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SÍNDROME HELLP Conceito A síndrome hipertensiva associada à gestação possui elevada incidência mundial, sendo a causa das altas taxas de mortalidade materna. A palavra HELLP é uma abreviação do inglês que significa: H de hemólise (hemolytic anemia), EL enzimas hepáticas (elevated liver enzymes) e LP baixa contagem de plaquetas (low platelet count), que são as principais características da síndrome. Estima-se que de 8% das gestantes que sofrem de pré-eclampsia desenvolveram a síndrome. Nesses casos, a gestante deve fazer repouso e adotar uma dieta com pouco sal para manter a pressão arterial controlada. Epidemiologia 0,1-0,8% na população geral. 10-20% das mulheres com PE grave ou eclampsia podem desenvolver a síndrome HELLP como complicação. Geralmente ocorre a partir do segundo trimestre de gestação. Fisiopatologia A fisiopatologia da síndrome HELLP ainda não está completamente esclarecida. Sabe-se que há lesão microangiopática dos vasos e adesão plaquetária ao endotélio danificado, com consequente aumento da destruição e plaquetopenia. A ruptura da membrana plaquetária e a liberação de ácido araquidônico e de outros mediadores vasoativos produzem vasoconstrição, vasoespasmo e aceleram a agregação plaquetária. A ativação plaquetária e a alteração da ativação do plasminogênio parecem estar envolvidas na patogênese da síndrome HELLP. A ativação de células endoteliais, com a liberação do fator de Von Willebrand, leva à trombocitopenia de consumo e à microangiopatia trombótica. A enzima responsável pela clivagem do fator de Von Willebrand, ADAMTS 13, apresenta um nível baixo nas mulheres com síndrome HELLP, comparativamente às grávidas saudáveis. Uma complexa cadeia de eventos se inicia no fígado em decorrência da deposição de fibrina no interior dos sinusóides, o que leva a obstrução associada à diminuição do fluxo hepático. Em decorrência dessa isquemia, pode haver danos reversíveis e/ou irreversíveis ao fígado como infarto hepático, necrose de hepatócitos, hematomas subcapsulares e hemorragias intraparenquimatosas, que, por sua vez, podem resultar em ruptura hepática. Diagnóstico – Sintomatologia A apresentação clínica da síndrome é variada. O diagnóstico é essencialmente laboratorial, no entanto pode apresentar sintomas, os quais desenvolvem-se com maior frequência no terceiro trimestre, mas também é possível sua ocorrência no segundo trimestre ou no pós-parto. Devido as alterações hepáticas a paciente pode apresentar náuseas, epigastralgia, mal-estar geral, podendo evoluir até aos quadros de hemorragia com o quadro de CIVD. Diagnóstico – HELLP Diagnóstico diferencial Fígado gorduroso na gestação. Púrpura trombocitopênica trombótica. Hepatites virais. Síndrome hemolítica urêmica. OBS.: porém, todas essas patologias citadas anteriormente cursam habitualmente sem o aumento da pressão arterial. Dessa forma, é possível descarta-las durante a pesquisa de diagnósticos diferenciais. Classificação Classificação da síndrome HELLP: o Classe I: <50.000 plaquetas. o Classe II: >50.000 e <100.000 plaquetas. o Classe III: >100.000 e 150.000 plaquetas. Complicações Manejo – Estabilização Dificilmente será conservador. Interromper a gestação, de preferência. Controle da PA: a terapia anti-hipertensiva deve ser iniciada se a pressão arterial for consistentemente maior que 160/110 mmHg, apesar do uso de sulfato de magnésio. Isso reduz o risco de hemorragia cerebral materna, descolamento prematuro da placenta e convulsão. O objetivo é manter a pressão arterial diastólica entre 90 e 100 mmHg. O agente anti-hipertensivo mais comumente usado tem sido a hidralazina (Apresoline), administrada por via intravenosa em pequenas doses incrementais de 2,5 a 5 mg (com 5 mg como dose inicial) a cada 15 a 20 minutos até que a pressão arterial desejada seja atingida. Labetolol (Normodyne) e nifedipina (Procardia) também têm sido usados com sucesso. Corticoterapia (gestações entre 24 – 34 semanas): sempre que possível, se as condições maternas e fetais permitirem, corticoide, Betametasona intramuscular 12mg em duas doses a cada 24h, deve ser realizado e a interrupção da gestação postergada pôr no máximo 48 horas, no intuito de facilitar maturação do pulmão do concepto, evitando assim síndrome do desconforto respiratório por falta de surfactante. Ao propósito, o uso de corticóide em altas doses na síndrome HELLP pode melhorar a disfunção hepática, a epigastralgia e tende a normalização trombocitária Sulfato de magnésio: nem todas as pacientes com síndrome HELLP, apresentam- se hipertensas ou com comprometimento cerebral sugestivo de eclâmpsia. Nessas pacientes não há evidências que apoiem o uso rotineiro de hipotensores ou de sulfato de magnésio. Por sua vez, muitas pacientes exibem quadro clássico de emergência hipertensiva e sinais cerebrais (como convulsões, cefaleia, escotomas, visão borrada). Para estas, o uso de hipotensor de ação rápida como a hidralazina ou nifedipina e o sulfato de magnésio para prevenir eclâmpsia ou impedir sua recorrência são formalmente indicados. O uso de sulfato de magnésio pode ser utilizado também para ajudar na neuroproteção do feto em gestastes com 24 – 31 semanas. Dose de ataque: sulfato de magnésio 4 g EV, em dose única. Dose de manutenção: sulfato de magnésio 1 g por hora, EV. Concentrado de plaquetas: é realizado sempre que as plaquetas estiverem abaixo de 50.000 mm^3 e geralmente se faz 10 unidades de concentrado de plaquetas, sendo que cada unidade aumenta as plaquetas em 10.000 mm^3 no sangue. Além disso, pode-se fazer hidrocortosiona que também aumenta o número de plaquetas. É importante ressaltar que o parto deve ocorrer após o equilíbrio hemodinâmico materno e que deve ser considerado o tratamento do recém-nascido com surfactante, a fim de prolongar a gestação sem colocar em risco a vida materna. Via de parto é cesárea na grande maioria das vezes devido ao fato de ser a via mais rápida para retirar o bebê. Se a paciente estiver em franco trabalho de parto e estiver em fase final de dilatação (por exemplo, 8 cm), pode-se aguardar esse parto utilizando ocitocina. Não há razões aceitáveis para postergar o parto em pacientes com idade gestacional superior a 34 semanas. Nesses casos, o preparo do colo uterino com misoprostol ou, ainda, com sonda Foley pode resultar em parto vaginal, sendo este considerado um desfecho altamente positivo em termos de redução dos riscos maternos. A conduta conservadora pode ser adotada nos casos com idade gestacional inferior a 34 semanas, em que a utilização do corticoide antenatal representa uma redução consistente nos riscos neonatais. Anestesia: para se realizar bloqueio como a raquianestesia é necessário que as plaquetas estejam >70.000. Técnica operatória é realizado a incisão mediana infraumbelical. Nesses casos, não se utiliza a incisão de Pfannenstiel (transversa suprapúbica), pois o acesso por meio dessa incisão leva a um descolamento muito grande dos músculos e aponeuroses abdominais levando a maior probabilidade de surgimento de hematomas no local da incisão. Pós-imediato: deixado um dreno que fica na pelve por 24 horas. Isso é feito para se evitar o surgimento de algum hematoma. Pós-parto: cuidado intensivo em que a paciente fica dependendo de sua condição no centro obstétrico com cuidados intensivos ou as vezes é necessário transferência para a CTI em que se monitora especialmente por um período de 24 horas o surgimento de pré-eclâmpsia e hemorragias pós-operatórias. Manejo – Aconselhamento Recorrência da doença de 2 – 20% nas gestações futuras, especialmente se foi antes de 32 semanas em que há 60% de chance de desenvolvem quadro de PE e parto pré-termo.
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