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entre sonhos e desafios Alexandre Barbosa Pereira Uma aventura entre sonhos e desafios PROJETO DE VIDA 9 786599 049323 Vida Projeto Meu de MANUAL DO PROFESSOR Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo e doutor em Antropologia Social pela mesma Universidade. Professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Paulo. Alexandre Barbosa Pereira Canoas 1.a edição 2020 Vida Meu Projeto de PROJETO DE VIDA Uma aventura entre sonhos e desafios MANUAL DO PROFESSOR © Tulipa Editora, 2020 © Alexandre Pereira Barbosa, 2020 Coordenação editorial e de produção: DB Produções Editoriais Edição: Sâmia Rios Projeto gráfico, edição de arte e editoração eletrônica: A+ com Imagens de capa: Rawpixel.com/Shutterstock Pexels Ilustrações: Cris Eich Iconografia: Marcia Sato Revisão: Solange Pereira Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) P436 Pereira, Alexandre Barbosa Meu projeto de vida: uma aventura entre sonhos e desafios / Alexandre Barbosa Pereira. – Canoas, RS: Tulipa, 2020. ISBN 978-65-81722-02-9 (aluno) ISBN 978-65-99049-32-3 (professor) 1. Educação. 2. Educação Integral. 3. Educação Inovadora. 4. Práticas Pedagógicas. 5. Metodologias Ativas. 6. Projeto de Vida. 7. Autonomia. I. Título. II. Uma aventura entre sonhos e desafios. III. O meu encontro comigo. IV. O meu encontro com os outros. V. O meu encontro com o mundo. VI. Fim da jornada. CDU 37 CDD 370 Catalogação elaborada por Regina Simão Paulino – CRB 6/1154 Canoas, 1.a edição, 2020. Tulipa Editora Ltda. – Todos os direitos reservados. Rua Padre Anchieta, 215 / cj. 105 Nossa Senhora das Graças Canoas-RS CEP 92110-050 “Existimos como seres humanos na existência social, e a linguagem, a razão e a autoconsciência surgem e se dão como fenômenos sociais: sem socialização não há linguagem, não há razão, não há autoconsciência, não há apercebimento de emoções e, sem amor, nós não somos seres sociais.” MATURANA, Humberto. A ontologia da realidade. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014. IL U ST R AÇ Õ ES C R IS E IC H 1 M ódulo 2 M ódulo Sumário Apresentação 6 O meu encontro comigo 27 O que é um projeto de vida? 28 As tecnologias e as transformações em nossa vida 35 A identidade e os papéis sociais da juventude 40 Biografias 47 Diário pessoal 54 Sonhos: entre imaginação e fantasia 62 Vivência de transição 67 Avaliação do Módulo 1 68 O meu encontro com os outros 69 Conhecendo o outro, conhecendo-se melhor 71 Afinal, quem são os outros? 75 O amor como encontro e as muitas formas de amar 80 O estranho, o familiar e o respeito às diferenças 85 Sonhos coletivos e o bem comum 97 O meu projeto no mundo e o mundo no meu projeto 105 Vivência de transição 107 Avaliação do Módulo 2 108 O meu encontro com o mundo 109 Um mundo em transformação 110 Mapear o mundo, mapear a si mesmo 114 Nós – as conexões que nos fortalecem 120 Da escola para o mundo 128 Um propósito para a vida 135 Vivência de fechamento 139 Avaliação do Módulo 3 141 3 M ódulo Fim da jornada 143 Avaliação final 145 Relação das competências gerais e específicas e habilidades mencionadas nesta obra 146 Referências bibliográficas comentadas 150 6 Apresentação Veja comentários na Assessoria Pedagógica. 6 IL U ST R AÇ Õ ES : C R IS E IC H Prezadas e prezados estudantes, Este será o seu livro de projeto de vida durante o Ensino Médio! Sugerimos que utilize um caderno para fazer as anotações e as atividades solicitadas. Por meio deste livro, você caminhará em busca de muitas descobertas sobre o seu lugar no mundo e o que quer para o futuro. Você sabe o que é um projeto de vida? Se não sabe, este livro o ajudará a descobrir! Já pensou em transformar seus sonhos em um projeto efetivo para a sua vida? Tem ideia de como organizar seus objetivos em um plano para o futuro? Prepare-se, então, pois aqui vamos conversar sobre tudo isso, e ainda discutir sobre a importância de construir um plano de ação para o futuro. O que estamos propondo a você, portanto, é uma viagem ao seu próprio inte- rior, para refletir sobre como você lida com seus sentimentos e anseios, e também ao mundo que quer explorar em sua trajetória no futuro, com todos os seus desafios. Quem é você, de onde veio e o que quer? Essas são algumas das muitas questões que você fará a si mesmo e aos seus colegas de turma. Para ajudá-lo em sua jornada, organizamos o volume em três módulos: O meu encontro comigo O meu encontro com o mundo O meu encontro com os outros 1 2 3 7 8 Apresentação Qual é o seu propósito para a vida? Em todos os módulos, você vai encontrar um convite para uma pro- funda reflexão sobre o seu lugar no mundo em que vivemos, seja na es- cola, no bairro ou na família. Entender o seu papel em cada um desses espaços sociais é fundamental para que você tenha maior consciência de suas potencialidades, de seus limites e daquilo que pode melhorar para alcançar seus sonhos! Em outras palavras, este livro de projeto de vida é, na verdade, um livro sobre sonhos. Nele, você encontra dicas para ampliar seu repertório cultural e convites para uma reflexão mais aprofundada sobre si mesmo e a sociedade ao seu redor. Trabalharemos também com propostas de rodas de conversa e com- partilhamento de ideias, atividades de reflexão e pesquisa e com a reali- zação de vivências, entre muitas outras experiências instigantes. A fina- lidade principal é discutir em conjunto qual é o seu propósito para a vida. Esperamos que aprecie! Antes de começarmos efetivamente a pensar sobre os seus so- nhos e projeto de vida, vamos tentar entender um pouco melhor, afinal, o que é e para que serve um projeto. Todos nós temos sonhos e gostamos de imaginar como será o nos- so futuro. De certa maneira, essa é, ou pelo menos deveria ser, uma das prin- cipais motivações de nossas vidas. Entretanto, há uma grande questão que sempre surge: quais as reais possibilidades de esses sonhos se concretizarem? Isso demonstra a importância de sempre nos indagarmos sobre quais condições efetivas temos, no presente instante, para alcançá-los e o que é preciso fazer para superar algumas limitações. projeto? O que é um Veja comentários na Assessoria Pedagógica. 9 Este é o primeiro convite que fazemos a você: adentrar um pouco o cenário dos projetos, com o objetivo de realizar um exercício prelimi- nar de aquecimento para a verdadeira viagem que propomos: a busca da compreensão de quem você é, como são as suas relações sociais e aonde, afinal, você quer chegar. Os tempos do projeto de vida Quando falamos em projeto, estamos nos referindo, principalmen- te, a um procedimento que envolve uma mudança de comportamento, que consiste em conceder um tempo para analisar e pensar a respeito de quais ações devem ser realizadas para chegar à concretização de um objetivo. Trata-se, portanto, de algo que elaboramos com a finalidade de planejar nossas ações futuras ou de garantir a melhor solução para um problema ou desafio. No entanto, muitas vezes não encontramos tempo para planejar nossos atos mais importantes, porque estamos imersos nas inúmeras tarefas da vida cotidiana. Por isso, o principal movimento que este livro propõe a você é de parar para refletir sobre essas e outras questões muito relevantes. Se um projeto é muito impor- tante para o futuro, ele não se re- sume apenas a esse olhar à frente, porque é formulado com as condi- ções que temos no presente e que foram acumuladas no passado, em nossa trajetória de vida. Assim, trata-se de um instrumento que planeja o que está por vir, mas de- pende fundamentalmente do que já experimentamos e aprendemos. Ele atesta a nossa capacidade de nos organizarmos hoje para o ama- nhã, mas tomando como referência o que aprendemos ao longo de toda a nossa vida. Além disso, um projeto pode ser tanto um empreendimento indivi- dual quanto uma mobilização coletiva. Entretanto, mesmoquando se tra- ta de algo individual, sua construção depende de como nos posicionamos no mundo e interagimos com as outras pessoas. Nossas relações sociais LE IG H P R AT H ER /S H U TT ER ST O CK Para muitos, a ampulheta é uma metáfora da vida e do tempo. 10 Apresentação podem não só fortalecer nossos projetos, como também ser fundamen- tais para a sua realização e efetivação no futuro. Porém, falaremos disso mais adiante. Por ora, queremos fundamentalmente que você entenda o que é um projeto de maneira mais geral, fazendo um levantamento das atividades que dependem dele para serem concretizadas. Quem ou o que precisa de projeto? Você já deve ter entendido que um projeto diz respeito a como nos organizamos para o futuro. No entanto, você sabe como ele é rea- lizado no presente? O que é necessário fazer para se obter ou cons- truir um projeto? Afinal, quem ou o que, de fato, precisa desse tipo de procedimento? Na verdade, a ideia de projeto está inserida nas mais diferentes es- feras da sociedade em que vivemos. Por isso, até mesmo ações mais cotidianas ou produtos que consumimos são resultado de um ou até de muitos projetos. Vamos caminhar e observar o que os projetos podem fazer? O que vamos propor a partir de agora é um passeio para que você saiba melhor quem ou o que precisa de pro- jeto e a importância deles em nossas vidas. Comece com uma jornada imaginária pelas cidades brasileiras, onde já se pode encontrar uma série de projetos. Caminhe pela sua cidade ou por uma cidade próxima de onde você mora. Se nela houver prédios, pontes ou alguma outra grande obra, certamente houve ali um projeto de construção que permitiu que tudo isso existisse. E o que seria um proje- to de construção? Bem, trata-se de algo que envolve todos os procedimentos necessários para a realização segura de uma obra, com a finalidade de evitar problemas futuros. Nesse sentido, um projeto pode abranger outros pro- jetos dentro dele. No caso da construção de um prédio, por exemplo, é preciso seguir várias etapas e, em cada uma de- las, há algumas perguntas a serem respondidas e cuidados a serem tomados. CR IS E IC H 11 1. A escolha do lugar Onde a obra será construída? Quais as condições desse local para que ela possa ocorrer ali? O terreno é seguro? Essas são algumas das questões prévias antes mesmo de iniciar o projeto de construção de uma obra. 2. O projeto arquitetônico Qual o projeto arquitetônico da obra que se pretende construir? Ou seja, qual será o desenho que determinará o seu formato externo e in- terno? Essas são as principais perguntas dessa etapa, que geralmen- te acontece com base no diálogo com quem encomendou a obra, mas também com a legislação municipal e o plano diretor, que definem como deverá ser a sua realização. Ou seja, há também um conjunto de regras ou limites que designa o que se pode e o que não se pode fazer em de- terminados espaços. 3. O projeto de construção Após o projeto arquitetônico, é preciso definir o projeto da constru- ção, para, justamente, pensar a sua viabilidade e quais materiais serão necessários para a sua realização com êxito. ▲▲ Arquiteto em ação. ▲▲ Projeto arquitetônico de uma edificação. R AW PI X EL .C O M /S H U TT ER ST O CK M A KS YM D YK H A /S H U TT ER ST O CK 12 Apresentação 4. O acompanhamento do projeto Por fim, há a construção da obra, que deve sempre ser acompanha- da pelos responsáveis pelo projeto original, a fim de certificar-se de que o que foi planejado está sendo seguido e de que nada sairá errado. Ou seja, mesmo durante sua execução, não se deve abrir mão do projeto, pois ele é fundamental para que os objetivos sejam alcançados. O plano diretor de um município também é um projeto! Tra- ta-se do modo como esse município planeja o uso de suas mais diferentes áreas urbanas. Por exemplo, por meio dele, definem- -se onde podem ser construídos prédios comerciais e onde é permitida apenas a presença de residências. O plano diretor or- ganiza a ocupação do solo urbano, com a finalidade de garantir o bem-estar da maioria dos habitantes de uma cidade. Um plano diretor municipal deve, portanto, orientar para a preservação do meio ambiente e da memória da população local, entre outras preocupações. Ele é obrigatório para as cidades com mais de 20 mil habitantes, conforme o artigo 182 da nossa Constituição Fe- deral. Você sabe se a sua cidade se enquadra nesse critério? Em caso afirmativo, você conhece o plano diretor dela? Se a obra de um prédio não possui um projeto sério e muito bem elaborado e executado, ela pode apresentar problemas posteriores e até mesmo colocar em risco a segurança das pessoas. Por isso a impor- tância de um projeto que planeje corretamente as ações futuras, ava- liando todos os riscos que devem ser evitados e suas consequências. Veja comentários na Assessoria Pedagógica. # F IC A A D IC A Veja comentários na Assessoria Pedagógica. M IC RO G EN /S H U TT ER ST O CK Mestre de obras em ação. 13 As cidades e seus projetos Você já deve ter notado então, ao caminhar pela cidade, que grande parte do que observa ao seu redor é resultado de um projeto e, muitas vezes, a própria cidade é resultado de um projeto prévio. Um dos gran- des problemas que encontramos na maioria das cidades brasileiras, aliás, reside no fato de elas não serem resultado de um projeto. Ou seja, não foram planejadas adequadamente e, assim, cresceram de maneira desordenada, gerando uma série de questões ambientais e sociais. Brasília é uma das poucas cidades planejadas do país. Pro- jetada pelos famosos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, ela se tornou modelo para o mundo de projeto arquitetônico e urbanístico moderno. Por isso, recebeu o título de patrimônio cultural da humanidade pela Unesco – organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Existe projeto no supermercado? O que propomos agora é que você continue o seu passeio pela ci- dade. Que tal entrar em um supermercado? A construção da edificação que o abriga é também resultado de um projeto arquitetônico, como acabamos de observar. Porém, sabemos que ali funciona um empreen- dimento comercial. Sendo assim, para que fosse um empreendimento bem-sucedido, certamente os seus responsáveis devem ter formulado minimamente um projeto para pesquisar as condições reais para a sua instalação e o início do empreendimento. Ou seja, foi necessário criar um plano de negócios que deve ter formulado ao menos as seguintes questões prévias: 1 Quem será o público consumidor? 2 Quais serão os produtos oferecidos? 3 Quem serão os respectivos fornecedores? 4 Qual será o investimento necessário para garantir que o negócio ocorra bem? Toda abertura de empresa – seja ela grande ou pequena – depen- de de um projeto que leve em consideração as reais condições de quem quer empreender. Do contrário, a chance de as coisas não caminharem bem é grande. # F IC A A D IC A ▲▲ Brasília, capital federal do país. TO M Á S FA Q U IN I 14 Apresentação O projeto e seus produtos Que interessante, não? Você nem chegou a entrar no supermerca- do e já descobriu que, para criá-lo, foram necessários pelo menos dois projetos: o de construção e o de negócios. Agora, imagine-se dentro desse supermercado. Olhando ao seu re- dor, o que você vê? Uma grande quantidade de produtos à venda, certo? Porque, se o responsável pelo supermercado pensou bem o seu pro- jeto de negócios, é bem provável que haja uma enorme e diversificada oferta de produtos. De um lado, há os produtos de limpeza; do outro, os alimentícios; mais adiante, as utilidades domésticas. O que queremos saber agora é: 1 Será que para tudo isso estar lá dentro também foi necessário um projeto? 2 Será que para cada um daqueles produtos foi necessário um pro- jeto? O que você acha? Sim! Grande parte dos produtos que está ali resultou de um ou mais projetos, elaborados e realizados em muitasetapas. A criação dos pro- dutos pode ter envolvido um projeto científico ou químico. No caso de um item de limpeza ou de um alimento industrializado, por exemplo, foi preciso um projeto químico, que indicasse a sua melhor composição. Porém, da mesma forma que ocorre com o empreendimento do supermercado, aquele que comercializa o produto também deve ter elaborado um projeto de negócios, pensando na sua distribuição, por exemplo. E como os supermercados podem saber se haverá interesse no que pretendem vender? Certamente, será preciso um projeto específi- co, que demande uma pesquisa para avaliar os reais interesses dos con- Y A N LE V /S H U TT ER ST O CK Químico trabalhando em laboratório. 15 sumidores em determinado produto ou no que é preciso fazer para que que esse produto atraia a atenção dos consumidores. Ou seja, é preciso elaborar um projeto ou plano de divulgação e publicidade, pensando em como, onde e de que maneira se deve divulgar o produto. Se houver recursos financeiros suficientes, e caso se deseje anun- ciar o produto em um comercial de televisão, por exemplo, será preciso pensar também em um projeto ou roteiro muito bem estudado e pla- nejado para que essa propaganda seja bem-sucedida e cumpra com os seus objetivos de despertar interesse e motivar as vendas. ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Imagine agora que você precisa criar e vender um produto, pensan- do em todas as etapas necessárias para esse projeto. O que se- ria necessário planejar para que o seu projeto seja bem-sucedido? Faça uma pesquisa sobre outros produtos similares ao seu e pense num projeto de divulgação para o produto que você criou. Compar- tilhe com a turma. O que comemos também faz parte de um projeto? Aproveitando que está “no” supermercado, por que não comprar alguma coisa para fazer uma refeição especial hoje? Para isso, você também precisa de dois projetos: 1 Primeiro, o seu planejamento financeiro: quanto você pode gas- tar? Até mesmo a lista de compras para o supermercado é um projeto que alinha o que você precisa e o que tem reais condições financeiras de adquirir. 2 Segundo, para preparar o seu prato favorito, você precisa saber quais são os ingredientes necessários e anotá-los na lista de compras que levou ao supermercado. Voltando para casa, é hora de cozinhar a sua esperada refeição! Chega dessa história de projeto, pois você deve estar com fome, certo? Não! Espere um momento! E a receita? Sem ela, pode ser que o prato não dê certo. Veja se alguém da sua família tem uma recei- ta ou pesquise na internet. E o que é uma receita se não um projeto de como preparar uma refeição cotidiana ou uma comida especial de que gostamos muito? Basta seguir a receita que a chance de tudo dar certo é enorme. 16 Apresentação O mesmo ocorre com um projeto comum. Sempre que precisamos alcançar um objetivo futuro, o ideal é planejar, escrever um projeto e pensar nos passos para se chegar a ele e nas condições que se têm no momento para isso. Isso é o que se tem de fazer para cozinhar também, pois é preciso saber quais são os ingredientes necessários e o modo de preparo. ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Pesquise em casa sobre as receitas que são utilizadas pelas pes- soas mais velhas com quem você convive ou em sua vizinhança. 1 Como será que elas chegaram a essas receitas? Alguém as ensinou? Quem? 2 Quais etapas e cuidados são necessários para cozinhar um prato especial, ou fazer um bolo bem gostoso? 3 Alguém que você conhece possui um livro de receitas? Você já o viu? Como ele é? Pesquise na internet a receita de uma comida de que você goste muito e veja os passos para a sua elaboração. Caso esteja com co- ragem e disposição, por que não tentar preparar esse prato especial do modo que a receita indica? Projeto para a sua diversão Pausa para descansar depois dessa longa caminhada! Se você pos- sui algum game no seu celular, que tal jogar um pouquinho? Opa, será que tem projeto aqui também? Claro que tem! Começando pelo seu ce- lular: assim como os produtos que você encontrou no supermercado, ele é resultado de inúmeros estudos e projetos. E o game? Sem um projeto, ele certamente não exis- tiria. Os jogos digitais são produzidos por profissionais do campo de game design, responsáveis, justamente, por desenvolver o projeto desses aplicativos. O projeto de um game, nesse caso, apresenta muitas similaridades com o projeto arquitetônico de uma casa ou de qualquer outra obra. Ou seja, ele parte de um desenho, daí o nome em in- glês design. Não escreva no livro Veja comentários na Assessoria Pedagógica. KO K TA RO /S H U TT ER ST O CK Adolescente jogando game no celular. 17 O profissional de game design é responsável por projetar e dese- nhar todos os ambientes do jogo digital. Ele formula as ideias de jogos e pensa nos planos para colocá-las em prática, como algo divertido e que atraia a nossa atenção; ele pensa nos diversos cenários (a interface visual), níveis, objetos e personagens controlados pelo computador ou pelos jogadores. Um game, portanto, também é resultado de um projeto! E você, já pensou em ser ou conhecer mais sobre o que faz um game designer? Sabia que há inúmeros programas gratuitos de desenvolvimento de jogos? Alguns, inclusive, para iniciantes que saibam pouco de programação? Uma rápida pesquisa na in- ternet já pode lhe revelar uma série de alternativas. E o restante é com você! MAIS SOBRE ➜▲SCHUYETEMA, Paul. Design de games: uma abordagem prática. São Paulo: Cengage Learning, 2008. ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Pesquise mais a respeito de qual é o trabalho de um game designer e quais programas e aplicativos existem para a criação de games. E na escola, existe projeto? Depois desse passeio pelo supermercado, pela cozinha e pelo en- tretenimento com os games, vamos voltar à escola? Aliás, nela também há muitos projetos. Tudo que o professor ensina faz parte de um projeto que está alinhado com o que o Ministério da Educação prevê para cada etapa de ensino em que o aluno se encontra, e também com o que a es- cola determina como seu projeto pedagógico e com o que ele mesmo seleciona em seus planos de aula. Assim, antes de chegar à sala de aula, o professor construiu um projeto para de- finir o conteúdo, a metodologia de ensino e o planejamento de cada aula. Ou seja, todas as matérias que você estuda e as li- ções que faz são parte de um projeto que tem como objetivo garantir-lhe o melhor aprendizado e dar-lhe condições para que você possa construir uma boa base esco- lar, que certamente será útil em sua traje- tória profissional e em sua vida. # F IC A A D IC A Veja comentários na Assessoria Pedagógica. CR IS E IC H 18 Apresentação Psiu, um segredo: este livro também é resultado de um projeto, que envolveu o planejamento de temáticas e questões, sempre pensando em você e nas suas expectativas de aprendizado. Será que até aqui o livro tem cumprido com o seu objetivo, que é de apresentar claramente, ainda que de forma inicial, o que é um projeto e sua importância em nossa vida? Roda de conversa Como saber se um projeto está dando certo? Propondo ativida- des de avaliação! Por isso, discuta com o professor e os colegas sobre o que aprendeu no livro até aqui. 1 O que você entende que seja um projeto e qual a sua importância para as diferentes esferas da vida? 2 O que ou quem, afinal, precisa de um projeto? 3 Considerando o que estudou até aqui, você teria vontade de proje- tar algo? Um projeto de pesquisa Um dos objetivos da escola é justamente preparar você para ser ca- paz de, entre outras coisas, elaborar um projeto de pesquisa. Esse pro- jeto pode caracterizar-se como um levantamento histórico, uma obser- vação de campo sociológica ou mesmo uma investigação laboratorial no campo da bioquímica. Embora a universidade seja o local em que se desenvolvem efetiva- mente os projetos de pesquisa científica, na escola já podemos conhe- cer um pouco a esserespeito e entender o que é e quais são os passos para a elaboração de um projeto de pesquisa. O que é uma pesquisa científica? A pesquisa científica é aquela que se desenvolve com base em uma metodologia específica, a fim de alcançar um objetivo, seja ele descobrir novos fatos ou testar uma hipótese, por meio de uma pergunta que se elabora previamente a fim de afirmá-la ou negá-la com base em uma experiência científica. Em outras palavras, uma pesquisa científica depende de uma for- ma rigorosa de procedimento a fim de garantir que seja o mais objetiva Veja comentários na Assessoria Pedagógica. 19 e precisa possível. Uma pesquisa científica, dependendo do campo de estudo, pode desenvolver metodologias específicas. As Ciências Hu- manas e Sociais Aplicadas, as Ciências da Natureza, a Matemática e as Linguagens, cada uma delas demanda um ou mais tipos de investigação com métodos próprios, que permitam alcançar os objetivos da área, por meio de um enfoque, que pode ser qualitativo ou quantitativo. Ampliando o repertório Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação dos objetivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação para a elabora- ção do relatório final, tudo é previsto no projeto de pesquisa. Este, portanto, deve responder às clássicas questões: o quê? por quê? para quê e para quem? onde? como, com o quê, quan- to e quando? quem? com quanto? (LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1992.) Conforme a definição das autoras Lakatos e Marconi, um projeto de pesquisa deve responder minimamente às seguintes questões: 1. Quem? (Apresentação do autor) Informa-se quem é o autor da proposta, a instituição à qual é filiado e onde a pesquisa será realizada. ▲▲ A pesquisa científica em laboratório. M O TO RT IO N F IL M S/ SH U TT ER ST O CK 20 Apresentação 2. O quê? (Introdução e apresentação do objeto da pesquisa) Introduz ao leitor ou avaliador o tema e o objeto da pesquisa, ou seja, o que efetivamente será pesquisado. Em alguns casos, esse é o momento de mostrar como se dialoga com outros trabalhos já realiza- dos na mesma área de investigação. 3. Para que ou para quem? (Objetivos) Discutem-se quais são as finalidades da pesquisa, apontando quais resultados se espera alcançar e, se for o caso, a quem esses resultados beneficiarão ou servirão de base. 4. Por quê? (Justificativa) Na justificativa, evidencia-se a relevância da pesquisa, demons- trando por que ela é importante e em que a sua contribuição se destaca de outras pesquisas já realizadas. Esse é o ponto em que se afirmam quais são os seus propósitos mais amplos. 5. Como? Com o quê? (Metodologia e referencial teórico) A metodologia diz respeito a como a pesquisa será realizada, ressaltando qual caminho será seguido e quais instrumentos serão utilizados para chegar aos resultados finais. Uma metodologia e a pesquisa, de maneira geral, estão sempre embasadas em um quadro referencial teó- rico, ou seja, em discussões anteriores feitas por pesqui- sadores já consagrados na temática investigada e que aju- dam a esclarecer e a justificar a metodologia empregada. 6. Quando? (Cronograma) Toda pesquisa tem um prazo para começar e para ter- minar. E, assim como acontece com todo projeto, apresen- tam-se os passos para sua realização, ou seja, indica-se o tempo para realizar a pesquisa empírica, a análise dos dados e, finalmente, para redigir o relatório científico final com os resultados consolidados da pesquisa. 7. Quanto? (Orçamento) As pesquisas científicas no Brasil são realizadas no âmbito de ins- tituições de pesquisas quase sempre ligadas às universidades. Essas instituições, por sua vez, solicitam, junto a agências de fomento, finan- ciamento para que os seus pesquisadores tenham condições de traba- lhar. As agências de fomento à pesquisa no Brasil são, em sua maioria, instituições públicas que concedem bolsas de pesquisa e auxílio para compra de materiais para os cientistas. Fomento Auxílio, estímulo. CR IS E IC H 21 A principal agência de fomento à pesquisa no Brasil é o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec- nológico). Ele financia projetos inclusive para a concessão de bolsas de iniciação científica a estudantes do Ensino Médio, ge- ralmente por meio de convênios com instituições de ensino su- perior. Acesse o site do CNPq, saiba mais a respeito e entenda como funciona um projeto de pesquisa científica: www.cnpq.br (acesso em: 19 nov. 2019). E fique sempre atento às universidades, especialmente às públicas, próximas da região onde você mora, porque elas po- dem publicar editais de chamada para concessão de bolsas de iniciação científica para estudantes do Ensino Médio que quei- ram conhecer e aprofundar-se no campo da ciência. 8. Com quê? (Bibliografia) Na bibliografia, devem ser inseridos todos os livros que serviram de referência para embasar a metodologia, a teoria e a discussão sobre o tema específico da pesquisa. O que descobrimos até aqui O projeto é o instrumento principal para realizar grandes e pequenas obras na sociedade em que vivemos. Para abrir uma empresa, construir um viaduto, criar um produto, cozinhar uma refeição especial ou realizar uma pesquisa científica de alta complexidade, você sempre precisará de um projeto se quiser alcançar seu objetivo com maior eficiência, redu- zindo assim as chances de erro. O projeto permite o planejamento de suas ações para a realização efetiva de uma tarefa. # F IC A A D IC A ▲▲ Logomarca do CNPQ. CR IS E IC H CR IS E IC H 22 Apresentação ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Você acabou de ver como se estrutura um projeto de pesquisa cien- tífica. Se você fosse um cientista, em qual área de pesquisa imagina que se enquadraria: das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, das Ciências da Natureza, da Matemática ou das Linguagens? Escolha uma dessas áreas e reúna-se com os colegas. Sob a orientação do professor, definam um tema e um objeto para desenvolver um es- boço de projeto de pesquisa que seria realizado em seis meses. Lembre-se de que, nesse esboço de projeto, deverão constar pelo menos os seguintes itens: Quem? O quê? Para quê? Por quê? Como? Quando? A seguir, como inspiração, veja alguns modelos de projetos desenvolvidos em diferentes campos de pesquisa. Antes de pensar sua ideia para um projeto de pesquisa, discuta com seus colegas de grupo as duas investigações científicas apresentadas. Como será que foram elaborados os seus projetos? Quais etapas eles teriam seguido? Pesquisa 1 Esperança contra o zika Em testes iniciais, formulações imunizantes e medicamentos contra outras enfermidades protegeram células e camundongos do vírus Depois que pesquisadores da Bahia confirmaram a presença do zika no Nordeste há um ano, o vírus avançou para quase todo o país. Pegos de surpresa, os pesquisadores e autoridades de saúde tiveram de se mobilizar e direcionar esforços para conhecer o vírus e buscar formas de detê-lo. Os primeiros re- sultados começam a aparecer e são promissores. Veja comentários na Assessoria Pedagógica. ▲▲ As pesquisas científicas em laboratório são importantes para a área da saúde. ➜ CE CÍ LI A B A ST O S/ U SP IM AG EM 23 Ao longo de junho, vieram a público resultados de estudos importantes que ajudam a compreender as reações que o vírus desperta no sistema de defesa em uma situação de especial interesse para a população brasileira: os casos em que o zika infecta pessoas que já entraram em contato com alguma das quatro variedades do vírus da dengue (90% das pessoas já tiveram dengue em certas áreas do Nordeste). Pu- blicado na revista Nature Immunology por pesquisadores da Inglaterra, da França, da Polinésia e da Tailândia, esse tra- balho confirma que os anticorpos que protegem da dengue também atuam contra o vírus zika – é o que os imunologis- tas chamam dereação cruzada –, mas não são capazes de neutralizá-lo completamente. O que se verificou para o zika em relação aos anticorpos contra a dengue também pode ocorrer com a dengue em relação aos anticorpos antizika. ZORZETTO, Ricardo. Pesquisa Fapesp, ed. 245, jul. 2016. Disponível em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2016/07/14/esperanca- contra-o-zika/?cat=ciencia. Acesso em: 7 dez. 2019. Pesquisa 2 Aira Bonfim, a pesquisadora que resgata a verdadeira história do futebol no Brasil Pesquisadora ajudou a implementar Centro de Referência do Futebol Brasileiro: “Minha vida foi conhecer e registrar essas histórias e levar para o museu” [...] Tudo em torno dos campos e dessa que é mais do que uma modalidade esportiva, mas sim uma parte da cultura do bra- sileiro: o futebol. E foi a isso, essas histórias e lugares como esse que Aira se dedicou nos últimos sete anos. Nesse pe- ríodo, ela ajudou a implementar o Centro de Referência do Futebol Brasileiro dentro do Museu do Futebol. “Minha vida foi conhecer e registrar essas histórias e levar para o museu, que é um espaço público, que legitima a memória das pes- soas, dos espaços e acho isso muito potente. A gente nasce em um lugar que todos dizem ser o país do futebol, mas não entendemos direito que futebol é esse que estamos falando”. [...] Recentemente Aira deixou o centro de referência e se dedica a seu mestrado, em que pesquisa o futebol feminino na década de 30. Muito do que motiva esse trabalho surgiu nesses anos todos de pesquisa. Ela conta que a ficha sobre a pouca atenção a esse tipo de futebol foi caindo com o passar do tempo. Ainda ➜ ➜ 24 Apresentação no museu, ela lembra que precisavam de uma foto da seleção feminina posada em cada um dos principais campeonatos: Copa do Mundo, Pan-americano e Olimpíadas. “Não tinha ima- gem! Copa do Mundo, a primeira foi 91, então você pensa que é óbvio que vai ter. E não tinha”. Aos poucos, o espaço para essa história foi crescendo ali dentro. “A memória não está dada. A gente pegava a caixa de recorte de jornal que a mãe de alguém tinha na casa dela, digitalizava e vira um acervo público que serve de pesquisa. Criamos essa base”. BONFIM, Aira. Futebol feminino. HuffPost Brasil, 1.o dez. 2018. Disponível em: www.huffpostbrasil.com/2018/11/30/aira-bonfim- a-pesquisadora-que-resgata-a-verdadeira-historia-do-futebol-no- brasil_a_23603801/. Acesso em: 29 set. 2019. Rumo ao projeto de vida Em seu percurso até aqui, você já viu o que é um projeto, ainda que de maneira bastante ampla e geral. Daqui em diante, você avançará para aprofundar seu entendimento do que, de fato, é um projeto de vida, sob três perspectivas: 1) a do autoconhecimento; 2) a da sua relação com os outros no mundo; 3) a do planejamento de suas trajetórias de formação e atuação pro- fissional. Um projeto de vida contempla pelo menos três grandes perspecti- vas, que serão trabalhadas nos três módulos deste livro: 1. A vida pessoal Envolve os seus afetos e compromissos consigo mesmo e com as pessoas próximas. No projeto de vida pessoal, você deve pensar com base em seus gostos, conhecimentos e escolhas. ➜ A .R IC A R D O /S H U TT ER ST O CK Jogo de futebol femi- nino entre as seleções do Brasil e da Suécia, no Rio de Janeiro (RJ), em 2018. 2. A vida cidadã Diz respeito à sua participação na sociedade, como ser coletivo e cooperativo que é. No projeto de vida cidadã, você deve entender que não há progresso pessoal sem a colaboração e o respeito ao outro. 3. A vida escolar ou profissional Trata do modo de se engajar no processo de produção de conheci- mento e de riqueza sustentável para o mundo em que vivemos. Sua tra- jetória escolar e profissional depende fundamentalmente de como você atua e se planeja para sua vida pessoal e uma prática cidadã. Atividades e vivências Como você já pôde ter uma pequena amostra nesta Apresentação, este livro propõe a realização de uma série de atividades sobre o seu projeto de vida. O objetivo é fornecer instrumentos para que você pos- sa refletir sobre os seus sonhos e o desenvolvimento de seu projeto de vida, trabalhando com diferentes competências e habilidades. Autoconhecimento Nessa seção, você será convidado a fazer uma reflexão pessoal. O obje- tivo é propiciar momentos de reflexão sobre quem você é e qual é seu papel no mundo. Essa é uma ação que se justifica pela importância de reconhecer as próprias emoções, potencialidades e limitações. Ampliando o repertório Nesse caso, apresentamos informações extras ou ligadas a um contexto complementar ao que estiver sendo discutido. O objetivo é aguçar sua curio- sidade científica e promover a descoberta de novas referências. Essa atividade justifica-se pela importância de se aprofundar o conhecimento sobre determi- nados temas e assuntos, a fim de aumentar as possibilidades de realização de um projeto de vida de sucesso. ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Como o próprio nome já diz, o objetivo dessa seção é aprofundar algu- mas questões importantes trabalhadas em cada módulo. A justificativa para esse olhar mais profundo é a potencialização das capacidades de analisar, discutir e argumentar sobre questões fundamentais para a elaboração do projeto de vida pessoal. Competências gerais 7 e 8 Competências específicas 2 (Linguagens e suas Tecnologias) Habilidades EM13LGG202 Competências gerais 6 e 7 Competências específicas 1 (Linguagens e suas Tecnologias) 1 (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) Habilidades EM13LGG103 EM13CHS103 Competências gerais 6 e 7 Competências específicas 1 (Linguagens e suas Tecnologias) 1 (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) Habilidades EM13LGG105 / EM13CHS102 EM13CHS103 25 26 Apresentação Competências gerais 7 Competências específicas 6 (Ciências Humanas e Sociais Aplicadas) Habilidades EM13CHS606 Competências gerais 6 Competências específicas 1 (Linguagens e suas Tecnologias) Habilidades EM13LGG102 Além das atividades apresentadas, ao final dos Módulos 1 e 2 há uma proposta de Vivência de transição e, no Módulo 3, de Vivência de fechamento, todas elas pautadas no processo de elaboração do projeto de vida. O objetivo das vivências de transição é consolidar os conheci- mentos adquiridos no módulo e preparar-se para o módulo seguinte. A justificativa para a realização das vivências de transição e fechamento é permitir uma troca mais ampla de experiências e saberes sobre os dife- rentes projetos de vida: individual, coletivo e mais focado na formação e no mundo do trabalho. Roda de conversa Aquecimento 1 Quais são as suas expectativas em relação a este livro? 2 O que você imagina que aprenderá com ele? Essa seção apresenta links que levam você para outros contextos. O objeti- vo é apresentar as informações mais diversificadas possíveis, que se relacionem com a temática discutida. Trata-se de dicas culturais, de filmes, séries, livros e instituições, entre outras referências, que se justificam por permitir novos co- nhecimentos de questões abordadas no livro com base em diferentes lingua- gens artísticas. Roda de conversa Sempre que houver indicação para uma roda de conversa, o objetivo é a realização de um debate coletivo sobre determinado assunto. Assim, depois de uma reflexão pessoal em Autoconhecimento, a roda de conversa propiciará uma oportunidade de afinar as percepções com base no diálogo com os colegas. As rodas de conversa justificam-se no âmbito de um trabalho com projeto de vida por permitirem momentos preciosos para trabalhar a argumentação e o respeito às diferenças de opiniões. #FICA A DICA O meu próprio mistério Sou tão misteriosa que não me entendo. O meu encontro comigo M ódulo 1 (Clarice Lispector, Aprendendo a viver) As referências bibliográficas completas encontram-se no fim do volume. CR IS E IC H Veja comentários na Assessoria Pedagógica. O meu encontro comigo O que é um projeto de vida? Você já sabe que é importanteelaborar um projeto para realizar as mais diferentes ações no mundo em que vivemos. E em sua vida pes- soal, será que o projeto também é importante? Como ele poderia aju- dá-lo em atividades cotidianas e na realização de sonhos nos mais di- ferentes planos? Em diferentes aspectos do mundo em que vivemos, é fundamental elaborar um projeto a fim de planejar os passos que devem ser seguidos para alcançar um objetivo no futuro. Do mesmo modo, também é importante pensar um projeto para a sua vida. Com as constantes e intensas mudanças que a sociedade tem vi- venciado a partir do desenvolvimento das novas tecnologias digitais da informação e da comunicação, cada vez mais se torna necessário ado- tar um projeto que nos permita planejar minimamente quais serão os próximos passos de nossa trajetória. Repertório cultural e campo de possibilidades Como você já pôde observar nos mais diferentes projetos que fo- ram analisados, embora sejam voltados para o futuro, como uma for- ma de organizá-los em etapas, eles dependem fundamentalmente do passado, dos saberes e das experiências que acumulamos sobre de- terminado assunto ou atividade. Nossos diversificados conhecimentos e informações são fundamentais para a realização de determinadas ta- refas. Da perspectiva de um projeto de vida, esse é o nosso repertório cultural. Porém, além disso, para o seu projeto de vida, também é impor- tante levar em consideração o seu campo de possibilidades. Em outras palavras, se você tem um sonho ou um objetivo para sua vida em um futuro mais próximo ou mais distante, precisa considerar quais são as condições para a realização desse sonho. Em uma sociedade desigual, esse campo de possibilidades não se constitui da mesma forma para todos os indivíduos. Algumas pessoas possuem um campo de possibilidades mais amplo, no sentido de terem Repertório cultural O conjunto de experiências e saberes que se adquire ao longo da vida, em casa, no bairro, no trabalho e na escola. Quanto mais rico e diversificado for o repertório cultural, maior será sua ca- pacidade de compreensão do mundo. Campo de possibilidades As condições reais para a sua ação no mundo. O campo de possibilidades refere-se aos recursos e às escolhas que você tem, no presente, para tomar deci- sões e planejar o futuro. 28 mais opções de escolha, por contarem com certos privilégios sociais, cul- turais e econômicos. Isso não significa que uma pessoa com um campo de possibilidades mais restrito, ou seja, com menos opções de caminhos para a realização de seus sonhos, não possa desenvolver estratégias para alcançar seus objetivos, ainda que tenha de superar maiores obstáculos. Uma das formas de ampliar o seu campo de possibilidades se dá, justa- mente, por meio do enriquecimento de seu repertório cultural, em outras pa- lavras, pela sua capacidade de expandir o seu conhecimento sobre os mais diferentes aspectos do mundo e da vida. Portanto, as noções de campo de possibilidades e repertório cultural estão intrinsecamente relacionadas. O repertório cultural pode ser adquirido em nossa vida familiar, na relação com nossos amigos e vizinhos, na escola, nos museus, nos cen- tros culturais, nos livros, nos jornais, nos coletivos de juventude e nos mais diferentes ambientes sociais que frequentamos. Na vida estamos sempre aprendendo com todas as pessoas com quem nos relaciona- mos. Quanto maior o seu repertório cultural, maiores serão as suas con- dições de planejamento do futuro e de construção de um projeto de vida bem estruturado e condizente com o seu campo de possibilidades. Autoconhecimento Pare, pense e reflita: 1 O que você entendeu sobre as ideias de repertório cultural e campo de possibilidades? 2 Com base no que estudou até aqui, você conseguiria refletir um pouco sobre qual é o seu repertório cultural e qual é o seu campo de possibilidades para realizar um determinado curso superior ou seguir uma determinada carreira profissional? O projeto que dá sentido para a sua vida O projeto de vida funciona como um potencializador que, com base em seu repertório cultural e em seu campo de possibilidades, abre as portas do início de uma trajetória para o futuro que você quer conquis- tar. O projeto de vida envolve, portanto, uma organização e a conquis- ta de um sentido, de uma razão para a sua vida. Se você não consegue articular bem o seu projeto de vida, considerando, ao mesmo tempo, o seu repertório cultural, o seu campo de possibilidades e a pertinência de seu projeto para a sociedade em que vivemos, há uma grande chance de seus sonhos tornarem-se mera fantasia. Não escreva no livro CR IS E IC H CR IS E IC H 29 O meu encontro comigo Em outras palavras, você pode investir um grande esforço e energia em algo que não leva em consideração aspectos que não dependem apenas de você mesmo, constituindo, assim, uma perspectiva irrealista e, às vezes, até egoísta ou muito autocentrada sobre o mundo e as condições sociais para a realização de seus sonhos. Por isso, conhecer-se bem, identificando suas potencialidades e seus limites, é um passo fundamental para a elaboração de um projeto de vida efetivo e realista, que não seja uma fantasia ou ilusão. Autoconhecimento Até aqui, você aprendeu que um projeto de vida depende tanto de seu conhecimento e capacidade de se organizar para o futuro quanto do campo de possibilidades, ou seja, das condições efetivas que a sociedade lhe proporciona para isso. Com base nisso, sugerimos que você reflita so- bre quais são os principais obstáculos para a realização de seu projeto de vida. Esses obstáculos podem ser superados? De que maneira? Por outro lado, reflita também sobre o seu campo de possibili- dades. Que vantagens ou oportunidades você considera que poderia aproveitar em benefício de seu projeto de vida? Inspirações: Projetos de vida desafiadores Muitas vezes, o projeto de vida não guarda relação apenas com o sucesso individual, mas também com uma grande satisfação pessoal de engajar-se em uma causa social importante. Há muitos exemplos de jovens que deram um sentido para sua vida com base em objetivos que não diziam respeito apenas a interesses próprios, mas também a questões fundamentais para o progresso da sociedade onde viviam e até mesmo da humanidade de uma maneira geral. Ampliando o repertório Nem sempre a realização de um projeto de vida é fácil. Em diversos momentos, é preciso enfrentar muitas dificuldades e desafios enor- mes. A seguir, apresentamos alguns exemplos de pessoas que come- çaram seus projetos de vida ainda bem jovens e enfrentaram, e ainda enfrentam, uma série de desafios e mesmo dramas terríveis para al- cançá-los. Em todos os casos, não há um projeto de vida puramente individual, mas a busca por uma transformação mais ampla do lugar onde vivem e das condições sociais das pessoas próximas, seja por meio da denúncia de situações de injustiça, seja por meio de ações concretas de participação cidadã. Veja comentários na Assessoria Pedagógica. 30 Inspirações Leia os perfis de pessoas com trajetórias de vida inspiradoras e re- flita sobre os obstáculos que elas tiveram de enfrentar. é uma estudante paquistanesa que, em 2012, quando tinha 15 anos, foi baleada na cabeça por lutar para que as meninas pudessem estudar livremente em seu país. Ela criou um blog chamado “Diário de uma estudante paquistane- sa” para, justamente, manifestar seu amor aos estudos e reivindicar o direito das meninas de ter acesso à educação formal no lugar onde nas- ceram. Em 2014, aos 17 anos, por conta de seu projeto ativista de enga- jar-se numa luta por melhores condições para as mulheres paquista- nesas, tornou-se a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz. MAIS SOBRE ➜ YOUSAFZAI, Malala; LAMB, Christina. Eu sou Malala. A história da garo- ta que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. é uma jovem estudante sueca que, em 2018, aos 14 anos, tomoucomo seu projeto de vida a defesa do meio ambiente e do direito dos animais. Durante as eleições em seu país, ela decidiu protestar sozinha pelo aumento de medidas contra o aquecimento global e de proteção ao meio ambien- te, segurando um cartaz em frente ao parlamento da Suécia. Poste- riormente, esse protesto solitário ecoou entre outros jovens da Eu- ropa e do mundo, desdobrando-se em uma marcha dos jovens pelo clima, que reuniu mais de 1,5 milhão de estudantes em mais de 100 países. Em 2019, aos 16 anos, em discurso na ONU, ela responsabili- zou os adultos por não protegerem o meio ambiente e roubarem os sonhos de sua infância e os de toda uma geração. MAIS SOBRE ➜ O discurso da jovem ativista Greta Thunberg na ONU em 5 pontos. Instituto Humanitas Unisinos. Disponível em: www.ihu.unisinos.br/78- noticias/592829-o-discurso-da-jovem-ativista-greta-thunberg-na-onu-em- 5- pontos. Acesso em: 29 set. 2019. é um escritor brasileiro, romancista, roteirista, poeta e autor do célebre livro Cidade de Deus. Nascido em 1958, iniciou sua trajetória como poeta. Ainda bem jovem, nos anos 1980, publicou seu primeiro livro de poemas, Sobre o Sol. Então morador da favela de Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, começou a cur- sar Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O romance Cidade de Deus, publicado em 1997, descreve justamente o cotidiano violento do lugar onde morava. Em 2002, o diretor Fernando Meirelles, com codireção ▲ A jovem Greta Thunberg. ▲ O escritor Paulo Lins. Malala Yousafzai Greta Thunberg Paulo Lins SI M O N D AV IS /D FI D LU CA S JA CK SO N /R EU TE RS / FO TO A R EN A A R N O B U RG I/ PI C TU R E- A LL IA N - CE /D PA /A P IM AG ES ▲ A jovem Malala Yousafzai. 31 O meu encontro comigo de Kátia Lund, lançou o filme Cidade de Deus, baseado no livro de Paulo Lins. O filme obteve quatro indicações para o Oscar. MAIS SOBRE ➜ LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Planeta, 2012. Esses são projetos inspiradores de pessoas que tiveram de batalhar para superar uma série de obstáculos para realizar seus sonhos. O que você acha dos projetos que essas pessoas traçaram para a vida delas ou para tentar vencer os desafios que lhes foram colocados? Você já tinha ouvido falar a respeito delas? Será que em algum momento elas pensa- ram em desistir? Billy Elliot – O filme narra a história de Billy Elliot, um apaixo- nado pela dança que, aos 11 anos, enfrenta uma série de desafios para poder traçar o seu projeto de vida de tornar-se um grande bailarino. Seu pai trabalhava em uma mina de carvão e desejava que o filho aprendesse a lutar boxe, mas Billy não gostava da luta e encantava-se com as aulas de balé que aconteciam próximo ao lugar onde treinava. Assim, a dança passa a dar um sentido a sua vida. Apesar de enfrentar uma série de preconceitos, inclusive de seu próprio pai, Billy torna-se um importante bailarino da Royal Ballet School, uma reconhecida companhia de dança inglesa. MAIS SOBRE ➜ Billy Elliot, um filme de Stephen Daldry. Inglaterra, 2001. Autoconhecimento Depois de ler o texto da seção Fica a dica, responda às perguntas a seguir. 1 Para você, quem são as pessoas inspiradoras? 2 Quais projetos de vida essas pessoas empreenderam? São pro- jetos transformadores delas mesmas e também do mundo onde vivem? Um projeto deve ter planos A e B Como você pôde perceber, um projeto de vida não se desenvolve necessariamente de maneira linear e sem qualquer turbulência. Muitos obstáculos podem surgir ao longo de uma trajetória. Em alguns mo- mentos, inclusive, é preciso avaliar se o planejamento que você elaborou não será muito difícil de se concretizar. Desse modo, sem abrir mão dos sonhos, é preciso sempre pensar em alternativas de projeto de vida, no chamado “plano B”. Por isso, a importância de investir em sua formação # F IC A A D IC A Não escreva no livro U N IV ER SA L PI C TU R ES ▲ Fôlder de divulgação do filme Billy Elliot. 32 escolar e prosseguir nela o máximo que você puder, inclusive no ensino superior e nas muitas possibilidades de pós-graduação, além dos mais diversificados cursos complementares em áreas técnicas ou no apren- dizado de outros idiomas. Com isso, você consegue justamente ampliar o seu campo de possibilidades. O sonho de tornar-se um grande artista, por exemplo, pode mos- trar-se muito difícil, mas, ainda assim, talvez seja plausível formar-se em Educação Artística e trabalhar como um educador de Artes, que será responsável pela formação de outros grandes artistas. A trajetória como atleta de sucesso pode ceder lugar a um projeto mais viável ao seu campo de possibilidades, como o de tornar-se um educador físico competente e inspirador. Enfim, você pode escolher qualquer outra for- mação que também considere relevante e interessante e que pode até não ter relação com o seu plano A, mas ainda assim lhe trazer grande satisfação e realização pessoal. Não há um caminho único para chegar aonde se quer, são muitas as possibilidades. Nenhum de nós deve ter um único projeto de vida, mas sim muitos, que podem realizar-se simultaneamente ou ao longo de nossa histó- ria. Em sua trajetória, alguns projetos também podem ser abandonados, enquanto você adere a novos. Eles não podem ser muito rígidos a pon- to de se tornar uma camisa de força, do tipo “tudo ou nada”. Você deve sempre persistir em seus projetos, mas também entendê-los como algo que necessita de uma flexibilidade, de uma leitura do mundo em que vi- vemos, para definir a melhor forma de adaptá-los e transformá-los, ou mesmo para avaliar se não cabe planejar outras possibilidades de futuro, de experimentar novos sonhos. Um projeto para a sua vida Na apresentação deste livro, fizemos um convite para uma cami- nhada pelo lugar onde você mora a fim de observar e fazer um levanta- mento dos projetos que havia nele. Assim, você descobriu que há proje- to em muitas coisas de seu cotidiano. Neste Módulo 1, começamos a discutir a necessidade de atentar para a forma de organizar os seus sonhos, o seu projeto de vida. Esta é justamente a jornada que estamos propondo a você. Para isso, primeiro convidamos você para o início de uma viagem bastante especial e pro- funda, um passeio pelo seu interior, que lhe permita refletir sobre quem você é, propiciando, assim, maior autoconhecimento. Só é possível pen- sar em um projeto de vida se você consegue, antes de tudo, olhar para si mesmo e refletir sobre quem você é e onde está, para depois analisar aonde quer chegar. ▲ Muitas vezes nos deparamos com escolhas que devemos fazer. CR IS E IC H EN CI ER RO /S H U TT ER ST O CK 33 O meu encontro comigo Roda de conversa 1 Leia o trecho abaixo. Após a leitura, o professor fará uma reflexão coletiva com toda a turma: Todo homem é uma ilha [...] É necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós (SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.) Em O conto da ilha desconhecida, o escritor português José Sa- ramago narra a história de um homem que insiste em procurar o rei para conseguir um barco e sair para descobrir uma ilha desconhecida. De tanto insistir, apesar de ser tomado como louco, ele consegue o barco e parte em busca de seu sonho. Na verdade, mais importante que o barco é o sentido que ele consegue dar a sua vida a partir des- se objetivo inicial. A ilha desconhecida era apenas uma metáfora para o propósito que estava buscando para sua vida. Que propósito seria esse? Aí, só lendo o livro! Não trabalhamos com spoilers! 2 A partir dessa breve resenha, discuta o que você entende pelo trecho acima do livro de José Saramago. a Em sua opinião, o que o autor quer expressar quando diz que precisamos sair de nós para nos vermos? b E você, tem um propósito para a sua vida? Qual é? Do que você precisa para o seu projeto de vida Depois de entender um pouco o que é um projeto e como ele seaplica a diferentes instâncias da sociedade e de refletir sobre a impor- tância de elaborar um projeto de vida, chegou o momento de pensar mais detidamente sobre como constituir um projeto bem-sucedido para a sua própria vida. Um dos pontos fundamentais para a sua elaboração envolve conquistar um bom repertório cultural e saber avaliar qual é o real campo de possibilidades que você tem para traçar os seus objetivos de vida. Como vimos na atividade de elaboração de um projeto científico, um de seus aspectos importantes está na formulação dos objetivos futuros que se desejam alcançar. Em outras palavras, os pontos de partida ne- cessários para a formulação de um projeto de vida que tenha bons re- sultados situam-se na ampliação de seus conhecimentos, não somente os escolares, mas de tudo o que você aprende no mundo e sobre ele, em suas múltiplas relações sociais. Com base nisso, você será capaz de avaliar quais são as suas reais condições no presente para chegar aonde 34 quer. Muitas vezes, até mesmo as experiências ruins podem nos ajudar a aprender com os erros, para não os repetir mais. Em resumo, um primeiro passo essencial para conquistar essas ha- bilidades de ampliação do repertório cultural e de avaliação realista do próprio campo de possibilidades consiste em voltar-se para si mesmo. Ou seja, antes de mais nada, você precisa se conhecer muito bem. É fundamental compreender suas potencialidades e também suas fragi- lidades, a fim de saber como lidar com elas da melhor forma. Somente quando somos capazes de, minimamente, ter tempo para refletir sobre nossa própria vida é que conseguimos, de fato, projetá-la e nos plane- jarmos para o futuro. Afinal, como disse Saramago, “é necessário sair da ilha para ver a ilha”. As tecnologias e as transformações em nossa vida Aceleração da vida e cultura do imediatismo No mundo atual, a atitude de parar e voltar-se para si mesmo, a fim de analisar-se e entender-se é um exercício muito difícil de fazer, por uma série de razões. A primeira delas reside no fato de que, em uma sociedade de consumo como a nossa, tudo nos chama para fora de nós, seja a tela do smartphone ou as vitrines das lojas do shopping center. Estamos na era do excesso de informação, em que nossos olhares, desejos e pensamen- tos são capturados a todo instante para um foco fora de nossas preocupa- ções essenciais: um novo produto, uma nova série, uma nova música, um novo estilo de vestir-se, e assim sucessivamente... Tudo isso ocorre numa velocidade incessante e em progressiva aceleração. CR IS E IC H 35 O meu encontro comigo Assim, estamos sempre em busca da última novidade, que logo já deixa de ser novidade na manhã seguinte. A obsolescência programa- da dos dispositivos tecnológicos acaba tornando-se também a obso- lescência programada de nossos desejos e de nossas relações sociais. Portanto, torna-se cada vez mais complicado conseguir pensar a longo prazo e imaginar sonhos viáveis e com um propósito de vida que seja nobre. Acabamos, dessa maneira, por nos render à cultura do imedia- tismo, que exige uma solução, a mais rápida possível, para tudo, mesmo para aquilo que precisa de tempo para ser realizado ou conquistado de forma plena. Ampliando o repertório Você sabe o que é obsolescência programada? Trata-se de uma estratégia da indústria de programar uma vida útil menor do que a esperada para os dispositivos tecnológicos. Com isso, as pessoas são obrigadas a adquirir novos produtos, descartando os antigos. Ou seja, de certa maneira, os criadores estipulam um prazo para que seu equipamento pare de funcionar. Não se trata, portanto, de um desgaste natural. Considerando que nossa vida está cada vez mais entrelaçada com as tecnologias, devemos, portanto, refletir so- bre como esse mecanismo de obsolescência programada não só nos faz comprar produtos novos antes do prazo que seria razoável, como também altera nossa maneira de nos comportarmos no mundo. Na atualidade, muitas pessoas têm se pautado por uma cultura da busca constante por novidades ou atualizações, desvalorizando as tradições e experiências de longo prazo, por exemplo. MAIS SOBRE ➜ Entenda o que é obsolescência programada. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Disponível em: https://idec.org.br/ consultas/dicas-e-direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia-progra- mada. Acesso em: 15 out. 2019. G O O D ST U D IO /S H U TT ER ST O CK 36 As tecnologias no dia a dia Reflexão Observe a tirinha do cartunista André Dahmer e depois responda às perguntas. 1 O que você consegue compreender da tirinha de André Dahmer? 2 Como o aumento da velocidade de processamento de informa- ção dos smartphones afeta o ritmo da nossa vida? 3 Você tem domínio do tempo que fica conectado ao seu smart- phone? Por quê? 4 Você conseguiria destacar aspectos positivos e negativos que os smartphones e as tecnologias digitais da informação e da comunicação, de maneira geral, podem ocasionar na vida das pessoas? Isso é muito Black Mirror! Você já assistiu a algum episódio ou ouviu falar da série Black Mirror? Nela são retratados diversos efeitos das tecno- logias num futuro que, a princípio, parece muito distante, mas, se analisarmos bem, pode ser a mais perfeita representação do nosso presente. Os episódios são independentes entre si, pois cada um narra uma história diferente; neles há reflexões sobre os diversos desdobramentos das inovações tecnoló- gicas em nossa vida. Em um deles, as pessoas são avaliadas constantemente por likes e só conseguem um bom empre- go ou comprar coisas dependendo de sua popularidade e da quantidade de reações positivas que conseguem receber. Em muitos episódios, é retratado o modo como entregamos nossa vida totalmente ao controle desses dispositivos tecnológicos. A série mostra como nos deixamos seduzir pela tela preta de nossos smartphones, muitas vezes deixando de lado aspectos fundamentais de nossa vida. Não escreva no livro # F IC A A D IC A © A N D R É DA H M ER ▲ Cena da série Black Mirror, série televisiva britânica de 2011, produzida por Barney Reisz. A LB U M /F O TO A R EN A 37 O meu encontro comigo As tecnologias e seus efeitos Cada vez mais, as inovações tecnológicas tornam-se elementos cotidianos e essenciais em nossa vida. Por meio delas, obtemos infor- mações importantes sobre qualquer lugar do mundo. Atualmente, com o desenvolvimento dos chamados aplicativos, por meio de seu smar- tphone você pode pedir comida ou um carro para levá-lo para passear, procurar emprego e até mesmo paquerar. Por meio da internet, você pode acessar uma série de conhecimentos que, tempos atrás, seria muito difícil de conseguir. Hoje, esse acesso não só ocorre, como também é possível aprofun- dar-se em muitos assuntos. Se bem orientado, você pode encontrar na internet muitas coisas interessantes e úteis para o seu projeto de vida. Por exemplo, há muitos cursos de idiomas online, explicações das matérias escolares e palestras de importantes intelectuais e cientistas de todo o mundo, dentro das mais diferentes áreas do saber. Além disso, a internet e as redes sociais podem tornar-se excelentes espaços para a criação de novas ideias e mesmo oportunidades de trabalho. Em todo o mundo, pes- soas que aderem a uma determinada causa social conseguem entrar em contato com possíveis parceiros nas mais diversas partes do planeta. Como você pode perceber, as tecnologias digitais da informação e da comunicação apresentam-se como potencialidades para sua vida, na medida em que, por meio delas, é possível abrir uma série de portas para o mundo e para a ampliação de seu conhecimento. Elas permitem que você tenha acesso a uma enorme quantidade e diversidade de informa- ções que podem ajudar em muitos aspectos de sua vida. Porém, por ou- tro lado, é importante que você saiba como transitar por essas informa- ções sem ser enganado por notícias distorcidas ou falsas promessas. As tecnologiascomo meio, e não como fim Lembre-se sempre de que as tecnologias devem servir como meios para os seus objetivos, e não como fins. Elas não podem servir como propósito de vida. Dispositivos tecnológicos como os smartphones têm de servir aos seus desejos, e não o contrário; você não deve ceder ao tempo e às demandas deles. Caso não tome cuidado, em vez de encontrar um mundo novo e ampliado, as tecnologias podem levar você a se perder em um mundo sem sentido. E, como já vimos anteriormente, o principal motivo para elaborar o seu projeto de vida é justamente encontrar um sentido para a sua trajetória. Quantas vezes, por exemplo, você não deixou de contem- plar coisas belas da vida, como um pôr do sol ou uma apresentação de 38 # F IC A A D IC A sua banda de música favorita, porque preferiu filmar em vez de apenas admirar e curtir o momento? Ao fazer isso, será que foi mesmo o pôr do sol ou o show que você estava vendo? Ou seria apenas uma imagem projetada na tela de seu smartphone e gravada em vídeo para ser exi- bida posteriormente? Estamos vivendo para aproveitar o momento ou apenas pensando nas postagens que serão feitas posteriormente? Torna-se cada vez mais difícil acompanhar as novidades e res- ponder às demandas de postar coisas que transmitam uma imagem interessante de nós para os outros, nas redes sociais. A necessidade de dar respostas rápidas a tudo e a todos nos torna pessoas angustia- das. Precisamos refletir que nós mesmos é que estamos nos impondo essa velocidade alucinada. Ou será que você nunca ficou bravo quan- do alguém visualizou sua mensagem no WhatsApp e não respondeu imediatamente em seguida? E quantas vezes você não deixou de fazer coisas importantes para dar conta de responder rapidamente a alguém? Tudo isso apenas pela pressão social de retornar rapidamente, algo que poderia ser feito com calma e de maneira mais refletida. Muitas vezes nos deixamos subordinar a uma velocidade que não é humana, mas de máquinas. Por isso, em diferentes momentos de sua vida, você precisa aprender a desacelerar e a contemplar aspectos importantes do mundo em que vive e de seu próprio eu interior. Você já ouviu falar do livro 1984? Trata-se de um título que se tornou muito famoso. Publicado em 1949, ele é consi- derado uma das mais importantes obras do século XX. George Orwell, o autor, narra um futuro que ocorreria justamente em 1984. Nele, as pessoas estariam sendo vigiadas, a todo mo- mento, por câmeras instaladas em todos os lugares e contro- ladas por um ditador poderoso, o Grande Irmão (Big Brother), que não deixaria as pessoas pensar e viver livremente. Quem fugisse às regras seria duramente punido! Hoje, de certa forma, também vivemos sob uma vigilância constante, por meio das câmeras dos smartphones, que podem registrar tudo, e das redes sociais. Contudo, de alguma maneira, nossa submissão a esse controle absoluto é voluntária. Ninguém, pelo menos em tese, nos obrigou a aderir às redes sociais e postar coisas sobre nossa vida privada para que outras pessoas possam sa- ber dela e nos controlar, mas mesmo assim o fazemos. Por que será? Você já parou para pensar a respeito? Curiosamente, o livro 1984 ganhou uma adaptação para o cinema naquele mesmo ano, em produção britânica dirigida por Michael Radford. ▲ Ícone de visualização do WhatsApp. SA M IR A K A ZI M O VA /S H U TT ER ST O CK ▲ Imagem representando a figura do Big Brother. M IN ER VA S TU D IO /S H U TT ER ST O CK 39 O meu encontro comigo Exposição e felicidade permanente No processo de exposição constante de si que as redes sociais esta- belecem atualmente, muitas pessoas, de alguma maneira, praticamen- te se obrigam a se expor como se vivessem uma felicidade constante e incessante. Porém, devemos nos perguntar se essa é uma condição possível, de estar sempre alegre e feliz. A resposta será: é claro que não! Todos nós temos momentos de alegria, de satisfação e grande felicida- de, mas também temos os de tristeza, de raiva e de decepção. Apren- der a desfrutar com maior plenitude dos momentos de descontração e felicidade que vivemos e, ao mesmo tempo, entender que sentimentos negativos são comuns e normais nos leva a um importante aprendizado: o de lidar com nossas frustrações. Essa capacidade de vivenciar dife- rentes sentimentos é o que nos torna humanos. Não estamos sugerindo aqui que você abandone as tecnologias e as redes sociais, muito pelo contrário, mas chamamos sua atenção para uma análise de como tirar o melhor proveito delas, a fim de fazer com que sirvam como potencializadoras ou facilitadoras de seu projeto de vida, e não como um obstáculo. Por isso, o que vamos lhe propor agora é que você estabeleça alguns momentos para deixar de lado o seu dis- positivo eletrônico. O objetivo é conseguir alguns períodos necessários de tranquilidade e concentração para pensar sobre si mesmo. Posterior- mente, você pode tirar melhor proveito de seu dispositivo para realizar pesquisas e outras tarefas fundamentais nos dias atuais. A identidade e os papéis sociais da juventude Em cada fase de nossa vida, assumimos responsabilidades diferen- tes. Com base em algumas correntes teóricas da Psicologia, Wivian Weller (2014) mostra-nos que o desenvolvimento na juventude tem como expec- tativa principal a formação de alguns papéis sociais que preparam o sujeito para a inserção na vida adulta. Conforme essa perspectiva, a juventude é uma etapa em que se começam a vislumbrar os seguintes papéis sociais: 1 Papel profissional; 2 Papel conjugal e familiar; 3 Papel cultural e como consumidor; 4 Papel como cidadão. O grande problema com esses papéis sociais é que, em muitos ca- sos, não é fácil preparar-se para assumi-los, pois eles são cada vez mais Veja comentários na Assessoria Pedagógica. Veja comentários na Assessoria Pedagógica. Verifique com os alunos se eles sabem o que significa essa indicação de ano entre parênteses. Caso não saibam, comente que se trata de uma remissão à obra indicada nas Referências bibliográficas, no fim deste livro. CR IS E IC H 40 flexíveis e diversificados. Com isso, você pode se atrapalhar ou sentir- -se desorientado. Daí, mais uma vez, a importância da construção de um projeto de vida que o ajude na passagem por essa fase de transição. Ampliando o repertório Apresentamos agora dois textos que abordam como é ser jovem nos dias atuais e o desafio dessa trajetória para a vida adulta. Você já parou para pensar sobre isso? Esse é o convite que lhe fazemos agora. Leia os textos com atenção, procurando refletir sobre os diferentes papéis sociais que temos de assumir na juventude e na vida adulta, e depois realize a atividade de autoconhecimento. Consulte o professor caso tenha dúvida sobre algum termo ou significado de algumas expres- sões no texto. A singularidade da condição juvenil é dada pelo que se vive nesse momento da vida numa dada conjuntura históri- ca. No período histórico atual, trata-se de uma longa transição da infância para a idade adulta, caracterizada por um intenso processo de definições, escolhas e arranjos para a construção de uma trajetória de inserção e autonomia. Cada vez mais os elementos necessários para realizar esse processo de transi- ção se multiplicam e se diversificam, fazendo com que os jo- ➜ ▲ Estamos a todo momento assumindo diferentes papéis sociais. FL A M IN G O IM AG ES /S H U TT ER ST O CK R AW PI X EL .C O M /S H U TT ER ST O CK DW PH O TO S/ SH U TT ER ST O CK R AW PI X EL .C O M /S H U TT ER ST O CK 41 O meu encontro comigo vens tenham de compor uma equação com inúmeros elemen- tos para viver a vida presente e preparar a vida futura: escola, trabalho, vida familiar e sociabilidade, sexualidade, namoro, lazer, vida cultural. É, assim, um momento crucial de formula- ção de projetos de vida, de escolhas e construção de caminhos. Ademais, é preciso ressaltar que hoje, mais que emperíodos passados, tais percursos não são necessariamente lineares nem compostos por etapas sucessivas e ordenadas, mas mui- tas vezes concomitantes e reversíveis. (ABRAMO, Helena. Identidades juvenis: estudo, trabalho e conjugalidade em trajetórias reversíveis. In: PINHEIRO, Diógenes et al (Orgs.). Agenda Juventude Brasil: leituras sobre uma década de mudanças. Rio de Janeiro: Unirio, 2016.) Diante das sérias escolhas que terão de fazer ao chega- rem à vida adulta, sentem-se sem rumo; seu desenvolvimento pessoal e social parece estar atravancado. Grande parcela dos jovens de hoje hesita em se comprometer com quaisquer pa- péis que definem a vida adulta, como o de pais, trabalhadores, cônjuges ou cidadãos. (DAMON, William. O que o jovem quer da vida? – Como pais e professores podem orientar e motivar adolescentes. São Paulo: Summus, 2009. p. 24.) Autoconhecimento Após ler os textos da seção anterior, responda às perguntas a seguir. 1 Como você se sente nesse processo de transição da infância para a idade adulta? 2 Quais são os seus maiores desafios? 3 Do que você mais gosta em ser adolescente ou jovem? 4 Como você se vê em cada um dos quatro papéis sociais apontados por Wivian Weller, no futuro? 5 Que projeto de vida você gostaria de elaborar para cada um deles? Genealogia e identidade Você sabe o que é uma genealogia? Trata-se de um estudo de nos- sas origens. Por meio dela, traçamos um mapa de nossas ligações com antepassados, com pessoas de outras gerações que, por vezes, nem chegamos a conhecer pessoalmente. Elabora-se uma genealogia por meio de estudos sobre a história de uma família, por exemplo. Em gran- ➜ Não escreva no livro IV A N O VA M A R IA / SH U TT ER ST O CK 42 de medida, nossa história e nossas origens explicam quem somos, nos- sa identidade. Por isso, é tão importante saber de onde viemos, pois só assim conseguimos definir, com maior clareza, aonde queremos ir. Autoconhecimento A proposta agora é traçar um esboço de sua genealogia e conversar sobre a formação de sua identidade. Para começar, é preciso fazer os seguintes questionamentos: 1 De onde eu vim? Quais são as minhas origens? 2 De onde vieram ou quais são as origens das pessoas com quem eu convivo? 3 O que mais gosto de fazer? Quais são os meus hábitos? ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Imagine que você precisa escrever um breve perfil pessoal, dizendo quem você é, para um blog ou uma matéria de jornal. Como faria? Que tópicos deveria abordar? A seguir, há algumas questões básicas para começar a pensar so- bre isso e esboçar uma primeira versão do seu perfil. Além dessas questões, quais outras você acha que seriam fundamentais para apresentá-lo da melhor forma? Pense e formule pelo menos mais duas questões e, com base nisso, escreva o seu perfil. 1 De onde você vem? Em qual cidade você vive? Como é esse lugar? 2 De onde são os seus familiares? Eles nasceram na mesma cidade em que você mora? 3 Quais são os lugares que você mais costuma frequentar? 4 Como é o seu dia a dia? Quais são seus hábitos e que atividades você costuma realizar? 5 O que você mais gosta de fazer? 6 Quem são as pessoas com as quais você mais convive diaria- mente? Ao elaborar o seu perfil e relatar um pouco de seu cotidiano, é bem possível que você tenha citado uma série de lugares, como a casa, a escola, a rua, o ônibus e assim sucessivamente, bem como grupos sociais diferentes, como a família, os amigos, os vizinhos, entre ou- tros. Cada um desses lugares e grupos sociais possui características muito particulares. E você, provavelmente, não se comporta da mes- ma forma em todos eles. O tipo de comportamento que uma pessoa Não escreva no livro Não escreva no livro ➜ CR IS E IC H 43 O meu encontro comigo desenvolve em uma biblioteca costuma ser muito diferente daquele que assume em uma festa com os amigos. Da mesma forma, o seu modo de portar-se na escola também será muito distinto de como está acostumado a ficar em casa. Por que será que isso acontece? Na verdade, isso se deve ao fato de que, embora você seja uma pessoa única, exerce, todos os dias, diferentes papéis sociais. Em determi- nados momentos e contextos, você age mais como estudante; em outros, como filho; em outros ainda, como amigo, pedestre ou cliente. Ampliando o repertório Papel social é um conceito sociológico que diz respeito ao modo dife- rente de agir em sociedade, ou seja, diz respeito ao comportamento de acordo com o ambiente em que uma pessoa está e das pessoas com quem ela se relaciona. Atuamos no mundo com base no modo como avaliamos os lugares e as pessoas com que nos relacionamos, mas também com base no modo como elas nos avaliam ou de como pen- samos que elas nos avaliariam se adotássemos um comportamento reprovável ou disséssemos algo que poderia ser considerado mais ou menos adequado. MAIS SOBRE ➜ GOFFMAN. Erving. A representação do eu na vida coti- diana. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Muitos lugares, muitos papéis sociais Por que será que nos comportamos de forma tão diferente depen- dendo do lugar, às vezes mais descontraído, às vezes mais sério, por exemplo? Porque os lugares possuem regras, explícitas ou implícitas, de comportamento. Se você não as seguir, haverá grandes chances de sofrer algum tipo de desaprova- ção social. Por exemplo, se você falar alto durante a explicação do professor em uma aula, alguém, provavelmente, lhe pedirá silên- cio. Da mesma forma, se numa festa você estiver desanimado e calado em um canto, alguém pode vir lhe perguntar o motivo de estar tão quieto e pouco en- volvido no clima do evento. Em alguns casos, as regras podem implicar punições específicas, como a de ser convidado a se re- ➜ Nossos papéis sociais dependem também das situações com que nos deparamos. CR IS E IC H G -S TO CK S TU D IO /S H U TT ER ST O CK IA KO V F IL IM O N O V /S H U TT ER ST O CK 44 tirar de uma sala de cinema por mau comportamento. Em outras situa- ções, você pode não ter uma punição mais drástica, mas talvez cause estranhamento ou mesmo afaste as pessoas de seu entorno, por não cumprir com o papel social esperado e, por isso, será considerado uma pessoa inconveniente. Com isso, queremos reforçar a importância do autoconhecimento, pois somos seres complexos, envolvidos em redes de relações e com- prometimento social. Cada um de nós é singular, no sentido de que não há ninguém exatamente igual a ninguém no mundo. Porém, ao mesmo tempo, também somos múltiplos, no sentido de que somos o resultado das diversas relações sociais que estabelecemos e dos múltiplos papéis sociais que assumimos. Por isso, também compartilhamos muitas coisas com diferentes pessoas em nossa vida. Por exemplo, um jovem pode gostar de hip-hop, história em qua- drinhos, skate, estudar inglês e fazer natação. Provavelmente, ele não terá nenhum outro amigo que pratique todas essas mesmas ativida- des, mas, ao transitar por cada uma delas ou pelos espaços em que elas ocorrem, conhecerá pessoas com gostos diferentes. Um amigo que adora hip-hop pode não ter tanto interesse por história em quadri- nhos ou preferir aprender espanhol como língua estrangeira, enquanto um amigo da natação pode adorar histórias em quadrinhos, mas não ser muito fã de hip-hop. Ou seja, há muitas relações constituindo-se ao mesmo tempo e, em cada contexto, um dos assuntos em comum será o predominante em determinado momento. Assim, você poderá definir o papel que assumirá em cada espaço ou atividade de que participa com as mais diferentes pessoas. Os papéis sociais no dia a dia Retome o perfil que você esboçou e pense nos papéis que costuma assumir em seu cotidiano. Você conseguiria escrever perfis diferentes de si mesmo com base no lugar em que precise se apresentar? Coloque essas questões em prática na atividade a seguir. ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO Representação dos papéis sociais Para aprofundar o conhecimento sobre
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