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Aula-03-v1

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Livro Eletrônico
.. 03
Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019
(Curso Regular)
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
 
 
 
 
 
 
 1 
 
Sujeitos de Direito Internacional Público......................................................................... 3!
1. Personalidade Jurídica de Direito Internacional: .......................................................... 3!
2. Personalidade Internacional dos Estados x Personalidade Internacional das 
Organizações Internacionais: ........................................................................................ 10!
3. Estados Soberanos: .................................................................................................. 12!
3.1. Generalidades: ..................................................................................................................... 12!
3.2. Classificação dos Estados:..................................................................................................... 16!
3.3. Nascimento dos Estados: ...................................................................................................... 18!
3.4. O conceito de soberania de Huber na decisão arbitral no caso Holanda v. EUA de 1928. ...... 19!
3.5. Extinção e Sucessão de Estados: ........................................................................................... 22!
3.6. Direitos dos Estados: ............................................................................................................ 23!
3.7. Deveres dos Estados: ............................................................................................................ 25!
3.8. Reconhecimento de Estado X Reconhecimento de Governo: ................................................. 29!
3.9. Responsabilidade Internacional dos Estados: ........................................................................ 35!
3.10. Imunidade de Jurisdição Estatal .......................................................................................... 41!
3.11. Imunidades à Jurisdição Estatal .......................................................................................... 46!
4. A Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano:............................................................ 60!
5. Organizações não-governamentais (ONG’s): .............................................................. 61!
Lista de Questões ......................................................................................................... 63!
Gabarito ...................................................................................................................... 73!
 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
 
 
 
 
 
 
 
 2 
 
Olá, amigos do Estratégia, tudo bem? 
É sempre um enorme prazer estar aqui com vocês, a fim de prosseguirmos em nosso curso focado 
para o concurso do Magistratura do Trabalho. 
Na aula de hoje, daremos início ao estudo dos Sujeitos de Direito Internacional Público, falando 
sobre o principal deles: o Estado. Trata-se de um assunto bastante cobrado em provas de DIP e, 
portanto, é bom que você esteja bem atento, ok? Também falaremos, genericamente, a respeito da 
personalidade internacional e, então, comentaremos acerca do papel do indivíduo no plano 
internacional. 
Abraços, 
Ricardo Vale 
“O segredo do sucesso é a constância no objetivo”. 
 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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 3 
 
SUJEITOS DE DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
 
1.!PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO INTERNACIONAL: 
Em 1648, foram celebrados os tratados de Westfália, que colocaram um fim à Guerra dos Trinta 
Anos (1618-1648) e consagraram a chamada Paz de Westfália, momento histórico muito importante 
para o direito internacional. A Paz de Westfália estabeleceu uma nova ordem para as relações 
internacionais, marcando o surgimento do Estado moderno como sujeito de direito internacional 
por excelência. Pela primeira vez, foi reconhecido que os Estados são dotados de igualdade 
absoluta no plano internacional, princípio basilar do direito das gentes1. 
Com o passar dos anos, as relações internacionais foram, todavia, ganhando contornos cada vez 
mais complexos. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), houve uma proliferação de 
organizações internacionais, que passaram a ter participação ativa no contexto internacional. Na 
atualidade, a complexidade é ainda maior e são vários os atores no plano internacional. 
É justamente essa ordem internacional complexa de que se ocupa o direito das gentes, cujo objetivo 
central é regular as relações internacionais a fim de permitir a convivência entre os membros da 
sociedade internacional. Mas quem seriam os membros da sociedade internacional? Afinal de 
contas, quais são os sujeitos de direito internacional público, isto é, os entes dotados de 
personalidade internacional? 
No plano do direito interno, podemos dizer que a personalidade é qualidade inerente à pessoa, seja 
ela física ou jurídica, o que lhe confere a capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações. No 
plano do direito internacional, não há grandes diferenças. 
Segundo Francisco Rezek2, eminente jurista brasileiro, para que alguém seja qualificado como 
pessoa jurídica de direito internacional, é necessário que essa pessoa possa agir no plano 
internacional. Agir no plano internacional significa poder ser titular de direitos e deveres 
internacionais e possuir capacidade de defender seus direitos por meio de ações internacionais. 
Pessoas jurídicas de direito internacional, segundo essa visão, seriam os Estados Soberanos e as 
organizações internacionais em sentido estrito. 
Valério Mazzuoli, por sua vez, apresenta um conceito mais complexo de personalidade 
internacional. Segundo esse jurista, a qualificação jurídica de um ente como sujeito de direito 
 
1 “Direito das gentes” (jus gentium) é sinônimo de Direito Internacional Público 
2 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
Aprovação_Divisão/Passe_já_cursos 2019.
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 4 
 
internacional comporta uma conotação passiva e outra conotação ativa.3 Assim, seriam sujeitos de 
direito internacional os entes a quem tal Direito é destinado (conotação passiva) e que possuem 
capacidade de atuação no plano internacional (conotação ativa). Por essa corrente, além dos 
Estados soberanos e das organizações internacionais, também os indivíduos possuiriam 
personalidade jurídica de direito internacional. 
Como se pode perceber, a questão da personalidade internacional é objeto de grande controvérsia 
doutrinária, estando longe de um consenso. Todavia, a evolução e a crescente complexidade das 
relações internacionais têm ocasionado importante transformação na sociedade internacional. 
Hoje, a grande tendência é considerar que a sociedade internacional não é mais puramente 
interestatal, em razão da participação cada vez mais ativa de outros entes no plano internacional 
(ONGs, empresas transnacionais e indivíduos). 
Nesse sentido, a doutrina moderna considera sujeitos de direito internacional os Estados, as 
organizações internacionais e os indivíduos; as ONGs e as empresas transnacionais são apenas 
atores internacionais.Destaque-se que, apesar de não se reconhecer personalidade internacional 
às ONG’s, há uma importante exceção: o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (considerado 
sujeito de direito internacional público). 
A personalidade jurídica de direito internacional não é, dessa forma, algo imutável, mas um 
conceito que evolui com o decorrer do tempo. Há algumas décadas atrás, somente os Estados eram 
considerados sujeitos de direito internacional, ou seja, essa era uma qualidade exclusiva deles. Na 
atualidade, podemos afirmar com total segurança que esse quadro se modificou. Várias outras 
entidades, que não possuem base territorial e dimensão demográfica, possuem personalidade 
jurídica de direito internacional, já que estão habilitadas a usufruir de direitos e deveres 
internacionais e travam relação imediata e direta com as normas que lhes conferem tal prerrogativa. 
“Mas e aí Ricardo, qual das duas teorias é válida para concursos públicos?” 
Excelente pergunta! Com tanta controvérsia doutrinária, a nossa cabeça fica mesmo embaralhada! 
A tendência das bancas examinadoras é considerar que a personalidade internacional não se limita 
aos Estados e às organizações internacionais.4 
Portanto, leve para a prova o seguinte: 
 
 
3 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2010 
4 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009 
Equipe Ricardo e Nádia 01, Equipe Ricardo e Nádia 02, Ricardo Vale
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Direito Internacional Público e Privado p/ Magistratura Federal 2019 (Curso Regular)
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 5 
 
 
A personalidade jurídica de direito internacional alcança, além dos Estados e organizações 
internacionais, também os indivíduos. 
As organizações não-governamentais e as empresas transnacionais, embora tenham participação 
cada vez mais ativa no cenário internacional, são consideradas pela doutrina dominante apenas 
atores internacionais. 
Cabe destacar ainda que, apesar de não ser a doutrina dominante, Paulo Henrique Portela considera 
que as empresas transnacionais e as ONG’S também são sujeitos de direito internacional. 
Apesar desse entendimento, é certo que as empresas, as ONG’s e os indivíduos não possuem as 
mesmas prerrogativas no plano internacional. A capacidade de atuação desses sujeitos é limitada 
se comparada ao poder dos Estados e das organizações internacionais. Com efeito, o direito 
internacional reconhece capacidade para celebrar tratados aos Estados e organizações 
internacionais, mas não concede a mesma prerrogativa aos indivíduos, às empresas e às ONG’s. 
Em razão da limitação em sua atuação internacional, os indivíduos, as ONG’s e as empresas são 
chamados pela doutrina de sujeitos de direito internacional fragmentários5. Tais sujeitos têm 
acesso a alguns mecanismos de soluções de controvérsias internacionais e são destinatários de 
normas internacionais, que lhes conferem direitos e obrigações. Entretanto, eles não participam do 
processo de formação de normas jurídicas internacionais, isto é, não podem celebrar tratados. 
O reconhecimento da personalidade internacional dos indivíduos representa um grande avanço do 
direito internacional público, tendo sido alcançado em razão do desenvolvimento do Direito 
Internacional dos Direitos Humanos.6 Com efeito, os indivíduos podem figurar no plano passivo ou 
no plano ativo do direito internacional. 
No que diz respeito ao plano passivo, é possível, atualmente, que um indivíduo (pessoa natural) seja 
julgado e responsabilizado pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) em razão de haver cometido um 
crime de alta gravidade.7 A título de exemplo, o ex-ditador da Líbia, Muammar Kadhafi, em razão 
das violações aos direitos humanos por ele perpetradas, deveria ter sido julgado pelo Tribunal Penal 
Internacional. 8 
 
5 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009 
6 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 
2010. 
7 Segundo o Estatuto de Roma, que criou o TPI, a jurisdição dessa Corte internacional abrange os crimes de guerra, 
crimes contra a humanidade, genocídio, crime de agressão. 
8 Muammar Kadhafi foi morto em 20 de outubro de 2011. 
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 6 
 
Já no que diz respeito ao plano ativo, admite-se, em certos casos, que um indivíduo peticione 
perante Cortes internacionais. Um indivíduo ou um grupo de indivíduos pode, por exemplo, 
peticionar diretamente à Corte Europeia de Direitos Humanos. 
As empresas, por sua vez, também podem ter acesso a mecanismos de solução de controvérsias. O 
sistema de solução de controvérsias do MERCOSUL, por exemplo, reconhece o direito de petição a 
particulares. 
Destacamos, todavia, que o acesso a mecanismos de solução de controvérsias pelos “sujeitos 
fragmentários” é limitado. Algumas Cortes Internacionais somente reconhecem capacidade 
postulatória aos Estados soberanos, como é o caso da Corte Internacional de Justiça (CIJ). 9 
Cabe destacar também que atuam na sociedade internacional as chamadas coletividades não-
estatais. São elas os beligerantes, os insurgentes e os movimentos de libertação nacional (nações 
em luta pela soberania). 10 
Os beligerantes são movimentos armados que instauram no interior de um Estado uma guerra civil 
com o objetivo de mudar o sistema político em vigor. Para que uma coletividade seja considerada 
beligerante, faz-se mister uma declaração pelos outros entes estatais, em conjunto ou 
separadamente. O reconhecimento da beligerância permite que essa coletividade adquira, dentre 
outros direitos, a capacidade para celebrar tratados. 
Os insurgentes, por sua vez, também são movimentos armados ocorridos no interior de um Estado 
com o objetivo de derrubar o sistema político vigente. Entretanto, a insurgência não assume 
proporções tão graves quanto a beligerância e não chega a ocorrer uma guerra civil. Também é 
necessário, para que uma coletividade seja considerada como insurgente, um ato declaratório de 
reconhecimento. A capacidade para celebrar tratados poderá ser conferida aos insurgentes, o que 
irá depender do ato de reconhecimento da insurgência. 
Por fim, os movimentos de libertação nacional são movimentos que, em razão de sua magnitude, 
passam a ser amplamente reconhecidos no cenário internacional. É o caso, por exemplo, da 
Autoridade Palestina, que tem celebrado inúmeros tratados com diferentes países. 
Pessoal, consideramos fundamental que você conheça todo esse debate doutrinário, já que, pela 
sua relevância, ele pode vir a ser cobrado em prova! Algumas possíveis assertivas seriam as 
seguintes: 
a)! “A doutrina vem reconhecendo a personalidade jurídica de direito internacional dos 
indivíduos.” Correto. 
 
9 Na aula sobre Organizações Internacionais, nós tratamos de forma mais detalhada sobre a Corte Internacional de 
Justiça (CIJ). 
10 Portela considera que as coletividades não-estatais são apenas atores internacionais. Já Mazzuoli reconhece a 
personalidade internacional dos beligerantes, insurgentes e movimentos de libertação nacional. 
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b)! “Segundo a doutrina tradicional,somente possuem personalidade jurídica de direito 
internacional os Estados, as organizações internacionais e a Santa Sé.” Correto. 
c)! “O tema da personalidade internacional é objeto de polêmica doutrinária, havendo 
correntes distintas sobre o assunto.” Correto 
d)! “Embora sejam considerados sujeitos de direito internacional, os indivíduos possuem 
atuação limitada no plano internacional”. Correto 
e)! “Os indivíduos e as empresas possuem acesso direto a alguns mecanismos de soluções de 
controvérsias”. Correto. 
 
1.! (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
Empresas multinacionais não dispõem de personalidade jurídica internacional, mesmo que elas 
sejam empresas públicas transnacionais contraentes de obrigações com Estados soberanos. 
Comentários 
As empresas multinacionais não possuem personalidade jurídica de direito internacional. 
Gabarito: certa 
2.! (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) 
Somente Estados soberanos, entes assemelhados e organizações não governamentais 
internacionais são sujeitos de direito internacional. 
Comentários 
O enunciado foi bastante restritivo, deixando de reconhecer a personalidade internacional às 
organizações internacionais e aos indivíduos. As ONG`s, por sua vez, são apenas atores 
internacionais. 
Gabarito: errada 
3.! (Instituto Rio Branco – 2011) 
Com características políticas e jurídicas de ONG e desprovido de atributos de personalidade 
jurídica internacional, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha é sujeito apenas aparente de 
direito internacional público. 
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Comentários 
A doutrina atribui personalidade internacional ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha, apesar de 
tratar-se de uma ONG. 
Gabarito: errada 
4.! (Instituto Rio Branco – 2011) 
As ONGs que obtiveram reconhecimento da opinião pública mundial após a Segunda Guerra 
Mundial adquiriram personalidade jurídica de direito internacional público. 
Comentários 
Segundo a doutrina dominante, as ONG’s são apenas atores internacionais, não possuindo 
personalidade jurídica de direito internacional. 
Gabarito: errada 
5.! (Instituto Rio Branco- 2010) 
O MERCOSUL é uma organização dotada de personalidade jurídica de direito internacional. 
Comentários 
O MERCOSUL é uma organização internacional e, portanto, possui personalidade jurídica de direito 
internacional público, a qual está expressamente prevista no Protocolo de Ouro Preto. 
Gabarito: certa 
6.! (Juiz Federal 1ª Região/2006) 
São sujeitos de direito internacional público, também chamados de pessoas jurídicas de direito 
internacional público, os Estados soberanos, a Santa Sé e as organizações internacionais. 
Comentários 
De fato, são sujeitos de DIP os Estados soberanos, a Santa Sé e as organizações internacionais. 
Gabarito: certa 
7.! (OAB 2006.2) 
A expressão “coletividades não estatais” abrange as mais diferentes pessoas internacionais, 
como os revoltosos em uma guerra interna. 
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Comentários 
A expressão “coletividades não-estatais” abrange os insurgentes, os beligerantes (revoltosos em 
guerra interna) e as nações em luta pela soberania. 
Gabarito: certa 
8.! (Consultor Legislativo/ Câmara dos Deputados- 2002) 
Tendo em vista as atividades que realizam, concernentes a ações de solidariedade 
internacional, as organizações não-governamentais (ONGs) passaram a ser admitidas como 
sujeitos do direito internacional público. 
Comentários 
A doutrina dominante considera que as organizações não-governamentais são apenas atores 
internacionais, não possuindo personalidade jurídica de direito internacional. 
Gabarito: errada 
9.! (Procurador BACEN-2001) 
Paul Reuter define tratado internacional como sendo “uma manifestação de vontades 
concordantes, atribuídas a dois ou mais sujeitos de direito internacional, e destinada a produzir 
efeitos jurídicos em conformidade com as normas de direito internacional”. Assinale a opção 
em que figurem, tão só, exemplos de sujeitos de direito internacional. 
a) Estados, Santa Sé ou Estado do Vaticano, organizações não-governamentais (ONGs) e 
indivíduos. 
b) Estados, organizações internacionais e empresas multinacionais. 
c) Estados, Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e Santa Sé ou Estado do Vaticano. 
d) Estados, Organização das Nações Unidas (ONU) e ONGs. 
e) Indivíduos, ONGs, organizações internacionais e Santa Sé ou Estado do Vaticano. 
Comentários 
Quando temos uma questão de marcar pela frente, fica fácil verificarmos qual o posicionamento da 
banca examinadora, não é mesmo? Nessa questão, a banca adotou o posicionamento tradicional. A 
resposta, portanto, é a letra C. São sujeitos de DIP os Estados, as organizações internacionais (dentre 
as quais o MERCOSUL) e a Santa Sé ou Estado do Vaticano. 
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Gabarito: letra C 
2.!PERSONALIDADE INTERNACIONAL DOS ESTADOS X PERSONALIDADE 
INTERNACIONAL DAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS: 
Há uma notória diferença entre a personalidade jurídica de direito internacional do Estado e a 
personalidade jurídica de direito internacional das organizações internacionais. 
Segundo Rezek11, o Estado constitui uma realidade física, já que possui um espaço territorial onde 
convive uma comunidade de seres humanos. Ele é dotado de uma dimensão material e independe 
de qualquer documento para sua existência fática. Por isso, dizemos que sua personalidade jurídica 
é originária, pois precede mesmo a própria Constituição (documento). Até a Primeira Guerra 
Mundial, considerava-se que os Estados eram os únicos sujeitos de direito internacional. No entanto, 
o processo de evolução da sociedade internacional deu origem a um novo sujeito de direito 
internacional: as organizações internacionais. 
As organizações internacionais passaram a ser consideradas sujeitos de direito internacional em 
meados do século XX, mais precisamente em 1949. Nesse ano, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) 
emitiu um parecer consultivo quanto à possibilidade da ONU apresentar uma reclamação perante o 
governo responsável pelo assassinato do Conde Folke Bernadotte (representante da ONU no Oriente 
Médio). Entendeu a Corte Internacional de Justiça (CIJ) que a ONU possuía personalidade jurídica 
internacional e, portanto, teria legitimidade para reivindicar a reparação de danos. Por reconhecer 
a personalidade jurídica de direito internacional das organizações internacionais, esse Parecer 
Consultivo pode ser considerado um marco no âmbito do direito das gentes. 
As organizações internacionais possuem personalidade jurídica derivada, sendo apenas uma 
criação jurídica. Elas não são dotadas do elemento territorial, isto é carecem do elemento físico. Sua 
existência tem fundamento de validade no tratado constitutivo e, portanto, elas somente existem 
após a entrada em vigor deste. Dizemos que a personalidade das organizações internacionais é 
derivada porque estas não existiriam caso não houvesse vontade dos Estados em criá-las. Portela 
lembra que a soberania é atributo exclusivo dos Estados e que não é porque os entes estatais 
estabeleceram organizações internacionais que estas serão entidades dotadas de soberania. 12 
Tecidas estas considerações gerais, vejamos como esse assunto já foi cobrado em prova!11 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 
12 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009. 
 
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 11 
 
 
10.!(Juiz Federal 1ª Região/2006) 
A personalidade jurídica do Estado, em direito das gentes, diz-se derivada, enquanto a das 
organizações internacionais, diz-se originária. 
Comentários 
A personalidade jurídica dos Estados é originária, enquanto a personalidade jurídica das 
organizações internacionais é derivada. 
Gabarito: errada 
11.!(Consultor Legislativo/ Câmara dos Deputados- 2002) 
A personalidade jurídica dos Estados é derivada, e a das organizações internacionais, originária. 
Comentários 
Exatamente igual à questão anterior. Veja como é recorrente esse enunciado. 
Gabarito: errada 
12.!(Instituto Rio Branco-2008) 
É considerado divisor de águas no direito internacional o parecer consultivo da Corte 
Internacional de Justiça no caso Reparação de danos a serviço das Nações Unidas acerca da 
morte de Folke de Bernadotte, mediador que, no exercício de suas funções, foi assassinado por 
extremistas israelenses em Jerusalém, em 1948. Essa consideração justifica-se porque o 
parecer: 
a) declarou a existência da Palestina como território israelense. 
b) homologou o pedido penal do Estado de Israel. 
c) reconheceu a personalidade jurídica das organizações internacionais. 
d) incorporou o princípio da legítima defesa internacional. 
e) consagrou o pacifismo e não violência como deveres jurídicos. 
Comentários 
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 12 
 
O Parecer Consultivo da CIJ acerca da morte de Folke de Bernadotte é um marco do direito 
internacional público porque reconheceu a qualidade de sujeito de DIP às organizações 
internacionais. (Letra C). 
Gabarito: letra C 
3.!ESTADOS SOBERANOS: 
3.1.!GENERALIDADES: 
O Estado é o sujeito de direito internacional por excelência, ou seja, é considerado o mais importante 
dentre os entes dotados de personalidade internacional. Dentre os sujeitos de DIP, o Estado é o 
único que possui plena capacidade jurídica no plano internacional. 
O Estado, conforme afirmamos anteriormente, possui personalidade jurídica originária de direito 
internacional público. Tal constatação deriva do entendimento de que a existência dos outros 
sujeitos de direito internacional encontra fundamento no Estado. As organizações internacionais, 
por exemplo, dependem de um tratado constitutivo celebrado por Estados para serem criadas. Os 
indivíduos, por sua vez, possuem um vínculo político-jurídico com um Estado conhecido como 
nacionalidade. 
Segundo a doutrina majoritária, os elementos constitutivos do Estado são o território, o povo e o 
governo soberano.13 Todavia, há autores que pregam a existência de um quarto elemento 
constitutivo: a finalidade. 14 Há ainda o conceito de Estado para a Convenção Interamericana sobre 
os Direitos e Deveres dos Estados15 (1933), que estabelece 4 (quatro) elementos constitutivos: 
população permanente, território determinado, governo e capacidade de entrar em relação com 
outros Estados. 
 
13.!(AGU-2007) 
O Estado do Rio Grande do Sul, almejando ser reconhecido internacionalmente como um 
Estado soberano, pleiteou uma cadeira na Organização das Nações Unidas (ONU), alegando 
 
13 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009 
14 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2010. 
15 A Convenção Interamericana sobre os Direitos e Deveres dos Estados de 1933 é também conhecida por Convenção 
de Montevidéu. 
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que possui um território, uma população e um governo permanente. Nessa situação, os 
requisitos apresentados não são suficientes para que o Rio Grande do Sul seja aceito na 
Assembleia Geral da ONU. 
Comentários 
De fato, os requisitos apresentados não são suficientes, uma vez que o Rio Grande do Sul carece de 
soberania. Não basta que haja um governo permanente; ele precisa também ser soberano. 
Gabarito: certa 
3.1.1.!Território: 
O território é a dimensão física sobre a qual o Estado exerce sua jurisdição geral e exclusiva, ou seja, 
a dimensão material onde ele exerce seus poderes. Geral porque, no âmbito do seu território, o 
Estado exerce todas as competências de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional. Exclusiva, 
porque tais competências são exercidas sem qualquer concorrência por parte de outro poder. A 
jurisdição do Estado sobre seu território não é, todavia, absoluta, uma vez que há pessoas e bens 
que não se submetem ao poder estatal, como, por exemplo, os diplomatas, as missões diplomáticas 
e organismos internacionais. 
Apesar de possuir jurisdição unicamente sobre seu território, há situações em que se verifica a 
atuação extraterritorial do Estado, como, por exemplo, quando julga seus nacionais por ato 
praticado no exterior ou quando exerce jurisdição sobre missões diplomáticas e consulares.16 Em 
doutrina, é comum considerar-se que as embaixadas (missões diplomáticas) e os navios e aeronaves 
de guerra são uma extensão do território estatal. Entretanto, a Corte Internacional de Justiça já se 
pronunciou em sentido contrário diante de um caso concreto. 
A determinação do território estatal é feita por demarcação ou delimitação. A delimitação 
(estabelecimento de limites) pode ser feita por meio de tratados ou costumes. A demarcação, por 
sua vez, é a implantação de marcos físicos sobre o território, como, por exemplo, o Muro de Berlim, 
que dividia Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental. Até os dias de hoje, as questões fronteiriças 
são objeto de conflitos internacionais, como os existentes entre Índia e Paquistão e Israel e Palestina. 
Historicamente, a definição de limites territoriais tem se guiado pelo princípio do “uti possidetis”, 
segundo o qual o domínio sobre um determinado território é daqueles que efetivamente o 
estiverem ocupando. Segundo Varella17, “a necessidade do domínio efetivo tornou-se um costume 
internacional amplamente aceito e é hoje considerado condição para o reconhecimento da 
incorporação do território ao domínio do Estado.”. A consolidação do princípio do “uti possidetis” 
 
16 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009 
17 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 
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como regra consuetudinária de direito internacional público decorre de uma série de decisões da 
Corte Internacional de Justiça (CIJ) 
Vale destacar que não importa qual o tamanho do território do Estado. Todos os Estados, 
independentemente de sua base física, são tratados de maneira isonômica pelo direito 
internacional. Há Estados com grande base territorial(Rússia, Brasil e EUA) e Estados com território 
bem pequeno, como os chamados microestados (Mônaco, Andorra, San Marino). Apesar de 
possuírem tamanhos variados, todos são dotados de personalidade jurídica de direito internacional, 
prevalecendo o princípio da igualdade soberana entre eles. 
Em algumas situações, os Estados aceitam, de forma expressa ou tácita, restrições ao exercício da 
soberania em seu território. São as chamadas servidões, que poderão ser permissivas – permissão 
de utilização do território por outro Estado – ou restritivas – compromisso de não exercer a 
competência plena sobre seu território. 
Para exemplificar as servidões permissivas, também chamadas de positivas, citamos como exemplo 
um Estado X que autoriza a instalação de uma base militar do Estado Y em seu território. Nessa 
situação, percebe-se que o Estado Y exerce certo poder sobre uma parcela do território do Estado 
X. 
Já para ilustrar as servidões restritivas, também chamadas de negativas, citamos como exemplo se 
o Estado X declarar que não estabelecerá bases militares na fronteira com o Estado Y. Nessa 
situação, o Estado X deixa de exercer sua soberania em uma parcela de seu território. 
Segundo Accioly18, “as servidões extinguem-se por acordo entre os Estados interessados, pela fusão 
destes, pela renúncia expressa ou tácita do Estado ou dos Estados a que aproveitam ou por qualquer 
outro meio de resolução de tratados.” Exemplificando tais hipóteses: 
a)! O Estado X diz para o Estado Y: “Ô, meu amigo, eu tinha deixado você instalar uma base 
militar no meu território, mas agora não quero mais, ok?” (acordo) 
b)! O Estado X se une ao Estado Z para formar o Estado W. Nesse caso, o Estado W não é 
obrigado a permitir a instalação da base do Estado Y em seu território. (fusão) 
c)! O Estado Y diz para o Estado X: “Ô, meu amigo, eu tinha instalado uma base militar em 
seu território, mas agora não quero mais essa concessão e já estou retirando minhas 
tropas!” (renúncia) 
 
18 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 
17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 
 
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14.!(Juiz Federal 1ª Região/2006) 
O Estado exerce jurisdição sobre o seu território, muito embora sempre relativa, o que vale 
dizer que detém uma série de competências para atuar com autoridade. 
Comentários 
De fato, a jurisdição do Estado sobre seu território é relativa. No entanto, o motivo de considerar-se 
que a jurisdição do Estado é relativa não é o fato deste possuir competências para atuar com 
autoridade. A jurisdição estatal é relativa, mas em virtude de não alcançar algumas pessoas, bens e 
locais. 
Gabarito: errada 
15.!(OAB 2006.2) 
As servidões – que são restrições por meio das quais um Estado estrangeiro exerce uma 
competência no território de outro Estado ou um Estado se compromete em favor de outro a 
não exercer sua competência plena em seu território – têm base convencional e se extinguem 
com a sucessão de Estados. 
Comentários 
As servidões nem sempre têm base convencional, podendo ser aceitas por um Estado de forma 
tácita. 
Gabarito: errada 
3.1.2.!Povo: 
O povo é a dimensão pessoal do Estado, não se confundindo com a sua população. Enquanto esta é 
formada pelo conjunto de pessoas que vivem com ânimo definitivo no seu território, incluindo 
nacionais e estrangeiros, a dimensão pessoal do Estado (povo) compreende a comunidade nacional, 
ou seja, o conjunto de seus nacionais. Na dimensão pessoal do Estado estão incluídos, inclusive, os 
nacionais que tenham se estabelecido no exterior. 
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Segundo Rezek19, o Estado exerce inúmeras competências inerentes à sua jurisdição territorial sobre 
os estrangeiros residentes. Já em relação aos seus nacionais, o Estado exerce jurisdição pessoal, em 
virtude do vínculo jurídico-político que une o indivíduo ao Estado: a nacionalidade. 
3.1.3.!Governo soberano: 
O governo é a dimensão política do Estado e é quem exerce o poder soberano estatal. A Paz de 
Westfália (1648), conforme já afirmamos anteriormente, é considerada um importante marco do 
direito internacional. E o é justamente porque os tratados celebrados naquela ocasião 
reconheceram pela primeira vez o poder soberano dos Estados sobre seus territórios, excluindo 
qualquer ingerência externa. 
A soberania é, portanto, atributo essencial do Estado, garantindo que sua vontade não se subordine 
a qualquer outro poder nos planos interno e internacional. Com efeito, na ordem jurídica 
internacional não existe um poder superior ao dos Estados, o que torna a sociedade internacional 
descentralizada. Os Estados são independentes para definir sua política interna, bem como suas 
ações no plano internacional. 
A soberania guarda correlação direta com o princípio da igualdade entre os Estados, o qual está 
insculpido na Carta das Nações Unidas. Nas palavras de Portela20, o poder soberano representa uma 
“supremacia sobre pessoas, bens e relações jurídicas dentro de um determinado território”. 
Todavia, percebe-se, na atualidade, uma flexibilização do conceito de soberania. Não cabe mais falar 
em poder ilimitado do Estado, uma vez que a ordem jurídica interna e mesmo a ordem jurídica 
internacional impõem restrições à ação estatal. 
O direito internacional humanitário é, atualmente, um campo em que se pode perceber uma 
destacada interferência internacional nas questões internas. A título ilustrativo, destacamos a 
autorização do Conselho de Segurança da ONU para a intervenção armada na Líbia, em razão das 
violações aos direitos humanos cometidas pelo governo ditatorial daquele país. 
3.2.!CLASSIFICAÇÃO DOS ESTADOS: 
Podemos classificar os Estados em dois grupos no que se refere à sua estrutura: simples e compostos 
– sendo que estes últimos podem ser subdivididos em compostos por coordenação e compostos por 
subordinação. Vejamos o que significa cada um desses conceitos! 
Os Estados simples ou unitários são aqueles que possuem completa soberania no tocante às 
questões no plano internacional e, ao mesmo tempo, não apresentam divisões de autonomia no 
tocante às questões internas. Trata-se da forma mais comum de Estado, sendo o tipo existente na 
 
19 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 
20 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009 
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maioria dos Estados latino-americanos. Exemplos de Estados simples são Uruguai, Chile, Peru, 
Portugal e França. 
Modernamente, nos Estados simples, embora não haja unidades políticas autônomas, é comum 
haver uma descentralização administrativa. Assim, as decisões políticas estão concentradas no 
poder central e a execução das políticas é delegada a unidades administrativas sem autonomia. 
Nesse caso, trata-se de um Estado simples descentralizado. Ressaltamos que, quando o poder 
central é exercido com exclusividade e abrange todas as funções de índole administrativa, tratar-se-
á de um Estado simples centralizado. 
Os Estados compostos, por sua vez, se dividemem Estados compostos por coordenação e Estados 
compostos por subordinação. Como ponto comum a esses dois modelos de Estado, destacamos que 
eles congregam dentro de si vários Estados independentes ou províncias autônomas, sob a égide de 
um mesmo governo soberano. 
Os Estados compostos por coordenação são formados ou por uma associação de Estados soberanos 
ou ainda por uma união de estados federados. Nos Estados compostos por coordenação, a 
soberania é exercida somente pelo órgão central, sendo que cada um dos Estados conserva a 
autonomia em suas questões internas. Um exemplo bem claro de Estado composto por coordenação 
é o próprio Brasil, que possui inúmeras unidades estatais (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro...) 
que possuem apenas autonomia na ordem interna, com a conservação do poder soberano nas mãos 
da União. Outro exemplo seria uma confederação de Estados, diferenciando-se do modelo 
federativo pelo fato de que nesta os Estados que a compõem não perdem sua individualidade no 
plano internacional, continuando plenamente detentores de sua soberania. 
A Comunidade Britânica de Nações, embora seja uma associação de Estados, não pode ser 
classificada como um Estado composto por coordenação. Em verdade, todos os Estados integrantes 
da Comunidade Britânica de Nações são plenamente soberanos e dotados de igualdade política no 
plano internacional. 
As unidades estatais autônomas em uma federação não possuem personalidade jurídica de direito 
internacional, já que não possuem soberania. Mesmo que o ordenamento jurídico interno de um 
país outorgue competência para essas unidades estatais agirem no plano internacional, elas não 
adquirem personalidade jurídica de direito internacional, pois esta é uma regra de direito interno e 
quem, em última análise, irá responder no plano internacional será o poder central (União Federal). 
No Brasil, compete à União manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais. Apesar disso, admite-se que os Estados, o Distrito Federal e os Municípios realizem 
operações externas de natureza financeira como, por exemplo, a aquisição de empréstimos junto 
ao BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento). Entretanto, tais operações 
possuem natureza contratual (e não convencional) e são condicionadas à atuação da União, pois faz-
se necessário a participação do Brasil na entidade e, ainda, a conclusão de um acordo de garantia. A 
realização desse tipo de operação externa de natureza financeira está, ainda, sujeita à autorização 
do Senado Federal, conforme art. 52, inciso V, da CF/88. 
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Os Estados compostos por subordinação não mais existem hoje em dia. Trata-se dos Estados 
vassalos, protetorados e Estados clientes. Tais Estados não possuíam soberania plena, donde vem o 
uso da expressão “composto por subordinação”. Nesse tipo de Estado, existe de um lado um ente 
dotado de plena soberania e de outro uma coletividade que dele depende. 
No século XX, com vistas a regularizar a situação das colônias, a Liga das Nações e a ONU 
estabeleceram a administração destas sob a forma de mandato e de tutela, respectivamente. As 
colônias eram territórios que passaram então a estar submetidos à administração de uma 
determinada soberania. Certas potências receberam o encargo de administrar estes territórios, 
promovendo-lhes o desenvolvimento até o momento em que reunissem condições de acesso à 
independência plena. O objetivo era descolonizá-los, momento em que passariam a gozar de plena 
soberania e, portanto, iriam adquirir personalidade jurídica de direito internacional. 
Devido ao exíguo tamanho de seus territórios, alguns Estados são chamados de micro-Estados. 
Citamos Andorra (468 km2), Liechtenstein (160 km2), San Marino (61 km2), Nauru (21 km2) e Mônaco 
(2 km2). Segundo Rezek21, não se pode negar que estes Estados sejam soberanos, já que suas 
instituições políticas são estáveis e seus regimes corretamente estruturados. Entretanto, por serem 
tão pequenos, partes expressivas das competências desses micro-estados são confiadas a outro 
Estado, normalmente um Estado vizinho, como a França, no caso de Mônaco. 
3.3.!NASCIMENTO DOS ESTADOS: 
Segundo Accioly22, o problema da formação dos estados é igualmente do domínio da história, da 
política e da sociologia, como do direito internacional. Uma importante questão é, portanto, saber 
como surgem os Estados. 
O modo de formação mais simples de um Estado ocorre através do estabelecimento permanente de 
certa população num território determinado. Isso ocorreria quando um território está desocupado 
(res nullius) e uma população o ocupa. Ou ainda, quando um território foi abandonado por antigos 
habitantes (res derelicta) e é ocupado por uma população. Durante a Antiguidade e a Idade Média, 
a ocupação de territórios desabitados foi uma forma bastante comum de aparecimento de um novo 
ente estatal e de aquisição de território por Estado já existente. Como exemplo, citamos a aquisição 
de terras na América por Portugal e Espanha. Atualmente, como não mais existem territórios 
desabitados, essa forma de surgimento de Estado caiu em desuso. 
Outra possibilidade de surgimento de Estados, bastante comum no passado, era por meio da guerra 
de conquista. Todavia, a conquista de um território pelas armas não é mais considerada legítima 
 
21 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008 
22 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 
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perante o direito internacional. Assim, essa forma de surgimento de Estados também caiu em 
desuso. 
Historicamente, observa-se alguns fenômenos pontuais quanto à expansão de domínio territorial, 
o que já ocorreu por meio de cessão onerosa (EUA comprou o Alasca da Rússia) ou mesmo através 
de decisão de uma organização internacional (o Estado de Israel foi criado por decisão da ONU). 
A Corte Internacional de Justiça (CIJ) já foi levada a se manifestar por diversas vezes no que diz 
respeito a limites territoriais. Em suas decisões, a CIJ tem reiteradamente reconhecido o princípio 
do “uti possidetis juris”. Conforme afirma Rezek23, a CIJ não atribui território, limitando-se a dizer, à 
luz do direito, a quem pertence determinada área. 
Atualmente, o que é mais comum é a formação de um Estado a partir de três situações diferentes: 
a)! Quando um Estado surge ao se separar de um outro Estado do qual fazia parte 
(emancipação). O Brasil, por exemplo, era colônia de Portugal, tendo separado sua 
população e território deste com a independência conquistada em 1822. Os Estados 
Unidos e os países latino-americanos também surgiram desta forma, na maioria das vezes 
após guerras de libertação. No início de 2011, um referendo ocorrido no Sudão 
determinou o surgimento de um novo Estado: o Sudão do Sul. 
b)! Quando um Estado é dissolvido totalmente. Como exemplo, citamos o Império Austro-
Húngaro, que após a Primeira Guerra Mundial foi dissolvido, dando origem à Áustria, 
Hungria e Tchecoslováquia. A dissolução da União Soviética também resultou na criação 
de vários Estados, tais como a Federação Russa, a Ucrânia, a Geórgia e a Bielo-Rússia. 
c)! Quando dois ou mais Estados se fundem para formar um novo (fusão). Esse modo de 
formação ocorre quando um estado-núcleo absorve outrasentidades, passando a formar 
um novo estado. Essa fusão poderá ocorrer pacificamente ou por meio de conquistas. Um 
exemplo seria a Itália, que surgiu da fusão de Modena, Parma, Toscana e Reino de Nápoles 
ao Reino da Sardenha e Piemonte. 
3.4.!O CONCEITO DE SOBERANIA DE HUBER NA DECISÃO ARBITRAL NO CASO HOLANDA V. EUA 
DE 1928. 
O Caso Ilha de Palmas envolveu EUA e Holanda em uma controvérsia que foi decidida em 1928, por 
arbitragem internacional. É um caso célebre no direito internacional, que envolveu uma disputa 
territorial sobre uma pequena ilha situada no Oceano Pacífico: a Ilha de Palmas (ou Miangas). 
 
23 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008. 
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Em 1526, em sua expansão marítima, a Espanha descobriu a Ilha de Palmas, adquirindo o seu 
domínio, por se tratar de res nullius (“terra de ninguém”). Após o descobrimento, todavia, a Espanha 
não exerceu efetivamente sua soberania sobre a Ilha de Palmas. 
A Holanda, por outro lado, por meio da Companhia das Índias Orientais celebrou acordos com os 
príncipes nativos em 1677, exercendo sem nenhuma oposição, sua soberania sobre a região. 
Em 1898, com o objetivo de colocar um fim à Guerra Hispano-Americana, foi celebrado o Tratado 
de Paris entre EUA e Espanha. Por meio desse tratado, a Espanha cedeu aos EUA vários territórios, 
inclusive a Ilha de Palmas. 
Surge, então, a questão central que deu origem à controvérsia: a Espanha teria direitos soberanos 
sobre a Ilha de Palmas e, portanto, poderia cedê-la aos EUA? 
Em 1925, EUA e Holanda celebraram um acordo por meio do qual decidiram que a questão seria 
submetida à Corte Permanente de Arbitragem. O que se buscava saber era se a Ilha de Palmas 
integrava o território dos EUA ou se estava sujeita à soberania holandesa. 
Os EUA alegavam que haviam recebido a Ilha de Palmas por meio de tratado firmado com o legítimo 
“descobridor” da ilha. Defendiam a tese de que a descoberta territorial garantia à Espanha a 
propriedade da ilha. Além disso, invocavam o princípio da contiguidade, argumentando que a Ilha 
de Palmas estaria mais próxima das Filipinas (cedida aos EUA pelo Tratados de Paris) do que da 
Holanda. 
A Holanda, por sua vez, argumentava que, ainda que se considerasse que a Ilha de Palmas teria sido 
descoberta pela Espanha, esta não havia exercido efetivamente sua soberania sobre aquele 
território. Ao contrário, a Holanda exercia a soberania sobre aquele território sem qualquer oposição 
há bastante tempo, pelo menos desde 1677. 
A decisão coube ao jurista Max Huber, árbitro responsável pelo caso. Segundo Max Huber, uma 
controvérsia a respeito da soberania em relação a determinado território deve ser resolvida 
examinando-se qual dos Estados litigantes possui um título aquisitivo mais forte. 
Na situação apresentada, Max Huber concluiu que: 
a)! O título aquisitivo oriundo do descobrimento é apenas um título incipiente, que precisa 
ser completado por uma ocupação efetiva e por um prazo razoável. 
b)! A ocupação territorial pacífica e sem oposição por um lapso temporal expressivo é título 
aquisitivo mais forte do que o descobrimento. 
c)! O título derivado da contiguidade não possui fundamento no Direito Internacional 
Público. 
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d)! À época em que a Espanha cedeu a Ilha de Palmas aos EUA, ela não detinha a soberania 
sobre aquele território. Logo, deve ser reconhecida a soberania holandesa sobre a ilha. 
 
16.!(MPF / Procurador da República – 2011) 
Na linha de raciocínio da decisão arbitral internacional no caso da Ilha de Palmas (Island of 
Palmas arbitration case, EEUU v. Países Baixos, 1928): 
a) a descoberta territorial é título aquisitivo mais forte do que ocupação pacifica e inconteste 
posterior; 
b) a descoberta territorial confere ao descobridor posse definitiva do território descoberto, por 
se tratar de res nullius e, assim, apropriável por quem o achar; 
c) a ocupação pacifica e inconteste por lapso de tempo expressivo é título de aquisição 
territorial mais forte do que a descoberta; 
d) a ocupação pacifica e inconteste por lapso de tempo expressivo é título de aquisição 
territorial que equivale ao da descoberta. 
Comentários 
Letra A: errada. A mera descoberta territorial não é suficiente para garantir a propriedade do 
território. Há necessidade de se exercer efetivamente a soberania sobre aquele território. 
Letra B: errada. O título derivado do descobrimento é apenas incipiente, necessitando ser 
completado por uma ocupação efetiva e por prazo razoável. 
Letra C: correta. Segundo a decisão de Max Huber, a ocupação pacifica e inconteste por lapso de 
tempo expressivo é título de aquisição territorial mais forte do que a descoberta. 
Letra D: errada. A ocupação territorial pacífica e inconteste é título aquisitivo mais forte que a 
descoberta. 
Gabarito: letra C 
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3.5.!EXTINÇÃO E SUCESSÃO DE ESTADOS: 
Segundo Valério Mazzuoli24, a extinção dos Estados pode ser total ou parcial. A extinção total seria 
aquela em que o Estado perde um de seus elementos constitutivos essenciais, o que coloca um fim 
em sua personalidade jurídica de direito internacional. A extinção parcial, por sua vez, ocorre 
quando o Estado perde parcela de sua soberania, tornando-se semi-soberano. Parte da doutrina 
entende, todavia, que não há que se falar em extinção parcial, mas tão somente em extinção total. 
As principais formas de extinção de um Estado são a anexação total ou parcial, a fusão e o 
desmembramento. Com o desaparecimento do ente estatal, surge a necessidade de definir o que 
ocorre em relação aos seus bens e obrigações, assim como no que diz respeito aos compromissos 
que tenha assumido internacionalmente. Trata-se do problema da sucessão de Estados, que é 
regulado por normas consuetudinárias e convencionais. 
A sucessão em matéria de tratados é regulada pela Convenção das Nações Unidas sobre a Sucessão 
de Estados em matéria de Tratados de 1978, que ainda não está em vigor para o Brasil. Essa 
convenção estabelece, como regra geral, que a sucessão é regulada pelo texto do próprio tratado, 
dependendo, ainda, da forma pela qual se extinguiu o Estado. 
Vejamos algumas situações hipotéticas: 
a)! O Estado X e o Estado Y se unem para formar o Estado Z (fusão de Estados). Nessa 
situação, o que ocorre com as obrigações assumidas pelos Estados X e pelo Estado Y 
(tratados bilaterais e multilaterais)? Salvo disposição contrária, todos os tratados 
multilaterais de que o Estado X e o Estado Y faziam parte passam a obrigar também o 
Estado Z. Já em relação aos tratados bilaterais, estes poderão continuar a existir, a 
depender do interesse dos outros Estados que deles eram partes contratantes. 
b)! O Estado X deixa de existir, dando origem aos Estados Y e Z (desintegração). Mais uma 
vez perguntamos: e agora, o que ocorrerá com as obrigações assumidas pelo Estado X? 
Nessa situação, os Estados sucessores Y e Z não serão obrigados a cumprir os tratados 
multilaterais de que X era parte. Todavia, existe a possibilidade de que eles se obriguem 
a eles por meio de adesão feita por “notificação de sucessão”. Em relaçãoaos tratados 
bilaterais, somente será possível a sucessão caso a outra parte se manifeste 
favoravelmente à intenção do sucessor. 
c)! O Estado X continua existindo, mas surge o Estado Y a partir do desmembramento de 
parte do território do Estado X (secessão). Nesse caso, o Estado Y não sucederá o Estado 
X nos tratados bilaterais, salvo se houver interesse das partes. Já nos tratados 
 
24 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2010 
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multilaterais, a sucessão fica na dependência de aprovação de “notificação de sucessão” 
feita pelo Estado Y. 
 
17.!(Juiz Federal- 5ª Região- 2006) 
O Estado J perdeu, por secessão, parte de seu território, surgindo um novo Estado, K. Nessa 
situação, o Estado K não sucede o Estado J nos acordos bilaterais firmados por este e deve 
enviar uma notificação de sucessão para aderir aos tratados coletivos, observados, neste 
último caso, os limites impostos para o ingresso de novos Estados-partes. 
Comentários 
Nesse caso, o Estado K não sucede o Estado J nos acordos bilaterais, a menos que haja interesse 
entre as partes. Já nos acordos multilaterais, o Estado K deverá emitir uma notificação de sucessão, 
a ser aprovada pelos demais contratantes. 
Gabarito: certa 
18.!(OAB 2006.2) 
No caso de sucessão de Estados, a convenção da ONU que trata da sucessão em matéria de 
tratados tem por princípio básico que os tratados são transmissíveis obrigatoriamente. 
Comentários 
A regra geral prevista na convenção da ONU que trata do assunto é que a sucessão é regulada pelo 
texto do próprio tratado. 
Gabarito: errada 
3.6.!DIREITOS DOS ESTADOS: 
Quando um Estado nasce e ingressa no plano internacional, ele passa a gozar dos direitos 
reconhecidos pelo direito internacional, bem como se obriga aos deveres por estes impostos. 
Segundo a moderna doutrina do direito internacional, em respeito ao princípio da isonomia, não há 
que se discutir a igualdade jurídica entre os Estados, de forma que os direitos de que podem gozar 
os Estados mais poderosos, também o poderão os mais fracos. Os principais direitos fundamentais 
são os enumerados a seguir: 
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a)! Direito à liberdade: O direito à liberdade confunde-se com o conceito de soberania, que 
hoje é entendida como uma noção relativa. Os Estados têm soberania em seus assuntos 
internos (soberania interna) e no plano internacional (soberania externa). Ser soberano 
no plano interno significa ter liberdade de organização política (escolha da melhor forma 
de governo), formular suas próprias leis, aplicar a justiça às pessoas e coisas que se 
encontram em seu território e ainda ter o domínio sobre este. Por sua vez, a soberania no 
plano internacional significa a capacidade que tem um Estado de celebrar acordos 
internacionais, de declarar guerra e paz e de estabelecer relações diplomáticas. 
O Estado possui, portanto, capacidade de autodeterminação, isto é, capacidade de definir seu 
próprio destino de maneira livre. Ele não reconhece nenhuma vontade acima de si próprio. 
Entretanto, não cabe mais afirmar que a soberania é absoluta, uma vez que a sociedade 
internacional é regida por normas jurídicas às quais o Estado deve se submeter. 
b)! Direito à igualdade: Todos os Estados são iguais perante o direito internacional, sendo 
isso declarado em diversas normas de direito positivo, como por exemplo a Carta da ONU, 
que estabelece em seu preâmbulo que a referida Organização “é baseada no princípio da 
igualdade soberana de todos os seus Membros”. As principais consequências da 
igualdade jurídica entre os Estados são: 
•! Todos os Estados terão direito de voto em questões decididas em âmbito internacional 
e cada voto terá o mesmo peso. Perceba-se que tal preceito não se aplica às decisões 
tomadas pelo Conselho de Segurança da ONU, órgão no qual os membros 
permanentes possuem poder de veto. 25 
•! Nenhum Estado pode reclamar jurisdição sobre outro, ou seja, existem certos assuntos 
que são da esfera de atuação exclusiva de um Estado, não tendo os outros qualquer 
ingerência sobre estes. 
c)! Direito ao respeito mútuo: O direito ao respeito mútuo consiste no direito de um Estado 
de ser tratado com consideração pelos demais Estados e de exigir que seus direitos sejam 
respeitados. Com base nesse princípio, um Estado não deve atentar contra a integridade 
territorial de outro, nem violar suas fronteiras. 
d)! Direito de defesa e conservação: Segundo Accioly, o direito de defesa e conservação 
abrange todos os atos necessários à defesa do estado contra os inimigos internos ou 
externos, tais como a adoção de leis penais, a organização de tribunais repressivos, a 
prática de medidas de ordem policial, a expulsão de estrangeiros nocivos à ordem ou à 
segurança públicas, a proibição da entrada de indesejáveis, a celebração de alianças 
defensivas e a organização da defesa nacional. 
 
25 Na aula sobre Organizações Internacionais, estudaremos mais detalhadamente sobre o Conselho de Segurança da 
ONU. 
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O direito à defesa e à conservação não é, no entanto, absoluto, mas limitado pelo direito à existência 
e à conservação dos outros Estados. O uso unilateral da força, mesmo em casos de legítima defesa, 
tem limites estritamente estipulados pelo direito internacional. Dessa forma, a legítima defesa 
somente existe em face de uma agressão injusta e atual contra a qual o emprego da violência é o 
único recurso possível. 
e)! Direito internacional do desenvolvimento: A igualdade jurídica entre os Estados 
contrastava, e muito, com a realidade do desenvolvimento desigual entre estes. 
Percebendo que a apregoada igualdade jurídica levava à criação de cada vez maior 
desigualdade econômica, o direito internacional passou a levar em consideração o direito 
do desenvolvimento. Isso representa uma tentativa de reduzir o desequilíbrio entre os 
países mais desenvolvidos e os países em desenvolvimento. 
É possível perceber na ordem jurídica internacional diversos dispositivos cujo objetivo é promover a 
inserção equitativa dos países em desenvolvimento na economia internacional. A título de exemplo, 
citamos os acordos internacionais firmados no âmbito da OMC, que preveem um tratamento 
especial e diferenciado a favor dos países em desenvolvimento. Citamos também a UNCTAD 
(Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento), organização internacional 
criada para “olhar o lado” das economias menos favorecidas. 
f)! Direito de jurisdição: Todo Estado tem o direito de exercer sua jurisdição no seu território 
e sobre sua população. O Estado exerce no seu domínio territorial todas as competências 
de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional (F. Rezek). Portanto, ele exerce a 
generalidade da jurisdição. 
3.7.!DEVERES DOS ESTADOS: 
A grande ênfase da doutrina é colocada nos direitos internacionais dos Estados, mas seria mais 
coerente com o fundamento do direito internacional se o foco fosse nos deveres. 
O dever fundamental dos Estados, em respeito à autodeterminação dos povos é o da não-
intervenção. Accioly26conceitua intervenção da seguinte forma: 
“Intervenção em direito internacional é a ingerência de um Estado nos negócios peculiares, internos 
ou externos, de outro Estado soberano com o fim de impor a este a sua vontade.” 
Podemos enumerar três características de uma intervenção: 
a)! Imposição da vontade exclusiva do Estado que a pratica 
 
26 ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de Direito Internacional Público, 
17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009 
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b)! Existência de dois ou mais Estados soberanos 
c)! Ato abusivo, isto é, não baseado em compromisso internacional. 
Embora o dever por excelência dos Estados seja o de não-intervenção, ao longo do tempo, várias 
foram as intervenções ocorridas com a invocação de diferentes motivos, sejam eles humanitários, 
para proteção de nacionais ou como forma de sanção. 
Vejamos algumas formas de intervenção julgadas legítimas pelo direito internacional: 
a)! Intervenção em nome do direito de defesa e de conservação: Todo Estado tem o direito 
de adotar medidas visando à sua defesa e conservação. No entanto, essas medidas são 
limitadas pelo direito internacional e pela Carta da ONU, que regula os limites da legítima 
defesa. 
b)! Intervenção para a proteção dos direitos humanos: A Carta das Nações Unidas e a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao reconhecerem internacionalmente os 
direitos humanos, deram-lhes uma grande importância no plano internacional. Tal 
importância a que foram alçados, que aumenta gradativamente com o passar dos tempos, 
tem levado alguns governos a julgar que seu desconhecimento é motivo para uma 
intervenção. 
c)! Intervenção para a proteção de interesses de nacionais: A Convenção de Viena sobre 
Relações Diplomáticas de 1961 estabelece que todo Estado tem o direito de proteger os 
seus nacionais no exterior. A proteção desses nacionais no exterior deve ser realizada 
eminentemente por meio de missões diplomáticas. O que ocorre, no entanto, é que a 
proteção diplomática vem acompanhada muitas vezes de outros meios de pressão, tais 
como a adoção de restrições econômico-financeiras ou mesmo envio de tropas armadas. 
Ainda sobre a não-intervenção, é importante destacarmos a existência de duas doutrinas: 
a)! Doutrina Monroe: Em 1823, o Presidente dos Estados Unidos James Monroe enumerou 
uma série de princípios destinados a dirigir a política exterior do país, dentre os quais 
destacam-se: 
O continente americano não pode se sujeitar, no futuro, à ocupação por nenhuma potência 
europeia. 
É inadmissível a intervenção de potência europeia nas questões internas ou externas de qualquer 
país americano. 
Os Estados Unidos não intervirão nas questões pertinentes a qualquer país europeu. 
A Doutrina Monroe, como se vê, foi a criadora, entre os países da América Latina, da ideia do 
princípio da não-intervenção. Posteriormente, com o fortalecimento dos Estados Unidos, a doutrina 
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Monroe foi perdendo a razão de ser para este país e os Estados Unidos passaram a ter um novo 
ponto de vista sobre a questão da não-intervenção. Como forma de justificar a intervenção por ele 
realizada nos países da América Latina, apoiava-se na ideia de que tinham o direito de intervir nos 
países latino-americanos a fim de evitar que qualquer potência estrangeira o fizesse. 
b)! Doutrina Drago: A Venezuela teve seus portos bombardeados em 1902 por potências 
europeias com o objetivo de que este país pagasse as dívidas que havia contraído. Essa 
atitude causou profunda indignação nos países latino-americanos, o que motivou o 
Ministro das Relações Exteriores da Argentina a pronunciar-se, criando a ideia que passou 
a ser conhecida por Doutrina Drago. Segundo Drago, “a dívida pública não pode motivar 
a intervenção armada e, ainda menos, a ocupação material do solo das nações 
americanas por uma potência europeia.” 
Por fim, destacamos que dentre os princípios proclamados pela Carta das Nações Unidas encontra-
se o seguinte, relacionado com a não-intervenção: 
“Todos os Membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da força 
contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer estado ou outra ação 
incompatível com os propósitos das Nações Unidas.” 
Não se considera haver intervenção quando uma ação coletiva decorre de compromisso assumido 
formalmente em tratado multilateral, como por exemplo a Carta da UNU, que confere ao Conselho 
de Segurança poderes para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais. 
 
3.7.1.!Intervenção – A decisão da Corte Internacional de Justiça no caso Nicarágua v. EUA 
de 1986. 
Em 1984, a Nicarágua acionou os EUA perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), alegando que 
este havia violado suas obrigações internacionais ao financiar diversas ações militares e 
paramilitares de grupos armados de oposição ao governo da Frente Sandinista de Libertação 
Nacional. A Nicarágua alegava que os EUA teriam, inclusive, apoiado a colocação de minas em portos 
nicaraguenses e o ataque contra portos e instalações petrolíferas. 
O caso ficou conhecido como “Atividades militares e paramilitares contra o Governo da Nicarágua” 
e enseja a discussão de diversos temas relativos ao Direito Internacional. 
A Nicarágua alegava que os EUA teriam violado o art. 2º, parágrafo 4º, da Carta da ONU, segundo 
o qual “todos os membros deverão evitar em suas relações internacionais a ameaça ou o uso da 
força contra a integridade territorial ou a independência política de qualquer Estado, ou qualquer 
outra ação incompatível com os propósitos das Nações Unidas”. Além disso, teria havido violação 
ao costume internacional que proíbe o uso da força. A intervenção norte-americana em assuntos 
internos da Nicarágua também constituiria uma violação às disposições da Carta da OEA. 
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Em sua defesa, os EUA alegavam que a questão levantava pontos de natureza política, e não de 
natureza jurídica. Portanto, a controvérsia não deveria ser submetida à Corte Internacional de 
Justiça, mas sim aos órgãos políticos da ONU e da OEA. Além disso, os EUA argumentavam que a 
Nicarágua estaria concedendo apoio a grupos armados de países vizinhos (como El Salvador), bem 
como realizando incursões armadas contra outros Estados vizinhos (como Honduras e Costa Rica). 
Com base nisso, os EUA invocavam o exercício da legítima defesa coletiva (art. 51, da Carta da ONU). 
Antes de analisar a decisão da CIJ, vale a pena tecer alguns comentários acerca da jurisdição desse 
Tribunal. Conforme já sabemos, os Estados soberanos não são originalmente jurisdicionáveis 
perante nenhuma Corte internacional. Eles precisam, voluntariamente, decidir se submeter à 
jurisdição internacional. 
A jurisdição da CIJ também não é compulsória. No Estatuto da CIJ, há uma cláusula à qual podem 
aderir os Estados. Uma vez tendo aderido, irão se submeter à jurisdição daquele Tribunal, sendo 
possível que façam algumas reservas e especificações. 
Segundo Rezek, ao renovarem seu compromisso em 1984, os EUA fizeram uma curiosa ressalva a 
essa cláusula: a de que a aceitação da competência da CIJ não abarcaria conflitoscom países da 
América Central.27 No caso Nicarágua versus EUA, apesar da contestação do Estado reclamado, a CIJ 
afirmou sua competência. Insistindo na incompetência da CIJ, os EUA abandonaram o processo e se 
retiraram do caso em janeiro de 1985. 
A CIJ prosseguiu no exame da controvérsia, chegando às seguintes conclusões: 
a)! O apoio financeiro, logístico e militar dos EUA tinha o objetivo de derrubar o governo da 
Nicarágua, o que representava uma violação ao princípio da não-intervenção. 
b)! Os ataques contra portos e instalações petrolíferas e a colocação de minas em portos 
violaram a proibição do uso da força. Essas condutas representaram uma violação à 
soberania da Nicarágua. 
c)! Nenhum Estado vizinho à Nicarágua solicitou ajuda aos EUA, motivo pelo qual não se pode 
falar em exercício de legítima defesa coletiva. 
d)! A CIJ condenou os EUA a reparar os prejuízos causadas à Nicarágua. 
3.7.2.!Caso Lotus, decidido pelo Tribunal Permanente de Justiça Internacional em 1927. 
O Caso Lótus, julgado pela Corte Permanente de Justiça Internacional (CPJI) em 1927, foi a expressão 
máxima do positivismo no Direito Internacional. Em um breve resumo, o que aconteceu foi o 
seguinte. 
 
27 REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2008, pp. 
361. 
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Embarcação francesa (S.S Lótus) colidiu com um barco turco (Bouz Kourt) em alto mar, o qual partiu-
se em dois. Os franceses se esforçaram para salvar os marinheiros turcos. Morreram 8 marinheiros 
turcos; 10 marinheiros foram salvos. A embarcação francesa (S.S Lótus) seguiu sua viagem até 
Constantinopla. O comandante francês foi preso pelas autoridades turcas. 
A França recorreu à CPJI, alegando que não haveria norma de direito internacional que permitisse 
que o comandante da embarcação francesa fosse julgado pelas autoridades turcas. O acidente, 
afinal, teria ocorrido em alto mar, fora da jurisdição da Turquia. 
A CPJI, ao examinar a controvérsia, concluiu que as restrições impostas à independência dos Estados 
não são presumidas. Em outras palavras, não se poderia presumir que a Turquia não poderia 
processar e julgar o francês pelo ilícito ocorrido em alto mar. Assim, a legislação turca (que 
autorizava esse julgamento) deveria ser obedecida, a não ser que houvesse norma expressa de 
direito internacional impedindo o julgamento. Segundo a CPJI, não se pode presumir que exista uma 
norma limitando a independência do Estado. 
No caso Lótus, ficou consignado que os Estados têm liberdade para estabelecer sua jurisdição penal 
sobre qualquer fato, mesmo que este ocorra no exterior. Em outras palavras, o exercício da 
jurisdição penal internacional pelos Estados é livre, mas tem natureza territorial. Não podem os 
Estados, dessa forma, exercer jurisdição sobre o território de outro Estado. 
 
19.!(Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002) 
A não ser em situações especiais, como o desrespeito às normas de comércio internacional, os 
Estados têm o dever de não intervir nos assuntos internos de outros Estados. 
Comentários 
Segundo a doutrina, o desrespeito às normas de comércio internacional não enseja intervenção. 
Gabarito: errada 
3.8.!RECONHECIMENTO DE ESTADO X RECONHECIMENTO DE GOVERNO: 
3.8.1.!Reconhecimento de Estado: 
Uma vez que tenham sido reunidos os elementos que constituem o Estado (território, população e 
governo soberano), o governo da nova entidade buscará o seu reconhecimento pela comunidade 
internacional. Tal reconhecimento nem sempre é algo simples e pode demorar anos e anos para ser 
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conquistado. Citamos o exemplo do Brasil, que teve sua independência proclamada em 1822, mas 
só obteve reconhecimento de Portugal em 1825. 
Segundo Mazzuoli28, o reconhecimento de um Estado é um direito que este possui e, ao mesmo 
tempo, um dever dos outros componentes da sociedade internacional. Nesse sentido, só caberia o 
não-reconhecimento quando um Estado tiver sido criado em desacordo com o direito internacional. 
Opondo-se a essa tese, Portela29 considera que o reconhecimento é ato discricionário do Estado. 
Essa última posição é a que consideramos mais segura para a prova, embora seja importante 
conhecer o debate doutrinário em torno dessas duas visões. 
“Mas Ricardo, o que significa reconhecer um Estado?” 
O reconhecimento significa a decisão do governo de um Estado já existente de aceitar outra entidade 
como equivalente a si próprio. É um ato jurídico unilateral, de natureza política, nem sempre 
explícito, por meio do qual um Estado demonstra que acredita estar presente em uma entidade a 
personalidade jurídica de direito internacional idêntica à que possui. O art. 14 da Carta da OEA 
referenda esse entendimento, dispondo que “O reconhecimento significa que o Estado que o 
outorga aceita a personalidade do novo Estado com todos os direitos e deveres que, para um e outro, 
determina o direito internacional.” 
Segundo a doutrina dominante, o ato de reconhecimento do Estado tem natureza meramente 
declaratória e não constitutiva. 
“E o que quer dizer essa natureza declaratória, Ricardo?” 
A natureza declaratória quer dizer, meus amigos, que o organismo que reúna todos os elementos 
constitutivos do Estado tem o direito de ser assim considerado e não deixa de possuir a qualidade 
de Estado pelo fato de assim não ser reconhecido. Ou seja, a existência do Estado precede o seu 
reconhecimento. Esse também é o entendimento do art.13 da Carta da OEA, que afirma que: “A 
existência política do Estado é independente do seu reconhecimento pelos outros Estados.” 
Apesar desse entendimento, existem autores, como Marcelo Dias Varella30, que afirmam que o 
reconhecimento do Estado tem natureza constitutiva. Segundo essa visão, o reconhecimento 
funcionaria como uma forma de controle dos Estados mais poderosos sobre o surgimento de outros 
entes estatais. 
O reconhecimento do Estado pode ocorrer de formas bem diversificadas, não havendo uma regra 
que determine como este deve ser feito. Assim, poderá haver o reconhecimento expresso ou o 
 
28 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2010 
29 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador: Editora Juspodium, 2009 
30 VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009 
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reconhecimento tácito. Ou ainda, poderá haver o reconhecimento mútuo ou por meio de um 
tratado bilateral em que dois Estados pactuantes reconhecem a existência de um terceiro. 
O reconhecimento de um Estado pode ser coletivo ou individual. Será ele individual quando o ato 
de reconhecimento for emanado de um Estado isoladamente. Por sua vez, será coletivo quando o 
reconhecimento for concedido em um mesmo ato por dois ou mais Estados. 
O ato de reconhecimento de um Estado opera efeitos retroativos (ex tunc). Assim, ao reconhecer a 
existência de um Estado, o outro Estado reconhece como válidos todos os atos dele emanados desde 
o momento em que presentes todos os elementos

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