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Prévia do material em texto

entre sonhos 
 e desafios
Alexandre Barbosa Pereira
Uma aventura entre 
sonhos e desafios
 
 
PROJETO 
DE VIDA
9 786599 049323
Vida
Projeto
Meu
de 
MANUAL DO 
PROFESSOR
Graduado em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo 
e doutor em Antropologia Social pela mesma Universidade.
Professor do Departamento de Ciências Sociais 
da Universidade Federal de São Paulo.
Alexandre Barbosa Pereira
Canoas 
1.a edição 
2020
Vida
Meu Projeto
de 
PROJETO 
DE VIDA
Uma aventura 
entre sonhos 
e desafios
MANUAL DO 
PROFESSOR
© Tulipa Editora, 2020
© Alexandre Pereira Barbosa, 2020
Coordenação editorial e de produção: DB Produções Editoriais
Edição: Sâmia Rios
Projeto gráfico, edição de arte e editoração eletrônica: A+ com
Imagens de capa: Rawpixel.com/Shutterstock 
Pexels
Ilustrações: Cris Eich
Iconografia: Marcia Sato
Revisão: Solange Pereira
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
P436 Pereira, Alexandre Barbosa
Meu projeto de vida: uma aventura entre sonhos e desafios / 
Alexandre Barbosa Pereira. – Canoas, RS: Tulipa, 2020.
ISBN 978-65-81722-02-9 (aluno)
ISBN 978-65-99049-32-3 (professor)
1. Educação. 2. Educação Integral. 3. Educação Inovadora. 
4. Práticas Pedagógicas. 5. Metodologias Ativas. 6. Projeto 
de Vida. 7. Autonomia. I. Título. II. Uma aventura entre sonhos 
e desafios. III. O meu encontro comigo. IV. O meu encontro 
com os outros. V. O meu encontro com o mundo. VI. Fim da 
jornada.
CDU 37 CDD 370
Catalogação elaborada por Regina Simão Paulino – CRB 6/1154
Canoas, 1.a edição, 2020.
Tulipa Editora Ltda. – Todos os direitos reservados.
Rua Padre Anchieta, 215 / cj. 105 
Nossa Senhora das Graças 
Canoas-RS 
CEP 92110-050
“Existimos como seres humanos na existência 
social, e a linguagem, a razão e a autoconsciência 
surgem e se dão como fenômenos sociais: sem 
socialização não há linguagem, não há razão, não há 
autoconsciência, não há apercebimento de emoções e, 
sem amor, nós não somos seres sociais.”
MATURANA, Humberto. A ontologia da realidade. 
Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014.
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1
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ódulo
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Sumário
Apresentação 6
O meu encontro comigo 27
O que é um projeto de vida? 28
As tecnologias e as transformações em nossa vida 35
A identidade e os papéis sociais da juventude 40
Biografias 47
Diário pessoal 54
Sonhos: entre imaginação e fantasia 62
Vivência de transição 67
Avaliação do Módulo 1 68
O meu encontro com os outros 69 
Conhecendo o outro, conhecendo-se melhor 71
Afinal, quem são os outros? 75
O amor como encontro e as muitas formas de amar 80
O estranho, o familiar e o respeito às diferenças 85
Sonhos coletivos e o bem comum 97
O meu projeto no mundo e o mundo no meu projeto 105
Vivência de transição 107
Avaliação do Módulo 2 108
O meu encontro com o mundo 109
Um mundo em transformação 110
Mapear o mundo, mapear a si mesmo 114
Nós – as conexões que nos fortalecem 120
Da escola para o mundo 128
Um propósito para a vida 135
Vivência de fechamento 139
Avaliação do Módulo 3 141 3
M
ódulo
Fim da jornada 143
Avaliação final 145
Relação das competências gerais e específicas 
e habilidades mencionadas nesta obra 146
Referências bibliográficas comentadas 150
6
Apresentação Veja comentários na Assessoria Pedagógica.
6
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Prezadas e prezados estudantes,
Este será o seu livro de projeto de vida durante o Ensino Médio! Sugerimos que 
utilize um caderno para fazer as anotações e as atividades solicitadas. 
Por meio deste livro, você caminhará em busca de muitas descobertas sobre o 
seu lugar no mundo e o que quer para o futuro. Você sabe o que é um projeto de vida? 
Se não sabe, este livro o ajudará a descobrir! 
Já pensou em transformar seus sonhos em um projeto efetivo para a sua vida? 
Tem ideia de como organizar seus objetivos em um plano para o futuro? 
Prepare-se, então, pois aqui vamos conversar sobre tudo isso, e ainda discutir 
sobre a importância de construir um plano de ação para o futuro. 
O que estamos propondo a você, portanto, é uma viagem ao seu próprio inte-
rior, para refletir sobre como você lida com seus sentimentos e anseios, e também 
ao mundo que quer explorar em sua trajetória no futuro, com todos os seus desafios.
Quem é você, de onde veio e o que quer? 
Essas são algumas das muitas questões que você fará a si mesmo e aos seus 
colegas de turma.
Para ajudá-lo em sua jornada, organizamos o volume em três módulos:
O meu 
encontro 
comigo
O meu 
encontro 
com o mundo
O meu 
encontro 
com os outros
1
2
3
7
8 Apresentação
Qual é o seu propósito 
para a vida? 
Em todos os módulos, você vai encontrar um convite para uma pro-
funda reflexão sobre o seu lugar no mundo em que vivemos, seja na es-
cola, no bairro ou na família. Entender o seu papel em cada um desses 
espaços sociais é fundamental para que você tenha maior consciência 
de suas potencialidades, de seus limites e daquilo que pode melhorar 
para alcançar seus sonhos! 
Em outras palavras, este livro de projeto de vida é, na verdade, um 
livro sobre sonhos. Nele, você encontra dicas para ampliar seu repertório 
cultural e convites para uma reflexão mais aprofundada sobre si mesmo 
e a sociedade ao seu redor. 
Trabalharemos também com propostas de rodas de conversa e com-
partilhamento de ideias, atividades de reflexão e pesquisa e com a reali-
zação de vivências, entre muitas outras experiências instigantes. A fina-
lidade principal é discutir em conjunto qual é o seu propósito para a vida.
Esperamos que aprecie! 
Antes de começarmos efetivamente a pensar sobre os seus so-
nhos e projeto de vida, vamos tentar entender um pouco melhor, afinal, 
o que é e para que serve um projeto.
Todos nós temos sonhos e gostamos de imaginar como será o nos-
so futuro. 
De certa maneira, essa é, ou pelo menos deveria ser, uma das prin-
cipais motivações de nossas vidas. Entretanto, há uma grande questão 
que sempre surge: quais as reais possibilidades de esses sonhos se 
concretizarem? 
Isso demonstra a importância de sempre nos indagarmos sobre 
quais condições efetivas temos, no presente instante, para alcançá-los 
e o que é preciso fazer para superar algumas limitações. 
projeto?
O que é um
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
9
Este é o primeiro convite que fazemos a você: adentrar um pouco 
o cenário dos projetos, com o objetivo de realizar um exercício prelimi-
nar de aquecimento para a verdadeira viagem que propomos: a busca 
da compreensão de quem você é, como são as suas relações sociais e 
aonde, afinal, você quer chegar.
Os tempos do projeto de vida 
Quando falamos em projeto, estamos nos referindo, principalmen-
te, a um procedimento que envolve uma mudança de comportamento, 
que consiste em conceder um tempo para analisar e pensar a respeito 
de quais ações devem ser realizadas para chegar à concretização de um 
objetivo. 
Trata-se, portanto, de algo que elaboramos com a finalidade de 
planejar nossas ações futuras ou de garantir a melhor solução para um 
problema ou desafio. No entanto, muitas vezes não encontramos tempo 
para planejar nossos atos mais importantes, porque estamos imersos 
nas inúmeras tarefas da vida cotidiana. 
Por isso, o principal movimento que este livro propõe a você é de 
parar para refletir sobre essas e outras questões muito relevantes.
Se um projeto é muito impor-
tante para o futuro, ele não se re-
sume apenas a esse olhar à frente, 
porque é formulado com as condi-
ções que temos no presente e que 
foram acumuladas no passado, 
em nossa trajetória de vida. Assim, 
trata-se de um instrumento que 
planeja o que está por vir, mas de-
pende fundamentalmente do que 
já experimentamos e aprendemos. 
Ele atesta a nossa capacidade de 
nos organizarmos hoje para o ama-
nhã, mas tomando como referência 
o que aprendemos ao longo de toda 
a nossa vida. 
Além disso, um projeto pode ser tanto um empreendimento indivi-
dual quanto uma mobilização coletiva. Entretanto, mesmoquando se tra-
ta de algo individual, sua construção depende de como nos posicionamos 
no mundo e interagimos com as outras pessoas. Nossas relações sociais 
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 Para muitos, a ampulheta é uma 
metáfora da vida e do tempo.
10 Apresentação
podem não só fortalecer nossos projetos, como também ser fundamen-
tais para a sua realização e efetivação no futuro. Porém, falaremos disso 
mais adiante. Por ora, queremos fundamentalmente que você entenda o 
que é um projeto de maneira mais geral, fazendo um levantamento das 
atividades que dependem dele para serem concretizadas.
Quem ou o que precisa 
de projeto?
Você já deve ter entendido que um projeto diz respeito a como 
nos organizamos para o futuro. No entanto, você sabe como ele é rea-
lizado no presente? O que é necessário fazer para se obter ou cons-
truir um projeto? Afinal, quem ou o que, de fato, precisa desse tipo de 
procedimento? 
Na verdade, a ideia de projeto está inserida nas mais diferentes es-
feras da sociedade em que vivemos. Por isso, até mesmo ações mais 
cotidianas ou produtos que consumimos são resultado de um ou até de 
muitos projetos. 
Vamos caminhar e observar o 
que os projetos podem fazer?
O que vamos propor a partir de agora é um passeio 
para que você saiba melhor quem ou o que precisa de pro-
jeto e a importância deles em nossas vidas. 
Comece com uma jornada imaginária pelas cidades 
brasileiras, onde já se pode encontrar uma série de projetos. 
Caminhe pela sua cidade ou por uma cidade próxima de onde 
você mora. Se nela houver prédios, pontes ou alguma outra 
grande obra, certamente houve ali um projeto de construção 
que permitiu que tudo isso existisse. E o que seria um proje-
to de construção? Bem, trata-se de algo que envolve todos 
os procedimentos necessários para a realização segura de 
uma obra, com a finalidade de evitar problemas futuros. 
Nesse sentido, um projeto pode abranger outros pro-
jetos dentro dele. No caso da construção de um prédio, por 
exemplo, é preciso seguir várias etapas e, em cada uma de-
las, há algumas perguntas a serem respondidas e cuidados 
a serem tomados.
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1. A escolha do lugar
Onde a obra será construída? Quais as condições desse local para 
que ela possa ocorrer ali? O terreno é seguro? Essas são algumas das 
questões prévias antes mesmo de iniciar o projeto de construção de 
uma obra.
2. O projeto arquitetônico 
Qual o projeto arquitetônico da obra que se pretende construir? Ou 
seja, qual será o desenho que determinará o seu formato externo e in-
terno? Essas são as principais perguntas dessa etapa, que geralmen-
te acontece com base no diálogo com quem encomendou a obra, mas 
também com a legislação municipal e o plano diretor, que definem como 
deverá ser a sua realização. Ou seja, há também um conjunto de regras 
ou limites que designa o que se pode e o que não se pode fazer em de-
terminados espaços.
3. O projeto de construção 
Após o projeto arquitetônico, é preciso definir o projeto da constru-
ção, para, justamente, pensar a sua viabilidade e quais materiais serão 
necessários para a sua realização com êxito.
▲▲ Arquiteto em ação. ▲▲ Projeto arquitetônico 
de uma edificação.
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12 Apresentação
4. O acompanhamento do projeto
Por fim, há a construção da obra, que deve sempre ser acompanha-
da pelos responsáveis pelo projeto original, a fim de certificar-se de que 
o que foi planejado está sendo seguido e de que nada sairá errado. Ou 
seja, mesmo durante sua execução, não se deve abrir mão do projeto, 
pois ele é fundamental para que os objetivos sejam alcançados.
O plano diretor de um município também é um projeto! Tra-
ta-se do modo como esse município planeja o uso de suas mais 
diferentes áreas urbanas. Por exemplo, por meio dele, definem-
-se onde podem ser construídos prédios comerciais e onde é 
permitida apenas a presença de residências. O plano diretor or-
ganiza a ocupação do solo urbano, com a finalidade de garantir o 
bem-estar da maioria dos habitantes de uma cidade. Um plano 
diretor municipal deve, portanto, orientar para a preservação do 
meio ambiente e da memória da população local, entre outras 
preocupações. Ele é obrigatório para as cidades com mais de 20 
mil habitantes, conforme o artigo 182 da nossa Constituição Fe-
deral. Você sabe se a sua cidade se enquadra nesse critério? Em 
caso afirmativo, você conhece o plano diretor dela? 
Se a obra de um prédio não possui um projeto sério e muito bem 
elaborado e executado, ela pode apresentar problemas posteriores e 
até mesmo colocar em risco a segurança das pessoas. Por isso a impor-
tância de um projeto que planeje corretamente as ações futuras, ava-
liando todos os riscos que devem ser evitados e suas consequências. 
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
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Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
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Mestre de obras em ação. 
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As cidades e seus projetos 
Você já deve ter notado então, ao caminhar pela cidade, que grande 
parte do que observa ao seu redor é resultado de um projeto e, muitas 
vezes, a própria cidade é resultado de um projeto prévio. Um dos gran-
des problemas que encontramos na maioria das cidades brasileiras, 
aliás, reside no fato de elas não serem resultado de um projeto. Ou seja, 
não foram planejadas adequadamente e, assim, cresceram de maneira 
desordenada, gerando uma série de questões ambientais e sociais. 
Brasília é uma das poucas cidades planejadas do país. Pro-
jetada pelos famosos arquitetos Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, 
ela se tornou modelo para o mundo de projeto arquitetônico e 
urbanístico moderno. Por isso, recebeu o título de patrimônio 
cultural da humanidade pela Unesco – organização das Nações 
Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.
Existe projeto no supermercado?
O que propomos agora é que você continue o seu passeio pela ci-
dade. Que tal entrar em um supermercado? A construção da edificação 
que o abriga é também resultado de um projeto arquitetônico, como 
acabamos de observar. Porém, sabemos que ali funciona um empreen-
dimento comercial. Sendo assim, para que fosse um empreendimento 
bem-sucedido, certamente os seus responsáveis devem ter formulado 
minimamente um projeto para pesquisar as condições reais para a sua 
instalação e o início do empreendimento. Ou seja, foi necessário criar 
um plano de negócios que deve ter formulado ao menos as seguintes 
questões prévias: 
1 Quem será o público consumidor?
2 Quais serão os produtos oferecidos? 
3 Quem serão os respectivos fornecedores? 
4 Qual será o investimento necessário para garantir que o negócio 
ocorra bem?
Toda abertura de empresa – seja ela grande ou pequena – depen-
de de um projeto que leve em consideração as reais condições de quem 
quer empreender. Do contrário, a chance de as coisas não caminharem 
bem é grande. 
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▲▲ Brasília, capital federal do país.
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14 Apresentação
O projeto e seus produtos
Que interessante, não? Você nem chegou a entrar no supermerca-
do e já descobriu que, para criá-lo, foram necessários pelo menos dois 
projetos: o de construção e o de negócios. 
Agora, imagine-se dentro desse supermercado. Olhando ao seu re-
dor, o que você vê? Uma grande quantidade de produtos à venda, certo? 
Porque, se o responsável pelo supermercado pensou bem o seu pro-
jeto de negócios, é bem provável que haja uma enorme e diversificada 
oferta de produtos. De um lado, há os produtos de limpeza; do outro, os 
alimentícios; mais adiante, as utilidades domésticas. O que queremos 
saber agora é:
1 Será que para tudo isso estar lá dentro também foi necessário um 
projeto?
2 Será que para cada um daqueles produtos foi necessário um pro-
jeto? O que você acha?
Sim! Grande parte dos produtos que está ali resultou de um ou mais 
projetos, elaborados e realizados em muitasetapas. A criação dos pro-
dutos pode ter envolvido um projeto científico ou químico. No caso de 
um item de limpeza ou de um alimento industrializado, por exemplo, foi 
preciso um projeto químico, que indicasse a sua melhor composição. 
Porém, da mesma forma que ocorre com o empreendimento do 
supermercado, aquele que comercializa o produto também deve ter 
elaborado um projeto de negócios, pensando na sua distribuição, por 
exemplo. 
E como os supermercados podem saber se haverá interesse no 
que pretendem vender? Certamente, será preciso um projeto específi-
co, que demande uma pesquisa para avaliar os reais interesses dos con-
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Químico trabalhando 
em laboratório. 
15
sumidores em determinado produto ou no que é preciso fazer para que 
que esse produto atraia a atenção dos consumidores. Ou seja, é preciso 
elaborar um projeto ou plano de divulgação e publicidade, pensando em 
como, onde e de que maneira se deve divulgar o produto. 
Se houver recursos financeiros suficientes, e caso se deseje anun-
ciar o produto em um comercial de televisão, por exemplo, será preciso 
pensar também em um projeto ou roteiro muito bem estudado e pla-
nejado para que essa propaganda seja bem-sucedida e cumpra com os 
seus objetivos de despertar interesse e motivar as vendas.
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO
Imagine agora que você precisa criar e vender um produto, pensan-
do em todas as etapas necessárias para esse projeto. O que se-
ria necessário planejar para que o seu projeto seja bem-sucedido? 
Faça uma pesquisa sobre outros produtos similares ao seu e pense 
num projeto de divulgação para o produto que você criou. Compar-
tilhe com a turma.
O que comemos também faz 
parte de um projeto?
Aproveitando que está “no” supermercado, por que não comprar 
alguma coisa para fazer uma refeição especial hoje? Para isso, você 
também precisa de dois projetos:
1 Primeiro, o seu planejamento financeiro: quanto você pode gas-
tar? Até mesmo a lista de compras para o supermercado é um 
projeto que alinha o que você precisa e o que tem reais condições 
financeiras de adquirir.
2 Segundo, para preparar o seu prato favorito, você precisa saber 
quais são os ingredientes necessários e anotá-los na lista de 
compras que levou ao supermercado.
Voltando para casa, é hora de cozinhar a sua esperada refeição! 
Chega dessa história de projeto, pois você deve estar com fome, 
certo? Não! Espere um momento! E a receita? Sem ela, pode ser que 
o prato não dê certo. Veja se alguém da sua família tem uma recei-
ta ou pesquise na internet. E o que é uma receita se não um projeto 
de como preparar uma refeição cotidiana ou uma comida especial de 
que gostamos muito? Basta seguir a receita que a chance de tudo 
dar certo é enorme. 
16 Apresentação
O mesmo ocorre com um projeto comum. Sempre que precisamos 
alcançar um objetivo futuro, o ideal é planejar, escrever um projeto e 
pensar nos passos para se chegar a ele e nas condições que se têm no 
momento para isso. Isso é o que se tem de fazer para cozinhar também, 
pois é preciso saber quais são os ingredientes necessários e o modo de 
preparo.
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO
Pesquise em casa sobre as receitas que são utilizadas pelas pes-
soas mais velhas com quem você convive ou em sua vizinhança. 
1 Como será que elas chegaram a essas receitas? Alguém as 
ensinou? Quem? 
2 Quais etapas e cuidados são necessários para cozinhar um 
prato especial, ou fazer um bolo bem gostoso? 
3 Alguém que você conhece possui um livro de receitas? Você já 
o viu? Como ele é?
Pesquise na internet a receita de uma comida de que você goste 
muito e veja os passos para a sua elaboração. Caso esteja com co-
ragem e disposição, por que não tentar preparar esse prato especial 
do modo que a receita indica?
Projeto para a sua diversão
Pausa para descansar depois dessa longa caminhada! Se você pos-
sui algum game no seu celular, que tal jogar um pouquinho? Opa, será 
que tem projeto aqui também? Claro que tem! Começando pelo seu ce-
lular: assim como os produtos que você encontrou no supermercado, ele 
é resultado de inúmeros estudos e projetos. 
E o game? Sem um projeto, ele certamente não exis-
tiria. Os jogos digitais são produzidos por profissionais do 
campo de game design, responsáveis, justamente, por 
desenvolver o projeto desses aplicativos. O projeto de um 
game, nesse caso, apresenta muitas similaridades com o 
projeto arquitetônico de uma casa ou de qualquer outra 
obra. Ou seja, ele parte de um desenho, daí o nome em in-
glês design. 
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escreva 
no livro
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
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 Adolescente jogando game no celular.
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O profissional de game design é responsável por projetar e dese-
nhar todos os ambientes do jogo digital. Ele formula as ideias de jogos 
e pensa nos planos para colocá-las em prática, como algo divertido e 
que atraia a nossa atenção; ele pensa nos diversos cenários (a interface 
visual), níveis, objetos e personagens controlados pelo computador ou 
pelos jogadores. Um game, portanto, também é resultado de um projeto!
E você, já pensou em ser ou conhecer mais sobre o que faz 
um game designer? Sabia que há inúmeros programas gratuitos 
de desenvolvimento de jogos? Alguns, inclusive, para iniciantes 
que saibam pouco de programação? Uma rápida pesquisa na in-
ternet já pode lhe revelar uma série de alternativas. E o restante 
é com você!
MAIS SOBRE ➜▲SCHUYETEMA, Paul. Design de games: uma abordagem 
prática. São Paulo: Cengage Learning, 2008.
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO
Pesquise mais a respeito de qual é o trabalho de um game designer 
e quais programas e aplicativos existem para a criação de games.
E na escola, existe projeto?
Depois desse passeio pelo supermercado, pela cozinha e pelo en-
tretenimento com os games, vamos voltar à escola? Aliás, nela também 
há muitos projetos. Tudo que o professor ensina faz parte de um projeto 
que está alinhado com o que o Ministério da Educação prevê para cada 
etapa de ensino em que o aluno se encontra, e também com o que a es-
cola determina como seu projeto pedagógico e com o que ele mesmo 
seleciona em seus planos de aula. 
Assim, antes de chegar à sala de aula, 
o professor construiu um projeto para de-
finir o conteúdo, a metodologia de ensino 
e o planejamento de cada aula. Ou seja, 
todas as matérias que você estuda e as li-
ções que faz são parte de um projeto que 
tem como objetivo garantir-lhe o melhor 
aprendizado e dar-lhe condições para que 
você possa construir uma boa base esco-
lar, que certamente será útil em sua traje-
tória profissional e em sua vida. 
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Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
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18 Apresentação
Psiu, um segredo: este livro também é resultado de um projeto, que 
envolveu o planejamento de temáticas e questões, sempre pensando 
em você e nas suas expectativas de aprendizado. 
Será que até aqui o livro tem cumprido com o seu objetivo, que é de 
apresentar claramente, ainda que de forma inicial, o que é um projeto e 
sua importância em nossa vida? 
Roda de conversa
Como saber se um projeto está dando certo? Propondo ativida-
des de avaliação! Por isso, discuta com o professor e os colegas sobre 
o que aprendeu no livro até aqui. 
1 O que você entende que seja um projeto e qual a sua importância 
para as diferentes esferas da vida?
2 O que ou quem, afinal, precisa de um projeto?
3 Considerando o que estudou até aqui, você teria vontade de proje-
tar algo?
Um projeto de pesquisa
Um dos objetivos da escola é justamente preparar você para ser ca-
paz de, entre outras coisas, elaborar um projeto de pesquisa. Esse pro-
jeto pode caracterizar-se como um levantamento histórico, uma obser-
vação de campo sociológica ou mesmo uma investigação laboratorial no 
campo da bioquímica. 
Embora a universidade seja o local em que se desenvolvem efetiva-
mente os projetos de pesquisa científica, na escola já podemos conhe-
cer um pouco a esserespeito e entender o que é e quais são os passos 
para a elaboração de um projeto de pesquisa.
O que é uma pesquisa científica?
A pesquisa científica é aquela que se desenvolve com base em uma 
metodologia específica, a fim de alcançar um objetivo, seja ele descobrir 
novos fatos ou testar uma hipótese, por meio de uma pergunta que se 
elabora previamente a fim de afirmá-la ou negá-la com base em uma 
experiência científica. 
Em outras palavras, uma pesquisa científica depende de uma for-
ma rigorosa de procedimento a fim de garantir que seja o mais objetiva 
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
19
e precisa possível. Uma pesquisa científica, dependendo do campo de 
estudo, pode desenvolver metodologias específicas. As Ciências Hu-
manas e Sociais Aplicadas, as Ciências da Natureza, a Matemática e as 
Linguagens, cada uma delas demanda um ou mais tipos de investigação 
com métodos próprios, que permitam alcançar os objetivos da área, por 
meio de um enfoque, que pode ser qualitativo ou quantitativo. 
Ampliando o repertório 
Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha 
do tema, fixação dos objetivos, determinação da metodologia, 
coleta dos dados, sua análise e interpretação para a elabora-
ção do relatório final, tudo é previsto no projeto de pesquisa. 
Este, portanto, deve responder às clássicas questões: o quê? 
por quê? para quê e para quem? onde? como, com o quê, quan-
to e quando? quem? com quanto?
(LAKATOS, Eva; MARCONI, Marina. Metodologia do trabalho científico. 
São Paulo: Atlas, 1992.)
Conforme a definição das autoras Lakatos e Marconi, um projeto de 
pesquisa deve responder minimamente às seguintes questões:
1. Quem? (Apresentação do autor)
Informa-se quem é o autor da proposta, a instituição à qual é filiado 
e onde a pesquisa será realizada.
▲▲ A pesquisa científica em laboratório.
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20 Apresentação
2. O quê? (Introdução e apresentação do objeto da pesquisa)
Introduz ao leitor ou avaliador o tema e o objeto da pesquisa, ou 
seja, o que efetivamente será pesquisado. Em alguns casos, esse é o 
momento de mostrar como se dialoga com outros trabalhos já realiza-
dos na mesma área de investigação.
3. Para que ou para quem? (Objetivos)
Discutem-se quais são as finalidades da pesquisa, apontando quais 
resultados se espera alcançar e, se for o caso, a quem esses resultados 
beneficiarão ou servirão de base.
4. Por quê? (Justificativa) 
Na justificativa, evidencia-se a relevância da pesquisa, demons-
trando por que ela é importante e em que a sua contribuição se destaca 
de outras pesquisas já realizadas. Esse é o ponto em que se afirmam 
quais são os seus propósitos mais amplos. 
5. Como? Com o quê? (Metodologia e referencial 
teórico)
A metodologia diz respeito a como a pesquisa será 
realizada, ressaltando qual caminho será seguido e quais 
instrumentos serão utilizados para chegar aos resultados 
finais. Uma metodologia e a pesquisa, de maneira geral, 
estão sempre embasadas em um quadro referencial teó-
rico, ou seja, em discussões anteriores feitas por pesqui-
sadores já consagrados na temática investigada e que aju-
dam a esclarecer e a justificar a metodologia empregada.
6. Quando? (Cronograma)
Toda pesquisa tem um prazo para começar e para ter-
minar. E, assim como acontece com todo projeto, apresen-
tam-se os passos para sua realização, ou seja, indica-se 
o tempo para realizar a pesquisa empírica, a análise dos 
dados e, finalmente, para redigir o relatório científico final 
com os resultados consolidados da pesquisa.
7. Quanto? (Orçamento)
As pesquisas científicas no Brasil são realizadas no âmbito de ins-
tituições de pesquisas quase sempre ligadas às universidades. Essas 
instituições, por sua vez, solicitam, junto a agências de fomento, finan-
ciamento para que os seus pesquisadores tenham condições de traba-
lhar. As agências de fomento à pesquisa no Brasil são, em sua maioria, 
instituições públicas que concedem bolsas de pesquisa e auxílio para 
compra de materiais para os cientistas.
Fomento
Auxílio, estímulo. 
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21
A principal agência de fomento à pesquisa no Brasil é o 
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tec-
nológico). Ele financia projetos inclusive para a concessão de 
bolsas de iniciação científica a estudantes do Ensino Médio, ge-
ralmente por meio de convênios com instituições de ensino su-
perior. Acesse o site do CNPq, saiba mais a respeito e entenda 
como funciona um projeto de pesquisa científica: www.cnpq.br 
(acesso em: 19 nov. 2019).
E fique sempre atento às universidades, especialmente às 
públicas, próximas da região onde você mora, porque elas po-
dem publicar editais de chamada para concessão de bolsas de 
iniciação científica para estudantes do Ensino Médio que quei-
ram conhecer e aprofundar-se no campo da ciência.
8. Com quê? (Bibliografia)
Na bibliografia, devem ser inseridos todos os livros que serviram de 
referência para embasar a metodologia, a teoria e a discussão sobre o 
tema específico da pesquisa.
O que descobrimos até aqui
O projeto é o instrumento principal para realizar grandes e pequenas 
obras na sociedade em que vivemos. Para abrir uma empresa, construir 
um viaduto, criar um produto, cozinhar uma refeição especial ou realizar 
uma pesquisa científica de alta complexidade, você sempre precisará de 
um projeto se quiser alcançar seu objetivo com maior eficiência, redu-
zindo assim as chances de erro. O projeto permite o planejamento de 
suas ações para a realização efetiva de uma tarefa. 
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▲▲ Logomarca do CNPQ.
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22 Apresentação
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO
Você acabou de ver como se estrutura um projeto de pesquisa cien-
tífica. Se você fosse um cientista, em qual área de pesquisa imagina 
que se enquadraria: das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, das 
Ciências da Natureza, da Matemática ou das Linguagens? Escolha 
uma dessas áreas e reúna-se com os colegas. Sob a orientação do 
professor, definam um tema e um objeto para desenvolver um es-
boço de projeto de pesquisa que seria realizado em seis meses. 
Lembre-se de que, nesse esboço de projeto, deverão constar 
pelo menos os seguintes itens: Quem? O quê? Para quê? Por quê? 
Como? Quando? A seguir, como inspiração, veja alguns modelos de 
projetos desenvolvidos em diferentes campos de pesquisa. Antes 
de pensar sua ideia para um projeto de pesquisa, discuta com seus 
colegas de grupo as duas investigações científicas apresentadas. 
Como será que foram elaborados os seus projetos? Quais etapas 
eles teriam seguido?
Pesquisa 1
Esperança contra o zika
Em testes iniciais, formulações imunizantes e 
medicamentos contra outras enfermidades protegeram 
células e camundongos do vírus
Depois que pesquisadores da Bahia confirmaram a presença 
do zika no Nordeste há um ano, o vírus avançou para quase 
todo o país. Pegos de surpresa, os pesquisadores e autoridades 
de saúde tiveram de se mobilizar e direcionar esforços para 
conhecer o vírus e buscar formas de detê-lo. Os primeiros re-
sultados começam a aparecer e são promissores.
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
▲▲ As pesquisas científicas em laboratório são importantes para a 
área da saúde.
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23
Ao longo de junho, vieram a público resultados de estudos 
importantes que ajudam a compreender as reações que o 
vírus desperta no sistema de defesa em uma situação de 
especial interesse para a população brasileira: os casos em 
que o zika infecta pessoas que já entraram em contato com 
alguma das quatro variedades do vírus da dengue (90% das 
pessoas já tiveram dengue em certas áreas do Nordeste). Pu-
blicado na revista Nature Immunology por pesquisadores da 
Inglaterra, da França, da Polinésia e da Tailândia, esse tra-
balho confirma que os anticorpos que protegem da dengue 
também atuam contra o vírus zika – é o que os imunologis-
tas chamam dereação cruzada –, mas não são capazes de 
neutralizá-lo completamente. O que se verificou para o zika 
em relação aos anticorpos contra a dengue também pode 
ocorrer com a dengue em relação aos anticorpos antizika.
ZORZETTO, Ricardo. Pesquisa Fapesp, ed. 245, jul. 2016. Disponível 
em: https://revistapesquisa.fapesp.br/2016/07/14/esperanca-
contra-o-zika/?cat=ciencia. Acesso em: 7 dez. 2019.
Pesquisa 2
Aira Bonfim, a pesquisadora que resgata a verdadeira 
história do futebol no Brasil
Pesquisadora ajudou a implementar Centro de Referência 
do Futebol Brasileiro: “Minha vida foi conhecer e registrar 
essas histórias e levar para o museu”
[...]
Tudo em torno dos campos e dessa que é mais do que uma 
modalidade esportiva, mas sim uma parte da cultura do bra-
sileiro: o futebol. E foi a isso, essas histórias e lugares como 
esse que Aira se dedicou nos últimos sete anos. Nesse pe-
ríodo, ela ajudou a implementar o Centro de Referência do 
Futebol Brasileiro dentro do Museu do Futebol. “Minha vida 
foi conhecer e registrar essas histórias e levar para o museu, 
que é um espaço público, que legitima a memória das pes-
soas, dos espaços e acho isso muito potente. A gente nasce 
em um lugar que todos dizem ser o país do futebol, mas não 
entendemos direito que futebol é esse que estamos falando”.
[...]
Recentemente Aira deixou o centro de referência e se dedica a 
seu mestrado, em que pesquisa o futebol feminino na década 
de 30. Muito do que motiva esse trabalho surgiu nesses anos 
todos de pesquisa. Ela conta que a ficha sobre a pouca atenção 
a esse tipo de futebol foi caindo com o passar do tempo. Ainda 
➜
➜
24 Apresentação
no museu, ela lembra que precisavam de uma foto da seleção 
feminina posada em cada um dos principais campeonatos: 
Copa do Mundo, Pan-americano e Olimpíadas. “Não tinha ima-
gem! Copa do Mundo, a primeira foi 91, então você pensa que 
é óbvio que vai ter. E não tinha”. Aos poucos, o espaço para 
essa história foi crescendo ali dentro. “A memória não está 
dada. A gente pegava a caixa de recorte de jornal que a mãe 
de alguém tinha na casa dela, digitalizava e vira um acervo 
público que serve de pesquisa. Criamos essa base”. 
BONFIM, Aira. Futebol feminino. HuffPost Brasil, 1.o dez. 2018. 
Disponível em: www.huffpostbrasil.com/2018/11/30/aira-bonfim-
a-pesquisadora-que-resgata-a-verdadeira-historia-do-futebol-no-
brasil_a_23603801/. Acesso em: 29 set. 2019. 
Rumo ao projeto de vida
Em seu percurso até aqui, você já viu o que é um projeto, ainda que 
de maneira bastante ampla e geral. Daqui em diante, você avançará para 
aprofundar seu entendimento do que, de fato, é um projeto de vida, sob 
três perspectivas: 
1) a do autoconhecimento; 
2) a da sua relação com os outros no mundo; 
3) a do planejamento de suas trajetórias de formação e atuação pro-
fissional. 
Um projeto de vida contempla pelo menos três grandes perspecti-
vas, que serão trabalhadas nos três módulos deste livro:
1. A vida pessoal
Envolve os seus afetos e compromissos consigo mesmo e com as 
pessoas próximas. No projeto de vida pessoal, você deve pensar com 
base em seus gostos, conhecimentos e escolhas.
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Jogo de futebol femi-
nino entre as seleções 
do Brasil e da Suécia, 
no Rio de Janeiro (RJ), 
em 2018. 
2. A vida cidadã
Diz respeito à sua participação na sociedade, como ser coletivo e 
cooperativo que é. No projeto de vida cidadã, você deve entender que 
não há progresso pessoal sem a colaboração e o respeito ao outro. 
3. A vida escolar ou profissional
Trata do modo de se engajar no processo de produção de conheci-
mento e de riqueza sustentável para o mundo em que vivemos. Sua tra-
jetória escolar e profissional depende fundamentalmente de como você 
atua e se planeja para sua vida pessoal e uma prática cidadã.
Atividades e vivências
Como você já pôde ter uma pequena amostra nesta Apresentação, 
este livro propõe a realização de uma série de atividades sobre o seu 
projeto de vida. O objetivo é fornecer instrumentos para que você pos-
sa refletir sobre os seus sonhos e o desenvolvimento de seu projeto de 
vida, trabalhando com diferentes competências e habilidades.
Autoconhecimento 
Nessa seção, você será convidado a fazer uma reflexão pessoal. O obje-
tivo é propiciar momentos de reflexão sobre quem você é e qual é seu papel 
no mundo. Essa é uma ação que se justifica pela importância de reconhecer as 
próprias emoções, potencialidades e limitações. 
Ampliando o repertório 
Nesse caso, apresentamos informações extras ou ligadas a um contexto 
complementar ao que estiver sendo discutido. O objetivo é aguçar sua curio-
sidade científica e promover a descoberta de novas referências. Essa atividade 
justifica-se pela importância de se aprofundar o conhecimento sobre determi-
nados temas e assuntos, a fim de aumentar as possibilidades de realização de 
um projeto de vida de sucesso.
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO
Como o próprio nome já diz, o objetivo dessa seção é aprofundar algu-
mas questões importantes trabalhadas em cada módulo. A justificativa para 
esse olhar mais profundo é a potencialização das capacidades de analisar, 
discutir e argumentar sobre questões fundamentais para a elaboração do 
projeto de vida pessoal.
Competências gerais
7 e 8
Competências específicas
2 (Linguagens e suas Tecnologias)
Habilidades
EM13LGG202
Competências gerais
6 e 7
Competências específicas
1 (Linguagens e suas Tecnologias)
1 (Ciências Humanas e Sociais 
Aplicadas)
Habilidades
EM13LGG103
EM13CHS103
Competências gerais
6 e 7
Competências específicas
1 (Linguagens e suas Tecnologias)
1 (Ciências Humanas e Sociais 
Aplicadas)
Habilidades
EM13LGG105 / EM13CHS102
EM13CHS103
25
26 Apresentação
Competências gerais
7
Competências específicas
6 (Ciências Humanas e Sociais 
Aplicadas)
Habilidades
EM13CHS606
Competências gerais
6
Competências específicas
1 (Linguagens e suas Tecnologias)
Habilidades
EM13LGG102
Além das atividades apresentadas, ao final dos Módulos 1 e 2 há 
uma proposta de Vivência de transição e, no Módulo 3, de Vivência de 
fechamento, todas elas pautadas no processo de elaboração do projeto 
de vida. O objetivo das vivências de transição é consolidar os conheci-
mentos adquiridos no módulo e preparar-se para o módulo seguinte. A 
justificativa para a realização das vivências de transição e fechamento é 
permitir uma troca mais ampla de experiências e saberes sobre os dife-
rentes projetos de vida: individual, coletivo e mais focado na formação e 
no mundo do trabalho.
Roda de conversa
Aquecimento
1 Quais são as suas expectativas em relação a este livro? 
2 O que você imagina que aprenderá com ele?
Essa seção apresenta links que levam você para outros contextos. O objeti-
vo é apresentar as informações mais diversificadas possíveis, que se relacionem 
com a temática discutida. Trata-se de dicas culturais, de filmes, séries, livros e 
instituições, entre outras referências, que se justificam por permitir novos co-
nhecimentos de questões abordadas no livro com base em diferentes lingua-
gens artísticas. 
Roda de conversa
Sempre que houver indicação para uma roda de conversa, o objetivo é a 
realização de um debate coletivo sobre determinado assunto. Assim, depois de 
uma reflexão pessoal em Autoconhecimento, a roda de conversa propiciará uma 
oportunidade de afinar as percepções com base no diálogo com os colegas. As 
rodas de conversa justificam-se no âmbito de um trabalho com projeto de vida 
por permitirem momentos preciosos para trabalhar a argumentação e o respeito 
às diferenças de opiniões. 
#FICA A DICA
O meu próprio mistério
Sou tão misteriosa que 
não me entendo.
O meu 
encontro 
comigo
M
ódulo 1
(Clarice Lispector, Aprendendo a viver)
As referências bibliográficas 
completas encontram-se 
no fim do volume.
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Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
O meu encontro comigo
O que é um projeto de vida?
Você já sabe que é importanteelaborar um projeto para realizar as 
mais diferentes ações no mundo em que vivemos. E em sua vida pes-
soal, será que o projeto também é importante? Como ele poderia aju-
dá-lo em atividades cotidianas e na realização de sonhos nos mais di-
ferentes planos? Em diferentes aspectos do mundo em que vivemos, é 
fundamental elaborar um projeto a fim de planejar os passos que devem 
ser seguidos para alcançar um objetivo no futuro. Do mesmo modo, 
também é importante pensar um projeto para a sua vida.
Com as constantes e intensas mudanças que a sociedade tem vi-
venciado a partir do desenvolvimento das novas tecnologias digitais da 
informação e da comunicação, cada vez mais se torna necessário ado-
tar um projeto que nos permita planejar minimamente quais serão os 
próximos passos de nossa trajetória. 
Repertório cultural e campo de possibilidades
Como você já pôde observar nos mais diferentes projetos que fo-
ram analisados, embora sejam voltados para o futuro, como uma for-
ma de organizá-los em etapas, eles dependem fundamentalmente do 
passado, dos saberes e das experiências que acumulamos sobre de-
terminado assunto ou atividade. Nossos diversificados conhecimentos 
e informações são fundamentais para a realização de determinadas ta-
refas. Da perspectiva de um projeto de vida, esse é o nosso repertório 
cultural. Porém, além disso, para o seu projeto de vida, também é impor-
tante levar em consideração o seu campo de possibilidades. Em outras 
palavras, se você tem um sonho ou um objetivo para sua vida em um 
futuro mais próximo ou mais distante, precisa considerar quais são as 
condições para a realização desse sonho. 
Em uma sociedade desigual, esse campo de possibilidades não se 
constitui da mesma forma para todos os indivíduos. Algumas pessoas 
possuem um campo de possibilidades mais amplo, no sentido de terem 
Repertório cultural
O conjunto de experiências 
e saberes que se adquire 
ao longo da vida, em casa, 
no bairro, no trabalho e na 
escola. Quanto mais rico e 
diversificado for o repertório 
cultural, maior será sua ca-
pacidade de compreensão 
do mundo. 
Campo de possibilidades
As condições reais para 
a sua ação no mundo. O 
campo de possibilidades 
refere-se aos recursos e às 
escolhas que você tem, no 
presente, para tomar deci-
sões e planejar o futuro. 
28
mais opções de escolha, por contarem com certos privilégios sociais, cul-
turais e econômicos. Isso não significa que uma pessoa com um campo 
de possibilidades mais restrito, ou seja, com menos opções de caminhos 
para a realização de seus sonhos, não possa desenvolver estratégias para 
alcançar seus objetivos, ainda que tenha de superar maiores obstáculos. 
Uma das formas de ampliar o seu campo de possibilidades se dá, justa-
mente, por meio do enriquecimento de seu repertório cultural, em outras pa-
lavras, pela sua capacidade de expandir o seu conhecimento sobre os mais 
diferentes aspectos do mundo e da vida. Portanto, as noções de campo de 
possibilidades e repertório cultural estão intrinsecamente relacionadas. 
O repertório cultural pode ser adquirido em nossa vida familiar, na 
relação com nossos amigos e vizinhos, na escola, nos museus, nos cen-
tros culturais, nos livros, nos jornais, nos coletivos de juventude e nos 
mais diferentes ambientes sociais que frequentamos. Na vida estamos 
sempre aprendendo com todas as pessoas com quem nos relaciona-
mos. Quanto maior o seu repertório cultural, maiores serão as suas con-
dições de planejamento do futuro e de construção de um projeto de vida 
bem estruturado e condizente com o seu campo de possibilidades. 
Autoconhecimento 
Pare, pense e reflita:
1 O que você entendeu sobre as ideias de repertório cultural e campo 
de possibilidades?
2 Com base no que estudou até aqui, você conseguiria refletir um 
pouco sobre qual é o seu repertório cultural e qual é o seu campo 
de possibilidades para realizar um determinado curso superior ou 
seguir uma determinada carreira profissional?
O projeto que dá sentido para a sua vida
O projeto de vida funciona como um potencializador que, com base 
em seu repertório cultural e em seu campo de possibilidades, abre as 
portas do início de uma trajetória para o futuro que você quer conquis-
tar. O projeto de vida envolve, portanto, uma organização e a conquis-
ta de um sentido, de uma razão para a sua vida. Se você não consegue 
articular bem o seu projeto de vida, considerando, ao mesmo tempo, o 
seu repertório cultural, o seu campo de possibilidades e a pertinência de 
seu projeto para a sociedade em que vivemos, há uma grande chance de 
seus sonhos tornarem-se mera fantasia. 
Não 
escreva 
no livro
CR
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CR
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29
O meu encontro comigo
Em outras palavras, você pode investir um grande esforço e energia em 
algo que não leva em consideração aspectos que não dependem apenas de 
você mesmo, constituindo, assim, uma perspectiva irrealista e, às vezes, até 
egoísta ou muito autocentrada sobre o mundo e as condições sociais para 
a realização de seus sonhos. Por isso, conhecer-se bem, identificando suas 
potencialidades e seus limites, é um passo fundamental para a elaboração 
de um projeto de vida efetivo e realista, que não seja uma fantasia ou ilusão.
Autoconhecimento 
Até aqui, você aprendeu que um projeto de vida depende tanto de 
seu conhecimento e capacidade de se organizar para o futuro quanto do 
campo de possibilidades, ou seja, das condições efetivas que a sociedade 
lhe proporciona para isso. Com base nisso, sugerimos que você reflita so-
bre quais são os principais obstáculos para a realização de seu projeto de 
vida. Esses obstáculos podem ser superados? De que maneira?
Por outro lado, reflita também sobre o seu campo de possibili-
dades. Que vantagens ou oportunidades você considera que poderia 
aproveitar em benefício de seu projeto de vida?
Inspirações: Projetos de vida desafiadores 
Muitas vezes, o projeto de vida não guarda relação apenas com o 
sucesso individual, mas também com uma grande satisfação pessoal 
de engajar-se em uma causa social importante. Há muitos exemplos 
de jovens que deram um sentido para sua vida com base em objetivos 
que não diziam respeito apenas a interesses próprios, mas também a 
questões fundamentais para o progresso da sociedade onde viviam e 
até mesmo da humanidade de uma maneira geral. 
Ampliando o repertório 
Nem sempre a realização de um projeto de vida é fácil. Em diversos 
momentos, é preciso enfrentar muitas dificuldades e desafios enor-
mes. A seguir, apresentamos alguns exemplos de pessoas que come-
çaram seus projetos de vida ainda bem jovens e enfrentaram, e ainda 
enfrentam, uma série de desafios e mesmo dramas terríveis para al-
cançá-los. Em todos os casos, não há um projeto de vida puramente 
individual, mas a busca por uma transformação mais ampla do lugar 
onde vivem e das condições sociais das pessoas próximas, seja por 
meio da denúncia de situações de injustiça, seja por meio de ações 
concretas de participação cidadã. 
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
30
Inspirações
Leia os perfis de pessoas com trajetórias de vida inspiradoras e re-
flita sobre os obstáculos que elas tiveram de enfrentar.
é uma estudante paquistanesa que, em 2012, 
quando tinha 15 anos, foi baleada na cabeça 
por lutar para que as meninas pudessem estudar livremente em seu 
país. Ela criou um blog chamado “Diário de uma estudante paquistane-
sa” para, justamente, manifestar seu amor aos estudos e reivindicar o 
direito das meninas de ter acesso à educação formal no lugar onde nas-
ceram. Em 2014, aos 17 anos, por conta de seu projeto ativista de enga-
jar-se numa luta por melhores condições para as mulheres paquista-
nesas, tornou-se a pessoa mais jovem a ganhar o Prêmio Nobel da Paz. 
MAIS SOBRE ➜ YOUSAFZAI, Malala; LAMB, Christina. Eu sou Malala. A história da garo-
ta que defendeu o direito à educação e foi baleada pelo Talibã. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2013.
é uma jovem estudante sueca que, em 2018, 
aos 14 anos, tomoucomo seu projeto de 
vida a defesa do meio ambiente e do direito dos animais. Durante as 
eleições em seu país, ela decidiu protestar sozinha pelo aumento de 
medidas contra o aquecimento global e de proteção ao meio ambien-
te, segurando um cartaz em frente ao parlamento da Suécia. Poste-
riormente, esse protesto solitário ecoou entre outros jovens da Eu-
ropa e do mundo, desdobrando-se em uma marcha dos jovens pelo 
clima, que reuniu mais de 1,5 milhão de estudantes em mais de 100 
países. Em 2019, aos 16 anos, em discurso na ONU, ela responsabili-
zou os adultos por não protegerem o meio ambiente e roubarem os 
sonhos de sua infância e os de toda uma geração.
MAIS SOBRE ➜ O discurso da jovem ativista Greta Thunberg na ONU em 5 
pontos. Instituto Humanitas Unisinos. Disponível em: www.ihu.unisinos.br/78- 
noticias/592829-o-discurso-da-jovem-ativista-greta-thunberg-na-onu-em- 5-
pontos. Acesso em: 29 set. 2019.
é um escritor brasileiro, romancista, roteirista, 
poeta e autor do célebre livro Cidade de Deus. 
Nascido em 1958, iniciou sua trajetória como poeta. Ainda bem jovem, 
nos anos 1980, publicou seu primeiro livro de poemas, Sobre o Sol. Então 
morador da favela de Cidade de Deus, no Rio de Janeiro, começou a cur-
sar Letras na Universidade Federal do Rio de Janeiro. O romance Cidade 
de Deus, publicado em 1997, descreve justamente o cotidiano violento do 
lugar onde morava. Em 2002, o diretor Fernando Meirelles, com codireção 
 ▲ A jovem Greta Thunberg.
 ▲ O escritor Paulo Lins.
Malala Yousafzai
Greta Thunberg
Paulo Lins
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 ▲ A jovem Malala Yousafzai.
31
O meu encontro comigo
de Kátia Lund, lançou o filme Cidade de Deus, baseado no livro de Paulo 
Lins. O filme obteve quatro indicações para o Oscar. 
MAIS SOBRE ➜ LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Planeta, 2012. 
Esses são projetos inspiradores de pessoas que tiveram de batalhar 
para superar uma série de obstáculos para realizar seus sonhos. O que 
você acha dos projetos que essas pessoas traçaram para a vida delas ou 
para tentar vencer os desafios que lhes foram colocados? Você já tinha 
ouvido falar a respeito delas? Será que em algum momento elas pensa-
ram em desistir?
Billy Elliot – O filme narra a história de Billy Elliot, um apaixo-
nado pela dança que, aos 11 anos, enfrenta uma série de desafios 
para poder traçar o seu projeto de vida de tornar-se um grande 
bailarino. Seu pai trabalhava em uma mina de carvão e desejava 
que o filho aprendesse a lutar boxe, mas Billy não gostava da luta 
e encantava-se com as aulas de balé que aconteciam próximo ao 
lugar onde treinava. Assim, a dança passa a dar um sentido a sua 
vida. Apesar de enfrentar uma série de preconceitos, inclusive de 
seu próprio pai, Billy torna-se um importante bailarino da Royal 
Ballet School, uma reconhecida companhia de dança inglesa. 
MAIS SOBRE ➜ Billy Elliot, um filme de Stephen Daldry. Inglaterra, 2001. 
Autoconhecimento 
Depois de ler o texto da seção Fica a dica, responda às perguntas a 
seguir.
1 Para você, quem são as pessoas inspiradoras? 
2 Quais projetos de vida essas pessoas empreenderam? São pro-
jetos transformadores delas mesmas e também do mundo onde 
vivem?
Um projeto deve ter planos A e B
Como você pôde perceber, um projeto de vida não se desenvolve 
necessariamente de maneira linear e sem qualquer turbulência. Muitos 
obstáculos podem surgir ao longo de uma trajetória. Em alguns mo-
mentos, inclusive, é preciso avaliar se o planejamento que você elaborou 
não será muito difícil de se concretizar. Desse modo, sem abrir mão dos 
sonhos, é preciso sempre pensar em alternativas de projeto de vida, no 
chamado “plano B”. Por isso, a importância de investir em sua formação 
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escreva 
no livro
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 ▲ Fôlder de divulgação do filme 
Billy Elliot.
32
escolar e prosseguir nela o máximo que você puder, inclusive no ensino 
superior e nas muitas possibilidades de pós-graduação, além dos mais 
diversificados cursos complementares em áreas técnicas ou no apren-
dizado de outros idiomas. Com isso, você consegue justamente ampliar 
o seu campo de possibilidades. 
O sonho de tornar-se um grande artista, por exemplo, pode mos-
trar-se muito difícil, mas, ainda assim, talvez seja plausível formar-se 
em Educação Artística e trabalhar como um educador de Artes, que 
será responsável pela formação de outros grandes artistas. A trajetória 
como atleta de sucesso pode ceder lugar a um projeto mais viável ao 
seu campo de possibilidades, como o de tornar-se um educador físico 
competente e inspirador. Enfim, você pode escolher qualquer outra for-
mação que também considere relevante e interessante e que pode até 
não ter relação com o seu plano A, mas ainda assim lhe trazer grande 
satisfação e realização pessoal. Não há um caminho único para chegar 
aonde se quer, são muitas as possibilidades.
Nenhum de nós deve ter um único projeto de vida, mas sim muitos, 
que podem realizar-se simultaneamente ou ao longo de nossa histó-
ria. Em sua trajetória, alguns projetos também podem ser abandonados, 
enquanto você adere a novos. Eles não podem ser muito rígidos a pon-
to de se tornar uma camisa de força, do tipo “tudo ou nada”. Você deve 
sempre persistir em seus projetos, mas também entendê-los como algo 
que necessita de uma flexibilidade, de uma leitura do mundo em que vi-
vemos, para definir a melhor forma de adaptá-los e transformá-los, ou 
mesmo para avaliar se não cabe planejar outras possibilidades de futuro, 
de experimentar novos sonhos. 
Um projeto para a sua vida
Na apresentação deste livro, fizemos um convite para uma cami-
nhada pelo lugar onde você mora a fim de observar e fazer um levanta-
mento dos projetos que havia nele. Assim, você descobriu que há proje-
to em muitas coisas de seu cotidiano. 
Neste Módulo 1, começamos a discutir a necessidade de atentar 
para a forma de organizar os seus sonhos, o seu projeto de vida. Esta é 
justamente a jornada que estamos propondo a você. Para isso, primeiro 
convidamos você para o início de uma viagem bastante especial e pro-
funda, um passeio pelo seu interior, que lhe permita refletir sobre quem 
você é, propiciando, assim, maior autoconhecimento. Só é possível pen-
sar em um projeto de vida se você consegue, antes de tudo, olhar para 
si mesmo e refletir sobre quem você é e onde está, para depois analisar 
aonde quer chegar.
 ▲ Muitas vezes nos deparamos 
com escolhas que devemos fazer.
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O meu encontro comigo
Roda de conversa
1 Leia o trecho abaixo. Após a leitura, o professor fará uma reflexão 
coletiva com toda a turma:
Todo homem é uma ilha [...] É necessário sair da ilha para 
ver a ilha, que não nos vemos se não saímos de nós 
(SARAMAGO, José. O conto da ilha desconhecida. São Paulo: 
Companhia das Letras, 1998.)
Em O conto da ilha desconhecida, o escritor português José Sa-
ramago narra a história de um homem que insiste em procurar o rei 
para conseguir um barco e sair para descobrir uma ilha desconhecida. 
De tanto insistir, apesar de ser tomado como louco, ele consegue o 
barco e parte em busca de seu sonho. Na verdade, mais importante 
que o barco é o sentido que ele consegue dar a sua vida a partir des-
se objetivo inicial. A ilha desconhecida era apenas uma metáfora para 
o propósito que estava buscando para sua vida. Que propósito seria 
esse? Aí, só lendo o livro! Não trabalhamos com spoilers!
2 A partir dessa breve resenha, discuta o que você entende pelo 
trecho acima do livro de José Saramago. 
a Em sua opinião, o que o autor quer expressar quando diz que 
precisamos sair de nós para nos vermos?
b E você, tem um propósito para a sua vida? Qual é?
Do que você precisa para o seu projeto de vida 
Depois de entender um pouco o que é um projeto e como ele seaplica a diferentes instâncias da sociedade e de refletir sobre a impor-
tância de elaborar um projeto de vida, chegou o momento de pensar 
mais detidamente sobre como constituir um projeto bem-sucedido para 
a sua própria vida. Um dos pontos fundamentais para a sua elaboração 
envolve conquistar um bom repertório cultural e saber avaliar qual é o 
real campo de possibilidades que você tem para traçar os seus objetivos 
de vida.
Como vimos na atividade de elaboração de um projeto científico, um 
de seus aspectos importantes está na formulação dos objetivos futuros 
que se desejam alcançar. Em outras palavras, os pontos de partida ne-
cessários para a formulação de um projeto de vida que tenha bons re-
sultados situam-se na ampliação de seus conhecimentos, não somente 
os escolares, mas de tudo o que você aprende no mundo e sobre ele, 
em suas múltiplas relações sociais. Com base nisso, você será capaz de 
avaliar quais são as suas reais condições no presente para chegar aonde 
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quer. Muitas vezes, até mesmo as experiências ruins podem nos ajudar 
a aprender com os erros, para não os repetir mais.
Em resumo, um primeiro passo essencial para conquistar essas ha-
bilidades de ampliação do repertório cultural e de avaliação realista do 
próprio campo de possibilidades consiste em voltar-se para si mesmo. 
Ou seja, antes de mais nada, você precisa se conhecer muito bem. É 
fundamental compreender suas potencialidades e também suas fragi-
lidades, a fim de saber como lidar com elas da melhor forma. Somente 
quando somos capazes de, minimamente, ter tempo para refletir sobre 
nossa própria vida é que conseguimos, de fato, projetá-la e nos plane-
jarmos para o futuro. Afinal, como disse Saramago, “é necessário sair da 
ilha para ver a ilha”. 
As tecnologias e as 
transformações em nossa vida
Aceleração da vida e cultura do imediatismo 
No mundo atual, a atitude de parar e voltar-se para si mesmo, a fim 
de analisar-se e entender-se é um exercício muito difícil de fazer, por uma 
série de razões. A primeira delas reside no fato de que, em uma sociedade 
de consumo como a nossa, tudo nos chama para fora de nós, seja a tela do 
smartphone ou as vitrines das lojas do shopping center. Estamos na era 
do excesso de informação, em que nossos olhares, desejos e pensamen-
tos são capturados a todo instante para um foco fora de nossas preocupa-
ções essenciais: um novo produto, uma nova série, uma nova música, um 
novo estilo de vestir-se, e assim sucessivamente... Tudo isso ocorre numa 
velocidade incessante e em progressiva aceleração. 
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O meu encontro comigo
Assim, estamos sempre em busca da última novidade, que logo já 
deixa de ser novidade na manhã seguinte. A obsolescência programa-
da dos dispositivos tecnológicos acaba tornando-se também a obso-
lescência programada de nossos desejos e de nossas relações sociais. 
Portanto, torna-se cada vez mais complicado conseguir pensar a longo 
prazo e imaginar sonhos viáveis e com um propósito de vida que seja 
nobre. Acabamos, dessa maneira, por nos render à cultura do imedia-
tismo, que exige uma solução, a mais rápida possível, para tudo, mesmo 
para aquilo que precisa de tempo para ser realizado ou conquistado de 
forma plena. 
Ampliando o repertório 
Você sabe o que é obsolescência programada?
Trata-se de uma estratégia da indústria de programar uma vida útil 
menor do que a esperada para os dispositivos tecnológicos. Com isso, 
as pessoas são obrigadas a adquirir novos produtos, descartando os 
antigos. Ou seja, de certa maneira, os criadores estipulam um prazo 
para que seu equipamento pare de funcionar. Não se trata, portanto, 
de um desgaste natural. Considerando que nossa vida está cada vez 
mais entrelaçada com as tecnologias, devemos, portanto, refletir so-
bre como esse mecanismo de obsolescência programada não só nos 
faz comprar produtos novos antes do prazo que seria razoável, como 
também altera nossa maneira de nos comportarmos no mundo. Na 
atualidade, muitas pessoas têm se pautado por uma cultura da busca 
constante por novidades ou atualizações, desvalorizando as tradições 
e experiências de longo prazo, por exemplo.
MAIS SOBRE ➜ Entenda o que é obsolescência programada. Instituto 
Brasileiro de Defesa do Consumidor. Disponível em: https://idec.org.br/
consultas/dicas-e-direitos/entenda-o-que-e-obsolescencia-progra-
mada. Acesso em: 15 out. 2019.
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As tecnologias no dia a dia 
Reflexão
Observe a tirinha do cartunista André Dahmer e depois responda 
às perguntas.
1 O que você consegue compreender da tirinha de André Dahmer? 
2 Como o aumento da velocidade de processamento de informa-
ção dos smartphones afeta o ritmo da nossa vida?
3 Você tem domínio do tempo que fica conectado ao seu smart-
phone? Por quê?
4 Você conseguiria destacar aspectos positivos e negativos que 
os smartphones e as tecnologias digitais da informação e da 
comunicação, de maneira geral, podem ocasionar na vida das 
pessoas? 
Isso é muito Black Mirror!
Você já assistiu a algum episódio ou ouviu falar da série 
Black Mirror? Nela são retratados diversos efeitos das tecno-
logias num futuro que, a princípio, parece muito distante, mas, 
se analisarmos bem, pode ser a mais perfeita representação 
do nosso presente. Os episódios são independentes entre si, 
pois cada um narra uma história diferente; neles há reflexões 
sobre os diversos desdobramentos das inovações tecnoló-
gicas em nossa vida. Em um deles, as pessoas são avaliadas 
constantemente por likes e só conseguem um bom empre-
go ou comprar coisas dependendo de sua popularidade e da 
quantidade de reações positivas que conseguem receber. Em 
muitos episódios, é retratado o modo como entregamos nossa 
vida totalmente ao controle desses dispositivos tecnológicos. 
A série mostra como nos deixamos seduzir pela tela preta de 
nossos smartphones, muitas vezes deixando de lado aspectos 
fundamentais de nossa vida. 
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no livro
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 ▲ Cena da série Black Mirror, 
série televisiva britânica de 2011, 
produzida por Barney Reisz.
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O meu encontro comigo
As tecnologias e seus efeitos 
Cada vez mais, as inovações tecnológicas tornam-se elementos 
cotidianos e essenciais em nossa vida. Por meio delas, obtemos infor-
mações importantes sobre qualquer lugar do mundo. Atualmente, com 
o desenvolvimento dos chamados aplicativos, por meio de seu smar-
tphone você pode pedir comida ou um carro para levá-lo para passear, 
procurar emprego e até mesmo paquerar. Por meio da internet, você 
pode acessar uma série de conhecimentos que, tempos atrás, seria 
muito difícil de conseguir. 
Hoje, esse acesso não só ocorre, como também é possível aprofun-
dar-se em muitos assuntos. Se bem orientado, você pode encontrar na 
internet muitas coisas interessantes e úteis para o seu projeto de vida. Por 
exemplo, há muitos cursos de idiomas online, explicações das matérias 
escolares e palestras de importantes intelectuais e cientistas de todo o 
mundo, dentro das mais diferentes áreas do saber. Além disso, a internet 
e as redes sociais podem tornar-se excelentes espaços para a criação de 
novas ideias e mesmo oportunidades de trabalho. Em todo o mundo, pes-
soas que aderem a uma determinada causa social conseguem entrar em 
contato com possíveis parceiros nas mais diversas partes do planeta.
Como você pode perceber, as tecnologias digitais da informação e 
da comunicação apresentam-se como potencialidades para sua vida, na 
medida em que, por meio delas, é possível abrir uma série de portas para 
o mundo e para a ampliação de seu conhecimento. Elas permitem que 
você tenha acesso a uma enorme quantidade e diversidade de informa-
ções que podem ajudar em muitos aspectos de sua vida. Porém, por ou-
tro lado, é importante que você saiba como transitar por essas informa-
ções sem ser enganado por notícias distorcidas ou falsas promessas. 
As tecnologiascomo meio, e não como fim 
Lembre-se sempre de que as tecnologias devem servir como meios 
para os seus objetivos, e não como fins. Elas não podem servir como 
propósito de vida. Dispositivos tecnológicos como os smartphones têm 
de servir aos seus desejos, e não o contrário; você não deve ceder ao 
tempo e às demandas deles.
Caso não tome cuidado, em vez de encontrar um mundo novo e 
ampliado, as tecnologias podem levar você a se perder em um mundo 
sem sentido. E, como já vimos anteriormente, o principal motivo para 
elaborar o seu projeto de vida é justamente encontrar um sentido para a 
sua trajetória. Quantas vezes, por exemplo, você não deixou de contem-
plar coisas belas da vida, como um pôr do sol ou uma apresentação de 
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sua banda de música favorita, porque preferiu filmar em vez de apenas 
admirar e curtir o momento? Ao fazer isso, será que foi mesmo o pôr do 
sol ou o show que você estava vendo? Ou seria apenas uma imagem 
projetada na tela de seu smartphone e gravada em vídeo para ser exi-
bida posteriormente? Estamos vivendo para aproveitar o momento ou 
apenas pensando nas postagens que serão feitas posteriormente?
Torna-se cada vez mais difícil acompanhar as novidades e res-
ponder às demandas de postar coisas que transmitam uma imagem 
interessante de nós para os outros, nas redes sociais. A necessidade 
de dar respostas rápidas a tudo e a todos nos torna pessoas angustia-
das. Precisamos refletir que nós mesmos é que estamos nos impondo 
essa velocidade alucinada. Ou será que você nunca ficou bravo quan-
do alguém visualizou sua mensagem no WhatsApp e não respondeu 
imediatamente em seguida? E quantas vezes você não deixou de fazer 
coisas importantes para dar conta de responder rapidamente a alguém? 
Tudo isso apenas pela pressão social de retornar rapidamente, algo que 
poderia ser feito com calma e de maneira mais refletida. Muitas vezes 
nos deixamos subordinar a uma velocidade que não é humana, mas de 
máquinas. Por isso, em diferentes momentos de sua vida, você precisa 
aprender a desacelerar e a contemplar aspectos importantes do mundo 
em que vive e de seu próprio eu interior.
Você já ouviu falar do livro 1984? Trata-se de um título 
que se tornou muito famoso. Publicado em 1949, ele é consi-
derado uma das mais importantes obras do século XX. George 
Orwell, o autor, narra um futuro que ocorreria justamente em 
1984. Nele, as pessoas estariam sendo vigiadas, a todo mo-
mento, por câmeras instaladas em todos os lugares e contro-
ladas por um ditador poderoso, o Grande Irmão (Big Brother), 
que não deixaria as pessoas pensar e viver livremente. Quem 
fugisse às regras seria duramente punido! Hoje, de certa forma, 
também vivemos sob uma vigilância constante, por meio das 
câmeras dos smartphones, que podem registrar tudo, e das 
redes sociais. Contudo, de alguma maneira, nossa submissão 
a esse controle absoluto é voluntária. Ninguém, pelo menos 
em tese, nos obrigou a aderir às redes sociais e postar coisas 
sobre nossa vida privada para que outras pessoas possam sa-
ber dela e nos controlar, mas mesmo assim o fazemos. Por que 
será? Você já parou para pensar a respeito?
Curiosamente, o livro 1984 ganhou uma adaptação para o 
cinema naquele mesmo ano, em produção britânica dirigida por 
Michael Radford.
 ▲ Ícone de visualização do 
WhatsApp.
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 ▲ Imagem representando a 
figura do Big Brother.
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O meu encontro comigo
Exposição e felicidade permanente 
No processo de exposição constante de si que as redes sociais esta-
belecem atualmente, muitas pessoas, de alguma maneira, praticamen-
te se obrigam a se expor como se vivessem uma felicidade constante 
e incessante. Porém, devemos nos perguntar se essa é uma condição 
possível, de estar sempre alegre e feliz. A resposta será: é claro que não! 
Todos nós temos momentos de alegria, de satisfação e grande felicida-
de, mas também temos os de tristeza, de raiva e de decepção. Apren-
der a desfrutar com maior plenitude dos momentos de descontração e 
felicidade que vivemos e, ao mesmo tempo, entender que sentimentos 
negativos são comuns e normais nos leva a um importante aprendizado: 
o de lidar com nossas frustrações. Essa capacidade de vivenciar dife-
rentes sentimentos é o que nos torna humanos. 
Não estamos sugerindo aqui que você abandone as tecnologias e 
as redes sociais, muito pelo contrário, mas chamamos sua atenção para 
uma análise de como tirar o melhor proveito delas, a fim de fazer com 
que sirvam como potencializadoras ou facilitadoras de seu projeto de 
vida, e não como um obstáculo. Por isso, o que vamos lhe propor agora 
é que você estabeleça alguns momentos para deixar de lado o seu dis-
positivo eletrônico. O objetivo é conseguir alguns períodos necessários 
de tranquilidade e concentração para pensar sobre si mesmo. Posterior-
mente, você pode tirar melhor proveito de seu dispositivo para realizar 
pesquisas e outras tarefas fundamentais nos dias atuais. 
A identidade e os papéis sociais 
da juventude
Em cada fase de nossa vida, assumimos responsabilidades diferen-
tes. Com base em algumas correntes teóricas da Psicologia, Wivian Weller 
(2014) mostra-nos que o desenvolvimento na juventude tem como expec-
tativa principal a formação de alguns papéis sociais que preparam o sujeito 
para a inserção na vida adulta. Conforme essa perspectiva, a juventude é 
uma etapa em que se começam a vislumbrar os seguintes papéis sociais:
1 Papel profissional;
2 Papel conjugal e familiar;
3 Papel cultural e como consumidor;
4 Papel como cidadão.
O grande problema com esses papéis sociais é que, em muitos ca-
sos, não é fácil preparar-se para assumi-los, pois eles são cada vez mais 
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
Veja comentários 
na Assessoria 
Pedagógica.
Verifique com os alunos se 
eles sabem o que significa 
essa indicação de ano 
entre parênteses. Caso 
não saibam, comente que 
se trata de uma remissão 
à obra indicada nas 
Referências bibliográficas, 
no fim deste livro.
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flexíveis e diversificados. Com isso, você pode se atrapalhar ou sentir-
-se desorientado. Daí, mais uma vez, a importância da construção de 
um projeto de vida que o ajude na passagem por essa fase de transição.
Ampliando o repertório 
Apresentamos agora dois textos que abordam como é ser jovem nos 
dias atuais e o desafio dessa trajetória para a vida adulta. Você já parou 
para pensar sobre isso? Esse é o convite que lhe fazemos agora. Leia 
os textos com atenção, procurando refletir sobre os diferentes papéis 
sociais que temos de assumir na juventude e na vida adulta, e depois 
realize a atividade de autoconhecimento. Consulte o professor caso 
tenha dúvida sobre algum termo ou significado de algumas expres-
sões no texto.
A singularidade da condição juvenil é dada pelo que se 
vive nesse momento da vida numa dada conjuntura históri-
ca. No período histórico atual, trata-se de uma longa transição 
da infância para a idade adulta, caracterizada por um intenso 
processo de definições, escolhas e arranjos para a construção 
de uma trajetória de inserção e autonomia. Cada vez mais os 
elementos necessários para realizar esse processo de transi-
ção se multiplicam e se diversificam, fazendo com que os jo- ➜
 ▲ Estamos a todo momento 
assumindo diferentes papéis sociais.
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O meu encontro comigo
vens tenham de compor uma equação com inúmeros elemen-
tos para viver a vida presente e preparar a vida futura: escola, 
trabalho, vida familiar e sociabilidade, sexualidade, namoro, 
lazer, vida cultural. É, assim, um momento crucial de formula-
ção de projetos de vida, de escolhas e construção de caminhos. 
Ademais, é preciso ressaltar que hoje, mais que emperíodos 
passados, tais percursos não são necessariamente lineares 
nem compostos por etapas sucessivas e ordenadas, mas mui-
tas vezes concomitantes e reversíveis. 
(ABRAMO, Helena. Identidades juvenis: estudo, trabalho e 
conjugalidade em trajetórias reversíveis. In: PINHEIRO, Diógenes 
et al (Orgs.). Agenda Juventude Brasil: leituras sobre uma década de 
mudanças. Rio de Janeiro: Unirio, 2016.)
Diante das sérias escolhas que terão de fazer ao chega-
rem à vida adulta, sentem-se sem rumo; seu desenvolvimento 
pessoal e social parece estar atravancado. Grande parcela dos 
jovens de hoje hesita em se comprometer com quaisquer pa-
péis que definem a vida adulta, como o de pais, trabalhadores, 
cônjuges ou cidadãos. 
(DAMON, William. O que o jovem quer da vida? – Como pais e 
professores podem orientar e motivar adolescentes. São Paulo: 
Summus, 2009. p. 24.)
Autoconhecimento
Após ler os textos da seção anterior, responda às perguntas a seguir.
1 Como você se sente nesse processo de transição da infância para a 
idade adulta?
2 Quais são os seus maiores desafios?
3 Do que você mais gosta em ser adolescente ou jovem?
4 Como você se vê em cada um dos quatro papéis sociais apontados 
por Wivian Weller, no futuro?
5 Que projeto de vida você gostaria de elaborar para cada um deles?
Genealogia e identidade
Você sabe o que é uma genealogia? Trata-se de um estudo de nos-
sas origens. Por meio dela, traçamos um mapa de nossas ligações com 
antepassados, com pessoas de outras gerações que, por vezes, nem 
chegamos a conhecer pessoalmente. Elabora-se uma genealogia por 
meio de estudos sobre a história de uma família, por exemplo. Em gran-
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no livro
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de medida, nossa história e nossas origens explicam quem somos, nos-
sa identidade. Por isso, é tão importante saber de onde viemos, pois só 
assim conseguimos definir, com maior clareza, aonde queremos ir.
Autoconhecimento 
A proposta agora é traçar um esboço de sua genealogia e conversar 
sobre a formação de sua identidade. Para começar, é preciso fazer os 
seguintes questionamentos: 
1 De onde eu vim? Quais são as minhas origens?
2 De onde vieram ou quais são as origens das pessoas com quem eu 
convivo?
3 O que mais gosto de fazer? Quais são os meus hábitos?
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO 
Imagine que você precisa escrever um breve perfil pessoal, dizendo 
quem você é, para um blog ou uma matéria de jornal. Como faria? 
Que tópicos deveria abordar? 
A seguir, há algumas questões básicas para começar a pensar so-
bre isso e esboçar uma primeira versão do seu perfil. Além dessas 
questões, quais outras você acha que seriam fundamentais para 
apresentá-lo da melhor forma? Pense e formule pelo menos mais 
duas questões e, com base nisso, escreva o seu perfil. 
1 De onde você vem? Em qual cidade você vive? Como é esse lugar?
2 De onde são os seus familiares? Eles nasceram na mesma cidade 
em que você mora?
3 Quais são os lugares que você mais costuma frequentar?
4 Como é o seu dia a dia? Quais são seus hábitos e que atividades 
você costuma realizar?
5 O que você mais gosta de fazer?
6 Quem são as pessoas com as quais você mais convive diaria-
mente?
Ao elaborar o seu perfil e relatar um pouco de seu cotidiano, é bem 
possível que você tenha citado uma série de lugares, como a casa, a 
escola, a rua, o ônibus e assim sucessivamente, bem como grupos 
sociais diferentes, como a família, os amigos, os vizinhos, entre ou-
tros. Cada um desses lugares e grupos sociais possui características 
muito particulares. E você, provavelmente, não se comporta da mes-
ma forma em todos eles. O tipo de comportamento que uma pessoa 
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no livro
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escreva 
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O meu encontro comigo
desenvolve em uma biblioteca costuma ser muito diferente daquele 
que assume em uma festa com os amigos. Da mesma forma, o seu 
modo de portar-se na escola também será muito distinto de como 
está acostumado a ficar em casa. Por que será que isso acontece? Na 
verdade, isso se deve ao fato de que, embora você seja uma pessoa 
única, exerce, todos os dias, diferentes papéis sociais. Em determi-
nados momentos e contextos, você age mais como estudante; em 
outros, como filho; em outros ainda, como amigo, pedestre ou cliente. 
Ampliando o repertório
Papel social é um conceito sociológico que diz respeito ao modo dife-
rente de agir em sociedade, ou seja, diz respeito ao comportamento de 
acordo com o ambiente em que uma pessoa está e das pessoas com 
quem ela se relaciona. Atuamos no mundo com base no modo como 
avaliamos os lugares e as pessoas com que nos relacionamos, mas 
também com base no modo como elas nos avaliam ou de como pen-
samos que elas nos avaliariam se adotássemos um comportamento 
reprovável ou disséssemos algo que poderia ser considerado mais ou 
menos adequado. 
MAIS SOBRE ➜ GOFFMAN. Erving. A representação do eu na vida coti-
diana. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.
Muitos lugares, muitos papéis sociais
Por que será que nos comportamos de forma tão diferente depen-
dendo do lugar, às vezes mais descontraído, às vezes mais sério, por 
exemplo? Porque os lugares possuem regras, explícitas ou implícitas, 
de comportamento. Se você não as seguir, haverá grandes chances de 
sofrer algum tipo de desaprova-
ção social. Por exemplo, se você 
falar alto durante a explicação do 
professor em uma aula, alguém, 
provavelmente, lhe pedirá silên-
cio. Da mesma forma, se numa 
festa você estiver desanimado 
e calado em um canto, alguém 
pode vir lhe perguntar o motivo 
de estar tão quieto e pouco en-
volvido no clima do evento. Em 
alguns casos, as regras podem 
implicar punições específicas, 
como a de ser convidado a se re-
➜
Nossos papéis sociais 
dependem também das 
situações com que nos 
deparamos. 
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tirar de uma sala de cinema por mau comportamento. Em outras situa-
ções, você pode não ter uma punição mais drástica, mas talvez cause 
estranhamento ou mesmo afaste as pessoas de seu entorno, por não 
cumprir com o papel social esperado e, por isso, será considerado uma 
pessoa inconveniente.
Com isso, queremos reforçar a importância do autoconhecimento, 
pois somos seres complexos, envolvidos em redes de relações e com-
prometimento social. Cada um de nós é singular, no sentido de que não 
há ninguém exatamente igual a ninguém no mundo. Porém, ao mesmo 
tempo, também somos múltiplos, no sentido de que somos o resultado 
das diversas relações sociais que estabelecemos e dos múltiplos papéis 
sociais que assumimos. Por isso, também compartilhamos muitas coisas 
com diferentes pessoas em nossa vida.
Por exemplo, um jovem pode gostar de hip-hop, história em qua-
drinhos, skate, estudar inglês e fazer natação. Provavelmente, ele não 
terá nenhum outro amigo que pratique todas essas mesmas ativida-
des, mas, ao transitar por cada uma delas ou pelos espaços em que 
elas ocorrem, conhecerá pessoas com gostos diferentes. Um amigo 
que adora hip-hop pode não ter tanto interesse por história em quadri-
nhos ou preferir aprender espanhol como língua estrangeira, enquanto 
um amigo da natação pode adorar histórias em quadrinhos, mas não 
ser muito fã de hip-hop. Ou seja, há muitas relações constituindo-se ao 
mesmo tempo e, em cada contexto, um dos assuntos em comum será o 
predominante em determinado momento. Assim, você poderá definir o 
papel que assumirá em cada espaço ou atividade de que participa com 
as mais diferentes pessoas. 
Os papéis sociais no dia a dia
Retome o perfil que você esboçou e pense nos papéis que costuma 
assumir em seu cotidiano. Você conseguiria escrever perfis diferentes 
de si mesmo com base no lugar em que precise se apresentar? Coloque 
essas questões em prática na atividade a seguir. 
ATIVIDADE DE APROFUNDAMENTO
Representação dos papéis sociais
Para aprofundar o conhecimento sobre

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