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Odontologia UFPE Periodontia | Exame clínico e Plano de Tratamento �2021.2� Exame clínico e Plano de Tratamento em Periodontia Para que haja o adequado reconhecimento das doenças periodontais, é muito importante que seja feito um diagnóstico assertivo a partir do exame clínico realizado no paciente, para que assim, o plano de tratamento seja eficaz. Assim, quanto mais informações o exame clínico oferecer ao cirurgião-dentista, mais fácil será reconhecer as diversas doenças e condições do periodonto que podem vir a acometer a cavidade bucal, além de facilitar a realização de um plano de tratamento adequado e assim oferecer um tratamento bem sucedido para o nosso paciente. Diagnóstico em Periodontia O diagnóstico em periodontia é o reconhecimento de uma alteração da saúde no periodonto, baseado em informações obtidas a partir da história médica e dental, exames clínicos e radiográficos do indivíduo e achados laboratoriais. 1. Anamnese; 2. Exame físico; 3. Exame radiográfico; 4. Exames laboratoriais, Anamnese A anamnese consiste em entrevistar o paciente, com o objetivo de coletar o maior número de informações que possam estar relacionadas com a doença. Indícios de doenças relatadas pelos pacientes ● Sangramento durante a escovação; ● Migração dental e abertura de espaços entre os dentes; ● Exposição radicular; ● Inchaços associados a abscessos. Após identificar a queixa do paciente e obter o máximo de informações possíveis, é necessário saber a história médica desta queixa, como por exemplo: ● O tempo de surgimento da queixa; ● Tabagismo e alcoolismo: ● Presença de hipertensão ou diabetes mellitus; ● Stress; ● Pacientes HIV�� sistema imune comprometido com + propensão à infecção. Exame Físico O exame periodontal consiste no exame visual dos tecidos periodontais e busca por alterações inflamatórias como mudança de cor — avermelhada/eritema, perda do contorno dental — edema. Os principais instrumentos para o exame físico são as sondas periodontais. O exame tem função de: 1. Auxiliar na detecção do biofilme dental - Índice de Placa 2. Estado inflamatório do tecido gengival - Índice de Sangramento à Sondagem 3. No diagnóstico de presença de bolsa; 4. Diagnóstico de perda de inserção; 5. Presença de defeitos de bifurcação. Índice de Placa: presença de biofilme O primeiro passo é a identificação da qualidade do controle de biofilme, ou seja, o autocuidado do paciente. Para isso, é realizado um preenchimento de um diagrama para identificar o índice de placa do paciente. Esse diagrama tem o intuito de nos demonstrar, em porcentagem, as faces dos dentes acometidas pela presença de placa bacteriana. Odontologia UFPE Periodontia | Exame clínico e Plano de Tratamento �2021.2� Na clínica odontológica, a identificação é feita por meio de corantes, que elucidam as faces dos dentes cujo biofilme está presente. A identificação do biofilme é mensurada por meio das 4 superfícies dentárias: face vestibular, lingual/palatina, mesial e distal. 128 � n° de faces presentes �32�4� Valor aceitável de placa = 20 a 30%, sendo superior a isso, a qualidade da higiene bucal é deficiente. Índice de sangramento à sondagem O sangramento repetido indica maior risco de progressão da doença e a ausência de estabilidade periodontal. Assim, a avaliação do sangramento é feita por meio da observação de 6 sítios, nos quais há a inserção da sonda: na região distovestibular, vestibular e mesiovestibular do dente. O mesmo vale para a região lingual, sendo distolingual, lingual e mesiolingual. Feito isso, o índice de sangramento é mensurado por meio da marcação de 6 pontos por dente. Assim, ao observar quantos pontos tiveram sangramento, multiplica-se por 100 e divide-se pelo número total de dentes na boca, que é o número de dentes x6. Novamente, o valor aceitável é de 20% a 30%. Diagnóstico de presença de bolsa periodontal A profundidade de sondagem é considerada normal até 3 mm. Na periodontite a profundidade e o nível de inserção é maior que 3 mm em pelo menos dois sítios. É comum que haja sangramento e principalmente perda de inserção. A sondagem sozinha, não é capaz de definir, se há reabsorção óssea, pois é possível que em algumas situações haja a formação de bolsas periodontais falsas, chamadas também de pseudobolsas. Recessão gengival: distância da junção cemento-esmalte à margem gengival Após a avaliação da profundidade de sondagem, o exame periodontal consiste na avaliação da altura das recessões gengivais caso elas existam. Diagnóstico de perda de inserção clínica O nível de inserção clínica mede a perda de inserção do elemento dental. NIC = Distância da JCE até o fundo da bolsa (profundidade de sondagem + recessão gengival). A recessão gengival é a distância da junção cemento-esmalte à margem gengival, migração apical da margem gengival, normalmente é medida com a sonda Carolina do Norte. O valor é muito parecido com o valor de profundidade de sondagem, se não houver edema, quando não existe recessão gengival. Quando existe recessão gengival o nível de inserção clínica é a soma da recessão gengival com a profundidade de sondagem. Odontologia UFPE Periodontia | Exame clínico e Plano de Tratamento �2021.2� Presença de defeitos de bifurcação A sonda Nabers é inserida entre as raízes, se ela fica retida na região de bifurcação, indica que houve reabsorção óssea entre as raízes daquele dente. Na lesão de grau 1, há uma reabsorção óssea inter-radicular que no sentido horizontal não ultrapassa 3 mm. Na lesão de grau 2, é maior que 3mm, mas não houve reabsorção de todo o osso de um lado a outro. Na lesão de grau 3, não existe osso pelo menos na região mais próxima da furca, de um lado a outro. O último parâmetro do exame é a mobilidade do dente, ela reflete de certa maneira a quantidade de perda de inserção, mas existem mobilidades que são causadas por outros motivos, como força oclusal excessiva. Na mobilidade de grau 1, há uma mobilidade ≤ 1 mm no sentido horizontal. Na lesão de grau 2, há uma mobilidade > 1 mm no sentido horizontal Na lesão de grau 3, há mobilidade tanto nos sentidos vertical (intrusão apical) e horizontal. Exames radiográficos Uma vez identificada a presença de bolsas periodontais e o nível de inserção clínica maior do que 3 mm, é necessário que a informação seja complementada por exames de imagem. As radiografias mais indicadas para o diagnóstico da periodontite são as radiografias periapicais que muitas vezes são complementadas por radiografias interproximais na região de molares. As radiografias periapicais nos fornecem informações sobre: - Perda de inserção; - Presença de lesões de furca e defeitos ósseos; - Presença de lesões endodônticas; - Presença de sinais de sobrecarga oclusal. Exames laboratoriais Os exames laboratoriais podem ser solicitados quando durante a anamnese e a investigação da história médica, nós temos a hipótese de alguma doença sistêmica não conhecida pelo paciente. Além disso, os exames laboratoriais costumam ser solicitados de maneira rotineira para o pré-operatório quando cirurgias periodontais são necessárias. Nesses casos, segue-se um protocolo de solicitação de: ● Hemograma completo; ● Coagulograma; ● Glicemia em jejum. Plano de tratamento Ao final do exame físico, auxiliado com informações oriundas dos exames complementares, o diagnóstico do paciente é realizado, com o objetivo de confeccionar o plano de tratamento. Os objetivos do plano de tratamento periodontal são: ● Prevenir a progressão da doença periodontal por meio da eliminação da infecção; ● Restabelecer a saúde periodontal; ● Prevenir a recorrência da doença periodontal. Um tratamento periodontal deve possuir alguns objetivos e metas a serem alcançados. Idealmente deve querer obter: ● Redução do nível de sangramento para um índice �25%; ● Redução do número de bolsas periodontais > 5 mm. Assim, nenhuma bolsa �5mm deve estar presente para considerar um indivíduo com saúde periodontal; ● Ausência de lesões de bifurcação classe III. ● Ausência de dor; ● Satisfaçãodo paciente. O tratamento periodontal, muitas vezes, tem como consequência o desenvolvimento de recessão gengival e de perda de papilas. Por isso, é muito importante que antes da terapia, o paciente seja alertado sobre o risco dessas sequelas, para que ele não fique insatisfeito com o resultado da terapia do ponto de vista estético. O plano de tratamento periodontal consiste numa terapia inicial e na terapia básica, as quais são as terapias não cirúrgicas. Odontologia UFPE Periodontia | Exame clínico e Plano de Tratamento �2021.2� Terapia inicial A terapia inicial consiste em oferecer ao paciente informações sobre a doença, orientar o paciente sobre o autocontrole de placa (fazer a orientação de higiene bucal, com relação a escovação, limpeza interdental e outros dispositivos necessários para as necessidades daquele indivíduo), realizar a raspagem supragengival, e quando possível, a remoção de fatores de retenção de placa. Terapia básica A terapia básica consiste na raspagem radicular, remoção de placa e cálculo da superfície radicular, no alisamento radicular, técnica pela qual o cemento amolecido é removido e a superfície radicular fica lisa e dura. Essa técnica é chamada de debridamento e consiste na remoção de placa e/ou cálculo da superfície dental sem que haja a remoção intencional de estrutura dental, o que suprime a necessidade de uma raspagem mais vigorosa. Terapia cirúrgica Cirurgias conservadoras ● Retalho de Kirkland; ● Retalho de Widman modificado; ● Retalho de Takei Cirurgias ressectivas ● Gengivectomia; ● Retalho de Widman; ● Retalho de Neumann; ● Retalho de Friedman Cirurgias reconstrutivas ● Cirurgias regenerativas; substitutos ósseos; regeneração tecidual; ● Cirurgias mucogengivais; recobrimento radicular, defeitos de rebordo; perda de papila. Terapia periodontal de suporte Tem objetivo de manter a saúde periodontal conseguida pelo tratamento periodontal e também prevenir a ocorrência da mesma, ou seja, impedir a recorrência da doença periodontal. Ela vai ser estabelecida em diversas etapas, com intervalo entre as visitas de acordo com as necessidades dos pacientes. Os pacientes com gengivite, periodontite leve e moderada possuem apenas a necessidade da terapia não cirúrgica (terapia inicial e básica) + a terapia periodontal de suporte. Já os pacientes com gengivite avançada, classificadas dentro dos estágios III e IV, necessitam de uma terapia mais complexa: realização da terapia não cirúrgica + reavaliação do paciente para a decisão da necessidade de terapia cirúrgica complementar, ou caso não haja necessidade da terapia cirúrgica o paciente será incluído na terapia periodontal de suporte. Cuidados especiais O plano de tratamento do paciente deve ser sempre preenchido logo após o diagnóstico. Feito isso, deve ser descrita a necessidade de algum cuidado especial, caso seja necessário, em função da história médica do paciente, como por exemplo hipertensão, alergias e outros cuidados necessários que fujam da rotina de normalidade. Além disso, o tratamento do paciente é descrito por cada sessão clínica a qual o paciente foi submetido. Normalmente, coloca-se a quantidade de sessões clínicas que serão necessárias e com detalhes devem ser descritos os procedimentos realizados em cada um dos atendimentos.
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