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Aula 2 Sociologia
1 Anos
Prof. Marly
O QUE VAMOS ESTUDAR HOJE?
- Discursos racistas, etnocentrista e evolucionista e sua contraparte nas sociedades contemporâneas: a eugenia, o arianismo, o colonialismo, o relativismo cultural e o multiculturalismo
EM13CHS102) - Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, sociais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperativismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos.
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Vamos analisar:
Indivíduo x sociedade
Indivíduos:
Todo indivíduo possui uma história e vive em sociedade;
 Aprende a conviver em grupo: socialização;
 Valores da sua cultura são ensinados (como se fossem naturais), mas, são construções históricas;
 Exemplo: o racismo não é natural, é uma construção social.
Sociedade:
As relações sociais = base da vida em sociedade: a família, a escola, os amigos, o trabalho etc;
Toda sociedade possui uma cultura (formas de pensar e agir de um povo) e suas respectivas construções históricas e sociais;
É preciso conhecer a história de um povo para compreender os comportamentos dos indivíduos;
É necessário conhecer os impactos do passado no presente.
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Observe a imagem:
Existe alguma ideia de superioridade presente nessa cena? 
Se sim, de onde vem a ideia de hierarquia entre as raças?
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Para entendermos melhor, vamos voltar no tempo...
Conhecer os discursos racistas do século XIX, ajuda a compreendermos o presente e seus desdobramentos na forma de preconceitos ...
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O CONCEITO DE RAÇA
A palavra “raça” tem origem no latim ratio, que significa “categoria”, “espécie”. 
Foi no século XVII, em 1684, que o francês François Bernier emprega pela primeira vez o termo raça para classificar a diversidade humana em grupos fisicamente contrastados, denominados “raças humanas”.
Foi no século XIX que os discursos aos quais chamamos de racismo científico ou racismo biológico tomaram força: a crença pseudocientífica de que existem evidências empíricas que apoiam ou justificam o racismo (discriminação racial) ou a inferioridade ou superioridade racial entre grupos humanos.
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RACISMO
Conjunto de teorias e crenças que estabelecem uma hierarquia entre as raças, entre as etnias.
Doutrina ou sistema político fundado sobre o direito de uma raça (considerada pura e superior) de dominar outras.
Alguns desses teóricos, acreditavam que a responsabilidade do homem branco seria levar o modelo de civilização europeia para as outras partes do mundo.
Esse movimento desconsiderava a diversidade social, política e religiosa dos países não-europeus, procurando suprimir aspectos culturais de outras sociedades.
Durante o século XIX e no início do século XX, uma série de teorias racistas: 
DARWINISMO SOCIAL, 
EUGENIA,
 BRANQUEAMENTO 
ARIANISMO... entre outras.
Circulavam entre muitos meios intelectuais (acadêmicos, médicos, jurídicos, etc.) 
Procuravam definir certos grupos étnicos (negros, indígenas, asiáticos) como inferiores, defendendo/justificando que sua condição social, econômica e moral estava atrelada às suas características naturais/físicas e que, portanto, nada poderia ser feito para alterar sua situação socioeconômica.
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O DARWINISMO SOCIAL tem origem na teoria da seleção natural de Charles Darwin, que explica a diversidade de espécies de seres vivos através do processo evolução. 
De acordo com esse pensamento, existiriam características biológicas e sociais que determinariam que uma pessoa é superior à outra e que as pessoas que se enquadrassem nesses critérios seriam as mais aptas.
Os darwinistas sociais insistiam em que os indivíduos e as raças estavam dentro de uma luta pela sobrevivência, em que apenas o mais forte sobrevive e, na realidade, apenas o mais forte merece sobreviver.
Eles dividiam a humanidade em raças superiores e inferiores e consideravam o conflito racial e o nacional uma necessidade biológica e um meio para o progresso.
Charles Robert Darwin, (1809–1882) foi um naturalista, geólogo e biólogo britânico, célebre por seus avanços sobre evolução nas ciências biológicas. Darwin estabeleceu a ideia que todos os seres vivos descendem de um ancestral em comum e propôs a teoria de que os ramos evolutivos são resultados de seleção natural e sexual, onde a luta pela sobrevivência resulta em consequências similares às da seleção artificial.
Autor do livro “A Origem das Espécies”, 1859.
Entre as décadas de 1930 e 1950, a teoria de Darwin é considerada o mecanismo unificador para explicar a vida e a diversidade na Terra.
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Eugenia é um termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido".
Galton definiu eugenia como "o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações, seja física ou mentalmente"
Francis Galton foi um antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês.
"Eugenia é a autodireção da evolução humana": logo da Segunda Conferência Internacional de Eugenia, realizada em 1921, retratando-a como uma árvore que reúne uma variedade de diferentes campos científicos.
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Segundo ele, a mistura de raças (miscigenação) era inevitável e levaria a raça humana a graus sempre maiores de degenerescência física e intelectual.
Para ele o Brasil não tinha futuro, país marcado pela presença de raças que julgava inferiores. 
A mistura racial daria origem a mestiços e pardos degenerados e estéreis. 
Esta característica já teria selado a sorte do país: a degeneração levaria ao desaparecimento da população. 
A única saída para os brasileiros, seria o incentivo à imigração de "raças" européias, consideradas superiores.
Joseph Arthur de Gobineau
Foi um diplomata, escritor e filósofo francês. 
Foi um dos mais importantes teóricos do racismo no século XIX
Se celebrizou ao escrever o Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas (1855).
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CLAREAMENTO RACIAL, BRANQUEAMENTO RACIAL OU SIMPLESMENTE BRANQUEAMENTO:
É uma ideologia que era amplamente aceita no Brasil entre 1889 e 1914, como a "solução" para o excesso de negros. 
Simpatizantes da ideologia de Branqueamento acreditavam que a raça negra iria avançar culturalmente e geneticamente, ou até mesmo desaparecer totalmente, dentro de várias gerações de miscigenação entre brancos e negros. 
Esta ideologia ganhou o apoio da ideologia do racismo cientifico e foi um ato Darwinismo social, no qual foi aplicada a teoria de Darwin da seleção natural a uma sociedade ou a sua raça. 
Combinando essas duas ideias, o branco da elite da época acreditaram que o sangue ''branco" seria superior e inevitavelmente iria "clarear" as demais raças.
Obra Redenção de Can (1895). 
Avó negra, filha mulata, genro e neto brancos, para o governo da época, a cada geração o brasileiro ficaria mais branco. Quadro de Modesto Brocos y Gomes.
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No Brasil, conhecer os impactos da colonização nos ajuda a entender como os povos indígenas e as etnias africanas foram inferiorizados.
O termo colonialismo refere-se ao domínio político, econômico, administrativo e cultural de um povo sobre o outro. 
Existem diferentes formas de colonização, mas, em geral, o colonialismo se configura na exploração máxima do colonizado pelo colonizador, com este perecendo e muitas vezes sendo dizimado.
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A ESCRAVIDÃO NO BRASIL...UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA
O Brasil se tornou, em 1888, o último país das Américas a abolir a escravidão, mas "nunca enfrentou seu legado" de racismo e discriminação.
O Brasil foi o país que importou mais escravizados africanos.
Foi o país que mais dependeu da escravidão no novo mundo. Todos os nossos ciclos econômicos, o pau-brasil, a cana-de-açúcar, ouro e diamantes, tabaco, algodão, pecuária, café... tudo foi construído por mão de obra escrava.
Os abolicionistas do século XIX diziam que não bastava enfrentar o legado da escravidão, era preciso também enfrentar o legado da escravidão nos âmbitos da educação,terras, trabalho, oportunidades para os ex-escravos e seus descendentes.
O Brasil não fez isso. O Brasil fez uma abolição branca, livrar o Brasil de uma mancha que comprometia sua imagem perante o mundo supostamente civilizado, a selvageria, a barbárie da escravidão. 
Então, o Brasil promove a Lei Áurea e abandona os afrodescendentes à própria sorte. 
O resultado aparece hoje nas estatísticas, que mostram que, de qualquer ponto de vista que você tente medir o Brasil (renda, educação, trabalho, segurança, saúde, moradia) há um abismo de oportunidades entre a população branca descendente de europeus e a população descendente de africanos.
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A ideia de raça nos nossos tempos
Sejam os restos mortais de um rei poderoso dos tempos medievais, um escravo egípcio, um migrante que morreu em nossas costas ou uma figura importante no mundo do entretenimento, a verdade universal que os ossos gritam é que somos humanos.
Infelizmente, temos que admitir que ainda existem aqueles que pensam que existem "raças" humanas.
Isso, apesar de a ciência provar que não há evidências suficientes ou bases rigorosas para defini-las no ser humano.
O DNA humano é 99,9% idêntica, 
o que esvaziou completamente o argumento de encontrar um parâmetro confiável para definir raças.
“Sob nossa pele, somos todos iguais.”
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 Faça uma pesquisa sobre esse tema e descubra:
Qual sua importância para uma sociedade?
Existem pontos negativos nessa forma de ver a sociedade? Explique.
 MULTICULTURALISMO 
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 O MULTICULTURALISMO:
É um princípio que defende a necessidade de se ir além das atitudes de tolerância entre diferentes culturas num mesmo território ou nação. 
Para os defensores do multiculturalismo, as diferenças entre culturas que habitam um mesmo estado devem ser respeitadas e encorajadas, para que possa haver uma coexistência harmoniosa. 
São basicamente dois os conceitos mais utilizados de multiculturalismo: 
1) Todas as culturas dentro de uma mesma nação têm o direito de existir mesmo que não haja um fio condutor que as una; 
2) É uma diversidade cultural coexistindo dentro de uma nação em que há um elo cultural comum que mantenha a sociedade unida.
 MULTICULTURALISMO 
Hoje, o multiculturalismo é  um fenômeno mundial (estima-se que apenas 10 a 15% das nações no mundo sejam etnicamente homogêneas).
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“No Brasil, o convívio multicultural não deveria representar uma dificuldade, afinal, a sociedade brasileira resulta da mistura de raças - negra, branca, índia - cada uma com seus costumes, seus valores, seu modo de vida, e da adaptação dessas culturas umas às outras, numa “quase reciprocidade cultural”. 
Dessa mistura é que surge um indivíduo que não é branco nem índio, que tampouco é negro, mas que é simplesmente brasileiro. 
Filhos desse hibridismo e tendo como característica marcante o fato de abrigar diversas culturas, nós, brasileiros, deveríamos lidar facilmente com as diferenças. Mas não é exatamente isso o que ocorre.”
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Ações afirmativas são atos ou medidas especiais e temporárias, tomadas ou determinadas pelo estado, espontânea ou compulsoriamente, com o objetivo de eliminar desigualdades historicamente acumuladas, garantindo a igualdade de oportunidades e tratamento, bem como de compensar perdas provocadas pela discriminação e marginalização, decorrentes de motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros. 
Trata-se de medidas que têm como objetivo combater discriminações étnicas, raciais, religiosas, de gênero ou de casta, aumentando a participação de minorias no processo político, no acesso à educação, saúde, emprego, bens materiais, redes de proteção social e/ou no reconhecimento cultural.
As ações afirmativas visam combater os efeitos acumulados em virtude das discriminações ocorridas no passado. 
O que são ações afirmativas?
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ENTRE AS MEDIDAS QUE PODEMOS CLASSIFICAR COMO AÇÕES AFIRMATIVAS PODEMOS MENCIONAR: 
Incremento da contratação e promoção de membros de grupos discriminados no emprego e na educação por via de metas, 
cotas, bônus  ou fundos de estímulo; 
bolsas de estudo; 
empréstimos e preferência em contratos públicos;
determinação de metas  ou cotas mínimas de participação na mídia, na política e outros âmbitos;
reparações financeiras; 
distribuição de terras e habitação; 
medidas de proteção a estilos de vida ameaçados;
e políticas de valorização identitária.
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Depois de conhecer as teorias racistas do século XIX, ainda podemos perceber a presença delas em nosso cotidiano?
Questione discursos racistas;
Enxergue a negritude;
Posicione-se contra o racismo;
Estude, consuma, reconheça e valorize a cultura negra;
Transforme seu ambiente de trabalho em local livre de preconceito.
Para reflexão:
Nossa postura cidadã 
consciente:
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ETNIA
“Coletividade de indivíduos que se diferencia por sua especificidade sociocultural, refletida principalmente na língua, religião e maneiras de agir; grupo étnico. “
“
Apresentação do vídeo sobre diversidade e etnia: 4min32s
https://www.youtube.com/watch?v=_S7BGkp2cSw
A diversidade étnica cultural brasileira (animação) 2min51s
https://youtu.be/tOwq1WYYkQg

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