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Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE PASSO FUNDO - RS LUIZ ADEMIR SILVA DOS SANTOS, brasileiro, casado, vigilante, inscrito no CPF sob o n° 493.814.310-00, portador da carteira de identidade nº 9046543428, residente e domicilia na Rua Lava Pés, nº 868, Bairro Centro, CEP 99010-170, Passo Fundo - RS, por seus advogados que esta subscrevem (doc. em anexo), com endereço profissional na Rua Morom, nº 1324, sala 202, Centro, CEP 99010-031, Passo Fundo/RS, onde recebem intimações, vem à presença de Vossa Excelência propor a presente AÇÃO DECLARATÓRI A C /C REPETIÇÃO DE INDÉBITO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DOS E FEITOS DA TUTELA DE EVIDÊNCI A em face do ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL, representado pela Procuradoria-Geral do Estado, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 1/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br I DOS FATOS O Autor é proprietário de um imóvel localizado nesta cidade de Passo Fundo/RS, sendo, nessa conformidade, responsável pelas despesas do imóvel, dentre as quais se incluem as contas de energia elétrica. Desse modo, na qualidade de contribuinte de fato do ICMS incidente sobre a energia elétrica, o Autor constatou que o Estado do Rio Grande do Sul está exigindo o tributo sobre base de cálculo superior àquela legal e constitucionalmente prevista, vez que o tributo não está sendo cobrado tão somente sobre o valor da mercadoria (energia elétrica), mas, também, sobre as tarifas de uso do sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica proveniente da rede básica de transmissão (as chamadas TUST/TUSD). Assim é que, na forma das razões de fato e de direito a seguir aduzidas, o Autor pretende ver declarada a inexistência de relação jurídico tributária que o obrigue a recolher o ICMS sobre quaisquer encargos de transmissão e distribuição, restringindo-se à respectiva base de cálculo, portanto, aos valores pagos a título de efetivo fornecimento e consumo de energia elétrica, com a consequente repetição do inédito do ICMS indevidamente recolhido nos últimos (5)cinco anos. II BREVES ESCLARECIMENTOS OPERACIONAIS SOBRE A TUST E TUSD Para melhor compreensão do que se busca através dessa ação, convém, antes, esclarecer alguns pontos relacionados ao sistema elétrico brasileiro. A operação e administração da rede básica de energia elétrica, cujo acesso é livre a todos, é atribuição do Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, que é a pessoa jurídica de direito privado autorizado pela União Federal a exercer tal função. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 2/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br A rede básica de energia elétrica, segundo definição da ANEEL, é constituída por todas as subestações e linhas de transmissão em tensões de 230 kV ou superior, integrantes de concessões de serviços públicos de energia elétrica, devidamente outorgadas pelo Poder Concedente. É, em outras palavras, o sistema composto por torres, cabos, isoladores, subestações de transmissão e outros equipamentos que operam em tensões médias, altas e extra altas. Para que fique inequivocamente compreendido, veja-se, na ilustração abaixo, o que é a rede de transmissão básica: Sendo o sistema básico de transmissão administrado pelo ONS, a sua utilização, por concessionários, permissionários e autorizados depende da contratação de acesso ao sistema, conforme se depreende dos artigos 1º e 2ª da Resolução ANEEL nº. 281/1999: Estabelece, na forma que se segue, as condições gerais para contratação do acesso, compreendo o uso e a conexão, aos sistemas de transmissão de energia elétrica. Art. 2º. As disposições desta aplicam-se à contratação do acesso aos sistemas de transmissão pelos concessionários, permissionários e autorizados de serviços de energia elétrica, bem como pelos consumidores de que tratam os arts. 15 e 16 da Lei nº. 9.074, de 7 de julho de 1995, e aqueles definidos no ª 5º do art. 26 da Lei nº. 9.427, de 26 de dezembro de 1996, Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 3/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br com redação dada pela Lei nº. 9.648, de 27 de maio de Em razão da contratação de acesso à rede básica, o usuário remunera a ONS mediante recolhimento da Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST), na forma da Resolução ANEEL nº. 281/1999. Essa tarifa é, em qualquer caso, suportada por aqueles que utilizam a rede de transmissão, seja a geradora da energia elétrica, o consumidor livre diretamente conectado à rede básica, ou mesmo os consumidores cativos, que paga a tarifa em suas contas. O sistema de distribuição, por sua vez, é aquele composto por postes, cruzetas, isoladores, fios, transformadores e demais equipamentos (não pertencentes à rede básica) que operam em tensões baixas, de propriedade das distribuidoras, e cujo acesso também é livre a todos. A sua utilização, no caso da contratação no mercado livre, se dá mediante celebração de contrato de uso dos sistemas de distribuição (CUSD) ou, no mercado cativo, mediante contratação do fornecimento de energia elétrica, em ambos os casos remunerando-se o uso da rede mediante recolhimento Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD). Adiante segue organograma que facilitará a visualização: Da análise do diagrama acima, verifica-se que o fornecimento de energia elétrica poderá ocorrer de duas formas, através do mercado cativo, Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 4/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br disponível a todos os cidadãos, e mediante a celebração de contratos bilaterais no mercado livre. No mercado cativo o valor da tarifa/preço da energia é definido após minuciosa análise da agência reguladora responsável, no caso a ANEEL. Nesse processo, vários custos estão incluídos no cálculo, tais como investimentos, encargos, gastos para manutenção da rede, tributos etc. Para esses consumidores, a TUSD/TUST é repassada na conta paga à Concessionária responsável pelo fornecimento de energia. Por seu turno, no mercado livre, os consumidores podem negociar a aquisição de energia elétrica livremente com quaisquer fornecedores que atuem no mercado, negociando preços e prazos, de acordo com o perfil de consumo. As negociações neste caso são firmadas através de contratos bilaterais, nos quais a intervenção do governo é mínima. Para os Consumidores Livres, ou seja, aqueles que adquirem carga igual ou superior a 3.000kW, na forma disposta pela Lei 9.074/19951, a remuneração da TUSD/TUST pode ocorrer tanto pela cobrança na fatura do fornecimento do energético, quanto mediante a celebração de contrato próprio com a distribuidora responsável pela rede básica. Delimitado os conceitos, o que se repudia através dessa ação é exigência do ICMS não apenas sobre o valor da mercadoria efetivamente fornecida, mas, também, sobre (i) a TUST repassada ao Autor muito emborasem a devida descriminação nas faturas e (ii) TUSD, paga em razão da utilização do sistema de distribuição. 1 Art . 16. É de livre escolha dos novos consum idores, cuja carga seja igual ou maior que 3.000 kW, atendidos em qualquer tensão, o fornecedor com quem cont ratará sua com pra de energia elétr ica. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 5/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br Assim é que, na forma do que se passará a demonstrar, deve ser reconhecida a inexistência de obrigação jurídico tributária que obrigue o Autor ao recolhimento do ICMS sobre as parcelas referentes a quaisquer encargos de transmissão e distribuição. III DO DIREITO III.I - DA NÃO INCIDÊNCIA DO ICMS SOBRE OS VALORES COBRADOS PELA CONEXÃO E USO DO SISTEMA DE TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA Como relatado anteriormente, as cobranças ora discutidas se referem à suposta responsabilidade do Autor pelo recolhimento do ICMS sobre as tarifas pagas em razão da conexão e do uso do sistema de transmissão na entrada de energia elétrica em sua propriedade. A par de suas características próprias, para fins jurídico tributários, a energia elétrica sempre foi considerada como mercadoria, sujeita, portanto, à incidência do ICMS. Na dicção da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a energia deve ser assim considerada porque “é objeto de comércio; é mercadoria, bem apropriável pelo homem, bem no mercado, inclusive para fins tributários [art. 155, § 2o, "b", da CB/88 e art. 34, § 9o, do ADCT]” 2. Por sua vez, ao definir as hipóteses de incidência do ICMS, a Lei Complementar nº 87/96 cuidou de abranger, conforme o previsto no art. 155, inciso II da Constituição Federal3, tão somente as operações relativas à 2 Ação Rescisória nº 1.607/MS, Plenário do STF, Rel. Min. Eros Grau, julgamento em 30.03.2006. 3 “ Art . 155. Com pete aos Estados e ao Distr ito Federal inst ituir impostos sobre: (...) II – operações relat ivas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de t ransporte interestadual e interm unicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior; (...)” Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 6/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br circulação de mercadorias. Esta é a expressa determinação do artigo 2º da referida Lei Complementar, conforme abaixo: - O imposto incide sobre: I - operações relativas à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de alimentação e bebidas em (grifou-se) Porém, em decorrência das suas especificidades e características, a energia elétrica encontra-se em permanente circulação nos fios de transmissão da concessionária, sendo que ela somente será individualizada, ou seja, só terá caracterizado e definido seu usuário, no momento em que for utilizada, pois, até então, consiste numa massa única de energia passível de utilização por qualquer um que dela necessite. Consequentemente, o fato gerador do imposto só pode ocorrer, in casu, pela entrega da energia ao consumidor, não sendo outra a disposição constante do art. 12, inciso I da Lei Complementar nº 87/96: - Ocorre o fato gerador do imposto no momento: I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que para outro estabelecimento do -se) Assim, da leitura do dispositivo acima transcrito, nota-se que o fato gerador do imposto estadual ocorre no momento da efetiva entrega da energia elétrica ao consumidor, que se perfaz c propriedade. A própria Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL comunga deste entendimento, esboçado em sua Resolução nº 414/2010, Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 7/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br esclarecendo, para fins de responsabilidade, o momento em que ocorre a transferência da mercadoria (energia elétrica) para o consumidor, senão confira-se: O ponto de entrega é a conexão do sistema elétrico da distribuidora com a unidade consumidora e situa-se no limite da via pública com a propriedade onde esteja localizada a unidade consumidora, exceto quando: Art. 15. A distribuidora deve adotar todas as providências com vistas a viabilizar o fornecimento, operar e manter o seu sistema elétrico até o ponto de entrega, caracterizado como o limite de sua responsabilidade, observadas as condições estabelecidas na legislação e O ponto de entrega de energia elétrica é o relógio medidor, razão pela qual a energia só será individualizada ao consumidor, caracterizando sua circulação e dando ensejo à cobrança do imposto (pois só a partir daí é determinado o sujeito passivo da obrigação tributária), no momento em que passar por este relógio, e ingressar no estabelecimento da empresa, vindo a ser efetivamente consumida. Com efeito, exigir o ICMS sobre as tarifas que remuneram a transmissão e a distribuição da energia elétrica, é fazer incidir o tributo sobre fato gerador não previsto pela legislação regente (notadamente Constituição Federal e Lei Complementar nº 87/96), o que viola frontalmente o princípio constitucional da reserva legal previsto no art. 150, inciso, I da Constituição Federal4, segundo o qual é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios exigir ou aumentar tributos sem lei que o estabeleça. 4 Art . 150. Sem prejuízo de outras garant ias asseguradas ao cont ribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Dist rito Federal e aos Municípios: I – exigir ou aumentar t ributo sem lei que o estabeleça; (...)” Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 8/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br Exatamente por isso o próprio Conselho Nacional de Política Fazendária CONFAZ enviou ao Congresso Nacional o Projeto de Lei no § 1º do artigo 13 da Lei Complementar nº 87/96, pretendeu incluir na Ao tentar reparar a nítida impossibilidade de incidência da exação estadual sobre operações claramente diversas daquelas que se identificam com o respectivo fato gerador, até mesmo porque todas as hipóteses que contemplaram a inclusão de encargos semelhantes tiveram previsões específicas autorizando (incisos I e II do mesmo § 1º), restou evidente que, até o presente momento, não existe a autorização para tal incidência, resultando no reconhecimento indubitável sobre a improcedência da cobrança discutida. E, exatamente pelas razões já expostas, a Câmara dos Deputados excluiu tal iniciativa do texto finalmente aprovado (Lei Complementar nº 38/2010), remanescendo apenas a prorrogação de creditamento do art. 33 da Lei Complementar nº 87/96, o que, mais uma vez, demonstra a incongruência de se entender que encargos como o TUST/TUSD poderiam constituir fato gerador do ICMS. Como não poderia deixar de ser, ambas as Turmas de Direito Público do STJ, que decidem sobre matéria tributária e compõem a Primeira Seção dessa Corte Superior, se manifestam de forma reiterada em favor do direito defendido pelo Autor, como se infere das seguintes ementas: ESPECIAL. LEGITIMIDADE ATIVA DOCONTRIBUINTE DE FATO. UTILIZAÇÃO DE LINHA DE TRANSMISSÃO E DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. ICMS SOBRE TARIFA DE USO DOS SISTEMA DE Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 9/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br DISTRIBUIÇÃO (TUSD). IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE OPERAÇÃO MERCANTIL. 1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a circulação da mercadoria, e não do serviço de transporte de transmissão e distribuição de energia elétrica, incidindo, in casu, a Súmula 166/STJ. Dentre os precedentes mais recentes: AgRg nos EDcl no REsp 1267162/MG, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 24/08/2012. (...) 5 *** TRANSMISSÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA. SÚMULA 166/STJ. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. MAJORAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. 1. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a circulação da mercadoria, e não do serviço de transporte de transmissão e distribuição de energia elétrica. Desse modo, incide a Súmula 166/STJ. 2. Ademais, o STJ possui entendimento no sentido de que a Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica - TUST e a Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica - 6 TUSD não fazem parte da base 6 *** - TRIBUTÁRIO - AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL - COBRANÇA DE ICMS COM INCLUSÃO EM SUA BASE DE CÁLCULO DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA - TUSD - INCLUSÃO NA BASE DE CÁLCULO DO ICMS - IMPOSSIBILIDADE - PRECEDENTES. 1. É firme a Jurisprudência desta Corte de Justiça no sentido de que não incide ICMS sobre as tarifas de uso do sistema de distribuição de energia elétrica, já que o fato gerador do imposto é a saída da mercadoria, ou seja, no 5 AgRg no REsp 1278024/MG, Rel. Minist ro Benedito Gonçalves, Primeira Turma – STJ, DJ de 14/02/2013. 6 AgRg nos EDcl no REsp 1267162/MG, Rel. Minist ro Herm an Benjam in, Segunda Turma – STJ, DJ de 24/08/2012. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 10/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br momento em que a energia elétrica é efetivamente consumida pelo contribuinte, circunstância não consolidada na fase de distribuição e transmissão. Incidência da Súmula 166 do STJ. Precedentes jurisprudenciais. 2. Agravo regimental não prov 7 *** ELÉTRICA. "SERVIÇO DE TRANSPORTE DE MERCADORIA". INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL. CIRCULAÇÃO DE MERCADORIA NA TRANSMISSÃO DA ENERGIA ELÉTRICA. NÃO OCORRÊNCIA. SÚMULA 166/STJ - PRECEDENTES - SÚMULA 83/STJ . 1. Inexiste previsão legal para a incidência de ICMS sobre o serviço de "transporte de energia elétrica", denominado no Estado de Minas Gerais de TUST (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e TUSD (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica). 2. "Embora equiparadas às operações mercantis, as operações de consumo de energia elétrica têm suas peculiaridades, razão pela qual o fato gerador do ICMS ocorre apenas no momento em que a energia elétrica sai do estabelecimento do fornecedor, sendo efetivamente consumida. Não se cogita acerca de tributação das operações anteriores, quais sejam, as de produção e distribuição da energia, porquanto estas representam meios necessários à prestação desse serviço público." (AgRg no REsp 797.826/MT, Rel. Min. Luiz Fux, Primeira Turma, julgado em 3.5.2007, DJ 21.6.2007, p. 283). 3. O ICMS sobre energia elétrica tem como fato gerador a circulação da "mercadoria", e não do "serviço de transporte" de transmissão e distribuição de energia elétrica. Assim sendo, no "transporte de energia elétrica" incide a Súmula 166/STJ, que determina não constituir "fato gerador do ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte". 8 Agravo regimental improv -se)8 7 AgRg no REsp 1075223/MG, Rel. Minist ra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJ de 11/06/2013. 8 AgRg no REsp 1135984/MG, Rel. Minist ro Humberto Mart ins, Segunda Turma, DJe 04/03/2011. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 11/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br Igual entendimento já possui nosso Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul conforme se depreende das seguintes ementas: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA DO USO DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUSD). BASE DE CÁLCULO. Não incide ICMS sobre a TUSD, visto que a mesma não integra a operação de circulação de mercadoria - base de cálculo da exação sob análise. Inteligência da Súmula nº 166 do STJ. Precedentes do TJRS e do STJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70068178763, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Newton Luís Medeiros Fabrício, Julgado em 27/04/2016). *** AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR. ICMS. Nos termos do mais recente posicionamento do Superior Tribunal de Justiça, restou pacificado o entendimento de que a TUST (Taxa de Uso do Sistema de Transmissão de Energia Elétrica) e a TUSD (Taxa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica) não fazem parte da base de cálculo do ICMS, incidindo, na espécie, o disposto na Súmula 166 do STJ. POR MAIORIA, AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70068173889, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: João Barcelos de Souza Junior, Julgado em 16/03/2016). *** AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO TRIBUTÁRIO. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. TARIFA DO USO DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (TUSD). BASE DE CÁLCULO. Não incide ICMS sobre a TUSD, visto que a mesma não integra a operação de circulação de mercadoria - base de cálculo da exação sob análise. Inteligência da Súmula nº 166 do STJ. Precedentes do TJRS e do STJ. AGRAVO DE INSTRUMENTO PROVIDO. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 12/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br (Agravo de Instrumento Nº 70067171090, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Newton Luís Medeiros Fabrício, Julgado em 16/12/2015) Desta forma, estando claro que os valores pagos a título de TUST e TUSD têm natureza meramente tarifaria, por conta do uso das redes de transmissão e distribuição, constata-se que o imposto só pode ser cobrado sobre a energia elétrica e quando esta circular juridicamente na condição de mercadoria. Vale frisar, ainda, que, nas análogas hipóteses de exigência de ICMS sobre a demanda reservada de energia elétrica, a 1ª Seção do STJ consolidou, através da sistemática dos recursos repetitivos, disposta no art. 543-C do Código de Processo Civil/1973 a só formalização desse tipo de contrato de compra ou fornecimento futuro de energia elétrica não caracteriza circulação de mercadoria mo que o ICMS só deve incidir sobre o valor da energia elétrica efetivamente consumida, isto é, a que for entregue ao consumidor, a que tenha saído da linha de transmissão e entrado no estabelecimento da empresa seguinte ementa: O. ICMS. ENERGIA ELÉTRICA. DEMANDA DE POTÊNCIA. NÃO INCIDÊNCIA SOBRE TARIFA CALCULADACOM BASE EM DEMANDA CONTRATADA E NÃO UTILIZADA. INCIDÊNCIA SOBRE TARIFA CALCULADA COM BASE NA DEMANDA DE POTÊNCIA ELÉTRICA EFETIVAMENTE UTILIZADA. 1. A jurisprudência assentada pelo STJ, a partir do julgamento do REsp 222.810/MG (1ª Turma, Min. José Delgado, DJ de 15.05.2000), é no sentido de que "o ICMS não é imposto incidente sobre tráfico jurídico, não sendo cobrado, por não haver incidência, pelo fato de celebração de contratos", razão pela qual, no que se refere à contratação de demanda de potência elétrica, "a só formalização desse tipo de contrato de Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 13/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br compra ou fornecimento futuro de energia elétrica não caracteriza circulação de mercadoria". Afirmase, assim, que "o ICMS deve incidir sobre o valor da energia elétrica efetivamente consumida, isto é, a que for entregue ao consumidor, a que tenha saído da linha de transmissão e entrado no estabelecimento da empresa". 2. Na linha dessa jurisprudência, é certo que "não há hipótese de incidência do ICMS sobre o valor do contrato referente à garantia de demanda reservada de potência". Todavia, nessa mesma linha jurisprudencial, também é certo afirmar, a contrario sensu, que há hipótese de incidência de ICMS sobre a demanda de potência elétrica efetivamente utilizada pelo consumidor. 3. Assim, para efeito de base de cálculo de ICMS (tributo cujo fato gerador supõe o efetivo consumo de energia), o valor da tarifa a ser levado em conta é o correspondente à demanda de potência efetivamente utilizada no período de faturamento, como tal considerada a demanda medida, segundo os métodos de medição a que se refere o art. 2º, XII, da Resolução ANEEL 456/2000, independentemente de ser ela menor, igual ou maior que a demanda contratada. 4. No caso, o pedido deve ser acolhido em parte, para reconhecer indevida a incidência do ICMS sobre o valor correspondente à demanda de potência elétrica contratada mas não utilizada. 5. Recurso especial parcialmente provido. Acórdão sujeito ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução 9 (grifou-se) Portanto, evidencia-se que, também sob o rito dos recursos repetitivos, há posição jurisprudencial superior consolidada quanto à matéria ora debatida, já que no presente caso se discute, de forma idêntica à discussão relativa à demanda reservada de energia elétrica, a não incidência do ICMS quanto a valores que não correspondam ao efetivo consumo de energia elétrica, e sim, tão somente, à viabilização 9 REsp 960476/SC, Rel. Minist ro Teori Zavascki, Prim eira Seção – STJ, DJ de 13/05/2009. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 14/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br para o seu fornecimento, justificando-se a extensão, à presente hipótese, dos amplos efeitos decorrentes do julgado acima colacionado. Como se não bastasse, há, ainda, entendimento do STJ, também exarado sob a sistemática dos recursos repetitivos e consolidado pela Súmula 16610, que veda tal tributação sobre valores que não decorram da circulação jurídica de mercadorias, isto é, de um ato de mercancia propriamente dito, de forma a não possuírem qualquer identidade com o fato gerador do ICMS, nesses termos: ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO CPC. ICMS. TRANSFERÊNCIA DE MERCADORIA ENTRE ESTABELECIMENTOS DE UMA MESMA EMPRESA. INOCORRÊNCIA DO FATO GERADOR PELA INEXISTÊNCIA DE ATO DE MERCANCIA. SÚMULA 166/STJ. DESLOCAMENTO DE BENS DO ATIVO FIXO. UBI EADEM RATIO, IBI EADEM LEGIS DISPOSITIO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. 1. O deslocamento de bens ou mercadorias entre estabelecimentos de uma mesma empresa, por si, não se subsume à hipótese de incidência do ICMS, porquanto, para a ocorrência do fato imponível é imprescindível a circulação jurídica da mercadoria com a transferência da propriedade. (Precedentes do STF: AI 618947 AgR, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 02/03/2010, DJe-055 DIVULG 25-03-2010 PUBLIC 26-03-2010 EMENT VOL- 02395-07 PP-01589; AI 693714 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 30/06/2009, DJe-157 DIVULG 20-08-2009 PUBLIC 21-08- 2009 EMENT VOL-02370-13 PP- 02783. Precedentes do STJ: AgRg nos EDcl no REsp 1127106/RJ, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 06/05/2010, DJe 17/05/2010; AgRg no Ag 1068651/SC, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 05/03/2009, DJe 02/04/2009; AgRg no AgRg no Ag 992.603/RJ, Rel. Ministro BENEDITO 10 “ Súm ula 166 – NÃO CONSTITUI FATO GERADOR DO ICMS O SIMPLES DESLOCAMENTO DE MERCADORIA DE UM PARA O OUTRO ESTABELECIMENTO DO MESMO CONTRIBUINTE.” Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 15/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/02/2009, DJe 04/03/2009; AgRg no REsp 809.752/RJ, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/09/2008, DJe 06/10/2008; REsp 919.363/DF, Rel. Ministro LUIZ FUX, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/06/2008, DJe 07/08/2008) 2. "Não constitui fato gerador de ICMS o simples deslocamento de mercadoria de um para outro estabelecimento do mesmo contribuinte." (Súmula 166 do STJ). 3. A regra-matriz do ICMS sobre as operações mercantis encontra-se insculpida na Constituição Federal de 1988, in Federal instituir impostos sobre: (...) II -operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se 4. A circulação de mercadorias versada no dispositivo constitucional refere-se à circulação jurídica, que pressupõe efetivo ato de mercancia, para o qual concorrem a finalidade de obtenção de lucro e a transferência de titularidade. de operações relativas à circulação de mercadorias. A lei que veicular sua hipótese de incidência só será válida se descrever uma operação relativa à circulação de mercadorias. É bom esclarecermos, desde logo, que tal circulação só pode ser jurídica (e não meramente física). A circulação jurídica pressupõe a transferência (de uma pessoa para outra) da posse ou da propriedade da mercadoria. Sem mudança de titularidade da mercadoria, não há falar em tributação por meio de ICMS. (...) O ICMS só pode incidir sobre operações que conduzem mercadorias, mediante sucessivos contratos mercantis, dos (Roque Antonio Carrazza, in ICMS, 10ª ed., Ed. Malheiros, p.36/37) (...) 8. Recurso especial provido. Acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC e da Resolução STJ -se) Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 16/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br Sendo assim, como se não fossem suficientes os precedentes específicos relacionados a esta hipótese, se conclui que, por não pressuporem qualquer ato de mercancia ou a circulação jurídica de mercadorias, e sim mera autorização para a utilização da rede de energia elétrica, demonstra-se, mais uma vez, a necessidade de afastamento da cobrança debatida e, assim,de se declarar a impossibilidade de incidência do ICMS sobre os encargos de transmissão ou distribuição pagos pelo Autor, notadamente a título de TUST e TUSD. IV DA REPETIÇÃO DO INDÉBITO Uma vez confirmadas as suas alegações e o direito aqui aduzido, o Autor requer a repetição de indébito dos pagamentos realizados nos últimos cinco anos a título de ICMS incidente sobre TUST e TUSD, cujos comprovantes serão apresentados em momento oportuno, ou seja, quando da liquidação de sentença Art. 509, I, NCPC. Note-se que este é o entendimento pacifico do Superior Tribunal de Justiça, que nos autos do Recurso Especial nº 1.111.003/PR, sob o rito do art. 543-C do CPC/73, assentou que os comprovantes de pagamento no caso de repetição de indébito, não são necessários para conhecimento do direito do autor. Confira-se: AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO TAXA DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA MUNICÍPIO DE LONDRINA DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE TODOS OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO COM A INICIAL APURAÇÃO DO "QUANTUM DEBEATUR" NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. 1. De acordo com a jurisprudência pacífica do STJ, em ação de repetição de indébito, no Município de Londrina, os documentos indispensáveis mencionados pelo art. 283 do CPC são aqueles hábeis a comprovar a legitimidade ativa ad causam do contribuinte que arcou com o pagamento indevido da exação. Dessa Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 17/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br forma, conclui-se desnecessária, para fins de reconhecer o direito alegado pelo autor, a juntada de todos os comprovantes de recolhimento do tributo, providência que deverá ser levada a termo, quando da apuração do montante que se pretende restituir, em sede de liquidação do título executivo judicial. Acórdão sujeito ao regime do art. 543- C do CPC e da Resolução 14 STJ 08/08. -se) Igual entendimento já possui nosso Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul: APELAÇÃO. DIREITO TRIBUTÁRIO. AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO. IPTU. PROGRESSIVIDADE DE ALÍQUOTAS. LEI MUNICIPAL ANTERIOR À EC N. 29/00. ENUNCIADO DA SÚMULA 668/STF. DESNECESSIDADE DE APRESENTAÇÃO DE TODOS OS COMPROVANTES DE PAGAMENTO COM A INICIAL. APURAÇÃO DO QUANTUM DEBEATUR NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. - Nas demandas decorrentes de repetição de indébito tributário, é imprescindível apenas a comprovação da qualidade de contribuinte do autor, não sendo necessária a juntada de todos os demonstrativos de pagamento do tributo no momento da propositura da ação, por ser possível a sua postergação para a fase de liquidação, momento em que deverá ser apurado o quantum debeatur. Entendimento do STJ. Hipótese em que, ademais, o Município réu não impugna a afirmação de que o contribuinte procedeu ao regular recolhimento do IPTU em descompasso com a Súmula n. 668/STF. APELAÇÃO PROVIDA DE PLANO. (Apelação Cível Nº 70059803858, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Marilene Bonzanini, Julgado em 07/06/2014) Assim, para fins de reconhecimento do direito alegado pelo Autor, não se faz necessária no presente momento a juntada de todos os comprovantes dos pagamentos realizados nos últimos 5 (cinco) anos, que Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 18/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br serão apresentados no momento oportuno, qual seja, o da liquidação de sentença. V DOS PRESSUPOSTOS PARA A ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA JURISDICIONAL Nos termos do artigo 311, inciso II do Código de Processo Civil, a antecipação dos efeitos da tutela prescinde da presença de dois requisitos: (i) as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e (ii) houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante. É o que ocorre no presente caso, os fatos são provados pelo autor através da documentação acostada e concomitantemente farta jurisprudência e súmula do STJ. De outro lado, há de se ter em conta que o Poder Judiciário não pode ser conivente, mesmo que por inércia, com os atos abusivos do Poder Executivo, permitindo-lhe exigir dos contribuintes tributos que, reconhecidamente, violam o texto constitucional. Por isso é que se impõe o imediato estancamento das cobranças indevidas. Afinal, do contrário, estar-se-á obrigando o autor a permanecer recolhendo aos cofres públicos valores que, já se pode prever desde logo, serão tidos por absolutamente indevidos ao término do litígio, de modo que, no curso da instrução, haverá o acúmulo de créditos tributários de grande monta e que terão que ser recuperados por meio da via tortuosa dos precatórios estaduais, que, aliás, notoriamente não estão sendo pagos pontualmente. Da congregação desses dois elementos, exsurge a real necessidade de se antecipar, liminar e parcialmente, os efeitos da tutela jurisdicional pretendida, na forma autorizada pelo art. 311, inciso II do CPC. Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 19/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br Nesse mesmo sentido, tem decidido esse TJRS: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ENERGIA ELÉTRICA. AÇÃO DECLARATÓRIA DE EXCLUSÃO DA TARIFA DE USO DO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO - TUSD DA BASE DE CÁLCULO DO ICMS, CUMULADA COM REPETIÇÃO DO INDÉBITO. NÃO TRADUZINDO CONSUMO DE ENERGIA ELÉTRICA, MAS CUSTO PELA DISTRIBUIÇÃO, EM PRINCÍPIO SOBRE TAL VALOR NÃO INCIDE ICMS. PRECEDENTES DO STJ E DO TJRS. LIMINAR QUE MERECE DEFERIDA, CONSIDERANDO A PRESENÇA DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS. RECURSO PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70064822059, Primeira Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Irineu Mariani, Julgado em 04/11/2015) AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO PUBLICO. ENERGIA ELÉTRICA. TUSD. ICMS. NÃO INCIDÊNCIA. Comprovado pela agravante a cobrança da tarifa de uso do sistema de distribuição (TUSD) e sua inclusão na base de cálculo do ICMS. Entendimento pacificado no Egrégio Superior Tribunal de Justiça e nesta Corte no sentido da impossibilidade de cobrança da TUSD. Precedentes. Determinada exclusão da rubrica da base de cálculo do ICMS nas faturas de energia elétrica. RECURSO PROVIDO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA. (Agravo de Instrumento Nº 70065696221, Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Laura Louzada Jaccottet, Julgado em 16/09/2015) MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. ICMS. TUSD. LIMINAR. 1. A concessão da medida liminar em mandado de segurança exige relevante fundamento de direito e prova do risco de ineficácia da medida. Art. 7º, III, da Lei n.º 12.016/09. 2. A tarifa de Uso do Sistema de Distribuição de Energia Elétrica - TUSD - não integra a base de cálculo do ICMS. Jurisprudência do STJ. Recurso provido. (Agravo de Instrumento Nº 70066509910, Vigésima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Maria Isabel de Azevedo Souza, Julgado em 16/09/2015) Impõe-se, assim, a suspensão da exigibilidade do crédito tributário, na forma do art. 151, V, do CTN, determinando-se ao Réu que se abstenha de Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 20/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br cobrar-lhes o ICMS sobre valores devidos a título de Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão(TUST) ou Distribuição (TUSD). E é isto o que se requer em pedido de antecipação de tutela. VI DO PEDIDO Diante do exposto, requer o Autor: (a) Seja deferida a antecipação dos efeitos da tutela para determinar ao Réu que se abstenha de cobrar-lhe o ICMS sobre valores devidos a título de Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD); (b) N ( seja determinada a intimação da RIO GRANDE ENERGIA S.A. - RGE, para dar cumprimento a decisão proferida neste processo, se abstendo de inserir nas faturas de energia elétrica o ICMS incidente sobre tudo aquilo que em sua conta de luz corresponda Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD), descriminando-se, na cobrança, esse montante; (c) Seja, ao final, proferida sentença confirmando a relação jurídico-tributária entre o Autor e o Estado Réu quanto ao recolhimento do ICMS incidente sobre os encargos de transmissão e conexão na entrada de energia elétrica, especialmente as Tarifas de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) ou Distribuição (TUSD), definindo-se a base de cálculo do referido tributo, em tais operações, como sendo, unicamente, o montante relativo à energia elétrica efetivamente consumida, bem como, consequentemente, impedindo-se a imposição, por parte do Estado Réu, de quaisquer medidas coercitivas relacionadas à sua cobrança, dentre as quais o ajuizamento de Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 21/23 Rua Morom, n° 1324 Sala 202 Centro CEP 99010-031 Passo Fundo RS Fone: ( 5 4 ) 3 0 4 5 - 5 3 5 6 E-mail: contato@bfadvocacia.adv.br execuções fiscais, o óbice à emissão da respectiva certidão de regularidade fiscal do Autor e a inclusão de seu nome em cadastros estaduais de inadimplência; e, sucessivamente (d) Em razão do acolhimento do pedido principal, seja o Autor restituído de todos os valores indevidamente recolhidos, inclusive nos cinco anos anteriores ao ajuizamento desta ação, acrescidos de correção monetária e juros legais, a contar da citação; (e) Requer ainda, ao Autor, à concessão dos benefícios da Justiça gratuita, haja visto, que não possui condições de arcar com as despesas processuais, sem prejuízo do próprio sustento, nos termos do Art. 98 do NCPC, art. 4º, da Lei nº 1.060, de 5 de fevereiro de 1950, conforme declaração de hipossuficiência em anexo. (f) Seja condenado o Estado Réu ao pagamento das custas e dos honorários advocatícios, nos termos do art. 55 da Lei 9.099/95. Atribuindo-se à causa o valor de alçada R$ R$ 8.380,00 (oito mil trezentos e oitenta reais). O Autor protesta pela produção de todos os meios de provas admitidos, em especial documental suplementar e pericial. Nestes termos, pede deferimento. Passo Fundo/RS, 16 de junho de 2016. NEURI ANTÔNIO BOSCATTO OAB/RS 97.957 TATIANA FARIAS OAB/RS 80.433 MAIKEL FABIANI BARUFALDI OAB/RS 98.858 DAIANE BAIOCCO DA ROSA OAB/RS 101.906 Assinado eletronicamente por Neuri Antonio BoscattoConfira autenticidade em https://www.tjrs.jus.br/verificadocs, informando 0000126418523. Página 22/23 DOCUMENTO ASSINADO POR DATA www.tjrs.jus.br Este é um documento eletrônico assinado digitalmente conforme MP nº2.200-2/2001 de 24/08/2001, que instituiu a Infra-estrutura de ChavesPúblicas Brasileira – ICP-Brasil. Para conferência do conteúdo deste documento, acesse, na internet, oendereço https://www.tjrs.jus.br/verificadocs e digite o seguinte número verificador: ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA 0000126418523 16/06/2016 18h06minNEURI ANTONIO BOSCATTO Página 23/23
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