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A abordagem estruturalista: a Teoria Estruturalista/Desenvolvimento Organizacional Universidade Federal do Cariri- UFCA Prof. Dr. Marcus Vinicius de Oliveira Brasil Teoria Estruturalista da Administração As organizações passaram por um processo de desenvolvimento ao longo de quatro etapas: Etapa da Natureza; Etapa do Trabalho; Etapa do Capital; e Etapa da Organização (CHIAVENATO, 2003). Para os estruturalistas, a sociedade moderna e industrializada é uma sociedade de organizações das quais o homem passa a depender para nascer, viver e morrer. 2 Abordagem Estruturalista Figura 1: Os desdobramentos da abordagem estruturalista Fonte: Chiavenato (2003, p. 255) 3 Enquanto a Teoria Clássica caracteriza o “ Homo Economicus” e a Teoria das Relações Humanas “o Homem Social”, a Teoria Estruturalista focaliza o “Homem Organizacional”, que tem as seguintes características : Flexibilidade. Tolerância às frustrações. Capacidade de adiar recompensas. Permanente desejo de realização (CHIAVENATO, 2003). O Homem na Teoria Estruturalista da Administração Flexibilidade- em face das constantes mudanças que ocorrem na vida moderna, bem como da diversidade dos papéis desempenhados nas diversas organizações. Tolerância às frustrações- para evitar o desgaste emocional decorrente do conflito entre necessidades organizacionais e necessidades individuais. Capacidade de adiar recompensas- possibilidade de compensar o trabalho rotineiro dentro da organização, em detrimento das preferências e vocações pessoais por outros tipos de atividade profissional. Permanente desejo de realização- para garantir a conformidade e a cooperação com as normas que controlam e asseguram o acesso às posições de carreira dentro da organização, proporcionando recompensas e sansões sociais e materiais (CHIAVENATO, 2003). 4 Análise das Organizações- Abordagens Múltiplas: Organização formal e informal. Os diferentes enfoques da organização- modelo racional e modelo natural. Recompensas materiais, sociais e simbólicas. Os níveis da organização- institucional, gerencial, e técnico. A diversidade de organizações. Análise intraorganizacional e interorganizacional (CHIAVENATO , 2003). Os estruturalistas, além de se preocuparem com os fenômenos internos (análise intraorganizacional), também se preocupam com aqueles que ocorrem externamente nas organizações, mas que afetam os que ocorrem dentro delas, ou seja, os fenômenos internos. Cada organização interage com o seu ambiente externo e com as demais organizações nele contidas (análise interorganizacional),(CHIAVENATO, 2003). 5 Meios de Controle (Etzioni) Controle Físico. Controle Material. Controle Normativo (CHIAVENATO, 2003). Controle Físico- Procura fazer com que as pessoas obedeçam através de ameaças de sanções físicas, da coação, da imposição, da força e do medo das consequências. Controle Material- É o controle baseado na aplicação de meios materiais e de recompensas materiais. Controle Normativo- É o controle baseado em símbolos puros ou em valores sociais. É o controle moral e ético, por excelência, e baseia-se na convicção, fé, crença, e ideologia (CHIAVENATO, 2003). 6 Tipologias de Poder, Obediência e Organização de Etzioni TIPO DE PODER TIPO DE CONTRATO PSICOLÓGICO TIPO DE ORGANIZAÇÃO PODERCOERCITIVO: baseia-se em punições. ALIENATÓRIO:obediência sem questionamento. COERCITIVA: objetivoé controlar o comportamento. PODER MANIPULATIVO: Baseia-se em recompensas. CALCULISTA:obediência interesseira. UTILITÁRIA: objetivo é obterresultados por meio de barganhas com os funcionários. PODER NORMATIVO: baseia-se em crençase símbolos. MORAL:disciplina interior. NORMATIVA: objetivo é realizar missão ou tarefaem que os participantes acreditam. Quadro 1– Tipologia de poder, obediência e organização segundo Etzioni Fonte: Maximiano (2007, p.102) Modelo de Peter Blau e Richard Scott BENEFICIÁRIO EXEMPLO OSPRÓPRIOS MEMBROS DA ORGANIZAÇÃO Clubes,associações, cooperativas. PROPRIETÁRIOS OU DIRIGENTES Empresas de forma geral. CLIENTES Hospitais,agências sociais, universidades. SOCIEDADE EM GERAL Organizaçõesdo Estado e do governo. Fonte: Maximiano (2007, p.104) Quadro 2- Classificação das organizações segundo o tipo de beneficiário Estratégia Organizacional (segundo a abordagem estruturalista): Competição. Ajuste ou negociação. Cooptação ou coopção- assimilar elementos de outras organizações potencialmente ameaçadoras para seus objetivos (agregá-los). Coalizão- acordo entre duas ou mais organizações para alcançar um objetivo comum (CHIAVENATO, 2003). 9 Conflitos e Dilemas Organizacionais 1. Conflito entre a autoridade do especialista (conhecimento) e a autoridade administrativa (hierarquia), Etzioni sugere 3 tipos de organizações: 1. Organizações especializadas (universidades, escolas, institutos de pesquisa, a estrutura administrativa serve como apoio, ou seja, como staff). 2. Organizações não especializadas (empresas e exército, o conhecimento é instrumental. Os administradores têm a principal autoridade- hierarquia). 3. Organizações de serviços (empresas de consultoria ou assessoria, os especialistas não são subordinados e empregados da organização que os contratou). Dilemas da organização, segundo Blau e Scott: 1. Dilema entre coordenação e comunicação livre. 2. Dilema entre disciplina burocrática e especialização profissional. 3. Dilema entre necessidade de planejamento centralizado e necessidade de iniciativa individual 3. Conflitos entre linha e assessoria (staff). Fonte: Chiavenato (2003) Quadro 3- Conflitos e Dilemas Organizacionais 10 Apreciação Crítica da Teoria Estruturalista Convergência de várias abordagens divergentes(clássica, relações humanas e burocracia). Ampliação da abordagem (indivíduo, grupo e estrutura). Dupla tendência teórica (integrativa e a do conflito). Análise organizacional mais ampla (diversos tipos de organizações complexas- universidades, hospitais etc), (CHIAVENATO, 2003). Inadequação das tipologias organizacionais- elas têm limitações quanto à aplicação prática e pelo fato de se basearem em uma única variável ou aspecto básico. Sua aplicação e validade são problemáticas. A teoria estruturalista é denominada “Teoria da Crise”, pois tem mais a dizer sobre os problemas e patologias das organizações complexas do que com a sua normalidade. Os autores estruturalistas procuram localizar nas organizações o núcleo de suas problemáticas. Teoria de transição e de mudança, “em que o campo todo parece estar em um estado de crescimento acelerado, faltando ainda uma exata definição dos componentes e relações que a Teoria de sistemas definiu posteriormente” (CHIAVENATO, 2003, p. 314). 11 Teoria do Desenvolvimento Organizacional (DO) ORIGENS (1962): 1- Dificuldade de aplicação das demais teorias. 2- Avanço nos estudos da Motivação Humana e sua influência nas organizações. 3- Pesquisas sobre comportamento do grupo. Criação do National Training Laboratory. Leland Bradford é considerado o precursor do movimento de DO (pesquisas de sensitividade dos T-Groups). 4- Inovação nas organizações, produtos e serviços. 5- Fusão de duas tendências: Estrutura e Comportamento Humano, integrados por meio da abordagem sistêmica (CHIAVENATO, 2003) Desenvolvimento Organizacional Desenvolvimento Organizacional é a mudança organizacional planejada. Mudar a Cultura e o Clima Organizacional. Capacidade inovadora: adaptabilidade, senso de identidade, perspectiva exata do meio ambiente, interação entre os participantes. Conceito de Cultura Organizacional- conjunto de hábitos, crenças, valores, tradições, interações e relacionamentos sociais típicos de cada organização. Clima Organizacional- atmosfera psicológica de cada organização. Moral e satisfação das necessidades dos participantes (CHIAVENATO, 2003; MAXIMIANO, 2007). Variáveis Básicas do Desenvolvimento Organizacional: O Meio Ambiente: turbulência e o impacto sobre as instituições. A Organização: características necessárias de dinamismo e flexibilidade. O Grupo Social: liderança, comunicação, relações interpessoais e conflitos. O Indivíduo: motivações, atitudes e necessidades (CHIAVENATO, 2003). Sua ênfase está na mudança da cultura da organização e melhorar o clima organizacional: Processo de Resolução de Problemas e de Renovação; Administração Participativa- Sistema 4 de Likert- Participativo; Fortalecimento e Desenvolvimento de Equipes (Empowerment); e Pesquisa-ação- para diagnóstico e a ação da mudança Quadro 4- Características do Desenvolvimento Organizacional Fonte: Chiavenato (2003) Desenvolvimento Organizacional Mudanças e Organização Sistemas Mecânicos A ênfase é individual e nos cargos; Autoridade e obediência; Rígida adesão à delegação e à responsabilidade dividida; Divisão do trabalho e supervisão hierárquica rígida; Tomada de decisões centralizada; Controle rigidamente centralizado; Solução de conflitos por meio de repressão, arbitragem e/ou hostilidade. Sistemas Orgânicos A ênfase é nos relacionamentos; Confiança e crença recíprocas; Interdependência e Responsabilidade compartilhada; Participação e Responsabilidade Multigrupal; A decisão é descentralizada; Compartilhamento de controle; Solução de conflitos através de negociação. Quadro 5- Sistemas Orgânicos Quadro 6- Sistemas Mecânicos Fonte: Chiavenato (2003, p. 373) Fonte: Chiavenato (2003, p. 373) Figura 2- O iceberg da cultura organizacional Aspectos formais e abertos: Estrutura organizacional Títulos e descrições de cargos Objetivos e estratégias Tecnologia e práticas operacionais Políticas e diretrizes de pessoal Métodos e procedimentos Medidas de produtividade Aspectos informais e ocultos: Padrões de influenciação e poder Percepções e atitudes das pessoas Sentimentos e normas de grupos Crenças, valores e expectativas Padrões informais de integração Normas grupais Relações afetivas Componentes visíveis e publicamente observáveis, orientados para aspectos operacionais e de tarefas Componentes invisíveis e cobertos, afetivos e emocionais, orientados para aspectos sociais e psicológicos Fonte: Chiavenato (2003, p. 374) Cultura Organizacional Equação: C = f (P, M) – O comportamento da pessoa é o resultado da interação entre a pessoa e o meio ambiente a qual está inserida. C = Comportamento; f = Função; P = Pessoa; M = Meio Ambiente. CONCEITO DE MUDANÇA: é a transição de uma situação para outra diferente ou a passagem de um estado para outro diferente. Ocorre em um campo dinâmico de forças que atua em vários sentidos (CHIAVENATO, 2003). Teoria de Campo de Lewin: Segundo Chiavenato (2003, p. 132), Kurt Lewin “introduziu o conceito de equilíbrio ‘quase-estacionário’ nos processos grupais para significar o campo de forças existentes dentro dos grupos e que conduzem a processos de auto-regulação e manutenção de equilibrio”. Teoria de Campo de Lewin: O comportamento humano é derivado da totalidade de fatos coexistentes (Lewin); Esses fatos coexistentes têm o caráter de um campo dinâmico, no qual cada parte do campo depende de uma inter-relação com as demais partes (Lewin); Esse campo dinâmico é o espaço de vida que contém a pessoa e o seu ambiente psicológico. 17 Figura 3- O processo de mudança para Lewin Velhas ideias e práticas são derretidas, abandonadas e desaprendidas Novas ideias e práticas são exercitadas e aprendidas Novas ideias e práticas são incorporadas definitivamente ao comportamento Identificação Internalização Suporte Reforço Descongelamento Mudança Recongelamento Fonte: Chiavenato (2003, p. 375) O processo de Mudança Organizacional Figura 4- O campo de forças que atuam no processo de mudança Forças Positivas (apoio e suporte) Forças Negativas (oposição e resistência) Forças positivas à mudança são maiores do que as forças negativas Forças negativas à mudança são maiores do que as forças positivas Velha Situação Tentativa de mudança bem-sucedida Tentativa de mudança mal-sucedida Nova Situação Nova Situação Fonte: Chiavenato (2003, p. 376) O campo de forças no processo de Mudança Organizacional Figura 5 - Os tipos de mudança organizacional Mudanças na Estrutura Organizacional Mudanças na Tecnologia Mudanças nos Produtos / Serviços Mudanças na Cultura Organizacional Redesenho da organização. Mudança do formato do trabalho. Nova configuração do negócio. Novos equipamentos. Novos processos de trabalho. Redesenho do fluxo de trabalho. Novos produtos. Novos serviços. Desenvolvimento de produtos. Novos clientes. Novas atitudes, percepções, expectativas. Nova mentalidade. Novas habilidades e competências Novos resultados. Desempenho Organizacional Melhorado Fonte: Chiavenato (2003, p. 376) Tipos de Mudança Organizacional Figura 6- As etapas da mudança organizacional Forças Ambientais Forças Internas Necessidade de Mudança Diagnóstico da Mudança Implementação da Mudança Competição globalizada, clientes, concorrentes, fornecedores etc. Missão, objetivos, planos, problemas e necessidades da organização Análise dos problemas e necessidades Definição das mudanças necessárias em tecnologias, produtos, estrutura e cultura Utilização da análise de campo de forças e táticas de ultrapassar a resistência à mudança Fonte: Chiavenato (2003, p. 377) Etapas da Mudança Organizacional Figura 7- As forças positivas e negativas à mudança Forças Impulsionadoras e Favoráveis Forças Restritivas e Impeditivas Mudança Desejo de mudar Vontade de melhorar Novas ideias Criatividade Inovação Inconformismo Empreendedorismo Desejo de ficar Vontade de manter o status quo Velhas ideias Conservantismo Rotina Conformismo Burocratismo Passagem de um estado para outro + + + + - - - - Fonte: Chiavenato (2003, p. 377) Forças Fases da Organização Mudanças e Organização Expansão Pioneira Regulamentação Burocratização Reflexibilização APLICAR D.O. Críticas às Estruturas Convencionais - O poder da administração frustra e aliena o empregado. - A divisão do trabalho impedem o compromisso emocional do empregado. - A autoridade única ou unidade de comando restringe a comunicação. - As funções permanentes tornam-se fixas e imutáveis (CHIAVENATO, 2003). Figura 8- Fases da Organização Fonte: Chiavenato (2003) Valores organizacionais Concepção do homem como essencialmente mau Avaliação negativa das pessoas Visão do homem como um ser definitivo Não aceitação das diferenças individuais Ênfase nos cargos e não nas pessoas Supressão da expressão de sentimentos Uso de máscara e representação Uso do status para manter poder e prestígio Desconfiança em relação às pessoas Fuga à aceitação de riscos Ênfase na competição entre as pessoas Concepção do homem como essencialmente bom Visão das pessoas como seres humanos Visão do homem como um ser em crescimento Aceitação e utilização das diferenças individuais Visão do indivíduo como uma personalidade Possibilidade de expressão dos sentimentos Adoção do comportamento autêntico Uso do status para atingir objetivos organiza- cionais Confiança nas pessoas Desejo e aceitação de riscos Ênfase na colaboração entre as pessoas Fonte: Chiavenato (2003, p. 379) Quadro 7- Tópicos da Administração Tradicional Quadro 8- Tópicos do Desenvolvimento Organizacional Fonte: Chiavenato (2003, p. 379) Figura 9- Managerial Grid (grade gerencial de Blake e Mouton) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 9 8 7 6 5 4 3 2 1 Estilo 1.9 Atenção focada nas necessidades das pessoas, pois relações satisfatórias conduzem a uma atmosfera confortável e a um ritmo de trabalho cordial. Estilo 9.9 A realização do trabalho é obtida através de pessoas comprometidas, com confiança e respeito. Há uma interdependência através de um interesse comum no objetivo da organização. Estilo 5.5 Um desempenho organizacional adequado é obtido através do equilíbrio entre a execução do trabalho e a manutenção do moral em um nível satisfatório. Estilo 1.1 A aplicação de um esforço mínimo para que o trabalho seja executado e para continuar sendo membro da organização. Estilo 9.1 A eficiência nas operações decorre de um arranjo do trabalho para que as pessoas interfiram num grau mínimo. Baixa Preocupação com a Produção Alta Baixa Preocupação com as Pessoas Alta Fonte: Chiavenato (2003, p. 395) Técnicas de Desenvolvimento Organizacional Apreciação Crítica do Desenvolvimento Organizacional Imprecisão no campo do Desenvolvimento Organizacional. Ênfase na educação “emocional”. Aplicações distorcidas do Desenvolvimento Organizacional. Administração Participativa. Pretensão de “construir culturas” (CHIAVENATO, 2003). Referências BLAKE, R. R.; MOUTON, J. S. The managerial grid. Houston: Gulf, 1964. BLAU, P. M. ; SCOTT, W. R. Organizações Formais. São Paulo: Atlas, 1970. CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. rev. e atual. 4. reimpr. São Paulo: Elsevier, 2003. ETZIONI, A. Organizações Complexas. São Paulo: Atlas, 1967. LEWIN, K. A dynamic theory of personality. New York: McGraw-Hill, 1935. MAXIMIANO, A.C.A. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 6 ed. 2. reimpr. São Paulo: Atlas, 2007. WEBER, M. Essays in Sociology. New York: Oxford University Press, 1946.
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