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Odontologia UFPE Periodontia | Classificação das Doenças Periodontais �2021.2� Classificação das Doenças Periodontais Periodontia Clínica. CARRANZA, Fermin A. 12ª edição, © 2016 Elsevier Editora Ltda. A classificação foi proposta em um Workshop ocorrido em 2017 e publicada em 2018, pois se acreditava que uma nova classificação para as doenças e condições periodontais e periimplantares era necessária aos clínicos para diagnóstico e plano de tratamento apropriado dos paciente, bem como para auxiliar pesquisadores na investigação da etiologia, patogênese, história natural e tratamento das doenças e condições. �Caton et al., 2018� Esta nova classificação trouxe uma divisão das condições e doenças periodontais e agrupou em três classificações: Saúde Periodontal: Doenças e Condições Gengivais ● Saúde periodontal e saúde gengival; ● Gengivite induzida por biofilme dental; ● Doenças gengivais não induzidas por biofilme dental. Periodontite ● Doenças periodontais necrosantes; ● Periodontite ● Periodontite como manifestação de doenças sistêmicas Outras condições que afetam o periodonto ● Doenças ou condições sistêmicas que afetam os tecidos periodontais de suporte; ● Abcessos periodontais e lesões endodônticas-periodontais ● Forças oclusais traumáticas ● Fatores relacionados a dentes e próteses. Além das doenças e condições periodontais, a nova classificação inclui grupos que estão relacionados a doenças e condições periimplantares. Esses grupos se subdividem em quatro: Doenças e condições periimplantares ● Saúde periimplantar; ● Mucosite periimplantar; ● Periimplantite ● Defeitos nos tecidos periimplantares Saúde periodontal e saúde gengival Saúde periodontal plena É a total ausência de inflamação clínica e vigilância imune fisiológica em um periodonto com suporte normal (ausência de perda óssea ou de inserção). Não é observada clinicamente. Saúde periodontal clínica Ausência de níveis mínimos de inflamação clínica em um periodonto com suporte normal, que nunca apresentou perda de suporte periodontal. Estabilidade da doença periodontal Em um periodonto reduzido (já vivenciou reabsorção óssea e perda de inserção clínica), observa-se inflamação mínima, ótima resposta terapêutica e controle dos fatores modificadores. É o objetivo primordial da terapia. Ou seja, ela é classificada quando um indivíduo apresentou uma periodontite, realizou o tratamento e obteve sucesso na terapia. Odontologia UFPE Periodontia | Classificação das Doenças Periodontais �2021.2� Controle/remissão da doença periodontal Em um período reduzido, observa-se diminuição significativa da inflamação mínima, melhora dos parâmetros clínicos e estabilização da progressão da doença, todavia, sem controle dos fatores modificadores. Ou seja, a doença não apresenta evolução durante tal período. No entanto, esse indivíduo ainda pode ter fatores locais ou sistêmicos que trazem risco para a periodontite. Assim, os indivíduos tratados que alcançam uma boa condição de interrupção da periodontite, não havendo progressão da óssea e perda de inserção, não havendo sinais clínicos de inflamação gengival podem ainda ter fatores sistêmicos ou locais não controlados. Nesse sentido, entende-se que o indivíduo está em remissão da doença periodontal. O que sugere que por conta desses fatores não controlados, não há uma estabilidade a longo prazo da periodontite que já foi vivenciada. Gengivite induzida pelo biofilme dental O indivíduo pode desenvolver inflamação gengival sem que haja reabsorção óssea ou perda de inserção em função do acúmulo de biofilme proveniente do controle deficiente pelos métodos convencionais de limpeza da cavidade bucal, sobretudo a escovação e a utilização de dispositivos de limpeza interdental como o fio dental. Existem padrões variáveis de sinais e sintomas de inflamação que são localizados na gengiva e se iniciam em decorrência do acúmulo de biofilme microbiano sobre os dentes. Esse tipo de gengivite pode ser classificada em: ● Associada apenas com o biofilme dental bacteriano; ● Com fatores modificadores potenciais; ● Aumento gengival influenciado por drogas. Associada apenas com o biofilme dental bacteriano De maneira geral, a gengivite induzida pelo biofilme dental apresenta sinais e sintomas limitados ao tecido gengival. A presença de biofilme ou de placa bacteriana é o que faz a doença iniciar. Assim, todo indivíduo que apresenta um controle deficiente controle de biofilme desenvolve sinais de inflamação gengival. Esses sinais podem ser subclínicos (histológicos) ou podem ser sinais clínicos: - Edema (aumento do contorno gengival); - Eritema (vermelhidão) - Sangramento a estímulo; - Halitose Não há evidência de perda das estruturas de suporte periodontal. Ou seja, por meio do exame radiográfico ou da sondagem periodontal, não se percebe imagens ou características clínicas sugestivas de reabsorção do osso alveolar. Além disso, a gengivite é reversível após a remoção do fator etiológico, que é o biofilme dental. Assim, a partir da remoção do biofilme aliado ao seu adequado controle, os sinais e sintomas da gengivite tendem a desaparecer. O tratamento da gengivite é muito importante, visto que ela é um precursor da periodontite. Todos os indivíduos portadores de periodontia tiveram quadros inflamatórios na gengiva que precederam a perda de inserção periodontal. A gengivite associada ao biofilme se classifica de acordo com sua extensão e pela sua severidade. Sendo assim: ● �30% dos dentes = localizada ● �30% dos dentes = generalizada. De acordo com a severidade, tem-se uma classificação um tanto quanto subjetiva: ● Leve: mudanças discretas de cor e textura ● Moderada: área com eritema, edema, aumento gengival e sangramento à sondagem ● Severa: severo eritema e edema e sangramento ao toque. Odontologia UFPE Periodontia | Classificação das Doenças Periodontais �2021.2� Com fatores modificadores potenciais Diversos fatores podem favorecer o surgimento da gengivite. Podem ser: 1. Condições sistêmicas ● Hormônios sexuais: - Puberdade; - Ciclo menstrual - Gravidez; - Contraceptivos Orais ● Hiperglicemia ● Leucemia ● Tabagismo ● Má nutrição 2. Outros fatores que aumentam o acúmulo de placa ● Margem subgengival de restaurações com sobrecontorno ● Hipossalivação 3. Aumento gengival influenciado por drogas Pode ser classificado de acordo com a extensão e a severidade: Extensão: - 1 dente ou um grupo de dente = localizado - vários dentes na boca = generalizado. Severidade: - Leve: papilas interdentais; - Moderada: papilas interdentais e margem gengival; - Severa: papilas interdentais, margem gengival e gengiva inserida. Doenças gengivais não induzidas por biofilme A gengiva humana pode exibir diversas lesões não induzidas por placa. Estas lesões podem representar manifestações de condições sistêmicas, bem como mudanças patológicas limitadas aos tecidos gengivais. O curso clínico das lesões não induzidas por placa pode ser impactado pelo seu acúmulo e, consequente inflamação gengival. 1. Desordens genéticas/de desenvolvimento; 2. Infecções específicas; 3. Condições e lesões inflamatórias e imunes; 4. Processos reativos; 5. Neoplasias; 6. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas; 7. Lesões traumáticas; 8. Pigmentação gengival. Desordens genéticas/ desenvolvimento Fibromatose gengival hereditária É uma doença rara, relacionada a uma mutação genética. Clinicamente caracterizada por crescimento gengival em graus variados. Ela pode acometer indivíduos que apresentam um excelente controle de biofilme. . Infecções específicas Origem bacteriana: - Doenças periodontais necrosantes (Treponema spp. Fusobacterium spp., Protovella intermpedia e outros) - Neisseria Gonorhoeae (gonorreia) - Treponema Pallidum (sífilis) - Mycobacterium tuberculosis (tuberculose) - Gengivite estreptocócica (cepas Streptococcus) Odontologia UFPE Periodontia | Classificação das Doenças Periodontais �2021.2� Origem viral: - Herpes Simples ½ (primária ou recorrente) - Varicella-zoster virus - Molluscumcontagiosum virus - Human Papilloma virus (papiloma das células escamosas, condiloma acuminatum, verruga vulgaris e hiperplasia epitelial focal) Origem fúngica: - Candidose (placas esbranquiçadas sobre o tecido gengival, que são facilmente removidas quando esfregadas) - Outras micoses (histoplasmose, aspergilose) Condições e lesões inflamatórias imunes Reações de hipersensibilidade: - Alergias por contato; - Plasma cell gingivitis; - Eritema multiforme. Doenças auto-imunes de pele e mucosa: - Pênfigo vulgar; - Penfigóide; - Líquen Plano; - Lúpus eritematoso. Condições inflamatórias granulomatosas (granulomatose orofacial) - Doença de Crohn; - Sarcoidose. Processo reativos - Epúlide fibrosa - Granuloma fibroblástico calcificante; - Granuloma piogênico (epúlide vascular); - Granuloma periférico de células gigantes (ou central). Neoplasias Neoplasias pré-malignas - Leucoplasia; - Eritroplasia Neoplasias malignas - Carcinoma de células escamosas; - Leucemia; - Linfoma. Doenças endócrinas, nutricionais e metabólicas Deficiência de vitaminas - Deficiência de vitamina C (escorbuto) Lesões traumáticas Injúrias físicas/mecânicas - Queratose friccional; - Úlceras gengivais induzidas por escovação; - Injúrias falsas (auto-induzida). Injúrias químicas - Adesivos; - Clorexidina; - Ácido acetilsalicílico; - Cocaína; - Peróxido de hidrogênio; - Detergentes dos dentifrícios; - Paraformaldeído ou hidróxido. Injúrias térmicas - Queimaduras da mucosa. Pigmentação gengival - Pigmentação gengival/melanoplasia - Melanose do fumante; - Pigmentação induzida por drogas (antimalária, minociclina) - Tatuagem por amálgama Doenças periodontais necrosantes A prevalência é baixa. Representam as condições de maior severidade relacionadas ao biofilme dental, levando a rápida destruição tecidual. No entanto, elas são as que mais causam dor nos pacientes, e podem ocasionar uma destruição tecidual bastante rápida. Portanto, entende-se as doenças periodontais necrosantes como quadros agudos, devido ao seu curso ser bastante rápido. Odontologia UFPE Periodontia | Classificação das Doenças Periodontais �2021.2� Gengivite necrosante Características clínicas Apresentam áreas de necrose e úlceras da papila, juntamente com a formação de uma pseudomembrana com sangramento gengival. Essa pseudomembrana aparece em decorrência da necrose da ponta das papilas e leva à exposição do tecido conjuntivo, que faz com que o paciente tenha um quadro de dor intensa. Devido ao sangramento gengival espontâneo associado ao quadro de necrose tecidual das pontas das papilas e das margens gengivais, é bastante comum que haja halitose bastante intensa. Além disso, o indivíduo acometido apresenta características clínicas extra-bucais como febre, linfadenopatia e sialorréia (hipersalivação). Periodontite necrosante Características clínicas Possui uma etiopatogenia bastante semelhante a da gengivite necrosante, mas ela acontece em pacientes já acometidos pela periodontia, com reabsorção óssea, bolsas periodontais e perda de inserção clínica. Nesses pacientes também existe a necrose e a úlcera na região de papilas e de margem gengival. Além disso, existe uma área sem suporte ósseo por conta da reabsorção provocada pela periodontite em casos mais extensos. No mais, há quadros de maior necrose tecidual mais acentuada e quadros clínicos com sangramento gengival com dor intensa acompanhada de halitose. Além disso, o indivíduo acometido apresenta características clínicas extra-bucais como febre, linfadenopatia e sialorréia (hipersalivação). A diferença entre a gengivite necrosante e a periodontite necrosante é a destruição óssea e a perda de inserção com sequestro ósseo. Em geral, esses quadros de gengivite/periodontite necrosante estão associados a períodos de imunossupressão e grande estresse. Ela foi descoberta em um período de guerra e foi denominada de “boca de trincheira”, devido ao ambiente hostil e estressante na qual os soldados acometidos viviam. Estomatite necrosante Características clínicas Se apresenta clinicamente com uma necrose uma úlcera das papilas, com sangramento gengival acompanhado de pseudomembrana, halitose e dor. No entanto, a necrose é tão intensa que expõe o tecido ósseo de pacientes — geralmente imunologicamente comprometidos.
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