Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
VERTIGEM POSICIONAL PAROXÍSTICA PERIFÉRICA (VPPB) Causas de vertigem VPPB (1ª principal causa): o É um tipo de vertigem de segundos de duração. o Paciente não apresenta sintomas cocleares (hipoacusia, plenitude aural e zumbido). Síndrome de Ménière (hidropsia endolinfática) (2ª principal causa): o A vertigem dura pelo menos 20 minutos. o Paciente apresenta sintomas cocleares. o Tratamento com uso de Labirin. Neurite vestibular (3ª principal causa). o É causada por uma inflamação do ramo vestibular do nervo vestibulococlear. Migrânea vestibular: o Paciente deve apresentar diagnóstico de enxaqueca. o Os episódios de enxaqueca pode ser antes, durante ou depois da vertigem. Definição A VPPB é uma vestibulopatia periférica, desencadeada pelo deslocamento de fragmentos otólitos do interior dos canais que geram crises de vertigem ao movimento posicional da cabeça associadas a um tipo característico de nistagmo. Características Acometimento de pacientes com 50-60 anos. Causa mais comum de vertigem, inclusive nos idosos. Fisiopatologia A fisiopatologia da VPPB é explicada pela presença de cristais de carbonato de cálcio, que seriam fragmentos degenerados de otocônias e deslocados para a região dos canais semicirculares, principalmente canal semicircular posterior (CSP), pois a anatomia do CSP facilita o depósito de otólitos soltos no seu interior, enquanto a entrada de partículas no canal anterior é muito mais difícil e, portanto, incomum. o Três canais semicirculares: Canal horizontal ou lateral. Canal superior ou anterior. Canal inferior ou posterior. Acomete os canais semicirculares na frequência de: o Posterior (90% - unilateral). o Lateral (5-10% - unilateral). o Anterior (1-2% - unilateral). Características Crise de vertigem (tontura rotatória) súbita, com duração de segundos, que cessa espontaneamente. A vertigem é desencadeada por movimentos bruscos da cabeça. o Paciente vai dizer geralmente que sente tudo ao seu redor estar girando o dia inteiro. Nesse momento tu interrompe o paciente e faz a seguinte pergunta: gostaria de saber quanto tempo que tu sentes somente que as coisas estão girando ao seu redor sem incluir o tempo que tu ficas nauseado como se tivesse flutuando em cima de um barco. Isso faz toda a diferença, pois ao passar a sensação de tontura rotatória o paciente vai mesmo se sentir nauseado, porém devemos desconsiderar esse tempo que ele fica nauseado devido ao fato que a intenção para estabelecer o diagnóstico é saber quanto tempo dura somente a tontura rotatória, ou seja, a vertigem propriamente dita. Sintomas como náuseas e vômitos podem estar presentes. Manifestações clínicas Nistagmo. Efeito pela inibição da fixação ocular positivo. Diagnóstico Para ter um diagnóstico preciso é fundamental: o A identificação do canal semicircular acometido através da pesquisa do nistagmo, pois sua direção indica o canal comprometido. Manobra para diagnóstico: o Dix-Hallpike: canais verticais CSP e CSA. o Head Roll Test: canal horizontal. Diagnóstico - Manobra de Dix-Hallpike Descrição da manobra: o A pessoa senta na cama de exame com a cabeça virada 45 graus para a direita. o Então a pessoa se deita de costas de modo que a cabeça permaneça virada 45 graus e penda sobre a cama de exame por cerca de 20 graus. o Existe um intervalo de cerca de 5 a 10 segundos (chamado latência) antes da ocorrência de vertigem e nistagmo, mas o intervalo pode chegar a 30 segundos. o Os sintomas duram de 10 a 30 segundos e então diminuem e desaparecem (chamado fadiga). o Manter o olhar em um único local (fixação visual) pode encurtar ou até abolir o nistagmo, então a manobra ideal é feita com a pessoa usando lentes de Frenzel (que tornam impossível a fixação visual de qualquer coisa). Na VPPB o nistagmo (NYS) é acompanhado de: o Vertigem que possui como características: Latência: nistagmo e vertigem iniciam alguns segundos após a manobra, intensidade do nistagmo aumenta e diminui (crescendo e decrescendo). Duração de segundos a minutos. Fatigável à repetição da manobra provocadora. Inverte a direção no final da manobra, quando sentado. o A direção do nistagmo indica o labirinto lesado (canal semicircular comprometido e o substrato fisiopatológico, ou seja, se é ductolitíase ou cupololitíase). Saber diferenciar entre ductolitíase (nistagmo dura menos de 1 minuto) e cupololitíase (nistagmo dura mais de 1 minuto) auxilia somente no prognóstico da doença, pois sendo uma cupololitíase é indicativo de que o paciente irá precisar de passar por mais manobras para obter um resultado eficaz do tratamento. Interpretação do nistagmo: o NYS torcional com componente vertical batendo para cima acometimento do CSP: Se sentido horário: CSP esquerdo. Se sentido anti-horário: CSP direito. o Componente vertical bate para baixo tem-se acometimento do CSA: Se sentido horário: CSA esquerdo. Se sentido anti-horário: CSA direito. Diagnóstico – Manobra de Head Roll Test Descrição da manobra: o Paciente em decúbito dorsal com a cabeça inclinada 30º para cima. o A cabeça é virada para a esquerda para explorar o canal semicircular horizontal esquerdo e depois para a direita para explorar o canal semicircular horizontal direito. Na canalolitíase, quando a cabeça gira para o lado afetado, as partículas se movem para a ampola e criam um fluxo endolinfático ampullipal que causa nistagmo excitatório ao ouvido afetado; portanto, teremos um nistagmo horizontal geotrópico de mudança de direção, mais intenso em direção à orelha acometida. No caso de cupulolitíase, quando a cabeça é virada para a direita, o nistagmo bate para a esquerda e vice-versa. Na orelha que fica acima, a corrente é ampullipética, então a orelha acometida seria aquela em que o nistagmo fosse menos intenso. Virar a cabeça para o lado não afetado induzirá um nistagmo excitatório. Assim, teremos uma mudança mais intensa do nistagmo horizontal ageotrópico de direção para a orelha saudável. Interpretação do nistagmo: o NYS bate para baixo (geotrópico) – tem-se uma canalitíase. o NYS bate para cima (ageotrópico)- tem-se uma cupololitíase. Determina prognóstico o Quem determina o lado acometido, se direito ou esquerdo, é o lado que o nistagmo bate de forma mais intensa, é mais rápido e o paciente fica mais tonto. OBS.: o NYS indicativo de vestibulopatia central tende a ter uma direção unicamente vertical ou múltiplas direções ao mesmo tempo. Além disso, o paciente ao fixar os olhos não tem a abolição do nistagmo e ao fechar os olhos cessa a vertigem. Tratamento As manobras são consideradas a primeira linha de tratamento da VPPB. Medicamentos ficam reservados apenas nos quadros vertiginosos agudos associados a náuseas e vômitos. Manobra para canais verticais: Epley, Semont, Yacovino. Manobra para canais horizontais: Barbecue, Appiani, Vannucchi-Asprella. OBS.: as manobras de Epley e Semont são altamente eficazes quando realizadas apropriadamente. Para a manobra de Epley, os índices de cura variam de 87 a 100%. Tratamento – Manobra de Epley Descrição da manobra: o Essa manobra consiste em 4 movimentos sequenciais, sendo o primeiro deles o mesmo da manobra de Dix e Hallpike, colocando a orelha acometida na posição mais inferior. A partir desse ponto, gira-se a cabeça em direção à orelha contralateral até que ela fique a 45º em relação ao plano vertical. A partir dessa posição, deve-se girar o tronco e as pernas do paciente lateralmente, na direção contralateral à orelha afetada, terminando com a cabeça rotacionada 135º em relação ao plano vertical, com a face do paciente em direção ao solo. Por fim, o tronco do paciente é levantado lateralmente, em bloco, mantendo a posição dacabeça, até terminar sentado na lateral do leito, momento em que se retorna a cabeça do paciente para a posição ortostática e a manobra está concluída. o A presença de nistagmo ou vertigem entre uma posição e a outra, ao longo da execução da manobra de Epley, são indicadores de bom prognóstico. Deve-se esperar cerca de 2 a 3 minutos em cada uma das posições para garantir a ação da gravidade e o correto reposicionamento. http://borgesdecarvalhootorrinos.com.br/wp-content/uploads/2014/04/video-1T.mp4?_=6 Tratamento – Manobra de Lempert (ou Barbecue) Descrição da manobra: o Corpo e a cabeça do paciente são rodados ao redor do eixo longitudinal sobre o leito. o Essa manobra é eficaz, mas podem ser difíceis de executar em pacientes obesos, idosos ou com debilidades musculoesqueléticas. Concluindo Labirintite é um diagnóstico raro. A causa mais comum de vertigem indubitavelmente é a VPPB. O diagnóstico é confirmado através de manobras. ATENÇÃO: o tratamento não envolve medicação como prescrito rotineiramente.
Compartilhar