Buscar

PETIÇÃO INICIAL

Prévia do material em texto

Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA 
PÚBLICA DA COMARCA DE PASSO FUNDO - RS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LUIZ ADEMIR SILVA DOS SANTOS, brasileiro, casado, vigilante, 
inscrito no CPF sob o n° 493.814.310-00, portador da carteira de 
identidade nº 9046543428, residente e domicilia na Rua Lava Pés, nº 
868, Bairro Centro, CEP 99010-170, Passo Fundo - RS, por seus 
advogados que esta subscrevem (doc. em anexo), com endereço profissional 
na Rua Morom, nº 1324, sala 202, Centro, CEP 99010-031, Passo Fundo/RS, 
onde recebem intimações, vem à presença de Vossa Excelência propor a 
presente 
AÇÃO DECLARATÓRI A C /C REPETIÇÃO DE 
INDÉBITO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO 
DOS E FEITOS DA TUTELA DE EVIDÊNCI A 
em face do ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, representado pela 
Procuradoria-Geral do Estado, pelos motivos de fato e de direito a seguir 
expostos: 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 1/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
I DOS FATOS 
 
O Autor é proprietário de um imóvel localizado nesta cidade de 
Passo Fundo/RS, sendo, nessa conformidade, responsável pelas despesas do 
imóvel, dentre as quais se incluem as contas de energia elétrica. 
Desse modo, na qualidade de contribuinte de fato do ICMS incidente 
sobre a energia elétrica, o Autor constatou que o Estado do Rio Grande do Sul 
está exigindo o tributo sobre base de cálculo superior àquela legal e 
constitucionalmente prevista, vez que o tributo não está sendo cobrado tão 
somente sobre o valor da mercadoria (energia elétrica), mas, também, sobre 
as tarifas de uso do sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica 
proveniente da rede básica de transmissão (as chamadas TUST/TUSD). 
Assim é que, na forma das razões de fato e de direito a seguir 
aduzidas, o Autor pretende ver declarada a inexistência de relação jurídico 
tributária que o obrigue a recolher o ICMS sobre quaisquer encargos de 
transmissão e distribuição, restringindo-se à respectiva base de cálculo, 
portanto, aos valores pagos a título de efetivo fornecimento e consumo de 
energia elétrica, com a consequente repetição do inédito do ICMS 
indevidamente recolhido nos últimos (5)cinco anos. 
II BREVES ESCLARECIMENTOS OPERACIONAIS 
SOBRE A TUST E TUSD 
Para melhor compreensão do que se busca através dessa ação, 
convém, antes, esclarecer alguns pontos relacionados ao sistema elétrico 
brasileiro. 
A operação e administração da rede básica de energia elétrica, cujo 
acesso é livre a todos, é atribuição do Operador Nacional do Sistema Elétrico - 
ONS, que é a pessoa jurídica de direito privado autorizado pela União Federal 
a exercer tal função. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 2/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
A rede básica de energia elétrica, segundo definição da ANEEL, é 
constituída por todas as subestações e linhas de transmissão em tensões de 
230 kV ou superior, integrantes de concessões de serviços públicos de energia 
elétrica, devidamente outorgadas pelo Poder Concedente. É, em outras 
palavras, o sistema composto por torres, cabos, isoladores, subestações de 
transmissão e outros equipamentos que operam em tensões médias, altas e 
extra altas. Para que fique inequivocamente compreendido, veja-se, na 
ilustração abaixo, o que é a rede de transmissão básica: 
 
Sendo o sistema básico de transmissão administrado pelo ONS, a 
sua utilização, por concessionários, permissionários e autorizados depende da 
contratação de acesso ao sistema, conforme se depreende dos artigos 1º e 2ª 
da Resolução ANEEL nº. 281/1999: 
Estabelece, na forma que se segue, as condições 
gerais para contratação do acesso, compreendo o uso e a 
conexão, aos sistemas de transmissão de energia elétrica. 
 
Art. 2º. As disposições desta aplicam-se à contratação do 
acesso aos sistemas de transmissão pelos 
concessionários, permissionários e autorizados de 
serviços de energia elétrica, bem como pelos 
consumidores de que tratam os arts. 15 e 16 da Lei nº. 
9.074, de 7 de julho de 1995, e aqueles definidos no ª 5º 
do art. 26 da Lei nº. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 3/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
com redação dada pela Lei nº. 9.648, de 27 de maio de 
 
 
 
Em razão da contratação de acesso à rede básica, o usuário 
remunera a ONS mediante recolhimento da Tarifa de Uso do Sistema de 
Transmissão (TUST), na forma da Resolução ANEEL nº. 281/1999. 
Essa tarifa é, em qualquer caso, suportada por aqueles que utilizam 
a rede de transmissão, seja a geradora da energia elétrica, o consumidor livre 
diretamente conectado à rede básica, ou mesmo os consumidores cativos, que 
paga a tarifa em suas contas. O sistema de distribuição, por sua vez, é aquele 
composto por postes, cruzetas, isoladores, fios, transformadores e demais 
equipamentos (não pertencentes à rede básica) que operam em tensões 
baixas, de propriedade das distribuidoras, e cujo acesso também é livre a 
todos. A sua utilização, no caso da contratação no mercado livre, se dá 
mediante celebração de contrato de uso dos sistemas de distribuição (CUSD) 
ou, no mercado cativo, mediante contratação do fornecimento de energia 
elétrica, em ambos os casos remunerando-se o uso da rede mediante 
recolhimento Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). Adiante segue 
organograma que facilitará a visualização: 
 
Da análise do diagrama acima, verifica-se que o fornecimento de 
energia elétrica poderá ocorrer de duas formas, através do mercado cativo, 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 4/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
disponível a todos os cidadãos, e mediante a celebração de contratos 
bilaterais no mercado livre. 
No mercado cativo o valor da tarifa/preço da energia é definido 
após minuciosa análise da agência reguladora responsável, no caso a ANEEL. 
Nesse processo, vários custos estão incluídos no cálculo, tais como 
investimentos, encargos, gastos para manutenção da rede, tributos etc. Para 
esses consumidores, a TUSD/TUST é repassada na conta paga à 
Concessionária responsável pelo fornecimento de energia. 
Por seu turno, no mercado livre, os consumidores podem negociar 
a aquisição de energia elétrica livremente com quaisquer fornecedores que 
atuem no mercado, negociando preços e prazos, de acordo com o perfil de 
consumo. As negociações neste caso são firmadas através de contratos 
bilaterais, nos quais a intervenção do governo é mínima. 
Para os Consumidores Livres, ou seja, aqueles que adquirem carga 
igual ou superior a 3.000kW, na forma disposta pela Lei 9.074/19951, a 
remuneração da TUSD/TUST pode ocorrer tanto pela cobrança na fatura do 
fornecimento do energético, quanto mediante a celebração de contrato próprio 
com a distribuidora responsável pela rede básica. 
Delimitado os conceitos, o que se repudia através dessa ação é 
exigência do ICMS não apenas sobre o valor da mercadoria efetivamente 
fornecida, mas, também, sobre (i) a TUST repassada ao Autor muito emborasem a devida descriminação nas faturas e (ii) TUSD, paga em razão da 
utilização do sistema de distribuição. 
 
1 Art . 16. É de livre escolha dos novos consum idores, cuja carga seja igual ou maior que 3.000 
kW, atendidos em qualquer tensão, o fornecedor com quem cont ratará sua com pra de energia 
elétr ica. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 5/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
Assim é que, na forma do que se passará a demonstrar, deve ser 
reconhecida a inexistência de obrigação jurídico tributária que obrigue o Autor 
ao recolhimento do ICMS sobre as parcelas referentes a quaisquer encargos 
de transmissão e distribuição. 
 
III DO DIREITO 
 
III.I - DA NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE OS 
VALORES COBRADOS PELA CONEXÃO E USO DO 
SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA 
ELÉTRICA 
Como relatado anteriormente, as cobranças ora discutidas se 
referem à suposta responsabilidade do Autor pelo recolhimento do ICMS sobre 
as tarifas pagas em razão da conexão e do uso do sistema de transmissão na 
entrada de energia elétrica em sua propriedade. 
A par de suas características próprias, para fins jurídico tributários, a 
energia elétrica sempre foi considerada como mercadoria, sujeita, portanto, à 
incidência do ICMS. Na dicção da jurisprudência do Supremo Tribunal 
Federal, a energia deve ser assim considerada porque “é objeto de comércio; 
é mercadoria, bem apropriável pelo homem, bem no mercado, inclusive para 
fins tributários [art. 155, § 2o, "b", da CB/88 e art. 34, § 9o, do ADCT]” 2. 
Por sua vez, ao definir as hipóteses de incidência do ICMS, a Lei 
Complementar nº 87/96 cuidou de abranger, conforme o previsto no art. 155, 
inciso II da Constituição Federal3, tão somente as operações relativas à 
 
2 Ação Rescisória nº 1.607/MS, Plenário do STF, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 30.03.2006. 
3 “ Art . 155. Com pete aos Estados e ao Distr ito Federal inst ituir impostos sobre: 
(...) 
II – operações relat ivas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de 
t ransporte interestadual e interm unicipal e de comunicação, ainda que as operações e as 
prestações se iniciem no exterior; (...)” 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 6/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
circulação de mercadorias. Esta é a expressa determinação do artigo 2º da 
referida Lei Complementar, conforme abaixo: 
- O imposto incide sobre: 
I - operações relativas à circulação de mercadorias, 
inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em 
(grifou-se) 
 
 
Porém, em decorrência das suas especificidades e características, a 
energia elétrica encontra-se em permanente circulação nos fios de 
transmissão da concessionária, sendo que ela somente será individualizada, 
ou seja, só terá caracterizado e definido seu usuário, no momento em que for 
utilizada, pois, até então, consiste numa massa única de energia passível de 
utilização por qualquer um que dela necessite. 
Consequentemente, o fato gerador do imposto só pode ocorrer, 
in casu, pela entrega da energia ao consumidor, não sendo outra a 
disposição constante do art. 12, inciso I da Lei Complementar nº 87/96: 
- Ocorre o fato gerador do imposto no momento: 
I - da saída de mercadoria de estabelecimento de 
contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do 
-se) 
 
Assim, da leitura do dispositivo acima transcrito, nota-se que o fato 
gerador do imposto estadual ocorre no momento da efetiva entrega da energia 
elétrica ao consumidor, que se perfaz c 
propriedade. 
A própria Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL 
comunga deste entendimento, esboçado em sua Resolução nº 414/2010, 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 7/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
esclarecendo, para fins de responsabilidade, o momento em que ocorre a 
transferência da mercadoria (energia elétrica) para o consumidor, senão 
confira-se: 
O ponto de entrega é a conexão do sistema 
elétrico da distribuidora com a unidade consumidora e 
situa-se no limite da via pública com a propriedade onde 
esteja localizada a unidade consumidora, exceto quando: 
 
Art. 15. A distribuidora deve adotar todas as providências 
com vistas a viabilizar o fornecimento, operar e manter o 
seu sistema elétrico até o ponto de entrega, 
caracterizado como o limite de sua responsabilidade, 
observadas as condições estabelecidas na legislação e 
 
 
 
O ponto de entrega de energia elétrica é o relógio medidor, razão 
pela qual a energia só será individualizada ao consumidor, caracterizando sua 
circulação e dando ensejo à cobrança do imposto (pois só a partir daí é 
determinado o sujeito passivo da obrigação tributária), no momento em que 
passar por este relógio, e ingressar no estabelecimento da empresa, vindo a 
ser efetivamente consumida. 
Com efeito, exigir o ICMS sobre as tarifas que remuneram a 
transmissão e a distribuição da energia elétrica, é fazer incidir o tributo sobre 
fato gerador não previsto pela legislação regente (notadamente Constituição 
Federal e Lei Complementar nº 87/96), o que viola frontalmente o princípio 
constitucional da reserva legal previsto no art. 150, inciso, I da Constituição 
Federal4, segundo o qual é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e 
aos Municípios exigir ou aumentar tributos sem lei que o estabeleça. 
 
4 Art . 150. Sem prejuízo de outras garant ias asseguradas ao cont ribuinte, é vedado à União, aos 
Estados, ao Dist rito Federal e aos Municípios: 
I – exigir ou aumentar t ributo sem lei que o estabeleça; (...)” 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 8/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
Exatamente por isso o próprio Conselho Nacional de Política 
Fazendária CONFAZ enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 
no § 1º do artigo 13 da Lei Complementar nº 87/96, pretendeu incluir na 
 
Ao tentar reparar a nítida impossibilidade de incidência da exação 
estadual sobre operações claramente diversas daquelas que se identificam 
com o respectivo fato gerador, até mesmo porque todas as hipóteses que 
contemplaram a inclusão de encargos semelhantes tiveram previsões 
específicas autorizando (incisos I e II do mesmo § 1º), restou evidente que, até 
o presente momento, não existe a autorização para tal incidência, resultando 
no reconhecimento indubitável sobre a improcedência da cobrança discutida. 
E, exatamente pelas razões já expostas, a Câmara dos 
Deputados excluiu tal iniciativa do texto finalmente aprovado (Lei 
Complementar nº 38/2010), remanescendo apenas a prorrogação de 
creditamento do art. 33 da Lei Complementar nº 87/96, o que, mais uma 
vez, demonstra a incongruência de se entender que encargos como o 
TUST/TUSD poderiam constituir fato gerador do ICMS. 
Como não poderia deixar de ser, ambas as Turmas de Direito 
Público do STJ, que decidem sobre matéria tributária e compõem a 
Primeira Seção dessa Corte Superior, se manifestam de forma reiterada 
em favor do direito defendido pelo Autor, como se infere das seguintes 
ementas: 
ESPECIAL. LEGITIMIDADE ATIVA DOCONTRIBUINTE 
DE FATO. UTILIZAÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO E 
DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. ICMS 
SOBRE TARIFA DE USO DOS SISTEMA DE 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 9/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
DISTRIBUIÇÃO (TUSD). IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA 
DE OPERAÇÃO MERCANTIL. 
1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato 
gerador a circulação da mercadoria, e não do serviço 
de transporte de transmissão e distribuição de energia 
elétrica, incidindo, in casu, a Súmula 166/STJ. Dentre 
os precedentes mais recentes: AgRg nos EDcl no 
REsp 1267162/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, 
Segunda Turma, DJe 24/08/2012. (...) 5 
 
*** 
 
TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA 
ELÉTRICA. SÚMULA 166/STJ. HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. 
SÚMULA 7/STJ. 1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato 
gerador a circulação da mercadoria, e não do serviço 
de transporte de transmissão e distribuição de energia 
elétrica. Desse modo, incide a Súmula 166/STJ. 
2. Ademais, o STJ possui entendimento no sentido de 
que a Taxa de 
Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica - 
TUST e a Taxa 
de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica 
- 6 TUSD não 
fazem parte da base 6 
 
*** 
 
- TRIBUTÁRIO - AGRAVO 
REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - COBRANÇA 
DE ICMS COM INCLUSÃO EM SUA BASE DE CÁLCULO 
DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO 
DE ENERGIA ELÉTRICA - TUSD - INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO ICMS - IMPOSSIBILIDADE - 
PRECEDENTES. 
1. É firme a Jurisprudência desta Corte de Justiça no 
sentido de que não incide ICMS sobre as tarifas de uso do 
sistema de distribuição de energia elétrica, já que o fato 
gerador do imposto é a saída da mercadoria, ou seja, no 
 
5 AgRg no REsp 1278024/MG, Rel. Minist ro Benedito Gonçalves, Primeira Turma – STJ, DJ de 
14/02/2013. 
6 AgRg nos EDcl no REsp 1267162/MG, Rel. Minist ro Herm an Benjam in, Segunda Turma – STJ, DJ 
de 24/08/2012. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 10/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
momento em que a energia elétrica é efetivamente 
consumida pelo contribuinte, circunstância não 
consolidada na fase de distribuição e transmissão. 
Incidência da Súmula 166 do STJ. Precedentes 
jurisprudenciais. 
2. Agravo regimental não prov 7 
 
*** 
 
 
ELÉTRICA. "SERVIÇO DE TRANSPORTE DE 
MERCADORIA". INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. 
CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA NA TRANSMISSÃO 
DA ENERGIA ELÉTRICA. NÃO OCORRÊNCIA. SÚMULA 
166/STJ - PRECEDENTES - SÚMULA 83/STJ . 
1. Inexiste previsão legal para a incidência de ICMS 
sobre o serviço de "transporte de energia elétrica", 
denominado no Estado de Minas Gerais de TUST 
(Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia 
Elétrica) e TUSD (Taxa de Uso do Sistema de 
Distribuição de Energia Elétrica). 
2. "Embora equiparadas às operações mercantis, as 
operações de consumo de energia elétrica têm suas 
peculiaridades, razão pela qual o fato gerador do ICMS 
ocorre apenas no momento em que a energia elétrica sai 
do estabelecimento do fornecedor, sendo efetivamente consumida. Não se cogita acerca de tributação das 
operações anteriores, quais sejam, as de produção e 
distribuição da energia, porquanto estas representam 
meios necessários à prestação desse serviço 
público." (AgRg no REsp 797.826/MT, Rel. Min. Luiz Fux, 
Primeira Turma, julgado em 3.5.2007, DJ 21.6.2007, p. 
283). 
3. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato 
gerador a circulação da "mercadoria", e não do 
"serviço de transporte" de transmissão e distribuição de energia elétrica. Assim sendo, no "transporte de 
energia elétrica" incide a Súmula 166/STJ, que 
determina não constituir "fato gerador do ICMS o 
simples deslocamento de mercadoria de um para 
outro estabelecimento do mesmo contribuinte". 
8 Agravo regimental improv -se)8 
 
 
7 AgRg no REsp 1075223/MG, Rel. Minist ra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ de 11/06/2013. 
8 AgRg no REsp 1135984/MG, Rel. Minist ro Humberto Mart ins, Segunda Turma, DJe 04/03/2011. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 11/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
 
Igual entendimento já possui nosso Tribunal de Justiça do Estado do 
Rio Grande do Sul conforme se depreende das seguintes ementas: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. 
ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA DO USO DE 
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUSD). BASE 
DE CÁLCULO. Não incide ICMS sobre a TUSD, visto 
que a mesma não integra a operação de circulação de 
mercadoria - base de cálculo da exação sob análise. 
Inteligência da Súmula nº 166 do STJ. Precedentes do 
TJRS e do STJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. 
(Agravo de Instrumento Nº 70068178763, Primeira 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Newton 
Luís Medeiros Fabrício, Julgado em 27/04/2016). 
 
*** 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR. ICMS. Nos 
termos do mais recente posicionamento do Superior 
Tribunal de Justiça, restou pacificado o entendimento 
de que a TUST (Taxa de Uso do Sistema de 
Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica) 
não fazem parte da base de cálculo do ICMS, 
incidindo, na espécie, o disposto na Súmula 166 do 
STJ. POR MAIORIA, AGRAVO DE INSTRUMENTO 
PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70068173889, 
Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: João Barcelos de Souza Junior, Julgado em 
16/03/2016). 
 
*** 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. 
ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA DO USO DE 
DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUSD). BASE DE CÁLCULO. Não incide ICMS sobre a TUSD, visto 
que a mesma não integra a operação de circulação de 
mercadoria - base de cálculo da exação sob análise. 
Inteligência da Súmula nº 166 do STJ. Precedentes do 
TJRS e do STJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 12/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
(Agravo de Instrumento Nº 70067171090, Primeira 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Newton 
Luís Medeiros Fabrício, Julgado em 16/12/2015) 
 
 
Desta forma, estando claro que os valores pagos a título de TUST e 
TUSD têm natureza meramente tarifaria, por conta do uso das redes de 
transmissão e distribuição, constata-se que o imposto só pode ser cobrado 
sobre a energia elétrica e quando esta circular juridicamente na condição 
de mercadoria. 
Vale frisar, ainda, que, nas análogas hipóteses de exigência de 
ICMS sobre a demanda reservada de energia elétrica, a 1ª Seção do STJ 
consolidou, através da sistemática dos recursos repetitivos, disposta no 
art. 543-C do Código de Processo Civil/1973 a só formalização desse 
tipo de contrato de compra ou fornecimento futuro de energia elétrica 
não caracteriza circulação de mercadoria mo que o ICMS só deve 
incidir sobre o valor da energia elétrica efetivamente consumida, isto é, 
a que for entregue ao consumidor, a que tenha saído da linha de 
transmissão e entrado no estabelecimento da empresa
seguinte ementa: 
O. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. DEMANDA 
DE POTÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE TARIFA 
CALCULADACOM BASE EM DEMANDA CONTRATADA 
E NÃO UTILIZADA. INCIDÊNCIA SOBRE TARIFA CALCULADA COM BASE NA DEMANDA DE POTÊNCIA 
ELÉTRICA EFETIVAMENTE UTILIZADA. 
1. A jurisprudência assentada pelo STJ, a partir do 
julgamento do REsp 222.810/MG (1ª Turma, Min. José 
Delgado, DJ de 15.05.2000), é no sentido de que "o 
ICMS não é imposto incidente sobre tráfico jurídico, 
não sendo cobrado, por não haver incidência, pelo 
fato de celebração de contratos", razão pela qual, no 
que se refere à contratação de demanda de potência 
elétrica, "a só formalização desse tipo de contrato de 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 13/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
compra ou fornecimento futuro de energia elétrica não 
caracteriza circulação de mercadoria". Afirmase, 
assim, que "o ICMS deve incidir sobre o valor da 
energia elétrica efetivamente consumida, isto é, a que 
for entregue ao consumidor, a que tenha saído da 
linha de transmissão e entrado no estabelecimento da 
empresa". 
2. Na linha dessa jurisprudência, é certo que "não há 
hipótese de incidência do ICMS sobre o valor do contrato 
referente à garantia de demanda reservada de potência". 
Todavia, nessa mesma linha jurisprudencial, também é 
certo afirmar, a contrario sensu, que há hipótese de 
incidência de ICMS sobre a demanda de potência elétrica 
efetivamente utilizada pelo consumidor. 
3. Assim, para efeito de base de cálculo de ICMS (tributo 
cujo fato gerador supõe o efetivo consumo de energia), o 
valor da tarifa a ser levado em conta é o correspondente à 
demanda de potência efetivamente utilizada no período de 
faturamento, como tal considerada a demanda medida, 
segundo os métodos de medição a que se refere o art. 2º, 
XII, da Resolução ANEEL 456/2000, independentemente 
de ser ela menor, igual ou maior que a demanda 
contratada. 
4. No caso, o pedido deve ser acolhido em parte, para 
reconhecer indevida a incidência do ICMS sobre o valor 
correspondente à demanda de potência elétrica 
contratada mas não utilizada. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão 
sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 9 (grifou-se) 
 
 
Portanto, evidencia-se que, também sob o rito dos recursos 
repetitivos, há posição jurisprudencial superior consolidada quanto à 
matéria ora debatida, já que no presente caso se discute, de forma 
idêntica à discussão relativa à demanda reservada de energia elétrica, a 
não incidência do ICMS quanto a valores que não correspondam ao 
efetivo consumo de energia elétrica, e sim, tão somente, à viabilização 
 
9 REsp 960476/SC, Rel. Minist ro Teori Zavascki, Prim eira Seção – STJ, DJ de 13/05/2009. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 14/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
para o seu fornecimento, justificando-se a extensão, à presente hipótese, 
dos amplos efeitos decorrentes do julgado acima colacionado. 
Como se não bastasse, há, ainda, entendimento do STJ, também 
exarado sob a sistemática dos recursos repetitivos e consolidado pela Súmula 
16610, que veda tal tributação sobre valores que não decorram da circulação 
jurídica de mercadorias, isto é, de um ato de mercancia propriamente dito, de 
forma a não possuírem qualquer identidade com o fato gerador do ICMS, 
nesses termos: 
ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. 
ART. 543-C, DO CPC. ICMS. TRANSFERÊNCIA DE 
MERCADORIA ENTRE ESTABELECIMENTOS DE UMA 
MESMA EMPRESA. INOCORRÊNCIA DO FATO 
GERADOR PELA INEXISTÊNCIA DE ATO DE 
MERCANCIA. SÚMULA 166/STJ. DESLOCAMENTO DE 
BENS DO ATIVO FIXO. UBI EADEM RATIO, IBI EADEM 
LEGIS DISPOSITIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC 
NÃO CONFIGURADA. 1. O deslocamento de bens ou mercadorias entre 
estabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não 
se subsume à hipótese de incidência do ICMS, porquanto, para a ocorrência do fato imponível é 
imprescindível a circulação jurídica da mercadoria 
com a transferência da propriedade. (Precedentes do 
STF: AI 618947 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, 
Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe-055 
DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL-
02395-07 PP-01589; AI 693714 AgR, Relator(a): Min. 
RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 
30/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08-
2009 EMENT VOL-02370-13 PP- 02783. Precedentes do 
STJ: AgRg nos EDcl no REsp 1127106/RJ, Rel. Ministro 
HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 
06/05/2010, DJe 17/05/2010; AgRg no Ag 1068651/SC, 
Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, 
julgado em 05/03/2009, DJe 02/04/2009; AgRg no AgRg 
no Ag 992.603/RJ, Rel. Ministro BENEDITO 
 
10 “ Súm ula 166 – NÃO CONSTITUI FATO GERADOR DO ICMS O SIMPLES DESLOCAMENTO DE 
MERCADORIA DE UM PARA O OUTRO ESTABELECIMENTO DO MESMO CONTRIBUINTE.” 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 15/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 
17/02/2009, DJe 04/03/2009; AgRg no REsp 809.752/RJ, 
Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 04/09/2008, DJe 06/10/2008; REsp 
919.363/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, 
julgado em 19/06/2008, DJe 07/08/2008) 
2. "Não constitui fato gerador de ICMS o simples 
deslocamento de mercadoria de um para outro 
estabelecimento do mesmo contribuinte." (Súmula 166 do 
STJ). 
3. A regra-matriz do ICMS sobre as operações mercantis 
encontra-se insculpida na Constituição Federal de 1988, in 
Federal instituir impostos sobre: (...) II -operações relativas 
à circulação de mercadorias e sobre prestações de 
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de 
comunicação, ainda que as operações e as prestações se 
 4. A circulação de mercadorias versada no dispositivo 
constitucional refere-se à circulação jurídica, que 
pressupõe efetivo ato de mercancia, para o qual 
concorrem a finalidade de obtenção de lucro e a 
transferência de titularidade. 
de operações relativas à circulação de mercadorias. A 
lei que veicular sua hipótese de incidência só será 
válida se descrever uma operação relativa à 
circulação de mercadorias. É bom esclarecermos, 
desde logo, que tal circulação só pode ser jurídica (e 
não meramente física). A circulação jurídica 
pressupõe a transferência (de uma pessoa para outra) 
da posse ou da propriedade da mercadoria. Sem 
mudança de titularidade da mercadoria, não há falar 
em tributação por meio de ICMS. (...) O ICMS só pode 
incidir sobre operações que conduzem mercadorias, 
mediante sucessivos contratos mercantis, dos 
(Roque Antonio Carrazza, in ICMS, 10ª ed., Ed. 
Malheiros, p.36/37) 
(...) 
8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao 
regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ 
-se) 
 
 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 16/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
Sendo assim, como se não fossem suficientes os precedentes 
específicos relacionados a esta hipótese, se conclui que, por não pressuporem 
qualquer ato de mercancia ou a circulação jurídica de mercadorias, e sim mera 
autorização para a utilização da rede de energia elétrica, demonstra-se, mais 
uma vez, a necessidade de afastamento da cobrança debatida e, assim,de se 
declarar a impossibilidade de incidência do ICMS sobre os encargos de 
transmissão ou distribuição pagos pelo Autor, notadamente a título de TUST e 
TUSD. 
IV DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO 
Uma vez confirmadas as suas alegações e o direito aqui aduzido, o 
Autor requer a repetição de indébito dos pagamentos realizados nos últimos 
cinco anos a título de ICMS incidente sobre TUST e TUSD, cujos 
comprovantes serão apresentados em momento oportuno, ou seja, quando da 
liquidação de sentença Art. 509, I, NCPC. 
Note-se que este é o entendimento pacifico do Superior Tribunal de 
Justiça, que nos autos do Recurso Especial nº 1.111.003/PR, sob o rito do 
art. 543-C do CPC/73, assentou que os comprovantes de pagamento no caso 
de repetição de indébito, não são necessários para conhecimento do 
direito do autor. Confira-se: 
 AÇÃO DE REPETIÇÃO DE 
INDÉBITO TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA 
MUNICÍPIO DE LONDRINA DESNECESSIDADE DE 
APRESENTAÇÃO DE TODOS OS COMPROVANTES 
DE PAGAMENTO COM A INICIAL APURAÇÃO DO 
"QUANTUM DEBEATUR" NA LIQUIDAÇÃO DE 
SENTENÇA. 
1. De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, em 
ação de repetição de indébito, no Município de 
Londrina, os documentos indispensáveis mencionados 
pelo art. 283 do CPC são aqueles hábeis a comprovar 
a legitimidade ativa ad causam do contribuinte que 
arcou com o pagamento indevido da exação. Dessa 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 17/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
forma, conclui-se desnecessária, para fins de 
reconhecer o direito alegado pelo autor, a juntada de 
todos os comprovantes de recolhimento do tributo, 
providência que deverá ser levada a termo, quando da 
apuração do montante que se pretende restituir, em 
sede de liquidação do título executivo judicial. 
Acórdão sujeito ao regime do art. 543- 
C do CPC e da Resolução 14 STJ 08/08. -se) 
 
 
Igual entendimento já possui nosso Tribunal de Justiça do Estado do 
Rio Grande do Sul: 
APELAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO DE 
REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IPTU. PROGRESSIVIDADE 
DE ALÍQUOTAS. LEI MUNICIPAL ANTERIOR À EC N. 
29/00. ENUNCIADO DA SÚMULA 668/STF. 
DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE TODOS 
OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO COM A 
INICIAL. APURAÇÃO DO QUANTUM DEBEATUR NA 
LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. - Nas demandas 
decorrentes de repetição de indébito tributário, é 
imprescindível apenas a comprovação da qualidade de 
contribuinte do autor, não sendo necessária a juntada de todos os demonstrativos de pagamento do tributo no 
momento da propositura da ação, por ser possível a sua 
postergação para a fase de liquidação, momento em que 
deverá ser apurado o quantum debeatur. Entendimento do 
STJ. Hipótese em que, ademais, o Município réu não 
impugna a afirmação de que o contribuinte procedeu ao 
regular recolhimento do IPTU em descompasso com a 
Súmula n. 668/STF. APELAÇÃO PROVIDA DE PLANO. 
(Apelação Cível Nº 70059803858, Vigésima Segunda 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: 
Marilene Bonzanini, Julgado em 07/06/2014) 
 
Assim, para fins de reconhecimento do direito alegado pelo Autor, 
não se faz necessária no presente momento a juntada de todos os 
comprovantes dos pagamentos realizados nos últimos 5 (cinco) anos, que 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 18/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
serão apresentados no momento oportuno, qual seja, o da liquidação de 
sentença. 
V DOS PRESSUPOSTOS PARA A ANTECIPAÇÃO 
DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL 
 
Nos termos do artigo 311, inciso II do Código de Processo Civil, a 
antecipação dos efeitos da tutela prescinde da presença de dois requisitos: (i) as 
alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e (ii) 
houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. 
É o que ocorre no presente caso, os fatos são provados pelo autor 
através da documentação acostada e concomitantemente farta jurisprudência e 
súmula do STJ. 
De outro lado, há de se ter em conta que o Poder Judiciário não pode 
ser conivente, mesmo que por inércia, com os atos abusivos do Poder Executivo, 
permitindo-lhe exigir dos contribuintes tributos que, reconhecidamente, violam o 
texto constitucional. 
Por isso é que se impõe o imediato estancamento das 
cobranças indevidas. 
Afinal, do contrário, estar-se-á obrigando o autor a permanecer 
recolhendo aos cofres públicos valores que, já se pode prever desde logo, serão 
tidos por absolutamente indevidos ao término do litígio, de modo que, no curso da 
instrução, haverá o acúmulo de créditos tributários de grande monta e que terão 
que ser recuperados por meio da via tortuosa dos precatórios estaduais, que, 
aliás, notoriamente não estão sendo pagos pontualmente. 
Da congregação desses dois elementos, exsurge a real necessidade 
de se antecipar, liminar e parcialmente, os efeitos da tutela jurisdicional 
pretendida, na forma autorizada pelo art. 311, inciso II do CPC. 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 19/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
Nesse mesmo sentido, tem decidido esse TJRS: 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXCLUSÃO DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO - TUSD DA BASE DE CÁLCULO 
DO ICMS, CUMULADA COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO. NÃO TRADUZINDO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA, MAS 
CUSTO PELA DISTRIBUIÇÃO, EM PRINCÍPIO SOBRE TAL VALOR NÃO INCIDE ICMS. PRECEDENTES DO STJ E DO TJRS. LIMINAR QUE MERECE DEFERIDA, CONSIDERANDO A 
PRESENÇA DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70064822059, Primeira 
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 04/11/2015) 
 
AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PUBLICO. ENERGIA 
ELÉTRICA. TUSD. ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Comprovado pela agravante a cobrança da tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) e sua inclusão na base de cálculo do ICMS. Entendimento 
pacificado no Egrégio Superior Tribunal de Justiça e nesta Corte no sentido da impossibilidade de cobrança da TUSD. Precedentes. Determinada exclusão da rubrica da base de cálculo do ICMS nas faturas de energia elétrica. RECURSO 
PROVIDO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de 
Instrumento Nº 70065696221, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 16/09/2015) 
 
MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. ICMS. TUSD. LIMINAR. 1. A concessão da medida liminar em mandado de 
segurança exige relevante fundamento de direito e prova do risco de ineficácia da medida. Art. 7º, III, da Lei n.º 12.016/09. 2. A tarifa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica - TUSD - 
não integra a base de cálculo do ICMS. Jurisprudência do STJ. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70066509910, 
Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em 16/09/2015) 
 
Impõe-se, assim, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, 
na forma do art. 151, V, do CTN, determinando-se ao Réu que se abstenha de 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 20/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
cobrar-lhes o ICMS sobre valores devidos a título de Tarifas de Uso do Sistema 
de Transmissão(TUST) ou Distribuição (TUSD). 
E é isto o que se requer em pedido de antecipação de tutela. 
 
VI DO PEDIDO 
 
Diante do exposto, requer o Autor: 
(a) Seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela para 
determinar ao Réu que se abstenha de cobrar-lhe o ICMS sobre valores 
devidos a título de Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou 
Distribuição (TUSD); 
(b) N ( seja 
determinada a intimação da RIO GRANDE ENERGIA S.A. - RGE, para dar 
cumprimento a decisão proferida neste processo, se abstendo de inserir nas 
faturas de energia elétrica o ICMS incidente sobre tudo aquilo que em sua 
conta de luz corresponda Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) 
ou Distribuição (TUSD), descriminando-se, na cobrança, esse montante; 
(c) Seja, ao final, proferida sentença confirmando a 
relação jurídico-tributária entre o Autor e o Estado Réu quanto ao recolhimento 
do ICMS incidente sobre os encargos de transmissão e conexão na entrada de 
energia elétrica, especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão 
(TUST) ou Distribuição (TUSD), definindo-se a base de cálculo do referido 
tributo, em tais operações, como sendo, unicamente, o montante relativo à 
energia elétrica efetivamente consumida, bem como, consequentemente, 
impedindo-se a imposição, por parte do Estado Réu, de quaisquer medidas 
coercitivas relacionadas à sua cobrança, dentre as quais o ajuizamento de 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 21/23
 
Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS 
 Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br 
execuções fiscais, o óbice à emissão da respectiva certidão de regularidade 
fiscal do Autor e a inclusão de seu nome em cadastros estaduais de 
inadimplência; e, sucessivamente 
(d) Em razão do acolhimento do pedido principal, seja o Autor 
restituído de todos os valores indevidamente recolhidos, inclusive nos cinco 
anos anteriores ao ajuizamento desta ação, acrescidos de correção monetária 
e juros legais, a contar da citação; 
(e) Requer ainda, ao Autor, à concessão dos benefícios da 
Justiça gratuita, haja visto, que não possui condições de arcar com as 
despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento, nos termos do Art. 98 
do NCPC, art. 4º, da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, conforme 
declaração de hipossuficiência em anexo. 
(f) Seja condenado o Estado Réu ao pagamento das custas e 
dos honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. 
Atribuindo-se à causa o valor de alçada R$ R$ 8.380,00 (oito mil 
trezentos e oitenta reais). 
O Autor protesta pela produção de todos os meios de provas 
admitidos, em especial documental suplementar e pericial. 
Nestes termos, pede deferimento. 
Passo Fundo/RS, 16 de junho de 2016. 
NEURI ANTÔNIO BOSCATTO 
OAB/RS 97.957 
 
 
TATIANA FARIAS 
OAB/RS 80.433 
 
 
MAIKEL FABIANI BARUFALDI 
OAB/RS 98.858 
DAIANE BAIOCCO DA ROSA 
OAB/RS 101.906 
Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 22/23
DOCUMENTO ASSINADO POR DATA
www.tjrs.jus.br
Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de ChavesPúblicas Brasileira – ICP-Brasil.
Para conferência do conteúdo deste documento, acesse, na internet, oendereço https://www.tjrs.jus.br/verificadocs e digite o seguinte
número verificador:
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
0000126418523
16/06/2016 18h06minNEURI ANTONIO BOSCATTO
Página 23/23

Continue navegando