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Respondido por: Arthur Santiago Rodrigues do Carmo Doutrina utilizada para pesquisa: Curso de DIREITO PENAL parte geral volume 1, 8ª edição, 2005. Autor: Fernando Capez ___________________________________________________________________________________ TEORIA DO CRIME 1- Explique o que é crime, formal , material e analítico: R: O crime material é aquele que busca estabelecer a essência do conceito, isto é, o porquê de determinado fato ser considerado criminoso e outro não. Sob esse enfoque, crime pode ser definido como todo fato humano que, propositada ou descuidadamente, lesa ou expõe a perigo bens jurídicos considerados fundamentais para a existência da coletividade e da paz social. R: O crime formal resulta da mera subsunção da conduta ao tipo legal e, portanto, considera-se infração penal tudo aquilo que o legislador descrever como tal, pouco importando o seu conteúdo. Considerar a existência de um crime sem levar em conta sua essência ou lesividade material afronta o principio constitucional da dignidade humana. R: Crime no aspecto analítico é aquele que busca, sob um prisma jurídico, estabelecer os elementos estruturais do crime. A finalidade deste enfoque é propiciar a correta e mais justa decisão sobre a infração penal e seu autor, fazendo com que o julgador ou interprete desenvolva o seu raciocínio em etapas. Sob esse ângulo, crime é todo fato típico e ilícito. Dessa maneira, em primeiro lugar deve ser observada a tipicidade da conduta. Em caso positivo, e só neste caso, verifica-se se a mesma é ilícita ou não. Sendo o fato típico e ilícito, já surge a infração penal. A partir daí, é só verificar se o autor foi ou não culpado pela sua prática, isto é, se deve ou não sofrer um juízo de reprovação pelo crime que cometeu. Para a existência da infração penal, portanto, é preciso que o fato seja típico e ilícito. 2- Explique o quem é sujeito ativo do crime e sujeito passivo: R: Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na lei, ou seja, o fato típico. Só o homem, isoladamente ou associado a outros (co-autoria ou participação), pode ser sujeito ativo do crime. O conceito abrange não só aquele que pratica o núcleo da figura típica (o que mata, o que subtrai etc.), como também o co-autor ou participe, que colaboram de alguma forma na conduta típica. Entre sujeitos ativos do crime, porém, deve ser distinguido o autor do crime, quando se exige uma capacidade especial. A possibilidade de a ação típica não ser praticada pela pessoa com a capacidade especial exigida, que apenas colabora na conduta de terceiro, será examinada no capitulo do concurso de agentes. R: Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa. Nada impede que, em um delito, dois ou mais sujeitos passivos existam: desde que tenham sido lesados ou ameaçados em seus bens jurídicos referidos no tipo, são vitimas do crime. Ex: são sujeitos passivos de crime: aquele que morre (no homicídio), aquele que é ferido (na lesão corporal), o possuidor da coisa móvel (no furto), o detentor da coisa que sofre a violência e o proprietário da coisa ( no roubo), o Estado (na prevaricação) etc. Há duas espécies de sujeito passivo: 1- Sujeito passivo formal: é sempre o Estado, pois tanto ele como a sociedade são prejudicados quando as leis são desobedecidas. 2- Sujeito passivo material ou eventual: é o titular do interesse penalmente protegido, podendo ser o homem (art.121), a pessoa jurídica (art.171,§ 2°, V) o Estado (crimes contra a Administração Publica) e uma coletividade destituída de personalidade jurídica (arts. 209, 210 etc.). 3 – Explique objeto do crime, objeto material e jurídico: R: Objeto do delito é tudo aquilo contra o que se dirige a conduta criminosa. Devem ser considerados, em seu estudo, o objeto jurídico e o material. 1- Objeto jurídico do crime é o bem-interesse protegido pela lei penal ou, como diz Nuvolone, “o bem ou interesse que o legislador tutela, em linha abstrata de tipicidade (fato típico), mediante uma incriminação penal”. Conceituam-se bem como tudo aquilo que satisfaz a uma necessidade humana, inclusive as de natureza moral, espiritual etc., e interesse como o liame psicológico em torno desse bem, ou seja, o valor que tem para seu titular. São bens jurídicos a vida (protegida nas tipificações de homicídio, infanticídio etc.), a integridade física (lesões corporais), a honra (calunia, difamação e injúria), o patrimônio (furto, roubo, estelionato) a paz pública etc. A disposição dos títulos e capítulos da Parte Especial do Código Penal obedece a um critério que leva em consideração o objeto jurídico do crime, colocando-se em primeiro lugar os bens jurídicos mais importantes; a vida, integridade corporal, honra, patrimônio etc. 2- Objeto material ou substancial do crime é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta criminosa, ou seja, aquilo que a ação delituosa atinge. Está ele direta ou indiretamente indicado na figura penal. Assim, “alguém” ( o ser humano) é objeto material do crime de homicídio (art121), a “coisa alheia móvel” o é dos delitos de furto (art. 155), o “documento” o é do crime previsto no art.298 etc. Há casos em que se confundem na mesma pessoa o sujeito passivo e o objeto do crime. Nas lesões corporais a pessoa que sofre a ofensa à integridade corporal é, ao mesmo tempo, sujeito passivo e objeto material do crime previsto no art. 129 do CP ( a ação é exercida sobre seu corpo). Existem porém, crimes sem objeto material, como ocorre no crime de ato obsceno (art.233), no de falso testemunho (art.342) etc. Não há que confundir o objeto material do crime e o “corpo de delito”, embora possam coincidir, este é constituído do conjunto de todos os elementos sensíveis do fato criminoso, como prova dele, incluindo-se os instrumentos, os meios e outros objetos (arm, vestes da vítima, papeis etc.). 4- Explique o que teoria finalista bipartida e tripartida, qual diferença em relação a teoria causalista, constitucionalista , teoria social e teoria jurídico-penal. Explique seus elementos? R: Teoria finalista bipartida: a culpabilidade não integra o conceito de crime. O que integra no conceito de crime é somente o fato típico e antijurídico. R: Já para a teoria tripartida a culpabilidade integra o conceito de crime, bem como o fato típico e o antijurídico. 5- O que é fato típico formal e material? R: Fato típico é o fato material que se amolda perfeitamente aos elementos constantes do modelo previsto na lei penal. R: sentido formal é qualquer ação legalmente punível. Essa definição, entretanto, alcança apenas um dos aspectos do fenômeno criminal, é a contradição do fato a uma norma de direito, ou seja, a sua ilegalidade como fato contrário à normal penal. R: Em sentido material é aquela que tem em vista o bem protegido pela lei penal. . 6- Explique os elementos do fato típico material e formal: Elementos são quatro: a) Conduta - é toda ação humana ou omissão consciente e dirigida a uma finalidade; dolosa ou culposa - inobservância do objeto. b) Resultado- é a modificação do mundo exterior causada pela conduta. Exemplo: porte ilegal de arma. c) Nexo Causal - é a relação de causa e efeito entre a ligar a conduta e o resultado naturalístico, pelo qual se pode dizer a conduta produziu o resultado. Ex: se eu ponho a mão no fogo, ela vai queimar, logo, há um nexo causal físico entre a conduta de colocar a mão no fogo e o resultado mão queimada. d) Tipicidade- é a correspondência exata, a adequação perfeita entre o fato natural, concreto e a descrição contida na norma penal incriminadora. Características: a) a tipicidade: fato + conduta + resultado b) a antijuridicidade (ou, mais adequadamente, ilicitude) - contrário às normas jurídicas. 7- Explique o que são leis penais proibitivas e preceptivas: As normas proibitivas, como opróprio nome nos revela, são aquelas que demonstram situações onde o atuar humano, no sentido de sua determinação, é juridicamente vedado. É o exemplo do art. 121 do Código Penal, que diz "matar alguém". A norma implícita neste enunciado normativo proíbe o atuar humano no sentido de tirar a vida de seus semelhantes. Da violação das normas proibitivas originam-se os crimes comissivos, que necessitam de uma ação positiva (um atuar real do agente) e de um resultado naturalístico para que se concretizem. As normas permissivas são aquelas que excluem a ilicitude da conduta, autorizando a ação do agente frente a fatos que inicialmente seriam antijurídicos. São as chamadas causas de justificação, previstas no art. 23 e seguintes de nosso Código Penal. Preceptivas são aquelas normas que obrigam ao agente a agir, frente determinada situação, para impedir a lesão, ou exposição a perigo de lesão, de um bem jurídico. Violando-se tais normas, surgem os delitos omissivos. Nestes tipos de crimes, a simples inatividade (ação negativa) do agente, quando este era obrigado agir, consuma o delito, não necessitando de resultado. 8- Quais são as formas de conduta? R: As formas de conduta: ação e omissão a) Ação: comportamento positivo, movimentação corpórea, facere; b) Omissão: comportamento negativo, abstenção de movimento, non facere. 9- Sobre a omissão, explique o que é teoria naturalística e normativa: R: Para a teoria naturalística, a omissão é um fenômeno causal, que pode ser claramente percebido no mundo dos fatos, já que, em vez de ser considerada uma inatividade (non facere), caracteriza-se como verdadeira espécie de ação. Constitui, portanto, um “fazer”, ou seja, comportamento positivo: quem se omite alguma coisa. R: Para a teoria normativa a omissão e um nada, logo, não pode causar coisa alguma. Quem se omite nada faz, portanto, nada causa. Assim, o omitente não deve responder pelo resultado, pois não provocou. Essa teoria, entretanto, admite que aquele que se omitiu seja responsabilizado pela ocorrência. Portanto, há necessidade de que esteja presente o chamado “dever jurídico de agir”. 10- Explique porque estas causas excluem a conduta: Caso fortuito e força maior, atos ou movimentos reflexos, Coação física irresistível e moral, sonambulismo e hipnose: R.1: Caso fortuito é aquilo que se mostra imprevisível, quando não inevitável; é o que chega sem ser esperada por força estranha à vontade do homem, que não o pode impedir. Ex.: incêndio provocado pelo cigarro derrubado do cinzeiro por um golpe de ar inesperado. R.2: Força maior trata-se de um evento externo ao agente, tornando inevitável o acontecimento. O exemplo mais comum é a coação física. Excluem o dolo e a culpa e, conseqüentemente a conduta. Não há, portanto crime. Conseqüência da exclusão da conduta: sem conduta, não há fato típico, uma vez que ela é seu elemento. A conseqüência será a atipicidade do fato. 11- Explique causas absolutamente independentes: preexistentes, concomitantes e supervenientes e causas relativamente independentes preexistentes, concomitantes e supervenientes: R.1: Causas, absolutamente independentes são aquelas que têm origem totalmente diversa da conduta. O advérbio de intensidade “absolutamente” serve para designar que a causa não partiu da conduta, mas de fonte totalmente distinta. Alem disso, por serem independentes, tais causas atuam como se tivessem por si sós produzido o resultado, situando-se fora da linha de desdobramento causa da conduta. R.2: Preexistentes são as que existem antes da conduta ser praticada e atuam independentemente de seu cometimento, de maneira que com ou sem a ação o resultado ocorreria do mesmo jeito. Ex. O genro atira em sua sogra, mas ela não morre em conseqüência dos tiros, e sim de um envenenamento anterior provocado pela nora, por ocasião do café matinal. O envenenamento não possui relação com os disparos, sendo diversa a sua origem. Alem disso, produziu por si só o resultado, já que a causa mortis foi a intoxicação aguda provocada pelo veneno e não a hemorragia interna traumática produzida pelos disparos. Por ser anterior à conduta, denomina-se preexistente. Assim, é independente porque produziu por si só o resultado; é absolutamente independente porque não derivou da conduta; e é preexistente porque atuou antes desta. R.3: Concomitantes não têm qualquer relação com a conduta e produzem o resultado independentemente desta, no entanto, por coincidência, atuam exatamente no instante em que a ação é realizada. Ex.: no exato momento em que o genro está inoculando veneno letal na artéria da sogra, dos assaltantes entram na residência e efetuam disparos contra a velhinha, matando-a instantaneamente. Essa conduta tem origem totalmente diversa da do genro desalmado, estando inteiramente desvinculada de sua linha de desdobramento causal. É independente porque por si só produziu o resultado; é absolutamente independente porque teve origem diversa da conduta; e é concomitante porque, por uma dessas trágicas coincidências do destino, atuou ao mesmo tempo da conduta. R.3: Supervenientes atuam após a conduta. Exemplo; após o genro ter envenenado sua sogra, antes de o veneno produzir efeitos, um maníaco invade a casa e mata a indesejável senhora a facadas. O fato posterior não tem qualquer relação com a conduta do rapaz. É independente porque produziu por si só o resultado; é absolutamente independente porque a facada não guarda nenhuma relação com o envenenamento; e é superveniente porque atuou após a conduta. 12- Explique os crimes omissos próprios e impróprios: R1: Crimes omissivos próprios: inexistente o dever jurídico de agir, faltando, por conseguinte, o segundo elemento da omissão, que e a norma impondo o que deveria ser feito. Ante a existência do quod debeatur, a omissão perde relevância causal, e o omitente só praticará crime se houver tipo incriminador descrevendo a omissão como infração formal ou de mera conduta. Desse modo, aqui, exige-se uma atividade do agente, no sentido de salvaguardar um bem jurídico cuja desconsideração do comando legal por omissão gera o ajustamento dessa conduta omissiva de modo direto e imediato à situação tipificada. R.2: Crimes omissivos impróprios, também conhecidos como crimes omissivos impuros, espúrios, promíscuos ou comissivos por omissão: o agente tinha o dever jurídico de agir, ou seja, não fez o que deveria ter feito. Há, a norma dizendo o que ele deveria fazer, passando a omissão a ter relevância causal. Como conseqüência, o omitente não responde só pela omissão como simples conduta, mas pelo resultado produzido, salvo se este não lhe puder ser atribuído por dolo ou culpa. 13- Quais são os elementos dos crimes omissos próprios e impróprios: R.1: Nos crimes omissivos próprios: Não existe o dever jurídico de agir, e o omitente não responde pelo resultado, mas por sua conduta omissiva (v.g., arts. 135 e 269 do CP). Dentro dessa modalidade de delito omissivo tem-se o crime de conduta mista, em que o tipo legal descreve uma fase inicial omissiva, por exemplo, apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II). Trata-se de crime omissivo próprio porque só se consuma no momento em que o agente deixa de restituir a coisa. A fase inicial da ação, isto é, de apossamento da coisa, não é sequer ato executório do crime. R2: Nos crimes omissivos impróprios: o omitente tinha o dever jurídico de evitar o resultado e, portanto, por este responderá (cf. art. 13, § 2°, do CP). É o caso da mãe que descumpre o dever legal de amamentar o filho, fazendo com que ele morra de inanição, ou do salva-vidas que, na posição de garantidor, deixa, por negligencia, o banhista morrer afogado: ambos respondem por homicídio culposo e não por simples omissão de socorro. 14- Conceitue dolo? R: Dolo é à vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo legal. Mais amplamente, é a vontade manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta. 15-Explique a teoria da vontade, representação e assentimento ou consentimento: R.1: Para a teoria da vontade: dolo é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado. R.2: Para a teoria do assentimento ou consentimento: dolo é o assentimento do resultado, isto é, a previsão do resultado com a aceitação dos riscos de produzi-lo. Não basta, portanto, representar; é preciso aceitar como indiferente a produção do resultado. As teorias adotadas pelo Código Penal: da analise do disposto no art. 18, I, do CP, conclui-se que foram adotadas as teorias da vontade e do assentimento. Dolo é a vontade de realizar o resultado ou a aceitação dos riscos de produzi-lo. A teoria da representação, que confunde culpa consciente (ou com previsão) com dolo, não foi adotada. 16- Onde está previsto do dolo no código penal? Dolo normativo (CP, art. 180) Dolo de dano (CP, arts. 121 155 etc). Dolo específico (art. 219 CP) 17- Explique dolo direto e indireto? R.1: Dolo direto ou determinado: é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (teoria da vontade). Ocorre quando o agente quer diretamente o resultado. Na conceituação de José Frederico Marques, “Diz-se direto o dolo quando o resultado no mundo exterior corresponde perfeitamente à intenção e à vontade do agente. O objetivo por ele representado e a direção da vontade se coadunam com o resultado do fato praticado. No dolo direto o sujeito diz: “eu quero”. R.2: Dolo indireto ou indeterminado: o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de produzi-lo (dolo eventual), ou não se importa em produzir este ou aquele resultado (dolo alternativo). 18- Conceito de culpa? R: Culpa é o elemento normativo da conduta. A culpa é assim chamada porque sua verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual não se sabe se ela está ou não presente. A culpa, portanto, não esta descrita, nem especificada, mas apenas prevista genericamente no tipo. 19- Explique Negligência, Imperícia e imprudência: R.1: Negligencia é a culpa na sua forma omissiva. Consiste em deixar alguém de tomar o cuidado devido antes de começar a agir. O negligente deixa de tomar, antes de agir, as cautelas que deveria. Decore da inatividade material (corpórea) ou subjetiva (psíquica). R.2: Imperícia é a demonstração de inaptidão técnica em profissão ou atividade. Consiste na incapacidade, na falta de conhecimento ou habilidade para o exercício de determinado mister. Ex.: medico vai curar uma ferida amputa a perna, atirador de elite que mata a vitima, em vez de acertar o criminoso. R.3: Imprudência é a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge durante a realização de um fato sem o cuidado necessário. Pode ser definida como a ação descuidada. Implica sempre um comportamento positivo. Uma característica fundamental da imprudência é a de que nela a culpa se desenvolve paralelamente à ação. Desse modo, enquanto o agente pratica a conduta comissiva, vai ocorrendo simultaneamente a imprudência. 20- Explique culpa consciente e inconsciente: R.1: Culpa consciente ou com previsão é aquela em que o agente prevê o resultado, embora não o aceite. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta, de pronto, por entender que a evitará e que sua habilidade impedirá o evento lesivo previsto. R.2: Culpa inconsciente é a culpa sem previsão, em que o agente não prevê o que era previsível. 21- Diferença culpa consciente e dolo eventual? R: A culpa consciente difere do dolo eventual, porque neste o agente prevê o resultado, mas não se importa que ele ocorra (“se eu continuar dirigindo assim, posso vir a matar alguém, mas não importa; se acontecer, tudo bem, eu vou prosseguir”). Na culpa consciente, embora prevendo o que possa vir a acontecer, o agente repudia essa possibilidade (“se eu continuar a dirigir assim, posso vir a matar alguém, mas estou certo de que isso, embora possível, não ocorrerá). O traço distintivo entre ambos, portanto, é que no dolo eventual o agente diz: “não importa”, enquanto na culpa consciente supõe: ‘é possível, mas não vai acontecer de forma alguma”. 22- Conceitue resultado naturalístico e resultado normativo? R.1: Resultado naturalístico é a modificação provocada no mundo exterior pela conduta( a perda patrimonial no furto, a conjunção carnal no estupro, a morte no homicídio, a ofensa à integridade corporal nas lesões etc.). R.2. Resultado normativo é toda lesão ou ameaça de lesão a um interesse penalmente relevante. Todo crime tem resultado jurídico porque sempre agride um bem jurídico tutelado. Quando não houver resultado jurídico não existe crime .assim, o homicídio atinge o bem vida; o furto e o estelionato, o patrimônio etc. 23- Quais são os crimes que não possuem resultado? R: o crime de mera conduta é aquele que não admite em hipótese alguma resultado naturalístico, como a desobediência, que não produz nenhuma alteração no mundo concreto (atenção: no crime formal, o resultado naturalístico é irrelevante, embora possível: no de mera conduta, não existe tal possibilidade). 24- Conceito de nexo de causalidade? R: É o elo de ligação concreto, físico, material e natural que se estabelece entre a conduta do agente e o resultado naturalístico, por meio do qual é possível dizer se aquela deu ou não a este. Também relação de causa e efeito a ligar a conduta ao resultado naturalístico, pelo qual se pode dizer que a conduta produziu o resultado. Ex.: se eu ponho a mão no fogo, ela vai queimar, logo, há nexo causal físico entre a conduta de colocar a mão no fogo e o resultado mão queimada. 25- Teoria da equivalência das condições R: Teoria da equivalência das condições ou dos antecedentes: para ela, toda e qualquer conduta que, de algum modo, ainda que minimamente, tiver contribuído para produção do resultado deve ser considerada sua causa. Tudo aquilo que, excluído da cadeia de causalidade, ocasionar a eliminação do resultado deve ser tido como sua causa, pouco importando se, isoladamente, tinha ou não idoneidade para produzi-lo. Para essa teoria, portanto, não existe qualquer distinção entre causa, concausa, ocasião e outras que tais: contribuiu de alguma forma é causa. Foi à teoria adotada pelo nosso Código Penal. 26- Explique o dever de agir imposto por lei. R: Segundo o art. 13, § 2°, do CP, o dever jurídico de agir incumbe a quem: a) Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) Com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (R.a) Na primeira hipótese, o dever decorre de imposição legal. Trata-se do chamado dever legal. Sempre que o agente tiver, por lei, a obrigação de cuidado, proteção e vigilância, devera ser responsabilizado pelo resultado pelo resultado se, com sua omissão, tiver concorrido para ele com dolo ou culpa. (R.c) A terceira e última hipótese, chamada “ingerência na norma”, é da pessoa que, com seu comportamento anterior, criou o risco para a produção do resultado. Assim, quem, por brincadeira, esconde o remédio de um cardíaco tem o dever de socorrê-lo e impedir sua morte, sob pena de responder pelo resultado. 27- Explique dever de agir de quem assumiu a responsabilidade de evitar o resultado: (R.b) Na segunda hipótese da pergunta anterior, encontra-se a pessoa que, por contrato, liberdade ou qualquer outra forma, assumiu a posição de garantidora de que nenhum resultado sobreviria. Aqui, o dever jurídico não decorre de lei, mas de um compromisso assumido por qualquer meio. Denomina-se essa hipótese “dever garantidor”. Ex. babá que descuida de sua obrigação de cuidar do pequenino, permite que este caísse e morra. Importante, enfatizar que o dever de garantidor não se confunde com o contratual, sendo indiferente às limitações que surja do contrato, inclusive à validade jurídica deste. 28-Conceito de tipicidade? R: É a subsunção, justaposição, enquadramento, amoldamento ou integral correspondência de uma conduta praticada no mundo real ao modelo descritivo constante da lei (tipo legal). Para que a conduta humana seja considerada crime, é necessário que se ajuste a um tipo legal. Temos, pois, de um lado, uma conduta da vida real e, de outro, o tipo legal de crime constante da lei penal. A tipicidade consiste na correspondência entre ambos. 29- Tipicidade simples e mista. - R: adequação do fato à norma: - tipicidade formal; a simples tipicidade formal não basta para a tipicidade penal, necessitando de tipicidade conglobante. - Tipicidade Conglobante: Tipicidade material + antinormatividade; 30- Tipicidade formal e material. - R: tipicidade formal; a simples tipicidade formal não basta para a tipicidade penal, necessitando de tipicidade conglobante. - R. Tipicidade material: importância, necessidade de se punir aquele fato concreto, diante dos princípios da intervenção mínima e daextrema ratio - Antinormatividade – Deve a conduta ser contrária ao direito, não podendo por ele ser aceita ou fomentada. Ex: Oficial de Justiça e carrasco. 31- Tipicidade primária R. A tipicidade primária (formal subsunção da conduta humana ao preceito primário da norma penal incriminadora) passa a estar condicionada à ocorrência dos cinco requisitos fáticos/valorativos, quais sejam, risco ao bem jurídico tutelado, relevância, proibição jurídica, conversão deste risco, no mínimo, em um resultado jurídico (nada impede a ocorrência cumulativa do resultado material) e, por fim, o resultado como espelho da conduta. Isto é, a tipicidade primária é aquela que esta contida no caput da norma e a secundaria é a aplicação da pena. 32- Tipicidade secundária R.É a comprovação de que a conduta legalmente típica está também proibida pela norma, o que se obtém desentranhando o alcance da norma proibitiva conglobada com as restantes normas da ordem normativa. Isto é, é a aplicação da pena. 33- Tipo fechado R. O tipo penal fechado é todo aquele que para a sua compreensão o intérprete ou aplicador da lei não necessita recorrer a qualquer indagação estranha aos elementos constantes da norma incriminadora. 34- Tipo aberto R. O tipo penal aberto consiste no tipo legal que contém palavras ou expressões dependentes do exame de elementos exteriores ao tipo para aferir a ilicitude da conduta. O tipo aberto deve ser, em cada caso, preenchido pelo juiz. Exemplos: crimes culposos, crimes comissivos por omissão e crimes cujo preceito se refere à ilicitude com o uso de expressões ou vocábulos como “contra a vontade expressa ou tácita d quem de direito” (CP, art. 150); “indevidamente” (CP, arts. 151; 151, § 1º, I e II); “sem justa causa” (CP, arts. 153 e 154); “sem consentimento de quem de direito” (CP, art. 164); “sem a necessária autorização” (Lei nº 6.453/77, art. 20), etc Videos de referencia http://www.youtube.com/watch?v=Jz1V5vA8PZw
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