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Tipos e técnicas de amostragem: análise preliminar, grupo homogêneo de exposição, amostragens ativa e passiva, técnicas de HSE, técnicas de NIOSH, amostragens rápidas, curto prazo, longo prazo, TWA. A amostragem é o processo de selecionar um grupo ou uma parcela de determinado conjunto, a fim de estudar as características deste. Como exemplo, podem ser citadas as pesquisas eleitorais, nas quais uma pequena parcela da população é escolhida, com base em critérios técnicos, para definir os percentuais respectivos de votos de cada candidato no dia da eleição. Essa pequena parcela da população seria uma amostragem. A situação é semelhante no caso dos agentes químicos. No ambiente de trabalho, será coletada uma pequena parcela de volume de ar, a qual representará a exposição do trabalhador no ambiente de trabalho. Para definir o número de amostras (quantidade em volume e forma de exibir as amostras), será necessário estabelecer uma estratégia de amostragem com base em critérios técnicos (definidos por órgãos competentes no assunto). As técnicas e os tipos de amostragem são ferramentas importantíssimas quando tratamos da avaliação e do monitoramento dos fatores de risco a que os trabalhadores eventualmente possam estar expostos. Essas técnicas determinam a metodologia e os parâmetros corretos que tornam válidos os resultados de testes, destinados às avaliações quantitativas que podem ser realizadas no meio ambiente de trabalho, no próprio trabalhador ou até mesmo por meio de exames biológicos, como sangue e urina. As técnicas e os tipos de amostragem são utilizados no processo e na avaliação dos fatores de riscos ocupacionais. No processo de monitoramento, a avaliação tem como objetivo verificar os agentes no ambiente, medir os níveis de exposição dos trabalhadores a esses agentes para então comparar com os limites de tolerância fornecidos nas normas e nas demais legislações, analisando e propondo então, as melhorias necessárias e observando a hierarquia das medidas de controle. O princípio norteador de qualquer avaliação é termos claramente o que será avaliado, por exemplo, se a avaliação será com base na exposição sofrida pelo trabalhador, na exposição desencadeada por processos produtivos ou para simples verificação de eficiência em sistemas de proteção. Neste sentido, a clareza do objetivo da amostragem será determinante para a definição dos métodos de amostragem. A definição dos métodos poderá considerar uma avaliação individual ou coletiva. Os métodos de avaliação podem basear-se em normas nacionais (NBR, NR, NHO) ou em normas de outros países (OSHA, NIOSH, HSE), objetivando a comparação dos resultados com estudos científicos, os quais indicam os valores máximos de exposição de determinado agente para que não haja nenhum dano à saúde do trabalhador. O tempo de duração da coleta de cada amostra deve ser suficiente para amostrar um volume adequado e obter uma quantidade de volume dentro da faixa de trabalho do método de análise a ser utilizado. O número de amostras a serem coletadas está relacionado ao dispositivo de coleta utilizado e à capacidade de retenção do dispositivo, variando conforme o tipo de amostra. As amostragens podem ser: Diárias Instantâneas Em minutos Em horas Em turnos Em diversos turnos por dias alternados Segundo a Norma de Higiene Ocupacional (NHO) 8 da Fundacentro (Fundação Jorge Duprat e Figueiredo), no anexo C, as amostragens podem ocorrer em turnos integrais ou parciais, desde que elas representem o equivalente a 70% da jornada de trabalho diária. Esse conceito pode variar de uma norma para outra. Tratando-se de um agente químico com limite do tipo média ponderada no tempo (oito horas), devem-se realizar amostras (uma ou mais), a fim de cobrir o máximo de tempo da jornada. Tal anexo apresenta um diagrama do número e do tipo de amostras, segundo o período de coleta. Figura 1: – Tipos de amostragens no ambiente de trabalho Alguns fatores importantes devem ser levados em consideração, como a descrição das tarefas executadas, tais como: tempo de permanência do trabalhador no ambiente exposto, movimentos efetuados, pausas e descansos e condições da exposição. As amostras devem ser coletadas durante o desenvolvimento normal do trabalho, nos períodos em que as tarefas estão sendo realizadas e sempre levando em consideração suas características específicas. Os resultados das amostragens devem ser comparados com parâmetros que chamamos de limites de exposição ocupacional ou limites de tolerância. Esses limites podem ser encontrados na legislação nacional ou na literatura da ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists), por exemplo, para agentes químicos sem limite de exposição no Brasil. As exposições que se situam acima dos limites de tolerância necessitam de medidas corretivas urgentes. Quando a exposição está abaixo do limite de tolerância, mas acima do nível de ação, medidas preventivas precisam ser adotadas. Tais medidas têm por objetivo evitar que o trabalhador se exponha a níveis que ultrapassem o limite de tolerância (devido à variabilidade natural dos processos) ou que, por uma característica individual (suscetibilidade), prejudiquem a saúde. Medidas preventivas envolvem, no mínimo, monitoramento do agente, controle médico e informação ao trabalhador. Além do limite, é preciso estar atento também ao tempo de exposição, pois o tempo de exposição a agentes agressivos e a possibilidade de desenvolver uma doença ocupacional estão intimamente conectados. Consideramos tempo real de exposição o resultado encontrado por meio do estudo da tarefa realizada pelo trabalhador, pois leva em consideração fatores como jornada de trabalho, posicionamento do trabalhador e descanso. Os efeitos nocivos à saúde do trabalhador serão maiores conforme o aumento do tempo de exposição aos agentes agressivos. Por isso é importante estar atento quanto a verificação da concentração ou intensidade dos agentes, com a realização de amostragens nos locais de trabalho que tenham como finalidade detectar o nível de exposição real do trabalhador a determinado agente. O atendimento as metodologias e critérios técnicos de avaliação são importantes para o atendimento de muitas variáveis que podem influir diretamente nos resultados. Podemos citar como exemplo as condições da temperatura em uma exposição a determinado agente químico. Tratando-se de um solvente (mais volátil) em baixas temperaturas, a evaporação será menor e, consequentemente, a concentração será proporcional. Porém, em altas temperaturas, tal produto se volatizará mais, e a concentração dele será maior no ar do ambiente amostrado. Além disso, num planejamento e processo de avaliação é preciso considerar também a suscetibilidade individual de cada organismo. O organismo humano é complexo e responde de diferentes formas a determinados agentes podendo variar de indivíduo para indivíduo. Portanto, podemos afirmar que a predisposição individual é um fator de extrema importância e por essa razão os limites de tolerância nunca devem ser considerados totalmente seguros. Para algumas substâncias, o efeito global sobre a saúde do trabalhador pode ser mais significativo do que a ação de cada uma delas individualmente. Nos casos em que os efeitos resultantes são uma soma dos efeitos individuais, diz-se que o efeito é aditivo. Já quando a ação de uma substância potencializa a ação de outra a ponto de o resultado ser maior do que a soma dos efeitos, então diz-se que o efeito é sinérgico. Efeitos aditivos são ocasionados por agentes químicos com ação sobre o mesmo sistema ou órgão. Quando constatado um efeito aditivo, a exposição é calculada por meio de uma soma das divisões das concentrações de cada agente pelos limites correspondentes. O limite de tolerância assume o valor de 1, independentemente do número de substâncias com efeito aditivo. Para o efeito sinérgico, não há uma expressão de cálculo paraum limite, e existem poucos dados na literatura relacionados à área ocupacional. Assim, se identificada uma situação de sinergia, medidas de controle devem ser adotadas rapidamente, se o julgamento técnico apontar para tanto. Como vimos, a escolha e a aplicação da técnica de amostragem vai depender do objetivo a ser avaliado e monitorado no ambiente. Ou seja, vai depender do tipo de agente, dos limites de tolerância, do tempo de exposição, da estrutura e organização da empresa em relação as atividades desenvolvidas. Análise preliminar Antes de realizar uma técnica de amostragem, deve-se fazer uma análise preliminar dos locais de trabalho, o que envolve algumas tarefas. Inicialmente, informações técnicas e administrativas deverão ser obtidas, as quais estão relacionadas a ferramentas, operações e demais parâmetros (parâmetros ambientais e de processos de trabalho; manuais das máquinas; fichas de informação de segurança para produtos químicos – FISPQs) envolvidos nas condições de trabalho avaliadas. As informações devem condizer com as observações de campo e são necessárias à identificação dos grupos de exposição homogêneos e à caracterização da exposição dos trabalhadores com base no critério utilizado. A avaliação do fator de risco deverá ser feita visando a caracterizar a exposição de todos os trabalhadores considerados no estudo, identificando os grupos homogêneos de exposição (GHEs). A análise preliminar tem por objetivo reunir elementos que permitam enquadrar as situações analisadas em três distintas possibilidades, quais sejam: a) Convicção técnica de que as situações de exposição sejam aceitáveis, pressupondo-se que estejam abaixo do nível de ação b) Convicção técnica de que as situações de exposição sejam inaceitáveis, pressupondo-se que estejam acima do limite de exposição c) Incerteza quanto à aceitabilidade das situações de exposição analisadas Para a análise preliminar da exposição, devem-se considerar os seguintes aspectos: a) Informações fornecidas pelos fabricantes das fontes geradoras sobre os agentes de exposição utilizados no processo b) Foco na fonte geradora e no estado de conservação das ferramentas, das máquinas e dos agentes utilizados no processo c) Dados de medições de exposição ocupacional já existentes, eventualmente disponíveis d) Dados de exposições similares e) Constatação de condições específicas de trabalho que possam contribuir para o agravamento das condições de exposição (má utilização dos equipamentos de proteção individual – EPIs; falta de conhecimento; contato inadequado com a fonte geradora) f) Estimativa de tempo efetivo de exposição diária g) Nível de ação e limite de exposição adotado h) Informações ou registros relacionados a queixas, susceptibilidades ou predisposições atípicas i) Antecedentes médicos relacionados aos trabalhadores expostos e aos efeitos neles gerados Grupos homogêneos de exposição (GHEs) Após a identificação dos fatores durante a entrevista, para se pensar nas possíveis técnicas e tipos de amostragens a serem utilizadas, é importante separar os GHEs. Estes grupos devem seguir os padrões estabelecidos nas NHOs, pois o objetivo dessas normas, conforme visto, é estabelecer metodologias adequadas de avaliação, critérios de utilização de equipamentos de medição, limites de tolerância e orientar a respeito dos métodos de controle dos fatores de risco. O objetivo de separar os trabalhadores em grupos é facilitar o mapeamento dos agentes nos ambientes de trabalho, agrupando os trabalhadores expostos aos agentes em comum, buscando uma homogeneização e reduzindo o número de amostragens. Os GHEs referem-se aos trabalhadores que estão expostos às mesmas fontes geradoras do fator de risco. Portanto, a identificação das fontes geradoras é muito importante para a higiene ocupacional e pode reduzir, assim, o número de avaliações, pois a avaliação individual de um trabalhador representará a avaliação do todo. Ao selecionar os trabalhadores para a coleta individual, deve-se caracterizar e selecionar o trabalhador de maior exposição para cada atividade, quando possível. Assim, para identificar o trabalhador de maior exposição, é necessário observar a proximidade do funcionário com a fonte geradora. O GHE é uma ferramenta de organização de gestão em segurança do trabalho e podemos dizer que é a maneira mais eficiente de mapeamento dos fatores de risco dos trabalhadores em um mesmo grupo de exposição. O levantamento dos fatores de risco, por meio dos GHEs, deve ser interpretado e avaliado pela gestão de segurança. Essa interpretação é que determinará o tipo de avaliação, medidas de monitoramento, cronograma de ações, escolha de EPI e EPC, elaboração de programas de saúde e segurança e qualquer medida de controle necessária. Existem diversos critérios a serem aplicados na formação do GHE dos trabalhadores, sendo necessária a definição do que chamamos de critério de presença, que concentra os trabalhadores e os deixa semelhantes em relação à exposição. Ou seja, qualquer trabalhador do mesmo GHE estará exposto como qualquer outro do mesmo GHE (intensidade, tempo e concentração). Por exemplo, quando utilizamos o método de homogeneização, também chamado de zoneamento, podemos considerar algumas variáveis necessárias de serem verificadas, tais como: Se os trabalhadores executam as mesmas tarefas. Se as pausas de descanso são similares entre os trabalhadores. Se os trabalhadores estão expostos aos mesmos fatores de risco. Se as tarefas proporcionam os mesmos mecanismos geradores de exposição aos fatores de risco. Se a área de influência dos trabalhadores nas fontes contaminantes é similar. Se os trabalhadores compartilham a mesma zona de trabalho, incluindo o sistema de ventilação, correntes de ar e controles técnicos. Conforme o tamanho do grupo, inicia-se então a aplicação das técnicas de amostragem: Exposto de maior risco (EMR): deve-se avaliar o trabalhador que exerce as atividades mais próximo da fonte geradora por um período maior. Análise estatística da exposição: caso não haja a possibilidade de determinar o trabalhador que ficará mais próximo da fonte geradora nem o GHE, será necessário avaliar todos os trabalhadores. A NHO-08 estabelece um critério estatístico de avaliação dessa situação, no qual é avaliado um subgrupo de tamanho adequado, de tal maneira que essa amostra aleatória tenha elevada probabilidade de incluir pelo menos um trabalhador com alta exposição. Observe a imagem retirada da NHO-08, a qual estabelece como será realizado o método de análise estatística da exposição: Figura 2: – Número de avaliações por grupo de trabalhadores N: É o tamanho do grupo de trabalhadores n: Número de avaliações individuais que devem ser realizadas. Se N < 8 todos os trabalhadores devem ser avaliados Se N > 50 a cada 50 um total de 18 funcionários Lembre-se de que o agente ao qual os trabalhadores estão expostos definirá o tipo de amostragem. Tipos de amostragem: ativa e passiva Os tipos de amostragem são divididos em ativa ou passiva. A coleta de poluentes é realizada por instrumentos, podendo ocorrer através da extração de amostras de ar do meio (ativa) ou através do ar alcançando o meio (passiva). Uma bomba alimentada por baterias é utilizada na amostragem ativa, enquanto na passiva a amostragem atinge o meio por difusão. A concentração de vapores e gases deve ser expressa em ppm (partes por milhão) ou mg/m³. No caso de partículas suspensas, a unidade deve ser mg/m³. Nos casos de amostragem ativa, o cálculo da concentração depende do conhecimento do volume do ar amostrado. Para isso, as bombas devem ser escolhidas em razão da velocidade do fluxo que se deseja. As bombas de baixa vazão (0,5 até 500ml/minuto) são utilizadas para amostras de gases e vapores. As bombas de alta vazão (500 a 4500ml/minuto) são utilizadas em amostras de material particulado, bioaerossóis, névoas, neblinas e fumos. As bombas de amostragem sempre devem sercalibradas antes da avaliação e aferidas (apenas uma conferência da vazão) ao fim, para que possam ser determinados a vazão de ar que passou pela bomba e, consequentemente, o volume de ar amostrado. A partir desses dados, o amostrador é encaminhado para o laboratório para que seja realizada a avaliação da concentração do agente no local de trabalho. Para definir o amostrador a ser utilizado na coleta, o ideal é ligar para o laboratório que fará a análise e solicitar um amostrador específico para o agente que será analisado. No caso, o agente já foi determinado na etapa de análise preliminar. As amostragens passivas são representadas pelos amostradores passivos. Eles são chamados no comércio especializado dos Estados Unidos de organic vapor monitors e são dispositivos de coleta de amostras de gases e vapores que se fundamentam no fenômeno de difusão- adsorção, sem usar bombas de sucção ou outro mecanismo que forneça a passagem forçada de ar, excluindo assim a necessidade de calibração antes e após uma amostragem pelo método de amostragem ativa. Parâmetros de limites de exposição Ao realizarmos avaliações, utilizamos parâmetros e limites de exposição conforme a legislação existente em nosso país, porém, caso exista algum produto ou elemento que não tenha seu limite de exposição indicado na legislação, utilizamos os parâmetros indicados por entidades internacionais como a ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) ou por órgãos norte-americanos como o NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) e a OSHA (Occupational Safety and Heath Administration). A aplicação dos limites da ACGIH está prevista na NR-09. Esses parâmetros ou definições estão indicados a seguir e também podem ser utilizados concomitantemente com avaliações realizadas pelos parâmetros de nossa legislação, desde que utilizados os valores mais seguros. TLV – STEL (Limite de curta duração) O limite do tipo STEL (short-term exposure values) é um limite de curta duração (15 minutos) e é complementar ao limite do tipo média ponderada (TLV-TWA). Concentrações acima do TLV-TWA são permitidas desde que sejam menores que o TLV-STEL, que ocorram por até 15 minutos espaçados em no mínimo 60 minutos entre si e que não se repitam mais de quatro vezes por jornada. Esse tipo de limite visa a proteger o trabalhador contra irritação, dano tissular crônico ou irreversível, efeitos tóxicos dose-dependentes e narcose em grau suficiente para ocasionar um acidente, impedir o autossocorro ou reduzir a eficiência para o trabalho. O limite STEL é utilizado quando são reconhecidos efeitos agudos para substâncias nas quais os efeitos primários são de natureza crônica. Esse limite pode ser apresentado com um “S” ao lado de um valor de concentração. TLV – TWA (Time Weighted Average) O limite do tipo TWA é um limite do tipo média ponderada. Ele é um valor ao qual possivelmente os trabalhadores estão expostos dia após dia sem desenvolver problemas crônicos mesmo com a exposição. Esse valor é definido para uma jornada de 40 horas semanais (oito horas diárias). Para qualquer outra situação que exceda qualquer um desses valores, uma correção deve ser realizada com base nos modelos de Brief & Scala. Para uma jornada semanal maior que 40 horas, o novo limite é: A letra h representa a jornada semanal (em horas). Para uma jornada diária maior que oito horas, o novo limite é: A letra h representa a jornada diária (em horas). TLV – C (Ceiling) O limite do tipo TLV-C é conhecido como limite do tipo teto. Esse valor não deve ser ultrapassado em nenhum momento da jornada de trabalho. Substâncias com esse limite causam efeitos agudos associados ou produzem irritação física. Há evidências de que uma irritação física pode iniciar, promover ou acelerar efeitos adversos à saúde por meio da interação com outros agentes químicos ou biológicos. PEL (Permissive Exposure Limit) Limite de Exposição Permissível: são limites delimitados pelo órgão fiscalizador do trabalho nos Estados Unidos, representando o nível médio de concentração adotado para jornadas de trabalho com duração de 40 horas por semana e 8 horas por dia, sendo que tal exposição pode ocorrer sem que haja necessidade de nenhuma medida de proteção a respiração. REL (Recommended Exposure Limit) Limite de Exposição Recomendado: são limites de concentração recomendados pelo NIOSH a serem aplicados em jornadas de trabalho de 40 horas por semana e 10 horas por dia. IDLH (Immediately Dangerous to Life or Health) A concentração IDLH ou IPVS (imediatamente perigosa à vida e à saúde) é um valor de concentração de um contaminante disperso no ar que pode causar a morte ou efeitos permanentes à saúde imediatos ou tardios ou ainda impossibilitar que o trabalhador saia do ambiente devido aos efeitos tóxicos. Os valores de IPVS são definidos pelo NIOSH e baseados em uma exposição de 30 minutos. Avaliação de misturas ou de efeitos combinados de diferentes agentes Quando duas ou mais substâncias químicas que estão presentes no ar apresentam efeito toxicológico no mesmo órgão ou no sistema orgânico humano, os efeitos combinados delas devem ser considerados prioritariamente em relação aos efeitos individuais. Caso não haja informações contrárias, os efeitos de diferentes fatores de riscos devem ser considerados aditivos. Na prática, isso pode ser feito somando-se a razão entre a concentração pelo limite de tolerância do agente por meio da média ponderada no tempo. Se essa soma resultar em mais que 1, serão considerados excedidos os limites de tolerância nesses locais de trabalho. C1 é a concentração do agente 1 na mistura. C2 é a concentração do agente 2 na mistura. C3 é a concentração do agente 3 na mistura. LT1 é o limite de tolerância do agente 1. LT2 é o limite de tolerância do agente 2. LT3 é o limite de tolerância do agente 3. Esse critério de avaliação não terá aplicabilidade para fins de aposentadorias especial e por insalubridade. Porém, ele é muito importante para controlar e monitorar os agentes químicos nos locais de trabalho. Onde as amostras devem ser coletadas? As amostras devem ser coletadas na zona respiratória do trabalhador, que compreende uma região hemisférica com um raio de 150 ± 50 mm, medido a partir das narinas do trabalhador. As amostras coletadas fora da área de respiração do trabalhador são chamadas de amostras ambientais e geralmente tem seus resultados subestimados, portanto, não devem ser utilizados para estimativa de exposição para inalação, mas sim para fins de monitoramento. As amostras ambientais podem ser coletadas com o objetivo de avaliação de fontes e níveis de poluentes através de instrumentos portáteis ou estações de amostragem fixas. Amostragem por meio de coleta na pele ou superfícies Atualmente, existem poucos limites para superfícies de trabalho e centenas de limites de tolerância para agentes químicos na ACGIH. O primeiro tipo de limite pode estar relacionado com a absorção pela pele ou com as boas práticas de higiene no ambiente de trabalho. Já o segundo tipo está voltado a servir como um padrão para exposições nas quais o agente está disperso no ar. O critério para o limite de tolerância é levado em consideração somente pela respiração pelas vias aéreas, porque são necessárias concentrações muito menores para desenvolvimento de doenças ocupacionais do que a exposição pela via da pele. Isso significa que, quando se atende aos limites de tolerância relacionados à via de respiração, o limite de exposição pelo contato com a pele é atendido satisfatoriamente. Naturalmente, essa regra tem exceções, por exemplo: substâncias líquidas com baixa pressão de vapor (e, portanto, pouco voláteis) podem não representar um risco elevado de ingresso pelo sistema respiratório, mas, se a pele pode representar uma via de ingresso, então o contato com o líquido deve ser evitado e a regra apresentada inicialmente não é válida. A AIHA (AmericanIndustrial Hygiene Association) estabelece parâmetros para análise de absorção de substâncias químicas pela pele em determinadas condições. Além de utilizada para outros fins, nós também usamos a amostragem de superfície quando queremos avaliar a atividade de trabalho e identificar fontes de absorção pela pele ou ingestão. Existem dois métodos de amostragem para avaliação do potencial de absorção da pele e ingestão. São eles: Métodos diretos: as amostras são coletadas diretamente na pele do trabalhador. Método indireto: é aquele em que a amostra é obtida esfregando a superfície desejada (parede, máquina, vidro, cortina, etc.). Equipamentos de leitura instantânea e tubos colorimétricos Os equipamentos que realizam a leitura direta servem para levantar as quantidades de contaminantes em tempo real. Nesse caso, as amostras são analisadas dentro do instrumento sem necessidade de análise laboratorial. Amostragens instantâneas A amostragem instantânea não necessita de análise em laboratório. Como se trata de uma técnica sem previsibilidade nas NHOs, acaba não sendo utilizada para estabelecer insalubridade (embora exista previsão na NR-15) e para dar direito à aposentadoria especial, mas pode ser considerada para fins de monitoramento. A medição dos compostos químicos ocorrem sem que haja necessidade de coleta, transporte, armazenamento ou análise e a concentração é vista através do monitor. São utilizados geralmente para medição de gases e vapores, porém também podemos encontrar instrumentos que realizam detecção de partículas suspensas. Para realizar as medições necessárias durante a coleta de amostras são utilizados instrumentos. Alguns possuem utilização muito simples, como os tubos colorimétricos que podem indicar a concentração através da mudança de cor. Existem também alguns mais específicos utilizados por exemplo, para um produto químico alvo como indicadores de monóxido de carbono, gases combustíveis (explosímetros), medidores de vapor de mercúrio ou até mesmo espectrômetros que servem para analisar grupos maiores de substâncias químicas. Existem detectores de leitura direta pessoal que são utilizados para diversos gases como cloro, cianeto de hidrogênio, sulfeto de hidrogênio, oxigênio, enxofre e monóxido de carbono. As medições desses detectores acumulam as concentrações adquiridas durante o período de um dia e permite a leitura direta da concentração de média ponderada no tempo detalhando o perfil do contaminante. Os tubos colorimétricos ou detectores servem para detectar grande quantidade de substâncias químicas, podendo identificar rapidamente alguns grupos de poluentes atmosféricos e estimativas de concentração. Clique ou toque na imagem para ampliar. Figura 1 – Bomba de amostragem Fonte: <www.racconet.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2017. Os tubos são feitos de vidro e em seu interior podemos encontrar um material sólido em forma de grãos, contendo agente químico que deve reagir com um contaminante produzindo a alteração da cor. Após quebradas as pontas do tubo, devemos colocar em uma delas a bomba de mão para que a amostra seja tomada. O volume de ar contendo a contaminação deve passar, através do tubo, para que haja a reação que geralmente ocorre após cerca de dois minutos, para depois produzir a mudança de cor, de acordo com a concentração do agente. Após a coleta, indica-se fazer um registro fotográfico do tubo, pois a difusão do contaminante poderá continuar e superestimar a concentração real do agente. Após a coleta, indica-se fazer um registro fotográfico do tubo, pois a difusão do contaminante poderá continuar e superestimar a concentração real do agente. Clique ou toque na imagem para ampliar. Figura 2 – Tubos colorimétrios Fonte: <www.racconet.com.br>. Acesso em: 31 mar. 2017. Além das técnicas de amostragem utilizadas para os agentes físicos e químicos, não podemos esquecer que os trabalhadores, durante a sua atividade laboral, poderão estar também expostos aos agentes biológicos. Porém, estes não são possíveis de serem monitorados por meio de uma avaliação quantitativa e, portanto, dever ser monitorados por meio de exames específicos no trabalhador. Bombas de amostragem para métodos analíticos em laboratório A técnica que utiliza bombas de amostragem está prevista em NHOs, sendo utilizada em laudos previdenciários e de insalubridade, principalmente pelo fato de as avaliações terem que ser realizadas em laboratórios credenciados, algo que oferece maior confiabilidade à avaliação. As bombas são instrumentos portáteis e leves que fornecem uma vazão de até 6 ℓ /min, providas de um sistema de controle de vazão constante. A bomba funciona com bateria recarregável e é blindada para utilização em ambientes onde se presume que exista risco de explosão. Além disso, conta com um sistema automático de controle de fluxo que permite regular, de maneira instantânea, as variações no fluxo do ar aspirado, com uma precisão de ± 5%. O ar é aspirado para o interior de um selecionador de partículas específico, e as características dependerão do agente químico que está sendo avaliado. As bombas precisam ser calibradas antes e após as coletas nos locais de trabalho, pois a partir da calibração será calculado o volume de ar que passou pelo separador de partículas. O separador de partículas, utilizado para materiais sólidos particulados, pode vir com diferentes tipos de membranas. As membranas, por sua vez, dependerão do separador de partículas utilizado e do sólido particulado que será analisado. Após as análises nos locais de trabalho e o cálculo da vazão inicial e da vazão final da bomba de amostragem, as membranas devem ser encaminhadas para um laboratório para análise da quantidade de material particulado. As bombas também podem estar acopladas a um tubo de sílica-gel ou a um tubo de carvão ativado para análise de gases e vapores. Os tubos de carvão ativado são utilizados para coleta dos vapores orgânicos (benzeno, tolueno, xileno, tricloroetileno, acetona etc.); e os tubos de sílica-gel, para outras substâncias (anilina, ácidos, aminas etc.). Posteriormente, a amostra é enviada para análise de laboratório. Monitores passivos para métodos analíticos em laboratório Os monitores passivos, ou organic vapor monitors, são dispositivos de coleta de amostras de gases e vapores que se fundamentam no fenômeno de difusão-adsorção, sem usar bombas de sucção ou outro mecanismo que forneça a passagem forçada de ar. Durante a coleta da amostra, têm-se as seguintes fases: Difusão-permeação Adsorção A massa de contaminante transferida para o adsorvente pode ser calculada por esta expressão: M = ((E x A)/L) x C x t M = massa de gás ou vapor retido no monitor (definido em laboratório) E = coeficiente de difusão cm /s A = área de superfície do monitor em cm L = distância entre membrana e adsorvente em cm C = concentração ambiental mg/m³ t = tempo de amostragem Tais monitores têm sido utilizados em perícias de insalubridade e aposentadoria especial, pois a avaliação final ocorre em um laboratório, aumentando o reconhecimento da avaliação. Uma das principais vantagens dos monitores passivos é que eles não dependem de uma bomba de amostragem, sendo desnecessárias as calibrações final e inicial após cada amostragem. 2 2 Meios biológicos As rotinas de controle biológico de exposição são feitas com a coleta no local de trabalho de amostras de sangue, urina e ar expirado. Essas amostras são feitas em sacos Tedlar ou tubos absorventes, para análise de leitura direta ou análise em laboratório. As amostras biológicas de sangue, urina ou ar expirado tem o objetivo de mensurar os indicadores biológicos, estes que são capazes de provocar alterações químicas e agredir o organismo do trabalhador. Os indicadores biológicos podem ser um elemento químico, atividade enzimática, substância química ou até mesmo elementos do organismo que, de acordo com a concentração apresentada,no meio biológico (sangue, urina ou ar exalado) ou existente em tecidos, gera relação com a exposição ambiental ao agente tóxico. Exemplos: o chumbo inorgânico é um indicador biológico que deve ser medido no sangue para avaliação da exposição ao chumbo. O ácido mandélico é um metabólico medido na urina para determinar exposição ao estireno e etilbenzeno. A carboxihemoglobina é o indicador intermediário medido no sangue para determinar a exposição ao cloreto de metileno e monóxido de carbono. Em relação aos agentes químicos constantes no Quadro I da NR-7, existe a definição dos indicadores biológicos de exposição excessiva (IBE/EE), ou seja, a indicação do valor máximo para indicadores biológicos em que acredita-se que a maior parte das pessoas pode estar exposta sem que haja risco de danos à saúde. Quando esse valor é ultrapassado, podemos afirmar que a exposição é excessiva. Em todas as atividades de trabalho encontramos situações em que os trabalhadores podem ou não estar expostos aos agentes ou aos fatores de riscos ambientais naturais ou artificiais que originam riscos ou perigos à saúde ou ao meio ambiente. Estes agentes podem estar presentes em concentrações que podem ultrapassar os limites de exposição estipulados em normas técnicas, legais ou recomendações de organismos internacionais. Por essa razão é que as diferentes técnicas de amostragem são aplicadas para o atendimento da legislação brasileira que obriga as empresas a realizarem a identificação, quantificação e posterior controle dos agentes para que estejam enquadrados dentro dos limites salubres. A correta aplicação das técnicas de amostragem, objetivando a medição e avaliação dos agentes de risco, presentes no meio ambiente de trabalho, é um dos aspectos mais importantes quando buscamos a redução ou até mesmo a eliminação dos riscos que podem comprometer a saúde dos trabalhadores. Portanto, para alcançar este objetivo, o estudo e a atualização das normas e publicações são requisitos fundamentais para a determinação de resultados confiáveis a serem aplicados em todas as áreas da segurança e saúde ocupacional.
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