de questionários disponibilizados durante o processo de matrícula na unidade curricular ou no curso, pois é importante conhecer os alunos que estão interessados em participar daquela oferta e adaptá-la a suas realidades,suas experiências e conhecimentos (KENSKI, 2006 ). Nessa perspectiva, tais questionários têm os seguintes objetivos: obter informações sobre as necessidades e possibilidades de aprendizagem dos alunos sobre o conteúdo; obter informações sobre as características individuais dos alunos; verificar as suas expectativas sobre o curso; conhecer as razões para se matricular no curso; verificar as experiências e os conhecimentos prévios adquiridos nos assuntos que serão tratados no curso; obter os dados sobre as características sociodemográficas dos alunos; obter informações sobre o nível de escolaridade ou acadêmico dos alunos, entre outras. Outra forma de utilizar a avaliação diagnóstica é solicitar que os alunos produzam um mapa conceitual sobre conteúdos trabalhados. O mapa é um diagrama que indica a relação entre conceitos ministrados, especialmente a relação hierárquica entre eles. Anastasiou e Alves (2010) relatam que a construção de mapas conceituais pode ser / Fonte: http://biblio.upmx.mx feita ao longo de todo um semestre ou apenas em uma unidade de estudo, tema ou conteúdo. Na sequência, citamos alguns critérios que podem ser utilizados para a correção dos mapas conceituais realizados pelos alunos. Lembre-se que, ao solicitar a atividade, é importante comunicar aos alunos quais são esses critérios para eles saberem de que forma serão avaliados. Sequência hierárquica dos conteúdos apresentados Criatividade na produção do diagrama Objetividade e síntese dos conteúdos apresentados Relação justificada Representação dos conteúdos trabalhados A avaliação diagnóstica também pode ser realizada através de um vídeo, uma reportagem de jornal ou mesmo um texto do livro didático, pelos quais o professor poderá verificar, por meio da oralidade ou registro escrito, o que os alunos sabem ou aprenderam. Partindo desse conhecimento prévio, o professor terá condições de organizar ações de modo a retomar incompreensões, imprecisões ou ideias equivocadas referente ao conteúdo em questão. http://biblio.upmx.mx/ / 1.4.2. Avaliação Formativa A avaliação formativa tem como principal objetivo acompanhar o processo de ensino e aprendizagem. Através dela, o professor enfatiza os resultados da aprendizagem e estabelece um comparativo entre os diferentes resultados obtidos pelo mesmo aluno. Sanmartí (2009, p.33) afirma que a avaliação mais importante para os resultados de aprendizagem é a realizada ao longo do processo de aprendizagem. A qualidade de um processo de ensino depende, em boa parte, de se conseguir ajudar os alunos a superarem os obstáculos em espaços de tempo pequenos no momento em que são detectados. Além disso, o fundamental para aprender é que o próprio aluno seja capaz de detectar suas dificuldades, compreendê-las e autorregulá-las. Nesse sentido, a avaliação formativa é realizada no decorrer do ano letivo, com intuito de verificar se os alunos estão atingindo os objetivos de aprendizagem previstos. Esse tipo de avaliação é basicamente orientadora, pois encaminha tanto o estudo do aluno quanto os procedimentos do professor. Além disso, fornece dados para criar condições de melhoria do ensino, visando à aprendizagem, pois possibilita acompanhamento e análise do aprendizado do aluno, mediando o seu percurso formativo em busca do conhecimento. Fonte: https://thenferblog.org Esse tipo de avaliação pode ser classificado de diversas formas, pois utiliza diferentes instrumentos, tais como avaliação participativa, autoavaliativa, avaliativa interpares, motivadora, processual, entre outros. A avaliação formativa possui, entre outras, as seguintes características: Tem como objetivo permitir ao professor compreender como o aluno elabora e constrói seu próprio conhecimento. Pode ser feita com base em vários instrumentos, conforme as aulas forem ministradas. https://thenferblog.org/2017/01/26/schools-that-work-for-everyone-tackling-disadvantage/ / Os registros não devem ser exclusivamente quantitativos, com notas ou mesmo conceitos, mas em forma de relatório e anotações, que definirão estratégias posteriores e serão socializadas nas reuniões do corpo docente. Não tem como objetivo principal a definição de um conceito ou nota, mas o desenvolvimento do aluno verificado durante o processo. Prevê que os alunos têm ritmos e processos de aprendizagem diferentes, logo a progressão da aprendizagem deve ser planejada a partir das necessidades e possibilidades de cada aluno. Levanta a necessidade de investigação do conhecimento prévio do estudante, para o (re)planejamento do trabalho como um todo. Permite a diversificação de formas de agrupamento dos alunos, de forma a atender os diferentes objetivos de aprendizagem. A avaliação formativa é, então, “uma importante fonte de informações para o atendimento às diferenças culturais, sociais, psicológicas dos educandos, o que se torna grande conquista na luta contra as desigualdades e o fracasso escolar” (PERRENOUD, 1999, p.28). E mais, quando agimos reflexiva e razoavelmente partindo de princípios morais, transformamos aquela atividade espontânea, natural, em atividade formativa. Pelo fato de que obtemos conhecimento a partir da avaliação, podemos intervir inteligentemente de um modo justo, equânime, equitativo para aumentar o conhecimento de quem aprende e de quem ensina. O que não é racional, e menos razoavelmente sustentável, é que sejam exames os que definam o conhecimento, isso é a própria perversão do conhecimento. Trivializam-no e empobrecem-no, reduzindo- o a um produto de consumo imediato para o êxito fugaz da prova, da qual se torna e é tratado como mercadoria. É a perversão também do que é aprender e do que é avaliar, considerando como evidente a pobreza intelectual de quem ensina com esse espírito (MENDEZ; MANUEL, 2002, p.85). Os mecanismos de avaliação devem ser aliados ao processo de ensino e aprendizagem de modo a auxiliar a ação do professor na adequação de conteúdos e na identificação de dificuldades. Nessa perspectiva, a avaliação formativa está ligada ao mecanismo de feedback, à medida que também permite ao professor detectar e identificar deficiências na forma de ensinar, possibilitando reformulações no seu trabalho didático, visando aperfeiçoá-lo. A seguir, apresentamos um exemplo de feedback, que expressa o acompanhamento contínuo do processo de aprendizagem do aluno e representa uma forma de avaliação formativa: Na prática Ligia, tudo bem! O registro de sua atividade expressa o quanto você compreendeu sobre as especificidades da oferta de cursos da modalidade EaD. Parabéns! Abaixo registro algumas considerações: / A prática formativa na avaliação tem como objetivo fazer com que todos adquiram conhecimento e apropriem-se desse saber de maneira reflexiva e construtiva. No entanto, não significa que aqueles que não atingirem esse objetivo serão eliminados, afinal a avaliação formativa acompanha o processo de ensino e aprendizagem, com o intuito de verificar se os objetivos iniciais de um trabalho estão sendo atingidos. Enfim, a avaliação formativa permite a adequação entre objetivos e processos de aprendizagem, nível de aprendizagem dos conceitos na unidade curricular, capacidade de aplicação de fundamentos teóricos aprendidos à realidade pessoal e profissional. Destaca a importância de verificar a legislação educacional vigente e legislação específica em EaD. Excelente! Destaca os modelos de educação a distância. Aqui é importante frisar que videoconferência é forma de comunicação síncrona. Somente gostaria de lembrá-la que em um projeto EaD também precisamos pensar: no número de vagas, período de oferta, polo e especificar as atividades serão assíncronas e síncronas , Abraços, Professora Gislene. / Fonte: http://grupoavalicao5a.blogspot.com/2014/10/avaliacao-somativa-classificatoria.html 1.4.3. Avaliação Somativa A avaliação somativa tem por objetivo realizar uma classificação do aluno no final de um período, seja no final de uma unidade curricular, de um bimestreou de um ano letivo. O principal aspecto enfatizado nesse tipo de avaliação é o resultado da aprendizagem baseada em objetivos. Ela consiste em classificar os alunos de acordo com o nível de aproveitamento previamente estabelecido, geralmente tendo em vista sua promoção de uma série para outra ou de um grau para outro. Geralmente são realizados por meio de exercícios, questionários, estudos dirigidos, trabalhos, provas, testes e outros. Luckesi (2005) enfatiza que, para ressignificar a avaliação, é necessário realizar três procedimentos: saber o nível atual de desenvolvimento do aluno (etapa também conhecida como diagnóstico); comparar essa informação com aquilo que está planejado para ensinar no processo educativo (qualificação); tomar decisões que possibilitem atingir os resultados esperados (planejar atividades, sequências didáticas ou projetos de ensino, com os respectivos instrumentos avaliativos para cada etapa). Nessa perspectiva, para (re)significar a utilização da avaliação, é preciso que o professor considere a avaliação no seu verdadeiro sentido, ou seja, de fazer parte do processo de ensino e aprendizagem, pois não podemos propiciar a aprendizagem se não estivermos constantemente avaliando as condições de interação com os alunos e a concepção de ensinar e aprender que permeia a organização da prática pedagógica, especialmente o nível de conhecimento que o aluno apresenta naquele momento. Assim, concebendo a avaliação como parte integrante do processo de ensinar e aprender, a avaliação deixa de ser um momento final para se tornar uma busca que visa à compreensão do educando e oportuniza a construção do conhecimento, levando-o a desenvolver estruturas cognitivas mais complexas durante o seu percurso formativo. / Essas estruturas serão desenvolvidas com a intervenção do professor, que, através da mediação, estimula e propicia condições para que o aluno elabore ou aperfeiçoe seu conhecimento. Nesse sentido, a avaliação pode ser feita de diversas formas e com instrumentos variados, mas “compete ao professor organizar de forma eficiente o processo da avaliação da aprendizagem” (MORETTO, 2002, p.101). Segundo Masetto (2006), essa forma de conceber o processo de ensinar e aprender e, respectivamente, a avaliação exige do professor: atenção nas manifestações dos alunos (orais e escritas); competência para organizar atividades de ensino e encaminhamentos pedagógicos diferenciados que possibilitem a aprendizagem de todos; percepção em relação à compreensão do assunto trabalhado por parte dos alunos; reflexão sobre o motivo que levou a não aprendizagem; verificação sobre o que os alunos fizeram de diferente e/ou de interessante nas atividades propostas; observação de como o aluno pensou para chegar naquele resultado e de onde partiu; elaboração de provas condizentes com a aula dada; análise sobre o grau de interesse e motivação dos alunos; indicação de leituras complementares. Para Anastasiou (s.d, p.8) [...] tanto a ação docente quanto discente não cuida, não se debruça, não investiga os erros cometidos, e suas causas, pois, uma vez dada a nota, não há mais o que fazer. Isto mostra o predomínio da função e ação classificatória no processo dito avaliativo que, nestes casos, incide meramente sobre a verificação. Aqui cabe enfatizar que a avaliação tem que ser realizada para acompanhar o processo de aprendizagem do aluno e buscar compreender como ele aprende. / 1.5 Tipos de avaliação Atualmente existem diversas formas que possibilitam avaliar o processo de ensino e aprendizagem. Convém ressaltar que para avaliar pode-se utilizar uma grande variedade de atividades, instrumentos e técnicas, mas muitas vezes os instrumentos convertem-se em protagonistas, quando de fato são somente meios para alcançar diferentes atividades, isto sim, meios que podem facilitar a tarefa (SANMARTÍ, 2009, p.97). Um mesmo tipo de instrumento pode ser utilizado em diferentes momentos de aprendizagem e para diferentes propósitos, dependendo dos objetivos que se possui ao utilizá-lo e do tipo de conteúdo que será avaliado. Sanmartí (2009, p.98) prossegue esclarecendo que “como os objetivos de aprendizagem são de diferentes tipos (analisar, aplicar, relacionar, deduzir, sintetizar, argumentar, resolver, responder), os instrumentos selecionados deverão permitir que os alunos realizem tais operações”. Dessa forma, concebe-se que a avaliação pode ser feita de diversas formas e com instrumentos variados, mas “compete ao professor organizar de forma eficiente o processo da avaliação da aprendizagem” (MORETTO, 2002, p.101). Enquanto professores, precisamos propor reflexões que nos conduzam à melhor escolha do tipo de avaliação que será aplicada. A preocupação não se restringe somente em escolher o instrumento avaliativo, afinal "não adianta exigir que um grupo não orientado sobre a apresentação de seminários se saia bem nesse modelo. E é inviável exigir que a garotada realize uma pesquisa (na biblioteca ou na internet) se você não mostrar como fazer" (LUCKESI, 2005). Portanto, a escolha do instrumento avaliativo também implica em saber como utilizá-lo, considerando o sujeito da aprendizagem, o aluno. Para que a avaliação sirva à aprendizagem, é essencial conhecer cada aluno e suas necessidades. No lugar de apenas dar provas, o professor deve utilizar a observação diária e multidimensional, além de instrumentos variados, escolhidos de acordo com cada objetivo. Nesse sentido, “não se pode conceber uma avaliação reflexiva, crítica, emancipatória, num processo de ensino passivo, repetitivo, alienante” (VASCONCELLOS, 1993, p.55) . Uma avaliação significativa somente se processa quando o conteúdo ministrado é significativo para o aluno. Sem mudar a forma de trabalhar em sala de aula, especialmente a concepção de ensinar e aprender, dificilmente o professor mudará sua prática de avaliação formal, decorativa, destituída de sentido. Segundo Antunes (2004, p.52) , mudar é preciso, ainda que permanecer seja sempre mais fácil, avaliar plenamente é imprescindível, ainda que medir seja extremamente confortável. / Fonte: http://blogdoprofluismoreira.blogspot.com.br http://blogdoprofluismoreira.blogspot.com.br/ / Encerramento Neste capítulo você estudou sobre avaliação, sua fundamentação ética e histórica. Conheceu os tipos e funções da avaliação, ao final teve uma pequena introdução para o próximo capítulo. Agora que terminou seus estudos do Livro 1, acesse a atividade I e participe!!!! https://moodle.ead.ifsc.edu.br/mod/forum/view.php?id=108366 / Ficha técnica Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional. Título] Teoria e prática da avaliação: desa�os e perspectivas. [Conteúdo] Maria dos Anjos Lopes Viella Gislene Miotto Catolino Raymundo [Design Instrucional] Maria Luisa Hilleshein de Souza Aghata Frade e Márcia Bortolato [Design grá�co] Daniel Mazon da Silva [Local e data] Florianópolis, 2017 http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/ http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/4.0/
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