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Aula 02
Direito Internacional Público p/ Carreira
Jurídica 2021 (Curso Regular)-Prof.
Vanessa Arns
Autor:
Vanessa Brito Arns
Aula 02
6 de Março de 2021
37171323005 - Júnior Souza Ferreira
 
Sumário 
Considerações Iniciais ........................................................................................................................... 2 
Personalidade Jurídica de Direito Internacional ................................................................................... 2 
1. Personalidade Jurídica ................................................................................................................... 2 
2. Estado: Personalidade e Imunidade à jurisdição Estatal ............................................................. 3 
2.1 Classificação dos Estados ............................................................................................................................................ 6 
2.2 Sujeitos atípicos de Direito Internacional ................................................................................................................... 8 
2.3. Formação dos Estados ............................................................................................................................................... 9 
2.4 Reconhecimento do Estado ...................................................................................................................................... 10 
3. Imunidade de Jurisdição e Execução. .......................................................................................... 13 
3.1 Imunidade Diplomática ............................................................................................................................................ 15 
4. Organizações Internacionais ....................................................................................................... 17 
4.1 Sanções ..................................................................................................................................................................... 22 
Legislação e Jurisprudência Destacadas ............................................................................................. 23 
Resumo ............................................................................................................................................... 24 
Considerações Finais ........................................................................................................................... 42 
Questões Comentadas ........................................................................................................................ 42 
 
 
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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Na aula de hoje vamos continuar os estudos da disciplina de Direito Internacional, com foco em 
Personalidade Jurídica de Direito Internacional, Estados, Organizações Internacionais e imunidades. 
Vejamos os tópicos específicos do edital que serão abordados em aula: 
Atos internacionais. Convenção. Acordos. Ajuste. Protocolo. Personalidade internacional. 
Estado Imunidade à jurisdição estatal. Consulados e embaixadas 
Estou à disposição se surgirem dúvidas! Boa aula! 
 
PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL 
1. PERSONALIDADE JURÍDICA 
A doutrina tradicional, representada por Francisco Rezek, atribui personalidade internacional 
apenas aos Estados e às organizações internacionais. 
No entanto, com a evolução da sociedade internacional, a grande tendência é considerar 
que são sujeitos de direito internacional os Estados, as organizações internacionais e os 
indivíduos. 
O reconhecimento da personalidade internacional dos indivíduos decorre da evolução 
do direito internacional dos direitos humanos, que já reconhece que o indivíduo pode 
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peticionar perante cortes internacionais ou mesmo ser penalmente responsabilizado 
pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). 
Embora apenas os Estados, as organizações internacionais e os indivíduos sejam considerados 
sujeitos de DIP, há outras entidades que participam da sociedade internacional. É o caso, por 
exemplo, das empresas transnacionais e das ONGs, que são, então, reconhecidas como atores 
internacionais. 
Os sujeitos de DIP (Estados, organizações internacionais e indivíduos) não possuem as mesmas 
prerrogativas. Os Estados podem celebrar tratados sobre quaisquer assuntos; já as organizações 
internacionais somente celebram tratados em áreas relacionadas às suas finalidades. Os indivíduos, 
por sua vez, não têm capacidade para celebrar tratados. 
Segundo Rezek, o Estado constitui uma realidade física, já que possui um espaço 
territorial onde convive uma comunidade de seres humanos. Ele é dotado de uma 
dimensão material e independe de qualquer documento para sua existência fática. 
Por isso, dizemos que sua personalidade jurídica é originária, pois precede mesmo a própria 
Constituição (documento). 
Por sua vez, as organizações internacionais possuem personalidade jurídica derivada, pois estas não 
existiriam caso não houvesse vontade dos Estados em criá-las. 
Enquanto os Estados são uma realidade física, as organizações internacionais são uma 
criação jurídica. 
As organizações internacionais passaram a ser consideradas sujeitos de direito internacional em 
meados do século XX, mais precisamente em 1949. 
Naquele ano, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) emitiu um parecer consultivo quanto à 
possibilidade da ONU apresentar uma reclamação perante o governo responsável pelo assassinato 
do Conde Folke Bernadotte (representante da ONU no Oriente Médio) 
 
2. ESTADO: PERSONALIDADE E IMUNIDADE À JURISDIÇÃO 
ESTATAL 
O Estado é o sujeito de direito internacional por excelência, ou seja, é considerado o mais importante 
dentre os entes dotados de personalidade internacional. Dentre os sujeitos de DIP, o Estado é o 
único que possui plena capacidade jurídica no plano internacional. 
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Segundo Accioly, pode-se definir o estado como agrupamento humano, estabelecido 
permanentemente num território determinado e sob governo independente. 
Da análise dessa definição, constata-se que, teoricamente, são quatro os elementos 
constitutivos do estado, conforme estabelece a Convenção Interamericana sobre os Direitos e 
Deveres dos Estados, firmada em Montevidéu, em 1933, que indica os seguintes requisitos: 
a) População permanente; 
b) Território determinado; 
c) Governo; 
d) Capacidade de entrar em relação com os demais estados 
O Estado, conforme afirmamos anteriormente, possui personalidade jurídica originária de direito 
internacional público. Tal constatação deriva do entendimento de que a existência dos outros 
sujeitos de direito internacional encontra fundamento no Estado. As organizações internacionais, 
por exemplo, dependem de um tratado constitutivo celebrado por Estados para serem criadas. 
Segundo a doutrina majoritária, os elementos constitutivos do Estado são o território, o povo e o 
governo soberano. 
O território é a dimensão física sobre a qual o Estado exerce sua jurisdição geral e exclusiva, 
ou seja, a dimensão material onde ele exerce seus poderes. 
Geral porque, no âmbito do seu território, o Estado exerce todas as competências de ordem 
legislativa, administrativa e jurisdicional. E 
Exclusiva, porque tais competênciassão exercidas sem qualquer concorrência por parte de 
outro poder. 
A jurisdição do Estado sobre seu território não é, todavia, absoluta, uma vez que há pessoas e bens 
que não se submetem ao poder estatal, como, por exemplo, os diplomatas, as missões diplomáticas 
e organismos internacionais 
A exigência de território determinado não deve ser entendida em sentido absoluto, ou seja, o 
adjetivo determinado não significa que o território deva estar perfeitamente delimitado, conforme 
alguns poucos internacionalistas sustentam. 
 No caso da América Latina, por exemplo, os países foram reconhecidos internacionalmente, muito 
embora as suas fronteiras ainda não fossem definitivas. 
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 O mesmo fenômeno ocorre, mais recentemente, na África e na Ásia e na Europa nos anos 1990. É 
dado positivo para o direito internacional a utilização da Corte Internacional de Justiça como 
instância jurisdicional para solução de controvérsias, entre estados, em questões territoriais. 
O povo é a dimensão pessoal do Estado, não se confundindo com a sua população. 
 Enquanto esta é formada pelo conjunto de pessoas que vivem com ânimo definitivo no seu 
território, incluindo nacionais e estrangeiros, a dimensão pessoal do Estado (povo) compreende a 
comunidade nacional, ou seja, o conjunto de seus nacionais. Na dimensão pessoal do Estado estão 
incluídos, inclusive, os nacionais que tenham se estabelecido no exterior. 
Segundo Rezek, o Estado exerce inúmeras competências inerentes à sua jurisdição 
territorial sobre os estrangeiros residentes. Já em relação aos seus nacionais, o Estado 
exerce jurisdição pessoal, em virtude do vínculo jurídico-político que une o indivíduo 
ao Estado: a nacionalidade. 
Para Accioly, por população entende-se a coletividade de indivíduos, nacionais e estrangeiros, que 
habitam o território em determinado momento histórico; é a expressão demográfica ou conceito 
aritmético, quantitativo. 
 Não deve ser confundida com a palavra povo, que tem sentido sobretudo social, ou seja, povo em 
oposição a governo, ou parte da coletividade determinada pelo aspecto social. 
O governo é a dimensão política do Estado e é quem exerce o poder soberano estatal. A Paz de 
Westfália (1648), conforme já afirmamos anteriormente, é considerada um importante marco do 
direito internacional.E o é justamente porque os tratados celebrados naquela ocasião reconheceram 
pela primeira vez o poder soberano dos Estados sobre seus territórios, excluindo qualquer 
ingerência externa 
A soberania é, portanto, atributo essencial do Estado, garantindo que sua vontade não 
se subordine a qualquer outro poder nos planos interno e internacional. Com efeito, na 
ordem jurídica internacional não existe um poder superior ao dos Estados, o que torna a 
sociedade internacional descentralizada. 
A soberania guarda correlação direta com o princípio da igualdade entre os Estados, o 
qual está insculpido na Carta das Nações Unidas. 
 Nas palavras de Portela, o poder soberano representa uma “supremacia sobre pessoas, bens e 
relações jurídicas dentro de um determinado território”. 
O direito internacional humanitário é, atualmente, um campo em que se pode perceber uma 
destacada interferência internacional nas questões internas. 
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A título ilustrativo, destacamos a autorização do Conselho de Segurança da ONU para a intervenção 
armada na Líbia, em razão das violações aos direitos humanos cometidas pelo governo ditatorial 
daquele país. 
Para Accioly o terceiro e o quarto* elementos constitutivos do estado – governo e capacidade de 
manter relações com os demais estados – completam-se. 
“Em outras palavras, é necessária a existência de governo soberano, isto é, de governo 
não subordinado a qualquer autoridade exterior, e cujos únicos compromissos sejam 
pautados pelo próprio direito internacional.” 
A título ilustrativo, destacamos a autorização do Conselho de Segurança da ONU para a intervenção 
armada na Líbia, em razão das violações aos direitos humanos cometidas pelo governo ditatorial 
daquele país. 
A Convenção de Viena sobre relações diplomáticas (1961) prevê no preâmbulo que a Convenção 
“contribuirá para o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações, independentemente 
da diversidade dos seus regimes constitucionais e sociais”. 
Dispositivos semelhantes foram incluídos nas convenções multilaterais assinadas posteriormente 
em matéria consular (1963) e de tratados (1969 e 1986). 
2.1 Classificação dos Estados 
Podemos classificar os Estados em dois grupos no que se refere à sua estrutura: simples e compostos 
– sendo que estes últimos podem ser subdivididos em compostos por coordenação e compostos 
por subordinação. 
Os Estados simples ou unitários são aqueles que possuem completa soberania no tocante às 
questões no plano internacional e, ao mesmo tempo, não apresentam divisões de autonomia no 
tocante às questões internas. 
Para Accioly, “Os estados simples são para o direito internacional os plenamente 
soberanos, em relação aos negócios externos, e sem divisão de autonomias, no tocante 
aos internos. Representam todo homogêneo e indivisível. Trata-se da forma mais comum 
de estado, sendo o tipo existente na maioria dos estados latino-americanos. “ 
No verdadeiro estado simples, todas as frações se encontram em pé de igualdade, isto é, sem a 
existência de colônias e protetorados. Os estados simples que, em parte se achavam sujeitos a 
regime especial, deixaram de existir com as Nações Unidas e a outorga da independência aos 
territórios sem governo próprio. 
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Modernamente, nos Estados simples, embora não haja unidades políticas autônomas, é comum 
haver uma descentralização administrativa. Assim, as decisões políticas estão concentradas no 
poder central e a execução das políticas é delegada a unidades administrativas sem autonomia. 
Nesse caso, trata-se de um Estado simples descentralizado. 
Quando o poder central é exercido com exclusividade e abrange todas as funções de índole 
administrativa, tratar-seá de um Estado simples centralizado. 
Os Estados compostos, por sua vez, se dividem em Estados compostos por coordenação 
e Estados compostos por subordinação. Como ponto comum a esses dois modelos de 
Estado, destacamos que eles congregam dentro de si vários Estados independentes ou 
províncias autônomas, sob a égide de um mesmo governo soberano. 
Trata-se da forma mais comum de Estado, sendo o tipo existente na maioria dos Estados latino-
americanos. Exemplos de Estados simples são Uruguai, Chile, Peru, Portugal e França. 
Os Estados compostos por coordenação são formados ou por uma associação de Estados 
soberanos ou ainda por uma união de estados federados. Nos Estados compostos por 
coordenação, a soberania é exercida somente pelo órgão central, sendo que cada um 
dos Estados conserva a autonomia em suas questões internas. 
Um exemplo bem claro de Estado composto por coordenação é o próprio Brasil, que possui inúmeras 
unidades estatais (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro...) que possuem apenas autonomia na 
ordem interna, com a conservação do poder soberano nas mãos da União. 
Outro exemplo seria uma confederação de Estados, diferenciando-se do modelo federativo pelo fato 
de que nesta os Estados que a compõem não perdem sua individualidade no plano internacional, 
continuando plenamentedetentores de sua soberania. 
A Comunidade Britânica de Nações, embora seja uma associação de Estados, não pode 
ser classificada como um Estado composto por coordenação. Em verdade, todos os 
Estados integrantes da Comunidade Britânica de Nações são plenamente soberanos e 
dotados de igualdade política no plano internacional. 
As unidades estatais autônomas em uma federação não possuem personalidade jurídica de direito 
internacional, já que não possuem soberania. 
Mesmo que o ordenamento jurídico interno de um país outorgue competência para essas unidades 
estatais agirem no plano internacional, elas não adquirem personalidade jurídica de direito 
internacional, pois esta é uma regra de direito interno e quem, em última análise, irá responder no 
plano internacional será o poder central (União Federal). 
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No Brasil, compete à União manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais. 
 Apesar disso, admite-se que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios realizem 
operações externas de natureza financeira como, por exemplo, a aquisição de 
empréstimos junto ao BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). 
Entretanto, tais operações possuem natureza contratual (e não convencional) e são 
condicionadas à atuação da União, pois faz-se necessária a participação do Brasil na 
entidade e, ainda, a conclusão de um acordo de garantia. A realização desse tipo de 
operação externa de natureza financeira está, ainda, sujeita à autorização do Senado 
Federal, conforme art. 52, inciso V, da CF/88. 
Os Estados compostos por subordinação não mais existem hoje em dia. Trata-se dos Estados 
vassalos, protetorados e Estados clientes. Tais Estados não possuíam soberania plena, donde vem o 
uso da expressão “composto por subordinação”. 
Nesse tipo de Estado, existe de um lado um ente dotado de plena soberania e de outro uma 
coletividade que dele depende. 
Devido ao exíguo tamanho de seus territórios, alguns Estados são chamados de 
microestados. Citamos Andorra (468 km2), Liechtenstein (160 km2), San Marino (61 km2), 
Nauru (21 km2) e Mônaco (2 km2). 
Segundo Rezek, não se pode negar que estes Estados sejam soberanos, já que suas instituições 
políticas são estáveis e seus regimes corretamente estruturados. 
Entretanto, por serem tão pequenos, partes expressivas das competências desses microestados são 
confiadas a outro Estado, normalmente um Estado vizinho, como a França, no caso de Mônaco. 
2.2 Sujeitos atípicos de Direito Internacional 
Além das classificações de diferentes categorias de estados, simples ou compostos, por coordenação 
ou por subordinação, cabe ainda brevemente lembrar alguns dos assim chamados sujeitos atípicos 
do direito internacional, 
tais como a Santa Sé , o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, bem como a Soberana Ordem de 
Malta, todos amplamente reconhecidos pela comunidade internacional, em razão das funções 
relevantes que desempenham. 
Segundo Accioly, a Soberana Ordem de Malta, historicamente ligada ao cuidado dos doentes e à 
gestão de hospitais para o cuidado de peregrinos e mercadores, remonta ao século XI. 
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A Ordem manteve a sua característica principal, o caráter supranacional em sua 
organização e estrutura, mesmo durante os séculos em que exerceu soberania territorial. 
Seus integrantes são nacionais de diferentes estados, que professam a fé católica. Desde 
o final do século XVIII, a Ordem perdeu o seu perfil militar, mas conserva as suas principais 
características: humanitária e assistencial (obsequium pauperum), bem como espiritual e 
religiosa. E tanto pertencer à aristocracia, como proferir votos monásticos, deixaram de 
ser requisitos para integrá-la. 
A Ordem não é uma organização internacional, cuja existência derive da vontade de estados, por 
meio de tratado, como comprovam o seu percurso histórico e a sua condição atual. 
 Também não é uma ordem religiosa, como outras, submetida à Congregação para as ordens 
religiosas da Igreja católica , nem tampouco é um estado, pois há mais de duzentos anos não 
depende de base territorial. 
Mais de cem estados mantêm relações diplomáticas com a Ordem, e reconhecem a ela, e à sua 
missão diplomática, os privilégios e as imunidades do direito internacional costumeiro. 
Desde 1994, a Assembleia-geral da ONU admitiu a Ordem como observador permanente, que antes 
já mantinha relações institucionais com diversas dentre as agências especializadas da ONU. 
 
2.3. Formação dos Estados 
Segundo Accioly, 
A formação do estado, em nossos dias, pode ocorrer de três maneiras: 
1. separação de parte da população e do território do estado já existente, 
subsistindo a personalidade internacional da mãe-pátria; 
2. dissolução total do estado, não subsistindo a personalidade do antigo estado; 
3. fusão de dois ou mais estados em um estado novo. 
“Não faz muito tempo, essa qualidade era própria dos Estados, e deles exclusiva. Hoje é certo que 
outras entidades, carentes de base territorial e de dimensão demográfica, ostentam também a 
personalidade jurídica de direito das gentes, porque habilitadas à titularidade de direitos e deveres 
internacionais, numa relação imediata e direta com aquele corpo de normas. “ 
A grande maioria dos estados, surgidos nos séculos XIX e XX, nasceu mediante a separação de 
parte da população e do território do estado. 
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No final do século XVIII e início do XIX, os países americanos surgiram dessa maneira, o 
mais das vezes depois de guerra de libertação, a exemplo do que ocorreu com os Estados 
Unidos, os países hispano-americanos e o Brasil, com as suas especificidades. 
Quanto à dissolução total do estado, não subsistindo a personalidade do antigo estado, o 
exemplo é o desmembramento da Tchecoslováquia realizou-se pacificamente, com o 
surgimento da República Checa e da Eslováquia. Ambas integram-se à União Europeia em 
2004. 
O terceiro modo de formação do estado – a fusão – ocorre quando o estado-núcleo absorve outras 
entidades, passando todos a formar um novo estado, isto é, mediante o desaparecimento da 
personalidade de todos, inclusive a do estado-núcleo. 
A fusão poderá ocorrer pacificamente ou por meio de conquistas. 
O exemplo clássico de estado por fusão é o da Itália, onde, em 1860, os ducados de 
Modena, Parma e Toscana e o Reino de Nápoles foram incorporados ao Reino da 
Sardenha e Piemonte, para formar o novo país , após séculos de divisão interna. 
Com a formação do estado, surge o problema de seu reconhecimento internacional. 
Ao ocorrer mudança de governo, em violação das normas constitucionais do estado, sobrevém o 
problema do reconhecimento de governo de fato. 
As duas situações têm muito em comum, e o direito internacional estabelece regras bastante 
semelhantes, aplicáveis quer a um caso, quer ao outro, mas é importante salientar situações bem 
distintas. 
2.4 Reconhecimento do Estado 
Reunidos os elementos que constituem o estado, o governo da nova entidade buscará o seu 
reconhecimento pelos demais membros da comunidade internacional, pois a esta implicará a 
aplicação das normas de direito internacional. 
No passado, o problema do reconhecimento das antigas colônias europeias nas Américas 
representou ato político jurídico sumamente importante e foi, na maioria dos casos, objeto de 
prolongadase difíceis negociações, que envolviam as antigas metrópoles e os novos estados. 
O exemplo do Brasil é típico: proclamada a independência em 7 de setembro de 1822, 
só foi obtido o seu reconhecimento pelo Rei de Portugal, em 29 de agosto de 1825, por 
meio do Tratado de Paz e Aliança, em que as condições do reconhecimento, até mesmo 
as de natureza financeira, achavam-se enumeradas 78 . Com anterioridade, apenas os 
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Estados Unidos e a Argentina haviam reconhecido o Brasil; a partir daquela data todos 
os demais países estavam livres para fazê-lo. 
Reconhecimento significa a decisão do governo de um estado existente de aceitar outra 
entidade como tal. Trata-se de ato jurídico, e tem este consequências jurídicas, mas na prática 
constatam-se considerações políticas, e pesam sobretudo no ato de reconhecimento. 
 Tem-se discutido sobre se existe dever dos antigos estados de outorgar o reconhecimento 
a uma entidade que reúna os citados elementos constitutivos do estado; se em tese tal 
obrigação deveria existir, verifica-se ser a prática dos estados no sentido contrário. 
A natureza do reconhecimento do estado é tema sobre o qual a doutrina não chega a uma 
conclusão determinada: Para a maioria, o ato tem efeito declarativo, mas existe 
importante corrente que defende a tese contrária, ou seja, que o efeito é atributivo. 
O Institut de Droit International adotou resolução em Bruxelas, em 1936, cuja tese pendeu pelo 
efeito declarativo, ao afirmar que “é o ato livre pelo qual um ou mais Estados reconhecem a 
existência, em território determinado, de sociedade humana politicamente organizada, 
independente de qualquer outro estado existente, e capaz de observar as prescrições do direito 
internacional”. 
Posteriormente, o Instituto retomaria o tema, com Resoluções adotadas nas sessões de Siena 
(1952) e Vancouver (2001). 
Se se atribui ao reconhecimento o efeito declarativo, o organismo que reúna todos os elementos 
constitutivos do estado tem o direito de ser assim considerado, e não deixa de possuir a qualidade 
de estado pelo fato de não ser reconhecido. 
Para os defensores da tese atributiva ou constitutiva o reconhecimento, do ponto de vista do 
direito internacional, seria este o ato bilateral cuja atribuição da personalidade internacional aos 
estados se dá por consenso mútuo. Em outras palavras, há distinção entre o nascimento histórico e 
o nascimento da pessoa internacional 
O reconhecimento de novos estados pode ser expresso ou tácito, mas deve sempre indicar 
claramente a intenção do estado que o pratica. 
No primeiro caso, faz-se objeto de alguma declaração explícita numa nota, num tratado, num 
decreto. No segundo caso, o reconhecimento resulta implicitamente de algum ato que torne 
aparente o tratamento de novo estado como membro da comunidade internacional: é o caso, por 
exemplo, do início de relações diplomáticas ou o da celebração de um tratado com esse estado. 
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Segundo muitos internacionalistas e de acordo com resolução do IDI, o reconhecimento pode 
também ser de jure ou de facto, sendo definitivo e completo o primeiro, e provisório ou limitado a 
certas relações jurídicas o segundo. 
O reconhecimento pode igualmente ser individual ou coletivo, conforme emane de um só estado 
ou, ao mesmo tempo, de vários estados. De ato essencialmente individual, mais e mais se coloca o 
reconhecimento de estado como ato coletivo, relacionado à entrada do novo estado na 
Organização das Nações Unidas 
O reconhecimento é feito, em geral, sem condições, mas, como se trata de ato unilateral, pode ser 
subordinado a condições. 
 A inexecução ou desrespeito, por parte do novo estado, da condição ou condições estabelecidas 
deve determinar a suspensão ou anulação do reconhecimento. Por outro lado, o reconhecimento, 
feito sem condições, pode ser considerado como irrevogável. Ao mesmo tempo, se um estado 
cessa de existir ou perde definitivamente qualquer dos elementos essenciais cuja reunião 
determina o ato de reconhecimento, este se torna caduco. 
Para Accioly, há regras precisas e absolutas sobre o momento oportuno para o reconhecimento. 
Parece, entretanto, que a esse respeito se podem admitir os três princípios seguintes: 
 1) se se trata de estado surgido de movimento de sublevação, o reconhecimento será 
prematuro enquanto não cessar a luta entre a coletividade sublevada e a mãe-pátria, a 
menos que esta, após luta prolongada, mostre-se impotente para dominar a revolta e 
aquela se apresente perfeitamente organizada como estado; 
2) desde que a mãe-pátria tenha reconhecido o novo estado, este poderá ser logo 
reconhecido pelos demais membros da comunidade internacional; 
 3) se se trata de estado surgido por outra forma, este poderá ser reconhecido logo que 
apresente todas as características de estado organizado e demonstre, por atos, sua 
vontade e sua capacidade de observar os preceitos do direito internacional.. 
 
 
 
 
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3. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO E EXECUÇÃO. 
As imunidades dos estados em direito internacional são tradicionalmente apresentadas como a 
reunião de dois privilégios: a imunidade de jurisdição e a imunidade de execução. 
A primeira permite ao estado não ser julgado pelos tribunais de outro estado, e a segunda de se 
opor à execução de seus bens em outro estado. 
Desse enunciado e dessa divisão decorre tratar-se, em matéria de imunidades, não somente dos 
interesses dos estados, uns em relação aos outros, como de interesses de particulares que possam 
ser afetados pela extensão e pelo conteúdo atribuído às imunidades do estado 
A extensão atribuída à imunidade do estado se reduz a alternativa simples: ou será afirmada como 
absoluta, o que acarreta a exclusão de qualquer intervenção de juiz ou autoridade administrativa de 
um estado, em qualquer controvérsia que diga respeito a estado estrangeiro, diretamente, bem 
como em relação às emanações deste, ou será relativa, de modo a comportar exclusões, com a 
necessidade de determinar o conteúdo e a extensão destas. 
A escolha entre uma e outra acarreta consequências consideráveis: quanto mais extenso for o 
reconhecimento da imunidade, maior será a proteção do estado, e menos estará assegurada a 
proteção dos direitos do particular em face dos alegados direitos e prerrogativas do estado. 
O exercício da jurisdição figura dentre os direitos básicos do estado, cujo pressuposto é o de que 
todas as pessoas e bens situados em seu território acham-se submetidos às suas leis e tribunais. 
O direito internacional admite, contudo, que certas pessoas possam continuar, em determinadas 
circunstâncias, sujeitas às leis civis e penais de seus próprios estados, ou seja, gozar do direito que 
se denomina extraterritorialidade, isto é, por ficção jurídica, seriam aqueles considerados como 
situados fora do território. 
Trata-se evidentemente de restrição a direito fundamental do estado, mas, ao contrário do que 
ocorre nos outros casos, não há aqui imposição de estado mais forte sobre outro mais fraco. 
 Capítulo do direito internacional interpretado e aplicado de modo consistente é o das imunidades 
jurisdicional e fiscal dos funcionários diplomáticos e consulares, reconhecido por todos os estados, 
e codificado pela Convenção de Viena sobre relações diplomáticas (1961) e pela Convenção de Viena 
sobre relações consulares(1963) 
Gozam de imunidade de jurisdição, ou extraterritorialidade: chefes de estado e governo; agentes 
diplomáticos; determinadas categorias de cônsules; tropas estrangeiras, autorizadas a atravessar o 
território de estado ou de nele se instalarem temporariamente; oficiais e tripulantes de navios de 
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guerra de um estado, aceitos em águas territoriais de outro; oficiais e tripulantes de aeronave militar 
autorizados a pousar em território estrangeiro. 
A imunidade absoluta jamais constituiu princípio consuetudinário do direito internacional, visto que 
a condição de concordância dos precedentes, necessária para o nascimento de qualquer norma de 
costume internacional, não pôde ser satisfeita nessa matéria, enquanto a norma da imunidade 
relativa torna-se princípio consuetudinário do direito internacional, em que a prática dos estados 
tanto desenvolvidos como em vias de desenvolvimento é suficientemente constante e uniforme 
nesse sentido 
A norma da imunidade relativa vale, sobretudo, em matéria de imunidade de jurisdição: “os estados 
são os beneficiários diretos da imunidade de jurisdição, da qual gozam por princípio. 
Consequentemente, o ônus da prova da ausência de imunidade incumbirá à parte que a invoca” , 
e aos desmembramentos, ou emanações do estado pode ser admitida a extensão da imunidade de 
jurisdição, com a condição de que tenham atuado em nome e por conta do estado. 
Em se tratando de desmembramentos ou emanações do estados, dotados de personalidade jurídica, 
somente deveriam beneficiar-se da imunidade de jurisdição, como exceção, em que incumbiria a 
estes o ônus da prova da natureza do ato, objeto do litígio. Inversamente, os órgãos destituídos de 
autonomia jurídica deveriam, como o próprio estado, beneficiar-se da imunidade, por questão de 
princípio, e ser dispensados do ônus de produzir prova acerca da natureza do ato praticado. 
Os estados, bem como os seus desmembramentos ou as suas emanações, ficam privados do 
benefício da imunidade de jurisdição: quando a este benefício renunciaram; ou quando o litígio diga 
respeito a ato decorrente de direito privado, porquanto somente os atos soberanos são abrangidos 
pela imunidade. Aplicável em matéria de jurisdição, a norma da imunidade relativa vale, igualmente, 
em matéria de execução, observados os limites distintos para esta última. 
O estado beneficia-se da imunidade de execução por questão de princípio. O ônus da prova da 
ausência de imunidade incumbe, assim, à parte que a alega. Em relação, contudo, aos organismos 
dependentes do estado, mas titulares de personalidade jurídica distinta, somente podem eles se 
beneficiar da imunidade em caráter de exceção. 
 A imunidade de execução somente pode abarcar os bens destinados aos fins de exercício da 
soberania. 
Consequentemente, outros bens podem ser objeto de execução por particulares que atuem, no 
Judiciário, em face do estado, de desmembramentos ou de emanações deste, uma vez produzida, 
em justiça, a prova da afetação de seus bens. 
Algumas categorias de bens gozam de proteção reforçada em relação a qualquer medida de 
execução. Aí se enquadram os bens de propriedade dos bancos centrais, das autoridades militares 
e das missões diplomáticas. 
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3.1 Imunidade Diplomática 
A imunidade diplomática constitui derrogação da norma geral de subsunção de todos os nacionais 
e estrangeiros, residentes ou de passagem pelo território do estado, e somente se justifica em 
decorrência da condição funcional do agente, a quem se reconhece o regime de exceção. O critério 
de interpretação deve nortear-se pelo necessário para a atuação profissional. 
Não constitui privilégio atribuído ao agente, em caráter pessoal, mas decorre da função e da 
condição profissional, enquanto agente do serviço público de um estado, exercida no território de 
outro estado. Essa premissa deve bastar para situar o conjunto dos direitos e os desdobramentos 
destes. 
Há necessidade de os agentes diplomáticos serem e manterem-se independentes da jurisdição civil 
e criminal do estado onde se acham acreditados, a fim de poderem tratar, com plena liberdade e a 
máxima franqueza, dos negócios inerentes às respectivas missões, o que lhes exige não seja aplicada 
a referida jurisdição. 
Assim, tal imunidade tem sido admitida pela prática internacional. Fora consagrada pela Convenção 
de Havana, de 1928, sobre funcionários diplomáticos e mantém-se nos termos estipulados pela 
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961, em seu artigo 31. 
Na imunidade diplomática está compreendida a faculdade geralmente reconhecida aos agentes 
acolhidos perante o estado onde se acham acreditados – na condição de agentes diplomáticos – de 
não comparecer a tribunal algum daquele país, ainda que seja para prestar testemunho a respeito 
de fatos de seu conhecimento. Admite-se, contudo, que solicitados por via diplomática, deem o seu 
testemunho, na sede da missão, a magistrado do país, que atua em delegação do estado para esse 
fim. 
A referida imunidade diplomática não exime nem pode ser invocada como excusa para o agente 
diplomático, em relação à obrigação deste, respeitar os regulamentos locais referentes à segurança 
dos cidadãos, à saúde pública, às normas de trânsito etc., contanto que sejam de ordem geral e não 
restrinjam, de modo algum, o exercício efetivo dos seus deveres. 
A imunidade diplomática em relação à jurisdição criminal é mais acentuada do que em relação à 
jurisdição civil, pois esta última sofre algumas exceções, ao passo que, quanto à primeira, a única 
exceção admitida é a da renúncia à imunidade por parte do governo do agente em causa. A renúncia 
compete ao governo e, portanto, o agente não deve manifestá-la senão depois de devidamente 
autorizado. Mas parece que a declaração de renúncia, feita pelo agente, deve bastar para as 
autoridades locais 
Para Accioly, os casos em que o princípio da imunidade de jurisdição civil comporta exceções 
podem resumir-se nos seguintes: 
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1º) o agente renuncia expressamente à imunidade, submetendo-se à jurisdição local; 
2º) o próprio agente diplomático recorre à jurisdição local, na qualidade de autor; 
3º) em ações reais relativas a bens imóveis, possuídos no território do estado onde o agente 
exerce suas funções; 
4º) em ações resultantes de compromissos por ele assumidos no exercício de outra 
profissão que porventura tenha desempenhado, simultaneamente, com as funções 
diplomáticas, no país onde se acha acreditado; 
5º) quando o agente é nacional do estado junto a cujo governo está acreditado. Em todo 
caso, tem-se por assente que nenhuma execução deverá ser levada a efeito quando importe 
em medida contra a pessoa do agente ou contra os bens indispensáveis ao exercício de sua 
missão. 
O artigo 31 da Convenção de Viena estipula que o agente diplomático não gozará de imunidade de 
jurisdição civil e administrativa se se tratar de: 
 a) ação real sobre imóvel privado situado no território do estado acreditado, salvo se o 
agente diplomático possuir por conta do estado acreditante para os fins da missão; 
b) ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e não em nome do 
estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário; 
c) ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercidapelo agente 
diplomático no estado acreditado fora de suas funções oficiais. A imunidade de jurisdição civil 
não impede que os credores de funcionário diplomático se dirijam aos tribunais do país do 
devedor. O Código Penal brasileiro reconhece a competência da justiça brasileira no tocante 
a crimes cometidos por nacionais no exterior. 
A imunidade de jurisdição civil não impede que os credores de funcionário diplomático se dirijam 
aos tribunais do país do devedor. O Código Penal brasileiro reconhece a competência da justiça 
brasileira no tocante a crimes cometidos por nacionais no exterior. 
Isenção Fiscal 
 A Convenção de Viena trata em seu artigo 34 da isenção fiscal das missões e dos agentes 
diplomáticos. Esta era considerada privilégio, tendo por fundamento a cortesia (comitas gentium). 
Atualmente, diante de seu reconhecimento pela Convenção, trata-se de direito internacional 
positivo cuja justificação igualmente se dá em caráter funcional e baseada na reciprocidade de 
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tratamento entre estados, para os respectivos agentes, em seus respectivos territórios e jurisdições 
fiscais. 
Embora o artigo 34 só mencione o agente diplomático, convém salientar que algumas das isenções 
se aplicam à própria missão, como é o caso do material importado para fins da missão. A isenção 
dos impostos e taxas sobre o imóvel também lhe diz respeito. A Convenção enumera os impostos e 
taxas que o agente diplomático está obrigado a pagar: impostos indiretos 
A Convenção enumera os impostos e taxas que o agente diplomático está obrigado a 
pagar: impostos indiretos que normalmente incidem sobre a mercadoria ou o serviço; 
impostos e taxas sobre os imóveis possuídos pelo diplomata a título privado, assim 
como os registros de hipoteca; custas judiciais e impostos de selo relativos a tais bens 
imóveis. A Convenção ainda se refere a impostos e taxas que incidam sobre 
remuneração relativa a serviços específicos prestados no estado acreditado. 
 Esse dispositivo é complementado, sob certo sentido, pelo artigo 42, cuja redação prevê que o 
agente diplomático não exercerá no país nenhuma atividade profissional ou comercial em proveito 
próprio. 
 
4. ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS 
A personalidade jurídica do Estado, em direito das gentes, diz-se originária, enquanto derivada a 
das organizações. O Estado, com efeito, não tem apenas precedência histórica: ele é antes de tudo 
uma realidade física, um espaço territorial sobre o qual vive uma comunidade de seres humanos. 
A organização internacional carece dessa dupla dimensão material. Ela é produto exclusivo de uma 
elaboração jurídica resultante da vontade conjugada de certo número de Estados. Por isso se pode 
afirmar que o tratado constitutivo de toda organização internacional tem, para ela, importância 
superior à da constituição para o Estado. 
A existência deste último não parece condicionada à disponibilidade de um diploma básico. O Estado 
é contingente humano a conviver, sob alguma forma de regramento, dentro de certa área territorial, 
sendo certo que a constituição não passa do cânon jurídico dessa ordem. A organização 
internacional, de seu lado, é apenas uma realidade jurídica: sua existência não encontra apoio senão 
no tratado constitutivo, cuja principal virtude não consiste, assim, em disciplinarlhe o 
funcionamento, mas em haverlhe dado vida, sem que nenhum elemento mate rial preexistisse ao 
ato jurídico criador. 
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Uma das grandes tendências evolutivas do Direito Internacional do pós-Segunda Guerra Mundial 
é a institucionalização, que se caracteriza pelo fato de que ele deixa de regular apenas as relações 
interestatais, tornando-se mais presente nas organizações internacionais. 
A complexidade das relações internacionais advinda da globalização gerou nos Estados a percepção 
de que há problemas comuns da humanidade, os quais não podem ser resolvidos por nenhum deles 
isoladamente. 
 Segundo Accioly, as organizações internacionais multiplicam-se à medida que aumenta a 
conscientização a respeito dos problemas especificamente internacionais. Tais problemas, por não 
poderem ser enfrentados por um só Estado, exigem a cooperação internacional. 
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de 1969 estabelece um conceito bem simples, 
segundo o qual as organizações internacionais são organizações intergovernamentais. Apesar de não 
estar errado, a doutrina majoritária entende que esse conceito não é suficiente para descrever essas 
entidades. 
Um conceito bem mais complexo nos é apresentado por Mazzuoli, segundo o qual 
organização internacional é uma “associação voluntária de Estados, criada por um 
convênio constitutivo e com finalidades pré-determinadas, regida pelas normas do direito 
internacional, dotada de personalidade jurídica distinta da dos seus membros, que se 
realiza em organismo próprio, dotada de autonomia e especificidade, possuindo 
ordenamento jurídico interno e órgãos auxiliares, por meio dos quais realiza os propósitos 
comuns dos seus membros, mediante os poderes próprios que lhes são atribuídos por 
estes.“ 
1) São associações voluntárias de Estados: As organizações internacionais surgem como 
consequência da manifestação de vontade de sujeitos de direito internacional público, isto é, de 
Estados. Dessa forma, não podem ser constituídas de pessoas jurídicas de direito interno, sejam elas 
pessoas físicas ou jurídicas. 
2) São criadas por convênio constitutivo: As organizações internacionais surgem a partir da 
celebração de tratados multilaterais, os quais são usualmente denominados tratados constitutivos. 
O tratado constitutivo é o que dá vida a uma organização internacional, podendo ser considerado 
uma verdadeira “Constituição” para esse organismo. 
É no tratado constitutivo que se define, dentre outros, a estrutura da organização, o processo 
decisório, os objetivos e as competências dos seus órgãos. Para Rezek, a existência de uma 
organização internacional tem apoio no seu tratado constitutivo, cuja principal virtude consiste em 
haver-lhe dado vida 
Por vezes, o tratado que institui uma organização internacional lhe atribui explicitamente 
personalidade jurídica de direito internacional. Entretanto, isso não é algo que seja obrigatório e a 
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personalidade jurídica das organizações internacionais nasce, muitas vezes, de forma implícita, a 
partir da definição de seus órgãos e respectivas competências. Se uma organização internacional 
possui capacidade para celebrar tratados em seu próprio nome, existe aí forte indicativo de sua 
personalidade internacional. 
3) Possuem personalidade jurídica distinta da dos seus membros: As organizações internacionais 
possuem personalidade jurídica de direito internacional derivada, já que surgem a partir da vontade 
de alguns Estados, que as criam por meio de um tratado, o qual podemos chamar de tratado 
constitutivo. 
Em virtude de terem personalidade jurídica própria, as organizações internacionais possuem 
autonomia em suas decisões, as quais são emanadas abstraindo-se da vontade individual de cada 
um de seus membros em prol de uma vontade coletiva. Assim, diz-se que as organizações 
internacionais possuem vontade própria, independente da vontade de seus membros. 
Modernamente, as decisões das organizações internacionais são consideradas, por parte da 
doutrina,como fonte do direito internacional público, apesar de não terem sido relacionadas pelo 
art. 38 do Estatuto da CIJ. 
Por possuírem personalidade jurídica de direito internacional, as organizações internacionais 
possuem capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações no plano internacional. Nesse 
sentido, possuem capacidade para celebrar tratados, a qual está regulada pela Convenção de Viena 
de 1986. 
A atuação no plano internacional dessas organizações não é tão ampla quanto a dos 
Estados soberanos. Enquanto os Estados podem celebrar tratados relativamente a 
qualquer objeto, contanto que este seja lícito (que não viole as normas jus cogens), as 
organizações internacionais detêm capacidade convencional restrita, limitada aos 
objetivos e propósitos para os quais foram criadas. 
4) São instituições permanentes: As organizações internacionais são entidades criadas com 
objetivos determinados em seu tratado constitutivo e, portanto, devem ser estruturadas para 
alcançá-los. Nesse sentido, seria incoerente que as organizações internacionais fossem entidades de 
natureza “ad hoc”. Inegavelmente, a estabilidade das relações internacionais reclama a existência 
de instituições permanentes, adequadamente estruturadas para alcançar determinados fins. , que 
as criam por meio de um tratado, o qual podemos chamar de tratado constitutivo. 
Segundo Francisco Rezek, as organizações internacionais podem ser classificadas quanto 
ao seu alcance e quanto ao seu domínio temático. Quanto ao alcance, elas podem ser 
organizações internacionais de alcance universal ou organizações internacionais de 
alcance regional. 
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As organizações internacionais são entidades com objetivos e áreas de atuação diferenciadas. 
Algumas delas exercem suas funções somente em âmbito regional; outras têm alcance universal, 
não ficando sua atuação limitada a uma região. 
Organizações internacionais de alcance universal seriam aquelas que têm uma propensão para 
reunir em torno de si a totalidade dos Estados soberanos. 
Como exemplos de organizações internacionais de alcance universal podemos citar a ONU 
(Organização das Nações Unidas), a OMC (Organização Mundial de Comércio), a OMA (Organização 
Mundial de Aduanas) e a OIT (Organização Internacional do Trabalho). 
Organizações internacionais de alcance regional, ao contrário, são aquelas que reúnem unicamente 
países de uma determinada região, como por exemplo, a OEA (Organização dos Estados 
Americanos), o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o MERCOSUL. 
Quanto ao domínio temático, podemos classificar as organizações internacionais em organizações 
de vocação política ou organizações de vocação específica. 
As organizações internacionais de vocação política são aquelas que têm como objetivo principal a 
preservação da paz e segurança mundiais. 
 Como exemplos de organizações internacionais de vocação política podemos citar a ONU 
(Organização das Nações Unidas) e a OEA (Organização dos Estados Americanos). 
As de vocação específica, por sua vez, seriam aquelas que se ocupam de temas mais especializados 
– finalidade econômica, financeira, cultural ou estritamente técnica. Exemplos de organizações 
internacionais de vocação específica seriam a OMC (Organização Mundial de Comércio), a OIT 
(Organização Internacional do Trabalho) e a OMA (Organização Mundial de Aduanas). 
As organizações internacionais de alcance universal e domínio específico são as “agências 
especializadas” da ONU – UNESCO, UNICEF, FAO. 
Normalmente, os mesmos membros que fazem parte da ONU integram também essas organizações 
internacionais de alcance universal e domínio específico, o que permite que decisões tomadas no 
âmbito da ONU estabeleçam diretrizes para essas organizações. Cabe destacar que as agências 
especializadas da ONU possuem personalidade jurídica de direito internacional própria. 
As organizações internacionais de alcance regional e domínio político são aquelas que buscam, em 
escala regional, manter a paz e a segurança entre seus membros – OEA (Organização dos Estados 
Americanos) e OUA (Organização da Unidade Africana), por exemplo. 
As organizações internacionais de alcance regional e domínio específico seriam as organizações 
regionais de cooperação e integração econômica, como a União Europeia, a ALADI (Associação 
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Latino-Americana de Integração), o NAFTA (Acordo de Livre Comércio da América do Norte) e o 
MERCOSUL. 
Segundo a classificação de Accioly as organizações internacionais podem ter objetivos 
generalizados ou específicos. 
A ONU seria o melhor exemplo de organização de objetivos generalizados, possuindo esfera de 
atuação que se estende a várias áreas diferentes – cooperação econômica, social, política e 
científica. 
As organizações internacionais podem classificar-se segundo o seu processo decisório em 
supranacionais e intergovernamentais. 
Exemplo de organização supranacional é a União Europeia, que possui órgãos que proferem 
decisões que são automaticamente vinculantes e obrigatórias para todos os Estados-membros, 
independentemente de ratificação. 
 O MERCOSUL, por sua vez, é uma organização intergovernamental, o que resulta no fato de que as 
decisões de seus órgãos deverão ser internalizadas no ordenamento jurídico de todos os seus 
membros para que possam entrar em vigor. 
As organizações internacionais também podem ser classificadas, quanto à participação dos Estados, 
em abertas ilimitadamente (é possível o ingresso de qualquer Estado), abertas limitadas (é 
autorizado o ingresso de apenas alguns Estados) ou fechadas (não se permite o ingresso de nenhum 
Estado além dos membros originários). 
Ao contrário dos Estados, que possuem um território, as organizações internacionais são, nas 
palavras de Rezek, carentes de uma base territorial. 
Nesse sentido, para que possam desempenhar suas atividades, é necessário que os 
órgãos constitutivos das organizações internacionais sejam instalados fisicamente no 
território de algum Estado. Para que a organização internacional se instale, no entanto, 
no território desse Estado, é necessário a celebração de um tratado bilateral entre este e 
a organização, conhecido como acordo de sede. Cabe destacar que o acordo de sede 
pode ser celebrado entre a organização internacional e qualquer Estado, que não 
precisa, necessariamente, ser um Estado-membro. 
Nada impede que uma organização internacional celebre vários acordos de sede e seus órgãos 
estejam localizados em países diferentes. 
A ONU, por exemplo, celebrou acordos de sede não só com os Estados Unidos – onde está localizada 
sua sede principal -, mas também com a Suíça – o seu escritório na Europa está localizado em 
Genebra – e com os Países Baixos – a Corte Internacional de Justiça está instalada em Haia. 
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As organizações internacionais possuem privilégios tanto no seu lugar de sede quanto no território 
de outros Estados, sejam estes Estados-membros ou não. 
Os representantes das organizações internacionais gozam de privilégios semelhantes àqueles 
concedidos aos integrantes do corpo diplomático de um Estado. Da mesma forma, as instalações e 
os bens móveis das organizações internacionais possuem a garantia de inviolabilidade. 
Com relação à imunidade à jurisdição, há uma diferença essencial quanto à forma que esta seaplica 
aos Estados e às organizações internacionais.A doutrina mais moderna considera que o Estado 
somente possui imunidade à jurisdição quanto pratica atos de império (e não quando pratica atos 
de gestão). 
Seguindo essa ideia (de imunidade relativa), o STF já decidiu que o Estado estrangeiro não goza de 
imunidade à jurisdição brasileira em causas de natureza trabalhista. Para a doutrina, as 
organizações internacionais também gozam de imunidade à jurisdição estatal. No entanto, trata-se 
aqui de imunidade absoluta, que engloba assuntos de natureza trabalhista ou qualquer outro. 
 Dessa forma, no caso das organizações internacionais, as causas de natureza trabalhista não 
excepcionam a regra imunizante. Cabe destacar que, ao contrário do que ocorre em relação aos 
Estados – cuja imunidade deriva de regra costumeira -, a imunidade das organizações internacionais 
decorre de seu tratado constitutivo ou de tratados bilaterais específicos. 
4.1 Sanções 
 
No art. 5º da Carta da ONU, existe a previsão de que um Estado tenha os direitos e privilégios 
decorrentes de sua condição de membro suspensos, através de decisão da Assembleia Geral da 
ONU, mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
Outra forma de sanção prevista na Carta da ONU se refere à suspensão do direito de voto em 
Assembleia Geral do Estado em atraso no pagamento da parcela que deve à receita da organização. 
Por fim, como exemplo da possibilidade de sanção na forma de expulsão, destacamos o art. 6º da 
Carta da ONU, que estabelece que o Estado-membro das Nações Unidas que viole persistentemente 
os princípios contidos na referida Carta, poderá ser expulso da organização pela Assembleia Geral, 
mediante recomendação do Conselho de Segurança. 
 
 
 
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LEGISLAÇÃO E JURISPRUDÊNCIA DESTACADAS 
 
No Brasil, a matéria das imunidades diplomáticas não se encontra amparada por textos legislativos 
e evolui segundo a construção jurisprudencial dos tribunais, 
Temos, a julgar pelas decisões do Supremo Tribunal Federal e do 
Superior Tribunal de Justiça, um predomínio da tese da imunidade jurisdicional absoluta, conforme 
decisões a seguir destacadas: 
 
EMENTA: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO. DIREITO CONSTITUCIONAL. IMUNIDADE DE 
JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA 
O DESENVOLVIMENTO (ONU/PNUD). RECLAMAÇÃO TRABALHISTA. CONVENÇÃO SOBRE 
PRIVILÉGIOS E IMUNIDADES DAS NAÇÕES UNIDAS (DECRETO 27.784/1950). APLICAÇÃO. 1. Segundo 
estabelece a “Convenção sobre Privilégios e Imunidades das Nações Unidas”, promulgada no Brasil 
pelo Decreto 27.784, de 16 de fevereiro de 1950, “A Organização das Nações Unidas, seus bens e 
haveres, qualquer que seja seu detentor, gozarão de imunidade de jurisdição, salvo na medida em 
que a Organização a ela tiver renunciado em determinado caso. Fica, todavia, entendido que a 
renúncia não pode compreender medidas executivas”. 2. Esse preceito normativo, que no direito 
interno tem natureza equivalente a das leis ordinárias, aplica-se também às demandas de natureza 
trabalhista. 3. Recurso extraordinário provido. 
 
 
ESTADO ESTRANGEIRO. IMUNIDADE JUDICIÁRIA. CAUSA TRABALHISTA. NÃO HÁ IMUNIDADE DE 
JURISDIÇÃO PARA O ESTADO ESTRANGEIRO, EM CAUSA DE NATUREZA TRABALHISTA. EM PRINCÍPIO, 
ESTA DEVE SER PROCESSADA E JULGADA PELA JUSTIÇA DO TRABALHO, SE AJUIZADA DEPOIS DO 
ADVENTO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 (ART. 114). NA HIPÓTESE, POREM, PERMANECE A 
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL, EM FACE DO DISPOSTO NO PARAGRAFO 10 DO ART. 27 DO 
A.D.C.T. DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988, C/C ART. 125, II, DA E.C. N. 1/69. RECURSO 
ORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL PARA SE AFASTAR A 
IMUNIDADE JUDICIÁRIA RECONHECIDA PELO JUÍZO FEDERAL DE PRIMEIRO GRAU, QUE DEVE 
PROSSEGUIR NO JULGAMENTO DA CAUSA, COMO DE DIREITO. 
(ACi 9696, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 31/05/1989, DJ 12-10-
1990 PP-11045 EMENT VOL-01598-01 PP-00016 RTJ VOL-00133-01 PP-00159) 
 
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RESUMO 
PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL 
1. PERSONALIDADE JURÍDICA 
A doutrina tradicional, representada por Francisco Rezek, atribui personalidade 
internacional apenas aos Estados e às organizações internacionais. 
No entanto, com a evolução da sociedade internacional, a grande tendência é 
considerar que são sujeitos de direito internacional os Estados, as organizações 
internacionais e os indivíduos. 
O reconhecimento da personalidade internacional dos indivíduos decorre da evolução 
do direito internacional dos direitos humanos, que já reconhece que o indivíduo pode 
peticionar perante cortes internacionais ou mesmo ser penalmente responsabilizado 
pelo TPI (Tribunal Penal Internacional). 
Embora apenas os Estados, as organizações internacionais e os indivíduos sejam 
considerados sujeitos de DIP, há outras entidades que participam da sociedade 
internacional. É o caso, por exemplo, das empresas transnacionais e das ONGs, que 
são, então, reconhecidas como atores internacionais. 
Os sujeitos de DIP (Estados, organizações internacionais e indivíduos) não possuem as 
mesmas prerrogativas. Os Estados podem celebrar tratados sobre quaisquer assuntos; 
já as organizações internacionais somente celebram tratados em áreas relacionadas às 
suas finalidades. Os indivíduos, por sua vez, não têm capacidade para celebrar 
tratados. 
Segundo Rezek, o Estado constitui uma realidade física, já que possui um espaço 
territorial onde convive uma comunidade de seres humanos. Ele é dotado de uma 
dimensão material e independe de qualquer documento para sua existência fática. 
Por isso, dizemos que sua personalidade jurídica é originária, pois precede mesmo a 
própria Constituição (documento). 
Por sua vez, as organizações internacionais possuem personalidade jurídica derivada, 
pois estas não existiriam caso não houvesse vontade dos Estados em criá-las. 
Enquanto os Estados são uma realidade física, as organizações internacionais são uma 
criação jurídica. 
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As organizações internacionais passaram a ser consideradas sujeitos de direito 
internacional em meados do século XX, mais precisamente em 1949. 
Naquele ano, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) emitiu um parecer consultivo 
quanto à possibilidade da ONU apresentar uma reclamação perante o governo 
responsável pelo assassinato do Conde Folke Bernadotte (representante da ONU no 
Oriente Médio) 
 
2. ESTADO: PERSONALIDADE E IMUNIDADE À JURISDIÇÃO ESTATAL 
O Estado é o sujeito de direito internacional por excelência, ou seja, é considerado o 
mais importante dentre os entes dotados de personalidade internacional. Dentre os 
sujeitos de DIP, o Estado é o único que possui plena capacidade jurídica no plano 
internacional. 
Segundo Accioly, pode-se definir o estado como agrupamento humano, estabelecido 
permanentemente num território determinado e sob governo independente. 
Da análise dessa definição, constata-se que, teoricamente, são quatro os elementos 
constitutivos do estado, conforme estabelece a Convenção Interamericana sobre os 
Direitos e Deveres dos Estados, firmada em Montevidéu, em 1933, que indica os 
seguintes requisitos: 
a) População permanente; 
b) Território determinado; 
c) Governo; 
d) Capacidade de entrar em relação com os demais estados 
O Estado, conforme afirmamos anteriormente,possui personalidade jurídica originária 
de direito internacional público. Tal constatação deriva do entendimento de que a 
existência dos outros sujeitos de direito internacional encontra fundamento no Estado. 
As organizações internacionais, por exemplo, dependem de um tratado constitutivo 
celebrado por Estados para serem criadas. 
Segundo a doutrina majoritária, os elementos constitutivos do Estado são o território, 
o povo e o governo soberano. 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS 
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Podemos classificar os Estados em dois grupos no que se refere à sua estrutura: 
simples e compostos – sendo que estes últimos podem ser subdivididos em compostos 
por coordenação e compostos por subordinação. 
Os Estados simples ou unitários são aqueles que possuem completa soberania no 
tocante às questões no plano internacional e, ao mesmo tempo, não apresentam 
divisões de autonomia no tocante às questões internas. 
No verdadeiro estado simples, todas as frações se encontram em pé de igualdade, isto 
é, sem a existência de colônias e protetorados. Os estados simples que, em parte se 
achavam sujeitos a regime especial, deixaram de existir com as Nações Unidas e a 
outorga da independência aos territórios sem governo próprio. 
Modernamente, nos Estados simples, embora não haja unidades políticas autônomas, 
é comum haver uma descentralização administrativa. Assim, as decisões políticas 
estão concentradas no poder central e a execução das políticas é delegada a unidades 
administrativas sem autonomia. 
Nesse caso, trata-se de um Estado simples descentralizado. 
Quando o poder central é exercido com exclusividade e abrange todas as funções de 
índole administrativa, tratar-seá de um Estado simples centralizado. 
Os Estados compostos, por sua vez, se dividem em Estados compostos por 
coordenação e Estados compostos por subordinação. Como ponto comum a esses dois 
modelos de Estado, destacamos que eles congregam dentro de si vários Estados 
independentes ou províncias autônomas, sob a égide de um mesmo governo 
soberano. 
Trata-se da forma mais comum de Estado, sendo o tipo existente na maioria dos 
Estados latino-americanos. Exemplos de Estados simples são Uruguai, Chile, Peru, 
Portugal e França. 
Os Estados compostos por coordenação são formados ou por uma associação de 
Estados soberanos ou ainda por uma união de estados federados. Nos Estados 
compostos por coordenação, a soberania é exercida somente pelo órgão central, 
sendo que cada um dos Estados conserva a autonomia em suas questões internas. 
Um exemplo bem claro de Estado composto por coordenação é o próprio Brasil, que 
possui inúmeras unidades estatais (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro...) que 
possuem apenas autonomia na ordem interna, com a conservação do poder soberano 
nas mãos da União. 
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Outro exemplo seria uma confederação de Estados, diferenciando-se do modelo 
federativo pelo fato de que nesta os Estados que a compõem não perdem sua 
individualidade no plano internacional, continuando plenamente detentores de sua 
soberania. 
A Comunidade Britânica de Nações, embora seja uma associação de Estados, não pode 
ser classificada como um Estado composto por coordenação. Em verdade, todos os 
Estados integrantes da Comunidade Britânica de Nações são plenamente soberanos e 
dotados de igualdade política no plano internacional. 
As unidades estatais autônomas em uma federação não possuem personalidade 
jurídica de direito internacional, já que não possuem soberania. 
Mesmo que o ordenamento jurídico interno de um país outorgue competência para 
essas unidades estatais agirem no plano internacional, elas não adquirem 
personalidade jurídica de direito internacional, pois esta é uma regra de direito interno 
e quem, em última análise, irá responder no plano internacional será o poder central 
(União Federal). 
Os Estados compostos por subordinação não mais existem hoje em dia. Trata-se dos 
Estados vassalos, protetorados e Estados clientes. Tais Estados não possuíam 
soberania plena, donde vem o uso da expressão “composto por subordinação”. 
Nesse tipo de Estado, existe de um lado um ente dotado de plena soberania e de outro 
uma coletividade que dele depende. 
Devido ao exíguo tamanho de seus territórios, alguns Estados são chamados de 
microestados. Citamos Andorra (468 km2), Liechtenstein (160 km2), San Marino (61 
km2), Nauru (21 km2) e Mônaco (2 km2). 
Segundo Rezek, não se pode negar que estes Estados sejam soberanos, já que suas 
instituições políticas são estáveis e seus regimes corretamente estruturados. 
Entretanto, por serem tão pequenos, partes expressivas das competências desses 
microestados são confiadas a outro Estado, normalmente um Estado vizinho, como a 
França, no caso de Mônaco. 
2.2 SUJEITOS ATÍPICOS DE DIREITO INTERNACIONAL 
Além das classificações de diferentes categorias de estados, simples ou compostos, 
por coordenação ou por subordinação, cabe ainda brevemente lembrar alguns dos 
assim chamados sujeitos atípicos do direito internacional, 
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tais como a Santa Sé , o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, bem como a Soberana 
Ordem de Malta, todos amplamente reconhecidos pela comunidade internacional, em 
razão das funções relevantes que desempenham. 
Segundo Accioly, a Soberana Ordem de Malta, historicamente ligada ao cuidado dos 
doentes e à gestão de hospitais para o cuidado de peregrinos e mercadores, remonta 
ao século XI. 
A Ordem manteve a sua característica principal, o caráter supranacional em sua 
organização e estrutura, mesmo durante os séculos em que exerceu soberania 
territorial. Seus integrantes são nacionais de diferentes estados, que professam a fé 
católica. Desde o final do século XVIII, a Ordem perdeu o seu perfil militar, mas 
conserva as suas principais características: humanitária e assistencial (obsequium 
pauperum), bem como espiritual e religiosa. E tanto pertencer à aristocracia, como 
proferir votos monásticos, deixaram de ser requisitos para integrá-la. 
A Ordem não é uma organização internacional, cuja existência derive da vontade de 
estados, por meio de tratado, como comprovam o seu percurso histórico e a sua 
condição atual. 
 Também não é uma ordem religiosa, como outras, submetida à Congregação para as 
ordens religiosas da Igreja católica , nem tampouco é um estado, pois há mais de 
duzentos anos não depende de base territorial. 
Mais de cem estados mantêm relações diplomáticas com a Ordem, e reconhecem a 
ela, e à sua missão diplomática, os privilégios e as imunidades do direito internacional 
costumeiro. 
Desde 1994, a Assembleia-geral da ONU admitiu a Ordem como observador 
permanente, que antes já mantinha relações institucionais com diversas dentre as 
agências especializadas da ONU. 
 
2.3. FORMAÇÃO DOS ESTADOS 
A formação do estado, em nossos dias, pode ocorrer de três maneiras: 
1. separação de parte da população e do território do estado já existente, 
subsistindo a personalidade internacional da mãe-pátria; 
2. dissolução total do estado, não subsistindo a personalidade do antigo estado; 
3. fusão de dois ou mais estados em um estado novo. 
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A grande maioria dos estados, surgidos nos séculos XIX e XX, nasceu mediante a 
separação de parte da população e do território do estado. 
No final do século XVIII e início do XIX, os países americanos surgiram dessa maneira, 
o mais das vezes depois de guerra de libertação, a exemplo do que ocorreu com os 
Estados Unidos, os países hispano-americanos e o Brasil, com as suas especificidades. 
Quanto à dissolução total do estado, não subsistindo a personalidade do antigo estado, 
o exemplo é o desmembramento da Tchecoslováquia realizou-se pacificamente, com 
o surgimento da República Checa e da Eslováquia. Ambas integram-se à União 
Europeia em 2004. 
O terceiro modo de formação do estado – a fusão – ocorre quando o estado-núcleo 
absorve outras entidades, passando todos a formar um novo estado, isto é, mediante 
o desaparecimento da personalidade de todos, inclusive a do estado-núcleo. 
A fusão poderá ocorrer pacificamente ou por meio de conquistas. 
2.4 RECONHECIMENTO DO ESTADO 
Reunidos os elementos que constituem o estado, o governo da nova entidade buscará 
o seu reconhecimento pelos demais membros da comunidade internacional, pois a 
esta implicará a aplicação das normas de direito internacional. 
Reconhecimento significa a decisão do governo de um estado existente de aceitar 
outra entidade como tal. Trata-se de ato jurídico, e tem este consequências jurídicas, 
mas na prática constatam-se considerações políticas, e pesam sobretudo no ato de 
reconhecimento. 
 Tem-se discutido sobre se existe dever dos antigos estados de outorgar o 
reconhecimento a uma entidade que reúna os citados elementos constitutivos do 
estado; se em tese tal obrigação deveria existir, verifica-se ser a prática dos estados no 
sentido contrário. 
A natureza do reconhecimento do estado é tema sobre o qual a doutrina não chega a 
uma conclusão determinada: Para a maioria, o ato tem efeito declarativo, mas existe 
importante corrente que defende a tese contrária, ou seja, que o efeito é atributivo. 
O Institut de Droit International adotou resolução em Bruxelas, em 1936, cuja tese 
pendeu pelo efeito declarativo, ao afirmar que “é o ato livre pelo qual um ou mais 
Estados reconhecem a existência, em território determinado, de sociedade humana 
politicamente organizada, independente de qualquer outro estado existente, e capaz 
de observar as prescrições do direito internacional”. 
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Posteriormente, o Instituto retomaria o tema, com Resoluções adotadas nas sessões 
de Siena (1952) e Vancouver (2001). 
Se se atribui ao reconhecimento o efeito declarativo, o organismo que reúna todos os 
elementos constitutivos do estado tem o direito de ser assim considerado, e não deixa 
de possuir a qualidade de estado pelo fato de não ser reconhecido. 
Para os defensores da tese atributiva ou constitutiva o reconhecimento, do ponto de 
vista do direito internacional, seria este o ato bilateral cuja atribuição da personalidade 
internacional aos estados se dá por consenso mútuo. Em outras palavras, há distinção 
entre o nascimento histórico e o nascimento da pessoa internacional 
O reconhecimento de novos estados pode ser expresso ou tácito, mas deve sempre 
indicar claramente a intenção do estado que o pratica. 
No primeiro caso, faz-se objeto de alguma declaração explícita numa nota, num 
tratado, num decreto. No segundo caso, o reconhecimento resulta implicitamente de 
algum ato que torne aparente o tratamento de novo estado como membro da 
comunidade internacional: é o caso, por exemplo, do início de relações diplomáticas 
ou o da celebração de um tratado com esse estado. 
Segundo muitos internacionalistas e de acordo com resolução do IDI, o 
reconhecimento pode também ser de jure ou de facto, sendo definitivo e completo o 
primeiro, e provisório ou limitado a certas relações jurídicas o segundo. 
O reconhecimento pode igualmente ser individual ou coletivo, conforme emane de um 
só estado ou, ao mesmo tempo, de vários estados. De ato essencialmente individual, 
mais e mais se coloca o reconhecimento de estado como ato coletivo, relacionado à 
entrada do novo estado na Organização das Nações Unidas 
O reconhecimento é feito, em geral, sem condições, mas, como se trata de ato 
unilateral, pode ser subordinado a condições. 
 A inexecução ou desrespeito, por parte do novo estado, da condição ou condições 
estabelecidas deve determinar a suspensão ou anulação do reconhecimento. Por 
outro lado, o reconhecimento, feito sem condições, pode ser considerado como 
irrevogável. Ao mesmo tempo, se um estado cessa de existir ou perde definitivamente 
qualquer dos elementos essenciais cuja reunião determina o ato de reconhecimento, 
este se torna caduco. 
Para Accioly, há regras precisas e absolutas sobre o momento oportuno para o 
reconhecimento. Parece, entretanto, que a esse respeito se podem admitir os três 
princípios seguintes: 
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 1) se se trata de estado surgido de movimento de sublevação, o reconhecimento será 
prematuro enquanto não cessar a luta entre a coletividade sublevada e a mãe-pátria, 
a menos que esta, após luta prolongada, mostre-se impotente para dominar a revolta 
e aquela se apresente perfeitamente organizada como estado; 
2) desde que a mãe-pátria tenha reconhecido o novo estado, este poderá ser logo 
reconhecido pelos demais membros da comunidade internacional; 
 3) se se trata de estado surgido por outra forma, este poderá ser reconhecido logo 
que apresente todas as características de estado organizado e demonstre, por atos, 
sua vontade e sua capacidade de observar os preceitos do direito internacional.. 
 
3. IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO E EXECUÇÃO. 
As imunidades dos estados em direito internacional são tradicionalmente 
apresentadas como a reunião de dois privilégios: a imunidade de jurisdição e a 
imunidade de execução. 
A primeira permite ao estado não ser julgado pelos tribunais de outro estado, e a 
segunda de se opor à execução de seus bens em outro estado. 
Desse enunciado e dessa divisão decorre tratar-se, em matéria de imunidades, não 
somente dos interesses dos estados, uns em relação aos outros, como de interesses 
de particulares que possam ser afetados pela extensão e pelo conteúdo atribuído às 
imunidades do estado 
A extensão atribuída à imunidade do estado se reduz a alternativa simples: ou será 
afirmada como absoluta, o que acarreta a exclusão de qualquer intervenção de juiz ou 
autoridade administrativa de um estado, em qualquer controvérsia que diga respeito 
a estado estrangeiro, diretamente, bem como em relação às emanações deste, ou será 
relativa, de modo a comportar exclusões, com a necessidade de determinar o 
conteúdo e a extensão destas. 
A escolha entre uma e outra acarreta consequências consideráveis: quanto mais 
extenso for o reconhecimento da imunidade, maior será a proteção do estado, e 
menos estará assegurada a proteção dos direitos do particular em face dos alegados 
direitos e prerrogativas do estado. 
O exercício da jurisdição figura dentre os direitos básicos do estado, cujo pressuposto 
é o de que todas as pessoas e bens situados em seu território acham-se submetidos às 
suas leis e tribunais. 
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O direito internacional admite, contudo, que certas pessoas possam continuar, em 
determinadas circunstâncias, sujeitas às leis civis e penais de seus próprios

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